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Guerras Mundiais

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DESCRIÇÃO
As duas grandes Guerras Mundiais como conflitos globais generalizados e os acontecimentos marcantes, na política internacional do século XX, e suas consequências no campo científico.
PROPÓSITO
Fundamentar bases para compreender as dinâmicas dos conflitos mundiais ocorridos no início do século XX, que marcaram todo o mundo contemporâneo na política internacional, nas instituições políticas, nas estruturas sociais, entre outros aspectos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais conceitos relacionados às Guerras Mundiais
MÓDULO 2
Reconhecer as Guerras Mundiais como eventos transformadores do campo das ciências no século XX
INTRODUÇÃO
As duas grandes Guerras Mundiais foram conflitos bélicos globais, de enormes proporções, envolvendo todas as maiores potências da época. Sem exagero, podemos considerar esses dois eventos como os mais marcantes e decisivos para os desdobramentos históricos e políticos do século XX.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm (1995), o período de 31 anos desde a Primeira Guerra (1914) até o fim da Segunda Guerra (1945) marcou o arranjo das forças do cenário mundial, sendo que esses anos foram primordiais para a consolidação das formações econômicas, sociais, políticas e das ideologias que deram sustentação para a organização internacional do restante do século XX.
Fonte: Pe3k/ShutterstockQuantidade de sapatos no campo de concentração Auschwitz II, em Oswiecim, Polônia.
Além de ser um dos períodos mais ricos em termos de acontecimentos-chave para a história da humanidade, as duas Guerras Mundiais devem ser sempre lembradas por seu impacto devastador na vida de milhões de pessoas. Somando as estimativas do número de mortos, nos dois conflitos, temos um número absurdo que varia entre 80 a 90 milhões de pessoas.
Fonte: SlimVirgin.Representação da fome de 1943 em Bengala, na Índia, atribuída à crise do Império Britânico durante a Segunda Guerra Mundial, Kalyani Bhattacharyee e Sj. Manoj Sarbadhikar, 1944.
Se considerarmos, por exemplo, as mortes indiretas, isto é, aquelas causadas pelos efeitos da guerra, como a fome e as epidemias, esse número cresce exponencialmente.
COMENTÁRIO
Em relação aos conhecimentos das pessoas sobre esses eventos – pitorescos ou corriqueiros –, é importante sublinharmos que eles fazem parte do interesse pessoal dos indivíduos pelos conflitos ou da base adquirida na educação básica. Sendo assim, são mais fáceis o reconhecimento e a reorganização dos temas a partir de pesquisas em sites confiáveis que detalham essas questões.
Aqui, vamos perceber a lógica dos conflitos e como ela transformou a dinâmica do mundo contemporâneo, buscando compreender seu processo e a mecânica do funcionamento político.
MÓDULO 1
Identificar os principais conceitos relacionados às Guerras Mundiais
UMA HISTÓRIA DE CONCEITOS
A HISTÓRIA NÃO É FEITA DE EVENTOS.
A História é construída a partir de análises, comparações e perguntas que constituem discursos. Esses discursos sobre o passado podem ser utilizados de muitas maneiras. A História, portanto, pode servir a muitos grupos. Pode ser um poderoso instrumento de legitimação, construção de valores e até mesmo de atos violentos.
A HISTÓRIA É FEITA DE CONCEITOS.
Conheça agora a relação entre as Guerras Mundiais e a história da humanidade!
Um importante conceito é o de guerra. Como conceito histórico, a guerra e o seu papel social mudaram muitas vezes ao longo do tempo. Assim, em nossa sociedade, atualmente, a guerra é vista como algo efetivamente negativo. Entretanto, já foi conceitualmente entendida como tendo uma função vital ao patriotismo, ao civismo ou ao nacionalismo.
Repare em um trecho do nosso hino:
“[...] Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte
Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!
(Composição: Joaquim Osório Duque Estrada)”
Ouça o hino completo a seguir e perceba melhor essa influência:
Fonte: Almanaque Lusofonista.Símbolos nacionais do Brasil: a Bandeira, o Brasão de Armas do Brasil ornamentando a parte inicial do Hino Nacional em forma de partitura para piano, Teodoro Braga, 1922.
Lutar, guerrear, morrer pela pátria era um conceito que legitimava e naturalizava a guerra como uma necessidade.
Esse sentimento de luta e amor à pátria também é um conceito datado, que foi construído entre os séculos XIX e XX, e é princípio de outro conceito: o nacionalismo.
Fonte: Crisco 1492. A Liberdade guiando o povo, um exemplo de arte nacionalista, Eugène Delacroix, 1830.
Neste período que estamos estudando, o valor do nacionalismo, de lutar pela pátria e morrer pelo seu país, era a tônica.
Poderíamos continuar com inventários de conceitos úteis que fundamentam o pensamento do século XIX e do início do XX. São valores conceituais fomentados e pedras angulares do mundo da primeira metade do século XX. Para que a guerra fosse entendida como algo natural, como um dever do sujeito, em seu país, para defender suas crenças e seus valores, era necessário que os conceitos estivessem reconhecidos e valorizados.
Assim foi com o colonialismo e também com o neocolonialismo, um valor que, independentemente da ação política existente, tinha um fator sentimental, uma defesa de que os grupos superiores tinham a obrigação civilizacional de dominar os incapazes e promover sua melhoria, e que pela sua incompetência eles não poderiam entender.
Fonte: Cliffswallow-vaulting.A Fundação de Maryland retrata um missionário jesuíta levando a superioridade europeia aos povos indígenas originários, Emanuel Leutze, 1634.
COLONIALISMO
Fonte: WikedKentaur.A charge representa as personificações de animais da Rússia, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Itália, França, do Japão e dos EUA lutando pelo corpo da China, Joseph Keppler, Puck, 1900.
NEOCOLONIALISMO
Vamos conhecer uma obra clássica do autor Rudyard Kipling (1865-1936) que reproduz esse sentimento, com o domínio do outro justificado de forma organizada e científica.
O FARDO DO HOMEM BRANCO
Tomai o fardo do Homem Branco
Enviai vossos melhores filhos
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos vossos cativos;
Para esperar, com chicotes pesados
O povo agitado e selvagem
Vossos cativos, tristes povos,
Metade demônio, metade criança.
 
Tomai o fardo do Homem Branco
Continuai pacientemente
Ocultai a ameaça de terror
E vede o espetáculo de orgulho;
Ao discurso direto e simples,
Uma centena de vezes explicado,
Para buscar o lucro de outrem
E obter o ganho de outrem.
Tomai o fardo do Homem Branco
As guerras selvagens pela paz
Enchei a boca dos famintos,
E proclamai o cessar das doenças
E quando o vosso objetivo estiver próximo (O fim que todos procuram)
Assisti a indolência e loucura pagã
Levai toda sua esperança ao nada.
Tomai o fardo do Homem Branco
Sem a mão de ferro dos reis,
Mas o trabalho penoso de servos
A história das coisas comuns
As portas que não deveis entrar,
As estradas que não deveis passar,
Ide, construí com as suas vidas
E marcai com seus mortos.
Tomai o fardo do Homem Branco
E colhei vossa recompensa de sempre
A censura daqueles que tornai melhor
O ódio daqueles que guardai
O grito dos reféns que vós ouvi (Ah, devagar!) em direção à luz:
“Por que nos trouxeste da servidão, Nossa amada noite no Egito?”
 
Tomai o fardo do Homem Branco
Não tentai impedir
Não clamai alto pela Liberdade
Para ocultar vossa fadiga
Por tudo que desejai ou confidenciai
Por tudo que permiti ou fazei
Os povos soturnos e calados
Medirão vosso Deus e vós.
Tomai o fardo do Homem Branco!
Acabaram-se vossos dias de criança
O prêmio leve ofertado
O louvor fácil e glorioso:
Vinde agora, procurai vossa virilidade
Através de todos os anos difíceis,
Frios, afiados com a sabedoria adquirida,
O reconhecimento de vossos pares.
(DOMINGUES, 2020)
Fonte: Travb~commonswiki.O fardo do homem branco, numa visão satírica, Rudyard Kipling, 1899.
O duro poema pode ser um pouco difícil, mas é a essência do conceito de superioridade de raça, fatalismo religioso, valor dodomínio que justificava a escravidão, a submissão e a naturalização da guerra como um modo de afirmação de superioridade diante do outro, da fragilidade da raça do outro.
EM BUSCA DA SUPERIORIDADE
Diante dos conceitos que estudaremos para pensar a sociedade das Guerras Mundiais, existe um que não pode ficar de fora: a superioridade racial.
Existe um equívoco grande de que a questão da superioridade se materializou exclusivamente no escravismo, ou que tenha sido uma ideia quase de cunho pessoal de Adolf Hitler (1889-1945) e da Alemanha nazista.
A superioridade racial era um componente científico daquele momento, em que grupos buscavam justificar seus domínios, defendiam o direito de se opor e tomar terras, alegando para tal um fator histórico ou social que justificasse a sua dominação.
As relações entre as nações ganhavam cada vez mais notoriedade no Estado. Seja qual fosse a forma de governo, na busca da reafirmação política ele tornava-se o protagonista e ícone da defesa de sua superioridade em relação aos demais. As junções e unificações tinham sempre como componente a unidade de um povo, a defesa do espaço necessário e afins.
O conceito de superioridade comportamental, por uma ideia de civilidade, ou racial era a tônica da disputa e força motriz para armar jovens a fim de defender o interesse de seus países.
Fonte: Autor/ShutterstockNo Brasil, quadro A Redenção de Cam, mostrando avó negra, filha mulata, genro e neto brancos. Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco, Modesto Brocos Gómez, 1895.
Construção da Metropolitan Railway, a primeira ferrovia subterrânea do mundo, P. Justyne, 1861.
Do ponto de vista das ideias, a segunda metade do século XIX mostrava uma civilização europeia tão fascinante que parecia ter conquistado todos os desejos de riqueza da humanidade.
Regent Street, ponto comercial mais nobre e famoso de Londres, John Woods e John Francis Salmon, 1837.
Tal fascínio não era descabido. As grandes descobertas cientificas, o processo de urbanização, o crescimento sem precedentes das cidades e o desenvolvimento das artes, da literatura, somados à expansão dos meios de comunicação de massa, ajudaram a reforçar essas ideias.
Palácio de Westminster com a torre do Big Ben ao fundo, autor desconhecido, cerca de 1890.
A metade final do século XIX foi um período triunfante do capitalismo e do liberalismo.
A concepção de que esse momento se tratava de um período triunfante foi fruto de um intenso processo de consolidação econômica no século XIX. Como resultado disso, alguns autores de economia dos séculos anteriores se tornaram marcantes para a época e inauguraram as linhas de pensamento econômico que tratavam sobre a liberdade do sujeito e o mercado, em especial os seguintes filósofos:
Fonte: Gaeanautes. Adam Smith, artista desconhecido,
cerca de 1800.
ADAM SMITH (1723-1790)
Fonte: Wow. John Locke, Godfrey Kneller,
século XVIII.
JOHN LOCKE (1632-1704)
Esses pensamentos, organizados, ficaram conhecidos como liberalismo.
Ao pensarmos o liberalismo por um viés conceitual, podemos afirmar que o mundo, nesse momento, apontava para uma economia de mercado, industrial, marcada por novas divisões de trabalho e dinâmicas mundiais.
Mais uma vez, nesse modelo de capital, o princípio liberal era defendido com limites, pensando também na função do Estado, não como um regulador, mas efetivamente como promotor de ações e políticas que favorecessem a economia dos países.
Esse é o princípio da dominação e das dinâmicas de dominação do mundo, presente antes, durante e consolidado depois das guerras.
EXEMPLO
Um excelente exemplo dessas dinâmicas conceituais está em uma formulação da Economia, chamada substituição de importações, quando nações iminentemente agrárias começam a mudar sua matriz de exportação, passando a ser produtoras de mercadorias duráveis ou não duráveis de produtos e bens de consumo. Isso muda o centro de sua economia em muitas vezes, quase que uma totalidade no setor agrícola para um processo de urbanização; e um processo de organização do segundo setor, criando novas dinâmicas industriais e, por consequência, comerciais.
SEGUNDO SETOR
O segundo setor é composto por empresas privadas que atuam na sociedade, seja na comercialização de bens e produtos seja na prestação de serviços.
ANTECEDENTES POLÍTICOS DAS GUERRAS MUNDIAIS
 Batalha de Waterloo, François Gérard, 1810.
Após as Guerras Napoleônicas (1803-1815), o Império britânico despontou como potência hegemônica e de alcance planetário.
 As Bandeiras de um Império Livre, mostrando os emblemas do Império britânico em todo o mundo, Arthur Mees, 1910.
Foi um período em que a Inglaterra consolidou o seu poder político por meio da expansão da sua indústria, do comércio, das finanças e da sua capacidade militar, com uma marinha sem opositor de igual força, até então.
 Vista das obras de construção da Tower Bridge, autor desconhecido, 1892.
Londres se tornou o grande centro econômico dessa fase do capitalismo, e o Império britânico a grande potência regente do ordenamento internacional. Esse período também ficou conhecido como Pax britannica.
Valores como o liberalismo político e econômico eram promovidos tanto na disputa de ideias quanto na força das canhoneiras.
Uma economia baseada no livre mercado e um sistema político que promovesse as liberdades individuais eram considerados um modelo mais eficaz para elevar os padrões de vida de toda a sociedade.
No imaginário das pessoas, o triunfo do capitalismo global colocaria, mais cedo ou mais tarde, e mesmo que de modo desigual, todos os países do mundo em um contínuo progresso material e moral.
Apesar de ter ocorrido grandes conflitos bélicos, o período de 1848 até 1900, de maneira geral, é visto como uma era de paz e prosperidade sem paralelo no mundo ocidental. Veja alguns dos maiores conflitos da época:
Fonte: Gaeanautes. Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de Sebastopol, Gustave Doré, 1855.
GUERRA DA CRIMEIA
(1854-1856)
Fonte: Wow. A Batalha de Gettysburg foi o embate com o maior número de vítimas na Guerra Civil Americana, Thure de Thulstrup, 1887.
GUERRA DE SECESSÃO NORTE-AMERICANA
(1861-1865)
Fonte: Wow. A proclamação do Império alemão, Anton von Werner, 1885.
GUERRA FRANCO-PRUSSIANA
(1870-1871)
ATENÇÃO
A maioria dos incidentes políticos envolvendo as grandes potências era resolvida por meio de negociações diplomáticas, eventualmente, caso necessário, alguma intervenção militar era feita no “mundo fraco”, ou seja, nas colônias. Raramente um país europeu era escolhido como alvo ou adversário.
Com base na dinâmica dessas guerras, historiadores e especialistas dos assuntos militares argumentavam, na época, que o desenvolvimento das sociedades capitalistas, somado ao crescente sentimento nacionalista, levaria a batalhas mais curtas, porém mais decisivas.
Embora o serviço militar/alistamento obrigatório tenha feito com que praticamente todas as potências tivessem grandes exércitos, a principal função social dos militares, nesse período, era civil.
Fonte: Chuckb187. Um cartaz incitando homens de países do Império britânico a se alistarem no exército britânico, Arthur Wardle, 1915.
Todo esse processo de crescimento “triunfante” do capitalismo foi, ao mesmo tempo, acompanhado de uma disputa feroz dos Estados por novos mercados, territórios e por influência diante de um sistema internacional cada vez mais competitivo. O final do século XIX e o início do século XX foram marcados pelo declínio relativo do poder do Império britânico em relação às outras economias industriais nacionais, principalmente a Alemanha e os Estados Unidos.
Esse período histórico é definido por Hobsbawm (2015) como a Era dos Impérios. A ideia vigente de que os “avançados” poderiam dominar os “atrasados” estava fundamentada em uma brutal disparidade econômica e militar dos países capitalistas centrais em relação ao resto do mundo. Veja mais a seguir:
Com o objetivo de garantir vantagens comerciais, tanto no fornecimento de matérias-primas comona expansão do mercado consumidor, a busca por novos mercados estimulou as ambições territoriais por novas colônias das potências industriais.
Fonte: Tholme.A partilha de África e Ásia, Henri Meyer, 1898.
Fonte: Jappalang.Federação Imperial: mapa do mundo mostrando a extensão do Império britânico, Walter Crane, 1886.
Essas disputas dos Estados por espaços coloniais mudaram as regras do jogo da diplomacia tradicional praticada no período anterior. Gradativamente, a Pax britannica foi sendo substituída pelo acirramento das rivalidades políticas que surgiam na esteira das disputas comerciais/coloniais.
O controle por regiões consideradas estratégicas, em termos econômicos, passou a ser disputado por meios cada vez mais hostis, e a via militar passou a fazer parte do repertório dos Estados como solução dos seus conflitos.
Fonte: Slawojar.O Canal de Suez era uma das grandes ambições europeias para ampliar seus mercados à nível global, autor desconhecido, 1881.
De 1880 a 1914, a maior parte do mundo era dividida, formalmente, em territórios sob governo direto ou sob dominação política indireta de um ou outro Estado central ao capitalismo. Um marco desse processo foi a:
CONFERÊNCIA DE BERLIM (1884-1885)
Fonte: Civvi~commonswiki.Conferência de Berlim, Anton von Werner, século XIX.
O evento contou com a participação de todas as potências europeias e dos Estados Unidos, com o objetivo de definir as regras de ocupação e colonização do continente africano.
Fonte: CountingPine.O Colosso de Rodes: caricatura de Cecil John Rhodes, depois que ele anunciou planos para uma linha telegráfica e ferroviária da Cidade do Cabo ao Cairo, representando o imperialismo na África. Edward Linley Sambourne, 1892.
Tal conferência também ficou conhecida como a Partilha da África, oficializando a prática de exploração colonial. O continente foi dividido em “zonas de influência” ou áreas de administração direta das potências imperiais. Posteriormente, esse processo foi denominado de neocolonialismo.
SISTEMA INTERNACIONAL
O início do século XX já apresentava uma nova configuração do sistema internacional e na ordem econômica capitalista. A sua principal característica era a divisão territorial do mundo pelas potências imperiais, definindo um conjunto de:
COLÔNIAS FORMAIS
COLÔNIAS INFORMAIS
ESFERAS DE INFLUÊNCIA
Porém, essa divisão do mundo não foi capaz de conter o aumento das rivalidades e das tensões entre os Estados. As bases de um sistema econômico e de um sistema internacional, forjados na competição e no crescimento da capacidade bélica, traziam cada vez mais instabilidade para a conjuntura política da época.
Um aspecto que merece destaque é o modo como as potências imperiais se lançavam na corrida armamentista. O desenvolvimento tecnológico foi rapidamente incorporado pela indústria bélica, aumentando a capacidade de produção de armas de maneira exponencial. A transformação da artilharia e dos navios de combate revolucionou o jeito como os generais e os governantes se preparavam para a guerra.
Fonte: Goszei.Charge mostra nações engajadas na corrida armamentista e naval, Puck, L. M. Glackens, 1909.
A ideia que fundamentava essa corrida era o receio de que outro Estado, inimigo/adversário ou não, tivesse um poderio bélico superior e tal superioridade fosse transformada em vantagens políticas e econômicas.
Em 1892, Friedrich Engels (1820-1895) disse, em uma carta enviada a um amigo: como a guerra se tornou um setor da grande indústria, se tornou também uma necessidade política.
Fonte: Phrood~commonswiki.Friedrich Engels, William Hall, 1877.
FRIEDRICH ENGELS
Friedrich Engels foi um empresário industrial e teórico revolucionário prussiano, nascido na atual Alemanha, que junto com Karl Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo. Foi coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista.
Fonte: Jim Evans.Rei George V e um grupo de oficiais inspecionam uma fábrica de munições britânica, Governo Britânico, 1917.
Outros se referiam à indústria bélica como indústria da morte. Estados empenhados em se armar foram o motor que mantinha em funcionamento as poderosas indústrias nacionais, não só das armas, especificamente, mas também da metalurgia. Concentrações industriais gigantescas foram erguidas para manter a produção de armas em movimento.
ATENÇÃO
Para se ter uma ideia, a Krupp, fabricante de canhões na Alemanha, empregava 16.000 pessoas em 1873, 24.000 em 1890 e quase 70.000 em 1912!
A BATALHA DOS CONCEITOS POLÍTICOS
Se existia uma importante batalha de conceitos, às vésperas das Guerras Mundiais, era a dos conceitos políticos. De um lado, a defesa das velhas aristocracias, que ao longo de todo o século XIX foram alvo de movimentos que negavam o chamado “Antigo Regime” para propor a linha de um novo modelo, na maioria das vezes, republicano, marcado por sistemas legislativos que visavam garantir a isonomia e a desvinculação do Estado a um único poder.
Um dos maiores analistas políticos desse momento é Alexis de Tocqueville (1805-1859). O estudioso percebeu a mudança política que as revoluções vinham fomentando, estruturando proposições em que o governo serve ao Estado e a lógica representativa começa a ser amplamente difundida.
Fonte: Autor/ShutterstockForte em Saint Tropez ao por do sol
A democracia passa a ser um conceito valorizado, lado a lado com outro conceito resgatado da Antiguidade, o de república.
ATENÇÃO
A era contemporânea fundamentou uma nova dinâmica na política conceitual. Conceitos são históricos, mas não vivem de apagamentos, eles convivem, disputam espaço e esse é o exemplo típico desse modelo.
Outros dois conceitos políticos foram apelidados como:
“Direita”
Pautada no conservadorismo.
“Esquerda”
Pautada no progressismo.
Esses conceitos ganharam parceiros econômicos, tomaram uma dimensão sociopolítica, como a ideia de:
Direita liberal
De cunho econômico.
Esquerda socialista
Influenciada principalmente pelas ideias marxistas.
DOS CONCEITOS À GUERRA
Uma vez mais, nosso objetivo não é fazer um exercício de datação nem descrição dos conflitos relativos às Guerra Mundiais, mas sim uma reflexão de que esse evento não é uma surpresa, não é atípico.
De fato, a paz que salientamos é baseada no equilíbrio e receio da própria capacidade militar. O rompimento desse instável equilíbrio culmina com um conjunto efetivo de combates, longos, marcantes e traumatizantes da história mundial.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. DOS CONCEITOS ABAIXO, AQUELE QUE ESTÁ CORRETAMENTE FORMULADO PARA O PERÍODO PRÉ-GUERRAS MUNDIAIS É:
Democracia é um conceito político que propicia a administração pública ser governada pelo povo.
Liberalismo é um conceito progressista que defende a liberdade dos comportamentos.
Colonialismo é um conceito emprestado da Economia e designa a forma econômica como se organiza um espaço conquistado.
Sistema internacional é um conceito das Relações Internacionais que permite perceber a dinâmica de conjuntura entre as nações.
Neocolonialismo é um conceito do campo progressista que defende a não influência de Estados dominantes no sistema internacional.
Parte inferior do formulário
Parte superior do formulário
2. AS GUERRAS MUNDIAIS PRECISAM SER ANALISADAS EM MEIO A UM CONJUNTO DE CONCEITOS QUE MARCA SUAS CARACTERÍSTICAS E DISPUTAS. LEIA AS AFIRMATIVAS A SEGUIR:
I – NAÇÃO É UM CONCEITO MULTIDISCIPLINAR QUE NOS REMETE AO PERTENCIMENTO A UM ESTADO NO SÉCULO XIX E NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
II – PATRIOTISMO É UM CONCEITO FORJADO PÓS-GUERRAS MUNDIAIS COMO MARCA DE ORGULHO PELAS VITÓRIAS DE NORTE-AMERICANOS E INGLESES.
III – SOCIALISMO É UM CONCEITO POLÍTICO-ECONÔMICO INFLUENCIADO PELAS ANÁLISES DE MARX E ENGELS.
ESTÃO CORRETAS.
Somente I.
Somente I e III.
Somente II e III.
Somente I e II.
Somente II.
Parte inferior do formulário
GABARITO
1. Dos conceitos abaixo, aquele que está corretamente formulado para o período pré-guerras mundiais é:
A alternativa "D " está correta.
As Relações Internacionais são formuladas como um campo científico no iníciodo século XX nomeando, criando e apropriando-se de conceitos, como, por exemplo, o de sistema internacional, palco fundamental da análise das conjunturas.
2. As Guerras Mundiais precisam ser analisadas em meio a um conjunto de conceitos que marca suas características e disputas. Leia as afirmativas a seguir:
I – Nação é um conceito multidisciplinar que nos remete ao pertencimento a um Estado no século XIX e no início do século XX.
II – Patriotismo é um conceito forjado pós-Guerras Mundiais como marca de orgulho pelas vitórias de norte-americanos e ingleses.
III – Socialismo é um conceito político-econômico influenciado pelas análises de Marx e Engels.
Estão corretas.
A alternativa "B " está correta.
Não é um conceito que atende à História, à Ciência Política e ao Direito, seus fundamentos variam dependendo do ponto de vista, mas guardam entre si correspondência. Já o socialismo emerge dos debates do materialismo histórico. Mesmo tendo sido pensado antes, sua versão influenciadora do momento é a formulada por Marx e Engels.
MÓDULO 2
Reconhecer as Guerras Mundiais como um evento transformador do campo das ciências no século XX
Vamos entender um pouco mais sobre o contexto das Guerras Mundiais!
ECLOSÃO DA GUERRA
Antes de entramos nos detalhes da dinâmica do conflito, é necessário destacar um ponto relevante e decisivo para alguns autores que trataram das origens da Primeira Grande Guerra: a lógica de alianças.
Mapa das alianças europeias em 1915, autor desconhecido, 2005.
Além das transformações sistêmicas e econômicas que sacudiram a Europa na segunda metade do século XIX, dois grandes eventos políticos que, além de alterarem o desenho do mapa da Europa, também impactaram o cálculo estratégico dos demais Estados europeus foram:
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA
 
 
UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA
A Alemanha rapidamente se tornou um novo ator político relevante no continente. O seu poder político estava baseado na combinação de:
UMA POPULAÇÃO RELATIVAMENTE GRANDE
UMA IMPRESSIONANTE FORÇA E CAPACIDADE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA
A sua existência e capacidade produtiva reorganizaram os arranjos internacionais e a correlação de forças na Europa.
A partir dos anos 1880, os Estados europeus, gradativamente, foram se dividindo em dois grandes blocos opostos de nações. A diplomacia ficou cada vez mais parecida com um verdadeiro jogo de xadrez, no qual a movimentação de uma peça no tabuleiro de uma nação rival levaria, inevitavelmente, à movimentação de outra peça por outra nação.
O período de 1890 a 1910 foi marcado pelo binômio:
ALIANÇAS
AMEAÇAS
As forças políticas e econômicas deram vazão plena à teoria da anarquia internacional.
De modo irrequieto, buscavam vantagens e ameaçavam, até que os processos políticos foram acelerados.
Fonte: Akela3.Arquiduque Frederico Ferdinando, Johann Stadler, 1841.
Fonte: MGA73bot2.Ilustração representando o assassinato do arquiduque Frederico Ferdinando, pelo jornal francês Le Petit Journal, 1914.
O evento emblemático é o assassinato do arquiduque Frederico Ferdinando (1821-1847), iniciando um processo já cadenciado, depois de anos de ameaças:
1
Primeiramente, por conta das colônias e do direito a estas.
2
Posteriormente, por questões territoriais europeias.
QUESTÕES TERRITORIAIS EUROPEIAS
Em especial Itália e Alemanha, que tinham áreas de sua unificação tardia não incorporadas, apesar da presença de população que se identificava como alemã, por exemplo.
ATENÇÃO
É importante destacar que, pela sua posição geográfica, a Alemanha se viu diante de uma guerra em duas frentes.
O plano dos alemães era resolver rapidamente as batalhas na frente ocidental, e depois partir para o ataque na frente oriental. A estratégia alemã estava fundamentada em uma guerra rápida e decisiva, uma campanha relâmpago. O exército alemão avançou sobre a França e chegou a algumas dezenas de quilômetros da capital, Paris.
Entretanto, os franceses, contando com o apoio do que restou da resistência belga e com uma força terrestre cada vez maior dos britânicos, conseguiram organizar uma resistência à invasão alemã marcando a sua posição através de fortificações defensivas de milhares de soldados entrincheirados na parte ocidental do país (HOBSBAWM, 2014, p. 33).
Fonte: Cliché Online~commonswiki.Soldados franceses em Paris, 1918.
Sobre as origens da Primeira Guerra, Hobsbawm destaca o seguinte:
“ELA COMEÇOU COMO UMA GUERRA ESSENCIALMENTE EUROPEIA, ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA DE FRANÇA, GRÃ-BRETANHA E RÚSSIA DE UM LADO, E AS CHAMADAS “POTÊNCIAS CENTRAIS”, ALEMANHA E ÁUSTRIA-HUNGRIA, DO OUTRO, COM A SÉRVIA E A BÉLGICA SENDO IMEDIATAMENTE ARRASTADAS PARA UM DOS LADOS DEVIDO AO ATAQUE AUSTRÍACO (QUE NA VERDADE DETONOU A GUERRA) À PRIMEIRA E O ATAQUE ALEMÃO À SEGUNDA (COMO PARTE DA ESTRATÉGIA DE GUERRA DA ALEMANHA). A TURQUIA E A BULGÁRIA LOGO SE JUNTARAM ÀS POTÊNCIAS CENTRAIS, ENQUANTO DO OUTRO LADO A TRÍPLICE ALIANÇA SE AVOLUMAVA NUMA COALIZÃO BASTANTE GRANDE. SUBORDINADA, A ITÁLIA TAMBÉM ENTROU; DEPOIS FOI A VEZ DA GRÉCIA, DA ROMÊNIA E (MUITO MAIS NOMINALMENTE) DE PORTUGAL TAMBÉM. MAIS OBJETIVO, O JAPÃO ENTROU QUASE DE IMEDIATO, A FIM DE TOMAR POSIÇÕES ALEMÃS NO ORIENTE MÉDIO E NO PACÍFICO OCIDENTAL, MAS NÃO SE INTERESSOU POR NADA FORA DA SUA REGIÃO, E – MAIS IMPORTANTE – OS EUA ENTRARAM EM 1917. NA VERDADE, SUA INTERVENÇÃO SERIA DECISIVA.”
(HOBSBAWM, 2015, p. 32)
A guerra de trincheiras se tornou uma das maiores máquinas de massacre de pessoas sem precedentes na história da guerra. Milhares de soldados ficavam enfileirados uns diante dos outros nas trincheiras, nas barricadas ou nos sacos de areia.
A guerra de posições levou a um impasse sangrento na frente ocidental. Porém, na frente oriental, a Alemanha continuava em movimento. Com a ajuda dos austríacos, os alemães conseguiram expulsar o exército russo para fora da Polônia. A Rússia estava em uma clara posição defensiva e, para observadores, tanto externos quanto internos, era só uma questão de tempo para perder decisivamente a guerra.
Fonte: BArchBot.Soldados alemães marchando na cidade polonesa Lódz, German Federal Archives, 1914.
 SAIBA MAIS
Tal impasse militar e político foi crucial para desestabilizar o Império czarista e abrir uma brecha aos eventos revolucionários de 1917 (HOBSBAWN, 2014, p. 35).
Na Europa, não havia espaço para três potências industriais rivais. Veja mais a seguir:
Talaj/Shutterstock
A pretensão alemã de ser reconhecida como potência global.
Talaj/Shutterstock
A insistência do Império britânico de continuar dando as cartas na política internacional.
Talaj/Shutterstock
A pretensão francesa de ser aceita no clube das grandes potências imperiais.
Na prática, isso representava a impossibilidade de uma existência pacífica entre os Estados.
Pensando nisso, e com o objetivo de isolar a ilha britânica, a estratégia alemã foi direcionar forças e recursos para a guerra marítima.
Como o submarino foi uma das inovações tecnológicas mais destacadas do período, os generais alemães pretendiam lançar uma grande frota de submarinos no Atlântico Norte para abater qualquer navio de suprimentos com direção à Inglaterra. Tal estratégia levou os alemães a atacar embarcações norte-americanas que forneciam mantimentos e armas para a Inglaterra.
Fonte: Ineuw.Tradução livre: “Eu sou neutro, MAS não tenho medo de nenhum deles.” Charge sobre a neutralidade dos EUA durante a maior parte da Primeira Guerra Mundial, Wallace Robinson, 1915.
Diante desse ataque e da eminente vitória dos alemães, na frente oriental, devido ao enfraquecimento da Rússia, os Estados Unidos, que até então tentavam se manter neutros e lucrando com o conflito, decidiram entrar na guerra em apoio à Inglaterra e França contra a Alemanha.
A entrada norte-americana foi decisiva para o desenrolar do conflito e a consequente vitória da Entente. Pelo fato do conflito não se dar em seu amplo território e também por ser uma potência com alta capacidade industrial, os EUA conseguiram desequilibrar o conflito a favor da Entente fornecendo um grande volume de soldados, tanques, navios e aviões de guerra.Não demorou muito para que as exaustas tropas alemãs e austríacas fossem derrotadas na frente ocidental.
ENTENTE
A Tríplice Entente foi uma aliança entre Inglaterra (Grã-Bretanha), França e Rússia.
Repare que os conceitos de nacionalismo, direito, soberania, colônias, entre outros, foram discursos políticos que se manifestaram em um conflito armado, declarado em 28 de julho de 1914.
Havia a expectativa de que as novas tecnologias, sem o uso das velhas espadas, mas sim das armas de fogo, levariam a um conflito rápido; entretanto, descobriu-se o inferno da guerra imóvel, das guerras de trincheiras!
A longa guerra, os custos de batalha e de pessoas fizeram estragos inimagináveis na economia europeia, permitindo que a potência norte-americana emergente se apresentasse como a financiadora do mundo.
O desequilíbrio entre as nações fundamentou, de maneira emblemática, as tensões, fazendo com que as próprias demandas econômicas de capital gerassem pressões internas mais intensas do que, muitas vezes, o desejo de conquista; é a velha metáfora de “ao vencedor as batatas.”
AO VENCEDOR AS BATATAS
Expressão utilizada em Quincas Borba, livro escrito por Machado de Assis, sobre essa dinâmica da demanda interna ser o impulsionador ao conflito necessário.
Com o fim da batalha, o rancor e a amargura do peso violento do processo eram críticos. Em um ícone do Antigo Regime, os chefes de Estado são chamados a negociar. A rendição da Alemanha, por exemplo, fora contestada pela não perda do território. Em Versalhes (França), a liderança norte-americana se consolida e uma nova fase do mundo é definitivamente alicerçada.
Com o fim da guerra, em 1918, o acordo de paz imposto pelas potências vitoriosas (EUA, Grã-Bretanha, França e Itália) ficou conhecido como Tratado de Versalhes, e tentava estabelecer a paz e redesenhar o mapa político do mundo no pós-Primeira Guerra.
Fonte: Rlbberlin.Assinatura do Tratado na Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, William Orpen, 1919.
Veja a seguir um registro histórico desse evento!
Fonte: ShutterstockImagens do Tratado de Versailles
Segundo Hobsbawm (1995), o Tratado de Versalhes era dominado por cinco considerações urgentes para estabelecer a paz:
1
A manutenção de ordenamento nos regimes que estavam em declínio, evitando que os ventos da revolução bolchevique alimentassem as forças revolucionárias em outros Estados da Europa.
2
A necessidade de estabelecer algum controle sobre a Alemanha.
3
Redesenhar o mapa da Europa a fim de evitar a influência alemã e preencher os vazios de poder deixados pela queda dos impérios russo, otomano e dos Habsburgo.
4
Considerar os aspectos domésticos das potências vitoriosas, sendo que o congresso norte-americano se recusou a ratificar uma série de pontos do tratado que, em grande medida, foi proposto pelo próprio presidente Woodrow Wilson (1856-1924).
5
Pensar práticas e políticas que impedissem a repetição de um conflito dessa magnitude.
A tentativa falhou de forma monumental, pois, passados vinte anos, o mundo estava em guerra novamente!
Palácio das Nações, em Genebra, sede da Liga das Nações desde 1938, Yann Forget, 2005.
Tentativas importantes precisam ser destacadas, como o estabelecimento de um foro coletivo no qual as nações consideradas relevantes tinham direito a voz e a se manifestarem: a Liga das Nações.
LIGA DAS NAÇÕES
A Liga das Nações era um órgão de natureza internacional fundado com o objetivo de arbitrar os conflitos entre as nações do mundo e empregar todos os esforços possíveis para a manutenção da paz mundial.
EXEMPLO
Havia um problema: quem era ou não relevante nesse contexto? Por exemplo, o Japão considerou ofensivo o órgão defender que ele não possuía o direito de invadir a Manchúria e se retirou da Liga no período entre guerras.
Mas esse não foi o único evento emblemático do período. Antes, precisamos falar de outro passo importante para a mudança do mundo.
REVOLUÇÃO RUSSA
A Revolução Russa de 1917, que aboliu o regime czarista e estabeleceu no poder o socialismo, abriu caminho para uma extraordinária atmosfera de inquietude e renovação nos campos social, político e cultural.
Nas artes visuais, na literatura e no cinema jovens artistas manifestaram uma tendência acentuada em direção a novos procedimentos estéticos e ao descontentamento em relação à linguagem convencional e passadista.
Fonte: Underlying lk.Soldados carregam a bandeira “Comunismo” pelas ruas de Moscou, artista desconhecido, 1917.
Fonte: Springbok.The Bolshevik, Boris Kustodiev, 1920.
Essa renovação foi acompanhada, ao mesmo tempo, pela exigência de um retorno às origens, às fontes primeiras da cultura russa, e da negação de valores considerados ultrapassados.
ATENÇÃO
A Revolução Russa, também conhecida como Revolução de Outubro, é um marco de ruptura importante. A associação entre o proletário urbano e as forças campesinas contra um regime que não tinha passado pelas revoluções burguesas e ainda era marcado por traços do Antigo Regime é entendida como uma marca da modernização.
O simbolismo e o decadentismo produziram, em solo russo, no campo da poética e do pensamento filosófico, proposições e experiências estéticas de impacto decisivo na cultura russa, desempenhando um papel determinante para o surgimento de tendências e correntes estéticas que conformariam, poucos anos depois, um amplo movimento que se convencionou chamar de Vanguardas Russas.
Fonte: Carl Ha.Exemplo de trabalho de um artista das vanguardas russas: Design para o catálogo da Vkhutemas, El Lissitzky, 1927.
VANGUARDAS RUSSAS
Movimento artístico que aparece na dança, na música e na pintura, rompendo uma tradição de valorização “clássica” na Rússia.
Essa junção teve fases e disputas muito intensas de negociações entre:
“Brancos”
Defensores da pequena burguesia.
“Rubros”
Defensores de uma ruptura intensa e da implementação de um regime efetivamente socialista.
Liderados por Vladimir Lênin (1870-1924), em um primeiro momento, o regime recrudesce e ganha outras características com a ascensão de Josef Stalin (1878-1953).
Fonte: EugeneZelenko.Vladimir Lênin e Josef Stalin, autor desconhecido, 1919.
NOVOS CONCEITOS: NAZISMO E FASCISMO
O regime nazista esteve em vigor na Alemanha entre 1933, ano da ascensão de Adolf Hitler ao poder, e 1945, ano da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, e da consequente queda do governo após a morte do ditador.
Fonte: BArchBot.Adolf Hitler em um comício do Partido Nazista em Weimar, Georg Pahl, 1930.
Em 1918, a Alemanha saiu derrotada da guerra e os vencedores impuseram ao país, como condição de negociação da paz, a implantação de um governo democrático.
COMENTÁRIO
A conformação herdada de Versalhes foi dolorosa para uma economia em crise e com pesadas dívidas, tal qual estava a alemã. Mas sua situação tinha uma solução, o empréstimo norte-americano. Porém, em 1929, isso mudaria novamente.
Fonte: FranksValli. Registro do Armistício de Compiègne, documento que encerrava as hostilidades na frente ocidental da Primeira Guerra Mundial, autor desconhecido, 1918.
Voltando aos aspectos políticos desse período, a república foi então proclamada, e a rendição assinada em 11 de novembro de 1918.
O acordo de paz, contudo, não se restringia apenas ao tipo de regime que deveria vigorar na Alemanha. Pelos termos do Tratado de Versalhes, além da Alemanha ser responsabilizada do ponto de vista moral e financeiro, no plano territorial ela perdia:
Suas colônias
Togo, Camarões e Sudoeste africano.
Cerca de um oitavo de seu território
Compreendia a disputada região da Alsácia-Lorena, conquistada em 1871.
Houve ainda a concessão para a exploração de minas de carvão – fonte básica de energia –, para a França por um período de quinze anos.
Outras cláusulas estabeleciam o seguinte:
1
A desmilitarização da margem esquerda do Reno e de uma parte a Leste desse rio.
2
A abolição do serviço militar obrigatório.
3
A limitação do exército e da marinha.
4
A redução de armamentos e a possibilidade de julgamento que levaria à extradição dos considerados responsáveis pelo conflito,desde o imperador, Guilherme II, até os oficiais mais modestos.
 SAIBA MAIS
O montante da indenização foi decidido posteriormente. A Alemanha propusera 50 bilhões de marcos-ouro, e os aliados exigiram 132 bilhões. A França, especialmente, exigiu o pagamento de pesadas indenizações, e isso trouxe enormes dificuldades financeiras para os alemães, que responsabilizaram o governo pela situação.
De 1918 a 1933, a Alemanha tornou-se uma república. A revolução que determinou a queda do Kaiser (“imperador”, em alemão), em novembro de 1918, levou ao poder uma coalização de socialistas, centristas e democratas. Veja mais a seguir:
A Constituição de Weimar em formato de livreto, autor desconhecido, 1919.
Em 1919, os líderes desses partidos redigiram a Constituição de Weimar, de caráter progressista e democrático, contra a qual se insurgiu a extrema direita nacionalista, favorável a um governo autoritário.
Em abril de 1920, Hitler decidiu alterar o nome do partido (que vinha crescendo desde que ele assumira sua liderança) de Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP, na língua alemã) para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, na língua alemã). A denominação socialista foi dada para atrair operários e fazer frente aos grupos socialistas e comunistas; seus membros, na verdade, combatiam a bandeira da esquerda. Em meados de 1921, a agremiação já contava com 3.300 membros; no final de 1922, estava com 20 mil.
Emblema do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, RsVe e Barliner, 2006.
Cartão de membro de Hitler na DAP (mais tarde NSDAP), Eloquence, 2005.
Ao longo da década de 1920, impulsionado pela crise econômica e pelo clima de humilhação e injustiça, provocado pelas sanções oriundas do Tratado de Versalhes, o pequeno partido cresceu à medida que a crise se aprofundou.
No início dos anos 1930, a crise social e econômica se aprofundou com a queda da Bolsa de Nova York.
Nota de 20 Reichsmark, moeda oficial da Alemanha entre 1924 e 1948.
Hitler com membros do Partido Nazista, autor desconhecido, 1930.
A partir de 1933, com a ascensão do nazismo ao poder, toda essa efervescência chegaria ao fim. O Partido Nacional-Socialista, surgido na Baviera, contava entre seus membros com Adolf Hitler, que rapidamente se transformou no principal líder da nova agremiação.
O programa partidário era baseado nos seguintes pontos:
FORTALECIMENTO DO ESTADO
ENGRANDECIMENTO DA ALEMANHA
INTENSIFICAÇÃO DO ANTISSEMITISMO
NACIONALIZAÇÃO DOS TRUSTES
TRUSTES
Truste é a fusão de várias empresas de modo a formar um monopólio com o intuito de dominar determinada oferta de produtos e/ou serviços. Pode-se definir truste também como uma organização empresarial de grande poder de pressão no mercado.
Fonte: Wikipédia
Fonte: Centpacrr.Hitler e seus apoiadores no dia de sua nomeação como chanceler, Robert Sennecke, 1933.
Os nazistas foram favorecidos pelo agravamento da crise econômica, canalizando o desespero e o descontentamento do povo alemão. A votação do partido foi crescendo junto com o descontentamento, até que, em 1933, os nazistas se tornaram o partido mais forte do parlamento. Devido ao intenso apoio popular, Hitler foi convidado pelo presidente Paul von Hindenburg (1847-1934) a ocupar o cargo de chanceler. A ascensão dos nazistas ao poder, em janeiro de 1933, foi por eles chamada de a “revolução legal”.
ATENÇÃO
A Alemanha não foi o único palco do crescimento de características totalitárias que entendemos como Fascismo e Nazismo. Vários países viveram seus importantes embates entre fascistas e comunistas. Foi o caso da Espanha, por exemplo: durante uma terrível guerra civil, o general Francisco Franco (1892-1975), de inspiração fascista, assumiu o poder.
Fonte: AFBorchert.Mural Guernica, Pablo Picasso, 1937.
A arte, como sempre, ajuda a expressar o horror vivido.
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Mais uma vez, relembramos que o objetivo aqui é um passo acima de fazer um inventário de eventos da Segunda Guerra Mundial. Sabemos que é apaixonante para quem gosta da temática perceber a dinâmica da movimentação dos tanques – criados para romper as guerras de fronteira etc.
Há uma vasta literatura disponível para se aprofundar nessa área. Assim, pretendemos manter o nosso objetivo de pensar a Segunda Guerra como um conflito global de grandes proporções que marcou uma ruptura política de grande escala no sistema internacional.
A crise de 1929 abalou as bases do liberalismo econômico e político e contribuiu, de maneira decisiva, para que grupos de extrema direita, admiradores do militarismo, aproveitassem essa janela de oportunidade histórica para conquistar o poder na Alemanha, no Japão e na Itália. As condições criadas para a manutenção da paz estavam cada vez mais precárias.
Fonte: Hohum.Multidão em frente a um banco no início da Grande Depressão, autor desconhecido, 1929.
O novo ordenamento mundial pós-Tratado de Versalhes não foi capaz de conter as insatisfações, tanto dos derrotados quanto dos vencedores – caso da Itália e do Japão. O sistema internacional estava cada vez mais instável e incapaz de integrar as economias industriais em bases mais vantajosas.
Fonte: StalwartUK.Propaganda japonesa postada da era Shōwa mostrando Adolf Hitler, Fumimaro Konoe e Benito Mussolini, os líderes políticos das três principais potências do Eixo, autor desconhecido, 1938.
Por mais que pensar sobre as origens da Segunda Guerra seja um exercício complexo, diante de um cenário instável da conjuntura política mundial, a postura agressiva de três potências descontentes com a ordem internacional vigente foi um fator relevante para estourar o conflito.
Alemanha, Itália e Japão, por uma série de iniciativas diplomáticas, e até militares, estavam decididos a alterar as regras políticas que definiam as relações internacionais nos anos 1930.
Aproveitando-se da falta de capacidade de articulação de ingleses e franceses e da então neutralidade dos soviéticos, os alemães, mais uma vez, se lançaram em uma ofensiva rápida, assim como em 1914.
Temos muitos debates que valem a pena sua busca, como:
Fonte: Nick.mon. Sir Winston Churchill, Yousuf Karsh, Library and Archives Canada, 1941.
A resistência inteligente de Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro inglês, que, durante o período da guerra, chegou ao poder após seus antecessores negociarem por duas vezes com a Alemanha e a Itália, e virem o descumprimento dos acordos e a promessa de paz como solução do Estado moderno cair fragorosamente.
Fonte: Nick.mon.Adolf Hitler em uma cerimônia de construção das Autobahn, autor desconhecido, 1933.
A confusão causada pela política de investimento econômico de Hitler, como se investimento público fosse necessariamente uma ação de direita e esquerda — sendo essa uma modelagem econômica, mas princípios de valorização de etnia, raça, costumes e valores são preceitos tipicamente conservadores, conceituais, não mal nem bem em si.
Fonte: Nick.mon.Aeronaves em operação na frente oriental, Richard Opitz, 1943.
Perceber como a Guerra tornou-se efetivamente mundial com os combates no Norte da África e que, se Hitler, com sua Blitzkrieg, forçou e assombrou a Europa colocando, em um primeiro momento, muitos países em condição de negociação, venceu a Polônia, Holanda, Bélgica e França com uma velocidade só menos impressionante do que seus bombardeios da Luftwaffe(Força Aérea Alemã), que foram usados inclusive contra os ingleses em larga escala.
Vamos considerar essas inserções como norteadoras para suas buscas e para entender como a Segunda Guerra Mundial rompeu com as geopolíticas tradicionais, fazendo com que discutamos eventos importantes, como:
BLITZKRIEG
A Blitzkrieg ou guerra-relâmpago é uma tática militar em nível operacional que consiste em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tenham tempo de organizar a defesa.
A emblemática entrada norte-americana na guerra — depois de uma assombrosa escalada no Pacífico do Japão, sendo inclusive seu território –, ainda que o Havaí fosseconsiderado um ataque em território norte-americano, gerando uma verdadeira batalha naval no Pacífico.
Fonte: Veikk0.ma.Fotografia tirada de um avião japonês durante o ataque a Pearl Harbor, no Havaí, Marinha Imperial Japonesa, 1941.
Fonte: Jappalang.Soldados soviéticos atacando posições alemãs em Stalingrado, Zelma / Георгий Зельма, 1943.
Hitler apresentava boa dianteira e parecia ter conseguido certa estabilidade na Europa, mas essa mundialização do conflito, inclusive com a entrada dos norte-americanos e seus aliados – como o Brasil –, influenciou no conflito. A situação ficou crítica por conta do intenso e mortal combate pela União Soviética. Batalhas terríveis com números de morte absolutamente impressionantes!
A Itália, de Benito Mussolini (1883-1945) e seus camisas negras, pelo Mediterrâneo, se teve sucesso inicial, terminou de maneira trágica, com o ditador morto e pendurado em praça pública.
Fonte: Slawojar.O corpo de Mussolini e outros fascistas na Piazzale Loreto, Milão, Vincenzo Carrese, 1945.
Fonte: Jappalang.Desembarque na praia de Omaha, na Normandia, Dia D ou Operação Netuno, Robert F. Sargent, 1944.
Na Alemanha, tudo mudou a partir da reconquista da França, ainda que, com destaque para os combates do dia “D” pela dificuldade e pela manobra militar ousada, o grande peso da tecnologia para a espionagem fosse o fator primordial. Na retomada da França, iniciou-se uma marcha em três direções, uma pela Itália, uma pela França e, finalmente, o contragolpe de Stalin.
De uma paz efêmera e mais um tratado não cumprido por Hitler, um conjunto de batalhas emblemáticas – depois de uma tática de terra arrasada – levou a uma poderosa marcha para Berlim.
Fonte: Slawojar.Assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, O Tratado de não agressão Germano-Soviético, autor desconhecido, 1939.
Fonte: Jappalang.Jornal norte-americano anunciando a morte de Adolf Hitler, Stars and Stripes, 1945.
Mesmo quando a negativa de rendição de Hitler e a ideia de destruir suas próprias cidades não vingaram, a luta permaneceu e os aliados chegaram a Berlim, ou ao “ninho da águia”. A morte de Hitler foi um troféu, mas não o fim da guerra.
A resistência do Japão e a necessidade de deixar claro o peso de sua força levaram os norte-americanos, pela primeira vez, a usarem uma arma de destruição de escala impressionante, e assim foram bombardeadas Hiroshima e Nagazaki, e o mundo nunca mais foi o mesmo.
Fonte: Slawojar.A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima (esquerda), após a queda da Little Boy, e sobre Nagasaki, após o lançamento de Fat Man, George R. Caron e Charles Levy, 1945.
Antes de terminar esse debate – lembrando seu objetivo –, é necessário perceber os impactos desses movimentos no campo das ciências.
IMPACTOS NO CAMPO DAS CIÊNCIAS
Os conflitos mundiais foram esmiuçados pelo historiador Eric Hobsbawn, na grande obra chamada A era dos extremos (1991); e o autor destaca que tais eventos impulsionaram ideologias de modo impactante.
Fonte: Beta16.Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC - em português: computador integrador numérico eletrônico) foi o primeiro computador digital eletrônico de grande escala, criado durante a Segunda Guerra, Exército dos EUA, 1946.
Se, durante o século XIX e o início do século XX, a Ciência apareceu como forma ideal de organizar a pesquisa e a busca por melhorias tecnológicas e de compreensão social, durante o período das Guerras, o impacto sobre as ciências gerou dois processos fundamentais:
SOB DEMANDA, OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS PASSARAM A DAR SALTOS COMO NUNCA ATÉ ENTÃO A HUMANIDADE HAVIA EXPERIMENTADO.
UMA REVOLUÇÃO DA VELOCIDADE E DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÕES, NUNCA AS INFORMAÇÕES CHEGARAM TÃO RÁPIDO E DE MANEIRA TÃO INTENSA.
EXEMPLO
Essa perspectiva trazida pelo autor pode ser pensada por meio dos desenvolvimentos da aeronáutica, da metalurgia, do tratamento de doentes, do aumento da produção e do princípio de mecanizações no campo, da produção de bens duráveis etc.
A noção de um mundo “sólido”, com concepções bem estruturadas e inquestionáveis, se esvaiu com os impactos da guerra e os horrores vividos a partir dela. Não precisamos, neste momento, separar os conflitos, aliás podemos, de certa forma, entender um período de contínuos conflitos, diretos e indiretos, ameaçados ou deflagrados. Esses conflitos provocaram a crise de fundamentos importantes, como, por exemplo: o nacionalismo, patriotismo, liberalismo e socialismo, só para citar alguns.
As ciências, se viveram um quadro de fetichismo no século XIX, sendo observadas de modo otimista e como garantia do futuro do homem, com as guerras, ao mesmo tempo em que avançaram poderosamente, também levaram aos homens uma profunda desconfiança desses avanços.
O mundo, após a Segunda Guerra Mundial, termina em meio à euforia e a contradições sobre o resultado desses avanços. Estudar as Guerras Mundiais é fazer o exercício máximo de compreensão dessas dinâmicas de transformações.
Fonte: Gartanen.Máquina Enigma utilizada tanto para criptografar como para descriptografar códigos de guerra, desempenhou um papel importante durante a Segunda Guerra, autor desconhecido, 2003.
IMPACTOS NA HISTORIOGRAFIA
As Guerras Mundiais transformaram o mundo sob muitos aspectos. Um dos campos mais intensamente afetados foi sem dúvida o da História.
Fonte: Artanisen.Cerimônia de assinatura do Pacto Tripartido de Potências do Eixo, Hoffman, 1940.
Fonte: Knutux.Os líderes aliados: Josef Stalin, Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill, U.S. Signal Corps, 1943.
A noção de construir uma grande história total, linear, capaz de resgatar um passado verdadeiro fora utilizada de maneira tão violenta por líderes do conflito para legitimar suas ações, suas violências e atrocidades que, ao fim do conflito, a maneira de fazer e pensar história estava fatalmente ferida.
Por esse motivo, alguns autores propuseram um revisionismo de métodos, inclusive relativizando a cientificidade da História. Outros questionaram, até mesmo, a sua utilidade, diante de um uso tão marcado, no exercício de legitimar ditadores, colonizadores e imperialistas aos quais serviria a ação feita pela ciência histórica.
Há, ainda, outros modos de pensar o exercício da História, como os debates sobre as linhas marxistas, as abordagens interdisciplinares, transdisciplinares, e finalmente as linhas conhecidas como correntes pós-modernas, que questionam até mesmo se seria possível “reproduzir” o passado, como o senso crítico pensava sobre a função da História.
O certo é que a História foi obrigada, a partir de então, a pensar novos agentes políticos e sociais.
IMPACTOS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Nenhuma concepção se modificou mais intensamente do que a de sociedade! Autores que vivenciaram o conflito, como Claude Lévi-Strauss (1908-2009), se viram na obrigação de serem agentes de uma crítica necessária e de um compromisso intelectual para que tais processos não se reproduzissem.
Fonte: Evenfiel.Retrato de Claude Lévi-Strauss, Michael Ravassard, 2005.
Fonte: Michael Goodyear.Retrato de Hannah Arendt, Autor Desconhecido, 1933.
Hannah Arendt (1906-1975), em Eichmann em Jerusalém (2003), fez uma intensa discussão sobre como foi possível atingir níveis tão complexos de crueldade e violência em graus tão elevados.
COMO FORA POSSÍVEL A SOCIEDADE ALEMÃ NATURALIZAR EVENTOS DRÁSTICOS CONTRA JUDEUS, CIGANOS E DOENTES DIVERSOS, SEM QUE SE LEVANTASSEM HORRORIZADOS?
Ao analisar o julgamento de um militar nazista e seus argumentos, ela forjou um raciocínio que concebeu como “a banalidade do mal”.
Seu estranhamento emerge das respostas de Adolf Eichmann (1906-1962), que defendia que “estava cumprindo ordens” ou “eu só estava fazendo a minha função”.
Fonte: Magog the Ogre.Retrato de Otto Adolf Eichmann, Autor Desconhecido, 1942.
O debate complexo e importante trazido pela autora é somente um dos elementos que demarcam uma mudança de postura das Ciências Sociais, fortalecendo o seu papel de não meramente descrever ou identificar, mas necessariamente se comprometer e compreender sua função social, como, também, a dopesquisador.
Fonte: Ojs.Jürgen Habermas, Wolfram Huke, 2008.
A Escola de Frankfurt, grupo intelectual que existia antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, se estrutura como um espaço de debates e reconfigurações, em especial, a chamada segunda geração, com Jürgen Habermas sendo ícone, e a potencialidade da razão comunicativa, sustentando a necessidade de repensar o paradigma da filosofia da consciência – a origem do saber de maneira muito simplória –, para mudar o foco potencial para o estudo da ação comunicativa e sua decorrente crítica.
Propondo romper com os fundamentos científicos que foram naturalizados e levaram o mundo a seu quadro de conflitos, o campo das Ciências Sociais viu surgir, em proximidade com a Filosofia, entre muitos outros:
Fonte: AlMare. Jean-François Lyotard, Bracha L. Ettinger, 1995.
JEAN-FRANÇOIS LYOTARD
(1924-1998)
Fonte: Ixocactus.Michel Foucault, Arquivo Nacional, 1974.
MICHEL FOUCAULT
(1926-1984)
Fonte: Edgar Allan Poe.Jacques Derrida, nepoznato, 2015.
JACQUES DERRIDA
(1930-2004)
IMPACTOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Após quase um século do seu início do conflito, ainda sentimos muito dos seus efeitos sobre a política internacional. A consolidação da área de Relações Internacionais como ciência autônoma e a ordenação do mundo como conhecemos são produtos diretos dessas duas guerras. Estudar os seus princípios auxilia a compreender como essas duas grandes máquinas de destruição entraram em movimento e transformaram o mundo e o sistema internacional de maneira decisiva.
Sugerimos algumas questões para orientar seus estudos e estimular a sua reflexão:
Como foi possível os Estados se engajarem nesse nível de destruição?
Por que a diplomacia internacional não conseguiu evitar o conflito?
Como os soldados estavam tão empenhados em matar outras pessoas pelas suas nações?
Como a indústria de guerra se tornou um elemento central nos Estados contemporâneos?
As possibilidades de debates e reflexões são enormes e muito amplas, e passar por todas elas poderia nos fazer perder o foco no nosso objetivo, entretanto, acreditamos que ter essas perguntas em mente nos provocam a questionar criticamente a capacidade destrutiva e violenta das nossas organizações políticas e sociais.
As ciências das Relações Internacionais inauguram, nesse momento, o princípio norteador da:
Anarquia
A lógica de que todas as nações estão em processo de acordo ou em processo de conflito, conforme seus interesses.
Assim, o processo de anarquia, focado na ação do Estado como força fundamental na movimentação das forças políticas e ações sociais, se consolidou e teve sua cristalização pelo peso obtido naquele momento da ação desses entes. Acontece que, com o fim das Guerras Mundiais, essas concepções passam a ser questionadas, e são debatidos que outros agentes podem e fazem parte dessas relações.
RESUMINDO
Nas ciências das Relações Internacionais, os conflitos mundiais tornaram-se um poderoso palco de análise de suas relações e de seus papéis. Mais do que isso, a notoriedade dessa função, com a criação de organizações como a ONU(Organização das Nações Unidas), os processos de consolidação de embaixadas, e, principalmente, o papel desses novos agentes criaram uma emergência da forma e dos debates das Relações Internacionais.
 SAIBA MAIS
A ONU é constituída por seis órgãos principais: a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado.
HORROR E EUFORIA
O fim da Segunda Guerra Mundial teve algumas consequências que vão além do campo de batalha, como destacamos, e que chegam à psique de um novo mundo. Veja mais a seguir:
A primeira grande reação foi de choque e perplexidade. Descobrir os campos de concentração, as táticas de assassinato em massa, o número de crianças órfãs foi chocante. Museus do Holocausto e museus da memória têm deixado um legado importante e que se manifestou nos interesses do mundo em políticas diversas sobre a questão da paz.
Vale Cantera/ShutterstockMemorial do Holocausto, Palace of the Legion of Honor, California.
Everett Collection/Shutterstock
A euforia experimentada com o fim da guerra e a noção de que finalmente estava tudo bem criaram uma geração, em números de natalidade, conhecida como Baby Boom, marcante nos quadros, nas fotografias e nos retornos do conflito. Pensar sobre os efeitos desses movimentos do mundo é tão vital como analisar o fenômeno e os eventos do conflito.
Outro fenômeno foi a relação de alianças e matérias-primas que permitiu, por exemplo, acelerar a industrialização de países como o Brasil, por substituição de importações ou ainda por investimento direto, em nosso caso, norte-americano.
Fonte: IxocactusObras de construção do Congresso Nacional, Brasília, Arquivo Nacional, 1959.
Os países em desenvolvimento, ou Terceiro Mundo – como ficaram conhecidos após os conflitos ‒, marcam uma mudança de perspectiva complexa, afinal eram nações principalmente rurais e que passaram a ser incorporadas plenamente em uma nova dinâmica, não mais de Estado, mas de capital, abrindo perspectivas importantes de transformações decorrentes dos conflitos.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
A história positivista e factual é doce. Ela dá uma vista de perfeição aos eventos históricos criando uma linha agradável e uma leitura apaixonante. Mas, via de regra, é parcial, limitada, e para fins acadêmicos precisamos nos desafiar.
Aqui, ainda que façamos algumas indicações de reconhecimento e espaço, a busca é que você perceba que esse conjunto de eventos só tem sentido se direcionado às percepções, às perguntas e às provocações necessárias. E esse foi o caminho que buscamos ao reconhecer que, com as alterações dos contextos, as visões passam a produzir, necessariamente, a possibilidade de mudanças mais duradouras do que a mudança de um político ou de um prédio destruído.
RESUMINDO
Estudar as guerras é, necessariamente, estudar muito mais do que os eventos do conflito. Atente-se a isso!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. (PUC – CAMPINAS – ADAPTADA) EM RELAÇÃO ÀS CAUSAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A incapacidade dos Estados liberais em solucionar a crise econômica do século XIX colocou em xeque toda a estrutura do sistema capitalista. A instabilidade política e social das nações europeias impulsionou as disputas colonialistas e o conflito entre as potências.
A desigualdade de desenvolvimento das nações capitalistas europeias acentuou a rivalidade imperialista. A disputa colonial marcada por um nacionalismo agressivo e pela corrida armamentista expandiu os pontos de atrito entre as potências.
O sucesso da política de apaziguamento e do sistema de aliança equilibrou o sistema de forças entre as nações europeias, acirrando as lutas de conquista das colônias da África e da Ásia.
O desequilíbrio entre a produção e o consumo incentivou a conquista de novos mercados produtores de matérias-primas e consumidores de bens de produção, reativando as rivalidades entre os países europeus e os da América do Norte.
A dificuldade dos Estados nacionais em evitar confrontos no continente europeu durante a segunda metade do século XIX.
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2. LEIA ATENTAMENTE O TRECHO A SEGUIR:
“INTELECTUALMENTE, IMPLICAVA O FIM DA COMPREENSÃO DO UNIVERSO NA IMAGEM DO ARQUITETO OU DO ENGENHEIRO: UM EDIFÍCIO AINDA INACABADO, MAS CUJO TÉRMINO NÃO TARDARIA MUITO; UM EDIFÍCIO BASEADO "NOS FATOS", LIGADOS ENTRE SI PELOS FIRMES ANDAIMES DE CAUSAS DETERMINANDO EFEITOS E PELAS "LEIS DA NATUREZA", E CONSTRUÍDO COM AS FERRAMENTAS CONFIÁVEIS DA RAZÃO E DO MÉTODO CIENTÍFICO; UMA CONSTRUÇÃO DO INTELECTO, MAS QUE TAMBÉM EXPRESSAVA, QUANDO VISTA DE FORMA MAIS ACURADA, AS REALIDADES OBJETIVAS DO COSMOS. PARA A MENTALIDADE DO MUNDO BURGUÊS TRIUNFANTE, O GIGANTESCO MECANISMO ESTÁTICO DO UNIVERSO, HERDADO DO SÉCULO XVII E, DESDE ENTÃO, AMPLIADO POR EXTENSÃO A NOVOS CAMPOS, PRODUZIA NÃO APENAS PERMANÊNCIA E PREVISIBILIDADE, MAS TAMBÉM TRANSFORMAÇÃO. [...] FORAMESSE MODELO DO UNIVERSO E A MANEIRA DE A MENTE HUMANA COMPREENDÊ-LO QUE AGORA FALIAM.” (HOBSBAWM, ERIC. A ERA DOS IMPÉRIOS: 1875-1914. SÃO PAULO: PAZ E TERRA, 2015. P. 271.)
A PERCEPÇÃO DE QUE AS CIÊNCIAS ORIENTARIAM A MANEIRA IDEAL DE ORGANIZAR O MUNDO POR MEIO DE MELHORIAS TECNOLÓGICAS FOI DESENVOLVIDA DURANTE O SÉCULO XIX, MAS ENCONTROU GRANDES QUESTIONAMENTOS APÓS A IDENTIFICAÇÃO DOS HORRORES DAS GUERRAS MUNDIAIS. PRIMEIRAMENTE PELA NECESSIDADE DE VELOCIDADE DE PRODUÇÃO E, DEPOIS, DOS SERVIÇOS QUE OS RESULTADOS CIENTÍFICOS PRESTARAM AOS CONFLITOS. NESSE SENTIDO, É CORRETO AFIRMAR QUE NO CAMPO DAS CIÊNCIAS HUMANAS:
As Ciências Sociais mantiveram como orientação no pós-guerra descrever os fatos sociais.
A Ciência Histórica revisitou a abordagem da História Política a fim de enfatizar as diferenças resultantes dos aspectos individuais de cada nação e de suas populações.
As Relações Internacionais, em seus referenciais epistêmicos, forjaram-se a fim de compreender como se deu o movimento de transformação internacional que resultou no período das Grandes Guerras.
As Ciências Humanas, assim como as ciências de outras áreas, enfatizaram a neutralidade do fazer científico, a fim de superar os possíveis usos por lados de um conflito futuro.
As Ciências Econômicas e suas correntes, a fim de afirmar as individualidades dos Estados-nação modernos, desenvolveram-se a partir das experiências do contexto das Grandes Guerras.
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GABARITO
1. (PUC – Campinas – Adaptada) Em relação às causas da Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
O fato de a industrialização ter ocorrido de forma desigual motivou a criação de rivalidades entre as nações da Europa. De um lado, França e Inglaterra se mostravam preocupadas em conservar sua situação de vanguarda. Do outro, Alemanha e Itália pretendiam acelerar o desenvolvimento de suas economias ao buscar territórios de exploração imperialista em regiões já ocupadas por outras nações capitalistas.
2. Leia atentamente o trecho a seguir:
“Intelectualmente, implicava o fim da compreensão do universo na imagem do arquiteto ou do engenheiro: um edifício ainda inacabado, mas cujo término não tardaria muito; um edifício baseado "nos fatos", ligados entre si pelos firmes andaimes de causas determinando efeitos e pelas "leis da natureza", e construído com as ferramentas confiáveis da razão e do método científico; uma construção do intelecto, mas que também expressava, quando vista de forma mais acurada, as realidades objetivas do cosmos. Para a mentalidade do mundo burguês triunfante, o gigantesco mecanismo estático do universo, herdado do século XVII e, desde então, ampliado por extensão a novos campos, produzia não apenas permanência e previsibilidade, mas também transformação. [...] Foram esse modelo do universo e a maneira de a mente humana compreendê-lo que agora faliam.” (HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. São Paulo: Paz e Terra, 2015. p. 271.)
A percepção de que as ciências orientariam a maneira ideal de organizar o mundo por meio de melhorias tecnológicas foi desenvolvida durante o século XIX, mas encontrou grandes questionamentos após a identificação dos horrores das Guerras Mundiais. Primeiramente pela necessidade de velocidade de produção e, depois, dos serviços que os resultados científicos prestaram aos conflitos. Nesse sentido, é correto afirmar que no campo das Ciências Humanas:
A alternativa "C " está correta.
Com o pós-guerra e a evidência dos usos de resultados, das bases de pensamento cerrados nas fronteiras nacionais e das tendências totalizantes da noção de que as “leis gerais” serviram aos conflitos de escala mundial, as Ciências Humanas produziram um intenso debate em prol de revisitar questões, questionar epistemologias e evidenciar o papel social do pesquisador. As Relações Internacionais, como ciência autônoma, ganham contorno em meio a esses debates e buscam compreender como os conflitos mundiais foram um importante palco para a análise das relações entre países e dos papéis de instituições reguladoras.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão sobre as guerras tem várias vertentes. Linhas de Ciências Políticas, Economia, História, Relações Internacionais. Essas visões de mundo devem e precisam ter um tratamento que permita que o estudo sobre as Guerras Mundiais possa fundamentá-las, ofertar subsídios para sua compreensão e dinâmicas. Esse foi o processo aqui trabalhado.
Primeiro, fundamentamos conceitos, criamos estruturas de pensamento e organização social para perceber que o conflito não é um evento, mas um processo. Depois, lidando com o processo, buscamos relacioná-lo, estruturá-lo como um motor de transformações que marcaram profundamente nossa sociedade até os dias atuais.
Por fim, fazemos um convite à reflexão e estimulamos a atenção à constante necessidade de estudar a História como meio para construir um futuro melhor.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: uma reportagem sobre a banalidade do mal.  Coimbra: Tenacitas, 2003.
ASSIS, Machado de. Quincas Borba. In: Obra Completa. v. I. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
DOMINGUES, Joelza Ester. “O fardo do Homem Branco”: exaltação do imperialismo. Consultado em meio eletrônico em: out. 2020.
ENGELS, Friedrich. Prefácio à situação da classe operária na Inglaterra. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Obras escolhidas. São Paulo: Alfa-Ômega, s.d.
HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
TOCQUEVILLE, Alexis. Alexis de Tocqueville on democracy, revolution, and society. University of Chicago Press, 1982.
EXPLORE+
Assista aos filmes: 
· Campos de concentração nazistas
Nesse documentário, imagens reais e chocantes retratam alguns campos de concentração, como Buchenwald e Ohrdruf, após a libertação. 
· A Segunda Guerra em cores
Nesse, é possível conferir diversos momentos importantes que marcaram a Segunda Guerra Mundial de uma maneira diferente da usual: em cores e em alta definição. 
· Feliz Natal, de Christian Carion (2005)
O filme francês retrata a vida de soldados e de seus oficiais que integram as tropas francesa, escocesa e alemã e que se encontram no front na noite de Natal. Diante de uma data tão importante, os comandantes decidem fazer uma trégua e se confraternizam. 
· Gallipoli, de Peter Weir (1981)
Dois jovens amigos australianos se alistam nas tropas britânicas e vão combater na mais sangrenta das batalhas da Primeira Guerra Mundial, na península de Gallipoli, na Turquia.
A história mostra o entusiasmo da juventude em combater o inimigo e também a loucura dos ataques que entregavam os soldados à morte.
CONTEUDISTA
Diego Araujo Gois
CURRÍCULO LATTES

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