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Sistemas processuais penais

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TEORIA DO 
PROCESSO JUDICIAL 
E EXTRAJUDICIAL
Ariane Perdomo
Sistemas processuais penais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os sistemas processuais penais.
 � Definir inquérito policial, a sua finalidade e natureza jurídica.
 � Analisar o procedimento do inquérito policial.
Introdução
Falar em sistemas processuais significa falar das formas de atuação pos-
síveis do Estado com o Direito Penal, ou seja, como opera o Estado no 
sentido de fazer valer as normativas penais que o regulam.
Os sistemas processuais penais estão divididos em acusatório, in-
quisitório e misto. Neste capítulo, além de trabalhar as características e 
formas de atuação dentro de cada um desses sistemas, você também vai 
explorar a divergência doutrinária quanto ao sistema processual penal 
brasileiro. Ainda, vai aprofundar os estudos de Direito Processual Penal 
com a aproximação ao inquérito policial, como ele funciona, as suas 
características e os seus principais objetivos.
Sistemas processuais penais
O acontecimento de uma conduta típica move no Estado uma necessidade de 
ação, que consiste na obrigação de aplicar uma punição. O processo penal tem 
como função a garantia da aplicabilidade dessas sanções de forma alinhada 
às garantias constitucionais do sujeito. Ou seja, o poder do Estado de punir 
fica limitado a algumas regras. 
Esse sistema, no entanto, não ocorre de maneira igualitária em todos 
os países, tampouco em todo o tempo, ou seja, verificamos, portanto, uma 
tridivisão do processo penal em sistemas processuais. Essa divisão pressupõe 
a existência de um sistema acusatório, um sistema inquisitivo e outro misto. 
Importante destacar que, pensando em um panorama histórico, os sistemas 
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inquisitoriais estiveram muito mais presentes em Estados cuja forma de governo 
se demonstra mais repressiva, ou seja, aqueles cujos interesses dos indivíduos 
acabam sendo subalternos aos interesses do Estado. 
Em sentido contrário, os sistemas acusatórios vigoraram e até o momento 
vigoram em sociedades cujo Estado preocupa-se com os interesses dos indiví-
duos e age de forma democrática e protegendo a liberdade individual. Pensando 
em uma lógica histórica, o sistema acusatório foi o mais utilizado até a metade 
do século XII. Após houve um movimento de transição ao modelo inquisitório, 
já que, no primeiro, o processo ficava sob o comando dos particulares, no 
entanto, havia a necessidade de que essa atividade fosse institucionalizada. 
O sistema inquisitório começou sendo adotado pela Igreja e, aos poucos, foi 
aderido pelos Estados. O sistema, adotado pela Igreja, pressupunha ação 
intolerante contra aqueles que descumprissem seus ordenamentos, porém, da 
mesma forma, foi absorvido pela ação estatal. Esse sistema foi o mais adotado 
até o final do século XVIII, início do século XIX. 
Falaremos de algumas características de cada um deles e, a seguir, apro-
ximaremos da realidade brasileira, objetivando identificar o sistema aplicado 
na nossa atuação penal. 
Sistema acusatório
Nesse sistema, os papéis de acusar, atuar na defesa e decidir acerca do ocor-
rido são bastante divididos e exercidos por sujeitos diferentes. O juiz atua 
nesse sistema como um sujeito totalmente apartado das partes, com postura 
passiva no que diz respeito à propositura da ação. As partes do processo 
possuem uma característica isonômica entre si, além disso, ao réu, até que 
se tenha o julgamento da ação, é assegurada a presunção de inocência. Ou 
seja, não será considerado culpado no curso do processo, o que garante a 
ele responder ao processo em liberdade, salvo exceções que venham a exigir 
procedimento contrário. 
O contraditório e a ampla defesa regem esse modelo, o que significa 
dizer que o acusado toma conhecimento de todos os atos processuais e ma-
nifestações, além disso, tem o direito de manifestar-se, ou seja, defender-se 
de tudo que for a si atribuído. Vale dizer que, além de o réu ter acesso aos 
atos processuais, eles são, em regra, regidos pelo princípio da publicidade, 
o que assegura o livre acesso da sociedade ao processo. O princípio da pu-
blicidade pode ceder, dando espaço ao segredo de justiça, caso se verifique 
a necessidade de privacidade.
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Sobre a produção de provas, o juiz, em regra, assume atuação passiva, ou 
seja, é de responsabilidade e competência das partes, acusado e acusação, a 
iniciativa pela produção de provas, cabendo essa atuação de ofício pelo juiz 
apenas em casos excepcionais. 
Podemos dizer que a característica mais relevante e marcante desse sistema é a separa-
ção entre o juiz e a acusação. Ou seja, não deve o primeiro atuar no sentido de auxiliar 
o processo de condenação do acusado, mas sim, como participante imparcial, analisar 
tudo o que foi produzido por acusado e acusação e então realizar um julgamento.
Sistema inquisitório
Nesse sistema, em contraponto ao sistema acusatório, os papéis assumidos 
pelos agentes do processo penal não são tão bem divididos. Tal afirmativa se 
faz tendo em vista que ao juiz é atribuída tanto a função de julgar quanto a 
de participar da acusação e da defesa. Esse é o modelo que, de acordo com a 
doutrina, gera maior injustiça. 
Além do fato de não podermos dizer ser o julgador imparcial, também não 
há praticamente qualquer limitação para a obtenção da confissão dos acusados. 
O procedimento não vinha resguardado pelo princípio da publicidade, pelo 
contrário, era secreto. As garantias do contraditório e da ampla defesa que 
estão no sistema acusatório, no inquisitório, não são visualizadas. Assim, o 
processo correr de forma secreta é uma discricionariedade do magistrado que 
pode assim definir, sem que haja qualquer fundamentação para a medida.
Os interesses da acusação prevalecem quanto aos demais. Nesse sentido, 
não se faculta à defesa manifestar-se acerca de cada manifestação levantada 
no processo. Tanto as partes quanto o juiz podem atuar na produção de provas.
No que diz respeito à liberdade do réu, vale dizer que, nesse sistema, o 
que se presume é sua culpa. Assim, a prisão preventiva é algo extremamente 
recorrente, sendo que responder ao processo em liberdade torna-se, portanto, 
uma exceção a ser devidamente fundamentada. 
O Estado assume o poder quase integral do processo penal, na medida 
em que atua diretamente em todos os andamentos processuais, acusando, 
produzindo provas e julgando. 
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Sistema misto
Esse sistema, como o próprio nome revela, abrange cada um dos outros dois 
sistemas trabalhados. Ou seja, ele engloba elementos acusatórios e elementos 
inquisitórios. Como um movimento no sentido de afastar o modelo inquisitório, 
ele acaba trazendo garantias presentes no acusatório. Para parte da doutrina, 
não existe nenhum sistema puramente acusatório ou puramente inquisitório, 
sendo, portanto, esse o modelo mais recorrente. 
No sistema misto, no que diz respeito à separação das funções de acu-
sação, defesa e decisão, há uma clara divisão. No entanto, isso não impede, 
em situações excepcionais, o juiz de agir de forma ativa, assumindo funções 
próprias de acusação e defesa. 
Nesse modelo, há a garantia do contraditório e da defesa, em níveis que 
vão variar de maior para menor, de acordo com as demais garantias asse-
guradas pelo País. Como o direito ao contraditório e à defesa são variáveis, 
também varia nesse sistema o quesito de isonomia das partes, que, em regra, 
acontece, no entanto, por vezes, é relativizado, seja em favor da defesa ou 
em favor da acusação.
No que diz respeito à publicidade dos atos, estes devem ser públicos, 
mas podem ganhar caráter secreto mesmo sem existência de lei que assim 
determine, ou seja, pode acontecer esse afastamento da publicidade dos atos 
por motivação do juiz.
Quantoà produção de provas, ela é uma garantia de titularidade da defesa 
e da acusação, podendo, no entanto, ser assumida pelo juiz em casos que 
entenda pertinente. 
Não presumimos nem a culpa nem a inocência nesse sistema. A regra é que 
o processo deve ser respondido com o acusado em liberdade, no entanto, essa 
garantia não é absoluta, podendo ser relativizada de acordo com a legislação 
de cada país, bem como por motivação do juiz. 
Sistema processual penal brasileiro
Não há unidade por parte dos doutrinadores no sentido de escolher um dos 
três sistemas para inserir o sistema penal brasileiro. Uma parte da doutrina 
vai atribuir ao Brasil o sistema misto, outra parte rebate essa posição e a ele 
atribui caráter acusatório.
O grande ponto de conflito entre essas duas correntes doutrinárias consiste 
no fato de que entendem o sistema como acusatório e desconsideram a fase do 
inquérito policial, por ainda não ser o processo. Já a parte da doutrina que o 
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compreende como misto percebe ser necessário enfrentar o sistema como um 
todo, sem desconsiderar a fase que tramita sob a presidência de uma autoridade 
policial. Nesse caso, portanto, a fase do inquérito seria inquisitória e a fase 
judicial seria acusatória. 
A Constituição Federal traz elementos que correspondem ao sistema acu-
satório, no entanto, aqueles que estabelecem a crítica ao posicionamento 
enfrentam-no no sentido de que, mesmo com as garantias constitucionais, 
devemos verificar o efetivamente feito e como é efetivamente conduzido o 
sistema. Ou seja, embora garantias que correspondam à caixa do acusatório, 
a prática e a legislação infraconstitucional, por vezes, são inquisitivas.
A doutrina majoritária entende o sistema penal brasileiro como acusatório, uma vez 
que desconsidera a existência do inquérito, já que ele não faz parte do processo penal, 
mas sim é um momento administrativo e dispensável.
Obtenha mais informações sobre o sistema carcerário brasileiro assistindo ao vídeo 2 
minutos para entender - Sistema Carcerário Brasileiro, disponível no YouTube.
Inquérito policial: natureza jurídica, conceito 
e finalidade 
O inquérito policial é um procedimento de natureza jurídica administrativa, 
instaurado pela autoridade policial a fim de diligenciar no sentido de captar 
elementos suficientes para atribuição de provável autoria e materialidade de 
um crime. É preparatório para a ação penal, já que, por meio dele, inicia-se a 
investigação de um ato ilícito.
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O inquérito é de responsabilidade da polícia judiciária e, por se dar na 
esfera administrativa, não estão presentes ainda nesse momento as garantias 
constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Durante o inquérito policial, 
resguardado o interesse na investigação, os atos não serão públicos, podendo 
desenvolver-se em sigilo a fim de proteger os interesses.
Considerando que não é assegurado ao investigado o direito de contra-
ditório e ampla defesa, as provas produzidas nessa esfera servem apenas 
como elementos para firmar uma convicção do juiz. Portanto, todas as provas 
devem ser confirmadas na esfera judicial, nesse caso, com a devida atenção 
às garantias legais. Ou seja, o juiz não pode fundamentar suas decisões com 
base naquilo que for produzido nesse momento. 
A finalidade do inquérito policial vai ser o estabelecimento de elementos à for-
mação da convicção ministerial ou do ofendido (se for o caso) de que existem razões 
suficientes para o oferecimento de denúncia, ou seja, elementos que demonstrem 
um indicativo claro de materialidade — existência de um crime — e de autoria.
Caso o ofendido ou o Ministério Público já estejam devidamente conven-
cidos desses elementos — materialidade e autoria —, o inquérito policial se 
torna facultativo, ou seja, não é peça fundamental à propositura de ação penal, 
seja ela pública ou privada. 
O inquérito possui sete principais características que vão dizer respeito 
aos seus elementos.
 � Escrito — os atos realizados no inquérito sempre serão levados a termo, 
ou seja, transformados em um documento escrito. 
 � Oficiosidade — ele pode ser instaurado de ofício pela autoridade policial 
quando da notícia de um crime. 
 � Oficialidade — significa que só podem atuar nesse procedimento 
agentes públicos dotados de competência para tanto. 
 � Inquisitorial — não assegura o contraditório e a ampla defesa. 
 � Indisponibilidade — embora seja de iniciativa da autoridade policial, ela 
não pode realizar seu arquivamento, que só poderá ser realizado pelo juiz. 
 � Discricionariedade — a condução da investigação, ou seja, a forma de 
condução e as diligências perseguidas são elaboradas de acordo com 
a discricionariedade da autoridade policial, que é a responsável pela 
condução do processo. 
 � Sigilo — o princípio da publicidade aqui é afastado, já que, para o sucesso 
da investigação, por vezes, o sigilo se torna imprescindível. Esse sigilo, no 
entanto, não vale para juiz, agente ministerial e advogado do investigado. 
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De acordo com o Informativo 0505, da Sexta Turma do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ):
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ILICITUDE DE PROVA. GRA-
VAÇÃO SEM O CONHECIMENTO DO ACUSADO. VIOLAÇÃO 
DO DIREITO AO SILÊNCIO.
É ilícita a gravação de conversa informal entre os policiais e o condu-
zido ocorrida quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, se 
não houver prévia comunicação do direito de permanecer em silêncio. 
O direito de o indiciado permanecer em silêncio, na fase policial, não 
pode ser relativizado em função do dever-poder do Estado de exercer a 
investigação criminal. Ainda que formalmente seja consignado, no auto 
de prisão em flagrante, que o indiciado exerceu o direito de permanecer 
calado, evidencia ofensa ao direito constitucionalmente assegurado (art. 
5º, LXIII) se não lhe foi avisada previamente, por ocasião de diálogo 
gravado com os policiais, a existência desse direito. HC 244.977 — 
SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/9/2012 (BRASIL, 
2012, documento on-line).
Inquérito policial: o procedimento
O inquérito policial pode ser instaurado para crimes de:
 � ação penal pública incondicionada de representação;
 � ação penal pública condicionada;
 � ação penal privada.
No que diz respeito à ação penal pública incondicionada, o inquérito 
pode iniciar de ofício, pelo auto de prisão em flagrante, mediante requisição 
da autoridade judiciária ou do Ministério Público ou a requerimento do 
ofendido. 
A instauração de ofício pela autoridade policial será realizada por meio 
de portaria indicando:
 � objeto da investigação;
 � circunstâncias que giram no entorno do fato;
 � procedimentos a serem diligenciados.
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Identificação interna do documento MXINSKZY4C-BFM1WW1
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=HC244977
http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?origemPesquisa=informativo&tipo=num_pro&valor=HC244977
A instauração é chamada de oficio, pois, sempre que a autoridade policial 
tiver notícia de um crime, independentemente do meio de informação, tem a 
obrigação de mandar instaurar um inquérito.
A instauração que ocorre mediante requisição do juiz ou do Ministério 
Público tem como característica o fato de ser obrigatório seu cumprimento 
pela autoridade policial. Mesmo que esta verifique ser incabível a instauração, 
terá força de determinação. Por outro lado, aquela que ocorre por requerimento 
do ofendido tem como característica o fato de ser uma solicitação, portanto, 
não torna a autoridade policial vinculada à necessidade de instauração. Se 
entender não ser cabível o inquérito, o delegado fará um despacho justificado. 
Dessa manifestação negativa, cabe recursoao chefe de polícia do Estado.
O auto de prisão em flagrante dispensa a portaria prevista para aqueles 
instaurados de ofício. Isso porque é o próprio auto de prisão em flagrante que 
dá a instauração do inquérito. 
No que diz respeito à ação penal pública condicionada, o inquérito pode 
depender de representação do ofendido, de requisição do Ministério Público 
ou do juiz, ou ainda de auto de prisão em flagrante. 
A instauração que dependerá da representação do ofendido diz respeito 
àquelas em que a manifestação da vítima acerca do interesse de apurar o crime 
acontecido é um requisito para que se apure. Essa manifestação de vontade de 
representar pode acontecer perante qualquer uma das autoridades envolvidas no 
processo penal, ou seja, tanto autoridade judiciária quanto policial ou ao agente 
ministerial. Caso a vítima manifeste ao juiz ou ao promotor o desejo de repre-
sentar, será deles a iniciativa de manifestar a representação, logo, requisitarão à 
autoridade policial a instauração, mediante o fato de o ofendido ter representado. 
Caso ocorra a prisão em flagrante de um crime condicionado à representação, 
a sua manutenção preso e, por consequência, o prosseguimento do inquérito 
ficam também condicionado ao aporte posterior da representação da vítima. 
No que diz respeito à ação penal privada, o inquérito só poderá ser ins-
taurado caso seja assim requerido pelo ofendido, por seu representante legal 
ou, ainda, em caso de falecimento, por seu cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão. Caso o desejo do ofendido seja manifestado perante o Ministério 
Público ou o juiz, deverá ser requisitada por eles a instauração do inquérito, 
devidamente instruída pelo requerimento do ofendido. Da mesma forma que 
na ação penal pública condicionada, em caso de prisão em flagrante, também 
é possível a instauração, no entanto, é requisito a autorização da vítima no 
prazo de 24 horas da prisão.
Uma vez instaurado o inquérito policial, a autoridade policial deverá di-
ligenciar no sentido de incrementar a investigação, ou seja, trabalhar na pro-
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dução de elementos que venham a construir o opinio delicti. O inquérito será 
encerrado quando a autoridade entender que existem elementos suficientes 
a fim de demonstrar o acontecimento do crime e possível autoria. O fim do 
inquérito acontece com a elaboração de um relatório conclusivo que poderá, 
inclusive, indicar a tipificação penal na qual incorreu o agente, bem como 
poderá haver representação pela prisão do investigado.
O prazo para conclusão do inquérito policial em casos de prisão, ou seja, que 
o investigado esteja preso, é de 10 dias, o que, caso estejamos falando de crime 
previsto na Lei de Drogas, passará para 30 dias. Por outro lado, caso esteja o 
investigado em liberdade, a regra geral será de conclusão em 30 dias, ao passo 
que, no que diz respeito à Lei de Drogas, passará para 90 dias para sua conclusão. 
Uma vez instaurado o inquérito policial, ele necessariamente deverá ser 
remetido à autoridade judiciária, ainda que, por ocasião da investigação, a 
autoridade policial perceba que não era caso de instauração — ela não poderá 
arquivar diretamente. Uma vez autuado, o inquérito é remetido ao Ministério 
Público para primeira manifestação. O agente ministerial, diante do inquérito 
policial, tem três possibilidades de ação, vejamos cada uma delas:
 � Baixar em diligências — nesse caso, o Ministério Público entende que 
não há esclarecimento suficiente acerca dos fatos e impõe a medida de 
que retorne à autoridade policial para que siga diligenciando no sentido 
de melhor arquitetar essas construções de autoria e materialidade. O 
Ministério Público, nesse caso, indicará as diligências que entende per-
tinentes a serem realizadas, e o juiz fará a remessa à autoridade policial.
 � Declarar incompetência — no caso de o Ministério Público verificar 
incompetência de juízo ou de foro, pedirá a remessa ao competente. Caso o 
agente ministerial que receba o inquérito cuja competência fora levantada 
entenda não ser competente, deverá suscitar o conflito de competência.
 � Arquivamento — Caso o agente ministerial entenda inexistirem ele-
mentos para oferecer a denúncia. Neste caso, ele deverá comunicar a 
vítima, o investigado e a autoridade policial e encaminhar os autos 
para a instância de revisão ministerial para homologação. A vítima 
ou seu representante legal terão 30 dias para submeter a matéria à 
revisão da instância competente do respectivo órgão ministerial, caso 
discordem do arquivamento. Em se tratando de ações penais relativas 
a crimes praticados contra União, Estados e Municípios, a revisão do 
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia 
do órgão a quem couber a sua representação judicial. 
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Caso não se trate de hipótese de arquivamento, mas tendo o investigado 
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem 
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o 
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. É necessário 
ressaltar que a vigência deste procedimento, previsto no art. 28, caput, do 
Código de Processo Penal, encontra-se suspensa em virtude de decisão pro-
ferida na Adin 6.299 — DF.
Algumas diligências possíveis no inquérito policial (art. 6º do Código de Processo 
Penal) são:
 � preservar o local do acontecimento dos fatos até que a perícia chegue ao local;
 � apreender objetos relacionados ao fato;
 � colher provas que sirvam ao esclarecimento dos fatos;
 � ouvir a vítima;
 � ouvir o indiciado;
 � reconhecer pessoas e acareações;
 � determinar a realização de perícias, incluindo exame de corpo de delito;
 � reconhecer o indicado por meio datiloscópio;
 � tomar conhecimento da vida pregressa do indiciado;
 � colher informações familiares do indiciado.
Sistemas processuais penais10
Identificação interna do documento MXINSKZY4C-BFM1WW1
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Informativo nº. 0505, 20 set. a 3 out. 2012. Disponí-
vel em: . Acesso em: 14 maio 2018.
Leituras recomendadas
AVENA, N. Manual de processo penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
FERRAJOLI, L. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2010.
GAVIÃO, R. O inquérito policial no Brasil e seus conceitos: questões de validade entre 
forma e conteúdo. 2015. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito 
do Sul de Minas. Pouso Alegre, 2015. Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2018.
LOPES JÚNIOR, A. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
SOUZA, D. T. Q. A permeabilidade inquisitória do processo penal em relação aos atos de 
investigação preliminar. 2016. Dissertação (Mestrado em Direito) — Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2016. Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2018. 
Referência
11Sistemas processuais penais
Identificação interna do documento MXINSKZY4C-BFM1WW1

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