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19/09/2020 1 JURISDIÇÃO “Função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade c o n c re t a da lei p o r m e i o da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de o u t ro s órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la, praticamente, efetiva.” Giuseppe Chiovenda Os Sistemas Processuais Penais, são operações, em síntese crítica, que organizam os princípios políticos do processo focalizando-os a luz das finalidades e dos objetivos do próprio p r o c e s s o , p ro p o n d o a identificação da atividade processual entre os seguintes sistemas: INQUISITIVO; ACUSATÓRIO; e MISTO ou ACUSATÓRIO FORMAL. 1 2 3 4 5 6 19/09/2020 2 SISTEMA INQUISITIVO É c a rac t e riz a do pe la inexistência do contraditório e a a m p l a d e f e s a , c o m concentração das funções de acusar, defender e julgar em uma figura única, o JUIZ. O procedimento é: Escrito e sigiloso; Início da persecução, produção da prova e prolação de decisão é feita pelo magistrado. Obs.: é um erro crer que, uma mesma pessoa possa, exercer funções tão antagônicas como investigar, acusar, defender e julgar. No Sistema Inquisitivo, em nome de um pretenso interesse coletivo em ver o acusado punido, há uma mitigação dos direitos e garantias individuais. O discurso de fundo é a efetividade da prestação jurisdicional, a celeridade e a necessidade de segurança, razão p e l a q u a l o r é u s u b m e t e -se ao processo numa condição de absoluta sujeição, sendo em verdade mais um objeto da persecução do que sujeito de direitos. O Código de P ro c e s s o Pe n a l Brasileiro, de 1941, foi inspirado, em sua maior parte, no Código Rocco, da Itália, de inspiração fascista. Preponderava a ideia que, colocava o juiz em uma posição superior, hierarquicamente às p a r t e s da relação jurídica processual, como uma espécie de super-parte, sem a devida cautela para preservar, de maneira eficaz a IMPARCIALIDADE. 7 8 9 10 11 12 19/09/2020 3 O Código centralizou no juiz a g e s t ã o d a p ro v a , c o m a possibilidade de sua produção sem necessidade de provocação das p a r t e s , c o n f e r i n d o -l h e poderes como os de iniciar ação penal através do procedimento denominado judicialiforme (sem observar o princípio ne procedat iudex ex officio). Possibilitou ainda, o controle da função investigatória, mediante a fiscalização do arquivamento do inquérito policial e o de modificar, não só a capitulação dada ao fato imputado pelo Ministério Público (emendatio libelli), mas também o de tomar a iniciativa para dar novo enquadramento jurídico ao fato n a r r a d o , p ro v o c a n d o o ó rg ã o acusatório a aditar a inicial (mutatio libelli). E s s a s c a ra c t e r í s t i c a s do S i s t e m a I n q u i s i t ó r i o ainda encontram re s s o n â n c i a nas reformas que sofreu o Código de Processo Penal nos últimos a n o s, n o t a d a m e n t e no q u e se refere à gestão probatória, especialmente o inciso I, do Art. 156, com a redação dada pela Lei n. 11.690/2008. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – o r d e n a r, m e s m o a n t e s d e iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a n e c e s s i d a d e, a d e q u a ç ã o e proporcionalidade da medida; 13 14 15 16 17 18 19/09/2020 4 SISTEMA ACUSATÓRIO Sua origem que remonta ao Direito Grego; o sistema acusatório é o adotado no Brasil, de acordo com o modelo plasmado na Constituição Federal de 1988. Com efeito, ao estabelecer como função privativa do Ministério Público a promoção da ação penal (Art. 129,1, CF/88), a Carta Magna deixou nítida a preferência por esse modelo que tem como características fundamentais a separação entre as funções de acusar, defender e julgar, conferidas a personagens distintos (TÁVORA e ALENCAR, 2012). CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 129. S ã o f u n ç õ e s institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal públ ica , na forma da lei; Os princípios do contraditório, da ampla defesa e da publicidade regem todo o processo; O órgão julgador é dotado de imparcialidade; e O sistema de apreciação das provas é o do livre convencimento motivado. N o t a - s e qu e, o q u e efetivamente diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a posição dos sujeitos processuais e a gestão de prova, não sendo mais o juiz, por excelência, o seu gestor. OBSERVAÇÃO Ressalta-se, contudo, que o Brasil não adotou o sistema acusatório puro, e sim o não ortodoxo, pois o magistrado não é um espectador estático na persecução, tendo, ainda que excepcionalmente, iniciativa probatória, e podendo, de o u t r a banda, conceder habeas corpus de ofício. É essa também a linha expressamente afirmada pela relatoria da Comissão do Projeto de Código de Processo Penal, sugerindo uma leitura não radical do princípio acusatório. 19 20 21 22 23 24 19/09/2020 5 A existência do inquérito policial não descaracteriza o sistema acusatório, p o i s , t r a t a - s e d e u m a f a s e pré- processual, que visa dar embasamento à formação da opinio delicti pelo titular da ação penal, no qual não há partes, contraditório ou ampla defesa. Essa regra, a de s e r o inquérito puramente inquisitivo deve ser aplicada com cautela, máxime quando se está diante de produção de prova que não seja passível de repetição em juízo. Embora o Código de Processo Penal Brasileiro seja inspirado, basicamente em princípios inquisitivos, em virtude dos d i s p o s i t i v o s inseridos pelas sucessivas reformas que prestigiam o sistema acusatório, a sua leitura deve ser feita à luz da Constituição, pelo que o seu modelo de processo deve se adequar ao constitucional acusatório, corrigindo os excessos inquisitivos (interpretação conforme à CF/88). SISTEMA MISTO ou ACUSATÓRIO FORMAL O sistema misto tem raízes na Revolução Francesa, conjunto de movimentos político-sociais cujos ideais se disseminaram pela Europa continental, e possui, como marco legal, o Code d'instruction criminelle francês de 1808. Caracteriza-se por u ma instrução preliminar, secreta e escrita, a cargo do juiz, com poderes inquisitivos, no intuito da colheita de provas, e por uma fase contraditória ( j u dic ia l ) em que s e dá o j u lga m en t o. 25 26 27 28 29 30 19/09/2020 6 Na fase do julgamento, admite-se o exercício do princípio da ampla defesa e de todos os direitos dela decorrentes. Dissecando toda a persecução no sistema misto, temos: Investigação preliminar – a cargo da polícia judiciária; Instrução preparatória – é patrocinada pelo juiz instrutor; J u l ga m e n t o – s ó e s t e último, contudo, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa; e Recurso – normalmente há o “recurso de cassação”, no qual se impugnam apenas as questões de direito, mas também é possível o “recurso de apelação”, no qual são impugnadas as questões de fato e de direito. Vislumbra-se ainda no sistema i n q u i s i t i v o, uma o u t ra face, chamada de “sistema inquisitivo garantista”. Trata-se, na realidade, de um modelo processual intermediário. Não é completamente inquisitivo, já que há a observância de todas as garantias constitucionais do acusado. Preserva ga ra n t i a s como a p u bl i c i da d e do p ro c e s s o, a presunção de inocência, a ampla defesa e o contraditório, mas t a m b é m não é i n t e i ra m e n t e acusatório, dado que g u a rda resquícios do sistema inquisitivo, e m e s pe c i a l a f a c u l d a d e conferida ao juiz de produção probatória ex officio. 31 32 33 34 35 36 19/09/2020 7 Praticado u m fato q u e, p e l o m e n o s t e n h a a a p a r ê n c i a de constituir-se um ilícito penal, surge o conflito de interesses entre o DIREITO D E PUNIR DO ESTADO e o DIREITO D E LIBERDADE DA PESSOA acusada de praticá-lo. E s s e c o n f l i t o n ã o p o d e s er dirimido pela “AUTODEFESA” nem tampouco pode s e e m p re ga r a “AUTOCOMPOSIÇÃO”. No Estado moderno, a solução do conflito de interesses, em especial, no campo penal, se e xe rc e at rav é s da F U N Ç Ã O JURISDICIONAL DO ESTADO no que se denomina processo e, em se tratando de uma lide penal, Processo Penal. PROCESSO PENAL É o conjunto de atos, cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a princípios e regras jurídicas destinadas a compor as lides de caráter penal. Sua finalidade é a aplicação do Direito Penal Objetivo, com a apuração do delito e a atuação do Direito Estatal de punir em relação ao réu, bem como a aplicação das medidas de s e g u r a n ç a adequadas às pessoas socialmente perigosas e a decisão sobre as ações conexas ao Direito Penal. O Direito Penal estabelece normas de abste n ção de comportamentos so ciais nocivos e reprováveis. O Processo Penal somente será aplicado a pa rt i r da vi o laç ão de u m a no rm a penal: INFRAÇÃO PENAL. • PROCESSO – é a “atividade”, “avanço”, “encaminhamento”, conjunto de atos legalmente ordenados para apuração do fato, de sua autoria e da exata ap l i c a çã o da l e i , qu e s e ex t e r i o r i z a p o r m e i o d a persecutio criminis. 37 38 39 40 41 42 19/09/2020 8 • P R O C E D I M E N TO – é u m a coordenação sucessiva de atos que exteriorizam o processo, sendo que: o PROCESSO cria uma relação entre pessoas – autor, juiz e réu, enquanto o procedimento é u m a m e ra relação entre atos. • jus puniendi – direito subjetivo de punir do Estado. Pode ser: abstrato (previsão da n o r m a ) e c o n c r e t o (ocorre a conduta delituosa). • jus persequendi – direito subjetivo conferido ao Estado para promover a perseguição a o a u t o r d o d e l i t o . Exterioriza-se na chamada persecutio criminis, na qual o Estado-Administração pede ao Estado-Juiz a realização do Direito Penal objetivo no caso concreto. • CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL: - AUTONOMIA – é uma ciência autônoma no campo da dogmática jurídica, uma vez que tem objeto e princípios que lhe são próprios. - INSTRUMENTALIDADE – para se aplicar o Direito Penal, ou seja, c o n s e g u i r a realização da pretensão punitiva em virtude da prática de um ilícito penal, usa-se como instrumento o Direito Processual Penal. - FINALIDADE – a doutrina defende a existência de duas. MIRABETTE4 assim as define: Mediata – se confunde com a do Direito Penal, ou seja, é a p ro t e ç ã o d a sociedade, a p a z social, a defesa dos interesses jurídicos, a convivência harmônica das pessoas no território da nação. ____________ 4 MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18. ed. ver. atual. até 31 de dezembro de 2005, por Renato N. Fabbrini – 5. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2007. Imediata – é conseguir, mediante a intervenção do juiz, a realização da pretensão punitiva do Estado derivada da prática de uma infração penal, em suma, a realização do Direito Penal Objetivo. Incidindo sobre uma situação concreta; o Estado, no processo, torna efetiva, através dos órgãos judiciários, a ordem normativa do Direito Penal, com o que assegura a aplicação de suas regras e preceitos. Para solucionar com exatidão o litígio penal, o juiz, no processo, deve apurar a verdade dos fatos a fim de aplicar, com justiça, a lei penal. 43 44 45 46 47 48 19/09/2020 9 Fonte, lato sensu, é aquilo de o n de p rové m a lgo. No Direito, significa: tudo aquilo de onde emana um preceito jurídico. Como em todos os ramos do Direito, as fontes do Direito Processual Penal podem ser classificadas em: • DE PRODUÇÃO (materiais) – são aquelas que constituem, criam o direito. Fonte de produção do Processo Penal é o Estado. - As fontes materiais mediatas – são as remotas que se manifestam através da sociedade em dado momento histórico por meio de valores, ideais e interesses; - As Fontes Materiais Imediatas – são os órgãos encarregados da elaboração da norma processual penal que é o Estado. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; • FORMAIS (de cognição) – são as que revelam o direito, que são os seus modos de expressão. Podem ser: - Diretas (a própria lei): a) Fontes processuais penais principais (CF e CPP); b) Fontes processuais penais extravagantes, que p o d e m ser complementares (Lei de Imprensa) ou modificativas (Lei n. 1.408/51 sobre contagem de prazos); e 49 50 51 52 53 54 19/09/2020 10 c) Fontes orgânicas, que podem ser principais (leis de organização j u d i c i á r i a ) o u complementares (Regimentos Internos dos Tribunais). - Supletivas (embora ainda não seja lei, pode produzi-la): a) Indiretas (costumes, jurisprudência, princípios gerais do Direito); Os c o s t u m e s são formados pelo conjunto de normas de comportamento. As pessoas obedecem, de forma uniforme e constante, convictos de ser obrigatório. Observação: em processo penal, só se admite a aplicação dos costumes secundum legem e praeter legem (nunca contra legem, pois seria uma revogação). Somente uma lei, de igual ou superior hierarquia, pode revogar a lei vigente, em face do PRINCÍPIO DA IRREFRAGIBILIDADE DA NORMA. b) S e c u n d á r i a s (o D i re i t o histórico, o Direito estrangeiro, as construções doutrinárias nacionais ou alienígenas). ANALOGIA É uma forma, ef icaz de auto-integração da lei. Portanto, cabe anotar que a analogia não é fonte formal mediata do direito, mas f o r m a de auto-integração d a n o r m a processual penal. Os requisitos para se aplicar a analogia: 1. Caso o fato considerado não tenha sido regulado pela lei; 2. A lei, no entanto, regulou situação que oferece relação de coincidência, de similaridade com o caso não regulado; e 3. O ponto comum às duas situações (a regulada e a não prevista) constitui o ponto determinante na implantação do princípio referente à situação considerada pelo julgador. Observação: em geral, a maioria dos países, em p r o c e s s o penal, admite o u s o da analogia, tanto em bonam partem quanto in malam partem. Entretanto, no Direito Penal e Processual Penal Brasileiro só se admitem a aplicação in bonam partem. • DIREITO CONSTITUCIONAL – guarda í n t i m a s r e l a ç õ e s c o m o D i r e i t o Processual Penal, haja vista, é este que estabelece e enuncia os princípios que servem de base à jurisdição penal. • DIREITO PENAL – a maior relação do Direito Processual Penal é c o m a norma penal, pois é ele que dita como o Direito Penal vai atuar. Durante muito tempo as duas disciplinam estava num só todo, mostrando a estreita ligação entre ambas. 55 56 57 58 59 60 19/09/2020 11 • DIREITO C I VI L – o Direito Processual Pe n a l t am bé m s e l i ga a o D i re i t o C i v i l , especialmente, naqueles atos cuja p rova é l im i t ada pela lei civil (Art. 155, parágrafo único do CPP); na reparação do dano ex delicto; no que re s pe i ta a o i n s t i t u t o da capacidade; nas qu e s t õ e s prejudiciais civis, etc. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. • DIREITO ADMINISTRATIVO – O Código de Processo Penal, como se infere da leitura do parágrafo único do Art. 4º, não exclui a competência de certas autoridades administrativas para a apuração de certas infrações penais e sua autoria. Afina-se com o Direito Administrativo, no q u e respeita à organização judiciária, às atividades a d m i n i s t r a t i v a s d o s ó r g ã o s jurisdicionais e no que tange à Polícia Judiciária. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 4°A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A c o m p e t ê n c i a definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. • DIREITO PROCESSUAL CIVIL – dignas de nota as influências recíprocas das ações e sentenças penais e civis. O Art. 63 do Código de Processo Penal proclama a inf luência que exerce no juízo cível a sentença penal condenatória com trânsito em julgado. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. • DIREITO EMPRESARIAL (Comercial) – o Direito Processual Penal entronca-se com o Direito Empresarial (Comercial), especialmente, concernente ao campo das falências. • D I R E I T O INTERNACIONAL – c o m relação aos tratados, às convenções, às r e g r a s de Direito Internacional, ao instituto das r o g a t ó r i a s , à matéria concernente à extradição, àquelas pertinentes às imunidades diplomáticas, à extraterritorialidade. 61 62 63 64 65 66 19/09/2020 12 • ORDENAÇÕES FILIPINAS – embora muito alteradas, as Ordenações Filipinas, constituíram a base do direito português até à promulgação dos sucessivos códigos do século XIX, sendo que algumas disposições vigeram no Brasil até o advento do Código Civil de 1916. • CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL (1832); • CÓDIGOS PROCESSUAIS DOS ESTADOS (Constituição de 1891); • RETORNO À UNIDADE PROCESSUAL NACIONAL (Constituição de 1934); • CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (1941) – em vigência; e • L E I D E E X E C U Ç Ã O P E N A L (1984) - p a s s o u a re g u l a r a m at é r i a . 67 68 69 70 71 72 19/09/2020 13 • MEDICINA LEGAL – aplicação dos c o n h e c i m e n t o s m é d i c o s p a r a a realização de leis penais ou civis para a comprovação da materialidade dos delitos. • PSIQUIATRIA FORENSE (Judiciária) – é a ciência que tem como objetivo, o estudo dos distúrbios mentais em face dos problemas judiciários; verificação das hipóteses de inimputabil idade; realização de incidente de insanidade mental do acusado. • PSICOLOGIA JUDICIÁRIA – se ocupa de e x a m e s de personalidade, p a r a a classificação dos criminosos com vistas a classificação da execução, além de estudar os participantes do processo judicial (réu, testemunha, juiz, advogado). • CRIMINALÍSTICA – também chamada Polícia Científica; é a técnica de aplicação de vários ramos da ciências na investigação criminal, colaborando na descoberta de crimes, na identificação dos seus autores, na apuração das circunstâncias do fato. OBJETIVA O ESTUDO DE PROVAS PERICIAIS. A interpretação, pelo seu aspecto subjetivo, sempre foi contestada e combatida, especialmente no apego à interpretação gramatical ou literal. Justificativa política: d e i x a r a cargo do Juiz a interpretação, dar- lhe-ia ainda mais poderes, segundo a melhor doutrina. Deve-se buscar a mens legislatoris. Necessário se faz, o uso de uma técnica de interpretação d a L e i P ro c e s s u a l Pe n a l , evidentemente, em virtude das impropriedades técnicas da lei, que exigem interpretação. A l e i , e m alguns c a so s, é ambígua, contraditória e não inteligível. • INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA – quando a própria lei interpreta. Exemplo: “Dos crimes praticados por funcionário público”, que é crime próprio (somente determinados agentes podem praticá-lo). O Art. 327 CP traz a interpretação do que seja funcionário público para a lei penal, interpretando a norma. 73 74 75 76 77 78 19/09/2020 14 DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. • INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL – a própria doutrina. Fo r ç a livre e criadora, vai além da lei (critica, sugere modificação, revogação, etc.). É ampla. • INTERPRETAÇÃO JUDICIAL – é m e n o s a b ra n ge n t e d o q u e a doutrinal. É limitada à lei. • INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL (l i t e ra l ) – P r i m e i ra f o r m a d e interpretação procurada pelo aplicador da lei, sem prejuízo das demais, pois, em alguns casos, a lei não basta. Exemplo: Art. 4o CPP que antes, de forma equivocada, tratava de “jurisdição”, necessitando de outra forma interpretativa. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 4° A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A c o m p e t ê n c i a definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. • INTERPRETAÇÃO LÓGICA (teleológica) – O artigo 155 CP trata de “furto simples”, e o parágrafo p r i m e i r o , de sua figura a g r a v a d a . O parágrafo segundo traz a figura privi legiada e o quarto t r a t a das figuras qualif icadas. Não existe um crime qualificado e privilegiado ao mesmo tempo. Portanto, se aplicasse a lógica, somente poderia se estivesse em um parágrafo após a forma qualificada. Na prática, porém, o privi légio também se estende às figuras qualificadas. Tudo em virtude da “política criminal”. DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1° A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2° Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 79 80 81 82 83 84 19/09/2020 15 § 3° E q u i p a r a - s e à c o i s a móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. § 4° A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com a b u s o d e c o n f i a n ç a , o u mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. • INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA – história da lei, evolução histórica da lei. • INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA – exame d e um g r u p o de d i s p o s i t i v o s p a r a m e l h o r interpretar um, se analisado separadamente pode ser erroneamente entendido. Exemplo: se analisarmos, separadamente, o Art. 28 CPP entenderíamos que não há “Princípio da Obrigatoriedade”, mas, se analisarmos c/c o Art. 24 percebe-se que o MP está adstrito ao princípio. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no c a s o de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador- g e r a l , e e s t e oferecerá a d e n ú n c i a , designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. Código de Processo Penal Art. 24. Nos c r i m e s de a ç ã o pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. • INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – para os casos em que a lei diz menos do que deveria. Exemplo: acessórios de celular apreendidos no ambiente carcerário, considera-se falta, com fulcro no Art. 50, VII, da Lei n. 7.210/84, que diz: Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: (omissis) VII- tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984. “Institui a Lei de Execução Penal” Art. 127. Em cas o de fa l ta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. 85 86 87 88 89 90 19/09/2020 16 STF - SÚMULA VINCULANTE N. 9 O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58. JURISPRUDÊNCIA CONSTITUCIONAL E PENAL. ACESSÓRIOS D E C E L U L A R A P R E E N D I D O S N O AMBIENTE CARCERÁRIO. FALTA GRAVE CARACTERIZADA. INTELIGÊNCIA AO ART. 5 0 , VII, D A LEI 7.210/84, C O M A S ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 11.466/2007. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL. I N T E R P R E TA Ç Ã O E X T E N S I V A . P O S S I B I L I D A D E . P R E C E D E N T E . 1. Pratica infração grave, na forma prevista no art. 50, VII, da Lei 7.210/84, com as alterações introduzidas pela Lei 11.466/2007, o condenado à pena privativa de liberdade que é flagrado na posse de acessórios de aparelhos celulares em unidade prisional. 2. A interpretação extensiva no direito penal é vedada apenas naquelas situações em que se identif ica um desvirtuamento na mens legis. 3. A punição imposta ao condenado por falta grave acarreta a perda dos dias remidos, conforme previsto no art. 127 da Lei 7.210/84 e na Súmula Vinculante nº 9, e a consequente interrupção do lapso exigido para a progressão de regime. 4. Negar provimento ao recurso. (RHC 106481, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 08/02/2011). • INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – para os casos em que a lei diz mais do que deveria. Exemplo: Artigo 271 CPP – “exceto a prova testemunhal”. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Art. 271. Ao assistente será permit ido propor meios de prova, requerer perguntas às t e s t e m u n h a s , aditar o libelo e os art iculados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. 91 92 93 94 95 96