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Direito Internacional_Unidade 4

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66
UNIDADE IV
Das Sentenças Estrangeiras e das 
Organizações Internacionais
Professor Moacir Junior Carnevalle
Plano de Estudo:
• Das sentenças estrangeiras e possibilidade de aplicabilidade no Brasil;
• Da teoria geral das organizações internacionais;
• Da ONU;
• Da teoria geral dos mercados regionais.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar o que são sentenças estrangeiras e verificar quando podem gerar efeitos 
no Brasil;
• Abordar aspectos gerais relacionados às organizações internacionais;
• Entender em que consiste a Organização das Nações Unidas e qual o seu papel no 
cenário internacional;
• Contextualizar os mercados regionais e a sua importância 
para o desenvolvimento dos Estados.
67UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
INTRODUÇÃO
Olá. Chegamos à última unidade do material didático. Você está próximo(a) de 
terminar mais uma disciplina importante para sua formação. Vamos a ela então.
Nesta unidade entenderemos quais os requisitos necessários para que uma sen-
tença estrangeira gere efeitos no Brasil. Abordaremos, também, as Organizações Interna-
cionais, inclusive a mais importante delas, a Organização das Nações Unidas (ONU), e os 
mercados regionais.
Para o desenvolvimento do conteúdo proposto dividimos a unidade em quatro 
tópicos.
No primeiro aprenderemos que o direito brasileiro admite, embora com algumas 
restrições, que sentenças proferidas por tribunais estrangeiros possam ser aplicadas em 
nosso território.
No segundo tópico veremos aspectos gerais relacionados às Organizações Inter-
nacionais, que, como visto em unidade anterior, são sujeitos de Direito Internacional, e cuja 
participação no cenário mundial tem cada vez mais relevância.
Na terceira parte, nosso foco se concentrará na Organização das Nações Unidas 
(ONU), uma organização internacional de caráter mundial cujas decisões impactam direta-
mente os rumos da sociedade internacional.
Por fim, no último bloco abordaremos os mercados regionais, cuja atuação, como 
o próprio nome indica, procura privilegiar Estados que estão localizados em regiões próxi-
mas, e que hoje têm importante papel de destaque, principalmente em questões comerciais 
e econômicas.
Portanto, aproveite bem esta última unidade para concluirmos o estudo acerca do 
Direito Internacional.
68UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
1. AS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS E POSSIBILIDADE DE APLICABILIDADE NO 
BRASIL
A sentença é um ato soberano emanado da autoridade judicial de determinado 
Estado. Como qualquer ato soberano, incide prioritariamente no território nacional, sendo 
endereçada à população desse estado.
Algumas decisões, entretanto, interessam a mais de um país. Como dito, geral-
mente a decisão irá valer apenas no território nacional do juiz prolator, apesar do interesse 
de outras jurisdições, então é nesse contexto que surge a necessidade de homologação da 
sentença estrangeira.
 Com a homologação da sentença estrangeira ela passa a produzir efeitos no país 
prolator, e também se torna apta a produzir efeitos em outras jurisdições.
Homologar significa tornar a sentença estrangeira semelhante (em seus efeitos) às 
sentenças aqui proferidas, utilizando-se como parâmetro as decisões do Judiciário pátrio. 
Trata-se, portanto, de ato formal que recepciona a sentença alienígena na ordem jurídica 
nacional, apoiado, contudo, em mero juízo de deliberação, pelo qual não se analisa senão o 
preenchimento dos requisitos formais previstos tanto no Código de Processo Civil (art. 963) 
como na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (art. 15). (MAZZUOLI, 2018).
Ou seja, as sentenças estrangeiras passam por uma espécie de reconhecimento, 
para produzir efeitos, visto que seria impossível executar sentença proferida por outro 
Estado.
69UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
No Brasil, a competência para homologar sentenças estrangeiras era do STF, até o 
advento da Emenda Constitucional 45/2004, quando passou para o STJ, de acordo com o 
artigo 10, I, da Constituição Federal.(BRASIL, 1988)
O Brasil é um dos países que admite homologação de sentenças estrangeiras, res-
saltando que a sentença estrangeira só será admitida no Brasil após homologação, salvo lei 
contrária ou tratado, como pode se ver no artigo 961, caput, do Código de Processo Civil.
O procedimento de homologação da sentença estrangeira não é apto a examinar 
o mérito da sentença em si, mas apenas os requisitos formais sobre a violação ou não da 
soberania nacional, ordem pública e bons costumes (art. 17, da LINDB). (BRASIL, 1942)
No Brasil, a homologação dependerá, portanto, da apreciação judicial, e o regra-
mento a respeito encontra-se disciplinado por vários diplomas legais: Constituição Federal, 
artigos 105.1, “ i” , e 109, X; Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), 
artigos 15 a 17; Código de Processo Civil (CPC) 2015, artigos 960 a 965; Lei 9.307, de 
23/09/1996, artigos 34 a 40; e o Regimento Interno do STJ, atualizado pela Emenda Regi-
mental 18, de 17/12/2014, que incluiu os artigos 216-A a 216-N no Regimento Interno em 
apreço. A homologação também é regulada por tratados que podem existir entre dois ou 
mais Estados (PORTELA, 2017).
O artigo 15 da LINDB estabelece os requisitos para a homologação da sentença 
estrangeira no Brasil:
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro que 
reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificada a revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias 
para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 1942).
Quando observado o artigo 483 do CPC, mais um requisito deve ser acrescentado: 
estar autenticada pelo cônsul brasileiro.
Nesse sentido também o art. 216-D do Regimento Interno do STJ, alterado pela 
Emenda Regimental nº 24, de 28 de setembro de 2016, estabelece que:
Art. 216-D. A decisão estrangeira deverá:
I – ter sido proferida por autoridade competente;
II – conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente 
citadas ou ter sido legalmente verificada a revelia;
III – ter transitado em julgado (BRASIL, 2020).
O artigo 963 do CPC de 2015 enumerou requisitos distintos para a homologação:
Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I – ser proferida por autoridade competente;
70UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
II – ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III – ser eficaz no país em que foi proferida;
IV – não ofender a coisa julgada brasileira;
V – estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense
prevista em tratado;
VI – não conter manifesta ofensa à ordem pública.
O NCPC trouxe a possibilidade de a autoridade judiciária brasileira deferir pedidos 
de urgência e realizar atos de execução provisória no processo de homologação de decisão 
estrangeira (CPC, art. 961, § 3°). (BRASIL, 2015)
Neste sentido, a doutrinadora Maristela Basso (2020, p. 227) ensina:
Segundo a orientação da doutrina e a práxis da recente jurisprudência do 
STJ, os requisitos para homologação das sentenças estrangeiras devem ao 
menos acompanhar dois fundamentos distintos, mas combinados em sua 
essência. Primeiramente, o procedimento homologatório deve ser coerente 
com o juízo de delibação. Isso significa que o procedimento implicado na 
execução das sentenças estrangeiras no direito brasileiro se basta na apre-
ciação da procedência e legitimidade do ato prolatado, mas também não 
deixa de verificar se existiria alguma barreira ao reconhecimento de seus 
efeitos, como no tocante à violação da ordem pública e soberania nacional, 
conforme os contornos dados pela norma do art. 17da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro,14 que estabelece uma exceção à aplicação do 
direito estrangeiro pelo juiz nacional.
E quanto aos tipos de sentença, sejam elas constitutivas, declaratórias, condenató-
rias e as sentenças arbitrais, também são objetos de homologação pelo STJ.
Mazzuoli (2018) explica que as decisões interlocutórias (v.g., citações, produção 
de provas, oitiva de testemunhas, exceções processuais etc.) não são, por sua vez, homo-
logáveis; serão objeto, contudo, de carta rogatória, cuja concessão do exequatur também 
compete ao STJ (CF, art. 105, I, i).
Os títulos executivos extrajudiciais advindos de países estrangeiros não necessi-
tam de homologação pelo STJ, visto que, para ter eficácia, basta cumprir os requisitos de 
formação exigidos pelo território de celebração e indicar o Brasil como foro de cumprimento 
para determinada obrigação, isto se encontra visível no artigo 585, § 2° do CPC.
Não é possível homologar sentença estrangeira na parte em que ordene, sob pena 
de responsabilização civil e criminal, a desistência de ação judicial proposta no Brasil, de 
acordo com a atual jurisprudência do STJ.
Em regra, só se homologam, no Brasil, sentenças cíveis, não se podendo ho-
mologar sentenças penais para fins propriamente criminais. O que se permite é que seja 
homologada sentença penal para que da homologação surtam efeitos civis, como autoriza 
o art. 790 do Código de Processo Penal, pelo qual
[o] interessado na execução de sentença penal estrangeira, para a reparação 
do dano, restituição e outros efeitos civis, poderá requerer ao Supremo Tri-
bunal Federal [hoje, Superior Tribunal de Justiça] a sua homologação, obser-
vando-se o que a respeito prescreve o Código de Processo Civil (MAZZUOLI, 
2018, p. 194).
71UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
O CPC/2015 autorizou expressamente a dispensa do procedimento homologatório 
quando assim prever lei ou tratado (art. 961, in fine) e, também, no que tange às sentenças 
estrangeiras de divórcio consensual (art. 961, § 5º).
Dentre os requisitos exigidos pelo legislador, a sentença estrangeira deve ter sido 
proferida por juiz competente, segundo as regras de competência do Direito Processual 
Internacional. Não cabe ao STJ examinar sobre qual é o juízo competente para a confecção 
da sentença, mas apenas verificar se a sentença poderia ter sido proferida pelo juízo da 
qual emanou (GARCIA, 2016).
No momento da deliberação, cabe ao STJ checar se a citação das partes envolvi-
das foi regularmente efetuada ou se a revelia foi corretamente configurada com supedâneo 
na legislação do país onde a sentença foi prolatada. 
É válido lembrar que quando o réu reside no Brasil, o único meio de citá-lo é por 
meio de carta rogatória, que depende do exequatur do STJ para ser cumprida.
Quando o requerido se encontrar em local incerto, não sabido ou inacessível, o STJ 
entende que é possível a citação por edital (GARCIA, 2016).
De acordo com o artigo 224 do CC, os documentos redigidos em língua estrangeira 
devem ser traduzidos para o português, para que possam produzir efeitos legais aqui no 
país. Essa exigência é com base na língua adotada no Brasil, que tem o português como 
seu idioma oficial, segundo o art. 13 da Constituição Federal (GARCIA, 2016).
Ainda, de acordo com a Súmula 420 do STF, a sentença só será aqui homologada 
se tiver transitado em julgado no país onde foi prolatada. 
72UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
2. DA TEORIA GERAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Quando surgiram, as organizações internacionais não foram imediatamente reco-
nhecidas como sujeitos de Direito Internacional, o que se deu possivelmente em função do 
texto da Convenção de Viena de 1969, que não vislumbrou expressamente a capacidade 
dessas entidades de concluir tratados. 
Posteriormente, a prática internacional tornou evidente a possibilidade de que 
também as organizações internacionais celebrem tratados, o que levou à negociação e 
assinatura da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Orga-
nizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 1986, que reconhece 
explicitamente a capacidade contratual autônoma dos organismos coletivos dotados de 
personalidade jurídica de Direito Internacional. 
Desta forma, os atos internacionais que contam com a participação de organizações 
internacionais podem ser regulados tanto pela Convenção de Viena de 1969, por analogia, 
como pelas normas costumeiras pertinentes.
As organizações internacionais podem concluir tratados independentemente de 
seus membros e até contra a vontade de alguns dos Estados que dela façam parte. Podem 
ainda celebrar tratados com seus próprios membros, com terceiros Estados ou com outras 
organizações internacionais. 
Entretanto, a capacidade das organizações internacionais de elaborar tratados 
apresenta certas peculiaridades. A título de exemplo, o poder dessas entidades nesse 
73UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
campo não é tão amplo quanto o do Estado, porque esses sujeitos internacionais só podem 
celebrar acordos relativos a seus objetivos. 
É, assim, uma capacidade parcial, que decorre de seu tratado constitutivo, que 
estabelece os objetivos da organização. A capacidade dessas entidades de concluir trata-
dos é derivada, visto que resulta da decisão dos Estados que as criaram e que, como seus 
membros, são, em muitos casos, os responsáveis pela formação da vontade do organismo, 
por meio das negociações que entabulam em seu âmbito.
Cada organização internacional estabelece, em seu tratado constitutivo, os órgãos 
competentes para celebrar tratados em seu nome (PORTELA, 2017).
Por fim, é de suma importância não confundir as organizações internacionais com 
as organizações não governamentais (ONGs), sendo que estas possuem o caráter de 
entidades privadas que não são mantidas por recursos advindos do poder público. 
Em relação à personalidade jurídica, às Organizações Internacionais têm natureza 
de pessoa jurídica de direito internacional, de caráter institucional. 
A criação de Organizações Internacionais fundamenta-se no poder soberano dos 
Estados. A natureza jurídica é, portanto, a mesma dos Estados, mas com limites de compe-
tência predeterminados pelos próprios membros que a constituem. 
A principal diferença é a origem do fundamento: nos Estados, existe uma justifi-
cativa interna para a personalidade jurídica, derivada da faceta interna da soberania. Nas 
Organizações Internacionais, o único elemento justificador é externo, derivado apenas da 
soberania dos Estados-membros. 
Se houver outras Organizações Internacionais como membros, o fundamento 
continua a ser a soberania dos Estados que, indiretamente, atribuíram capacidades e com-
petências a estas, por meio da primeira Organização Internacional que integraram. 
A personalidade jurídica da Organização Internacional é um elemento fundamental 
do próprio conceito. Deve ser reconhecida pelos membros, mas nem sempre o é pelos 
sujeitos de direito internacional que não a integram. Para tanto, pode haver a necessidade 
de um tratado entre os não membros e a Organização Internacional para validar o reconhe-
cimento. 
No entanto, tal cenário vem modificando-se aos poucos. A Corte Internacional de 
Justiça, por exemplo, sugere o reconhecimento presumido da personalidade jurídica das 
Organizações Internacionais universais, com mais de 50 membros, pelos não membros. A 
maioria dos tratados entre Estados, no entanto, não gera uma Organização Internacional. 
74UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
A existência da personalidade jurídica deve ser prevista no tratado constitutivo da 
organização. 
No direito internacional contemporâneo, com a multiplicação de Organizações 
Internacionais de toda ordem, principalmente regionais,com poucos Estados, existe uma 
tendência ao reconhecimento geral da personalidade jurídica pelos não membros, mas a 
regra ainda é a necessidade de um tratado que valide esse reconhecimento.
Não se deve confundir, contudo, a personalidade jurídica internacional da Organiza-
ção Internacional com a sua personalidade jurídica no direito doméstico de cada Estado em 
que atua. Quando as organizações internacionais atuam em um determinado território, este 
Estado deve prever mecanismos para a atribuição de direitos e obrigações às organizações 
internacionais, o que varia de Estado para Estado. Algumas organizações internacionais 
preveem expressamente que os membros reconhecerão de forma automática o direito da 
organização de exercer todos os atos para o cumprimento de suas funções, como a própria 
Carta da ONU, em seu art. 104.
No Brasil, por exemplo, devem ter um CNPJ. São os Estados que atribuem capa-
cidades internacionais de controle às Organizações Internacionais, ou seja, os Estados 
permitem que as Organizações Internacionais os controlem. A princípio, podem restringir 
esses poderes quando analisarem melhor, diminuindo os poderes da Organização Interna-
cional ou quando os demais Estados não concordarem com isso, retirando-se. No entanto, 
em algumas Organizações Internacionais universais, sobretudo em temas militares e de 
segurança internacional, é cada vez mais remota a possibilidade de não ser controlado pela 
Organização Internacional quando não lhe for conveniente. 
As Organizações Internacionais também podem criar outras Organizações Inter-
nacionais. Neste caso, a organização instituidora atribuirá parte de suas capacidades e 
competências à outra, também decorrente da vontade dos Estados. De qualquer modo, a 
vontade soberana dos Estados-membros é a fonte e o fundamento de todos os poderes das 
Organizações Internacionais.
A Organização das Nações Unidas criou diversas Organizações Internacionais. O 
conjunto dessas organizações ligado à ONU é chamado de sistema onusiano. Entre estas, 
pode-se citar a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a 
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) (VARELLA, 
2019).
O ato constitutivo das organizações internacionais normalmente é um tratado que, 
em geral, denomina-se estatuto.
75UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
O tratado constitutivo das Organizações Internacionais é ratificado por Estados ou 
por outras Organizações Internacionais e determina as estruturas, as competências, as 
finalidades, os meios de execução, os procedimentos para alteração de seu estatuto, suas 
formas de extinção, além do orçamento. 
Para cada estrutura, define os instrumentos e critérios para composição de cargos 
e a forma de exercício do poder. Esses tratados são documentos solenes, que geralmente 
não aceitam reservas. 
Os membros devem aceitar a Organização Internacional, tal como foi negociada. 
Também não podem alegar outros tratados posteriores para esquivar-se de cumprir o trata-
do constitutivo porque este tem primazia sobre outros tratados. 
Existem ainda alguns outros tipos de personalidade jurídica de direito internacional, 
que não podem ser classificados nem como Estados nem como Organizações Internacio-
nais, mas que merecem ser citados:
• Agências de Estados: são criadas por Estados, para resolver problemas 
específicos, com pouca autonomia, ou seja, não tão independentes 
quanto as Organizações Internacionais e sem personalidade jurídica 
própria. Podem ter alguns poderes autônomos restritos, como criar 
regras específicas para gerenciar problemas determinados, administrar 
determinada área, decidir litígios específicos ou supervisionar a execu-
ção de tratados, a exemplo da Comissão Conjunta Internacional para 
Administrar as Águas Fronteiriças entre o Canadá e os Estados Unidos 
ou a antiga Comissão Europeia para o Danúbio.
• Agências de Organizações Internacionais: são órgãos subsidiários das 
Organizações Internacionais, com elevado grau de autonomia, em geral 
com poderes para criar e controlar a implementação de normas interna-
cionais, sem, no entanto, terem personalidade jurídica própria, a exemplo 
da Agência Nuclear de Energia Europeia da OCDE (VARELLA, 2019, p. 
425).
Os membros das Organizações Internacionais são os Estados ou outras Orga-
nizações Internacionais. Existem três diferentes modalidades de vínculo: permanente, 
observador e temporário. 
Os membros permanentes podem participar ativamente de todas as atividades da 
Organização Internacional, com direito a voz e voto. 
Os observadores têm acesso às reuniões e podem ter, inclusive, direito à voz, mas 
não terão direito a voto. 
Temporários são convidados para reuniões específicas, para a discussão de pontos 
que lhe interessam, ou apenas durante um período restrito e, em geral, predeterminado.
Mesmo entre os membros permanentes, o direito de participação nos órgãos não 
é necessariamente aberto a todos os Estados-membros. Em uma mesma Organização In-
ternacional, é possível ter órgãos restritos, a exemplo do Conselho de Segurança da ONU, 
76UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
que tem apenas 15 membros, sendo 5 permanentes e outros 10 temporários, escolhidos 
dentre os mais de 190 Estados-membros.
Muitas vezes os Estados preferem passar um período como observadores junto 
às Organizações Internacionais antes de ingressarem como membros permanentes, para 
melhor avaliar as vantagens de um vínculo obrigatório com as posições assumidas pela 
organização.
A princípio, as normas da Organização Internacional atingem apenas os membros. 
Em algumas organizações de caráter universal, como a ONU, aceita-se sua competência 
geral e irrestrita sobre todo e qualquer conflito que ameace a paz internacional. Assim, 
um Estado que não é membro da ONU não pode defender-se perante as ações dessa 
organização sob o argumento de que não a integra. Se assim não fosse, um Estado prestes 
a sofrer a intervenção militar da ONU poderia retirar-se da organização e ficar imune à 
intervenção.
A representação diplomática dos membros é feita por meio da missão diplomática 
credenciada junto à Organização Internacional. Os representantes irão acompanhar as 
discussões e tomar posições sobre os assuntos discutidos, em um contexto de diplomacia 
multilateral permanente. Em geral, a quantidade de diplomatas depende não apenas dos 
recursos de cada Estado, mas principalmente da importância dada pelo Estado aos temas 
discutidos na Organização Internacional.
Muitos Estados sequer têm representação diplomática permanente para atuar pe-
rante as principais Organizações Internacionais, seja por opção, seja por falta de interesse 
ou ainda por falta de recursos.
O Estado pode deixar de ser membro de uma organização internacional de quatro 
formas: retirada por iniciativa própria; expulsão do Estado pela Organização; dissolução da 
organização; dissolução do Estado-membro. 
A exclusão de um membro é bastante rara, sendo mais comum a proibição da sua 
participação efetiva, como a suspensão do seu direito de voto, mesmo porque essa medida 
impede que a Organização Internacional possa continuar agindo sobre o Estado, no futuro. 
Na ONU, é possível suspender o direito de voto quando há atraso no pagamento 
da contribuição anual, de forma reincidente, ou quando o Estado se nega a cumprir as 
resoluções da organização. 
A maior parte das Organizações Internacionais prevê a possibilidade de o Estado 
se retirar, desde que anuncie suas intenções previamente, em geral, com um ano de ante-
cedência.
77UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
A ONU nunca expulsou um membro. No entanto, África do Sul, Haiti e República 
Dominicana já tiveram seus direitos de voto suspensos pela Assembleia Geral (VARELLA, 
2019).
No que tange à classificação, as Organizações Internacionaispodem desempenhar 
sua atuação em âmbito geográfico, funcional ou estrutural.
No âmbito geográfico podem ser universais ou regionais. A primeira se trata das 
organizações internacionais que tratam de assuntos que interessam a todos os países, e 
estão abertas para associações de todos os países. Já as regionais tratam de assuntos do 
interesse de uma parcela de países que se encontram geralmente numa mesma região e 
estão abertas somente para associações destes países.
No âmbito funcional caracterizam como fins gerais ou específicos. São de fins 
gerais as organizações internacionais que têm por objetivo, consoante ao definido no res-
pectivo pacto constitutivo, tratar de uma gama de assuntos referentes às relações pacíficas 
entre seus membros e a resolução de conflitos internacionais. Ao passo que são de fins 
específicos as que tem por objetivo, consoante ao definido no respectivo pacto constitutivo, 
cuidar de assuntos particulares da cooperação internacional.
Já no âmbito estrutural podem classificar-se em de cooperação ou de integração. 
Basicamente a caracterização entre uma e outra vai ser determinada pela extensão da 
transferência de competências que os Estados-membros decidiram em favor das organiza-
ções em que participam.
As Organizações Internacionais de Cooperação caracterizam-se como tendo com-
petências limitadas, com uma estrutura institucional simples, sendo as decisões tomadas 
por consenso ou unanimidade; e as deliberações que só criam obrigações aos estados e 
não diretamente aos nacionais desses estados.
Por outro lado, as Organizações Internacionais de integração (ou supranacionais) 
caracterizam-se por terem competências amplas; estrutura institucional complexa; deci-
sões tomadas por maioria simples ou qualificadas, e sempre vinculativas; deliberações 
que criam obrigações ao estado e aos seus nacionais; existência de órgãos próprios para 
o exercício do poder executivo e das atividades administrativas; existência de um tribunal 
independente (poder jurisdicional obrigatório) constituído no seio da própria organização.
No âmbito participativo podem ser classificadas em abertas ou fechadas. São aber-
tas as que condicionem a participação dos países a certos requisitos objetivos, exemplo da 
ONU, de acordo com o texto do art. 4°, § 1° da Carta das Nações Unidas.
78UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
E são fechadas as que limitam a participação de estados por não apresentarem 
certos requisitos tidos como essenciais. Esta limitação é motivada pelo caráter objetivo ou 
âmbito geográfico da OI. Exemplo: Conselho da Europa, pois esta organização só permite 
o ingresso do estado europeu que seja uma democracia representativa e pluralista, além 
de respeitador dos direitos humanos (GARCIA, 2016).
As Organizações Internacionais gozam de imunidades e privilégios assim como os 
Estados, porém diferente dos estados que recebem como reciprocidade, elas os têm como 
requisitos para funcionalidade.Com exceção da ONU, cujos privilégios e imunidades são 
válidos perante qualquer país, independentemente de ser ou não membro, as das demais 
Organizações Internacionais são válidas apenas nos Estados-Membros.
As imunidades e privilégios englobam imunidade de jurisdição; inviolabilidade dos 
locais de atividade da organização internacional e o correspondente direito de assegurar a 
proteção desses locais; inviolabilidade de todos os bens da OI (não passiveis de requisição, 
confisco ou expropriação) – imunidade de execução; garantia de livre comunicação com o 
exterior; inviolabilidade dos arquivos em qualquer circunstância e onde quer que se encon-
trem; imunidades fiscais (GARCIA, 2016).
As organizações internacionais são criadas, em regra, para funcionarem por tempo 
indeterminado, embora existam algumas que são criadas com tempo determinado, como, 
por exemplo, a Comunidade Europeia do Carvão e Aço (CECA), criada pelo tratado de 
Paris para viger pelo prazo de 50 anos.
A extinção de uma organização internacional ocorrerá de acordo com o que estiver 
estipulado no seu ato constitutivo. De qualquer modo podem extinguir a qualquer tempo 
pela vontade dos próprios sujeitos de direito internacional que a criaram (GARCIA, 2016).
79UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
3. A ONU
A ONU foi criada por ocasião da Conferência de São Francisco, em 26/06/1945, 
quando foi firmada a Carta das Nações Unidas (Carta da ONU), ato constitutivo da orga-
nização, e iniciou suas atividades em 24 de outubro do mesmo ano. Sua sede é em Nova 
Iorque (EUA), contando ainda com uma sede europeia, em Genebra (Suíça), e diversas 
sedes, órgãos e representações distribuídos ao redor do mundo.
A ONU sucedeu a Liga das Nações, também conhecida como Sociedade das Na-
ções (SDN), que existiu entre 1919 e 1947 e que tinha sede em Genebra. Seu objetivo era 
garantir a paz e a segurança internacionais, além de promover a cooperação econômica, 
social e humanitária entre seus membros. Tinha vocação universal e fundamentava-se 
em princípios como a segurança coletiva e a igualdade entre os Estados. Preconizava a 
proscrição da guerra, a solução pacífica das controvérsias e a observância dos tratados. 
Entretanto, a entidade acabou sucumbindo frente à escalada de tensões que levou à II 
Guerra Mundial. Contribuíram para seu fracasso a adoção da regra da unanimidade para 
aprovação das principais decisões da entidade e a não participação de Estados importan-
tes, como os EUA.
A ONU é consequência direta da II Guerra Mundial e do interesse dos Estados 
que venceram o conflito em reorganizar o mundo em bases que evitassem novos conflitos 
armados, que incluíam: a promoção da dignidade humana e o respeito aos direitos funda-
mentais dos indivíduos; a igualdade entre as pessoas, os povos e os Estados; a promoção 
80UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
do progresso econômico e social; e a proibição do uso da força nas relações internacionais, 
a não ser no interesse comum da sociedade internacional.
As negociações voltadas à criação da ONU começaram antes mesmo do fim da II 
Guerra.
Em 01/01/1942, foi firmada a Declaração das Nações Unidas, documento que 
reunia Estados que combatiam o Eixo Alemanha-Itália-Japão. Em 1943, por ocasião da 
Conferência de Moscou, EUA, Reino Unido e União Soviética concluíram que a reorgani-
zação do mundo do pós-guerra deveria contar com o aporte de uma organização fundada 
na igualdade soberana entre os Estados e voltada prioritariamente à manutenção da paz. 
A proposta seria formatada por ocasião de reuniões em Dumbarton Oaks (EUA), 
em 1944, e em Yalta (na atual Ucrânia), em 1945, que serviram de base para a elaboração 
da Carta das Nações Unidas. 
O principal documento da ONU é a Carta das Nações Unidas (Carta da ONU), que 
é seu ato constitutivo e que define sua criação, seus objetivos, seus princípios e principais 
órgãos. Foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto n. 19.841, 
de 22 de outubro de 1945. 
Os propósitos da ONU foram estabelecidos no artigo 1 da Carta das Nações Unidas 
e são os seguintes:
• manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, cole-
tivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos 
de agressão ou qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e 
de conformidade com os princípios da justiça e do Direito Internacional, a 
um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a 
uma perturbação da paz;
• desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito 
ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, 
e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal;
• conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas in-
ternacionais de caráter económico, social, cultural ou humanitário, e para 
promover e estimularo respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;
• ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a conse-
cução desses objetivos comuns (BRASIL, 1945).
A ONU deve agir orientada pelos seguintes princípios (art. 2o da Carta da ONU) 
(BRASIL, 1945):
• todos os seus integrantes são iguais entre si;
• as obrigações decorrentes da Carta da ONU deverão ser cumpridas de 
boa fé;
• as controvérsias internacionais deverão ser solucionadas por meios 
pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a 
justiça internacionais;
81UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
• deverão ser evitadas, nas relações internacionais, a ameaça ou o uso 
da força contra a integridade territorial ou a independência política de 
qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os propósitos 
das Nações Unidas;
• os membros da ONU darão aos Estados toda assistência em qualquer 
ação a que eles recorrerem de acordo com a Carta da ONU e não darão 
auxílio a Estados contra os quais as Nações Unidas agirem de modo 
preventivo ou coercitivo;
• a ONU fará com que os Estados que não são membros das Nações Uni-
das ajam de acordo com seus princípios em tudo quanto for necessário à 
manutenção da paz e da segurança internacionais;
• a soberania nacional deverá ser respeitada, pelo que as Nações Unidas 
não estão autorizadas a intervirem em assuntos que dependam essencial-
mente da jurisdição de qualquer ente estatal nem a obrigar os membros 
da Organização a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos 
da presente Carta, sem prejuízo, porém, da possibilidade de ação contra 
Estados que representem ameaça à paz. Em outras palavras: a ONU 
não derrogou nem eliminou o princípio da não intervenção em assuntos 
internos dos Estados, mas o limitou, diante da necessidade de manter a 
paz e a segurança internacionais. (BRASIL, 1945)
As línguas oficiais da ONU são: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.
A ONU é dividida em diversos órgãos, sendo que os principais são: Assembleia 
Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, Secretariado, Conselho 
Econômico e Social e Organização Mundial do Comércio.
A Assembleia Geral das Nações Unidas é considerada o órgão mais democrático 
da ONU, justamente por ser composta de todos os membros da organização, cabendo a 
cada estado-membro o direito a apenas um voto. 
A Assembleia Geral reúne-se em sessões ordinárias, uma vez por ano, e em ses-
sões extraordinárias, quando as circunstâncias o exigirem. As sessões extraordinárias são 
convocadas pelo Secretário-Geral, a pedido do Conselho de Segurança ou da maioria dos 
estados-membros.
As decisões da Assembleia Geral são tomadas pela maioria simples dos membros 
presentes e votantes. Nas questões importantes, as decisões são tomadas por dois terços 
dos membros presentes e votantes.
Nos termos da Carta, as questões importantes abrangem: recomendações acerca 
da manutenção da paz e da segurança internacionais; eleição dos membros não perma-
nentes do Conselho de Segurança; eleição dos membros do Conselho Econômico e Social 
e do Conselho de Tutela; admissão de novos membros na organização; suspensão dos 
direitos e privilégios dos membros; expulsão destes; questões relativas ao funcionamento 
do sistema de tutela e questões orçamentárias. 
Suas decisões noutras questões, até mesmo a determinação de categorias adicio-
nais de assuntos a serem resolvidos por maioria de dois terços, são tomadas por maioria 
82UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
dos membros presentes e que votem. Deixará de ter voto na Assembleia o membro da 
organização que estiver em atraso no pagamento de sua contribuição financeira, se o total 
de suas contribuições atrasadas igualar ou exceder a soma das respectivas contribuições 
correspondentes aos dois anos anteriores completos. A Assembleia poderá, no entanto, 
permitir que o referido membro vote, caso fique provado que a falta é devida a condições 
independentes de sua vontade.
A Assembleia tem certas atribuições obrigatórias e outras facultativas. 
Entre as obrigatórias, que, na maioria dos casos, são privativas, figuram as seguin-
tes: a consideração e aprovação do orçamento da organização; a eleição dos membros não 
permanentes do Conselho de Segurança e dos membros do Conselho Econômico e Social 
e do Conselho de Tutela; a admissão de novos membros na organização; a suspensão 
e a expulsão destes; a nomeação do Secretário-Geral das Nações Unidas (estas quatro 
últimas atribuições devem ser precedidas de recomendação do Conselho de Segurança); a 
eleição, simultaneamente com o Conselho de Segurança, dos juízes da Corte Internacional 
de Justiça; a adoção de regras para as nomeações pelo Secretário-Geral, do pessoal do 
secretariado das Nações Unidas; o exame dos relatórios anuais do Conselho de Seguran-
ça, bem como dos relatórios dos outros órgãos das Nações Unidas; o estudo dos meios de 
promover a cooperação internacional, no terreno político, e a sua codificação, bem como 
dos meios de promover a cooperação internacional nos terrenos econômico, social, cultural, 
educacional e sanitário, e de favorecer o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades 
fundamentais, por parte de todos os povos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
As últimas atribuições são, geralmente, exercidas sob a autoridade da Assembleia, pelo 
Conselho Econômico e Social.
Entre as funções ou atribuições facultativas da Assembleia, indicam-se as seguin-
tes: discutir quaisquer questões ou assuntos que estejam no âmbito das finalidades da 
Carta das Nações Unidas ou se relacionem com as atribuições e funções de qualquer dos 
órgãos nela previstos; considerar os princípios gerais de cooperação na manutenção da paz 
e da segurança internacionais; discutir quaisquer questões relativas à manutenção da paz 
e da segurança internacionais que lhe forem submetidas por qualquer membro das Nações 
Unidas, ou pelo Conselho de Segurança, ou por um estado que não seja membro; solicitar 
a atenção do Conselho de Segurança para situações que possam constituir ameaça à paz 
e à segurança internacionais.
Enquanto, porém, o Conselho de Segurança estiver exercendo, em relação a 
qualquer controvérsia ou situação, as funções que lhe competem, a Assembleia não fará 
83UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
recomendação alguma a respeito de tal situação ou controvérsia a menos que o próprio 
Conselho a solicite.
Também é órgão da ONU o Conselho de Segurança, que foi criado para ser o órgão 
principal das Nações Unidas, compunha-se, inicialmente, de 11 membros, sendo 5 perma-
nentes (China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido e URSS) e 6 eleitos pela 
Assembleia Geral para um prazo de 2 anos e sem faculdade de reeleição para o período 
imediato. Em 1963, contudo, a composição do Conselho de Segurança foi modificada e 
passou a ter 10 membros não permanentes, além dos mesmos 5 membros permanentes.
Cada membro do Conselho tem apenas um representante e apenas um voto.
O Conselho reúne-se periodicamente, podendo fazê-lo fora da sede da organiza-
ção.
As decisões do Conselho são tomadas pelo voto afirmativo de nove dos seus 
membros, quando se trata de questões processuais, e pelo voto afirmativo de nove mem-
bros, com a inclusão, entre estes, de todos os membros permanentes em todos os outros 
assuntos.
Essa exigência do voto afirmativo de todos os membros permanentes do Conselho 
é o reconhecimento do chamado “direito de veto”, de qualquer deles contra a maioria, ou 
até a unanimidade dos demais. O uso abusivo do direito de veto paralisou durante longos 
anos o Conselho e acabou por enfraquecê-lo com o consequente fortalecimento da Assem-
bleia Geral, que passou a opinar naqueles assuntos em que o Conselho de Segurançanão 
conseguia alcançar uma solução.
Deve abster-se de votar o membro do Conselho que for parte numa controvérsia 
que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais ou numa contro-
vérsia de caráter local, a respeito da qual o Conselho deva tomar alguma resolução.
Qualquer membro das Nações Unidas que não for membro do Conselho poderá 
tomar parte, sem direito de voto, na discussão de qualquer questão submetida ao Conse-
lho, se este considerar que os interesses do referido membro se acham, especialmente, 
em jogo.
Analogamente, qualquer dos ditos membros ou qualquer estado que não pertença 
às Nações Unidas será convidado a participar, sem direito de voto, na discussão de qual-
quer controvérsia submetida ao Conselho, uma vez que seja parte em tal controvérsia.
Segundo o artigo 24 da Carta das Nações Unidas (BRASIL, 1945), os membros 
desta conferiram ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção 
84UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
da paz e da segurança internacionais e concordaram em que, no cumprimento dos deveres 
impostos por essa responsabilidade, o Conselho proceda em nome deles.
Entre as principais atribuições do Conselho de Segurança figuram as seguintes: 
convidar as partes em uma controvérsia e resolvê-la por algum meio pacífico; recomendar 
procedimentos ou métodos de solução adequados para controvérsias ou situações que 
possam constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais; determinar a existência 
de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão e fazer recomendações ou 
decidir medidas tendentes a manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais; 
dentre outros.
Outro órgão de extrema importância da ONU é a Corte Internacional de Justiça 
(CIJ) – é o resultado de décadas de sedimentação da ideia de órgão jurisdicional capaz de 
assegurar a solução de controvérsias entre Estados. 
Criada em 1945, a CIJ constitui o principal órgão judicial da Organização das 
Nações Unidas (ONU). Ela compõe, juntamente com a Assembleia Geral, o Conselho de 
Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Secretariado e o Conselho de Tutela, os seis 
principais órgãos da organização.
À semelhança da ONU, concebida com base na extinta Sociedade das Nações 
(SdN), a Corte Internacional de Justiça modelou-se a partir da, também extinta, Corte 
Permanente de Justiça Internacional (CPJI), que constituía órgão complementar da SdN, 
mas, diversamente da sensação de fracasso, que marca o fim da SdN, a Corte Perma-
nente de Justiça Internacional foi muito bem-sucedida em sua atuação. Tanto que gerou 
a dúvida, entre os representantes dos Estados, quando discutiam a criação da ONU, se a 
nova organização mundial que surgia deveria ou não manter a CPJI. No final, chegou-se 
à conclusão de que uma nova corte mundial deveria ser criada, condizente com o “novo 
mundo” do pós-guerra, com as novas superpotências e com as novas instituições de direito 
internacional.
Em reconhecimento ao monumental trabalho realizado pela CPJI, foi decidido que 
o projeto da nova Corte deveria ser ou a adaptação do Estatuto da CPJI, mantida em vigor 
com as modificações julgadas necessárias, ou novo Estatuto para cuja redação deveria 
servir de base o da CPJI. 
Esta última opção acabou por prevalecer: o Estatuto da CIJ é substancialmente 
idêntico ao da CPJI. No início dos trabalhos da Corte Internacional de Justiça, em 1946, as 
decisões e pareceres prolatados pela antiga CPIJ foram aceitos como precedentes da nova 
Corte. Em realidade, deve-se entender o esforço empreendido e o trabalho realizado não a 
85UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
partir de 1946, mas sim todo o respeitável conjunto de decisões e pareceres, desde 1922, 
quando teve início o trabalho da CPJI.
Não por coincidência, a Corte Internacional de Justiça encontra-se localizada no 
mesmo local onde outrora estava instalada a antiga CPIJ, no Palácio da Paz, na cidade de 
Haia, Países Baixos.
A base legal de funcionamento da CIJ está pautada pelo Capítulo XIV da Carta da 
ONU, pelo Estatuto da CIJ e pelas chamadas Regras da Corte – instrumento criado pela 
própria Corte, em 1978, para funcionar como espécie de código de processo.
O Estatuto da Corte é extenso, contendo 70 artigos, de tal modo que pareceu pre-
ferível não o inserir diretamente no corpo do texto da Carta da ONU. No entanto, o Estatuto 
da Corte é parte integrante da Carta da ONU, vale dizer, o estado que se torna Membro das 
Nações Unidas aceita integralmente o Estatuto da CIJ.
Estados não membros da ONU podem postular perante a CIJ, bastando, para tanto, 
que o estado em referência cumpra os requisitos exigidos pela Assembleia Geral, atuando 
esta mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
Assim, aos membros das Nações Unidas, a Corte estará aberta sem outras con-
dições. Aos outros estados estará aberta nas condições que o Conselho de Segurança 
determinar, ressalvadas as disposições especiais dos tratados vigentes. Em nenhum caso 
tais condições colocarão as partes em posição de desigualdade perante a Corte.
A CIJ é órgão permanente e sua composição é formada por quinze juízes de dife-
rentes nacionalidades. Os juízes são independentes, de ilibada moral e devem ser reco-
nhecidos como possuidores de competência na área de Direito Internacional. O mandato 
dura nove anos, com renovação de um terço a cada três anos. São eleitos pela Assembleia 
Geral e pelo Conselho de Segurança, que se preocupam com a representatividade das 
diversas civilizações e dos principais sistemas jurídicos mundiais.
Destaca-se ainda o Secretariado, que é o órgão administrativo da ONU, com sede 
em Nova Iorque, onde fica alocado o Secretário-Geral, que é eleito pela Assembleia Geral, 
por recomendação do Conselho de Segurança. Dentre as funções, merece destaque a que 
prevê que todo tratado firmado por estado-membro deverá ser registrado e publicado pelo 
Secretariado depois de sua entrada em vigor. 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) ocupa-se da matéria 
minuciosamente nos artigos 76 a 80.
Ainda como órgão, é função do Conselho Econômico e Social, que é composto 
por 54 Membros das Nações Unidas, cuja função primeira é a de realizar estudos e apre-
86UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
sentar relatórios acerca de assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, 
educacional, sanitário e conexos, sendo-lhe facultado fazer recomendações a respeito de 
tais assuntos à Assembleia Geral, aos membros das Nações Unidas e às entidades espe-
cializadas interessadas.
Ao órgão denominado Conselho de Tutela que, embora atualmente continue a 
existir, ante a ausência de Estados atualmente sob tutela, não tem atuação efetiva.
Por fim, destaca-se a Organização Mundial do Comércio, outro órgão da ONU, mas 
responsável por regulamentar o comércio internacional, monitorando a implementação de 
acordos em vigor, e fiscalizando a execução da política comercial dos membros da ONU. 
Tem também importante papel na solução de controvérsias que surjam entre os Estados 
referentes à área do comércio internacional.
87UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
4. DA TEORIA GERAL DOS MERCADOS REGIONAIS
Nas últimas décadas os Estados têm presenciado um significativo processo de 
internacionalização do direito acompanhado de uma interdependência global.
Estes fenômenos têm gerado cada vez mais uma integração maior entre os Esta-
dos, o que pode ser observado em diferentes aspectos.
Sobre o tema do presente tópico, um bloco econômico pode ser conceituado como 
uma união entre Estados com o objetivo de aumentar as trocas comerciais em determinada 
região, expandindo suas relações econômicas.
Muitos autores chamam esses blocos de mercados regionais.
São dois os caminhos de integração: um regionale outro global.
No plano regional, os Estados unem-se a outros Estados próximos, onde os avan-
ços na integração são facilitados por diferentes fatores, como, por exemplo, a proximidade 
geográfica, os interesses comuns e as facilidades de integração de estruturas de produção 
(VARELLA, 2019).
No plano global, a integração ocorre normalmente entre inúmeros Estados, sempre 
visando a criação de processos de integração que sejam comuns. 
Abordaremos neste tema alguns aspectos gerais relacionados aos mercados re-
gionais. 
Através dos sistemas regionais de integração, portanto, ocorre de aproximação 
entre Estados de uma região geográfica próxima para a criação de alianças. 
São reconhecidas pelo Direito Internacional cinco maneiras de integração: a) Zona 
de preferência tributária: os tributos são reduzidos entre os membros; b) Zona de livre co-
mércio: não há tributos para uma parte importante de produtos; c) União aduaneira: há uma 
88UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
tarifa externa comum; d) Mercado comum: livre circulação de pessoas e capitais; e) União 
econômico-monetária: integração da política monetária e econômica (VARELLA, 2019).
Através da zona de preferência tributária, os tributos cobrados sobre a importação 
de produtos dos Estados-partes são inferiores àqueles cobrados dos demais Estados. O 
objetivo é facilitar o comércio entre os Estados integrantes desta zona. É exemplo desta 
modalidade de integração a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), 
integrada pela maior parte dos países da América Central e do Sul, além do México. Entre 
os integrantes, não há incidência de tributos sobre o comércio de produtos originários dos 
Estados-partes, e as barreiras não alfandegárias (procedimentos para a livre circulação de 
riquezas) são reduzidas.
Nas zonas de livre comércio elimina-se a incidência de impostos sobre o comércio 
de produtos originários dos Estados-partes, acompanhada de uma redução de barreiras 
não alfandegárias.
Quando é formalizada uma união aduaneira, não ocorre a incidência de tributos 
para uma parcela importante do comércio intrazona sobre os produtos fabricados na região 
e, em relação à importação de produtos produzidos em outros Estados, existe uma tarifa 
externa comum. É o que ocorre atualmente com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), 
cujas características gerais apontam no sentido de formarem uma união aduaneira.
Quando estamos diante da formação de um mercado comum, além de incorporados 
os benefícios de uma união aduaneira, existe livre circulação de bens, serviços e fatores de 
produção, ou seja, há livre circulação de pessoas e de capitais entre os Estados-partes. A 
integração é maior porque os Estados devem aproximar suas políticas econômicas (mone-
tária e fiscal), com uma articulação entre os bancos centrais, os ministérios responsáveis 
pela economia e relações exteriores (VARELLA, 2019).
A integração mais avançada é a que constitui uma união econômica monetária, que 
engloba, além da livre circulação de bens, serviços e produção, uma política econômica e 
monetária integrada entre os Estados, uma moeda comum, como ocorre, por exemplo, com 
a União Europeia, único exemplo atualmente existente no mundo. 
Esses processos de integração regional são operacionalizados por tratados. Nos 
estágios mais avançados, prevê-se a criação de uma Organização Internacional, onde os 
Estados são chamados de membros. O Acordo Geral de Tarifas e Comércio prevê e estimula 
duas modalidades de integração regional: a união aduaneira e o acordo de livre comércio. 
As demais formas de integração são consideradas como acordos provisórios destinados a 
formar uma união aduaneira ou um acordo de livre comércio (MAZZUOLI, 2020).
Todos os tratados regionais de integração devem ser comunicados à Organização 
Mundial do Comércio, antes de sua entrada em vigor. Existem cerca de 400 tratados regio-
nais de integração registrados perante a Organização Mundial do Comércio (MAZZUOLI, 
2020).
89UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
O objetivo central da criação de um sistema regional integrado é o aumento do 
comércio entre os Estados participantes, o que normalmente ocorre justamente pelo fato 
de os integrantes se beneficiarem de alíquotas mais favoráveis para negociarem seus 
produtos. 
Embora prevaleça no Direito Internacional o Princípio da Nação mais favorecida, 
que prevê que o benefício concedido por um Estado a outro seja igualmente concedido aos 
demais Estados, quando ocorre uma União Aduaneira ou uma Zona de Livre Comércio, os 
Estados não precisam estender os benefícios aos Estados. Estamos diante, portanto, de 
uma exceção ao Princípio.
Destacam-se internacionalmente vários sistemas de integração regional. A título 
exemplificativo, trataremos de duas: União Europeia e Mercosul.
A União Europeia originou-se da Comunidade Europeia de Carvão e Aço (CECA), 
criada após a Segunda Guerra Mundial.
Através dela os Estados desenvolvem projetos de cooperação comuns em diversas 
áreas, como política externa, defesa coletiva, polícia e justiça, meio ambiente, a saúde 
pública, entre outros. 
Atualmente é considerada uma entidade supranacional, à medida em que os Esta-
dos-membros atribuem competência sobre novos temas, perdem a capacidade de legislar 
internamente sobre eles. Na prática, a atribuição de competências ao poder supranacio-
nal é maior em algumas áreas, como agricultura, pesca, política comercial, construção 
do mercado comum. Em outras, como educação, saúde e cultura, os Estados mantêm 
autonomia. Com o Tratado de Lisboa, criou-se oficialmente a expressão União Europeia. 
O exercício das competências da União rege-se pelo princípio da subsidiariedade, ou seja, 
mesmo quando os Estados-membros não outorgaram competências à União, esta pode 
agir quando os objetivos não podem ser alcançados de forma suficiente pelos Estados 
(MAZZUOLI, 2020).
Segundo Mazzuoli (2020, p. 904), integração comunitária desenvolve-se, assim, 
sobre três pilares principais:
• primeiro pilar: integração econômica, política, ambiental, cultural, sani-
tária, monetária e fiscal; • segundo pilar: política externa e segurança 
comum, com a coordenação das posições dos diversos Estados-mem-
bros nos foros internacionais, inclusive com a possibilidade de realizar 
missões de manutenção da paz e restauração da paz, com ou sem a 
ajuda de outras Organizações Internacionais (ONU e OTAN); • terceiro 
pilar: cooperação judiciária e policial. Estruturas administrativas comuns 
Um diferente conjunto de tratados europeus prevê as seguintes estrutu-
ras comuns: a) instituições tipicamente executivas: Conselho Europeu e 
Comissão Europeia; b) instituições tipicamente legislativas: Conselho da 
União Europeia e Parlamento Europeu; c) instituições tipicamente judi-
ciárias: Tribunal Geral, Tribunal da Função Pública, Tribunal de Justiça 
e Tribunal de Contas; d) instituições de participação da sociedade e das 
regiões: Comitê Econômico e Social Europeu e Comitê das Regiões; 
e) instituições financeiras: Banco Central Europeu, Banco Europeu de 
Investimentos.
90UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
Figura 1 - Membros da Comunidade Europeia
Fonte: autor
COMUNIDADE 
EUROPEIA
ALEMANHA
AUSTRIA
BÉLGICA
BULGÁRIA
CHIPRE
CROÁCIA
DINAMARCA
ESLOVÁQUIA
ESLOVÊNIA
ESPANHA
ESTÔNIA
FINLÂNDIA
FRANÇA
GRÉCIA
HOLANDA
HUNGRIA
IRLANDA
ITÁLIA
LETÔNIA
LITUÂNIA
LUXEMBURGO
MALTA
POLÔNIA
PORTUGAL
REPÚBLICA TCHECA
ROMÊNIA
SUÉCIA
91UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
O Mercosul foi criado em 1991, pelo Tratado de Assunção. Somente em 1995, com 
a entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto, os Estados decidiram criar a personalidade 
jurídica do Mercosul. Trata-se agora de uma Organização Internacional. 
O Mercosul tinha como membros originais Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. 
Em dezembro de 2005, houve a adesãoda Venezuela, suspensa desde dezembro de 
2016 por descumprimento das normas do bloco. A Colômbia, o Chile, o Equador, o Peru, a 
Guiana e o Suriname não são membros do Mercosul, mas mantêm acordos comerciais com 
o Mercosul para a redução tarifária em diversos setores por meio de Acordos de Comple-
mentação Econômica. A Bolívia está em processo de adesão ao Bloco. 
A integração regional do Mercosul é fundada no princípio da reciprocidade e incide 
sobre bens, serviços e capitais. 
Alguns instrumentos são utilizados pelo Mercosul para buscar um avanço na 
integração entre os Estados integrantes do bloco. Através de um programa de liberação 
comercial busca-se a redução de tarifas alfandegárias e a eliminação de tarifas não alfan-
degárias. Há também uma tentativa de que as políticas macroeconômicas dos membros 
do bloco sejam alinhadas. Além disso, busca-se a adoção de uma tarifa externa comum, 
além da celebração de acordos para melhorar os aspectos relacionados à produção dos 
membros do mercado regional. 
O Mercosul possuía a seguinte estrutura administrativa: a) foros de caráter execu-
tivo: o Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado Comum e a Secretaria Administra-
tiva; b) foros de caráter legislativo: o Parlamento do Mercosul; c) foros de caráter judiciário: 
o Tribunal arbitral ad hoc e o Tribunal Permanente de Revisão; d) foro de participação da 
sociedade: o foro consultivo econômico-social (MAZZUOLI, 2020).
No que tange à solução de controvérsias no Mercosul, cabe destacar que, com a 
assinatura do Protocolo de Olivos (de 18 de fevereiro de 2002), foi criada uma instância 
decisória permanente – o Tribunal Permanente de Revisão, cuja natureza é a de tribunal 
arbitral – com competência para decidir sobre a interpretação, aplicação e cumprimento das 
normas jurídicas do processo de integração. A competência contenciosa do Tribunal pode 
ser originária ou servir como instância recursal sobre questões decididas pelos Tribunais 
Arbitrais Ad Hoc; é também possível provocar o TPR no que tange à emissão de Opiniões 
Consultivas (MAZZUOLI, 2020).
92UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
Figura 2 - Mercosul
MEMBRO PLENO
BRASIL
ARGENTINA
PARAGUAI
URUGUAI
MEMBRO ASSO-
CIADO
CHILE
BOLÍVIA
PERU
EQUADOR
COLÔMBIA
GUIANA
SURINAME
PAÍS SUSPENSO 
(desde 2016)
 VENEZUELA
Fonte: o autor.
Além das citadas, exemplificativamente outras organizações regionais de repre-
sentativa importância estão o Conselho da Europa (CE), a Organização dos Estados 
Americanos (OEA), a União Africana (UA), o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio 
(NAFTA), a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e a Asia-Pacific Economic 
Cooperation (Apec). Uma das preocupações de tais organizações é, também, a promoção 
e proteção dos direitos humanos (MAZZUOLI, 2020).
93UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
SAIBA MAIS
Que tal aprofundarmos nossos estudos sobre um dos pontos abordados nesta unidade 
de ensino? A seguir deixo uma recomendação de leitura que irá enriquecer o apren-
dizado e reforçar o que foi estudado até aqui. O texto pode ser acessado no seguinte 
endereço eletrônico: http://geocrocetti.com/zeno/Textos/zeno_ONU.pdf
REFLITA
Você já parou para pensar como o Mercosul influencia a economia brasileira e, con-
sequentemente, a nossa vida? O grupo econômico regional denominado Mercosul, do 
qual o Brasil faz parte desde a fundação, tem uma importância relevante para as rela-
ções exteriores do Brasil. 
Para ajudá-lo(a) a refletir sobre o assunto, deixo uma indicação de leitura: https://meuar-
tigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/a-importancia-mercosul-para-brasil.htmr
http://geocrocetti.com/zeno/Textos/zeno_ONU.pdf
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/a-importancia-mercosul-para-brasil.htm
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/a-importancia-mercosul-para-brasil.htm
94UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da quarta e última unidade didática.
Neste material tivemos a oportunidade de compreendermos que sentenças pro-
feridas por tribunais de outros países podem, desde que cumpridos os requisitos legais, 
gerar efeitos dentro do nosso ordenamento jurídico. Para que isso ocorra, entretanto, há 
a necessidade da sentença estrangeira ser homologada, sendo essa homologação de 
competência do STJ.
Vimos ainda aspectos gerais relacionados às organizações internacionais, que hoje 
são consideradas sujeitos de Direito Internacional e cuja formação depende do consenso 
entre Estados. A personalidade jurídica internacional dessas organizações depende da 
vontade dos Estados, que é também quem atribui seu alcance, competência, estrutura de 
funcionamento e atuação. As organizações internacionais estão cada vez mais presentes 
no Direito Internacional e desempenham importante função nos mais diversos assuntos.
Analisamos, também, a ONU (Organização das Nações Unidas), a mais importante 
organização internacional, surgida por ocasião do fim da Segunda Guerra Mundial com o 
principal objetivo de manter a paz. Atualmente é uma organização de caráter mundial e se 
ocupa de inúmeros temas, como saúde, economia, meio ambiente, combate ao terrorismo 
dentre outros.
Por fim, traçamos um panorama geral sobre os mercados regionais, cuja atua-
ção, embora não tenha a amplitude da ONU, ter servido para desenvolver a economia e 
o comércio nas mais variadas regiões do planeta. Para ilustrar o papel desses mercados 
regionais, analisamos sucintamente a União Europeia e o Mercosul.
Espero que tenha aproveitado e foi um prazer te acompanhar nessa jornada. Novos 
desafios surgirão na sua vida, mas que com dedicação e afinco certamente serão supera-
dos.
Até a próxima. Abraços.
95UNIDADE IV Das Sentenças Estrangeiras e das Organizações Internacionais
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Organizações Internacionais.
Autor: João Mota de Campos (Coeditor).
Editora: Almedina.
Sinopse: A importância das organizações internacionais pode 
aferir-se pelo seu número, pela vastidão dos domínios em que 
atuam e até pelo número de funcionários que nelas servem: o 
Annuaire des Organizations Internationales recenseia cerca de 
400 organizações empregando mais de 100.000 agentes. Na ver-
dade, é fundamental o papel que as organizações internacionais 
desempenham - e julga-se que desempenharão cada vez mais 
- no quadro das relações entre os Estados e os Povos. Pode afoi-
tamente dizer-se que, em consonância com a interdependência 
crescente de uns e outros, todas as matérias em que a cooperação 
internacional é considerada útil constituem atualmente objeto de 
organizações especializadas. Por isso mesmo, todos aqueles que 
atuam no domínio das relações internacionais ou de algum modo 
se interessam pelo seu estudo sentem a necessidade de conhecer 
de perto as numerosas organizações que são hoje o instrumento 
privilegiado do relacionamento internacional.
FILME/VÍDEO
Título: Hotel Ruanda
Ano: 2004
Sinopse: Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte 
de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio 
dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em 
seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por 
Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles 
Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua 
coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o 
conflito.
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Jo%C3%A3o+Mota+de+Campos&text=Jo%C3%A3o+Mota+de+Campos&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks

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