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14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 1/41 Passos do processo psicodiagnóstico Prof.ª Ana Beatriz de Mota e Souza Descrição Compreensão dos passos essenciais do psicodiagnóstico, com destaque para a seleção e administração de testes e técnicas psicológicas, a integração dos dados e elaboração da síntese final e os cuidados da comunicação dos resultados obtidos no processo. Propósito Compreender as etapas da avaliação psicológica que constitui o processo do psicodiagnóstico ajuda na consolidação dos objetivos do psicólogo. Objetivos 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 2/41 Módulo 1 O plano de avaliação no psicodiagnóstico Reconhecer a importância da elaboração de um plano de avaliação para a obtenção de um adequado psicodiagnóstico. Módulo 2 Escolha e administração de testes e técnicas Identificar os principais aspectos relacionados à escolha e à administração de testes e técnicas psicológicas no psicodiagnóstico. Módulo 3 Seleção e integração de dados: síntese �nal Identificar os pontos principais na seleção e integração dos dados obtidos no psicodiagnóstico. Módulo 4 Comunicação de resultados, prognóstico e encaminhamento Reconhecer a importância da etapa de comunicação dos resultados no psicodiagnóstico. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 3/41 Introdução O psicodiagnóstico é um processo científico, logo algumas etapas devem ser cumpridas para que os objetivos traçados pelo psicólogo sejam alcançados. Na área escolar, clínica, organizacional ou forense, existem determinados passos que o profissional deverá percorrer, em parceria com o avaliado, a fim de que o psicodiagnóstico cumpra a sua função maior. Assim, ao término do processo, será possível que o indivíduo esteja apto a trilhar novos caminhos que o levem a um funcionamento psicológico mais saudável. Neste conteúdo, vamos trazer os aspectos essenciais que devem estar presentes nos passos ou etapas do processo do psicodiagnóstico, tais como a escolha e a administração de testes e técnicas psicológicas, na seleção e integração dos dados e na comunicação dos seus resultados. Você vai aprender como o psicólogo deve elaborar a síntese final da situação avaliada e como deve ser a devolução de todos os dados obtidos no processo de avaliação, além das orientações, encaminhamentos e do seu prognóstico. Com isso, você compreenderá a relevância da observação cuidadosa de todas essas importantes etapas do psicodiagnóstico. 1 - O plano de avaliação no psicodiagnóstico 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 4/41 Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância da elaboração de um plano de avaliação para a obtenção de um adequado psicodiagnóstico. As etapas do psicodiagnóstico e o plano de avaliação O psicodiagnóstico constitui-se em um processo de avaliação psicológica com uma duração limitada, ou seja, tem o seu início e fim previamente determinados. Por ser um processo científico, deve valer-se de técnicas corroboradas na literatura científica. Além disso, o psicólogo deve estar amparado em uma teoria psicológica, a fim de servir de base para a compreensão do fenômeno a ser avaliado. Devido a essa limitação temporal, é muito importante que o psicólogo tenha em mente todas as etapas do processo de avaliação. Entre essas etapas, destacamos a fase da seleção e da administração de testes e técnicas psicológicas. Para que fique mais claro, vamos apontar alguns passos importantes que antecedem essa etapa. Primeiro passo Esta etapa se refere ao momento da solicitação da avaliação, que pode ser feita tanto pelo próprio avaliado quanto por outro profissional que necessite de resposta para alguma questão envolvendo o avaliado (ARZENO, 1995). Por exemplo, uma criança com dificuldades de aprendizagem é encaminhada ao psicólogo pelo fonoaudiólogo da escola. O psicólogo realizará o psicodiagnóstico, buscando verificar os aspectos psicológicos envolvidos na queixa inicial apresentada pelo profissional solicitante. Segundo passo 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 5/41 Esta etapa diz respeito ao esclarecimento que o psicólogo deve fazer, logo nas entrevistas iniciais, quanto ao motivo da consulta. Arzeno (1995) argumenta que é muito importante para o psicólogo diferenciar o motivo manifesto e o motivo latente da consulta. Veja o significado de cada um: Refere-se à demanda explícita trazida por quem solicitou a avaliação. No exemplo visto, o motivo manifesto é a dificuldade de aprendizagem apresentada pela criança. Refere-se àquilo que não vem como uma demanda imediata e, de igual modo, às hipóteses subjacentes delineadas pelo psicólogo (RIGONI; SÁ, 2016). Na situação exemplificada, o motivo latente pode ser uma dificuldade familiar que não tenha sido identificada no momento do encaminhamento e que só será detectada nas entrevistas iniciais. Terceiro passo Esta etapa do psicodiagnóstico concerne ao momento em que o psicólogo se debruça sobre os dados coletados nas entrevistas iniciais e sobre as suas hipóteses preliminares, para, então, elaborar o seu plano de avaliação. Nesse, serão delineadas as técnicas e os testes mais adequados para avaliação da demanda contida no processo do psicodiagnóstico (ARZENO, 1995). O plano de avaliação é o processo pelo qual o psicólogo busca identificar os recursos que irão lhe permitir estabelecer uma relação entre a demanda inicial e as possíveis respostas a ela. Desse modo, para a escolha dos testes e das técnicas que devem ser utilizados no processo do psicodiagnóstico, devem ser consideradas hipóteses iniciais estabelecidas pelo psicólogo como possíveis respostas às questões levantadas. As técnicas e os testes selecionados pelo profissional devem fornecer os dados necessários à confirmação ou não das hipóteses levantadas pelo profissional (CUNHA, 2007). Cunha (2007) ressalta que o plano de avaliação deve ser elaborado de maneira a permitir que o psicólogo obtenha respostas fidedignas, ou seja, confiáveis, às questões colocadas, além de atender aos objetivos Motivo manifesto Motivo latente 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 6/41 propostos na avaliação. Para que uma hipótese seja testada, podem ser utilizados um ou mais instrumentos e, na escolha desses instrumentos, devem ser levados em consideração alguns aspectos, tais como: as características sociodemográficas do sujeito (idade, sexo e nível sociocultural, por exemplo) e suas condições específicas (comprometimentos permanentes ou temporários na cognição, dentre outros). Assista o vídeo abaixo para melhor compreensão do conteúdo. Importância das etapas do psicodiagnóstico Neste vídeo, apresentaremos as diferentes etapas do psicodiagnóstico que permitem a elaboração de um adequado plano de avaliação, destacando o fator tempo, o motivo de consulta, a escolha dos instrumentos e outros detalhes. Por que esses pontos são relevantes de serem observados? Resposta Imagine que o psicólogo, na escolha dos instrumentos que utilizará, necessite realizar um teste para avaliar a capacidade cognitiva de uma criança de nove anos. Nesse caso, a faixa etária é um dado relevante a ser considerado, pois o teste escolhido deverá ser adequado ao nível de desenvolvimento correspondente. Outra questão se refere ao uso de questionários padronizados, que devem estar de acordo com o contexto sociocultural no qual o avaliado está inserido. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html#7/41 O estabelecimento do plano de avaliação É essencial para que o psicólogo possa testar as suas hipóteses iniciais e cumprir adequadamente os objetivos da avaliação. Como mencionamos, o plano de avaliação se refere ao planejamento do profissional sobre quais serão as técnicas e os testes que deverão ser administrados no processo do psicodiagnóstico. No momento em que o psicólogo entra em contato com o solicitante e com o avaliado, ele pode definir as questões preliminares e os objetivos do psicodiagnóstico, já estando apto a formular o seu plano de avaliação. Essas questões iniciais dão origem a possibilidades de respostas, que serão a base das hipóteses que subjazem o processo de avaliação. Nessa perspectiva, o plano de avaliação consiste na tradução dessas perguntas em testes e técnicas que serão utilizados pelo psicólogo na busca por respostas (CUNHA, 2007). A elaboração do plano de avaliação possibilita ao psicólogo a programação das ferramentas adequadas à situação a ser avaliada e ao indivíduo avaliado. Como destaca Cunha, essas ferramentas devem fornecer os subsídios para que o psicólogo possa responder às perguntas iniciais. Dessa forma, os dados obtidos com os instrumentos utilizados devem viabilizar a confirmação ou não das hipóteses preliminares traçadas pelo profissional. Ainda segundo Cunha (2007), embora na maior parte das vezes o plano de avaliação seja elaborado após as entrevistas iniciais com o avaliado, em algumas situações o plano de avaliação pode ter a sua formulação iniciada antes do contato inicial com o paciente. Exemplo 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 8/41 Imagine que o psicodiagnóstico tenha sido solicitado por um neuropediatra com o objetivo de realizar um diagnóstico diferencial de uma criança com suspeita de estar acometida pelo transtorno do espectro autista. Com isso, o psicólogo já recebeu algumas informações prévias sobre a criança e a situação a ser avaliada, possibilitando que as entrevistas iniciais fossem planejadas com a inclusão de técnicas que permitissem a resolução de algumas questões diagnósticas. O plano de avaliação não deve seguir um roteiro rígido e estático, sendo possível sofrer alterações durante o processo. Para ficar mais claro, vamos retornar ao nosso exemplo da criança encaminhada ao psicodiagnóstico por apresentar dificuldades de aprendizagem. A partir dessa demanda, o psicólogo estabeleceu um planejamento no qual incluiu sessões livres com a criança, um teste projetivo e uma bateria de testes para avaliar as habilidades cognitivas da criança. No entanto, nas sessões livres, a criança produziu uma quantidade grande de material gráfico, particularmente de desenhos. Isso fez com que o psicólogo não mais utilizasse o teste projetivo, pois o material produzido nas sessões livres já lhe forneceu dados do funcionamento psicológico da criança que ele iria obter com o procedimento. Salientamos que o plano de avaliação deve ser bem estruturado pelo psicólogo, sendo o guia desse no tocante às estratégias e ferramentas utilizadas no processo. Entretanto, à medida que o processo de avaliação avança, ele pode ser modificado para melhor atender aos objetivos do psicodiagnóstico delineados pelo psicólogo, não sendo recomendável haver um modelo único e rígido de psicodiagnóstico (ARZENO, 1995). Ao contrário, o planejamento de técnicas e testes a serem utilizados deve considerar especificidades da demanda e do próprio avaliado. Na situação exemplificada, pelo fato de a criança ter produzido dados psicológicos relevantes para a análise da demanda da avaliação, o profissional decidiu renunciar ao teste. Os testes e/ou as técnicas psicológicas devem ser sempre entendidos como ferramentas auxiliares no trabalho do psicólogo e, embora sejam muito relevantes no processo de avaliação, não devem nunca ser consideradas um fim em si mesmo. O processo do psicodiagnóstico não pode ser reduzido a uma mera aplicação de testes psicológicos, ao contrário, esses testes devem ser entendidos como um meio para que o psicólogo responda às questões que fazem parte da demanda da avaliação (RIGONI; SÁ, 2016). A partir do que foi exposto, percebemos que a elaboração do plano de avaliação é uma etapa bastante relevante no processo psicodiagnóstico e é essencial para se obter respostas às questões iniciais da 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 9/41 avaliação. Isso ocorrerá, especialmente, por meio da seleção e da administração de testes e técnicas psicológicas de maneira adequada e em conformidade com os objetivos do processo de avaliação. Importância da elaboração do plano de avaliação Neste vídeo, explicaremos e refletiremos sobre os cuidados para a adequada elaboração de um plano de ação e a sua importância para alcançar resultados que permitam um bom psicodiagnóstico. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Na fase de elaboração do plano de avaliação, o psicólogo deve planejar testes e técnicas psicológicas que irá utilizar. Porque Para alcançar os objetivos traçados, esse plano deve sempre ser seguido na íntegra e sem alterações. A As duas assertivas estão corretas, e a segunda é uma justificativa da primeira. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 10/41 Parabéns! A alternativa C está correta. O psicodiagnóstico é um processo científico com duração limitada no tempo. Por isso, deve seguir algumas etapas para que os objetivos traçados sejam alcançados. Uma dessas etapas é a fase de elaboração do plano de avaliação, em que é realizado o planejamento de quais testes e técnicas psicológicas o psicólogo irá utilizar para atingir os objetivos propostos na avaliação. Contudo, no decorrer da aplicação desse plano, conforme os resultados que vão sendo alcançados, o psicólogo pode fazer as alterações, conforme necessidades que se inserem, excluem ou modificam. Questão 2 O psicodiagnóstico representa um processo científico e organizado de avaliação psicológica que apresenta um tempo determinado para a sua realização. Por ele apresentar uma limitação temporal, é importante que o psicólogo se organize e siga as etapas que fazem parte do processo. Ao considerarmos a etapa que antecede a fase de administração de testes e técnicas psicológicas, o psicólogo deve: I - Esclarecer o motivo do psicodiagnóstico por meio de entrevistas iniciais, diferenciando motivo manifesto de motivo latente. II - Seguir o plano de administração com os instrumentos de avaliação, observando as características da pessoa avaliada e os fatores envolvidos durante esse processo. III - Analisar todos os dados obtidos nas entrevistas iniciais para elaborar suas hipóteses preliminares. Em função do exposto, podemos considerar verdadeiras as seguintes afirmativas: B As duas assertivas estão corretas, mas a segunda não é uma justificativa da primeira. C Somente a primeira assertiva está correta. D Somente a segunda assertiva está correta. E As duas assertivas estão incorretas. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 11/41 Parabéns! A alternativa B está correta. O processo de psicodiagnóstico é altamente complexo e começa desde os primeiros contatos que são feitos com o paciente e responsáveis para definir motivos e necessidades de avaliação, seguido pela coleta de dados iniciais, determinação de plano de avaliação e sua execução, finalizando nas entrevistas devolutivas e elaboração de relatórios e documentos pertinentes. Dessa forma, antes da administração dos instrumentos de avaliação, é importante que o psicólogo realize entrevistas iniciais e analise todos os dados, para poder definir os diferentes motivos que podem estar envolvidosna avaliação. A As alternativas II e III. B As alternativas I e III. C As alternativas I e II. D Apenas a alternativa I. E Apenas a alternativa II. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 12/41 2 - Escolha e administração de testes e técnicas Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais aspectos relacionados à escolha e à administração de testes e técnicas psicológicas no psicodiagnóstico. Cuidados na escolha dos instrumentos e das técnicas Uma escolha não adequada dos testes e das técnicas, bem como a utilização errônea de um instrumento, pode ocasionar conclusões e encaminhamentos indevidos, prejudicando toda a avaliação. É muito relevante que o psicólogo dedique bastante atenção à escolha dos instrumentos que farão parte do processo de avaliação (TRENTINI; BANDEIRA; KRUG, 2016). Como mencionamos, as perguntas surgidas desde o encaminhamento (por exemplo, o que pode estar causando os sintomas no avaliado) serão a base para a formulação das hipóteses diagnósticas que guiarão o processo do psicodiagnóstico. Trentini, Bandeira e Krug (2016) observam que podemos perceber um paralelo entre o psicodiagnóstico e o processo de pesquisa científica. Do mesmo modo, em uma pesquisa, as hipóteses iniciais devem estar subjacentes à metodologia que o pesquisador vai empregar na busca por respondê-las. No psicodiagnóstico, o psicólogo parte de suas hipóteses para escolher as ferramentas mais pertinentes para uma melhor compreensão da situação avaliada. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 13/41 Além das hipóteses diagnósticas, outro aspecto que deve guiar o psicólogo na escolha de técnicas e instrumentos se refere ao conhecimento que ele possui sobre o desenvolvimento humano e psicopatologia. Ter um bom conhecimento acerca dessas áreas possibilita ao psicólogo compreender melhor os fatores que podem estar envolvidos na situação avaliada, tais como fatores emocionais, cognitivos, motores, dentre outros. O conhecimento sobre psicopatologia auxiliará o profissional a realizar um diagnóstico diferencial, discriminando os diferentes quadros clínicos que o avaliado pode estar apresentando. Com isso, o psicólogo estará apto a definir com mais clareza quais técnicas e testes serão os mais adequados para avaliar o que está almejando investigar (TRENTINI; BANDEIRA; KRUG, 2016). A partir do momento em que o psicólogo estabelece o que é necessário avaliar, ele pode se voltar às estratégias de avaliação mais adequadas no psicodiagnóstico, definindo os testes e/ou as técnicas. Um aspecto relevante destacado por Trentini, Bandeira e Krug (2016) diz respeito à diferença entre testes e técnicas, a saber: Testes São instrumentos ou procedimentos por meio dos quais se adquire uma amostra de comportamentos de um indivíduo em determinado domínio e, por isso, devem ser avaliados e mensurados por um processo padronizado. Por exemplo, o teste de atenção concentrada é utilizado para avaliar a capacidade do indivíduo em focalizar, selecionar e manter o foco atentivo em estímulos-alvo. É muito usado em avaliações neuropsicológicas e por meio dele o indivíduo obtém um escore que é classificado dentro de uma padronização específica. Técnicas São procedimentos nos quais não há uma padronização rígida, ou quando existe uma flexibilidade tanto na aplicação quanto na análise, sem uma preocupação maior em mensuração numérica. Podemos citar como exemplos de técnicas psicológicas: as entrevistas, as observações, as sessões livres, entre outras. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 14/41 Para que o psicólogo seja capaz de selecionar adequadamente os instrumentos e as técnicas, ele precisa conhecer essas ferramentas e saber o que elas, de fato, avaliam. Sendo assim, conhecer os instrumentos que são de uso exclusivo do psicólogo e quais são as técnicas disponíveis na literatura científica da área é uma atribuição do avaliador que deve fazer parte de um compromisso ético do profissional no exercício de suas atividades (TRENTINI; BANDEIRA, KRUG, 2016). O psicólogo deve ainda ter domínio sobre as propriedades psicométricas dos testes, ou seja, deve saber como interpretá-los corretamente, conhecendo os manuais específicos de cada instrumento. É fundamental que o psicólogo escolha os instrumentos sobre os quais seja capaz de aplicar e interpretar corretamente os dados obtidos. O mesmo cuidado deve ser observado no emprego das técnicas psicológicas que irá utilizar. Se o psicólogo opta por realizar uma entrevista estruturada, ou seja, aquelas em que as perguntas já estão previamente formuladas pelo profissional, ele deve ter habilidade para o uso desta técnica. Nesse sentido, ressaltamos a relevância de o psicólogo estar em constante atualização sobre ferramentas, testes e técnicas psicológicas, que podem ser utilizadas no psicodiagnóstico. A escolha de testes e técnicas deve ser sempre individualizada, ou seja, levando-se em consideração as especificidades do avaliado. Não deve haver, portanto, uma bateria de testes-padrão para todas as avaliações, mesmo para aquelas com a mesma demanda, pois a individualidade de cada avaliado tem que ser sempre observada. Fatores para escolha de instrumentos e técnicas psicológicas Neste vídeo, explicaremos os aspectos que determinam a escolha de instrumentos e técnicas psicológicas, destacando a diferença entre teste e técnica, o compromisso ético profissional e sua atualização em relação aos diferentes instrumentos. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 15/41 A escolha da bateria de testes Antes de abordarmos a escolha dos testes que irão compor o processo de avaliação psicológica, é importante trazermos para você o conceito de testes psicológicos. Usando a definição descrita por Hutz (2015), podemos dizer que os testes psicológicos são instrumentos utilizados para avaliar, medir ou realizar uma estimativa de constructos. Os testes podem ser divididos de acordo com diferentes critérios. Um desses critérios refere-se à distinção entre os testes psicométricos e os testes projetivos. Vamos explicar melhor sobre esses mais adiante. A bateria de testes é a denominação usualmente utilizada para designar um conjunto de testes, podendo variar de dois a mais instrumentos que serão utilizados no psicodiagnóstico, em conformidade com as hipóteses estabelecidas, assim como com os objetivos que o psicólogo traçou para a avaliação da situação em questão (CUNHA, 2007). Os testes psicológicos são ferramentas importantes no processo de avaliação psicológica, por serem instrumentos auxiliares na coleta de informações. Junto a outros dados examinados pelo psicólogo, auxiliam a compreensão da situação avaliada, contribuindo para o processo de tomada decisão do profissional. Essas decisões envolvem as orientações para o caso, os possíveis encaminhamentos, dentre outros aspectos. A utilização da bateria de testes, ou seja, a opção por empregar mais de um instrumento na avaliação, é importante por dois motivos principais. Primeiro, nenhum teste, isoladamente, é capaz de realizar uma avaliação que comporte uma apreciação ampla do indivíduo como um todo. O segundo motivo é que a utilização de mais de um teste fornece fundamentos mais sólidos para as inferências, ou seja, para as proposições de respostas que o psicólogo fará a partir da análise dos instrumentos utilizados (CUNHA, 2007). 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 16/41 Existem duas categorias principais de bateria de testes: as baterias padronizadas para avaliações específicas e as não padronizadas. Veja a característica de cada uma abaixo:As baterias padronizadas são utilizadas, especialmente, naquelas situações em que o psicólogo tem como demanda para o psicodiagnóstico a avaliação de uma situação específica, por exemplo, no caso de uma avaliação neuropsicológica. Nesse tipo de avaliação, a bateria de testes já está previamente discriminada, sendo recomendada pela literatura científica para exames bem específicos. Embora a bateria deva ser aplicada em sua íntegra, o psicólogo poderá, caso julgue necessário, acrescentar outros testes, a fim de se adequar a alguma particularidade do avaliado. As baterias de testes padronizados não devem ser utilizadas indiscriminadamente, ou seja, sem a consideração das especi�cidades individuais de cada caso. Para facilitar a sua compreensão, vamos dar como exemplo o emprego de uma bateria de testes para a realização de uma avaliação neuropsicológica. Considere que um psicólogo faz uso de uma bateria padronizada específica para esse tipo de avaliação. No entanto, no encaminhamento do psicodiagnóstico, é relatada também uma queixa relacionada à dificuldade do avaliado em suas interações sociais. Por esse motivo, o psicólogo entende ser relevante, nessa situação específica, a inclusão de um teste de habilidades sociais, que irá auxiliá-lo a uma compreensão mais abrangente do caso avaliado. No que se refere à bateria não padronizada, os testes são programados em função da especificidade do caso. São organizados de uma maneira mais flexível, porém devem atender aos mesmos requisitos de preparação técnica observados na bateria de testes padronizados. A bateria não padronizada permite maior maleabilidade no que diz respeito ao número de testes, tanto para mais quanto para menos. Caso o objetivo da avaliação seja alcançado antes do emprego da totalidade dos instrumentos, o psicólogo poderá se utilizar de um número de testes menor do que o previsto na bateria original (CUNHA, 2007). Os testes psicológicos podem ser diferenciados em testes psicométricos e testes projetivos. Os testes projetivos podem ser definidos como técnicas nas quais é apresentado ao avaliado um material de estímulo ambíguo, como as manchas do teste de Rorschach, e, por isso, permitem uma liberdade maior para o indivíduo em suas respostas (WELLAUSEN; OLIVEIRA, 2016). Dessa forma, a natureza dos testes projetivos 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 17/41 é relativamente não estruturada, sendo solicitado ao indivíduo o relato do que ele interpreta acerca do material apresentado. Os testes psicométricos, por sua vez, possuem estímulos padronizados, sendo a análise de seus resultados amparada prioritariamente na estatística. Podemos dar como exemplo de um teste psicométrico o teste de atenção concentrada ou teste AC. este de Rorschach É uma técnica projetiva de avaliação psicológica que consiste em dez pranchas de borrões de tinta, sendo cinco monocromáticas e cinco cromáticas que seguem as mesmas características específicas à simetria. Sua análise apresenta um caráter de subjetividade. este de atenção concentrada É um teste psicológico psicométrico que visa avaliar a capacidade de concentração e atenção de uma pessoa diante de um cenário de pressão. Nesse teste, o cérebro do participante é estimulado a direcionar todo seu foco para uma atividade específica, ignorando estímulos externos. Esse teste tem seus dados analisados com estatística. As baterias de testes Neste vídeo, explicaremos em que consistem as baterias de testes e a sua relevância na escola psicológica, diferenciando as baterias padronizadas e as não padronizadas, assim como os testes psicométricos e os projetivos. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 18/41 A testagem psicológica com crianças e adolescentes Para que você compreenda bem como deve ser efetuada a seleção e administração de testes e técnicas psicológicas de maneira adequada em um processo de avaliação psicológica, vamos falar sobre dois momentos do ciclo de vida nos quais o psicodiagnóstico é bastante demandado aos psicólogos: a infância e a adolescência. Os primeiros trabalhos de avaliação psicológica de crianças e adolescentes tinham como objetivo principal verificar a frequência, a duração e a taxa de comportamentos em contextos específicos. Em um momento posterior, a finalidade passou a ser a investigação da natureza e da causa dos comportamentos apresentados. Com isso, houve a necessidade da inserção de novos instrumentos ao processo de avaliação, assim como da inclusão de novos informantes e de instrumentos comportamentais mais amplos e abrangentes (BORSA; MUNIZ, 2016). Para que o processo psicodiagnóstico em crianças e adolescentes seja efetivo, é necessário que o psicólogo utilize várias fontes de informação, tais como pais e professores, e administre testes padronizados adaptados para essa população (BORSA; MUNIZ, 2016). Embora os cuidados técnicos e éticos na aplicação dos testes devam ser observados seja qual for o indivíduo a ser avaliado, no caso de crianças e de adolescentes é necessária uma atenção especial. Os resultados obtidos com a aplicação dos testes deverão ser contextualizados e vinculados aos resultados das demais técnicas utilizadas, como a observação e a hora de jogo diagnóstica (utilizada com crianças). Outro aspecto importante a ser considerado na seleção e na administração de testes e técnicas com a população infantojuvenil refere-se ao contexto e aos objetivos do psicodiagnóstico. Os testes utilizados no contexto clínico terão características diferentes dos empregados no contexto hospitalar, escolar ou jurídico, por exemplo. Essas características e demandas distintas são fundamentais para a escolha dos testes 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 19/41 psicológicos que deverão ser aplicados. Esses testes podem ser mais breves e pontuais (escalas e inventários, por exemplo) ou mais complexos, como os testes projetivos (BORSA; MUNIZ, 2016). Os testes psicológicos, embora sejam instrumentos relevantes no processo do psicodiagnóstico, são ferramentas complementares, e o foco da testagem deve ser sempre o indivíduo avaliado, e não os testes em si (CUNHA, 2007). A infância e a adolescência são etapas do ciclo vital caracterizadas por relevantes aquisições nos âmbitos neurológico, cognitivo, emocional e social. Dependendo da etapa de desenvolvimento em que estejam, as crianças e os adolescentes podem apresentar características psicológicas distintas. Dessa forma, Borsa e Muniz (2016) observam que é essencial que o psicólogo leve em consideração essas especificidades quando for selecionar os testes e as técnicas que utilizará. Na seleção de testes e técnicas para a avaliação psicológica, deve, obrigatoriamente, ser considerado o momento do desenvolvimento em que o avaliado se encontra, sendo necessários testes específicos para as diferentes fases do desenvolvimento humano. Logo, é imprescindível observar a faixa etária a que os testes se destinam. Para exemplificar, veja a seguir: Exemplo Considere o teste de apercepção infantil (CAT), criado por Leopold e Sonya Bellack, em 1949. O CAT é um teste projetivo, composto por dez lâminas ou pranchas, com o objetivo principal de avaliar aspectos da personalidade de crianças. As lâminas são constituídas por figuras/personagens que representam temáticas comuns da infância, tais como: a relação com a figura materna e paterna, a relação entre irmãos, dentre outras. Na aplicação, o psicólogo pede que a criança conte uma história sobre a figura apresentada na prancha. O teste possui duas versões: o CAT-A (animal), cujas lâminas contêm figuras de animais, e o CAT-H (humano), no qual as pranchas são formadas por figuras humanas. Como o psicólogo deve selecionar qual das duas versões irá utilizar? O critério deveser a faixa de idade da criança. O CAT-A deve ser usado em crianças de até oito anos, aproximadamente. Isso porque é mais fácil para crianças pequenas se identificarem com animais do que com pessoas, o que torna essa versão mais apropriada a esse público. Outro ponto importante que deverá ser observado pelo psicólogo é o de que o CAT, tanto na sua versão com figuras animais quanto com figuras humanas, é a possibilidade de expressão verbal da criança, visto que o teste presume que a criança avaliada possui uma capacidade de expressão oral que permita a realização do teste. Acreditamos que agora você já é capaz de identificar os aspectos principais que devem ser observados pelo psicólogo no momento da seleção e da administração dos testes e das técnicas psicológicas. Com isso, você estará apto a seguir para os próximos passos do processo do psicodiagnóstico. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 20/41 Os testes com crianças e adolescentes Neste vídeo, explicaremos as particularidades nos processos de psicodiagnóstico com crianças e adolescentes em diferentes contextos, especialmente na escolha de instrumentos de avaliação. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Entendemos por baterias de testes a seleção de vários instrumentos de avaliação que procuram responder às hipóteses formuladas no processo de psicodiagnóstico de casos determinados. Essas baterias podem ser de dois tipos: A Baterias psicométricas e não psicométricas. B Baterias com apenas um teste e baterias com mais de um teste. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 21/41 Parabéns! A alternativa C está correta. Na determinação do plano de avaliação, podemos fazer uso de baterias de testes que implicam o uso de mais de um instrumento de avaliação, a fim de obter dados mais sólidos no processo de psicodiagnóstico. Assim, podemos trabalhar com baterias padronizadas, as quais são usadas em situações específicas em que já contamos com um conjunto de testes previamente selecionado por pesquisas e estudos prévios, e baterias não padronizadas, que implicam uma seleção de instrumentos feita pelo psicólogo para esse caso específico. Questão 2 Entre as alternativas abaixo, qual corresponde a um fator que o psicólogo deve, necessariamente, considerar na seleção dos testes e das técnicas psicológicas que farão parte do psicodiagnóstico? C Baterias padronizadas e não padronizadas. D Baterias psicológicas e baterias mistas. E Baterias flexíveis e baterias rígidas. A A entrevista com a família. B A hora de jogo diagnóstica. C As suas hipóteses iniciais. D Os testes empregados anteriormente. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 22/41 Parabéns! A alternativa C está correta. Para selecionar adequadamente os testes e as técnicas psicológicas que irá utilizar no processo do psicodiagnóstico, o psicólogo deve ter como ponto de partida as hipóteses iniciais traçadas por ele. 3 - Seleção e integração de dados: síntese �nal Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os pontos principais na seleção e integração dos dados obtidos no psicodiagnóstico. O que considerar na integração dos dados? Para que o processo do psicodiagnóstico atinja seus objetivos, é essencial que o psicólogo realize uma boa integração de todos os dados colhidos, incluindo a sua própria observação da situação avaliada. Nessa integração, devem ser salientados os dados convergentes entre as entrevistas, as técnicas iniciais e a E O laudo de outro profissional. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 23/41 administração dos testes psicológicos. Vamos agora conhecer os pontos principais dessa etapa tão relevante do processo de avaliação. Após o término da fase de coleta de dados, composta pelas entrevistas iniciais e pela seleção e administração de testes e de técnicas psicológicas, o psicólogo deve seguir para a próxima etapa do processo do psicodiagnóstico: a fase de seleção e da integração de todos os dados obtidos nas etapas anteriores. O psicólogo deve se debruçar sobre a correção e tabulação dos testes, interpretando as respostas dadas pelo avaliado, sempre em consonância com o previsto nos manuais dos testes psicológicos utilizados por ele. Nessa etapa, é necessária uma recapitulação das hipóteses formuladas inicialmente e ao longo do processo, tendo sempre em mente os objetivos do psicodiagnóstico. Essas hipóteses servirão de guia para a análise e a seleção dos dados úteis, e os objetivos auxiliarão na integração desses dados (CUNHA, 2007). Das entrevistas realizadas, o profissional deve fazer uma leitura atenta daquilo que observou, almejando, principalmente, a obtenção de determinados padrões de conduta do avaliado e do seu contexto familiar, bem como de outros dados que podem ser relevantes à conclusão e à síntese final que o psicólogo deverá proceder ao término do processo de avaliação (ARZENO, 1995). Durante as entrevistas realizadas, o psicólogo deve estar atento ao momento em que o sintoma, ou a queixa trazida, vem à tona e se é possível observá-lo. Arzeno (1995) ressalta a importância de que o profissional observe as circunstâncias em que o sintoma aparece, assim como a reação do avaliado às diferentes perguntas, especialmente aquelas relacionadas à queixa. Em muitas situações de avaliação psicológica infantil, os dados colhidos por meio das entrevistas com a criança e das demais ferramentas podem não confirmar os sintomas trazidos pelos pais. Em psicodiagnósticos infantis, os dados obtidos pelo psicólogo podem evidenciar aspectos diferentes da demanda inicial e que, por algum motivo, não estavam sendo percebidas pelos responsáveis. Caberá ao 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 24/41 profissional, nas entrevistas de devolução dos resultados, trazer essas questões à luz dos objetivos que delineou para a avaliação. Embora algumas técnicas e testes psicológicos sejam padronizados, com critérios fixos de correção e interpretação, o psicólogo deve ser capaz de contextualizar os dados obtidos, ou seja, compreendê-los dentro da dinâmica da personalidade daquele indivíduo que está sendo avaliado. Com isso, o resultado de um teste de personalidade, por exemplo, pode acarretar um mesmo escore para dois indivíduos. Porém, em função das especificidades de cada indivíduo, é possível ter uma interpretação que considere os aspectos singulares de cada avaliado, por exemplo, as suas condições socioeconômicas, a sua dinâmica familiar, dentre outros. A seleção e a integração dos dados obtidos no psicodiagnóstico, não obstante seja esse um processo científico, não podem se valer de critérios invariáveis. Imagine que o psicólogo esteja realizando psicodiagnóstico em uma criança encaminhada pela escola com a queixa de apresentar comportamento agressivo com os colegas. Inicialmente, o psicólogo entrevistou os pais e a criança. Os pais relataram que estavam em processo de separação e que a criança havia presenciado algumas brigas entre eles. Sabendo dessa questão familiar, o psicólogo selecionou alguns testes para utilizar e fez duas sessões de hora de jogo diagnóstica com a criança. A hora de jogo diagnóstica é muito utilizada no psicodiagnóstico infantil e tem como objetivo observar a criança em uma situação de brincar livre, buscando conhecer aspectos de sua dinâmica psíquica. Embora nos testes aplicados tenham sido obtidos dados sugerindo a presença de um transtorno de oposição desafiante (TOD) na criança, as entrevistas e a hora de jogo diagnóstica revelaram que o seu comportamento agressivo na escola estava, na verdade, maisrelacionado à sua dinâmica familiar atual, ou seja, às brigas constantes entre os pais presenciadas por ela, do que a um transtorno psicopatológico. A partir do exemplo apresentado, podemos notar que o psicodiagnóstico é um processo que busca, por meio da integração dos dados obtidos nas diferentes ferramentas utilizadas pelo psicólogo, a compreensão de determinada situação, não significando, portanto, o estabelecimento de um rótulo no avaliado. Considerações na fase de seleção e integração dos dados Neste vídeo, refletiremos sobre importantes considerações que o psicólogo deve ter na hora de integrar as informações, destacando a importância de revisar objetivos e hipóteses, a determinação de padrões e as particularidades em casos especiais, como no caso de psicodiagnósticos infantis e outros. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 25/41 O processo de elaboração da síntese �nal Vamos agora conhecer os pontos mais importantes que devem ser considerados pelo psicólogo para que ele seja capaz de elaborar a síntese e a integração de todos os dados que foram coletados ao longo do processo. Essa etapa permitirá que o profissional chegue a conclusões claras, simples e precisas, que serão transmitidas ao paciente, à sua família (nos casos em que isso for necessário) e ao profissional ou instituição que encaminhou o avaliado. Como ponto de partida na elaboração de sua síntese final, o psicólogo deve realizar uma listagem de todos os tópicos que o avaliado trouxe como motivo de sua consulta (ARZENO, 1995). Nos casos em que o psicodiagnóstico tenha sido encaminhado por outro profissional e nas situações em que a família estiver envolvida na avaliação, como nos psicodiagnósticos infantojuvenis, o psicólogo deverá incluir em sua listagem as questões que esses outros informantes abordaram. Com a análise de todas as entrevistas iniciais, o psicólogo formulará as suas hipóteses preliminares, ou seja, o que pode estar ocasionando o sintoma, ou a queixa, apresentado pelo avaliado. O estudo desse material é essencial para que a síntese final seja mais fidedigna (ARZENO, 1995). Todas as entrevistas conduzidas pelo psicólogo, assim como a hora de jogo diagnóstica (no caso de crianças), produzem dados difíceis de serem tabulados, por serem instrumentos mais livres e, por isso, menos estruturados, com muitas possibilidades de respostas por parte do avaliado. No entanto, como ressaltam Rigoni e Sá (2016), são ferramentas muito relevantes no processo, fornecendo dados fundamentais para a conclusão do psicodiagnóstico. No exemplo da criança que apresentava agressividade 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 26/41 com os colegas na escola, vimos que a análise das entrevistas e a hora de jogo diagnóstica forneceram ao psicólogo dados essenciais à elaboração da síntese final do processo. Com a análise do que foi observado nas entrevistas e nas outras ferramentas utilizadas, o psicólogo partirá para o exame dos resultados obtidos com a bateria de testes empregada. Sobre esse aspecto, é primordial que o psicólogo empregue em sua avaliação somente testes psicológicos nos quais tenha pleno domínio de sua correção e interpretação, pois a não observância desse aspecto levará o profissional a conclusões e encaminhamentos equivocados, prejudicando todo o processo de avaliação (RIGONI; SÁ, 2016). Com o estudo do material evidenciado nas entrevistas, somado à análise dos resultados obtidos com os testes psicológicos utilizados, o psicólogo deverá buscar recorrências e convergências entre todas essas fontes de dados, para, com esses dados, realizar a síntese de todas essas informações. O trabalho de integração dos dados é constituído por idas e vindas de um material a outro, ou seja, do resultado da análise das entrevistas iniciais com o material surgido na interpretação dos testes psicológicos, buscando as convergências e complementaridades entre as diversas fontes de dados (ARZENO, 1995). Entretanto, o psicólogo deve estar atento às divergências que podem aparecer entre os dados colhidos. Nesses casos, a experiência do profissional será muito relevante para a identificação dessas contradições, assim como para a compreensão e integração dos dados (SEGABINAZI, 2016). O que isso quer dizer, na prática? Resposta O psicólogo deve averiguar quais aspectos do funcionamento psicológico do avaliado aparecem em mais de uma fonte de dados, ou seja, quando o profissional faz a conexão de todos os resultados obtidos nas etapas anteriores do psicodiagnóstico, encontra pontos que se repetem e convergem, revelando o padrão de funcionamento psíquico do avaliado. Esse aspecto é ressaltado por Arzeno (1995) como um importante critério que fornece ao psicólogo mais segurança em suas conclusões. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 27/41 A síntese final, construída a partir da integração dos dados, deve descrever, de maneira objetiva, as conclusões do psicólogo relacionadas à demanda da situação avaliada. Essas conclusões necessitam estar fundamentadas em teorias e técnicas psicológicas consolidadas, e não somente na observação e na experiência do psicólogo. A síntese final deverá contemplar também as orientações e os encaminhamentos que se fizerem necessários para o caso avaliado (SEGABINAZI, 2016). Como podemos perceber, nessa etapa do psicodiagnóstico, os dados mais significativos obtidos com a análise de todo o material devem ser integrados e comparados, confirmando ou não as hipóteses iniciais estabelecidas pelo psicólogo (CUNHA, 2007). Todas as observações que emergiram da integração dos dados devem ser comunicadas ao avaliado e, quando for o caso, também à sua família. Por isso, a fase de seleção e integração dos dados deve ser conduzida de forma cuidadosa e com o rigor científico adequado, para que a comunicação dos resultados obtidos no psicodiagnóstico se dê de maneira efetiva. Síntese e integração do psicodiagnóstico Neste vídeo, apresentaremos como é feita a síntese final, explicando a forma em que os dados são compilados e como se deve buscar recorrências e convergências entre todas essas fontes de dados. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 28/41 As entrevistas iniciais são fundamentais para que o psicólogo estabeleça os objetivos do psicodiagnóstico. Um dos aspectos importantes de serem observados nas entrevistas iniciais com o avaliado e, quando for o caso, com a sua família, diz respeito à (ao) Parabéns! A alternativa D está correta. As entrevistas iniciais são essenciais para que o psicólogo possa planejar adequadamente as etapas posteriores do processo do psicodiagnóstico. Um dos pontos que deve ser observado atentamente durante as entrevistas iniciais se refere ao momento em que o sintoma aparece e se é possível observá- lo. Questão 2 O psicodiagnóstico envolve uma série de etapas e procedimentos. Assinale a alternativa que corresponde a um procedimento que é a base para o processo de elaboração da síntese final do psicodiagnóstico: A material resultante de outras avaliações. B expressão verbal do avaliado. C aparência do avaliado. D momento em que o sintoma surge. E expressão não verbal do avaliado. A Hora de jogo diagnóstica. B Administração das técnicas psicológicas. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 29/41 Parabéns! A alternativa E está correta. A etapa de elaboração da síntese final do processo do psicodiagnóstico é essencial para que o psicólogo chegue a conclusões claras e precisas sobre a avaliação que serão,posteriormente, transmitidas ao avaliado. Essa etapa é construída a partir da integração de todos os dados colhidos desde o início do processo de avaliação. 4 - Comunicação de resultados, prognóstico e encaminhamento C Aplicação dos testes psicológicos. D Entrevista com a família. E Integração dos dados. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 30/41 Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância da etapa de comunicação dos resultados no psicodiagnóstico. A comunicação dos resultados O psicodiagnóstico é um processo que envolve uma série de etapas, todas relevantes para que os objetivos delineados pelo psicólogo sejam atingidos. O processo tem como fechamento o momento da comunicação dos seus resultados, que, dentre outros pontos, deve conter as informações referentes ao prognóstico e aos encaminhamentos que se fizerem necessários na situação avaliada. Vamos, então, trazer para você como esta etapa deve ocorrer. Os estudos publicados, tanto na literatura nacional quanto na internacional, têm dado muita ênfase a pesquisas e publicações de trabalhos versando sobre o processo do psicodiagnóstico em si, porém pouco destaque tem sido dado à fase de comunicação, ou devolução, dos resultados obtidos no processo (ALBARNOZ, 2016). Essa etapa é uma das mais importantes do psicodiagnóstico, pois, nela, o psicólogo, após a integração dos resultados e a sua síntese final, vai comunicar todos os resultados ao avaliado, à sua família (quando for o caso) e ao profissional ou instituição que solicitou a avaliação. Além disso, essa etapa contempla ainda as orientações e possíveis encaminhamentos para a situação em questão. A comunicação dos resultados marca o encerramento do processo do psicodiagnóstico, sendo o ápice desse processo para todas as partes interessadas, devendo indicar caminhos que podem ocasionar mudanças na vida dos envolvidos (ALBARNOZ, 2016). A perspectiva atual acerca do psicodiagnóstico acentua o papel essencial da comunicação dos resultados, que vai muito além de uma simples classificação nosológica, sendo entendido como um momento capaz de proporcionar um espaço para a construção de uma nova forma de lidar com o sintoma apresentado nas entrevistas iniciais. A etapa de devolução dos resultados não é, embora isso possa também ocorrer, a mera comunicação de um diagnóstico psicológico. Deve ser, muito além disso, uma oportunidade para que o psicólogo converse sobre o funcionamento psicológico do avaliado, buscando esclarecer as questões que afligem tanto o avaliado quando os seus familiares. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 31/41 A comunicação dos resultados pode ser o momento de novos esclarecimentos, no sentido de identificar, organizar e esclarecer aspectos que vieram à tona a partir da solicitação inicial do processo (ALBARNOZ, 2016). A comunicação dos resultados, geralmente, ocorre de duas maneiras: a comunicação oral e a comunicação escrita. A comunicação escrita se dá por meio dos documentos resultantes do processo do psicodiagnóstico e deve seguir as diretrizes contidas na Resolução nº 06/2019, do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Nesses documentos devem estar contidas as informações principais relacionadas às conclusões obtidas pelo psicólogo ao término do processo. Conforme salientado por Arzeno (1995), a devolução escrita dos resultados diz respeito ao resumo das conclusões diagnósticas e prognósticas da situação avaliada, devendo incluir ainda as recomendações terapêuticas adequadas. A etapa de comunicação dos resultados é essencial para a efetividade do processo de avaliação psicológica. Cunha (2007) observa que o psicodiagnóstico é estruturado a partir de algumas unidades fundamentais: o avaliado, o psicólogo, os testes e as técnicas psicológicas, a comunicação dos resultados e o receptor dessa. Com isso, você pode perceber que a comunicação dos resultados é parte imprescindível do processo, devendo estar prevista no contrato de trabalho estabelecido com o avaliado e/ou os seus familiares. Na construção do processo de avaliação, a comunicação dos resultados deve ser a última etapa, seguida somente pelas recomendações sugeridas para a situação avaliada e pelo seu encerramento. A maneira como o psicólogo fará a comunicação dos resultados depende dos objetivos delineados para o psicodiagnóstico e, de acordo com esses objetivos, podem ser necessários vários tipos de comunicação. Exemplo Nos casos em que o avaliado for uma criança que tenha sido encaminhada ao psicólogo pelo pediatra, a comunicação dos resultados deverá ocorrer com a criança e com os pais, por meio das entrevistas de devolução, assim como, preferencialmente de forma escrita, com o pediatra. Já se o avaliado for um adulto independente, que procurou por iniciativa própria o psicodiagnóstico, a comunicação dos resultados se dará com o avaliado, não sendo obrigatória a devolução de resultados de forma escrita. Quanto ao conteúdo da comunicação dos resultados, esse será estabelecido pelas questões específicas elaboradas no início da avaliação e ainda pela pessoa que receberá a devolução dos resultados. O conteúdo da comunicação pode ser diferente, em especificidade, profundidade e extensão, dependendo do indivíduo que receberá a devolução dos resultados (CUNHA, 2007). 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 32/41 Imagine que o psicólogo, ao avaliar uma criança encaminhada por outro psicólogo, necessite fazer uma comunicação escrita dos resultados. Para o psicólogo, o profissional que realizou o psicodiagnóstico pode contemplar em sua devolução escrita aspectos mais técnicos sobre a avaliação. Do mesmo modo, se o psicólogo fizer uma comunicação desses mesmos resultados à escola, por exemplo, pode se utilizar de uma linguagem menos técnica. No entanto, é importante que fique claro que, embora possa haver especificações em relação ao conteúdo, os aspectos essenciais da avaliação devem ser comunicados. Uma das formas de comunicação dos resultados, como já mencionamos, é por meio de uma ou mais entrevistas de devolução e é sobre isso que vamos falar agora. Como comunicar os resultados Neste vídeo, refletiremos sobre algumas questões na comunicação de resultados no psicodiagnóstico, destacando as formas em que esse passo pode ser realizado. A entrevista de devolução A entrevista de devolução é o momento em que o psicólogo que efetuou o psicodiagnóstico irá comunicar os resultados obtidos no processo de avaliação ao avaliado e aos seus pais (nos casos em que isso for necessário), assim como a outros demandantes. Entretanto, essa etapa não se constitui uma comunicação unidirecional e fixa, mas, ao contrário disso, deve tratar-se de um diálogo entre o avaliado e o psicólogo, um momento no qual as informações transmitidas pelo profissional possam ser discutidas, proporcionado, assim, uma oportunidade para mudança (ALBARNOZ, 2016). Assim como as demais etapas do psicodiagnóstico, a entrevista de devolução deve estar prevista desde o início do processo, no qual o avaliado terá ciência de que haverá um momento em que o psicólogo comunicará a ele os resultados obtidos com a avaliação. De acordo com Albarnoz (2016), o fato de o 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 33/41 avaliado saber que haverá esse momento de devolução dos resultados pode fazê-lo se sentir mais comprometido e engajado com o processo de avaliação. Um dos objetivos importantes da entrevista de devolução é propiciar ao avaliado a possibilidade de que ele expresse os seus sentimentos e pensamentos no que se refere às conclusões e às orientações dadas a ele pelo psicólogo. O momento da entrevista de devolução é ainda umaoportunidade para o psicólogo observar a atitude do indivíduo em relação à avaliação e às recomendações dadas. A reação do avaliado frente às conclusões do psicodiagnóstico revela o quanto ele estará disposto a seguir as recomendações fornecidas, o que auxiliará o psicólogo a traçar o prognóstico do caso (CUNHA, 2007). Sobre esse aspecto, Arzeno (1995) observa que a reação emocional do avaliado, ao ouvir as conclusões do psicólogo, é tão relevante quanto as suas reações verbais. Diante disso, podemos dizer que a entrevista de devolução dos resultados permite que o indivíduo compreenda as conclusões e as orientações decorrentes do processo de avaliação. Na comunicação oral dos resultados pode ser necessária mais de uma entrevista de devolução. Uma das situações em que isso ocorre é no psicodiagnóstico de crianças e adolescentes. Assim como nas entrevistas iniciais, as entrevistas de devolução devem contemplar uma entrevista com os pais/responsáveis pela criança ou pelo adolescente. Albarnoz (2016) observa que essa etapa não precisa ficar reduzida a uma única entrevista, podendo ser ampliada, caso o psicólogo ou mesmo o avaliado sintam necessidade de mais de um encontro para esclarecerem os pontos que foram abordados. Destacamos alguns pontos muito relevantes que devem ser considerados pelo psicólogo na entrevista de devolução, a saber: O ponto inicial da entrevista de devolução deve ser o motivo da solicitação do psicodiagnóstico. É recomendado que o psicólogo inicie a entrevista abordando os aspectos mais sadios e adaptativos do funcionamento psíquico do avaliado, para, em seguida, trazer os aspectos menos adaptativos e que vão demandar um maior cuidado. A linguagem utilizada pelo psicólogo deve ser clara e precisa, de modo que as informações sejam compreendidas pelo avaliado. Na entrevista de devolução, deve ser discutida a necessidade dos encaminhamentos terapêuticos indicados, assim como das demais orientações que sejam pertinentes. Para que a entrevista de devolução seja um momento construtivo para o avaliado, no qual ele seja capaz de entender os resultados e de aceitar as orientações e indicações terapêuticas recomendadas pelo psicólogo, é fundamental a presença de um bom vínculo interpessoal entre todas as partes envolvidas no processo. Também é relevante compreender o que pode estar ocorrendo com o avaliado, o psicólogo precisa saber comunicar o que é compreendido (ALBARNOZ, 2016). 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 34/41 A entrevista de devolução é o encerramento do processo, mas, ao mesmo tempo, deve ser um momento que conduz a uma abertura, com a possibilidade de que novos caminhos conduzam a um funcionamento psicológico mais saudável e adaptativo para o avaliado. Como fazer uma entrevista devolutiva Neste vídeo, refletiremos sobre algumas questões na comunicação de resultados no psicodiagnóstico, destacando as formas em que esse passo pode ser realizado. Prognóstico e encaminhamento Como sabemos, na entrevista de devolução dos resultados, deverão ser abordados os pontos relacionados às indicações terapêuticas, com os encaminhamentos que se fizerem necessários, e também ao prognóstico da situação avaliada. No que se refere aos encaminhamentos e/ou indicações terapêuticas, devem ser prescritos tratamentos que sejam compatíveis com a realidade e com o desejo do avaliado e de sua família (ALBARNOZ, 2016). Queremos dizer com isso que as indicações terapêuticas devem ser adequadas às possibilidades do avaliado. Imagine o psicodiagnóstico de uma criança cujo contexto revela condições socioeconômicas precárias. Ao final do processo, o profissional conclui sobre a necessidade de um tratamento neurológico para ela. Em uma situação como essa, é essencial que as condições socioeconômicas do avaliado e de sua família sejam consideradas. O psicólogo pode, por exemplo, levar indicações de tratamento na rede pública ou em 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 35/41 outras redes de apoio que estejam em consonância com o contexto socioeconômico da família. Observar esse aspecto é fundamental para que o psicodiagnóstico alcance os seus objetivos. Nessa perspectiva, no processo de psicodiagnóstico, deve ser observado, além da dinâmica psicológica do avaliado, todo o contexto. Desse modo, podem ser fornecidas orientações relacionadas a alterações na rotina familiar, como, por exemplo, uma nova organização dos hábitos alimentares, o encaminhamento para esportes e outras atividades de recreação, entre outras orientações. Percebemos, com isso, que as indicações terapêuticas não se restringem somente a encaminhamentos para outros profissionais, mas podem englobar também orientações de mudanças no estilo de vida do avaliado. Na entrevista de devolução, será conversado também com o avaliado e sua família acerca do prognóstico da situação avaliada. Prognóstico significa, em nossa língua portuguesa, o estabelecimento do provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. E como essa definição se aplica ao psicodiagnóstico? No momento da devolução o psicólogo deve expor possíveis desdobramentos da situação avaliada, especialmente sobre os riscos caso determinadas recomendações terapêuticas não sejam seguidas. Falar sobre o prognóstico na comunicação dos resultados é parte do dever científico do psicólogo (ALBARNOZ, 2016). Na devolução das informações, com a explanação sobre os encaminhamentos e o prognóstico, o psicodiagnóstico revela também o seu caráter preventivo, na medida em que auxilia o avaliado a enxergar uma possibilidade de melhora e o que pode ocorrer caso não sejam seguidas as recomendações, principalmente no que se refere aos encaminhamentos sugeridos. Diante do exposto, consideramos que você já compreendeu a importância da etapa de comunicação dos resultados, como um momento em que o avaliado recebe do psicólogo possíveis explicações para o que está ocorrendo com ele e quais são os caminhos que ele deve seguir em busca de um funcionamento psicológico mais saudável e adaptativo. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 36/41 Prognóstico, encaminhamento e indicações terapêuticas Neste vídeo, refletiremos e explicaremos sobre formato e conteúdo em relação a prognóstico, encaminhamento e indicações terapêuticas no final do psicodiagnóstico. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A comunicação dos resultados obtidos no psicodiagnóstico é uma etapa essencial do processo de avaliação. Essa comunicação pode ser realizada de duas maneiras: a comunicação oral e a comunicação escrita. Sobre a comunicação oral, ela é realizada por meio da(o) A relatório psicológico. B atestado psicológico. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 37/41 Parabéns! A alternativa D está correta. Uma parte fundamental do processo do psicodiagnóstico é o momento da comunicação dos resultados, que pode ser realizada de duas maneiras: por via escrita ou oral. A comunicação oral dos resultados ocorre por meio da entrevista de devolução, quando o psicólogo comunica ao avaliado e, se for o caso, à sua família, os resultados obtidos no processo de avaliação, bem como as orientações, o prognóstico e os encaminhamentos pertinentes. Questão 2 Na comunicação dos resultados obtidos no processo do psicodiagnóstico, o psicólogo deve abordar os aspectos referentes aos encaminhamentos julgados necessários acerca do prognóstico do caso. Em relação ao prognóstico, pode-se dizer que se caracteriza por expressar os(as) C laudo psicológico. D entrevista de devolução. E parecer psicológico. A resultados dos testes psicológicos. B resultados da avaliação. C possíveisdesdobramentos da situação avaliada. D indicações terapêuticas. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 38/41 Parabéns! A alternativa C está correta. A comunicação dos resultados é um dos passos relevantes do processo do psicodiagnóstico. Nela, devem estar contidos os resultados obtidos no processo de avaliação, bem como as orientações, indicações terapêuticas e o prognóstico do caso. No prognóstico, o psicólogo deve tratar com o avaliado sobre os possíveis desdobramentos da situação avaliada, especialmente se o avaliado não seguir as recomendações e indicações terapêuticas dadas pelo psicólogo. Considerações �nais Como estudado ao longo deste conteúdo, o psicodiagnóstico é um processo científico e com uma duração temporal limitada. Para que o processo seja bem-sucedido, é essencial que o psicólogo percorra alguns passos até o seu encerramento. A adequada seleção e administração de testes e técnicas psicológicas é uma etapa fundamental para que o psicólogo obtenha dados que estejam em conformidade com as suas hipóteses iniciais, que foram construídas a partir das entrevistas iniciais. A partir dessa etapa, o psicólogo deverá selecionar os dados considerados relevantes e integrá-los, estando apto, com isso, a elaborar a sua síntese final sobre a situação avaliada e a comunicar os resultados ao avaliado e, quando for o caso, à sua família. Percebemos que o psicólogo deve percorrer cada passo do processo de avaliação de forma cuidadosa e criteriosa, encerrando-o com as entrevistas de devolução. Nessas entrevistas, um bom vínculo estabelecido entre o psicólogo e o avaliado será imprescindível para que as orientações e os encaminhamentos que se fizerem necessários sejam bem recebidos pelo avaliado. Desse modo, podemos dizer que o psicodiagnóstico terá cumprido o seu papel, proporcionando um espaço de reflexão e possibilidade de mudança para o avaliado, na busca por um funcionamento psicológico mais saudável e adaptativo. E resultados da hora de jogo diagnóstica. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 39/41 Podcast Ouça agora a importância da elaboração de um plano de avaliação para a obtenção de um adequado psicodiagnóstico, identificar os principais aspectos relacionadas à escolha de testes e técnicas psicológicas no psicodiagnóstico. Também falaremos sobre a importância da etapa de comunicação dos resultados no psicodiagnóstico. Explore + Caso seja do seu interesse pesquisar mais sobre o processo do psicodiagnóstico em outros contextos, uma ótima dica é a leitura do artigo Além do psicodiagnóstico: práticas inclusivas a partir da avaliação psicológica, de Barreto e Bôas, publicado no periódico Brazilian Journal of Development, em 2021. Essa publicação aborda as últimas produções científicas sobre a temática da avaliação psicológica em pessoas com deficiência, abrindo um importante leque para a discussão sobre uma prática mais inclusiva no campo do psicodiagnóstico. Referências ALBARNOZ, A. C. G. Devolução das informações do psicodiagnóstico. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: ARTMED, 2016. p. 27-34. ARZENO, M. E.G. Psicodiagnóstico clínico. Artmed: Porto Alegre, 1995. 14/08/2023, 16:48 Passos do processo psicodiagnóstico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/05468/index.html# 40/41 BORSA, J. C.; MONIZ, M. Testagem psicológica com crianças e adolescentes. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução nº 06 de 2019. Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019. Brasília, 2019. CUNHA, J. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2007. HUTZ, C. S. O que é avaliação psicológica: Métodos e testes. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M. (Org.). Psicometria. Porto Alegre: ARTMED, 2015. RIGONI, M. S.; SÁ, S. D. O processo psicodiagnóstico. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: ARTMED, 2016. p. 27-34. SEGABINAZI, J. D. Integração dos dados coletados e o diagnóstico psicológico. In: HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.). 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