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Bioquímica aplicada e interpretação de exames laboratoriais Exames clínicos relacionados à desnutrição proteico- calórica, anemia nutricional e má absorção de nutrientes Bloco 1 Flávia Debiagi Desnutrição proteico-calórica Ingestão deficiente ou aproveitamento biológico inadequado de nutrientes e de energia. Desnutrição Primária (DP) Recursos financeiros, desmame precoce, dieta inadequada e fatores emocionais. Secundária (DS) Consequência de situações/ morbidades. Desnutrição proteico-calórica Diagnóstico de desnutrição Avaliação do estado nutricional de acordo com as proteínas. Análise da massa muscular esquelético somática. Albumina Pré-albumina Transferrina Proteína ligadora de retinol Avaliação da competência imunológica. Balanço Nitrogenado (BN). • Avaliação do estado nutricional de acordo com as proteínas. Diagnóstico laboratorial de desnutrição Figura 1 - FígadoAvaliação da massa muscular visceral. Dosagem de bioquímica de proteínas envolvida na síntese hepática. • Albumina. • Transferrina. • Pré-albumina. • Proteína ligadora de retinol. Fonte: AnnaSumska/ iStock.com. Nível de desnutrição Concentração de albumina (mg/dL) Nutrido > 3,5 Leve 3 a 3,5 Moderada 2,4 a 2,9 Grave < 2,4 • Dosagem de albumina: Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 1 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Proteína mais abundante no plasma sanguíneo. • Sintetizada no fígado. • Meia-vida longa 20 dias. • Dosagem de transferrina: Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 2 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Betaglobulina de síntese hepática. • Responsável pelo transporte de Ferro. • Meia-vida biológica de 8 dias. Nível de desnutrição Concentração de transferrina (mg%) Leve 150 a 200 Moderada 100 a 150 Grave < 100 • Dosagem de pré-albumina: Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 3 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Dosagem da proteína ligadora de retinol: • Valor de referência 3 a 5 mEq/dL. • Proteína sintetizada no fígado e catabolizada nos rins. • Responde de forma rápida. • Meia-vida biológica de 2 a 3 dias. Nível de desnutrição Concentração de pré-albumina (mg/dL) Leve 15,1 a 42 Moderada 10 a 15 Grave < 5 • Análise da massa muscular esquelético-somática Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 4 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Produtos do metabolismo proteico. Classificação % de adequação de ICA Normal > 80 Depleção proteica moderada 60 a 80 Depleção proteica grave < 60 3-metil-histidina (mmol/mol de creatinina) Normal 18 - 47 Hipercatabolismo > 47 • Balanço Nitrogenado (BN): Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 5 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Avalia o grau de catabolismo proteico. 𝐵𝑁 Τ𝑔 𝑑 𝑖𝑎 = 𝑛𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜 − 𝑛𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 𝑒𝑥𝑐𝑟𝑒𝑡𝑎𝑑𝑜. Valor Interpretação 0 Equilíbrio > 0 ou positivo Anabolismo < 0 ou negativo Catabolismo • Avaliação da competência imunológica: Diagnóstico laboratorial de desnutrição Quadro 6 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Contagem total de linfócitos (CTL) → ↓ desnutrição. Nível de desnutrição CTL (células/mm3) Depleção leve 1200 a 2000 Depleção moderada 800 a 1199 Depleção grave < 800 Anemia nutricional Quadro 7 - Anemia Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Condição que se caracteriza por uma deficiência no número ou tamanho de eritrócitos sanguíneos. Indivíduo Valores de hemoglobina no sangue para anemia estabelecida Homens < 13 g/dL Mulheres < 12 g/dL Anemias resultantes da deficiência de nutrientes • Ferro. • Cobalamina (vitamina B12). • Ácido fólico. Anemia por deficiência de Ferro Quadro 8 - Anemia Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Exame laboratorial Valores de referência Anemia por deficiência de Ferro Ferritina sérica ng/mL Homens 30 a 300 Mulheres 10 a 200 ↓ Ferro sérico µg/dL 30 a 160 ↓ Ferro ↓ Saturação da transferrina Transferrina sérica mg/dL 230 a 390 ↑ Transferrina Capacidade total de ligação de ferro (CTLF) 20 a 45 % dos sítios de ligação do Ferro da transferrina ocupados ↑ Anemia por deficiência de Ferro Quadro 9 - Anemia Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Hemograma Valores de referência Deficiência de Ferro Hematócrito % Homens 40 a 54 Mulheres 37 a 47 ↓ Hemoglobina g/dL Homens 13,5 a 18 Mulheres 12 a 16 ↓ Índices Hematimétricos (Microcíticas e hipocrômicas) VCM 80 a 100 fL ↓ HCM 27 a 32 pg ↓ CHCM 32 a 35 % ↓ Anemia megaloblástica Figura 2 - Característica da anemia megaloblástica Fonte: ttsz/ iStock.com. • Eritrócitos grandes. • Eritrócitos imaturos. • ↓ Vitamina B12. • ↓ Ácido fólico. Anemia megaloblástica Quadro 10 - Anemia Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Exame laboratorial Valores de referência Deficiência de vitamina B12 Ácido metilmalônico (µmol/L) 0,08 a 0,56 ↑ Homocisteína mmol/L Homens 8 a 14 Mulheres 6 a 12 ↑ Hemoglobina g/dL Homens 13,5 a 18 Mulheres 12 a 16 ↓ Eritrócitos macrocíticos e imaturos VCM 80 a 100 fL ↑ HCM 27 a 32 pg Normal ou ↑ CHCM 32 a 35 % Normal ou ↑ Anemia megaloblástica Quadro 11 - Anemia Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). Exame laboratorial Valores de referência Deficiência de ácido fólico Ácido fólico sérico 5 a 15 mg/mL ↓ Índices hematimétricos VCM 80 a 100 fL ↑ HCM 27 a 32 pg Normal ou ↑ CHCM 32 a 35 % Normal ou ↑ Exames clínicos relacionados à desnutrição proteico-calórica, anemia nutricional e má absorção de nutrientes Bloco 2 Flávia Debiagi Problemas provenientes da ausência de hidrólise de certos nutrientes no lúmen intestinal. Diagnóstico de má absorção de nutrientes Figura 3 - Sintomas da má absorção Fonte: solar22/ iStock.com. • Diarreia. • Dor abdominal. • Disgeusia. • Sintomas não relacionados ao trato gastrointestinal. Diagnóstico de má absorção de nutrientes Quadro 12 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Avaliação laboratorial de má-absorção de carboidratos Valores abaixo dos parâmetros estipulados significa má absorção intestinal e está associada a possíveis danos na mucosa. Teste de D-xilose D-xilosemia 30 a 52 mg/dL D-xilosúria 4 a 5 g Diagnóstico de má absorção de nutrientes Quadro 13 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Avaliação laboratorial de má-absorção de carboidratos Pesquisa de Substâncias Redutoras na Fezes (PSR) e Determinação do pH Fecal (pHF) PSR Positivo e negativo pHF < 5,5 presença de monossacarídeos Diagnóstico de má absorção de nutrientes • Teste de tolerância à lactose: Coleta de sangue: Paciente após a Ingestão de 50 g de lactose. Curva glicêmica em jejum. Curva glicêmica após 30 minutos. Curva glicêmica após 60 minutos. ↑ Glicemia sérica > 20 mg/dL comparada com a glicemia basal. Pacientes não intolerantes: Paciente em jejum. Pacientes intolerantes: Não há ↑ da glicemia sérica > 20 mg/dL comparada com a glicemia basal. Alfa-1A → proteína de síntese hepática responsável por inibir a atividade de enzimas produzidas por células inflamatórias, sua presença aumentada nas fezes. Diagnóstico de má absorção de nutrientes Quadro 14 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Avaliação laboratorial de má absorção de proteínas: Alfa-1-antitripsina (alfa-1A) Presença aumentada nas fezes > 2,5 mg/g de amostra Diagnóstico de má absorção de nutrientes Quadro 15 - Diagnóstico Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012). • Avaliação laboratorial de má absorção de gorduras: Teste de Sudan III Esteatorreia Normal (+) Até 100 gotas/campo Diâmetro > 4µm - Aumentada (++) Até 100 gotas/campo Diâmetro > 4µm Esteatorreia moderada Muito aumenta (+++) > 100 gotas/campo; Diâmetro > 6 a 75 µm Esteatorreia acentuada Diagnóstico de má absorção de nutrientes Avaliação laboratorial de má absorção de gorduras: Esteatorreia. Deficiência de lipase e colipase. Deficiência de sais biliares. Redução de ácidosbiliares em circulação. Doença do intestino delgado, cirurgia ou medicamentos. Teoria em prática Bloco 3 Flávia Debiagi Teoria em prática Homem, de 50 anos, é encaminhado ao consultório de nutrição com queixas de mal-estar, náuseas, vômitos e fadiga. Revela uma longa história de abuso de álcool durante os últimos dez anos e afirma necessitar de doses diárias de álcool, especialmente de manhã, logo ao acordar. Esteve em reabilitação em várias ocasiões por alcoolismo, mas não foi capaz de parar de beber. Teoria em prática Paciente nega tosse, febre, calafrios, sintomas respiratórios superiores, contatos com doentes, viagens recente, hematêmese e dor abdominal, mas tem fome e diz não ter comido muito bem por um longo período de tempo. No exame físico, notou-se desnutrição, mas não está em perigo, os demais achados são normais. Seu exame de sangue revela valores normais de leucócitos, mas demonstra anemia com hemácias grandes. Sua amilase, lipase e testes de função hepatica, estão normais. Qual a causa mais provável de sua anemia? Qual a base molecular para os eritrócitos grandes? Teoria em prática • Causa da anemia: deficiência de ácido fólico. • Base molecular da macrocitose: proliferação anormal de precursores eritrocitoides na medula óssea, porque a deficiência de folato onera a maturação dessas células por inibição da síntese de DNA. Em particular, as pessoas que abusam de álcool estão em risco de deficiência de folato por causa da absorção gastrointestinal prejudicada e da má nutrição. Anemia macrocítica (hemácias grandes) podem ser vistas com deficiência de folato. Dica da professora Bloco 4 Flávia Debiagi Dica da professora Dica da professora Avaliar a prevalência crianças alérgicas e intolerantes à lactose em um laboratório privado de Fortaleza (CE). Dica da professora Foram avaliados resultados de exames IgE’s específicas, para leite e teste oral de tolerância à lactose, de 107 pacientes atendidos no laboratório durante o ano de 2016. Os resultados analisados foram separados por sexo e dividido em três faixas etárias: de 0 a 3 anos; de 4 a 7; e de 8 a 12. Teste alérgico: Método de immunoCAP → Alfa-lactoalbumina, Beta-lactoglobulina e Caseína. Dica da professora Quadro 16 - Dica Fonte: elaborado pela autora. Teste oral de tolerância à lactose: Dosagem da glicose em jejum. Via oral da lactose. Curva glicêmica 15, 30, 60 e 90 minutos. Classificação da tolerância à lactose Valores de referência Tolerantes à lactose. > 30% ou mais da glicose sanguínea. Parcialmente tolerantes à lactose. Glicemia entre 20-30% entre o jejum e os outros pontos. Intolerantes à lactose. < 20% de aumento da glicose sérica. Dica da professora Dica da professora Dica da professora Referências CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. p. 489. COSTA, M. J. C. Interpretação de exames bioquímicos para o nutricionista. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. DALANHOL, M. et al. Efeitos quantitativos da estocagem de sangue periférico nas determinações do hemograma automatizado. Revista Brasileira de Hematologia Hemoteria. São Paulo, 2010. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre : Artmed, 2018. MARTY, E.; MARTY, R.M. Hematologia laboratorial. São Paulo : Érica, 2015. p. 120. Referências PINTO, W. J. Bioquímica clínica,1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 628. XAVIER, R.M.; DORA, J.M.; BARROS, E.B. Laboratório na prática clínica: consulta rápida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. WIDTH, MARY; REINHARD, T. Manual de sobrevivência para nutrição clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, L.M. Wallach: interpretação de exames laboratoriais. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 1203.
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