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Entre as metodologias existentes para a elaboração da Carta de Risco, são referências as propostas metodológicas de Macedo (2000) e de Carvalho, Macedo, Ogura (2007), especialmente voltadas para processos de deslizamentos e inundações. ser reconhecidas por meio de diferentes indicadores e evidências (Figuras de 5 a 15) relacionados a: aspectos do meio físico: espessura do solo, tipo da rocha, forma da encosta, aspectos bióticos: presença, tipo e porte arbóreo da vegetação, cultivo de bananeiras e outras espécies vegetais; aspectos antrópicos: taludes de corte, aterro, lançamento de lixo, condução cicatrizes de deslizamentos, altura das inundações etc; e aspectos de vulnerabilidade: caminhos desorganizados de difícil acesso, fragilidade construtiva das moradias, famílias com crianças, idosos e portadores de necessidades especiais. próxima da quebra do relevo. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 7. Trinca em muro de contenção de mais de 3 metros. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 5. Muro embarrigado. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 8. da foliação e que desfavorecem a estabilidade do talude quando são executados cortes. Na imagem pode- se observar o desplacamento do material. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 9. Construção sobre aterro lançado. Situação comumente encontrada. Nos fundos da casa retira-se material alterando a geometria do talude, lançando-o a jusante para a regularização do terreno e ampliação da área a ser ocupada. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 14. Lançamento de lixo e entulho em talude de alta declividade. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 11. construída muito próxima do talude, sem área livre para receber o possível material mobilizado. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 12. baixo padrão construtivo. Com a ausência de calhas, a água de chuva é lançada diretamente no talude adjacente Fonte: LabGRis, 2020. Figura 15. Cicatriz de deslizamento. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 10. Árvores inclinadas, degrau de abatimento e material deslocado por deslizamentos. Fonte: LabGRis, 2020. Figura 13. Erosão causada pela ausência de dispositivos de captação e direcionamento do escoamento das da estrutura e o seu comprometimento. Fonte: LabGRis, 2020. O LabGris-UFABC tem trabalhado na revisão e na atualização dessa metodologia de modo a ressaltar a importância de se aperfeiçoar e ampliar o diagnóstico sociambiental para a composição do risco, apontando intervenções que atuem de forma multifacetada sobre os fatores causais (conceitualizada no Capítulo 1). Entre os avanços obtidos destaca-se o trabalho de Nogueira et al. (2018) onde os autores propõem a sistematização e incorporação de um conjunto de indicadores de vulnerabilidade de fácil observação sintetizados a seguir: Evidências de fragilidade construtiva, de instabilidade estrutural ou de Evidência clara de perigo ou impacto ou dano à moradia por ocorrência pretérita, sem que haja providência observável de reparo ou mitigação por parte do morador; Lançamento desorganizado de águas servidas sobre taludes. A Carta de Risco (CR) é elaborada em Escala 1:2.000 com foco em Planejamento Urbano, Planos Municipais de Redução de Riscos, Planos Preventivos de Defesa Civil, Planos de Obras e Planos de Contingência, com o intuito de: avaliar as condições de vulnerabilidade (grau de perda ou dano de um elemento ou conjunto de elementos, associado a uma ameaça ou processo geodinâmico ou hidrodinâmico, com uma dada intensidade ou magnitude de ocorrência) das ocupações sob risco; apontar o zoneamento/setorização de acordo com graus de risco (R1 - baixo, R2 - médio, R3 - Alto e R4 - Muito Alto), segundo o tipo de processo (movimentos de massa e inundações) e considerando a análise da ameaça (como processos de inundação, deslizamento, seca) e da vulnerabilidade (como moradias precárias, falta de sistema de alerta); a indicação de medidas estruturais convencionais e/ou Soluções baseadas na Natureza - SbN e, não menos importante, medidas não estruturais que permitam o controle e a convivência mais segura com o risco, como por exemplo a realização de simulados; apoiar a elaboração de sistema de gestão de risco (prevenção e mitigação) e de desastre (preparação, resposta e reconstrução). Recomenda-se que os mapeamentos sejam elaborados com base em um processo integrado incluindo equipes executoras (instituições de ensino, pesquisa, empresas), técnicos e gestores municipais e a população, especialmente as comunidades que vivem nas áreas a serem mapeadas. Passamos a apresentar um exercício de diagnóstico participativo para 3) 4) 5) 6) 2) 1) Diagnóstico junto com os atores: uma experiência participativa para mapeamento de risco O projeto de extensão “Caminhos Participativos para Gestão Integrada de Riscos e Desastres”, desenvolvido pelo LabGRis-UFABC, em 2019, realizou, em uma de inundação e deslizamento (Figura 16). Participaram da atividade técnicos municipais das áreas de Planejamento e Meio Ambiente, Habitação, Assistência Social, Educação e Defesa Civil, representantes dos cinco municípios da Bacia do Rio Juqueri (Cajamar, Caieiras, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã, situados na Região Metropolitana de São Paulo), bem como moradores da área a ser estudada em Franco da Rocha. A primeira etapa foi o pré-campo. Em uma sala, os participantes foram organizados em grupos e receberam um mapa e fotos oblíquas obtidas por sobrevoo de drone na área de estudo. O trabalho de diagnóstico colaborativo possibilitou a discussão dos grupos sobre os processos e os contextos de risco de deslizamento na área de estudo, seguindo uma série de perguntas orientadoras. Feito o estudo, havia analisado e discutido. Na visita de campo, cada grupo contou com a presença de um morador da área que pôde guiar o grupo pelos melhores caminhos para acessar os pontos de interesse e relatar o histórico de ocupação, de intervenções e de acidentes na área. Após o campo, os participantes de cada grupo compararam dados, críticos do trecho visitado. O diferencial na atividade foi a organização dos trabalhos em grupos com os diferentes atores sociais que incluíam os agentes de Proteção e Defesa Civil, técnicos municipais e moradores da comunidade em estudo. O diagnóstico participativo em exemplo demonstrou, assim como outros aplicados em diferentes regiões do país, que a percepção e a experiência dos moradores locais devem ser acolhidas e analisadas cuidadosamente, pois a vivência diária na área em situação de risco pode trazer informações muito ricas, as quais, em conjunto com as experiências dos atendimentos e dos registros de ocorrências nessas áreas pela Proteção e Defesa Civil local e outros setores das prefeituras, são fundamentais para o estabelecimento de um diagnóstico detalhando, contextualizado e atualizado. Fonte: LabGRis, 6/6/2019. A atividade de diagnóstico participativo favoreceu também um processo de aprendizagem considerando e valorizando os saberes e os conhecimentos dos moradores. Nesse exercício os moradores tiveram a possibilidade de discutir com os técnicos as necessidades e as alternativas para o enfrentamento das situações de compromisso para futuras ações, a exemplo do que podemos ver, a seguir, na Seção 3.2, que aborda as Soluções baseadas da Natureza como estratégia para redução de risco e a participação social. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE NOS TRÊS TIPOS DE MAPEAMENTO Em um cenário ideal de planejamento para gestão e redução das situações de riscos e desastres, é recomendável que o município tenha, inicialmente, os seguintes mapeamentos: Carta de Suscetibilidade, em escala regional, para ter uma ampla visão da distribuição das áreas suscetíveis a processos geológicos e hidrológicos no território; Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização, em um segundo nível de maior detalhe, atendendo às áreas de expansão previstas pelo município, com diretrizes e recomendações para uma urbanizaçãosegura e de qualidade; Carta de Risco, no nível de detalhe, auxiliando os gestores e a sociedade orientando propostas para sua mitigação/redução. Como aponta a PNPDEC em seu Art.22, que acresce a disposição abaixo à Lei nº 12.340/2010, os municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos deverão: I- elaborar mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; II- elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil e instituir órgãos municipais de Proteção e Defesa Civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão central do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC); III- elaborar Plano de Implantação de Obras e Serviços para a redução de riscos de desastres; IV- em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; e V- elaborar Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização, estabelecendo diretrizes urbanísticas voltadas para a segurança dos novos parcelamentos do solo e para o aproveitamento de agregados para a construção civil. Quanto às Cartas de Suscetibilidade e de Aptidão à Urbanização, vale considerar (ArcGis, QGis, Shalstab e vários outros modelos), além do levantamento de um número maior de dados relativos às características do meio físico (tipo do substrato rochoso, O Plano de Contingência é um plano de ação do município, comumente elaborado pela Proteção e Defesa Civil municipal, com o objetivo locais estratégicas e responsáveis para organizar e reduzir impactos durante e após a ocorrência de um desastre socioambiental e/ ou tecnológico. Por isso, a Carta de Risco tem o papel relevante de apoio na elaboração do Plano de Contingência; O Plano de Implantação de Obras e Serviços é um instrumento que considera as prioridades de ações e intervenções para mitigação dos riscos. Assim, os Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRRs) dão sustentação para a elaboração do Plano de Obras; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BITAR, Omar Yazbek (Coord.). Cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações, 01:25.000. Nota técnica explicativa (livro eletrônico). São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Brasília: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2014. Disponível em: http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/bitstream/handle/doc/16588/NT-Carta_ Suscetibilidade.pdf?sequence=1. Acesso em: 25 de mar. 2021. BRASIL. Decreto nº 10.692, de 3 de maio de 2021. Institui o Cadastro Nacional de Municípios com Áreas Suscetíveis à Ocorrência de Deslizamentos de Grande Impacto, Inundações Bruscas ou Processos Geológicos ou Hidrológicos Correlatos. BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC); dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) e sobre o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (CONPDEC); autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, nº 10.257, de 10 de julho de 2001, nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, nº 8.239, de 4 de outubro de 1991, e nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. CANIL, Kátia; NOGUEIRA, Fernando Rocha; MORETTI, Ricardo de Souza; FUKUMOTO, Marina Midori; RAMALHO, Paula Ciminelli; POLLINI, Paula Bittencourt; REGINO, Tássia de Menezes; GOMES, Aramis H. O processo interativo na elaboração da carta geotécnica de aptidão à urbanização e sua aplicação ao planejamento e gestão territorial do município de São Bernardo do Campo, SP. In: III CONGRESSO DA SOCIEDADE DE ANÁLISE DE RISCO LATINO- AMERICANA. 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