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A área das Ciências Naturais e o currículo escolar Prof.ª Cínthia Hoch Batista de Souza Descrição O currículo escolar aplicado às Ciências da Natureza de acordo com as diretrizes apresentadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação básica brasileira. Propósito O conhecimento do conteúdo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da sua aplicação nas diferentes fases da educação básica proporcionará o entendimento das competências que norteiam a aprendizagem essencial, bem como da importância da readequação dos currículos de Ciências Naturais, visando preparar os discentes para serem atuantes e capazes de solucionar problemas diários na sociedade em que estão inseridos. Objetivos Módulo 1 Princípios e valores da BNCC Reconhecer os princípios e valores da BNCC. Módulo 2 As Ciências da Natureza na BNCC Identificar o conteúdo das unidades temáticas, os objetos de estudo e as habilidades para a área de Ciências da Natureza apresentados pela BNCC. Módulo 3 Percurso curricular e perspectiva da atividade discente Relacionar o conteúdo curricular apresentado pela BNCC para a área de Ciências da Natureza com a atividade discente. 1 - Princípios e valores da BNCC Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os princípios e valores da BNCC. Uma das razões para a desigualdade no ensino oferecido no Brasil são suas grandes dimensões. Outro fator consiste em, muitas vezes, o ensino público apresentar desvantagens em relação ao ensino particular. A despeito dessas diferenças, há a necessidade de preparar o estudante para as demandas da vida, de forma que o ensino seja de fato uma etapa que forme um cidadão. Desse modo, criou-se a Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, que é um documento que apresenta diretrizes para a padronização do currículo escolar nas fases da educação básica. Seu objetivo é readequar os currículos das escolas públicas e privadas de todo o país a um conteúdo de qualidade com aplicação prática, ofertando ao aluno os conceitos e as ferramentas que o tornem capaz de desenvolver habilidades que possam auxiliá-lo no seu dia a dia, na relação interpessoal e no mercado de trabalho. Introdução Base Nacional Comum Curricular - BNCC BNCC: de�nição, histórico e implementação No Brasil, existe um documento homologado pelo Ministério da Educação que se chama Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC apresenta diretrizes para que a educação básica brasileira tenha um conteúdo comum. Ou seja, por meio do emprego desse documento, que é obrigatório, todos os alunos do país, de escolas públicas e privadas, independentemente de sua classe socioeconômica, etnia ou religião, irão desenvolver as mesmas habilidades e competências durante o seu aprendizado nos anos escolares do ensino básico. Para entendermos a construção da BNCC, que contou com diversas fases, vamos conversar sobre alguns marcos importantes que levaram à homologação deste documento: 1988 Foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, que, no seu artigo 210, já previa a Base Nacional Comum Curricular, ao afirmar que, com o objetivo de valorizar elementos culturais e artísticos do país (tanto em âmbito regional como nacional), deveriam ser fixados conteúdos mínimos para uma formação básica. 1996 A Lei nº 9.394, também conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), determinou o acordo entre os vários níveis de governo, para que fossem estabelecidas ê d A Base Nacional Comum Curricular resulta de um processo que compreendeu diversas etapas, com participação de educadores e membros da sociedade, configurando um processo democrático. O Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) também foram instituições parceiras na elaboração da BNCC. Todos os esforços ocorreram para que houvesse uma grande modificação na educação básica brasileira, a fim de que todos os estudantes do território nacional pudessem ter acesso a um conjunto de aprendizagens essenciais que devem ser trabalhadas mediante dez competências gerais aplicadas à educação básica. Comentário Após algumas versões do documento, a versão final da BNCC correspondente às fases da educação infantil e do ensino fundamental foi homologada em dezembro de 2017. Depois, em 14 de dezembro de 2018, a parte do documento da Base Nacional Comum Curricular com competências e diretrizes capazes de orientar os currículos escolares do país. 1997 Foram consolidados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para o ensino fundamental (1º ao 5º ano). Esses parâmetros determinavam o que deveria ser referencial de qualidade para a educação brasileira. 2014 O Plano Nacional de Educação reafirmou a necessidade do estabelecimento de diretrizes pedagógicas para a orientação dos currículos de toda a educação básica brasileira. diretrizes para o ensino médio foi homologada. Dessa forma, o país passou a contar com um documento apresentando as bases com todas as aprendizagens previstas para todas as etapas da educação básica. Assim, a BNCC apresenta como pontos principais: Orientação para a elaboração dos currículos e propostas pedagógicas das escolas públicas e privadas do país Orientação de políticas para a formação de professores, produção de material didático e avaliação Diante da construção da BNCC, fez-se necessária a reformulação dos currículos escolares nas escolas de todo o país. Para isso, foi criado pelo MEC um programa chamado Pró-BNCC. Esse programa conta com a participação de equipes competentes para auxiliar as unidades escolares nessa reformulação e consequente implementação da BNCC. O prazo para as ações necessárias à implementação da BNCC no sistema de ensino brasileiro foi estipulado em dois anos após a homologação que ocorreu em 2017. É importante destacar que a BNCC não é propriamente um currículo, e sim um documento orientador para o desenvolvimento das atividades na escola que tem como objetivo básico a promoção da equidade. Logo, o objetivo principal é adaptar a realidade dos estudantes a uma mesma situação, aplicando-se justiça. Podemos dizer que assim teremos um ensino justo, uma vez que todas as escolas do país terão as mesmas diretrizes e orientações em suas políticas educacionais e definição de aprendizagem essencial. Estruturação do ensino A BNCC é um documento longo e completo que apresenta as normativas para os currículos escolares de todas as etapas da educação básica. É importante frisar que se entende por educação básica todos os anos escolares que são percorridos pelos alunos durante a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. A seguir, saiba mais sobre cada etapa: Educação infantil Na educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica, a BNCC preconiza que os alunos tenham assegurado seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, que são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer- se. A partir destes conceitos, a BNCC apresenta os campos de experiência, que são as etapas nas quais as crianças podem se desenvolver e aprender. Ensino fundamental Já o ensino fundamental está dividido em cinco áreas do conhecimento: Linguagens, á ê d campos de experiência Aqui são 5 campos, a saber: - o eu, o outro e o nós; - corpo, gestos e movimento; - traços, som, cores e formas; - escuta, fala, pensamento e imaginação; e - espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. No próximo módulo, falaremos detalhadamente sobre as áreas de Ciências da Natureza e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. BNCC e o ensino por competências Como vimos, a BNCC preconiza que, ao longo dos anos da educação básica, as aprendizagens essenciais ocorram por meio de competências gerais. Essas competências permitem que os alunos recebam seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas eEnsino Religioso. Ensino médio Para o ensino médio, a BNCC apresenta as seguintes áreas: Linguagem e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Atenção! É importante destacar o que foi chamado de competência durante a confecção da BNCC. Competência é a mobilização de habilidades, atitudes, valores e conhecimentos que são utilizados para que cada indivíduo consiga resolver e administrar as demandas que o dia a dia nos apresenta. Assim, essas competências estão ligadas diretamente às ações necessárias para que questões da vida cotidiana sejam resolvidas, bem como sejam exercidas cidadania e ações no trabalho. Assim, todas as decisões e ações pedagógicas devem ser realizadas para o desenvolvimento de tais competências. Para isso, os alunos devem ser orientados de forma que saibam o que devem, de fato, “saber” e ainda mais importante: o que devem “saber fazer”. Educação e competências Neste vídeo, a especialista apresenta um estudo de caso no qual o ensino por competências mostrou-se fundamental para a Educação. Confira! Competências para educação básica As competências na BNCC para educação básica Como já sabemos, ao falarmos de educação básica — termo fundamentado pela Lei 9.394/96, nossa LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) mais recente — estamos nos referindo à educação infantil, ao ensino fundamental e ensino médio. Portanto, compreender o que a BNCC nos propõe como competências para esse nível da educação nacional é compreender o processo sobre o qual deve estar baseada a maior parte do ensino regular do país. Vejamos como tais competências são apresentadas clicando na citação: “1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.” (BRASIL, 2018, p. 9-10) Perceba que essas competências apresentam uma forma diferente de fazer com que o aluno participe das atividades de ensino-aprendizagem. Diferentemente do ensino tradicional, no qual o aluno era apenas um espectador de um “palestrante” (professor) em um ambiente onde não havia interação e/ou oportunidade para que o aluno se manifestasse; o emprego de metodologias ativas faz com que, atualmente, essa realidade seja outra. Atenção! Como metodologia ativa, podemos mencionar o uso da chamada “sala de aula invertida”, na qual o aluno é transformado em um ser atuante, sendo ele o protagonista da construção do seu conhecimento. Nessa situação, as competências previstas na BNCC podem ser facilmente trabalhadas. Na sala de aula invertida, o professor não está simplesmente demonstrando o conteúdo, mas sim instigando os estudantes a pesquisarem sobre o referido assunto e a levarem as suas dúvidas para a discussão em sala. O aluno é ativo e atua de forma autônoma. Portanto, a aplicação da BNCC aliada a essa e a outras metodologias resulta na oferta de um ensino que atenda às demandas da vida, preparando os alunos para serem autônomos, atuantes na sociedade e capazes de resolver problemas do cotidiano. E é esse aluno preparado que a sociedade atual pede! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo que explicita as aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas por todos os alunos do território brasileiro. Com relação à aplicação da BNCC, é correto afirmar que esse documento deve ser implementado Parabéns! A alternativa C está correta. Todas as escolas do país, sejam elas privadas ou públicas, que ofertem educação infantil, ensino fundamental e ensino médio devem basear-se na BNCC para suas ações pedagógicas e de ensino-aprendizagem. Questão 2 A BNCC define que as aprendizagens essenciais devem resultar no desenvolvimento de 10 competências gerais, sendo fundamental identificar a importância dessas competências para a educação básica. Nesse sentido, identifique entre as afirmativas abaixo aquelas que caracterizam algumas dessas competências: I - Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. II - Utilizar diferentes linguagens — verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital —, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. A apenas nas escolas particulares do país. B apenas nas escolas públicas do país. C em todas as escolas do país. D apenas nas escolas de ensino fundamental. E apenas nas escolas de ensino médio. III - Valorizar as atividades presenciais em detrimento das tecnologias digitais de informação, evitando assim a alienação e promovendo uma comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares). Das afirmativas acima, são competências gerais Parabéns!A alternativa D está correta. Visando a uma comunicação mais contemporânea, cujo objetivo é, além de acessar e disseminar informações, também produzir conhecimentos, uma das competências afirma exatamente o contrário: compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação. A escola não pode omitir sua responsabilidade nesse processo. A apenas I. B apenas II. C apenas III. D I e II. E I e III. 2 - As Ciências da Natureza na BNCC Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o conteúdo das unidades temáticas, os objetos de estudo e as habilidades para a área de Ciências da Natureza apresentados pela BNCC. Competências e BNCC O que são as competências apresentadas na BNCC? A BNCC propõe uma readequação de currículo, focando integralmente a formação do aluno para atuar na sociedade contemporânea. Para o aluno de hoje não basta apenas aprender; é necessário que ele aprenda e entenda o porquê, ou seja, compreenda a aplicação do conteúdo que está sendo trabalhado. Entender é um desafio muito maior que decorar. Ao compreender um conteúdo, percebe-se o quanto é desnecessário e sem aplicação o ato de decorar algo. O entendimento signi�ca saber a importância do conteúdo e as formas de aplicá-lo em situações diversas, independentemente da disciplina estudada no currículo escolar. Assim, a proposta é formar um cidadão que, por meio de ideias e soluções, consiga enfrentar os desafios diários, uma vez que conseguirá levar esses conhecimentos e aplicá-los, na prática, além dos muros da escola, das apostilas ou das aulas virtuais. Como vimos, para que essas competências sejam trabalhadas integralmente, a BNCC apresenta as competências gerais, que, para cada ano do currículo escolar básico, são amplificadas no sentido de englobarem todo o conteúdo necessário para cada fase. Além disso, há o incentivo ao conhecimento e à valorização das manifestações culturais, que muitas vezes, infelizmente, são vistas como algo dispensável. As competências básicas trazem também ao aluno o entendimento da diversidade e da pluralidade do indivíduo trabalhando as diferentes formas de comunicação, o exercício da empatia, o diálogo e a cooperação, valorizando, inclusive, o ser e suas emoções. Questões como o conhecimento e o uso de tecnologias digitais de informação, análise crítica, argumentação, uso de informações baseadas em fatos (e extraídas de fontes confiáveis) também é um ponto importante das competências básicas. As competências gerais apresentam, em linhas gerais, todos os pontos importantes a serem detalhados como habilidades ao longo do currículo de todos os anos da educação básica. Novamente, é importante lembrar que a BNCC não é um texto que apresenta o currículo pronto, mas sim as competências e habilidades que devem ser trabalhadas com foco na aprendizagem. Neste material, iremos detalhar essas informações relativas aos ensinos fundamental e médio, uma vez que essas etapas da educação básica trabalham a área de Ciências da Natureza. Saiba mais A educação infantil inicia o desenvolvimento dos conteúdos relativos à área de Ciências da Natureza por meio de seus campos de experiências e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, quando, por exemplo, apresenta como um de seus objetivos a discussão de ações nas quais o foco seja os cuidados com animais e plantas. A área de Ciências da Natureza apresenta competências específicas para o ensino fundamental e para o ensino médio, como veremos a seguir. Competências no ensino fundamental Competências, na BNCC, para o ensino de Ciências no ensino fundamental Na BNCC, o ensino fundamental é dividido em “anos iniciais” (1º ao 5º ano) e em “anos finais” (6º ao 9º ano). Nesse nível de educação, há também competências específicas, as quais devemos conhecer, clicando na citação: “1. Compreender as Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico como provisório, cultural e histórico. COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza. 4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho. 5. Construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. 6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. 7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias. 8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.” (BRASIL, 2018, p. 324) Para que essas competências sejam trabalhadas, a BNCC apresenta três unidades temáticas que contemplam os conteúdos necessários para o estudo de Ciências no ensino fundamental: Matéria e energia Vida e evolução Terra e Universo Para cada ano do ensino fundamental (iniciais e finais), essas unidades temáticas se repetem. No entanto, os objetos de conhecimento e as habilidades se adequam ao ano escolar em questão, de modo que os conteúdos abordados apresentem maior complexidade a cada ano do ensino fundamental. Competências especí�cas de Ciências da Natureza para o ensino fundamental Veja, a seguir, as competências específicas das Ciências da Natureza e sua importância para a Ciência Escolar. Unidades temáticas no ensino fundamental Unidades temáticas, na BNCC, para o ensino de Ciências no ensino fundamental Os assuntos relacionados às unidades temáticas são subdivididos em tópicos organizados como objetos de conhecimento. A partir dessa organização, a BNCC apresenta as habilidades que permeiam muitas outras áreas do conhecimento, como Filosofia, Química, Física, Matemática, Engenharia e Astronomia, isso para citar apenas algumas. No caso das Ciências da Natureza, são apresentadas três unidades temáticas, conforme você já conhece. Clique em cada unidade e saiba mais sobre elas: “A unidade temática Matéria e energia contempla o estudo de materiais e suas transformações, fontes e tipos de energia utilizados na vida em geral, na perspectiva de construir conhecimento sobre a natureza da matéria e os diferentes usos da energia. Dessa maneira, nessa unidade estão envolvidos Matéria e energia estudos referentes à ocorrência, à utilização e ao processamento de recursos naturais e energéticosempregados na geração de diferentes tipos de energia e na produção e no uso responsável de materiais diversos. Discute-se, também, a perspectiva histórica da apropriação humana desses recursos, com base, por exemplo, na identificação do uso de materiais em diferentes ambientes e épocas e sua relação com a sociedade e a tecnologia. (BRASIL, 2018, p. 325) “A unidade temática Vida e evolução propõe o estudo de questões relacionadas aos seres vivos (incluindo os seres humanos), suas características e necessidades, e a vida como fenômeno natural e social, os elementos essenciais à sua manutenção e à compreensão dos processos evolutivos que geram a diversidade de formas de vida no planeta. Estudam-se características dos ecossistemas, destacando-se as interações dos seres vivos com outros seres vivos e com os fatores não vivos do ambiente, com destaque para as interações que os seres humanos estabelecem entre si e com os demais seres e elementos não vivos do ambiente. Aborda-se, ainda, a importância da preservação da biodiversidade e como ela se distribui nos principais ecossistemas brasileiros.” (BRASIL, 2018, p. 326) “Na unidade temática Terra e Universo, busca-se a compreensão de características da Terra, do Sol, da Lua e de outros corpos celestes — suas dimensões, composições, localizações, movimentos e forças que atuam entre eles. Ampliam-se experiências de observação do céu, do planeta Terra, particularmente das zonas habitadas pelo ser humano e demais seres vivos, bem como de observação dos principais fenômenos celestes. Além disso, ao salientar que a construção dos conhecimentos sobre a Terra e o céu se deu de diferentes formas em distintas culturas ao longo da história, explora-se a riqueza envolvida nesses conhecimentos, o que permite, entre outras coisas, maior valorização de outras formas de conceber o Vida e evolução Terra e Universo mundo, como os conhecimentos próprios dos povos indígenas originários.” (BRASIL, 2018, p. 328) Para cada ano do ensino fundamental, e a partir de cada uma das unidades temáticas (UT), a BNCC apresenta os objetos de conhecimento (OC) e suas respectivas habilidades. Por exemplo, para o primeiro ano do ensino fundamental (1º EF), na UT Terra e Universo, é apresentado o OC: Escala de Tempo. E para atingir a compreensão desse conteúdo, propõem-se como habilidades tanto a identificação como nomeação de cada período diário, como também dias, semanas, meses e anos e, além disso, a capacidade de identificar como essa sucessão interfere no cotidiano dos indivíduos e de outros seres vivos. As habilidades propostas para cada objeto de conhecimento estão dispostas em nove tabelas, uma para cada ano de ensino fundamental. No entanto, é importante destacarmos que todas as habilidades estão ligadas a processos de investigação, para que o aluno tenha a oportunidade de entrar em contato com assuntos que possam resultar em estudo, curiosidade, raciocínio lógico, desenvolvimento do raciocínio crítico e, por fim, na construção do conhecimento. Especificamente nos dois anos iniciais, as habilidades de Ciências estão voltadas para o contexto de letramento científico. Dessa maneira, o aluno já terá acesso a um conteúdo que o permita observar e interpretar o mundo a sua volta tomando como base os conhecimentos científicos aprendidos. Atenção! No ensino médio não é diferente: a linguagem científica está presente e os alunos são instigados a comunicarem suas descobertas a diferentes tipos de público, em variados contextos. O que chamamos de letramento científico, portanto, nada mais é do que um recurso que é aprendido pelos alunos e que os auxiliará em sua atuação como cidadãos durante as tomadas de decisões, para que elas sejam fundamentadas e carregadas de responsabilidade social perante a sociedade como um todo. A comunicação dessas informações faz parte de sua responsabilidade junto aos demais. Competências no ensino médio Competências, na BNCC, para o ensino de Ciências no ensino médio A etapa da educação básica no Brasil chamada ensino médio tem como objetivo fornecer para a sociedade cidadãos críticos, autônomos e pensantes que tenham, a partir de vivências práticas na escola, condições de enfrentar a sociedade e os desafios que ela impõe em vários aspectos, como sociais, ambientais e econômicos. Sendo assim, o ensino médio não se refere apenas aos anos escolares que conectam o aluno ao término da educação básica, como muitos assim pensam. Seu maior objetivo, visando ao aprofundamento e à ampliação da formação integral do indivíduo, é auxiliá-lo na construção do seu projeto de vida. Tudo isso considerando sempre os princípios essenciais da convivência social: Justiça Ética Cidadania Tratando especificamente da área de Ciências da Natureza, no ensino médio, a BNCC propõe que os alunos desenvolvam habilidades relativas à investigação de assuntos tanto sobre o mundo natural como o tecnológico, focando também o cuidado com o outro e consigo, além de questões ligadas à sustentabilidade e à cidadania. Dessa forma, por meio das proposições para a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, o aluno é conduzido para o detalhamento do conteúdo abordado nos anos do ensino fundamental na área de Ciências da Natureza: 1 “Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global.” (BRASIL, 2018, p. 553) 2 “Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis.” (BRASIL, 2018, p. 553) 3 “Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e d b Veja que todo o conteúdo apresentado pela BNCC nas competências específicas apresenta uma progressão entre os diferentes anos da educação básica. Ao chegar ao ensino médio, o aluno se depara com competências que o instigam a pensar e analisar de maneira crítica as diferentes situações envolvendo a vida, o ser humano e o ambiente como um todo. Os assuntos apresentam uma maior profundidade, porém, são lineares entre essas duas etapas da educação básica. No próximo módulo, vamos explorar um pouco mais a prática da BNCC pelo discente. comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).” (BRASIL, 2018, p. 553) Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A readequação do currículo proposta pela BNCC tem como objetivo Parabéns! A alternativa C está correta. A readequação do currículo escolar é voltada para todas as escolas brasileiras que ofertem a educação básica, a fim de que haja um corpo mínimo de conteúdos nas escolas de todo o país, mas sem eliminar a chamada parte específica do currículo, valorizando o regionalismo. Nesse sentido, embora não busque a padronização do currículo brasileiro com o que é lecionado em outros países, A alterar o conteúdo de disciplinas específicas. B padronizar o currículo escolar de acordo com o conteúdo de outros países. C readequar o currículo escolar visando à formação do estudante, para que ele seja preparado para atuar no cotidiano da sociedade em que vive. D alterar o currículo das escolas públicas. E alterar o currículo das escolas privadas. pode buscar experiências internacionais que tenham sido positivas nesse mesmo processo de readequação.Questão 2 São áreas temáticas definidas pela BNCC como necessárias ao estudo de Ciências no ensino fundamental Parabéns! A alternativa D está correta. As três unidades temáticas que abrangem todo o conteúdo necessário para o estudo de Ciências nos nove anos do ensino fundamental são as descritas na alternativa D. Elas trazem um aprofundamento conforme cada ano. As demais alternativas apresentam palavras que não conferem com as reais áreas temáticas descritas na BNCC. A Matéria e água; Vida e energia; e Terra e Universo. B Matéria e meio ambiente; Vida e evolução; e Terra e Universo. C Meio ambiente e água; Vida e desenvolvimento; e Terra e água. D Matéria e energia; Vida e evolução; e Terra e Universo. E Matéria e energia; Vida e ambiente; e Planetas e universo. 3 - Percurso curricular e perspectiva da atividade discente Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar o conteúdo curricular apresentado pela BNCC para a área de Ciências da Natureza com a atividade discente. Grade curricular e per�l educacional Readequação curricular: mudanças no per�l de discentes e docentes? Como vimos, a BNCC propõe um currículo escolar diferente do que era praticado na educação básica até então. Quando falamos de currículo diferente, referimo-nos a uma readequação que traz melhorias para o ensino, afetando diretamente não só o aluno, mas também o docente. As habilidades propostas pela BNCC, e aqui vamos focar novamente as áreas de Ciências da Natureza (ensino fundamental) e Ciências da Natureza e suas Tecnologias (ensino médio), requerem que o aluno participe ativamente do processo de ensino-aprendizagem mediante o entendimento da necessidade real de aprender os conteúdos propostos em cada fase desses anos escolares. Para que isso ocorra, o professor deve ser um mediador e trabalhar junto com esse aluno, orientando suas atividades, porém sempre o instigando a ser um protagonista do processo. Importante lembrar que a etapa de letramento científico é o início para que essa atuação se dê baseada em evidências científicas, de forma que o aluno, além de compreender, também possa ser um disseminador de informações baseadas na verdade e na comprovação. Veja que essa adequação não é muito simples de acontecer, visto que o modelo “professor palestrante” e “aluno ouvinte” se fez presente por muitos anos na educação brasileira. Por esse motivo, a BNCC também apresenta como um de seus pontos principais a orientação de políticas para a formação de professores, dada a necessidade de o professor compreender seu papel de mediador, auxiliando e instruindo o aluno na construção do conhecimento, que começa antes da aula, na pesquisa sobre o assunto a ser tratado, e continua na aplicação prática do que se aprendeu. Dessa forma, o professor mediador faz do aluno um ser pensante e protagonista do seu desenvolvimento escolar, e essa metodologia apresentada — a sala de aula invertida — é uma das ferramentas que auxiliam nesse processo. A proposta da BNCC foi pensada, discutida, revisada e, por fim, homologada com o propósito de ofertar a todos os alunos da educação básica um currículo capaz de torná-los cidadãos que possam agir na sociedade transformando o meio em que vivem, com o auxílio de um professor mediador. Como exemplo disso, no âmbito do ensino médio, temos dois pontos de destaque, acrescido às já citadas unidades temáticas: A contextualização social, histórica e cultural da ciência e da tecnologia é fundamental para que elas sejam compreendidas como empreendimentos humanos e sociais. Na BNCC, portanto, propõe- se também discutir o papel do conhecimento científico e tecnológico na organização social, nas questões ambientais, na saúde humana e na formação cultural, ou seja, analisar as relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente. Os processos e práticas de investigação merecem também destaque especial nessa área. Assim, a dimensão investigativa das Ciências da Natureza deve ser enfatizada no Ensino Médio, aproximando os estudantes dos procedimentos e instrumentos de investigação, tais como: identificar problemas, formular questões, identificar informações ou variáveis relevantes, propor e testar hipóteses, elaborar argumentos e explicações, escolher e utilizar instrumentos de medida, planejar e realizar atividades experimentais e pesquisas de campo, relatar, avaliar e comunicar conclusões e desenvolver ações de intervenção, a partir da análise de dados e informações sobre as temáticas da área. (BRASIL, 2018, p. 549-550) Perceba como essa autonomia e protagonismo do aluno são esperados, no sentido do desenvolvimento de uma educação cada vez mais contextualizada à realidade — local e global — em que se está inserido. Sendo assim, a dúvida que aparece no tópico que deu início a esta discussão está sanada: Sim! Tanto discentes como docentes precisam atuar de forma diferente do que se praticava para que a BNCC seja de fato um sucesso na educação básica. Habilidades BNCC na prática Exemplo de aplicação prática de uma habilidade BNCC Neste tópico, vamos exemplificar uma das habilidades da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e pensar em como o discente pode transformar esse conteúdo em ação na sociedade. Para isso, vamos nos ater à seguinte competência: Uma das habilidades relacionadas a essa competência é: Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações. (BRASIL, 2018, p. 559) A Tecnologia da Informação está presente em todos os âmbitos da vida moderna e está totalmente integrada ao nosso cotidiano. Vivemos uma época na qual recebemos diariamente uma quantidade muito grande de informações, numa velocidade ainda maior, por variados meios de divulgação que são acessíveis à maioria da população. Assim, cada vez que um assunto se torna “a bola da vez”, a informação chega a todos de forma praticamente imediata. Em outras palavras, atualmente, a propagação de informações e a necessidade de estarmos a par de tudo são realidades. Restringindo essa questão à área de Ciências da Natureza, os assuntos são os mais variados, envolvendo temas relevantes para a manutenção e o cuidado da vida em todos os aspectos. Exemplo Meio ambiente e saúde são dois macrotemas que se subdividem em uma quantidade praticamente infinita de outros temas, como poluição, conservação de alimentos, exercícios físicos, uso de plantas medicinais, uso de medicamentos, descoberta de novos fármacos, qualidade de vida, contaminação, preservação de animais em extinção, síndromes genéticas, questões relacionadas ao DNA humano, transmissão de doenças, entre muitos outros assuntos. Lembrando das competências gerais definidas pela BNCC, destacamos que a sociedade deve ser transformada pelas ações provenientes da educação. Voltando à competência que escolhemos para exemplo neste módulo, imagine tudo que um aluno dotado de informação científica pode fazer em prol da população, mediante o uso de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação, com a disseminação de informação com qualidade e veracidade sobre qualquer assunto. A gama de possibilidades é imensa: Veiculação de vídeos desmitificando mensagens falsas, elaboração de jogos on-line para aprendizagem de determinados conteúdos e explicação de efeitos de vacinas e medicamentos. Produção de infográficos demonstrando a ação humana sobre o meio ambiente e suas consequências (poluição, morte de animais, extinção de plantas, contaminação de rios e alimentos etc.). Veiculação de vídeos mostrando à população como se dá a fabricação de determinado alimento ou medicamento. Esses são apenas alguns exemplos de assuntos da grande área, Ciências,que estão presentes no dia a dia da população e que poderiam enriquecer as pessoas com informação científica de qualidade por meio de uma linguagem acessível. Habilidade BNCC na prática Confira, no vídeo a seguir, um estudo de caso em que é aplicada uma habilidade BNCC ao ensino de Ciências no âmbito escolar. Conhecimento cientí�co e senso comum Toda informação cientí�ca é superior ao senso comum? Já percebemos quão imprescindível é que as informações veiculadas sejam analisadas criticamente, uma vez que podem ser danosas à população e/ou ao ambiente no qual estão inseridas (e aqui estamos falando de riscos reais, inclusive de morte). Infelizmente, sabemos que as informações são veiculadas muito mais rapidamente e, em sua maioria, não são averiguadas. Exemplo Você já deve ter recebido alguma mensagem “receitando” o uso de determinado chá para obter a cura milagrosa de alguma doença, não? Pois é! Estamos nos referindo ao envio de informações falsas ou ao menos sem qualquer validade verificável, um ato tão recorrente no nosso mundo atual. Atenção! Se estamos falando em conhecimento científico, uma de suas máximas é exatamente a dúvida, a investigação, e não a definição de que determinado conhecimento é falso ou inútil apenas por não se enquadrar em determinados parâmetros. Vale lembrar (ARGENTA, 2011) que antes da chamada “ciência moderna”, a apropriação de plantas para uso terapêutico foi — e ainda continua sendo, em muitas regiões, mundo afora — fundamental para o desenvolvimento da própria alopatia. Por isso, é necessário que sejam mantidos os diálogos entre esse conhecimento natural, milenar, e os procedimentos científicos contemporâneos. E aí está um grande motivo pelo qual o aluno deve aprender a ter discernimento, análise crítica e saber argumentar sobre os variados temas que são trabalhados na área de Ciências da Natureza, especialmente aqueles que se relacionam com o bem-estar e manutenção da vida. Uma atitude de não rejeitar imediatamente um conhecimento de senso comum é também uma atitude científica. O discente que “aprende a pensar” certamente terá uma visão diferente ao se deparar com uma informação que lhe pareça estranha ou perigosa. Esse senso é necessário para que as informações sejam avaliadas, e assim o aluno terá a ideia de que deve pensar a respeito e, muitas vezes, até mesmo procurar mais informações, em fontes confiáveis, que ele também terá aprendido a selecionar e usar. Enfim, durante a construção da BNCC, o que se desejou foi a obtenção de um documento que pudesse nortear o ensino básico no Brasil, bem como uma diretriz que conduzisse o aluno a desenvolver de fato as habilidades propostas e a aplicá-las em sua vida e também na de outras pessoas. Assim, esse aluno passa a ser uma ponte entre o conhecimento e sua aplicação na sociedade, a qual, por vezes, é extremamente carente de informações verdadeiras, necessitando de explicações com linguagem acessível e de ações que possam realmente agregar. O aluno preparado pela readequação do currículo da educação básica terá plenas condições de ser esse elo entre a sociedade e a disseminação da informação. Ele não será simplesmente um aluno que desenvolve suas atividades escolares (em sala de aula física, em aulas do ensino a distância, em uma visita técnica, viagem ou em uma aula prática em laboratório). Ele será de fato um agente transformador de vidas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Concurso de Pedagogia - 2014 - adaptada/ Prefeitura de Belo Monte do Sul/RS). Sabemos que o currículo tem como uma de suas metas básicas o domínio da leitura e da escrita para empregá-las no desenvolvimento pessoal e profissional, na convivência, no contexto sociocultural e no pleno exercício da cidadania. Mas também devemos estar atentos para o fato de que hoje é necessário que o currículo abarque os letramentos digitais e midiáticos de modo que crianças, jovens e adultos possam ler, escrever e aprender empregando múltiplas linguagens de comunicação e de expressão propiciadas pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Nesse sentido, no contexto das competências e habilidades, afirma a BNCC: I - Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (BRASIL, 2018, p. 553). II - Interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza, disponíveis em diferentes mídias, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em equações, gráficos e/ou tabelas, a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações (BRASIL, 2018, p. 559). Das afirmativas acima, A ambas são competências definidas pela BNCC. Parabéns! A alternativa B está correta. Mais que apenas memorizar o que são competências e habilidades, é fundamental perceber a integração entre elas. Cada uma das três competências específicas das Ciências da Natureza para o ensino médio possui também habilidades específicas. No caso acima, a afirmativa I é uma competência que possui dez habilidades. A afirmativa II é uma dessas habilidades e está plenamente integrada ao que se espera do aluno ao adquirir esse determinado conteúdo. Questão 2 Considerando o perfil do aluno que irá se formar mediante a implementação dos currículos readequados pela BNCC, podemos afirmar que a área de Ciências da Natureza tem como um de seus objetivos B a I é competência e a II é habilidade, ambas definidas pela BNCC. C a I é habilidade e a II é competência, ambas definidas pela BNCC. D ambas são habilidades definidas pela BNCC. E a I é habilidade do ensino fundamental e a II é competência do ensino médio, ambas definidas pela BNCC. A fazer com que o aluno decore fórmulas. B instigar o aluno a extrapolar as atividades e os conteúdos (teórico e prático) para a sua vivência diária. Parabéns! A alternativa B está correta. A área de Ciências da Natureza apresenta conteúdos teórico- práticos que, diante da BNCC, devem apresentar sentido ao aluno e às suas vivências, sendo correlacionados com outras áreas do conhecimento. Da mesma forma, não faz mais sentido apresentar conteúdos apenas para serem decorados, sem aplicação. Considerações �nais Como vimos, a BNCC é um documento normativo, elaborado com cuidado por pessoas habilitadas, visando a uma melhoria significativa — e definitiva — no ensino da educação básica no Brasil. Nesse sentido, esse documento traz diretrizes para a readequação dos currículos escolares. O principal objetivo da BNCC é apresentar, para todas as escolas do país, sejam elas particulares ou públicas, uma proposta de currículo que trabalhe a aprendizagem dos alunos por meio de competências, focando o desenvolvimento de habilidades que farão desses estudantes cidadãos preparados para atuarem na sociedade em que vivem. Falando especificamente da área de Ciências da Natureza, o contexto proposto para os ensinos fundamental e médio apresenta ao aluno as ferramentas para que ele seja um ser curioso e investigativo, que tenha cuidado próprio, com o outro e com o ambiente que o cerca. Essas C ofertar ao aluno experiências laboratoriais sem conexão com a vida cotidiana. D não correlacionar diferentes áreas e seus conteúdos com as Ciências da Natureza. E fazer com que o aluno tenha qualquer tipo de fonte como base para a busca da informação. questões já começam a ser trabalhadas na educação infantil mediante os campos de experiências. Dessa forma, a escola — seja a sala deaula física, a webaula, a aula híbrida etc.— se apresenta como um verdadeiro ambiente colaborativo no sentido de formar cidadãos prontos para atuarem na sociedade. A importância das Ciências Naturais para a educação escolar Saiba, a partir da experiência da especialista, a importância das Ciências Naturais para a educação escolar. Explore + • No site do Ministério da Educação você encontra conteúdos complementares acerca da BNCC. Confira: - Consulte a própria Base Nacional Comum Curricular, na íntegra. Você pode explorar a BNCC de diversas formas: arquivo em PDF, planilha ou navegando pelo documento. Você pode acessar as tabelas elaboradas com as habilidades propostas para cada uma das três competências para as Ciências Naturais. - No campo de busca, pesquise por BNCC e mantenha-se informado sobre tudo que está acontecendo em relação à sua implementação. • No Portal Movimento pela Base, no YouTube, você encontra diversos conteúdos acerca da BNCC. Merecem destaque os seguintes vídeos: - Ciências da Natureza na BNCC. - Seminário 3 anos BNCC da Educação Básica. • A Olimpíada Nacional de Ciências, organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, acontece desde 2016 e é um importante instrumento de incentivo e divulgação da Ciência Escolar em nosso país. Vale conhecer! Referências ARGENTA, S. et al. Plantas medicinais: cultura popular versus ciência. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, v. 7, n. 12, p. 51-60, maio 2011. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. CABRAL, A. L. T.; LIMA, N. V.; ALBERT, S. TDIC na educação básica: perspectivas e desafios para as práticas de ensino da escrita. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 58, n. 3, p. 1134-1163, 2019. FILIPE, F. A.; SILVA, D. S.; COSTA, A. C. Uma base comum na escola: análise do projeto educativo da Base Nacional Comum Curricular. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 29, n. 112, p. 783- 803, 2021. GALIAN, C. V. A.; PIETRI, E.; SASSERON, L. H. Modelos de professor e aluno sustentados em documentos oficiais: dos PCNs à BNCC. Educação em Revista, v. 37, e25551, 2021. LOVATO, F. L. et al. Metodologias ativas de aprendizagem: uma breve revisão. Acta Scientiae, v. 20, n. 2, p. 154-171, 2018. PINTO, S. N. S.; MELO, S. D. G. Mudanças nas políticas curriculares do ensino médio no Brasil: repercussões da BNCCEM no currículo mineiro. Educação em Revista, v. 37, e34196, 2021. SCHUARTZ, A. S.; SARMENTO, H. B. M. Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) e processo de ensino. Revista Katálysis, v. 23, n. 3, p. 429-438, 2020. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. 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