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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO Y, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº ..., com sede na rua ..., bairro., cidade ..., estado ...., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu advogado constituído pelo instrumento de procuração anexo e que recebe intimações de foro geral em seu endereço profissional sito na rua..., com escritório situado na ...., bairro ..., na cidade de ..., com fundamento no art. 5º, LXX da Constituição da República Federativa do Brasil e na Lei n. 12.016 de 2009, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM PEDIDO LIMINAR em face do Ilustríssimo Senhor SECRETÁRIO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO ESTADO Y, (qualificar), o qual é vinculado à pessoa jurídica do Estado Y, pelos motivos que passará a expor DOS FATOS A autoridade coatora, visando a incentivar o aprimoramento profissional a certa categoria de servidores públicos, criou por meio de lei específica, uma tabela de referências salariais que previa o incremento de 10% entre as categorias, estando a mudança de referência baseada em critérios de antiguidade e merecimento. Foi definido que o pagamento do mencionado percentual seria feito em seis parcelas mensais e sucessivas, sendo certo de que todos os servidores que adquiriram todas as condições para o posicionamento na referência salarial subsequente já haviam recebido o pagamento de três parcelas quando sobreveio a edição de medida provisória revogando a sistemática estabelecida na lei. Em decorrência dessa revogação, no mês seguinte à edição da medida, o valor correspondente à quarta parcela foi indevidamente excluído da folha de pagamento, fazendo com que os servidores, então, requeressem à Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão a respectiva inserção na folha de pagamento, sob pena de submeter a questão ao Poder Judiciário. Instado a se manifestar, o secretário indeferiu o pedido, fundado nos seguintes argumentos: a) Em razão da revogação da lei, promovida por medida provisória, os servidores não mais teriam direito ao recebimento do percentual; b) Seria possível a alteração do regime remuneratório, em face da ausência de direito adquirido a regime jurídico, conforme já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal; c) Os servidores teria, na hipótese, mera expectativa de direito, e não, direito adquirido; d) Não cabe ao Poder Judiciário atuar em área própria do Poder Executivo e conceder o reajuste pleiteado, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da separação dos poderes. Diante da conduta ilegal da Autoridade Coatora, resta demonstrada a violação do direito líquido e certo da categoria de servidores, ora representada pelo Impetrante, que por isso vem ao Judiciário buscar a tutela de seus direitos. DO DIREITO Como se sabe, o mandado de segurança coletivo impetrado por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída, é destinado à “defesa dos interesses de seus membros ou associados”, a teor do que informa o art. 5º, LXX da Constituição Federal. A disponibilização de procedimento específico, com ênfase na celeridade, exige seleção dos processos a serem legitimamente definidos por esta via do mandamus através do preenchimento de determinadas condições como, por exemplo, a existência de direito líquido e certo, a subsidiariedade, caracterizada pela impossibilidade de utilização do habeas corpus e habeas data, bem como a ilegalidade ou abuso de poder atribuídos à Administração. Não pode o Judiciário se eximir de apreciar ameaça ou lesão a direito, como preceitua a Carta Magna no seu art. 5º, XXXV, vez que não estará intervindo no mérito administrativo, e sim apreciando-se, no mérito, a Administração respeitou princípios a ela impostos pelo art 37 da CRFB. In casu, não há dúvidas de que as alegações da autoridade coatora apresentadas como justificativa para negar o pagamento do restante das parcelas viola o direito líquido e certo dos servidores públicos, seja porque já haviam preenchido todas as condições para recebimento do percentual quando da revogação da lei, seja porque não existia mera expectativa de direito, mas sim direito adquirido à percepção da referida verba. De se lembrar que apenas aqueles que não tenham atingido todas as condições de incremento de 10% quando da revogação da lei é que poderia, ser alcançados pela medida provisória, já que, neste caso sim, poderia se falar em mera expectativa de direito de que trata a jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal. Nos termos do art. 5º, XXXVI da Constituição Federal, “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Descendo aos fatos da causa, é incontroversa a violação do direito adquirido dos servidores, que cumpriram as condições legais e fizeram jus ao incremento salarial. Prova incontestável desse fato está consubstanciada no recebimento pelos servidores de três das seis parcelas ajustadas para o pagamento. Assim, o que houve foi a incorporação do direito ao percentual, durante o período de vigência da lei, tendo sido apenas acordado o parcelamento da verba De se ter em conta que a medida viola igualmente o princípio da irredutibilidade dos subsídios disposto no art. 37, XV da Constituição, verbis: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I; Dessa forma, resta evidente o direito líquido e certo dos servidores ao recebimento das três últimas parcelas fixadas para o pagamento da tabela de referências salariais com incremento de 10% entre uma e outra referência. DO PEDIDO LIMINAR Conforme o art. 7º, III da Lei n. 12.016/09, ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida. Diante do exposto, vê-se que o fundamento da presente impetração é relevante e que encontra amparo no texto da Constituição, mais precisamente, no direito adquirido dos servidores de receber o restante das parcelas acordadas, tudo a justificar a plausibilidade do direito invocado e, por consequência, do requisito do fumus boni iuris. De igual modo, há periculum in mora no fato de que as parcelas representam verba de natureza alimentar, fonte única de subsistência dos servidores públicos. Assim, presentes os requisitos, pode a Vossa Excelência que, LIMINARMENTE, assegure à categoria de servidores representada pelo Impetrante o direito ao recebimento das três últimas parcelas fixadas para o pagamento da tabela de referências salariais com incremento de 10% entre uma e outra referência. DO PEDIDO Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que se digne a: a) conceder, inaudita altera pars, a medida liminar a fim de assegurar à categoria de servidores representada pelo Impetrante o direito ao recebimento das três últimas parcelas fixadas para o pagamento da tabela de referências salariais com incremento de 10% entre uma e outra referência, conforme artigo 7º, III da Lei n. 12.016/09; b) notificar a autoridade coatora do conteúdo da presente petição inicial, nos termos do artigo 7º, I da Lei n. 12.016/09; c) dar ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, conforme o artigo 7º, II da Lei n. 12.016/09; d) intimar o Ministério Público para apresentação de parecer, na qualidade de custos legis, conforme O art. 12 da Lei n. 12.016/09; e) conceder a segurança, tornando definitiva a medida liminar com a obrigação do pagamento das três últimas parcelas fixadas para o pagamentoda tabela de referências salariais. VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ … Termos em que pede deferimento. Local..., dia ..., mês ..., ano ... Advogado, OAB nº .... DO CABIMENTO DO RECURSO O artigo 102, II, A da CF/88 indica que cabe ao STF julgar em Recurso Ordinário Constitucional, quando for denegada a decisão proferida em Mandado de Segurança. Estão presentes os requisitos de admissibilidade e o procedimento no juízo de origem nos termos do artigo 540 do CPC. A sentença recorrida foi publicada no DOU em 13/4/2009. Está indicada a tempestividade do presente recurso. DA FUNDAMENTAÇÃO O artigo 149 da lei 8.112 estabelece que o processo disciplinar será conduzido por comissão composta de 3 servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto no parágrafo 3º do artigo 143 da lei 8.112, que indicará, dentre seus membros, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. Tal artigo 149 da lei 8.112 foi violado nesse caso concreto, porque a comissão encarregada do processo disciplinar do recorrente não possuía 3 (três) servidores estáveis designados pela administração pública. É notório que nesta comissão estava presente o servidor Cássio, servidor público não concursado, que exerce, desde 20/06/2000, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Portanto, este membro da comissão não tem estabilidade prevista no artigo 41 da CRFB/88. O artigo 41 da CRFB/88 estabelece que são estáveis após 3 (três) anos de efetivo exercício profissional, os servidores públicos nomeados para cargo de provimento em virtude de concurso público. Deste modo, há um defeito na composição da comissão processante dentro do órgão da administração pública. Isso indica um vício de regularidade formal do procedimento disciplinar neste caso concreto. O artigo 143, parágrafo 3º da lei 8.112 expressa que a apuração de irregularidade mediante processo administrativo disciplinar para solicitação de autoridade competente poderá ser promovida por órgão da administração pública ou por entidade diferente daquele órgão que tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário. DO MÉRITO Trata -se de ação popular ajuizada por José... em face do Presidente do Banco X e da Empresa W perante o Juízo de 1a instância da capital do Estado Y. Com fundamento na recente Lei n. 1.234, do Estado Y, que exclui as entidades de direito privado da Administração Pública do dever de licitar, o banco X (empresa pública daquele Estado) realizou a contratação direta de uma empresa de informática a Empresa W para atualizar os sistemas do banco. O caso veio a público após a revelação de que a empresa contratada pertence ao filho do presidente do banco e que esta nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado, do que vem sendo praticado por outras empresas. O recorrente pleiteou em primeira instância a declaração de invalidade do ato de contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao art. 1o, parágrafo único da Lei n. 8.666/1993 (norma geral sobre licitação e contratos) e a diversos princípios constitucionais. A sentença, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado na petição inicial, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais invocados. Pelo, ora recorrente, foi interposto recurso de apelação, ao qual foi negado provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. Após interpostos os embargos declaratórios que foram rejeitados, o recorrente não viu outra saída senão a interposição do presente recurso. Diante dos fatos, resta cristalino que o v. acórdão não julgou consoante o entendimento dos Tribunais Superiores, pois de acordo com o demonstrado no curso da ação, a Lei no 1234, editada pelo Estado Y viola frontalmente o texto constitucional no que se refere aos princípios basilares da administração pública, bem como ultrapassou os limites da competência do estado. A doutrina esclarece quanto à matéria: ?...caberá recurso extraordinário contra acórdão que julgar válida lei local contestada em face de lei federal. É que, nesse caso, a controvérsia que se põe não concerne meramente à legislação infraconstitucional. Em verdade, a disputa diz respeito à distribuição constitucional de competência para legislar: se a lei local está sendo contestada em face de lei federal, é porque se sustenta que ela tratou de matéria que, por determinação constitucional, haveria de ser disciplinada pelo legislador federal? (RECURSOS AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO José Miguel Garcia Medina Tereza Arruda Alvim Wambier editora Revista dos Tribunais 2008 pág.214.) É, pois, flagrante a violação ao princípio da legalidade previsto no art. 37, caput, da CRFB/88, pois a lei 8.666/93, lei de Licitações, é a competente para dispor sobre licitação e contratos, bem como suas dispensas no âmbito da administração. Foram vilipendiados também os princípios da moralidade e impessoalidade constantes do artigo 37, caput da Carta Magna, pois com a contratação da empresa W, sem experiência técnica no setor, de propriedade do filho do presidente do Banco, com dispensa de licitação tornou evidente a gravidade dos atos praticados. Acrescenta se que o custo do serviço contratado foi bem superior ao valor de mercado. A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro é majoritária no mesmo sentido de condenar violações aos princípios da administração pública: 0010138 11.2012.8.19.0031 ? APELAÇÃO Des. marcia alvarenga julgamento: 06/08/2014 decima sétima câmara cível. Apelação cível. ação civil pública. improbidade administrativa. hipótese de violação dos princípios da economicidade, moralidade e legalidade. sobrepreço praticado em licitação. dano ao erário demostrado através do relatório do tce/rj que considerou ilegal o contrato celebrado entre o apelante na qualidade de prefeito do município de maricá e a empresa rsi de maricá comércio de produtos alimentícios ltda.constatação do sobrepreço praticado em licitação, cujo objeto era a aquisição de gêneros alimentícios para o 1o semestre de 2008, em atendimento ao programa municipal de ensino incluindo se jovens e adultos e projeto guarda mirins, para atendimento de 100 dias letivos, em que foi verificado, através do voto prolatado no processo no 242.928 0/08, pelo tce/rj, a ocorrência do dano ao erário público. recurso de apelação a que se nega provimento. Ademais, a Lei no. 1234 ao ser editada contraria dispositivo constitucional. O art. 22, inciso XXVII estabelece competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de licitação acabou por ferir a competência exclusiva da União, com usurpação da competência. Assim, na esteira dos fundamentos acima expostos, aguarda o recorrente o provimento do presente recurso, como medida da mais lídima Justiça! DOS PEDIDOS: Diante do exposto requeiro aos Nobres Julgadores que o presente recurso extraordinário seja CONHECIDO e PROVIDO, a fim de que seja reformado o Venerando Acórdão no sentido de invalidar o ato de contratação entre os requeridos, condenados ao pagamento de perdas e danos ao erário, pelos prejuízos causados. Nestes termos, pede e espera deferimento. Local e data Advogado/Nº da OAB
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