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1 Leitura e Produção de Textos Filosóficos Prof. Wilson José Vieira Aula 3 Conversa Inicial Caros estudantes de Filosofia, nesta aula procuraremos compreender o contexto dos textos de filosofia medieval e entender certas chaves de leitura de textos das Filosofias Patrística, Escolástica e Árabe. Conforme apontado anteriormente, a prática da leitura do texto de filosofia não pode ser um fim em si mesmo; É necessária a compreensão do contexto histórico, político e social da produção deste texto. Afinal, qual a finalidade do texto? Como e por que foi escrito? Contextualizar significa identificar em que circunstância o texto foi escrito; Compreender a que leitor este texto foi constituído. Contextualizando A Idade Média foi a Idade das Trevas? “para o humanismo renascentista, a Idade Média significa a decadência das letras e das artes; para a teologia protestante, o intervalo entre o Edito de Milão em 313 e a Reforma significou a degradação do espírito primitivo do cristianismo; 2 para o Iluminismo do séc. XVIII, esta significou o obscurantismo da fé e a repressão da razão; entendida como mero intervalo cronológico, a Idade Média parece uma espécie de conjunto vazio na série das épocas históricas; nem arte, nem ciência, nem filosofia”. PIRES, Celestino. Pensamento medieval. São Paulo, Loyola 1983. p.12 Giordano Bruno (1548-1600) Desenvolveu uma concepção de universo infinito e que era oposto a concepção antiga que era de um mundo fechado e finito e em razão disso foi preso pela inquisição e queimado vivo 12 30 O contexto dos textos medievais 3 Durante a Idade Média ocorreu uma intensa ligação entre razão e fé, a razão estava submetida a fé. A ciência e a filosofia estavam sob o domínio da religião cristã, e certas práticas eram consideradas bruxaria e denunciadas como heresia. A Igreja Católica detinha o monopólio da produção cultural e decidia que obras deveriam ou não serem proibidas. http://cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/a rt_25/alquimiaimagem/alquimia.jpg Frequentemente grupos de alquimistas eram perseguidos pela Inquisição e condenados por bruxaria. 17 30 Chaves de leitura dos textos da Patrística Durante a Idade Média, a Igreja ocupou o papel, que antes era do Estado, na educação e no processo de ensino. 4 A verdade não resulta de descoberta, porém é algo revelado por Deus. Os primeiros padres da Igreja buscavam conciliar o Cristianismo e a filosofia greco- romana; essa conciliação possibilitaria convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela; Patrística Santo Agostinho (354-430) buscou compatibilizar a teologia e a ética cristã à filosofia de Platão; para Agostinho, a fé e a razão são complementares; 5 Os primeiros Padres da Igreja — Santo Irineu, Tertuliano, Orígenes, Clemente de Alexandria e, principalmente, Santo Agostinho — desenvolveram suas reflexões teológicas a partir de elementos da racionalidade grega. 26 30 Chaves de leitura dos textos da Escolástica A Escolástica fundamentava-se na lógica aristotélica, e além de ser instrumento para a educação, era também meio de evangelização; São Tomás de Aquino (1227-1274) foi o principal filósofo da Escolástica; este elaborou a mais completa sistematização da Escolástica; sua obra tornou-se referencial filosófico da teologia católica; para o tomismo, a razão deve demonstrar a fé a partir de argumentos, dando-lhe fundamentação; a razão deve também sistematizar as verdades da fé. 6 31 30 Chaves de leitura dos textos Árabes A partir do séc. IV os árabes tiveram contato com as obras de Aristóteles; tal contato se deu em razão das guerras religiosas realizadas para a difusão do islamismo; Avicena (980-1037) e Averróis (1126-1198) foram os principais filósofos árabes; a partir deles as obras de física, metafísica e ética de Aristóteles chegaram à Europa. Síntese A educação no Brasil colônia esteve a cargo dos Jesuítas; a Companhia de Jesus, ordem religiosa da Igreja Católica Apostólica Romana, foi a instituição responsável “pela instrução e pela catequese dos povos das colônias”; além disso, lutaram contra os abusos nos mosteiros, procurando fortalecer a Igreja Católica contra os heréticos e infiéis; 7 a educação jesuítica visava a inculcação de valores católicos, e a Filosofia era entendida como ancilla theologiae, ou seja, serva da teologia: a Filosofia deveria ser uma preparação para a Teologia; no período colonial, a Filosofia possuía um caráter dogmático e catequético, e visava formar homens letrados, eruditos e principalmente cristãos católicos imbuídos da perspectiva ideológica da camada dirigente da sociedade colonial; advém deste período algumas características “[...] marcantes em nossa inteligência: o formalismo, a retórica, o gramaticismo, a erudição livresca.” (CARTOLANO, 1985, p. 20). REFERÊNCIAS ARANTES, P. E. Um departamento francês de Ultramar: estudos sobre a formação da cultura filosófica uspiana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. CORDEIRO, D.S. A formação do discernimento: Jean Maugüé e a gênese de uma experiência filosófica no Brasil. Tese de doutorado realizado pela USP. São Paulo, 2008. SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 2007. ZILLES, Urbano. Fé e razão no pensamento medieval. Porto Alegre: Edipucrs, 1993.
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