Buscar

AULA 5 - Religiões mais recentes na América Latina

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RELIGIOSIDADES NA AMÉRICA 
LATINA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Jefferson Zeferino 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos falar sobre as religiões que se estabeleceram mais 
recentemente na América Latina. Queremos apresentar religiões do extremo 
oriente como budismo, confucionismo, taoísmo e xintoísmo, bem como comentar 
sobre outras religiões que possuem adeptos por aqui, como espiritismo, 
hinduísmo, judaísmo, islamismo, adventismo, Testemunhas de Jeová e 
mormonismo. Destacaremos a chegada, presença e desenvolvimento dessas 
religiões no continente. 
TEMA 1 – HINDUÍSMO E ESPIRITISMO 
O hinduísmo, conforme nos contam Jostein Gaarder, Victor Hellern e 
Henry Notaker (2000, p. 41), é uma religião politeísta de origem indiana, seu 
nome faz referência ao Rio Indo e data de 1500 AEC. e organizada a partir dos 
textos sagrados Vedas e Upanishads. O primeiro é composto de quatro 
coletâneas de hinos sacrificiais, enquanto o segundo é um diálogo entre mestre 
e discípulo e traz a crença em Brahman, força espiritual que está em todo ciclo 
da vida e base de todo o universo. 
Figura 1 – Hinduísmo e Espiritismo creem na imortalidade da alma 
 
Crédito: Bruce Rolff/Shutterstock. 
 
 
3 
Apesar da grande diversidade, os autores (Gaarder; Hellern; Notaker, 
2000, p. 43) identificam três elementos marcantes entre os hinduístas. As castas 
têm muita influência na sociedade indiana, mesmo depois de sua proibição legal 
com a independência do poder colonial britânico, em 1947. Do ponto de vista 
religioso, o sistema se baseia na noção de pureza e impureza, a qual permeia 
todo o hinduísmo. Por exemplo, “o método tradicional mais conhecido de 
purificação utiliza a água de um dos muitos rios sagrados da Índia, como o 
Ganges” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 44). A vaca tem sentido sagrado 
para os hinduístas, tocá-la também pode purificar os indivíduos. Sua sacralidade 
está vinculada ao culto de fertilidade e símbolo de vida. Nos Vedas, há hinos à 
vaca, bem como os laticínios, como leite e manteiga, são usados em cultos. 
Finalmente, o carma (ou karma) que pode ser entendido como ato, está na base 
da crença de reencarnação, uma vez que “as ações de uma vida, e somente 
elas, formam a base para a próxima. Assim, o carma não é uma punição pelas 
más ações ou uma recompensa pelas boas. O carma é uma constante impessoal 
– como uma lei natural.” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 44) 
Segundo Thais Silva de Assis (2017, p. 50), o Hinduísmo se tornou uma 
religião global. Embora não esteja voltado à conversão e, originalmente, ligado 
ao sistema de castas, “atualmente ele é praticado por mais de 60 milhões de 
pessoas no mundo – além das 970 milhões que vivem na Índia” No Brasil, ainda 
observa Assis (2017, p. 51), a partir da década de 1970, “práticas e crenças do 
Hinduísmo foram disseminadas, [...] e, ao longo do tempo, elementos das 
tradições hindus – como yoga, meditação, vegetarianismo, ayurveda (filosofia 
médica) e shantala (técnica de massagem) – têm se tornado cada vez mais 
atrativos para os brasileiros”. 
O Espiritismo, como explicam Jostein Gaarder, Victor Hellern, Henry 
Notaker (2000, p. 282), se baseia na antiga ideia de que os mortos convivem e 
se comunicam com os vivos, e assim como o hinduísmo, crê na reencarnação 
da alma. Como afirma a placa do monumento em homenagem à mediunidade 
das irmãs americanas Catarina e Margarida Fox, reconhecidas como as 
iniciadoras do espiritismo moderno: “a morte não existe. Não há mortos” (Wilges, 
2010, p. 116). 
O principal intérprete dos espíritos foi Allan Kardec, pseudônimo do 
francês Léon Hippolyte Denizard Rivail (1804-69). Segundo Wilges (2010, p. 
116-117), ele escreveu mais de sete livros, o mais conhecido O Livro dos 
 
 
4 
Espíritos (1859), em que desenvolve os pilares de sua filosofia científico-
religiosa, provando a sobrevivência da alma, trazendo luz sobre a problemas 
metafísicos e orientação moral alinhada ao cristianismo. Não obstante, no Brasil, 
ao contrário da França, “o espiritismo acabou realçando mais o seu lado religioso 
de moralização da conduta, ao passo que seu atrativo inicial eram os serviços 
terapêuticos que oferecia” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 315). 
O kardecismo é a principal tradição espírita presente no Brasil. Conforme 
Luzia Wernek (2011, p. 41), a doutrina de Allan Kardec chega ao país na 
segunda metade do século XIX, com a tradução de suas obras, entre 
profissionais liberais e militares. O mais conhecido médium brasileiro foi o 
mineiro Chico Xavier. Em 1860, já existiam centros espíritas no Rio de Janeiro, 
São Paulo e Bahia, tendo a caridade como elevação espiritual e a terapia 
mediúnica por meio de "passes" para combater todos os tipos de enfermidade e 
desconforto. 
Passe é uma espécie leve de exorcismo. O passe é dado 
individualmente por um dirigente ou pelo médium em transe durante a 
sessão espírita, com o objetivo de afastar as influências negativas, as 
más vibrações, os "encostos", as "demandas" etc. e transmitir energia 
espiritual positiva ao interessado. Vale notar que a energia boa, a 
energia positiva, é sempre pensada como sendo "luz". Quanto mais 
evoluídos os espíritos, mais eles são portadores de luz, "espíritos de 
luz" (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 315). 
A evolução dos espíritos está baseada, por um lado, no karma hinduísta, 
segundo uma casualidade moral, de ação e reação; e, por outro, ética da 
caridade retirada dos Evangelhos. Assim, “graças ao mandamento do amor, os 
mortais podem contar, em seu processo de purificação e evolução, com a ajuda 
e as orações dos espíritos de luz já desencarnados, sujeitos também eles à 
norma ética máxima do kardecismo, a caridade” (Gaarder; Hellern; Notaker, 
2000, p. 316-17). 
TEMA 2 – RELIGIÕES ORIENTAIS 
Ainda que o extremo oriente seja um pouco desconhecido para nós, e 
coberto de noções propagadas pela indústria cultural ocidental, territórios como 
China e Japão, por exemplo, produziram culturas que precisamos conhecer para 
uma visão mais completa do fenômeno religiosos em nossos dias. Olhemos para 
algumas religiões praticadas na China e Japão, e que possuem adeptos na 
América Latina. 
 
 
5 
Figura 2 – Templo Budista Zu Lai, em Cotia, região metropolitana de São Paulo, 
é o primeiro templo do Monastério Fo Guang Shan na América Latina 
 
Crédito: Giovanny Gava/Shutterstock. 
2.1 Budismo 
Conforme Jostein Gaarder, Victor Hellern e Henry Notaker (2000, p. 58), 
“o budismo cresceu dentro do hinduísmo como um caminho individual para a 
salvação”. Nos conta Irineu Wilges (2010, p. 31-33) que, por volta do século VI 
AEC, um jovem príncipe da tribo sakyas, chamado Sidarta Gautama, na região 
norte do subcontinente indiano (hoje, Nepal), tendo contato com a velhice, a 
doença e a morte, abandonou o luxo e prazer de seu palácio, alcançando a 
iluminação, se tornando Buda e vindo a descobrir a origem do sofrimento 
humano. 
Durante sete dias e sete noites o Buda ficou sentado debaixo de sua 
árvore da iluminação. Ganhou dessa forma a compreensão de uma 
realidade que não é transitória, uma realidade absoluta acima do tempo 
e do espaço. No budismo isso se chama nirvana. Ao dominar seu 
desejo de viver, que antes o atava à existência, o Buda parou de 
produzir carma e, portanto, não estava mais sujeito à lei do 
renascimento. Conseguira alcançar a salvação para si mesmo, e o 
caminho estava aberto para abandonar o mundo e entrar no nirvana 
final. O deus Brahma, porém, instou com ele para que difundisse seus 
ensinamentos. E então, mais uma vez, o Buda sentiu compaixão pelos 
outros seres humanos e por todos os seres vivos. Ele "contemplou o 
mundo com um olhar de Buda" e decidiu "abrir o portão da eternidade" 
 
 
6 
para aqueles que o quisessem ouvir. O Buda decidira se tornar um guia 
dos seres humanos (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 57). 
Os ensinamentos de Buda sedifundiram pelo continente asiático divididos 
em duas grandes tradições: “Theravada ("a escola dos antigos"), predominante 
no Sul da Ásia (Birmânia, Tailândia, Sri Lanka, Laos e Camboa), e Mahayana ("o 
grande veículo"), predominante no Norte da Ásia (China, Japão, Mongólia, Tibet, 
Coréia e Vietnã)” (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 72). Enquanto a escola 
dos antigos se mantém mais ortodoxa e fiel à noção de autossalvação pela 
meditação tendo o monge como ideal de vida, o grande veículo aceita que a 
Salvação de Buda é acessível a todas as pessoas. Ainda, “entre os muitos 
movimentos dentro do Mahayana, dois atraíram mais interesse nas últimas 
décadas. São a tendência tibetana Vajra-yana (o veículo de diamante) e o zen-
budismo japonês” (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 76). No Tibet, o budismo 
conseguiu penetrar na organização política do território, de modo que seu líder 
religioso é também líder político. O budismo tibetano é também conhecido por 
lamaísta, em alusão aos Lamas, mestres budistas, sendo o principal conhecido 
como Dalai-lama (Oceano da Sabedoria), que desde 1959 vive exilado na Índia. 
O zen-budismo tem origem chinesa, mas foi no Japão que se tornou mais 
praticado, como um budismo focado na prática da meditação como visão direta 
e iluminação interna sem fórmula fixa. “O importante no zen é romper com a 
lógica do discípulo e com seus processos conceituais de pensamento.” 
(Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 79) O zen também tem uma visão positiva 
das tarefas mundanas, podendo ser atividades favoráveis para a iluminação. 
Conforme Frank Usarski (2016, p. 718-729), no Brasil, a história do 
budismo pode ser entendida por quatro períodos. Inicialmente, sendo uma 
religião restrita à imigração asiática, ao foro doméstico e para manutenção da 
herança cultural. No pós-guerra, o budismo se institucionaliza através de 
entidades associadas à comunidade japonesa, fundando escolas e templos de 
diversas linhas. Houve também “um interesse crescente de círculos intelectuais 
pelo Budismo Japonês, especialmente do Soto Zen, a partir da década de 1960” 
(Usarski, 2016, p. 723), bem como uma crescente série de publicações sobre 
budismo em português. Finalmente, a partir de 1980, o budismo aparece mais 
plural com diversos movimentos, centro e templos de origem chinesa e coreana, 
bem como à ascensão numérica do chamado budismo de conversão, com 
grupos compostos por brasileiros sem ascendência asiática. 
 
 
7 
2.2 Confucionismo, Taoísmo e Xintoísmo 
Na China, entre os anos 551 e 479 AEC., viveu o filósofo K’ung-Fu Tzu, 
conhecido nos países ocidentais por Confúcio, que “acreditava que o Céu o 
escolhera para revitalizar a cultura e a moralidade estabelecidas pelos sagrados 
imperadores em tempos antigos” (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 84). 
K’ung-Fu Tzu não estabeleceu uma religião institucional. Em seus escritos – 
Analects e os Cinco K’ing – deixou normas para a vida religiosa, a fim de manter 
a harmonia entre a natureza e o universo, indicando o caminho certo para a ação 
(Tao), respeitando os deuses. Não obstante, a partir do trabalho de seus 
discípulos, “o confucionismo acabou se tornando uma espécie de religião estatal 
da China, chegando muitas vezes a atacar outras religiões, como o budismo e o 
taoísmo”. Com o tempo, “foram construídos templos em honra a Confúcio e se 
ofereciam sacrifícios a ele na primavera e no outono, assim como se ofereciam 
sacrifícios ao Céu” (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 84). Como explica 
Wilges (2010, p. 39), K’ung-Fu Tzu não é considerado uma divindade, mas bem 
seria descrevê-lo com um antepassado a ser venerado, ou um santo. 
Na mesma época, também na China, Lao-Tsé escreve, segundo Wilges 
(2010, p. 40) o menor texto sagrado que existe. Tao-Teh King (ou Tao Te Ching) 
contém 25 páginas e 5 mil palavras, e com linguagem sapiencial, prega a crença 
no Tao (princípio de tudo), que não pode ser descrito, investigado ou estudado 
e a não ação como estilo de vida, diferenciando da doutrina de K’ung-Fu Tzu. 
Enquanto Confúcio desejava educar o homem por meio do 
conhecimento, LaoTse preferia que as pessoas permanecessem 
ingênuas e simples, como crianças. Enquanto Confúcio ansiava por 
regras e sistemas fixos na política, Lao-Tse acreditava que o homem 
deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos 
fatos. Confúcio queria uma administração bem-ordenada, mas Lao-Tse 
acreditava que qualquer administração é má. "Quanto mais leis e 
mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverá", diz o Tao 
Te Ching (Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 87). 
O taoísmo de Lao-Tsé, enquanto filosofia, se desdobrará também em uma 
religião popular com seus deuses, templos, sacerdotes, monges, rituais próprios. 
Porém, conforme Wilges (2010, p. 42), tanto o confucionismo como o xintoísmo 
não deram respostas à vida após a morte, assim o budismo teve grande 
acolhimento na China, não que isso impedisse àqueles que se tornaram budistas 
deixassem de seguir Confúcio e Lao-Tsé. 
 
 
8 
No Japão, o xintoísmo de 1867 até 1945 foi a religião nacional e a pessoa 
do imperador tida como divina (Kami vivo). Acredita-se que sua origem é tão 
antiga quanto os povos que viviam na ilha. Por isso, o xintoísmo foi elemento 
importante na construção da identidade nacionalista nipônica. Com livros 
sagrados – Kojiki, Nihonki e Yengishiki – que narram as origens do cosmo e a 
organização política japonesa, bem como orientações para as cerimonias, o 
xintoísmo é uma religião de culto aos Kami, o espírito dos mortos, com rituais 
domésticos e festas públicas, tendo a deusa sol (Amaterasu) como principal 
divindade, e da qual descendem os imperadores. Com templos, sacerdotes e 
monges, as celebrações xintoístas estão estruturadas em quatro partes: 
purificação, sacrifício, oração e refeição sagrada (Wilges, 2010, p. 44-42; 
Gaaeder, Hellern, Notaker, 2000, p. 88-93). 
Como vimos no caso do budismo, essas religiões chegam na América 
Latina através dos fluxos migratórios que se iniciam a partir da segunda metade 
do século XIX, ficando inicialmente restrita à comunidade nacional e, após 1960, 
com o movimento de contracultura, ganha novo folego com adeptos de origem 
não asiática, multiplicando escolas e templos, bem como formando lideranças 
autóctones. 
TEMA 3 – RELIGIÕES DO ORIENTE MÉDIO 
Judaísmo, Cristianismo e Islamismos são as grandes religiões 
monoteístas do mundo, que tem uma origem comum tanto na geografia quanto 
na narrativa mítica de Abraão: o grande patriarca. Por isso, podemos chamá-las 
de religiões abraâmicas. Em outros momentos, estudamos, detidamente, o 
cristianismo e sua contribuição para a formação das religiosidades latino-
americanas. Agora, vejamos o judaísmo e o islamismo, que, apesar de religiões 
minoritárias em nosso continente, demonstram marcar a cultura para além do 
campo religioso. 
 
 
 
 
 
 
9 
Figura 3 – A Mesquita Imam Ali ibn Abi Tálib, templo religioso da comunidade 
muçulmana de Curitiba, inaugurada em 1972 
 
Crédito: Jair Ferreira Belafacce/Shutterstock. 
3.1 Judaísmo 
O Judaísmo, conforme Gaarder, Hellern e Notaker (2000, p. 105), é a 
religião dos judeus, que tem sua origem na Judeia, região do antigo reino de 
Israel. Desse modo, há um sentido étnico e religioso de ser judeu. Segundo 
explica Ana Lúcia Galinkin (2008, p. 95), “o judaísmo, através de seu código legal 
e religioso, define a condição primeira de ser judeu pelo nascimento de mãe 
judia. [...] Ao mesmo tempo, diferentes interpretações do judaísmo propiciam a 
pluralidade identitária que define diferentes formas de ser judeu”. 
A fé judaica, assim, constitui uma religião nacional e está enraizada na 
história da aliança do povo hebreu com seu Deus (YHWH), segundo registrada 
nos textos sagrados da Torá (Lei), Nevim (Profetas) e Ketuvim (Escritos), que 
formam a Tenakh, ou a Bíblia Hebraica. Os judeus ainda possuemuma outra 
coleção de textos que é o Talmud, que contém regras, ensinamentos, preceitos, 
comentários, opiniões, histórias e lendas contadas por antigos rabinos que é 
utilizado para ensinar e orientar os fiéis (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 112-
116). 
 
 
10 
O judaísmo moderno se organiza a partir de sinagogas, espaço sagrado, 
onde os rolos da Torá são solenemente guardados, onde a comunidade se reúne 
para os serviços religiosos, ouvir a leitura da Torá, em hebraico, acompanhada 
de cânticos, bem como os ensinamentos rabínicos. O calendário conta com 
festas religiosas – Shavuot, Pessach, Chanuká, Sukot, Iom Kipur, Rosh ha-
Shaná – além de celebrações que marcam as fases da vida do crente. 
Inicialmente, a circuncisão nos primeiros dias de nascimento; Bar Mitsvá aos 13 
anos para meninos; Bat Mitsvá aos 12 para as meninas; e casamento e enterro 
são bem celebrados. O judaísmo também tem prescrições alimentares, comendo 
apenas alimentos kosher (permitidos), além disso, desde o pôr do sol da sexta-
feira até o pôr do sol do sábado, as famílias judias guardam o shabbat (Gaarder; 
Hellern; Notaker, 2000, p. 124-126; Wilges, 2010, p. 53-60). 
O povo judeu, historicamente, enfrentou diversas perseguições, seja na 
idade média por parte dos cristãos europeus, seja mais recentemente o 
antissemitismo promovido pelos nazistas. Tais processos, ao mesmo tempo em 
que espalhou os judeus pelo mundo, culminou na criação do Estado de Israel, 
em 1948, no território dos palestinos. “Esse novo Estado tem vivido em contínuo 
conflito com o mundo árabe, também por causa dos milhares de palestinos que 
foram deslocados na época da fundação de Israel, [recebendo] judeus vindos de 
todos os cantos do mundo, que trouxeram ao país uma variedade de ideias e 
tradições” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 112). 
Desse modo, podemos entender a chegada do judaísmo na América 
Latina. A primeira sinagoga foi construída durante a ocupação holandesa no 
Recife. Conforme Grin e Gherman (2012, p. 36): 
Os judeus brasileiros, de modo geral, possuem duas origens distintas. 
Eles vieram basicamente do Leste europeu (ou da Alemanha, no caso 
dos que chegaram às vésperas da II Guerra), os chamados judeus 
ashkenazitas, e do Oriente médio e do norte da África, das regiões do 
Magrebe e do Levante, os chamados judeus sefaraditas. 
Sociologicamente, podemos dizer que os judeus brasileiros “se 
concentram em grandes centros urbanos, possuem alta escolaridade, renda per 
capita acima da média e altíssimo Índice de Desenvolvimento Humano – IDH” 
(Grin; Gherman, 2012, p. 37). Conforme Cristine Fortes Lia (2017, p. 271), 
“Distintas vertentes da religião judaica estão presentes no Brasil, desde as mais 
conservadoras até as mais reformistas, sendo, também, possível viver o 
judaísmo apenas por meio do vínculo cultural, não religioso, revelando-as 
 
 
11 
inúmeras formas de ser judeu no Brasil”. E, apesar, da comunidade judaica ser 
pequena em contraste com a população brasileira em geral, o número de 
pessoas que se declaram judias no Brasil, ao contrário de outros países vizinhos, 
como Argentina e Uruguai, tem crescido, devido a comunidades de conversão, 
que não pertencem ao grupo étnico, mas aderem a práticas religiosas do 
judaísmo e se afirmam como judeus, bem como aos casamentos mistos e 
flexibilidades nos casos de conversão (Fortes Lia, 2017, p. 268; Grin; Gherman, 
2012, p. 36-37). 
3.2 Islamismo 
O Islã é uma religião que surge na mesma tradição monoteísta do 
judaísmo e cristianismo, ao redor no século VI, na Arabia. Apesar dessa 
proximidade entre o islamismo e os povos árabes, é preciso considerar que ser 
muçulmano não significa necessariamente ser árabe, nem o inverso. Enquanto 
o primeiro é um grupo religioso, o segundo é um grupo étnico. Tendo sua origem 
na Arábia, o islamismo se expandiu pelo norte da África, chegando à Europa, e 
até o leste asiático. 
Foi o profeta Maomé (ou Muḥammad), na cidade de Meca, a partir da 
revelação divina do anjo Gabriel, quem estabeleceu as bases do islamismo, e 
reuniu em torno de si discípulos, na cidade de Medina, que registraram a 
revelação no livro sagrado, o Alcorão. Maomé também foi uma liderança política, 
que conseguiu unificar os povos da península arábica. Após sua morte, as duas 
principais correntes do islamismo – xiita e sunita – surgiram. Os sunitas são mais 
ortodoxos e conservam a tradição (suna), enquanto os xiitas consideram Ali, 
genro de Maomé, e seus descendentes profetas como Maomé (Wilges, 2010, p. 
61-62) 
Sumariamente, conforme Gaarder, Hellern e Notaker (2000, p. 133-141), 
podemos entender o islamismo a partir do seu credo, os cinco pilares da religião 
e sua dimensão ética e política. Primeiro, o islamismo é uma religião monoteísta 
revelada que confessa a fé única em Deus (Alá, em árabe) como criador e juiz 
do universo, e Maomé é seu maior profeta. O Alcorão é a Palavra de Deus 
revelada ao seu mensageiro. Segundo, o muçulmano, além de professar a fé em 
Deus único e em seu profeta (primeiro pilar), diariamente, realiza cinco vezes 
orações de louvor e submissão a Deus, seja em casa ou na mesquita (segundo 
pilar); prática a esmola (terceiro pilar) e jejum ritual durante o Ramadan (quarto 
 
 
12 
pilar), o nono mês do calendário islâmico que celebra a revelação do Alcorão ao 
profeta, também faz parte da dieta muçulmana se abster de carne suína e álcool; 
e, pelo menos uma vez na vida, deve peregrinar para a Meca e visitar a Caaba, 
uma pedra negra considerada sagrada (quinto pilar). Finalmente, o islamismo 
tem uma dimensão ética e política que se expressa na Xariá (caminho para o 
oásis), orientando a ação humana. Em nações em que o islã é a religião do 
Estado como a Arabia Saudita, a Lei Islâmica é válida para crentes e não crentes, 
extrapolando os limites da religião. Além disso, a própria Xariá divide os 
muçulmanos. Os sunitas tendem a uma leitura mais literal do que os xiitas, que 
desenvolvem interpretações da lei a partir de seus imãs. 
Na América Latina, inicialmente a presença do islamismo se deu no Brasil 
nas primeiras décadas do século XIX, com negros escravizados, segundo 
Bastide (1971, p. 204), oriundos da região do Mali. Eram africanos muçulmanos 
conhecidos por malês, que em 1835 protagonizaram uma revolta anticolonial e, 
segundo Edmar Avelar Sena (2015, p. 838-839), deixaram importantes 
contribuições na religião e cultura, como o patuá, que eram trechos do Alcorão 
que os malês traziam junto ao corpo, e hoje são amuletos de proteção nas 
religiões de matriz africana, também noções de liberdade e não submissão 
diante do poder colonial tem sua raiz nos malês. 
Entretanto, essa presença não tem relação com o islamismo 
contemporâneo que se vive no continente. Tanto no Brasil (Sena, 2015) quanto 
na Argentina (Montenegro, 2014) o Islã chega a partir do final do século XIX, com 
migrantes libaneses e sírios e palestinos, seguindo o movimento iniciado por 
árabes cristãos. Com a criação do Estado de Israel, em 1948, e intensificação 
dos conflitos bélicos no Oriente Médio, na década de 70, novas ondas de 
migração chegaram ao continente, intensificando presença de mulçumanos nos 
grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, bem 
como diversificando o Islã praticado na América Latina. Atualmente, há escolas, 
associações e mesquitas em diversas cidades do continente, ligadas às diversas 
comunidades nacionais, seus descendentes e conversos autóctones, de modo 
que, segundo Isaac Caro (2007), há um islã latino-americano formado por 
variadas vertentes, marcado pelo diálogo com outras religiões e iniciativas 
conjuntas com judeus para a construção de uma convivência pacífica, superando 
os estereótipos midiáticos. Ainda, há uma tradição mística no islamismo, 
conhecida como sufismo, que, conforme a pesquisa de Silva Filho (2012, p. 164), 
 
 
13 
tem a adesão de brasileiros quebuscam um islamismo mais acalentador e 
devocional. 
TEMA 4 – ADVENTISMO 
Conforme Oliveira Filho (2004, p. 157), o adventismo surge nos EUA, 
inserido no movimento messiânico-milenarista do século XIX, caracterizado pela 
primazia da iluminação, a continuação da Revelação na era do Espírito Santo e 
recusando as relações das instituições religiosas, criando um mundo à parte. Foi 
o pastor batista, William Miller (1782-1849), quem pregava a iminência da 
segunda vinda de Jesus Cristo. Daí decorre o nome: adventistas. Segundo os 
cálculos, baseado na Bíblia, o retorno seria em 1840. O que não aconteceu, 
ficando conhecido como “grande desapontamento” e provocando a dispersão do 
grupo. 
Figura 4 – Símbolo moderno da Igreja Adventista do Sétimo Dia 
 
Crédito: Dalvor/Shutterstock. 
Conforme as pesquisas de Oliveira Filho (2004, p. 161), 
Guilherme Miller, ainda que não pretendesse fundar dissidência, foi 
compondo por comparações entre textos bíblicos uma interpretação, a 
partir do livro de Daniel, que estabelece, através de um “cálculo” 
profético, uma cronologia que conjuga a história profana com a história 
 
 
14 
sagrada, visando a interpretar a profecia das “duas mil e trezentas 
tardes e manhãs”, o que levou a sucessivas marcações de datas para 
a volta do Messias, surgindo, assim, uma corrente numerosa de 
adventistas. O millenismo empolgou os Estados da Nova Inglaterra, 
atingindo Nova York, Filadélfia, Ohio, Michigan, e chegando, 
igualmente até o Canadá. Os futuros pioneiros da Igreja Adventista do 
Sétimo Dia, em grande parte, assistem a sermões de Miller; mais tarde, 
iriam efetuar correções em suas interpretações e ampliar o alcance da 
ênfase profética, representando, paulatinamente, uma cronologia mais 
rica, para a qual convergem inúmeras profecias, e que visa a periodizar 
o profano e o sagrado, em momentos que se sucedem com atributos 
específicos através dos quais chega-se ao “tempo do fim”, tempo que 
corresponde a várias interpretações da divindade na história humana 
e comissionamentos que, pela ação, a tornam caminho de salvação. 
Segundo Schünemann (2009, p. 148), o adventismo se organiza 
institucionalmente, entre um grupo de cristãos após o fracasso milenista, ao 
redor do carisma profético de Ellen White, através da Igreja Adventista do Sétimo 
Dia (IASD). “Desrosche (2000) caracteriza a IASD como uma igreja de origem 
milenialista, que tem na guarda do sábado, a crença no dom profético de Ellen 
White e nos cuidados com a saúde suas marcas mais peculiares. Acrescentamos 
à crença da IASD, de que ela é a ‘verdadeira igreja remanescente do tempo do 
fim’” (Schünemann, 2009, p. 151). 
A partir da cidade de Battle Creek, em Michigan, nos Estados Unidos, a 
IASD rapidamente criou comunidades pelos EUA, Europa e América Latina, se 
beneficiando dos fluxos migratórios do século XIX e XX, conforme Schünemann, 
Com um pequeno número de membros e recursos limitados para a 
expansão, os fluxos migratórios da Europa para as Américas se 
demonstraram um fator muito importante, para a difusão por processos 
“naturais” da doutrina adventista. [...] a presença de imigrantes 
europeus no cone sul foi um fator importante para a inserção e 
expansão. 
Somado a isso, o êxodo rural e o acelerado processo de urbanização nas 
grandes cidades do chamado “Terceiro Mundo” contribuiu para o crescimento da 
IASD. Além do mais, a sustentação da igreja em países ricos, atualmente, se dá 
por fiéis migrantes que buscam manter vínculos com a igreja como forma de 
facilitar a sobrevivência. Presente no Brasil desde 1906, a IASD tem 
desenvolvido um trabalho de imprensa, educação e serviços médicos, bem 
como, segundo Furtado (2020), sua história e teologia demonstram abertura 
para o diálogo ecumênico e inter-religioso. 
 
 
 
 
15 
TEMA 5 – MORMONISMO E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 
É comum no Brasil, sobretudo nos centros urbanos, encontrarmos grupos 
de pessoas ou duplas distribuindo folhetos, revistas ou livros de cunho religiosos. 
São grupos minoritários no campo religioso latino-americano, mas bastante 
presentes no cenário das nossas cidades. São algumas “comunidades que se 
julgam cristãs, mas permanecem isoladas de todas as outras congregações 
cristãs. A maioria das igrejas cristãs as considera comunidades religiosas 
dotadas de um elemento cristão. Alguns estudiosos as classificam como igrejas 
‘paralelas à Reforma’” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 231). 
Figura 5 – Missionário Mórmon, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos 
Dias 
 
Crédito: A Katz/Shutterstock. 
5.1 Mormonismo 
A imagem que temos dos mórmons, para além da arquitetura comum de 
seus templos, são de seus missionários, que, apesar de jovens, são designados 
como Elder (Ancião), costumam vestir roupa social, gravatas e camisa branca, e 
espalham a mensagem da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias 
(IJCSUD). 
 
 
16 
Foi Joseph Smith (1805-1844), buscando a verdadeira igreja de Jesus 
Cristo, em 1820, quem recebeu a revelação do anjo Moroni, sobre a existência 
de placas douradas enterradas, as quais ele decifrou e publicou em livro dez 
anos depois: Livro de Mórmon. Os mórmons, como são conhecidos os 
seguidores, adotam o livro como sagrado e continuação do Segundo Testamento 
da Bíblia. 
O Livro de Mórmon é subdividido em vários livros com títulos como O 
Primeiro Nephi, O Livro de Enos etc. Seu tamanho equivale ao do 
Antigo Testamento. Fala dos povos indígenas da América e afirma que 
depois de ressuscitar Cristo se revelou a uma raça, mais tarde 
exterminada, que vivia na América. Vários capítulos são dedicados a 
revelações e profecias, dogmas e exortações; mas também a guerras 
e acontecimentos históricos (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 233). 
Conforme a BBC, a IJCSUD crê que sua igreja é uma restauração da 
igreja quista por Jesus, já que as outras igrejas cristãs se desviaram. A cidade 
de Salt Lake City, nos EUA, foi fundada por migrantes mórmons, em 1847, e se 
tornou o grande centro de propagação da mensagem da igreja e base de 
treinamento de missionários. 
Os mórmons acreditam que Deus tem um corpo físico, é casado e pode 
ter filhos. Eles também acreditam que os humanos podem se tornar 
deuses na vida após a morte. Os mórmons estão fortemente focados 
na vida familiar tradicional e nos valores. Eles se opõem ao aborto, 
homossexualidade, atos sexuais solteiros, pornografia, jogos de azar, 
tabaco, consumo de álcool, chá, café e uso de drogas. Um dos 
equívocos mais comuns é que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos 
Últimos Dias defende a poligamia. No entanto, isso foi interrompido há 
mais de um século e a Igreja excomunga qualquer pessoa que o 
pratique (BBC). 
Conforme Cernadas (2009), os mórmons entram na América do Sul, no 
início do século XX, através da Argentina e logo chegaram ao Brasil. Em 1950, 
já estavam presentes em vários países da região. 
5.2 Testemunhas de Jeová 
Outro grupo marcante em nosso imaginário são os Testemunhas de 
Jeová, em seu serviço porta a porta, distribuindo suas publicações sobre a Bíblia 
e Reino de Deus. Porém, há que se dizer que há poucos estudos sobre esse 
grupo religioso. Assim, olhemos algumas características sócio-históricas do 
surgimento e desenvolvimento das Testemunhas de Jeová. 
O nome vem no texto bíblico de Isaías 43: 10: “Vós sois as minhas 
testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e 
 
 
17 
me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum 
se formou, e depois de mim nenhum haverá.” No texto original, Senhor é YHWH, 
o tetragrama hebraico, cuja tradução inglesa, na Bíblia King James, era 
JEOVAH. Segundo o website dos Testemunhas de Jeová, a organização se 
origina no final do século XIX, através de círculos de estudos bíblicos, por jovens 
liderados por Charles Taze Russell (1852-1916), que passaram a publicar as 
conclusões de seus estudos na revista A Sentinela,com o objetivo de “divulgar 
os ensinamentos de Jesus Cristo e seguir o modelo deixado pelos cristãos do 
primeiro século”. 
Além do proselitismo porta a porta, as Testemunhas de Jeová são 
reconhecidos pela “objeção de consciência”. Conforme a BCC, durante as 
guerras que marcaram o início do século XX, Testemunhas de Jeová militaram 
contra o alistamento obrigatório, muitos foram presos e perseguidos no Canadá, 
EUA e Inglaterra. Cerca de 75% das pessoas presas por recusar pegar em 
armas, nos EUA, eram Testemunhas de Jeová. Também, são conhecidos por 
negar o procedimento médico de transfusão de sangue, não recebem e nem 
doam sangue. 
O posicionamento ético das Testemunhas de Jeová tem a Bíblia como 
fundamento. Entretanto, não professam uma fé trinitária, e tampouco Jesus 
Cristo é Deus, com o Pai e o Espírito Santo. Jeová é Deus e a esperança está 
em seu governo celestial. “As Testemunhas de Jeová afirmam que tanto as 
profecias da Bíblia como os acontecimentos mundiais indicam a iminência do 
reino de Deus, e que nossa geração irá testemunhar a expulsão de Satã e de 
todo o mal, bem como a transformação da terra num paraíso que se tornará o lar 
eterno dos fiéis” (Gaarder; Hellern; Notaker, 2000, p. 232). 
Conforme a BCC, em 2007, eram cerca de 6.9 milhões de Testemunhas 
de Jeová em 235 países no mundo. No Brasil, segundo a organização, são 
897.056 evangelizadores, 12.531 congregações, e representam 1 Testemunha 
de Jeová para cada 239 habitantes. No último ano, 2020, celebraram 121.295 
batizados. 
NA PRÁTICA 
Nesta aula, estudamos um pouco os grupos religiosos minoritários na 
América Latina. Você já conhecia alguma destas? Você sabe se há a presença 
delas no seu bairro ou cidade? Onde são seus principais espaços sagrados? 
 
 
18 
Quem são seus líderes? Quais tradições seguem? Suas comunidades são 
compostas por migrantes, descendentes, fiéis sem ascendência? Faça uma 
pesquisa, se possível, realize uma visita presencial e tente levantar essas e 
outras informações sobre a presença de grupos religiosos minoritários na sua 
região. Busque saber mais também sobre instituições com inspiração religiosa, 
como a Legião da Boa Vontade, que está voltada para a ação social e busca 
fomentar uma espiritualidade ecumênica. 
FINALIZANDO 
Nesta aula aprendemos que as religiosidades que tivemos contato nesta 
aula – Hinduísmo, Espiritismo, Budismo, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo, 
Judaísmo, Islamismo, Adventismo, Mormornismo e Testemunhas de Jeová – 
chegaram à América Latina através dos fluxos migratórios que tiveram início na 
segunda metade do século XIX, e se intensificaram ao longo do século XX. Se, 
primeiramente, elas ficaram restritas aos grupos étnicos, após 1960 se percebe 
maior interesse de fiéis latino-americanos sem ascendência étnica por essas 
religiões, sobretudo as orientais. Também se percebe que o crescimento das 
cidades contribuiu para o fortalecimento da atividade missionária de grupos 
americanos de base ou inspiração cristã. Em suma, essas religiões têm oferecido 
contribuições para as sociedades em que estão presentes, bem como acolhem 
elementos das culturas latino-americanas, sem perder o que é próprio de suas 
crenças. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ASSIS, T. S. de. Neo-hinduísmo carioca: um estudo sociológico sobre um 
grupo de vedanta. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal 
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. 
BASTIDE, R. As religiões africanas no Brasil. São Paulo: Edusp, 1971. 
BRITISH BROADCASTING CORPORATION (BBC). BBC – Religion: 
Mormonism. Disponível em: 
<https://www.bbc.co.uk/religion/religions/mormon/>. Acesso em: 29 set. 2021. 
CARO, I. Identidades Islámicas Contemporáneas en América Latina. 
Universum, Talca, v. 22, n. 2, p. 27-39, 2007. 
CERNADAS, C. C. Fronteira de la imaginación religiosa: índios y mórmones em 
formosa oriental (Argentina). INTERAÇÕES - Cultura e Comunidade, Belo 
Horizonte, v. 4, n. 5, p. 129-148, 2009. 
FORTES LIA, C. Identidades judaicas: as comunidades de conversão na Serra 
Gaúcha. Interações, Belo Horizonte, v. 12, n. 22, p. 264-283, dez. 2017. 
FURTADO, K. W. K. Por uma teologia adventista dialógica: leitura das 
crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia em perspectiva 
ecumênica e inter-religiosa. 307 f. Tese (Doutorado em Teologia) – PUCPPR, 
Curitiba, 2020. 
GAARDER, J.; HELLERN, V.; NOTAKER, H. O livro das religiões. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2000. 
GALINKIN, A.L. Judaísmo e identidade judaica. Interações, Belo Horizonte, v. 
3, n. 4, p. 87-97, 2008. 
GRIN, M.; GHERMAN, M. Cultura judaica e brasileira. Uma síntese? IHU On-
Line, São Leopoldo, n. 400, ano 12, p. 35-37, ago. 2012. 
SILVA FILHO, M. A. da. A Mística Islâmica em Terræ Brasilis: o Sufismo e as 
Ordens Sufis em São Paulo. 105 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da 
Religião) – PUC/SP, São Paulo, 2012. 
OLIVEIRA FILHO, J. J. de. Formação histórica do movimento adventista. 
Estudos Avançados, [S. l.], v. 18, n. 52, p. 157-179, 2004. 
 
 
20 
SCHÜNEMANN, H. E. S. O papel das imigrações no crescimento da Igreja 
Adventista do Sétimo dia. Estudos de Religião, v. 23, n. 37, 2009. 
USARSKI, F. O Budismo de imigrantes japoneses no âmbito do Budismo 
brasileiro. HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da 
Religião, Belo Horizonte, v. 14, n. 43, p. 717-739, set. 2016. 
VALE, N. B. do; DELFINO, J. As nove premissas anestesiológicas da Bíblia. 
Revista Brasileira de Anestesiologia, [S.I.], v. 53, n. 1, p. 127-136, 2003. 
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA. 
Disponível em: <https://www.jw.org/pt/>. 
WILGES, I. Cultura religiosa: as religiões no mundo. Petrópolis: Vozes, 2010.

Continue navegando