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UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 1 SUMÁRIO 2UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Objetivo(s): • Discutir o processo de construção do Projeto Político Pedagógico; • Examinar a importância do Projeto Político Pedagógico no processo de ensino e aprendizagem na gestão democrática da escola; • Explicar a importância do Projeto Político Pedagógico e o seu diálogo com a realidade local; • Discutir a importância da diversidade no processo de ensino e aprendizagem. AULA 4 UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 2 CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM Olá, Prezado(a) Aluno(a)! Na Aula anterior, compreendemos sobre as tendências pedagógicas e sua influência no processo escolar. Vimos que as principais tendências pedagógicas se dividem em dois grandes grupos: pedagogias liberais e progressistas. Nesta Aula 4, vamos discutir sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) e sua importância para a educação nacional. Compreenderemos que ele consiste em um instrumento norteador de todas as ações que são realizadas no contexto escolar. Você conhece e sabe como é produzido o PPP? Além disso, será proposta uma reflexão sobre a diversidade no cotidiano escolar, dessa maneira, conheceremos os diferentes sujeitos que formam a escola e de que modo a organização pedagógica deve ser organizada para se pensar essa diversidade. Você verá que Projeto Político Pedagógico e diversidade estão intrinsecamente atrelados, na medida em que o PPP deve ser construído de modo a atender as especificidades e demandas escolares. A escola não é única e igual em todas as localidades, ela é diversa, apresentando sujeitos variados e pertencentes a diferentes contextos sociais. Por isso, o tema da diversidade é urgente e necessário para compreender a escola na atualidade e, nesta Aula, vamos compreender melhor esse processo. Vamos começar!? Bons estudos! AULA 4 - PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E A DIVERSIDADE NA ESCOLA UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 3 Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você estudará na Aula, bem como entender a inter-relação entre eles, é importante que se atente para o Mapa Mental, apresentado a seguir: MAPA MENTAL PANORÂMICO DEFININDO O PPP QUAIS DIVERSIDADES EXISTEM NA ESCOLA? PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PPP PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E DIVERSIDADE NA ESCOLA CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DIVERSIDADE E ENSINO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 4 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E DIVERSIDADE NA ESCOLA 1. CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento construído pela comunidade escolar com o objetivo de direcionar todas as ações realizadas na escola. Trata-se de um documento que deve estar em constante atualização para dialogar e atender às novas demandas apresentadas pela instituição escolar. A construção desse documento deve envolver toda a comunidade escolar, pois, assim, é possível identificar as necessidades desses sujeitos para consolidar um processo educativo que seja capaz de preencher as lacunas identificadas pela comunidade e fortalecer um processo educativo que forme sujeitos críticos e reflexivos. Não raramente encontramos uma atualidade escolar que constrói o Projeto Político Pedagógico apenas para cumprir uma demanda obrigatória das secretarias de educação. Contudo, o PPP não deve ser tratado apenas como um documento formal que deve ser construído, mas sim como um documento que oriente o trabalho escolar. Certamente, conversando com profissionais da educação, você receberá a informação de que, em muitos casos, esse documento acaba não sendo acessível ou nem mesmo a sua construção é democrática. Por vezes, elabora-se o PPP apenas para cumprir uma demanda e, posteriormente, ele fica guardado em alguma gaveta da instituição, tornando-se um documento sem uso no cotidiano da escola. Veiga (1995) destaca que: Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos diante, com base no que temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente [...]. O projeto Você sabia que os estudos no campo da psicologia são essências para que possamos conhecer as tendências pedagógicas? Ao construir o Projeto Político Pedagógico, a comunidade escolar elege uma corrente pedagógica para nortear as ações que devem ser realizadas na escola. Essas tendências são desenvolvidas a partir do processo de aprendizagem dos estudantes. Compreender a diversidade de concepções requer uma interdisciplinaridade dos saberes para se garantir que os estudantes tenham acesso a uma educação que seja de fato integral. CONECTANDO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 5 vai além de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo na escola (VEIGA, 1995, p.12). Veiga (1995) destaca que o PPP não deve ser construído para atender uma demanda obrigatória e, depois, ser arquivado. Esse processo não é apenas errôneo, mas também preocupante. É preciso que o PPP seja construído por todos, de forma democrática e esteja sempre acessível a toda a comunidade escolar, que deve ter autonomia para construir novas abordagens e propor mudanças ao documento. 1.1 DEFININDO O PPP O Projeto Político Pedagógico é um documento obrigatório para todas as escolas brasileiras, públicas ou privadas. Trata-se de um instrumento norteador da organização pedagógica da escola. Suas ações envolvem não apenas a seleção de tarefas e atividades a serem realizadas ao longo do ano letivo, mas também as ações para resolução de problemas que permeiam o contexto escolar. O PPP tem o objetivo de organizar o trabalho pedagógico da escola e de avaliar se os caminhos planejados têm obtido sucesso ou se é preciso readequar o que, inicialmente, havia sido planejando, sempre respeitando as decisões da comunidade escolar. Veiga (1995) destaca que: A escola é um lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, uma vez que precisa organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos. Nessa perspectiva, é fundamental que ela assuma suas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas superiores tomem essa iniciativa, mas que lhe deem as condições necessárias para levá-la adiante (VEIGA, 1995, p. 11-12). Os desafios presentes na escola são enormes e não se limitam apenas ao processo de FIQUE ATENTO!! O PPP precisa sair da perspectiva de ser apenas um documento para cumprir uma legislação e tornar-se, de fato, um instrumento que direciona as ações que ocorrem no ambiente da escola. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 6 aprendizagem ou à indisciplina, eles perpassam por todos os sujeitos envolvidos na escola. E, como destaca Veiga (1995), é preciso que a escola assuma a responsabilidade de conduzir o processo educativo de maneira eficiente e com qualidade. A autora destaca que é responsabilidade das esferas administrativas superiores garantir que a escola tenha as condições necessárias para colocar seus projetos em prática, pois, sem a base necessária para esse processo, a escola não terá condições de promover uma educação de qualidade para seus estudantes. Uma instituição de qualidade exige mais do que boa vontade dos docentes, é preciso que haja estrutura física, administrativa e intelectual para possibilitar que a escola seja, de fato, transformadora da realidade. Isso exige boas bibliotecas, merenda de qualidade, material disponívelpara uso dos estudantes e professores, além de pessoal para organizar merendas, entrada e saída da escola, conservação, entre outros. Podemos perceber, desse modo, que o PPP é a organização teórica da escola, mas que, para ser posto em prática, é preciso que seja garantida toda a estrutura necessária, sem os equipamentos básicos para atuação, o PPP estará fadado ao fracasso. 1.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PPP O Projeto Político Pedagógico deve nortear todas as ações desenvolvidas pela escola ao longo do ano letivo, além de avaliar se as decisões tomadas têm sido realizadas com qualidade ou se é preciso novas intervenções para garantir a qualidade do processo educativo. Diante desse propósito, o PPP apresenta alguns princípios norteadores que devem ser desenvolvidos em sua construção e avaliação a fim de verificar se as demandas da escola têm sido de fato atendidas. Observe a Figura 1, a seguir, que trata dos princípios norteadores: UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 7 Figura 1: Princípios Norteadores PPP Fonte: Elaborada pela autora. A partir da análise desse organograma, podemos perceber que existem cinco princípios que norteiam o Projeto Político Pedagógico na escola. São eles: igualdade, qualidade, gestão democrática, liberdade e valorização do magistério. Considera-se que todos esses princípios são fundamentais para a consolidação de uma escola que seja capaz de formar cidadãos de direitos, conscientes do seu papel na sociedade e construtores de uma sociedade ética, justa e democrática. Nota-se que o PPP se estrutura não apenas por direitos e deveres dos educandos, mas de toda a comunidade, visando formar as novas mentes da sociedade. Ao defender a liberdade como um princípio do PPP, Veiga (1995) compreende que a igualdade de acesso e a permanência devem ser um direito de todos os estudantes. Muitas vezes o que observamos é que os alunos, por diferentes motivos, têm problemas para permanecer na escola. Durante muitos anos, essa permanência esteve relacionada a fatores como alimentação, transporte, falta de condições para adquirir materiais e uniformes escolares. Contudo, as legislações recentes têm ofertado esses serviços e acessos gratuitos para permitir que todos os estudantes tenham condições de ingressar e permanecer na escola. É preciso que os estudantes tenham acesso a essa estrutura para que, de fato, possam competir em igualdade. Veiga (1995) também destaca que a qualidade deve ser básica na educação, não apresentando diferenças entre os grupos sociais. Garantir uma educação de qualidade para UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 8 todos os estudantes é possibilitar que eles possam percorrer caminhos de sucesso ao longo de sua vida. A autora compreende que: A qualidade que se busca implica duas dimensões indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas próprias. A primeira enfatiza os instrumentos e os métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita, necessariamente, a conteúdos determinados. [...] A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as maneiras possíveis a repetição e a evasão. Tem que garantir a meta qualitativa do desenvolvimento satisfatório de todos. Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa de acesso global (VEIGA, 1995, p. 16-17). Nota-se que a qualidade não é mero cumprimento de números e dados de aprovação de estudantes. É preciso que a educação ofertada seja capaz de atender a todos e garantir que os estudantes possam entrar e permanecer na escola apoiados em um processo educativo qualitativo, que os permita passar pela escola de maneira satisfatória e concluir os seus estudos com sucesso. Observando os dados quantitativos que exploram apenas a quantidade de alunos formados, por exemplo, não nos permite inferir se aqueles estudantes alcançaram, de fato, um processo formativo de qualidade e estão saindo da escola aptos para a sociedade, o que atenderia as competências e habilidades estabelecidas pela legislação vigente. Somente uma análise qualitativa nos permite compreender a qualidade que tem sido ofertada nas escolas. A partir desses dados, poderemos saber se o Projeto Político Pedagógico tem alcançado sucesso nas escolas e se estão garantindo a qualidade da educação. Outro princípio norteador do Projeto Político Pedagógico diz respeito à gestão democrática. Essa tem sido a palavra em voga na legislação educacional brasileira, nos últimos anos. É preciso consolidar um projeto educacional que seja capaz de envolver toda a comunidade, em uma ação coletiva contínua, criando e avaliando todo o processo educativo. A gestão democrática deve ser fomentada por meio de eleições dos diretores e vice-diretores escolares, garantindo a comunidade o direito de escolher por aqueles sujeitos que melhor atendem suas expectativas quanto à condução da escola. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 9 A gestão democrática, contudo, não se limita às eleições, é preciso que todo o processo escolar seja conduzido de maneira participativa e transparente. Alunos, professores, coordenação, serviços gerais, direção, pais, responsáveis e toda a comunidade escolar são responsáveis pela escola e pela garantia de sucesso. Assim, é imprescindível a participação de todos esses sujeitos na escola. Veiga (1995) ressalta que: Gestão democrática é um princípio consagrado pela Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógicas, administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das questões de exclusão e reprovação e da não permanência do aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização das classes populares. Esse compromisso implica a construção coletiva de um projeto político pedagógico ligado à educação das classes populares (VEIGA, 1995, p. 17-18). Conforme aponta a autora, a gestão democrática exige um rompimento de tradições, pois nos habituamos a um modelo pedagógico de gestão na qual a direção era vista quase que como a dona da escola, conduzindo o processo educativo a partir de princípios individuais em vez de coletivo. Nos últimos anos, esse cenário tem se modificado e os gestores passaram a ser concebidos como aqueles responsáveis por conduzir os desejos e anseios da comunidade, e não por suas próprias ideias. De modo geral, podemos dizer que os funcionários da escola estão a serviço da comunidade, buscando promover o processo educativo com qualidade. É nesse sentido que Veiga (1995) aduz que: A gestão democrática implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula a dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais a escola é mera executora (VEIGA, 1995, p. 18). Se antes todas as decisões estavam concentradas nas mãos dos diretores escolares, hoje, As eleições para direção escolar envolvem a escolha da direção e vice direção. Alunos, professores e funcionários elegem, por meio do voto secreto, aquela chapa que tem o intuito de atender seus anseios e expectativas sobre o contexto educacional. VOCÊ SABIA? UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 10 esse processo é bem diferente. Todas as escolas contam com um colegiado escolar, eleito de forma democrática por toda a comunidade. As decisões da escola devem perpassar por esse conselho, bem como a prestação de contas. Ao destacar que essa mudança implica na socialização do poder, Veiga (1995) nos remete ao cenário em que todas as decisões ficavam concentradas nas mãos de umúnico sujeito: o gestor. Esse modelo não partilhava o poder, mas o mantinha concentrado nas mãos de poucos sujeitos dentro da escola. Com a gestão democrática, todos têm a oportunidade de participar desse processo e, inseridos na tomada de decisões, os sujeitos constroem outras relações com a escola, considerando-a como uma instituição pertencente à comunidade. A liberdade também é um princípio norteador do Projeto Político Pedagógico. Ela permite que os diferentes sujeitos que estão envolvidos no processo educativo possam expor sua opinião, ouvir o ponto de vista dos outros e, assim, todos, juntos, podem refletir sobre a escola e buscar ações de enfrentamento aos problemas cotidianos. Veiga (1995) pontua que: O princípio de liberdade está sempre associado à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios sujeitos da ação educativa, sem imposições externas. [...] Por isso, a liberdade deve ser considerada, também, como liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente (VEIGA, 1995, p. 18-19). Ao destacar a liberdade não apenas como um processo de autonomia, mas também como liberdade para a criação e divulgação do saber, podemos notar que o princípio que orienta a elaboração do Projeto Político Pedagógico visa propiciar que todos os envolvidos no processo educativo possam, de fato, participar do processo educativo com liberdade para expor suas ideias e motivações. A valorização do magistério é outro princípio fundamental do Projeto Político Pedagógico. O docente consiste em uma das peças essenciais para o sucesso do projeto educativo, visto que ele é quem atua diretamente no processo de aprendizagem do estudante e é capaz de identificar os problemas que perpassam por esse planejamento. Valorizar o docente significa valorizar toda a educação. Essa valorização não se resume a bons salários, mas perpassa por diferentes questões que envolvem a prática pedagógica, como bem sintetiza Veiga (1995): UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 11 A qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, política e cultural do país relaciona-se estreitamente à formação (inicial e continuada), às condições de trabalho (recursos didáticos, recursos físicos e materiais, à dedicação integral à escola, à redução do número de alunos na sala de aula, etc.), à remuneração, aos elementos esses indispensáveis à profissionalização do magistério (VEIGA, 1995, p. 19-20). A partir dos apontamentos da autora, podemos perceber que a valorização docente perpassa pelo processo de formação, inicial e continuada, ou seja, é preciso que o docente seja formado em um curso superior e que siga estudando. A atualização docente permite que o mesmo esteja mais próximo das novas teorias e tecnologias educacionais desenvolvidas com a finalidade de favorecer o processo de aprendizagem. Nesse sentido, percebe-se que o professor que segue estudante poderá ofertar uma aula com mais qualidade para seus alunos. Veiga (1995) argumenta que: A melhoria da qualidade da formação profissional e a valorização do trabalho pedagógico requerem a articulação entre instituições formadoras, no caso as instituições de ensino superior e a Escola Normal, e as agências empregadoras, ou seja, a própria rede de ensino. A formação profissional implica, também, a indissociabilidade entre formação inicial e continuada (VEIGA, 1995, p. 20). O acesso a bons materiais, livros, projetores, computadores, entre outros, possibilita que o professor possa construir aulas mais atualizadas e significativas para os estudantes a partir de diferentes ferramentas. Entretanto, um outro problema que se registra na docência brasileira são os baixos salários, fazendo com que o professor precise trabalhar em mais de um turno para conseguir ganhar um salário melhor. Essa carga horária dobrada impede que o docente possa se dedicar exclusivamente a um grupo de estudantes. A educação continuada deve ser entendida como todos os cursos e as formações que o professor realiza ao longo da sua carreira docente, como cursos de extensão, atualização, especialização, mestrado, doutorado, entre outros. Cada um desses cursos colabora para que o docente esteja mais preparado para o exercício da sua profissão. EXEMPLIFICANDO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 12 Cansado e sem valorização, o docente, não raramente, promove um processo educativo com pouco entusiasmo pedagógico e acaba por reproduzir modelos educativos tradicionais que não são capazes de despertar o interesse dos estudantes para o processo educativo. Com esses apontamentos, concluímos nossas reflexões sobre os princípios norteadores do Projeto Político Pedagógico. A partir dos conceitos aqui trabalhados, podemos observar que a educação brasileira carece de um longo processo de reorganização que necessita romper com as tradições que ainda perpassam pela prática educativa. 2. DIVERSIDADE E ENSINO Atualmente, a escola brasileira é composta por uma grande diversidade de sujeitos. Mas nem sempre esse cenário foi assim. Já houve tempos em que o ensino médio, por exemplo, não fazia parte da educação básica. Nesse cenário, apenas aqueles que podiam pagar pela educação privada acessaram o ensino médio. Com a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, homologada em 1996 (BRASIL, 1996), registramos significativas mudanças na educação nacional. Saímos de um cenário do regime militar, em que os cidadãos não tinham direito à participação política e nos inserimos em um período democrático, no qual a educação passou a ser concebida como um instrumento de transformação social. O ensino médio corresponde à fase final da educação básica e prepara o estudante para o trabalho e o exercício da cidadania. Sua obrigatoriedade é recente e fomentou uma série de mudanças na educação brasileira. Antes da exigência do ensino médio, era comum encontrar pessoas que estudaram apenas até a antiga 8ª série. Hoje, essa realidade é bem diferente. A formação estende-se dos 4 aos 17 anos de idade. Essa ampliação possibilitou que muitas crianças e jovens, antes excluídos do processo educativo, pudessem entrar e permanecer na escola, o que gerou o aumento da diversidade. As leis brasileiras estão sempre em atualização buscando melhorar a qualidade do ensino no país. A legislação mais recente no campo da educação, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), define uma base curricular para a educação nacional. Nesse documento encontramos as orientações dos 0 aos 17 anos. Clique aqui e conheça o documento. Acesso em: 14 jul. 2020. saiba mais! http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 13 Esse cenário de mudanças resultou não apenas na inserção de novos sujeitos na escola, mas também na ampliação da diversidade que perpassa pela escola. Se antes somente quem tinha condições, poderia pagar a escola, agora, todos têm direito a ela e isso implica na ampliação da diversidade em seu contexto. 2.1 QUAIS DIVERSIDADES EXISTEM NA ESCOLA? A escola é formada por diferentes sujeitos que vão desde alunos, professores, gestores até porteiros, cantineiras, secretárias, familiares, entre outros sujeitos. Todas essas pessoas formam uma grande diversidade. Cada uma delas com suas histórias e experiências dão origem a uma grande pluralidade. E esta pode se apresentar de diferentes maneiras e, não raramente, torna-se alvos das diversas manifestações de preconceito,intolerância e violência. Por isso, conhecer e valorizar a multiplicidade de sujeitos é fundamental para a construção de relações harmoniosas e cidadãs no ambiente escolar e em toda a sociedade. A Figura 2, a seguir, apresenta as principais diversidades que podemos verificar na educação brasileira. Cabe à comunidade escolar construir um processo de ensino e aprendizagem que seja capaz de incluir toda essa pluralidade em um projeto educacional democrático e inclusivo. Figura 2: Diversidade na escola Fonte: Elaborada pela autora. Nos últimos anos, a educação brasileira registrou uma série de mudanças na legislação nacional visando atender à diversidade presente em nossa sociedade. Exemplo disso são as UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 14 Lei 10.639/03 (BRASIL, 2003) e 11.645/08 (BRASIL, 2008) que obrigam, respectivamente, o estudo da história e cultura africana e afro-brasileira e o estudo da história dos povos indígenas, ambas as leis abrangem todo o território nacional. Nota-se que o estudo da cultura desses povos visa promover um processo educativo que tenha acesso a outras histórias sobre esses povos, não se limitando às narrativas tradicionais, que são relatadas sob a ótica do colonizador, e não dos povos explorados. Conhecer outras histórias sobre a dominação colonial no Brasil e o processo de escravidão favorece o conhecimento e a resistência desses povos. Além disso, colabora para o combate ao racismo, uma vez que, a partir do momento em que se tem acesso ao conhecimento, espera-se que os sujeitos construam atitudes cidadãs, éticas e democráticas de convivência. A diversidade de gênero também está presente no contexto escolar. Alunos, professores e toda a comunidade escolar apresentam orientações sexuais distintas. Os dados revelam que a violência de gênero no Brasil atinge diferentes camadas sociais. A profissão docente majoritariamente feminina lida com essas questões cotidianamente na vida pública e privada. Cabe não apenas ao professor, mas a toda a comunidade escolar promover distintos momentos de reflexão dessas mazelas a fim de combater todas as formas de violência e opressão presentes em nossa sociedade. A diversidade religiosa também se faz presente no cotidiano escolar. Cada pessoa possui uma orientação religiosa a ser zelada e respeitada por todas as pessoas. No Brasil, o estado é laico, ou seja, todos os cidadãos podem ter a religião que desejar. Somos livres. Contudo, essa liberdade religiosa nem sempre é respeitada. Frequentemente, são registrados diferentes casos de violência e intolerância religiosa, ademais, as religiões de matriz africana são as mais atacadas em nossa sociedade. Nesse sentido, é importante que o poder público e toda a sociedade busquem maneiras de erradicar esse problema e possibilite o exercício da fé sem discriminação. A região em que o estudante vive e suas condições econômicas também são vetores que revelam as desigualdades na escola. Os alunos da educação brasileira são oriundos de diversos tipos de moradias e localidades. Há quem vive no campo, no quilombo, nas periferias, nos bairros nobres, entre outros. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 15 RECAPITULANDO Nessa Aula, tivemos a oportunidade de conhecer o Projeto Político Pedagógico da escola sob uma perspectiva atualizada, destacando os sujeitos que envolvem sua construção e como seus princípios se articulam com o projeto educacional que ansiamos para a educação brasileira. Verificamos também que a gestão democrática, bem como a formação dos professores, a liberdade, a qualidade e a igualdade são condições indispensáveis ao sucesso educacional. Sem atender e garantir essa estrutura básica, o projeto educacional das escolas estará comprometido. Por fim, destacamos a presença da diversidade na escola e a importância de se pensar esse cenário para a construção e consolidação de uma instituição que seja capaz de formar as novas mentes cidadãs do nosso país. Na próxima Aula, vamos trazer para discussão o processo de formação de professores, buscando compreender como a formação docente é importante para se consolidar profissionais aptos a construir metodologias e estratégias de ensino na escola. Bons estudos e até lá! FIQUE ATENTO!! Essa diversidade revela que a escola não pode ser única e nem a sua forma de ensinar. É preciso dialogar com o público em que ela está inserida, permitindo que a comunidade escolar construa seu próprio projeto político pedagógico, fortalecendo a justiça, a igualdade e a inclusão de todos os cidadãos brasileiros. Após essa Aula, você consegue perceber a importância do Projeto Político Pedagógico para o sucesso do projeto escolar? É capaz de compreender as diversidades presentes na escola atualmente? Caso você consiga responder essas questões, parabéns! Você atingiu os objetivos específicos da Aula 4! Caso você tenha dificuldades em responder algumas delas, aproveite para reler o conteúdo da Aula, acessar o UNIARAXÁ Virtual e interagir com seus colegas e tutor(a). Você não está sozinho nessa caminhada! Conte conosco. aUTOaVALIAÇÃO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 16 VIDEOAULA Após a leitura e o estudo do seu Guia Teórico, chegou o momento de complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e acesse a Videoaula referente à Aula. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Brasília, DF: Senado Federal, 1996. BRASIL. Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10 de janeiro de 2003. Brasília, DF: Senado Federal, 2003. BRASIL. Lei 11.645 de 10 de março de 2008. D.O.U de 10 de março de 2008. Brasília, DF: Senado Federal, 2008. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990. VEIGA, Ilma P. Alencastro (Org.) Projeto Político Pedagógico na Escola: uma construção possível. Campinas, SP: Papirus, 1995. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/ Publicacao/2822/pdf/0. Acesso em: 06 jul. 2020. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 182UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS CONTATO: 3669.2008 • 3669.2017 • 3669.2028 ead@uniaraxa.edu.br
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