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Autoria: Dra. Alessandra da Silva Felix Revisão Técnica: Dra. Rita de Cássia Eleutério de Moraes SEMÂNTICA DA LÍNGUA INGLESA CONHECENDO A SEMÂNTICA Introdução Esta unidade tem por objetivo trazer ao estudante uma noção de Semântica e Pragmática, além de apresentar o que é metalinguagem e o seu uso. Esperamos que a introdução desses tópicos auxilie o estudante a compreender melhor como a língua inglesa funciona e se estrutura em sua tessitura de sentido e relação linguística. A apresentação dos conceitos sobre Semântica, Pragmática e metalinguagem abrirá a porta do entendimento sobre como a língua inglesa se organiza linguisticamente na esfera dos sentidos micro e macro. A unidade está organizada de maneira a facilitar a compreensão dos tópicos linguísticos abordados e das relações semânticas e pragmáticas que ocorrem dentro de sentenças e textos em geral. Também veremos os elementos gramaticais na metalinguagem, além de compreender como funcionam as redes de conceitualização dos dicionários. Aproveite esta unidade para que você aprenda um pouco mais sobre como a língua funciona em sua parte mais profunda e complexa, que está ligada diretamente ao signi�cado das palavras e sentenças. Envolva-se nesse processo de aprendizagem de uma forma única. Será uma descoberta muito interessante para os seus estudos de língua inglesa. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 34 minutos. Neste tópico abordaremos os conceitos de Semântica e Pragmática, apresentando-lhe uma introdução dessas duas disciplinas da Linguística. Mostraremos também as correntes teóricas relacionadas à Semântica, trazendo os seus conceitos fundadores. Faremos uma breve comparação entre 1.1 Introdução à semântica e à pragmática Semântica e Pragmática, traremos exemplos que lhe ajudará a compreender o conceito de cada uma delas e mostraremos que ela é também importante dentro da língua inglesa. Nenhum conceito é formulado sem antes passar por um processo de pesquisa, análise e a construção de uma teoria. Então, após esse exaustivo processo analítico do objeto de estudo, que neste caso é a língua, temos as formulações de conceitos, um processo natural dentro das universidades. Tendo isso em mente, apresentaremos brevemente as teorias que dão base à Semântica, um dos ramos da Linguística. Antes de apresentar as teorias, vamos conhecer um pouco o que signi�ca a palavra “semântica” (SEMÂNTICA, 2021). De acordo com o dicionário online de português, semântica é “parte da linguística que se dedica ao estudo do signi�cado das palavras e da interpretação das frases ou dos enunciados”. Também pode ser entendida como “[Linguística] Análise da signi�cação nas línguas naturais, sendo ela sincrônica, tendo em conta a evolução da língua, ou diacrônica, num tempo passado”; e por �m, ela é “[Filologia] Ciência que analisa a evolução do sentido das palavras e de outros símbolos utilizados na comunicação humana” (SEMÂNTICA, 2021). Segundo Cançado (2012, p. 15), “semântica é o estudo do signi�cado das línguas”. 1.1.1 Conceitos Fundadores Figura 1 - Dicionário Fonte: Mediapool, 2021. #PraCegoVer A imagem acima mostra uma página de um dicionário em língua inglesa com expressão past tense em destaque. Muitos estudos são feitos sobre a Semântica e seguem, geralmente, uma das três abordagens usadas para investigar o signi�cado Veja: Abordagem referencial Abordagem mentalista Abord agem 1 Abord agem 2 Seguindo a organização de Márcia Cançado (2012), pincelaremos sobre seis teorias que se encaixam em alguma dessas abordagens. Semântica Formal Tem a sua origem na Lógica e na Filoso�a. Seus traços mais comuns são: a) noção de valor de verdade que entende que o signi�cado de uma sentença se faz se ela for verdadeira; b) concepção da teoria dos modelos que entende que “o termo modela designa uma representação em forma de esquema de um objeto ou de um sistema complexo, que tem como objetivo facilitar a compreensão desse objeto ou sistema” (CANÇADO, 2012, p. 141); e a questão da composicionalidade, que entende que “se soubermos o signi�cado das unidades e regras para montá-las em unidades mais complexas, então, poderemos construir e interpretar uma in�nidade de sentenças novas, assim como explicar por que certas interpretações não são possíveis” (CANÇADO, 2012, p. 141). Esta teoria da Semântica Formal está ligada à abordagem referencial. A Semântica Formal recebe também algumas críticas e uma dela seria o fato de ela atender só “uma pequena parte da língua” (CANÇADO, 2012, p. 141). Encontramos autores que escrevem sobre a introdução dessa teoria, tais como, “Lyons (19771, Kempson (1977), Hurford & Heasley (1983), Chierehia & McConnell-Ginet (1990), Cann (1993), Larson & Segal (1995), Saeed (1997), Pires de Oliveira (2001) e Chierchia (2003)” (CANÇADO, p. 141, 2012). Semântica Argumentativa Essa teoria surgiu na década de 70, com Oswald Ducrot, se encaixa na abordagem pragmática e tem como ideia central a ideia de que “as sentenças são pronunciadas como parte de um discurso em que o falante tenta convencer seu interlocutor de uma hipótese qualquer, ou seja, não usamos a linguagem para falar algo sobre o mundo, mas para convencer o ouvinte a entrar no jogo argumentativo” (CANÇADO, 2012, p. 142). Para essa teoria, o signi�cado não é relevante, pois uma sentença pode ter vários signi�cados. Teoria dos Atos de Fala Surgiu com John Langshaw Austin em 1962 e foi reformulada por John Searle em 1969, e tem como entendimento que “parte do sentido de uma sentença tem uma função social”, ou seja, “em outras palavras, precisamos· saber os usos Abordagem pragmática Abord agem 3 convencionados para cada situação e como colocá-los em prática” (CANÇADO, 2012, p. 142). Essa teoria não surgiu em oposição a Semântica Formal, mas como um complemento, pois o que esta não contempla, a teoria dos atos de fala estuda. Dentro dessa teoria, encontramos pesquisas sobre “o estudo das implicaturas conversacionais, as condiç6es de felicidade de uma sentença (GRICE, 1975) e os atos locutórios, ilocutórios e perlocutórios, dentre outras propriedades” (CANÇADO, 2012, p. 143). Semântica Cognitiva Essa teoria surgiu do desenvolvimento da semântica gerativa que tinha como objetivo principal ao modelo gerativista, mas quando a semântica gerativa desaparece, a semântica cognitiva nasce como “um movimento de plena oposição à sintaxe gerativa e à semântica formal, de cunho funcionalista, que concebe a relação da língua com uma representação mental do mundo. A semântica cognitiva acredita que o pensamento é estruturado por esquemas de imagens, mapeando domínios conceituais distintos” (CANÇADO, p. 143, 2012). Semântica Representacional De forma paralela ao movimento da semântica cognitiva, a semântica interpretativa de Ray Jackendoff (1983, 1987, 1990), que surgiu em apoio a Sintaxe gerativa e para se opor a Semântica gerativa, segue um novo rumo, vindo a ser chamada pelo seu teórico de semântica representacional que: é também um tipo de semântica mentalista, pois percebe a mente como uma representação da realidade, distanciando-se da semântica formal, baseada em inferências e condições de verdade. A semântica representacional tem compromisso com a forma das representações mentais internas, que constituem a estrutura conceitual, e com as relações formais entre esse nível e os outros níveis de representação (sintético, fonológico, visual etc.). No entanto, “também podemos perceber que a semântica conceitual partilha com a semântica cognitiva a adoção de uma representação mental do mundo e sua relação com a língua; vale-se de conceitos espaciais/temporais e de sua extensão para outras campos semânticos” (CANÇADO, p. 144, 2012). Semântica Lexical Para Cançado (2012, p. 145): “Talvez possamos associar, também, o trabalho de Jackendaff ao trabalho de uma linha de pesquisa conhecida coma a interface entre semântica lexical e sintaxe (Grimshaw, 1990; Levin, 1989; Levin &Rapapport, 1995; Rappaport& Levin, 1986, etc.)”. Dessa forma, esses autores “exploram as noções de papel temático, hierarquiatemática, assumindo sempre a existência de um módulo sintático; em geral, são teorias totalmente compatíveis com a gramática gerativa” (CANÇADO, p. 145, 2012). Há também outra vertente sobre a semântica lexical, diferentemente do que foi exposto algumas linhas acima, em que um grupo de estudiosos, David Alan Cruse (1986), Martha W. Evens (1988), Adrienne Lehrer e Eva Feder Kittay (1992), “trabalha somente com a palavra e as relações entre elas (sinonímia, antonímia, hiponímia etc.)” (CANÇADO, p. 145, 2012). Ao lado dessas teorias acimas brevemente apresentadas, existem outras, como a Semântica de Eventos, que estuda a respeito da descrição dos eventos no mundo, abordando “a noção de aspecto: durabilidade, estatividade, telicidade etc. das sentenças (COMRIE, 1976)”. E temos também “o estudo da semiótica (GREIMAS, 1966) que encaminha a re�exão para a integração da semântica lexical numa teoria do sentido, situada na dimensão do discurso, conhecida como a semiótica do discurso” (CANÇADO, 2012, p. 144). Lembrando, então, que a Semântica busca investigar, entender e explicar o signi�cado das sentenças de uma determinada língua, vejamos alguns exemplos sobre isso. Exemplo 1 Pedro não é um vendedor. Pedro é um vendedor. Nos exemplos acima, vemos que um falante de língua portuguesa consegue perceber que as frases possuem signi�cados diferentes. Na língua inglesa também percebemos que um nativo ou um conhecedor da língua consegue reconhecer as diferenças entre as duas sentenças. Vejamos um outro exemplo sobre o signi�cado da sentença. Exemplo 2 Joana viajou para Manaus ontem. Joana foi para Manaus ontem. Acima, um falante da língua portuguesa do Brasil consegue perceber que as duas frases possuem o mesmo signi�cado. As mesmas frases em inglês: Exemplo 2.2 Joan travelled to Manaus yesterday. Joan went to Manaus yesterday. • • • • • • De maneira geral, esses fenômenos linguísticos são o objeto de estudo da Semântica a ser pesquisado no processo de investigação do signi�cado da língua em toda sua composição, recordando que cada ramo terá um foco especí�co de estudo. Dessa forma, vemos que a Semântica tem uma relação com o mundo através da língua. Então, onde entraria a Pragmática dentro dos estudos linguísticos do sentido? Abordaremos brevemente o conceito de Pragmática e suas teorias basilares. Os estudos sobre a Pragmática remontam aos �lósofos gregos antigos, segundo nos apresenta Jorge Campos da Costa e Ana Maria Tramunt Ibaños (2017) e seu rótulo possui diversas origens sem um consenso sobre alguma delas. Costa e Ibaños (2017) trazem um resumo dos vários estudos ou ramos que surgiram sobre a Pragmática. Assim, apresentaremos algumas delas. A Pragmática tem como o fundador o�cial da disciplina Charles Morris (1938) que investiga os signos e seus intérpretes. Tendo isso como base, surgiram outros estudiosos do assunto como: Tem como campo de investigação a referência ao usuário. Apresenta a Pragmática Descritiva ou Pura. Estuda a Pragmática de Implicaturas. Rudolf Carnap (1942) Yehoshua Bar-Hillel (1998) Herbert Paul Grice (1967) Assim, a “Pragmática representa os usuários em quaisquer dos três aspectos, nas ciências formais, ciências naturais e nas áreas comunicativo-sociais” (COSTA; IBAÑOS, 2017, p. 11). Em suma, a pragmática estuda as teorias da ação, ou seja, do uso linguístico. Vejamos um exemplo que possa nos ajudar a entender o foco de investigação da Pragmática: A panela está quente. O exemplo acima pode dizer muito mais do que apenas que a panela está no fogão com o fogo aceso. Através da Pragmática, o contexto mostrará qual será o verdadeiro sentido da frase no seu uso social. Um sentido que podemos encontrar nessa sentença é quando uma pessoa está na cozinha e percebe que a comida acabou de ser feita e diz a frase do exemplo (a). Outro sentido que podemos ter para a mesma sentença, também acontece na cozinha, mas agora para alerta que as pessoas tenham cuidado para não se queimarem e diz a frase (a). O contexto do ambiente de cozinha indicará qual é o sentido que a sentença (a) terá diante do que está acontecendo, ou seja, da ação que está ocorrendo. O mesmo exemplo apresentado em inglês trará, aparentemente, os mesmos sentidos contextualizados que vimos em português. Vejamos o exemplo: São os pioneiros nos estudos sobre Atos de Fala. Pesquisa sobre o estudo de enunciados ou atos de enunciação. Vê essa disciplina como uma pragmática formal. John Langshawn Austin (1962), John Searle (1969), Peter Strawson (1950) Robert Stalnaker (1970) Richard Montague (1968) The pan is heat. Figura 2 - Contexto Fonte: Mediapool, 2021. #PraCegoVer A imagem acima mostra um livro de capa vermelha com o título English e este livro está apoiado em outros três livros. Ao lado, uma porta-canetas com canetas e lápis. Assim, podemos perceber que a Semântica analisa a língua enquanto sentido normativo, puro e direto, sem a necessidade de contexto para maiores esclarecimentos, enquanto a pragmática analisa a mesma frase e a contextualiza e isso pode modi�car o sentido original, pois o nosso conhecimento de mundo nos indicará que a frase signi�ca algo mais profundo que o seu sentido básico. • Os conceitos de Semântica e Pragmática e suas teorias e teóricos nos dão uma visão geral de como a língua é funcional e como é importante conhecer os sentidos das palavras e sentenças, como também o seu contexto social de uso pois, dessa maneira, conseguiremos ter uma comunicação mais clara. Neste tópico veremos o conceito de metalinguagem e seus usos dentro do processo comunicativo. Assim como entender a sua importância para compreensão da língua como um sistema social. Abordaremos também sobre o uso das �guras de linguagem, metáfora e metonímia. A palavra “metalinguagem” é de�nida pelo dicionário online de português como “Tipo de linguagem cujo propósito é descrever ou falar da própria ou de qualquer outra linguagem; metalíngua: o dicionário é um exemplo de metalinguagem” (METALINGUAGEM, 2021). Em outras palavras, a metalinguagem é a explicação da linguagem. 1.2 Metalinguagem 1.2.1 A linguagem sobre a linguagem A resenha da obra de Márcia Cançado feita pelo professor da Universidade do Acre Milton Francisco e que foi publicada na Revista Veredas da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais. A leitura o ajudará a entender facilmente a Semântica e suas teorias e exemplos. Acesse (https://www.ufjf.br/revistaveredas/�les/2010/08/RESENHA.pdf) VOCÊ QUER LER? https://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2010/08/RESENHA.pdf Ao observar essa de�nição da metalinguagem, percebemos que o papel do linguista é usar a língua para descrever a própria língua e isso é um processo complexo, pois ele sempre estudará a língua e a usará para explicá-la e não há como fugir disso. Figura 3 - Estudo de Língua Estrangeiras Fonte: Mediapool, 2021. #PraCegoVer Imagem que mostra um tablet ao centro e vários livros ao redor dele refletem os estudos de idioma. Dentro do estudo da Semântica é impossível estudar a língua sem valer-se da língua, estudar a linguagem sem utilizar a própria linguagem para explicar os seus fenômenos e seus usos. Esse tipo de estudo e o entendimento de que metalinguagem são importantes, uma vez que percebemos o quanto isso nos auxilia a entender a comunicação que existe dentro de um povo e o quanto isso ajuda que uma língua seja ensinada e aprendida por povos que falam outros idiomas. Além disso, o estudo da língua auxilia os nativos a compreenderem o seu falar e a sua escrita, a sua informação, as suas intenções, os seus usos, seus sentidos, suas inferências e suas referências. Tudo isso é importante para melhor entendermos o processo comunicativo que ocorre entre indivíduos num contexto social. Dessa forma, a metalinguagem é um instrumento importante para entender a linguagem, ou seja, a própria língua. É a possibilidade de explicá-la que nos permite alcançar a compreensão da língua que estudamos, falamos e escrevemos. Isso não é diferente dentro dos estudos da línguainglesa, na verdade, a base das investigações da atualidade tem sua origem nos Estados Unidos. Há autores de outros países também, mas as pesquisas realizadas naquele país são as mais seguidas. Apresentaremos agora o conceito de lógica e sua importância para a Linguística, em especial, para a Semântica e como a Lógica in�uenciou os estudos da linguagem. Os estudos sobre a lógica remontam o período dos �lósofos gregos antigos, sem esses estudos não seria possível entendermos as questões relevantes sobre a vida e o conhecimento. Nas palavras de Costa Jr. (2013, p. 174): 1.2.2 Lógica Uma palestra no canal da livraria internacional SBS sobre ensino de língua estrangeira usando marcadores grá�cos. O título da palestra é 17º Encontro de Férias - Usando Organizadores Grá�cos para Ensinar Além da Linguagem, apresentado por Daphne Walder, da National Geographic Learning. Acesse (https://www.youtube.com/watch?v=GJxRabUhR6g) VOCÊ QUER VER? a Lógica é uma disciplina filosófica imbuída em formular princípios e métodos de https://www.youtube.com/watch?v=GJxRabUhR6g Assim, podemos de�nir a Lógica como uma área da Filoso�a e tem como foco as formas do pensamento de modo geral (que ajudaram a desenvolver os estudos linguísticos) e as operações intelectuais que demonstram e ou determinam se algo é verdadeiro ou não. inferência, determinando em que condições algumas coisas são consequências de outras. E desde a antiguidade clássica sabemos que a lógica norteia os estudos de linguagem, pois se defendia a ideia de que a linguagem era expressão do pensamento. E se o raciocínio era necessário, deveria haver regras de bem fazê-lo. Figura 4 - Mentes e suas Conexões Fonte: Mediapool, 2021. #PraCegoVer A imagem acima mostra o desenho de duas cabeças e dentro de cada uma delas há blocos soltos emaranhados no formato de setas coloridas em várias direções, em uma cabeça, a da esquerda, eles são mais numerosos e espalhados e na outra cabeça, a da direita, os blocos estão menos embaralhados. A Lógica �losó�ca in�uenciou os Estudos linguísticos e, em especial, proporcionou a formação da gramática tradicional. A sua presença nos estudos feitos dentro da linguagem permitiu que houvesse uma ideia organizada para a formulação de conceitos linguísticos: A gramática tradicional da língua, como a conhecemos, retira daí (da lógica aristotélica) Dessa forma, essa breve explanação sobre a disciplina �losó�ca Lógica nos ajuda a entender um pouco o quanto o seu foco sobre as formas de pensamento, como indução, dedução, hipótese, inferência, referência, entre outros, contribuiu para que a semântica, em seu estudo dos sentidos da língua, e a Pragmática, em seu estudo dos sentidos através do uso da língua, entre outros ramos da linguística tivessem uma base de pesquisa con�ável e válida. (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS seu esquema organizacional, suas ideias de categorização dos nomes, as noções de sinonímia, antonímia, termos oracionais, entre outras coisas. Segundo os lógicos antigos, todas essas questões, que reflexionam sobre o raciocínio, deveriam ser apreendidas como instrumento para aqueles que queiram discutir sobre conhecimento ou sobre filosofia. (COSTA JR, 2013, p. 175) Os jornais são um meio de comunicação e veiculação de informação do que ocorre na sociedade em todos os seus aspectos. Então, para atraírem a atenção de possíveis leitores, eles precisam colocar títulos que os instigam à leitura do assunto que apresentam no enunciado da reportagem, e o jornalista pode usar de recursos linguísticos para atraírem clientes para o jornal. Com base nisso, observe o título da reportagem abaixo: Há bala de prata para as questões educacionais no país? ANDRADE, P. E. C. Há bala de prata para as questões educacionais no país? Tribuna do Planalto, 10 mar. 2021. Disponível em: http://tribunadoplanalto.com.br/2021/03/10/ha-bala-de-prata- para-as-questoes-educacionais-no-pais/ (http://tribunadoplanalto.com.br/2021/03/10/ha-bala-de-prata-para-as-questoes- educacionais-no-pais/). Acesso em: 02 jun. 2021. Ao observar o título do artigo, assinale a alternativa correta: a. A expressão BALA DE PRATA é uma alusão ao elemento que mataria o lobisomem, portanto, ela é uma comparação sobre o que seria a fraqueza da educação. b. A perífrase BALA DE PRATA é uma referência a um tipo de bala amarga que existe no mercado de doces, é uma comparação com o lado amargo da educação. c. A expressão BALA DE PRATA se refere a um remédio caro que trata de doenças complexas, é uma comparação com o tratamento de alto custo que a educação precisa sofrer. d. BALA DE PRATA é uma expressão comum no centro-oeste do país e tem como objetivo indicar a solução para problemas dentro da educação. http://tribunadoplanalto.com.br/2021/03/10/ha-bala-de-prata-para-as-questoes-educacionais-no-pais/ Neste subtópico veremos as �guras de linguagem, metáfora e metonímia, os seus conceitos e usos, além de demonstrar a sua importância para a comunicação e a sua compreensão. Antes de entrarmos propriamente dito na metáfora, vale ressaltar que: e. A perífrase BALA DE PRATA é um indicativo de que a educação está indo bem, apesar de seus resultados pouco expressivos. VERIFICAR 1.2.3 Metáfora e Metonímia assume-se que o significado é construído a partir de estruturas conceituais convencionalizadas e que as categorias mentais das pessoas são formadas a partir da sua experiência de crescer e agir em um mundo. Um número variado de estruturas conceituais e processos são identificados na literatura; entretanto, existe um processo ao qual todos os A metáfora é uma �gura de linguagem muito utilizada em textos escritos e falados, pois faz referência a algo sem dizê-lo diretamente: cognitivistas dão uma atenção especial: a metáfora. (CANÇADO, 2012, p. 97) A metáfora tem sido vista, tradicionalmente, como a forma mais importante de linguagem figurativa e atinge o seu maior uso na linguagem literária e poética. Entretanto, é muito comum achar, em textos científicos, jornalísticos, publicitários, e mesmo na nossa linguagem do dia-a-dia, exemplos em que se emprega a metáfora. (CANÇADO, 2012, p. 97) Vejamos alguns exemplos de metáfora para que a ideia de linguagem �gurativa se torne mais clara: Entende-se, no exemplo acima, que o sujeito tem a bondade semelhante à de um anjo e se faz uma comparação implícita, mas que faz parte do conhecimento de mundo dos falantes, primeiro os nativos e depois os estrangeiros. Essa comparação implícita permite que a frase tenha uma riqueza maior de sentidos do que se teria se fosse uma frase direta em relação ao signi�cado. A mesma sentença e sua ideia comparativa pode ser notada na frase em inglês: Figura 5 - Mãe e filha estudando Fonte: Mediapool, 2012. #PraCegoVer Imagem acima mostra uma mãe e uma filha estudando. A filha veste blusa vermelha e segura uma lapiseira e a mãe está atrás dela olhando o que ela escreve, ajudando-a a estudar. Ao lado da mãe há uma caneca marrom e pela mesa há várias canetinhas coloridas. Ele é um anjo. He is an angel. Cançado (2012) apresenta em seu texto a visão dos linguistas cognitivistas que a�rmam que as metáforas podem ser divididas em três características, a saber, em convencionalidade, sistematicidade, assimetria e abstração: A primeira característica, a convencionalidade, está associada à questão do grau de novidade da metáfora (...) Uma segunda característica, a sistematicidade, refere-se à maneira que a metáfora estabelece um campo de comparações, e não somente um único ponto de comparação, ou seja, estabelece-se uma associação não somente entre um conceito e outro, mas entre vários dos conceitos participantes do mesmo campo semântico do alvo e da fonte (...) A terceira característica é a assimetria, que se refere à natureza direcional de uma metáfora. (...) A última característica é a abstração, que se relaciona â Vejamos alguns exemplos de cada característica acima apresentada: 1. Convencionalidade No exemplo acima, podemos notar que a comparação está ligadaao fato de a aluna não estar entendendo o que está sendo explicado em sala de aula ou por falar frases que não têm nexo com o assunto que está sendo estudado. Essa expressão metafórica é bem típica do Brasil e é compreensiva pelos nativos, pelo menos em sua maioria. No exemplo em inglês, o sentido é igual ao do português, mas a escrita é bem diferente, pois a referência de contexto é distinta a da dos falantes da língua portuguesa do Brasil. 2. Sistematicidade No exemplo acima existe uma comparação de duas ideias ou domínios, em que o amor é comparado a uma planta que precisa de cuidados senão morre. O exemplo em inglês expressa a mesma ideia. 3. Assimetria A aluna viajou na maionese. The student is tripping. O amor é uma planta. Love is a plant. assimetria. Há uma tendência na língua de uma metáfora típica usar uma fonte mais concreta para descrever um alvo mais abstrato (CANÇADO, 2012, p. 99). O exemplo acima é uma metáfora assimétrica por fazer uma comparação que transfere características da fonte para o alvo (JORNADA > VIDA), ou seja, as propriedades da ideia JORNADA serão transferidas para VIDA. Isso acontece tanto em português quanto em inglês. Enquanto a metáfora permite uma comparação mais sutil e velada, a metonímia é uso de um termo para substituir outro termo. A �gura de linguagem metonímia se difere da metáfora porque não é uma comparação implícita, é uma substituição de uma palavra por outra, mas que traz a mesma ideia ou ideia semelhante. Vejamos alguns exemplos que explicam melhor essa �gura de linguagem: Nos exemplos acima, vemos a substituição de um termo por outro semelhante. No exemplo “a” substituímos o livro pelo seu autor; no exemplo “b” colocamos valor do conteúdo o objeto que o contém, pois ninguém come pratos, mas o que há nos pratos; e no exemplo “c” substituímos idosos por seus cabelos brancos como uma forma de identi�car um grupo da sociedade. Traduzindo os exemplos acima para o inglês, dentro da perspectiva da cultura da língua, temos: A tradução acima representa uma semelhança com as frases em português, porém fazemos uma ressalva no exemplo “b”, pois foi uma tradução direta e, em inglês, o uso do verbo EAT se complementa, quando necessário, com o conteúdo A vida é uma jornada. Life is a journey. Gostamos de ler Machado de Assis. Ele comeu três pratos no almoço. Seus cabelos brancos são respeitados. We like reading Jane Austin. *He ate three dishes at lunch. Their gray hair are respected. e não com o objeto que o contém. O mesmo não ocorre com o verbo beber, DRINK, já que posso usá-lo com o recipiente para indicar a quantidade ingerida. De acordo com um estudo feito por Ione Aires Santos sobre metonímia: Rosemary Arrojo, pesquisadora brasileira, autora do livro O�cina da Tradução: A teoria na prática (1986), obra clássica dos Estudos da Tradução, professora da Unicamp e orientadora de várias dissertações, assim como de teses. Sobre ela há pouca informação, mas sobre suas obras mais famosas podemos encontrar comentários, artigos, resenhas sobre o que ela escreveu. VOCÊ O CONHECE? para Câmara Júnior (1968, p.239) a metonímia é um processo sincrônico pelo qual se multiplicam as ocasiões de emprego de uma palavra, além do seu campo semântico específico. A metonímia “coloca uma palavra num campo semântico que não é o seu, na base de agrupamentos onomasiológicos das coisas Em suma, a metonímia tem como foco usar as palavras com sentidos semelhantes para substituírem outros que são especí�cos e trazem um reconhecimento imediato, diferente da metáfora, que faz uma comparação de ideias ou termos. Os jornais são muito bons em usar as estruturas linguísticas e as �guras de linguagem para atrair a atenção do leitor. São esses instrumentos que permitem que um texto seja lido, mesmo que seja inicialmente por curiosidade. Tendo isso em mente, observe abaixo o título de um artigo jornalístico, em especial, a palavra CADEIRA: LISSAUER ARTICULA PARA VIABILIZAR CADEIRA DE VICE NA CHAPA DE CAIADO (ATIVIDADE NÃO PONTUADA) TESTE SEUS CONHECIMENTOS extralinguísticas que não coincidem com os agrupamentos semânticos das formas linguísticas (SANTOS, 2011, p. 30) FOLHA Z. Lissauer articula para viabilizar cadeira de vice na chapa de caiado. Folha Z, 20 maio 2021. Disponível em: https://folhaz.com.br/politica/lissauer-articula-viabilizar-vice- chapa-caiado/ (https://folhaz.com.br/politica/lissauer-articula-viabilizar-vice- chapa-caiado/). Acesso em: 02 jun. 2021. Assinale a opção correta: a. A palavra cadeira está sendo usada para se referir à função ou ao cargo de vice-governador. b. O vocábulo cadeira se refere ao fato de aquela ser a cadeira é usada pelo vice-governador. c. Cadeira aqui é um substantivo concreto que indica a sua importância no palácio do governo estadual. d. Cadeira tem o sentido denotativo e se refere ao seu uso em um ambiente político. e. O uso da palavra cadeira é um jogo de palavras que ajuda o jornalista na conquista de leitores interessados em política interna. VERIFICAR Entendemos, no tópico anterior, o que é metalinguagem e qual é a sua importância dentro dos estudos linguísticos, em especial, a Semântica. Vimos também que a língua explica a própria língua e que isso não pode ser evitado ou 1.3 Metalinguagem Gramatical https://folhaz.com.br/politica/lissauer-articula-viabilizar-vice-chapa-caiado/ mudado. Neste tópico, veremos a rede de conceitualização e os dicionários como parte da construção da metalinguagem gramatical. A metalinguagem gramatical mostra qual é o seu objetivo e para que serve. Se ainda há alguma dúvida, pensemos nas palavras que compõem esse termo: metalinguagem (descrição da língua pela própria língua) e gramática (normas de uso da língua), ou seja, o assunto aqui apresentado aborda as explicações e descrições que a gramática traz da língua usando a própria língua. Dentro de uma gramática é possível encontrar conceitos das partes do discurso, das �guras de linguagens, além de outras explicações sobre o uso da língua. Os conceitos apresentados pelas gramáticas acabam por complementarem, pois isso auxilia na construção dos sentidos que serão reproduzidos em formas de sentenças, trazendo uma compreensão maior da língua estudada. Figura 6 - Gramática e as Letras Fonte: Mediapool, 2021. #PraCegoVer Imagem acima mostra vários blocos de letras espalhados com um espaço no meio onde está escrito com os blocos de letras em inglês gramar, que significa gramática em português. 1.3.1 Rede de conceitualizações e dicionários Papel semelhante à gramática, podemos encontrar nos dicionários, que são a própria metalinguagem registrada em suas páginas. Os dicionários explicam, de�nem, conceituam palavras de uma língua. Os dicionários são fontes permanentes de pesquisas para qualquer cidadão, independentemente de seu grau instrução. Eles não fazem acepção de pessoas quando elas os usam para tirar uma dúvida ou para entender uma palavra melhor. Os dicionários têm uma função importante dentro dos estudos de uma língua, não somente em função da metalinguagem, mas porque eles auxiliam aquele que estiver em dúvida dos signi�cados de uma palavra dentro da língua em que está inserido ou dentro da língua que estudam. Assim, tanto a gramática, quanto o dicionário têm um papel fundamental nas conceitualizações, descrições e explicações de palavras, termos e unidades de sentido. O �lme O Gênio e o Louco, de Farhad Sa�nia, de 2019, conta a real história de dois homens que tentam concluir um grande projeto, a criação do dicionário Oxford. Temos o Professor James Murray, interpretado por Mel Gibson, decidiu iniciar o compilado, em 1857, e o Doutor W.C. Minor, interpretado por Sean Penn, contribuiu com mais de 10.000 verbetes para o dicionário, enquanto estava internado em um hospício para criminosos. Acesse o trailer do �lme através do link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=SvCHAKMkfIM (https://www.youtube.com/watch?v=SvCHAKMkfIM) VOCÊ SABIA? https://www.youtube.com/watch?v=SvCHAKMkfIM Nesta unidade, estudamossobre os conceitos de Semântica e Pragmática e suas características, além de seus estudiosos mais envolvidos na complexa compreensão da língua em partes e no todo. Vimos também sobre a metalinguagem, as �guras de linguagens (metáfora e metonímia) e, por �m, sobre gramática e dicionários. Esses assuntos contribuirão para que o seu entendimento sobre gramática seja melhor, para que o uso do dicionário seja mais proveitoso e para que compreenda os papéis da metáfora e da metonímia dentro do texto e seus sentidos implícitos. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: CONCLUSÃO aprender sobre semântica e pragmática . entender o que é metalinguagem; conhecer o valor da gramática e do dicionário; compreender que os sentidos podem ir além dos sentidos originais das suas palavras; Escreva uma resenha do �lme O Gênio e o Louco (2019), apresentando a importância do trabalho deles para semântica e a metalinguagem, procure escrever a evolução dos dicionários desde a época que o �lme se passa até os dias atuais, tanto em seu formato, como no seu uso. VAMOS PRATICAR? reconhecer que esse tema contribuirá para melhor entender a língua inglesa. Clique para baixar conteúdo deste tema. CANÇADO, M. Manual da Semântica: noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto, 2012. Disponível na Biblioteca Virtual Universitária. COLELLO, S. M. G. (org.). Textos em contextos: re�exões sobre o ensino da língua escrita. 29. ed. São Paulo: Summus, 2011. Disponível na Biblioteca Virtual Universitária. COSTA Jr., D. F. Lógica em linguística: o quadrado semiótico e os estados intencionais da pragmática. Cadernos de Letras da UFF Dossiê: O lugar da teoria nos estudos linguísticos e literários, v. 23, n. 46, p. 173-194, 2013. FIORIN, J. L. (org.). Introdução a Linguística II: princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2010. Disponível na Biblioteca Virtual Universitária. GAVIOLI-PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M.C. Introdução à sintaxe e a semântica da língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015. Disponível na Biblioteca Virtual Universitária. GUIMARÂES, E. Texto, discurso e ensino. São Paulo: Contexto. Disponível em Biblioteca Virtual. Referências IBAÑOS, A. M. T.; COSTA, J. C.. A natureza da pragmática: percurso teórico em um piscar de olhos. Letras de Hoje, v. 52, n. 3, p. 286-293, 7 dez. 2017. Disponível em: (https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/293 60/16261)https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/ view/29360/16261 (https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/293 60/16261). Acesso em: 02 jun. 2021. ILARI, R. Introdução à semântica: brincando com a gramática. Disponível em: Biblioteca Virtual. PERNA, C.B.L., GOLDNADEL, M.; MOLSING, K.V. (org.). Pragmáticas: Vertentes contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016. . Disponível na Biblioteca Virtual Universitária. SANTOS, I. A. 2011. 98 f. Um estudo sobre a metonímia como um processo cognitivo. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) - Centro de Ciências Humanas e Naturais, Universidade Federal do Espírito, Vitória, 2011. Disponível em: (https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3740/1/tese_5064_Disserta%C3 %A7%C3%A3o%20Ione%20Aires%20- %20Completa.pdf)https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3740/1/tese_ 5064_Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Ione%20Aires%20-%20Completa.pdf (https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3740/1/tese_5064_Disserta%C3 %A7%C3%A3o%20Ione%20Aires%20-%20Completa.pdf). Acesso em: 02 jun. 2021. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/29360/16261 https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/29360/16261 https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3740/1/tese_5064_Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Ione%20Aires%20-%20Completa.pdf https://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3740/1/tese_5064_Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Ione%20Aires%20-%20Completa.pdf
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