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UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 1 SUMÁRIO 2UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Objetivo(s): • Descrever e entender as principais tendências pedagógicas; • Esclarecer as diferenças entre tendências liberais e progressistas; • Pesquisar e entender sobre a diversidade de tendências pedagógicas. AULA 3 UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 2 CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM Olá, Prezado(a) Aluno(a)! Na Aula anterior, vimos que a didática busca alternativas para os problemas da prática educativa. Todavia, é importante ressaltar que as estratégias didáticas utilizadas pelos professores em sala de aula são influenciadas pela sua concepção de mundo e condicionadas por um determinado contexto histórico-social. Nesta Aula 3, vamos compreender as tendências pedagógicas e sua influência no processo escolar. Veremos que as principais tendências pedagógicas se dividem em dois grandes grupos: pedagogias liberais e progressistas. Você sabe quais são as principais diferenças e aproximações dessas tendências? Nesta Aula teremos a chance de compreender mais sobre esses conceitos, além de identificar que dentro dessas perspectivas, há ainda uma série de outras divisões que defendem atuações e perspectivas bem diferentes entre si. Portanto, conhecer esses processos é importante para garantir que o processo educativo seja fomentado de forma coerente com os objetivos educacionais estabelecidos pelas escolas. Vamos começar!? AULA 3 - TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS Bons Estudos! UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 3 Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você estudará na Aula 3, bem como entender a inter-relação entre eles, é importante que se atente para o Mapa Mental, apresentado a seguir: MAPA MENTAL PANORÂMICO RENOVADORA PROGRESSISTA RENOVADORA NÃO- DIRETIVA TRADICIONAL TECNICISTA LIBERTADORA LIBERTÁRIA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS TENDÊNCIAS LIBERAIS TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 4 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 1. TENDÊNCIAS LIBERAIS As tendências liberais, diferente do que o senso comum possa nos levar a refletir devido ao termo liberal, não está relacionada a mais liberdade para os sujeitos, e sim a um processo de compreensão da prática pedagógica a partir da perspectiva de que os sujeitos devem exercer determinados papéis sociais de acordo com suas habilidades individuais. Nessa concepção, não é a escola que deve se adaptar às especificidades dos estudantes, mas sim o contrário. O aluno deve ser capaz de se adaptar ao modelo pedagógico desenvolvido pela escola e às práticas escolares promovidas por seus professores. Nota-se que o modelo da pedagogia liberal não atende as novas perspectivas da educação, que compreendem o aluno como o protagonista do processo de aprendizagem. Contudo, ela está muito presente no contexto da sociedade brasileira. O modelo tradicional, que compõe a corrente da tendência liberal, ainda se faz presente em diferentes escolas, reproduzindo um modelo considerado, por muitos estudiosos, fracassado. Ao centralizar o processo de aprendizagem na figura do professor, a teoria deixa de compreender os diferentes contextos que envolvem a vida dos estudantes. Segundo Libâneo (1990), a tendência liberal não leva em consideração as desigualdades dos estudantes, assim, as condições de moradia, de renda, culturais, raciais, de gênero, entre outros, não são levadas em consideração para se compreender o processo educativo. A perspectiva liberal é adepta da meritocracia, que compreende que os indivíduos têm as mesmas oportunidades, independentemente de suas origens e, a partir do seu próprio esforço, podem ocupar os espaços que almejam na sociedade. FIQUE ATENTO!! Pode-se dizer que a pedagogia liberal tem como principal característica a valorização das habilidades individuais dos estudantes. Ela está centrada em uma concepção da sociedade capitalista, a qual defende os princípios da propriedade privada e dos interesses individuais. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 5 CONECTANDO Você sabia, caro(a) aluno(a), que os estudos históricos e psicológicos nos ajudam a compreender o campo da educação? Esses campos do saber ampliam a perspectiva educativa na medida em que nos permitem compreender os processos educativos e didático-pedagógicos. Um olhar histórico sob a educação em nosso país nos permite verificar um processo de aprendizagem centrado na figura do professor e dos conteúdos. No início do processo de colonização, podemos observar que os indígenas deveriam seguir, de forma rigorosa, os métodos abordados pelos jesuítas, enquanto suas formas de educar e aprender eram inferiorizadas e deslegitimadas pelos colonizadores. Nessa reflexão, não importa se o estudante seja oriundo de uma família carente ou de uma escola com baixos investimentos. Considera-se que seu esforço individual é suficiente para tirá- lo dessa condição e alcançar outros espaços na sociedade em que vivemos. Por esse motivo, há quem admire e há quem se posicione contra essa perspectiva pedagógica. Ao relegar o sucesso ou o fracasso aos próprios sujeitos, essa tendência compreende que aqueles que se esforçarem mais terão mais chances de sucesso, trata-se de uma perspectiva individualista. Vamos conhecer os diferentes modelos que partilham dessas concepções, assim, teremos a chance de compreender como transcorrem no cotidiano das escolas brasileiras. 1.1 TRADICIONAL Na pedagogia tradicional, o professor é a referência do saber, considerado como aquele que detém o saber, enquanto os estudantes são como tábulas rasas que devem aprender o conhecimento transmitido por ele ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Nesse modelo pedagógico, não há espaço para que o aluno exponha seu posicionamento. Basta que decore e memorize as informações abordadas pelo docente. O aluno que melhor fixar as informações que lhe são transmitidas é considerado o de mais sucesso. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 6 Essa corrente de pensamento partilha da concepção de que as reflexões científicas já foram construídas por outros sujeitos mais bem preparados, por isso, cabe aos estudantes o papel de aprender e memorizar essas experiências, sem questioná-las. Os conhecimentos prévios dos estudantes não são levados em consideração ao longo do processo de aprendizagem, pois suas experiências são consideradas irrelevantes diante das abordagens científicas que se colocam no contexto da sala de aula. Nesse modelo, também não há uma preocupação com a diversidade do ritmo de aprendizagem. Todos devem se adequar ao ritmo da escola, pois considera-se que todos os estudantes têm a mesma capacidade de aprender e estão no mesmo nível. A competição é considerada eficiente, uma vez que os alunos que apresentam menores rendimentos se inspirariam naqueles melhores posicionados e buscariam por conta própria se adequar à escola e melhorar seus resultados educacionais. No modelo tradicional, as provas e testes são constantes e construídos em um modelo que privilegia a memorização em detrimento da construção do conhecimento, visto que, nessa perspectiva, o aluno não deve construir o conhecimento, mas sim memorizar aqueles que são transmitidos pelos professores. Pode-se verificar que a escola, atualmente, já apresenta muitas mudanças no que diz respeito ao modelo tradicional de ensino, contudo, ainda encontramos diferentes resquícios desse modelo. As provas, por exemplo, ainda estão presentes em diferentes escolas como um mecanismo de aprovação e retenção dos estudantes. 1.2 RENOVADORA PROGRESSISTA A pedagogia renovadora progressista,como bem sinaliza seu nome, apresenta uma perspectiva mais progressista do que outras tendências da pedagogia liberal. Para esse modelo, o estudante deve ser considerado como um sujeito curioso e sua curiosidade deve ser aproveitada no processo de ensino-aprendizagem. Assim, pode-se dizer que a tendência renovadora progressista considera que o protagonismo do estudante é importante para o sucesso do processo de aprendizagem. Nesse modelo, diferente da pedagogia tradicional, o estudante é percebido como o responsável pelo seu conhecimento, cabendo a ele buscar soluções para a resolução dos problemas. Se, no modelo tradicional, o aluno era visto como um ser passivo, no qual o dono do conhecimento, na figura do professor, deveria depositar todo o saber acumulado, no modelo renovado, o aluno passa a ser visto como um ser livre, com iniciativa e com UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 7 possibilidade de manifestar interesse nos conteúdos que vai estudar. Neste sentido, o aluno passa a ser protagonista de seu processo de aprendizagem. É função dele, buscar a solução para os problemas e criar relações que o apoiem em suas necessidades (MALHEIROS, 2012, p. 26). Diante dessa pedagogia, o professor deixa de ser referência única e universal para se tornar o mediador da aprendizagem, colaborando com o processo de conhecimento do estudante de modo que este possa construir sua aprendizagem a partir de fontes coerentes e seguras. Da escola tradicional, mantém-se o uso de provas e testes como os responsáveis por avaliar a progressão do conhecimento do estudante. Aqui, mesmo o aluno sendo o protagonista, é o professor, por meio de testes e provas, que irá verificar se ele foi ou não capaz de assimilar determinado conteúdo. No Brasil, essa tendência pedagógica ficou conhecida como Escola Nova e protagonizou uma série de mudanças na legislação brasileira, defendida por diferentes intelectuais. A Escola Nova considerou que o sucesso educacional seria possível a partir do uso das experiências individuais dos estudantes, pois isso provocaria um envolvimento maior destes ao longo do processo de ensino e aprendizagem. 1.3 RENOVADORA NÃO-DIRETIVA A tendência não-diretiva compreende que a personalidade do aluno deve ser levada em consideração ao longo do processo de aprendizagem, por isso, o currículo baseado nessa concepção deve apresentar não apenas os conteúdos escolares tradicionais, mas também novas atividades, como o trabalho em torno da comunicação, expressão, sensibilização, entre outros conceitos que perpassam pela formação dos sujeitos. A afetividade, ao receber um papel importante no processo de formação dos sujeitos, implica a mudança de posturas em diferentes situações. A relação entre alunos e professores, por exemplo, deve ser consolidada a partir de uma perspectiva afetiva, na qual os sentimentos desses sujeitos devem ser levados em consideração para o sucesso da aprendizagem. Alguns autores criticam que essa perspectiva faz com que a hierarquia entre professores e alunos deixe de existir, fazendo com que os papéis de cada um desses sujeitos fiquem conflituosos. Os defensores da tendência, contudo, garantem que isso não implica nada negativo, mas que se consolida um processo no qual estudantes e professores podem promover um processo de ensino e aprendizagem mais significativo e transformador, na medida em que ambos os sujeitos partilham de uma relação mais afetiva e, por isso, mais parceira. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 8 Essa tendência vai contra o modelo autoritário, consolidando uma educação que rompe com as regras rígidas de uma escola tradicional e instaura um modelo no qual o aluno se torna o protagonista da sua aprendizagem. Nessa perspectiva, provas e testes são substituídos por debates, seminários e trabalhos em grupos, buscando modelos avaliativos que fujam da lógica da memorização e propicie que o estudante possa ser avaliado sobre diferentes perspectivas. 1.4 TECNICISTA A tendência tecnicista, como bem representa seu nome, está focada na formação de mão de obra para o mercado de trabalho. Nesse modelo, o professor recebe a tarefa de preparar seus alunos para o mercado, consolidando um processo de aprendizagem que possa ser aproveitado nas fábricas e no mercado de modo geral. Diante desse objetivo, o estudante é compreendido como um sujeito passivo, que deve apenas aprender os conteúdos abordados pelo professor, sem questioná-los. O conhecimento do professor é apresentado em aulas expositivas, nas quais o estudante deve ser capaz de memorizar os temas abordados. A Pedagogia Tecnicista tem o objetivo de desenvolver habilidades nos aprendizes. Por isso é tratada por aquela que “ensina a fazer”. (...) A utilização de sequências, passos, etapas e instrumentos é muito comum no tecnicismo. O professor deve atuar como um técnico que tem a responsabilidade de estruturar o ensino como um processo fabril. A identificação das razões pelas quais um determinado conteúdo deve ser aprendido, ou mesmo a busca de questionamentos ou críticas a determinado conteúdo não fazem parte da Pedagogia Tecnicista. Afinal, o aluno percebe um mundo pronto, no qual ele deve se integrar por meio de habilidade que precisa desenvolver (MALHEIROS, 2012, p. 29). Essa tendência partilha da visão behaviorista, na qual considera que os estudantes estão aptos a receber as informações que lhe são transmitidas e armazená-las. Para isso, utilizam assimilações e associações diversas. Não cabe ao aluno questionar, apenas reproduzir os ensinamentos dos docentes. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 9 Tendo em vista que o estudante está sendo preparado para ser um bom funcionário no mercado de trabalho, não cabe a ele questionar os ensinamentos dos professores. Dessa maneira, nesse modelo pedagógico, não há o intuito de formar sujeitos questionadores e críticos, mas sim funcionários que atendem aos interesses de empresários. A seguir, o Quadro 1 apresenta um resumo das teorias aqui abordadas, destacando suas principais características. O Behaviorismo é uma teoria, um método da psicologia que estuda o comportamento dos seres humanos e dos animais a partir de estímulos, investigando as reações a partir da observação. Consiste em uma palavra derivada do termo inglês behaviour, que significa comportamento. Os principais defensores dessa corrente de pensamento foram John B. Watson e B. F. Skinner. Para conhecer um pouco mais sobre essa teoria, sugerimos assistir ao vídeo “O que é Behaviorismo? Psicologia Comportamental Explicada!”. Basta clicar aqui. saiba mais! O modelo tecnicista esteve muito presente na educação brasileira, visando qualificar mão de obra para o mercado crescente da industrialização. Nesse sentido, imagine, por exemplo, uma empresa que precisava formar torneiros mecânicos para a atuação em suas atividades. Nesse processo educativo, o que era considerado mais importante era a aprendizagem do aluno para atuar, de forma produtiva, no torno. Assim, quaisquer outros debates, como a economia do país ou mesmo a filosofia de Platão, eram considerados irrelevantes e o estudante limitava suas reflexões a uma aprendizagem técnica, sem questionamentos e protagonismos. EXEMPLIFICANDO https://www.youtube.com/watch?v=c6kVJNkAeH4 UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 10 Quadro 1: Tendências Pedagógicas Liberais Fonte: Elaborada pela autora. 2. TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS As tendências progressistas apresentam uma visão mais ampla quanto ao processo de formação dos estudantes. Essas pedagogias partilham da concepção de que a escola não deve ser constituída apenas por conteúdos escolares, mas de um modo que garanta a formação integral dos sujeitos. Para essas tendências é preciso que os estudantes sejam capazes de compreendera sociedade em que vivem de forma crítica, buscando meios de reorganizar a vida em sociedade, para que as pessoas, em geral, possam ter uma vida mais digna e sem opressões. Essa concepção sustenta-se na teoria de que todos os cidadãos devem ter um posicionamento político e social perante as demandas da sociedade. Assim, cabe a escola refletir não apenas sobre os conteúdos tradicionais, mas também questionar o modelo de organização da sociedade. As pedagogias progressistas têm como base de reflexão a teoria marxista, que propõe uma leitura da sociedade a partir do modo de produção, considerando que a sociedade capitalista Pedagogia Tradicional - A prática educativa está focada no professor e no conteúdo, considerando o professor como um transmissor de saberes. Renovadora Progressista - Compreende o estudante como um sujeito curioso e ativo no processo de aprendizagem. O professor é visto como mediador. Renovadora Não-diretiva - A personalidade do aluno é considerada importante para o processo de aprendizagem. A relação entre professor e aluno deve ser baseada na afetividade. Pedagogia Tecnicista - Visa atender uma formação profissional, voltado ao mercado de trabalho. A prática didático-pedagógica se constitui pela forma mecânica e objetiva de ensino. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 11 privilegia o lucro em detrimento das pessoas e isso gera uma série de discrepâncias que podem ser percebidas em diferentes aspectos, como nas desigualdades sociais, raciais, de gênero, entre outros. A partir dessa perspectiva, a educação deixa de ser vista apenas como um processo educativo de conteúdos para se tornar uma educação das massas, torna-se uma ferramenta de transformação das ações dos sujeitos na sociedade, buscando a construção de uma nova forma de organização das riquezas. Diante desse posicionamento crítico, os estudantes não podem ser concebidos apenas como sujeitos passivos, por isso, nas pedagogias progressistas, são concebidos como protagonistas do processo de aprendizagem. Os conhecimentos prévios dos estudantes, bem como suas experiências, são valorizados e utilizados ao longo do processo de aprendizagem, considerando que, a partir das vivências dos próprios sujeitos, o processo educativo será mais significativo. Vamos conhecer agora as pedagogias que fazem parte desse campo de reflexão. Elas denotam algumas peculiaridades em relação ao processo educativo, mas apresentam em comum a necessidade de se construir uma escola que protagonize as ações dos estudantes e seja utilizada como ferramenta de transformação social. 2.1 LIBERTADORA A tendência libertadora compreende que a educação deve ser um instrumento de transformação social, fazendo com que estudantes, professores e toda a comunidade escolar se engajem na luta por uma sociedade sem opressões. Paulo Freire, um dos educadores brasileiros mais famosos mundialmente, foi o grande líder dessa corrente de pensamento. Para ele, a educação deve ser capaz de combater as desigualdades presentes em nossa sociedade, por isso, ela não pode se limitar a um processo mecânico de transmissão de saber. Freire categorizou como educação bancária o modelo tradicional no qual o professor é considerado o único detentor do conhecimento e, assim, o transfere para o aluno. Assim, o aluno acaba sendo apenas um banco de depósito, não sendo permitido construir a própria reflexão ou questionar o conhecimento que era passado. Segundo esse filósofo brasileiro, esse modelo educativo não colabora com a construção de cidadãos pensantes e atuantes na sociedade em que vivem, pois o estudante não tem a chance de indagar e refletir sobre a ordem que o oprime. Dessa maneira, Freire, baseado na teoria marxista, compreende que a sociedade é dividida entre opressores e oprimidos, destacando que a educação acaba se tornando um serviço do UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 12 capital ao impedir que os estudantes conheçam sobre sua realidade e limitem suas análises a conteúdos escolares tradicionais, sem promover momentos de indagação social. A escola, na visão de Freire, precisa ser libertadora, fazendo com que o oprimido seja capaz de enxergar a opressão que ele vive e, assim, construir condições para transformar sua realidade. Sem a consciência da opressão em que vive, os sujeitos não são capazes de se organizar para lutar e construir um mundo melhor. Paulo Freire defendia que a aprendizagem deveria se dar por meio de conteúdos significativos para aquele que aprendia. Sua teoria defende uma educação prática, calcada em uma teoria libertadora. (...) A pedagogia libertadora surgiu da experiência da educação de adultos, mas não é complicado inferir suas práticas na educação de crianças. Por ter surgido como fruto do pensamento crítico da educação de adultos, os métodos mais utilizados são: discussão, estudo de caso, pesquisa participante, debate, trabalhos em grupo, dentre outros. A aula expositiva costuma ser ignorada por seguidores da Pedagogia Libertadora, afinal, o conhecimento da vida real traduz o ato de aprender. Além disso, os textos utilizados devem preferencialmente, ser regidos pelos próprios educandos. Note que todo o processo estimula que o sujeito atue em sua aprendizagem, buscando refletir para criticar e transformar (MALHEIROS, 2012, p. 32). Ao defender um processo educativo que valoriza os conhecimentos dos estudantes e os reconheça como sujeitos de direito, Freire propõe que os conteúdos abordados na escola sejam significativos, partindo de questões relacionadas ao cotidiano dos estudantes, pois, assim, estes se identificarão com a educação e poderão progredir no processo educativo com mais qualidade. No ano de 1963, Paulo Freire iniciou, em Angicos, no Rio Grande do Norte, um projeto de alfabetização de 380 trabalhadores rurais. Esse projeto ficou conhecido como “Quarenta horas de Angicos”. Na ocasião, Freire, buscando alfabetizar e educar a partir das experiências dos sujeitos, constrói uma metodologia que dialoga com a realidade dos seus alunos. O projeto obtém tanto sucesso que passa a ser implementado em outras localidades do país. Alguns meses após o início do projeto de alfabetização de Freire, Angicos registra uma grande greve VOCÊ SABIA? UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 13 Ao defender uma escola que dialogue com a realidade dos estudantes, Freire inaugura a pedagogia libertadora, sua finalidade é mais do que apenas alfabetizar, é propiciar que os sujeitos compreendam sobre o mundo e a exploração em que vivem. 2.2 LIBERTÁRIA A pedagogia libertária compreende que o autoritarismo é uma mazela que precisa ser combatida. Assim, a escola libertária busca combater todas as formas de autoritarismo e suas reflexões não se limitam apenas ao ambiente da escola, englobam a sociedade em geral, refletindo sobre o autoritarismo na vida privada e nas atitudes dos governantes. Dentro da perspectiva libertária, a aprendizagem é vista como um processo que vem de dentro pra fora e faz parte do desenvolvimento de todos os sujeitos. Assim, todos têm vontade e interesse de aprender novas coisas. Desse modo, nessa concepção, os sujeitos só têm condições de aprender aquilo que têm interesse. Tentar ensinar algo que a pessoa não se interessa seria uma atividade inútil, pois o sujeito não conseguiria aprender. Assim, o aluno deve ser livre para construir o processo de aprendizagem, pensando, refletindo sobre seus desejos e anseios. Como não há autoritarismo nessa teoria, o estudante não pode ser obrigado a aprender conteúdos que não sejam de seu interesse. O principal objetivo dessa corrente é formar sujeitos livres e críticos, capazes de tomar decisões libertárias que colaborem com a organização de uma nova sociedade, sem opressões. 2.3 CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS A pedagogia crítico-social dos conteúdos compreende queé preciso promover um processo educativo que seja capaz de formar cidadãos críticos e reflexivos. Contudo, entende que é importante que a classe trabalhadora se aproprie do domínio dos conteúdos escolares, pois, a partir disso, terá a oportunidade de ocupar outros espaços na sociedade. Malheiros (2012) destaca que: A Pedagogia Crítico Social de Conteúdos valoriza o conhecimento como forma de crítica e possibilidade de superação dos modelos impostos pela sociedade. (...) Na concepção crítico- de trabalhadores. O pedagogo é, então, acusado de ser comunista. Perseguido, Freire acaba preso e sua experiência, mesmo revelando sucesso, é proibida. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 14 social de conteúdos, a educação é o caminho para os avanços científicos e tecnológicos e deve ser responsabilizada por levar a todos a instrução necessária para uma vida de qualidade. Deve, ainda, se preocupar em desenvolver no educando a capacidade de estudo e raciocínio científico, este trajeto é que levará a pessoa a ser capaz de criticar o modelo social e buscar transformação (MALHEIROS, 2012, p. 33). Nota-se que, embora essa pedagogia destaca a importância de se trabalhar os conteúdos tradicionais na escola, ela esclarece que esses conteúdos devem ser abordados sob uma perspectiva crítica, e não de dominação. Essa corrente de pensamento compreende que os conteúdos científicos são importantes, mas isso não significa que não devam ou não possam ser questionados. Pelo contrário, a ideia é formar sujeitos críticos, logo, a crítica é parte presente dessa pedagogia. Seu posicionamento justifica-se pelo fato de que, muitas vezes, é relegado aos filhos da classe trabalhadora uma escola que se preocupa apenas com a formação do cidadão, impedindo que esses sujeitos tenham acesso a um conhecimento científico mais profundo, o que lhes impede de alcançar outros espaços na sociedade como, por exemplo, ingressar em uma universidade de grande prestígio social. Desse modo, essa pedagogia valoriza não apenas a formação cidadã, mas também a formação científica e intelectual dos estudantes. O conhecimento é concebido como uma ferramenta capaz de transformar a sociedade em que vivemos. A seguir, o Quadro 2 apresenta um resumo das teorias aqui abordadas, destacando suas principais características. Quadro 2: Tendências Pedagógicas Progressistas Fonte: Elaborada pela autora. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 15 RECAPITULANDO Nessa Aula, tivemos a oportunidade de compreender um pouco mais sobre as tendências pedagógicas e como estas compreendem o processo de formação dos estudantes. Vimos que, de certa forma, todas perpassam pela educação brasileira, algumas de modo mais incisivo e outras em pormenores. A pedagogia tradicional mantém-se ainda presente em muitas escolas brasileiras, mas também podemos notar que a educação libertária, proposta por Paulo Freire, pode ser percebida na organização das leis e diretrizes que orientam o processo pedagógico em nossa sociedade, isso, contudo, não quer dizer que tenham sido implementadas, mas são concebidas como um ideal a se alcançar na educação. Vimos que, enquanto as pedagogias liberais estão centradas nos conteúdos ou nos professores, as pedagogias progressistas elegem o estudante como o protagonista do processo de aprendizagem. Cada uma dessas tendências busca, a sua maneira, garantir que as novas gerações sejam capazes de construir o conhecimento. Atualmente, como já destacamos, prevalecem as tendências progressistas, compreendendo a educação não apenas como um espaço de construção dos saberes acadêmicos, mas voltada para a reflexão sobre as demandas sociais. Na próxima Aula, vamos conhecer sobre o Projeto Político Pedagógico e como ele pode colaborar com a construção dessa nova escola que se almeja no presente. Bons estudos e até lá! Após essa Aula, você consegue perceber as diferenças entre as pedagogias liberais e progressistas? É capaz de compreender que, dentro de uma cada dessas tendências, existem outras vertentes com características em comum? Caso você consiga responder essas questões, parabéns! Você atingiu os objetivos específicos da Aula 3! Caso você tenha dificuldades em responder algumas delas, aproveite para reler o conteúdo da Aula, acessar o UNIARAXÁ Virtual e interagir com seus colegas e tutor(a). Você não está sozinho nessa caminhada! Conte conosco. aUTOaVALIAÇÃO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 16 VIDEOAULA Após a leitura e o estudo do seu livro-texto, chegou o momento de complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e acesse a Videoaula referente à Aula. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 17 REFERÊNCIAS LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1990. MALHEIROS, Bruno Taranto. Série Educação - Didática Geral. Rio de Janeiro: LTC, 2012. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 182UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS CONTATO: 3669.2008 • 3669.2017 • 3669.2028 ead@uniaraxa.edu.br
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