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20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 1/44 Segurança do Trabalho Definição e aplicabilidade de programas e laudos de saúde e segurança ocupacional: PPRA, PCMSO, PCMAT, LTCAT Vários fatores podem impactar no desempenho de uma empresa e, conforme o nível desses impactos a empresa pode enfrentar dificuldades para se manter operante com um fluxo de caixa positivo. Assim, é necessário conhecer e gerenciar todos os aspectos relevantes que podem contribuir para o sucesso do empreendimento. Normalmente, o “sucesso” é medido por meio do lucro líquido em determinado período de tempo. Para que se atendam às metas de desempenho estabelecidas, a empresa precisa gerenciar as áreas de recursos humanos, de responsabilidade fiscal, da qualidade e do controle de processo produtivo, do meio ambiente, da segurança do trabalho, entre outras. O destaque de qualquer organização é seu setor produtivo ou seus serviços oferecidos, conforme o segmento econômico da empresa. Nesta área, a gestão da qualidade é de extrema importância e contém como foco a padronização da qualidade de seu produto ou serviço e a adoção de mecanismos que permitam a melhoria contínua de seus processos. Estão ligados ao desempenho fatores como capacitação dos funcionários, aquisição de máquinas e equipamentos, controle da qualidade dos insumos e das matérias-primas, do produto ou do serviço ofertado. Evidentemente, a qualidade do processo ou do serviço final, em uma visão ampla, depende que os demais processos ocorram de forma organizada e consistentemente. Por exemplo, é importante que os funcionários estejam 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 2/44 alinhados às diretrizes da empresa e que esta tenha uma política de retenção de talentos: responsabilidades típicas da área de recursos humanos. Já a área contábil, apoia a empresa na gestão financeira e na auditoria contábil, além de executar tarefas como o controle de recolhimento de impostos e de emissão de notas fiscais. Essas duas áreas podem estar integradas na empresa e contribuem para a tomada de decisão por parte da direção sobre a condução das atividades e dos novos investimentos. Durante a produção de um bem, a empresa utiliza, como já comentado, matérias-primas e insumos, mas nem tudo que ingressa é transformado em um produto final, uma parte acaba como resíduo, seja ele sólido, líquido ou gasoso. Para transformar a matéria-prima em produto final, são empregadas utilidades como energia elétrica, vapor-d’água, água líquida. Uma parte do que é empregado pode acabar gerando resíduos. Por exemplo, uma caldeira para produção de vapor-d’água precisa queimar algum combustível, assim são esperados resíduos gasosos e sólidos como resultado dessa queima. Resíduos também podem ser gerados na manutenção de máquinas, como peças contaminadas com óleo lubrificante e o próprio óleo já usado. Dessa forma, a empresa precisa gerenciar os impactos ambientais de seus processos, portanto deve contar com uma área de meio ambiente, para, em um primeiro momento, garantir o atendimento legal às legislações municipais, estaduais e federais sobre o tema e, em um segundo momento, estudar como integrar ou reutilizar os resíduos gerados no próprio processo. A reutilização de resíduos traz impactos positivos no fluxo de caixa, pois reduz a demanda por matérias-primas e utilidades. Todo o processo produtivo ou a prestação de algum serviço pode expor os funcionários a perigos com determinado nível de risco associado. Quando esse nível de risco é passível de atenção, significa que algum prejuízo à integridade ou à saúde pode ocorrer devido à exposição aos perigos. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 3/44 Quando a organização não atua para eliminar a fonte do perigo ou para manter o nível de risco em um patamar aceitável, ela assume uma posição contrária aos seus objetivos de crescimento. Quando um acidente ocorre e é necessário o afastamento do trabalhador, um posto fica vago na empresa e deve ser preenchido para que o nível de produção seja mantido. Isso pode acarretar custos com novas contratações e treinamento da mão de obra; por outro lado, a empresa também pode ser penalizada com o pagamento de indenização decorrente do evento danoso. Evidentemente, isso é apenas um exemplo entre as várias possibilidades. A gestão de segurança e saúde no trabalho é parte integrante do gerenciamento global da empresa para a obtenção de bons resultados. Manter um ambiente saudável e seguro é uma tarefa que envolve o correto planejamento para execução de atividades críticas, investimentos em segurança de máquinas, treinamentos com foco em segurança, auditorias, atendimento aos requisitos legais, entre outros. Essa gestão não é realizada isoladamente, ela está ligada a programas de segurança, em especial aqueles exigidos por normas regulamentadoras (NR), como o Programa de Gerenciamento de Riscos previsto na NR-1. Assim, o gerenciamento preventivo com base nas NRs é uma parte importante para minimizar a possibilidade de doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, mas outros aspectos devem ser considerados, como a exigência da elaboração de laudos previstos na legislação trabalhista (como os laudos de insalubridade e de periculosidade) e na legislação previdenciária (como o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho –LTCAT). A elaboração desses laudos pode evitar alguns problemas futuros referentes ao pagamento de indenizações. O gerenciamento de segurança é realizado pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) ou por empresas de consultoria, com o apoio da direção da empresa que é a responsável por fornecer os recursos necessários, sejam de pessoas, equipamentos ou de 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 4/44 estrutura. Normalmente, a direção da empresa desconhece os detalhes da área de segurança e saúde do trabalho, assim é papel do SESMT, e isso inclui o técnico de segurança do trabalho, orientar a direção da empresa sobre o motivo e a necessidade da elaboração e da implementação de programas e da elaboração de laudos. Antes da etapa de orientação, é necessário conhecer os objetivos e o campo de aplicação dos programas e laudos existentes da esfera trabalhista e previdenciária que contêm relação direta ou indireta com a área de saúde e segurança no trabalho, e assim determinar quais são aplicáveis à empresa. Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR O programa A NR-1 estabelece a necessidade de elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). O programa contém um foco preventivo e é aplicado para controlar a exposição aos perigos relacionados aos agentes biológicos, físicos e químicos, à ergonomia e aos acidentes. A norma não estabelece um modelo padronizado para o programa, entretanto ela define os itens mínimos que o compõem e o seu fluxo de elaboração e acompanhamento. O programa é composto, no mínimo, por dois documentos: o inventário de riscos e o plano de ação. Inventário de riscos O inventário de risco reúne os dados da identificação de perigos (ou fatores de risco) e o resultado da avaliação de riscos associados, ou seja, do potencial daquele perigo, nas condições de trabalho, em causar algum prejuízo à 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 5/44 integridade ou à saúde do trabalhador. O inventário de riscos deve contemplar: A descrição do ambiente de trabalho e a descrição dos processos realizados A descrição das atividades desempenhadas nesses ambientes A identificação dos perigos existentes e suas fontes ou circunstâncias nas quais ele se apresenta, quais os grupos de trabalhadores estão expostos, a relação das possíveis lesões e agravos à saúde decorrentes da exposição ocupacional Descrição das medidas de controle atualmente empregadas no estabelecimento Dados da análise preliminar da exposição aos agentes físicos, químicos e biológicos e da análise ergonômica Avaliação e classificaçãodos riscos para fins de elaboração do plano de ação Critérios ou metodologias adotados para a avaliação de riscos e definição de prioridades Plano de ação Uma vez que o inventário tenha sido estabelecido e os riscos classificados, deve-se montar o plano de ação. Os planos de ação devem considerar a prioridade definida pelo inventário de riscos e respeitarem a hierarquia de controle, priorizando a eliminação ou substituição da fonte do perigo, as medidas de proteção coletiva, as medidas administrativas e organizacionais e o emprego de equipamentos de proteção individual, nessa ordem. Eventualmente, medidas presentes nas últimas etapas da hierarquia de controle podem ser usadas até que medidas de caráter geral tenham sido empregadas ou quando as medidas de ordem geral não forem suficientes ou não forem aplicáveis. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 6/44 Os planos de ação devem apresentar as medidas preventivas que serão introduzidas, aprimoradas ou mantidas. Como qualquer plano de ação, eles devem apresentar alguns elementos além da ação propriamente, como o responsável, o prazo para sua conclusão, os recursos que possam ser necessários, os objetivos, as metas e os indicadores de desempenho. Embora o responsável seja alguém da organização designado por conduzir determinada ação, a empresa, em uma análise mais ampla, é a responsável global pelo PGR. A implementação ou execução do plano de ação deve ser acompanhada por meio de metodologia definida pela empresa, mas deve permitir uma análise crítica de cada ação e os mecanismos para eventuais ajustes quando se mostrarem ineficazes. A avaliação da implementação ou de sua eficácia pode ser realizada pela verificação do cumprimento dos prazos previstos para a execução das medidas, se essas medidas, após serem executadas, são realmente utilizadas na área de trabalho e pelo monitoramento ambiental dos fatores de risco que possam ser avaliados quantitativamente. Como o PGR é formado basicamente pelo inventário de riscos e pelo plano de ação, é evidente que etapas anteriores devem ser conduzidas até que se chegue ao inventário e ao planejamento. Basicamente, essas etapas usam de mecanismos de reconhecimentos de perigos e de uma ou mais ferramentas de avaliação de riscos. A etapa de reconhecimento, ou identificação de perigos, como define a NR-1, é composta pela descrição dos perigos e do seu potencial para lesões ou doenças ocupacionais, pela indicação das fontes geradoras ou das condições nas quais os trabalhadores estão expostos aos perigos e pela identificação dos trabalhadores ou grupos de trabalhadores que estão sujeitos a esse perigo. É possível notar que essas informações estão presentes no próprio inventário, o que é lógico, uma vez que essa etapa busca reunir dados para a elaboração dele. Quando os perigos forem identificados antes da atividade ou de a 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 7/44 operação entrar em execução, por exemplo, como na mudança de tecnologia de um processo produtivo, é possível realizar ajustes antes que os empregados estejam realmente expostos, usando a mesma ideia de identificação e avaliação de riscos. Uma vez que todos os perigos sejam identificados, deve-se conduzir a avaliação de riscos, a qual utiliza ferramentas para definição do nível de risco associado (ou algo equivalente) e da prioridade de controle. Essas ferramentas podem ser específicas para cada fator de risco ou globais. Normalmente, elas estão fundamentadas na avaliação de três pontos: a severidade da lesão ou da doença associada ao perigo ou agente de risco, a probabilidade de ocorrência do evento danoso ou da exposição e a frequência dessa exposição. Também faz parte dessa avaliação de risco a análise das medidas de controle empregadas, o que é avaliado dentro da probabilidade de ocorrência. Como resultado do cruzamento dessas informações, tem-se o nível de risco associado que definirá a necessidade ou prioridade de controle. Tipicamente, o nível de risco contém de três a cinco níveis que variam do tolerável até o intolerável. As ferramentas de avaliação de riscos apresentam algumas recomendações sobre quais tipos de controles devem ser aplicados e sua urgência. Quando várias ferramentas são utilizadas, é importante criar um padrão único para definição de prioridades, pois uma ferramenta pode apresentar três níveis e outra cinco níveis. Assim, é necessária uma análise de equivalência entre os níveis. Clique ou toque para visualizar o conteúdo. Exemplo de matriz para avaliação do nível de risco Um exemplo genérico para a definição do nível de risco pode ser visto na tabela 1, como uma função da probabilidade e da consequência. Na tabela 2, há uma proposta de correção de acordo com o nível de risco. Ambas as tabelas são 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 8/44 baseadas no documento Evaluación de Riesgos Laborales, do Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo, Espanha. Tabela 1 – Nível de risco como função da probabilidade da ocorrência de um dano e de sua extensão Fonte: adaptado de Evaluación de Riesgos Laborales, do Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo (Espanha). 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 9/44 Nível de risco Ação necessária Risco trivial Nenhuma ação específica é necessária. Risco tolerável Não é necessária alteração das medidas preventivas, mas o emprego de novas medidas é estimulado desde que não representem um impacto financeiro para a empresa. Necessidade de verificações periódicas das medidas preventivas para verificar sua eficácia. Risco moderado Ações, com prazos definidos, devem ser conduzidas para a redução do nível de risco. Se a consequência for um dano grave, uma metodologia mais apurada deve ser empregada posteriormente para definir se há necessidade de melhoria das medidas de controle. Risco importante Se a atividade ou o trabalho ainda não foi iniciado, ele somente poderá iniciar após a redução do nível de risco. Se a atividade ou o trabalho já está em curso, medidas corretivas devem ser empregadas com uma urgência maior do que aquelas situações de risco moderado. Risco intolerável A atividade ou o trabalho não deve ser iniciado ou continuado nessa situação e deve ficar suspenso até que medidas adequadas sejam empregadas para a redução do nível de risco. Tabela 2 – Relação entre o nível de risco e o emprego de medidas preventivas e/ou corretivas Fonte: adaptado de Evaluación de Riesgos Laborales, do Instituto Nacional de Seguridad y Salud en el Trabajo (Espanha). 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 10/44 Aplicação: considere a atividade da figura 1. Há diversos fatores de risco (ou perigos) presentes, como ruído intermitente, poeira e fumos oriundos do metal de trabalho, poeira do disco de corte, vibração de mãos e braços, projeção de partículas, incêndio (devido às fagulhas), operação de equipamento rotativo, exigência de posição inadequada, exigência de preensão do equipamento, entre outros. Uma análise do nível de risco deveria ser conduzida para cada um desses fatores de risco. Figura 1 – Trabalhador operando uma esmerilhadeira elétrica Fonte: <https://www.jcmetalworks.co.uk/wp- content/uploads/linishing_sheet_metal_fabrication_jc_metalworks_5963.png>. Acesso em: 3 nov. 2020. Como exemplo, considere a projeção de partículas. Segundo a tabela 1, pode-se considerar a probabilidade de ocorrência do dano como baixa, uma vez que o trabalhador está protegido por vestimentas e com proteção completa da face. Também contribui para essa conclusão a existência de uma saia de proteção no entorno do disco, a qual direciona as partículas para a posição oposta à posição de trabalho, e a pequena massa de cada partícula não possui 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 11/44 potencial, mesmo em altas velocidades, para gerar um impacto mecânico crítico nas proteções individuais. Para a consequência, pode-seconsiderar a face, em especial os olhos, como parte mais sensível além da pele, consequências como lesão nos olhos e queimaduras na pele podem ser esperadas quando considera- se apenas o dano. Nesse caso, pode-se considerar o dano como “dano moderado”, segundo a tabela 1. Cruzando as informações de probabilidade (baixa) e consequência (dano moderado), chega-se ao nível de “risco tolerável”. Nesse caso, a tabela 2 recomenda: “não é necessária alteração das medidas preventivas, mas o emprego de novas medidas é estimulado desde que não representem um impacto financeiro para a empresa. Necessidade de verificações periódicas das medidas preventivas para verificar sua eficácia”. O PGR, segundo a NR-1, pode ser elaborado de forma a contemplar toda a organização, ou pode ser elaborado por atividades ou setores. Esse é um fato importante, pois permite a adequada gestão dos riscos de acordo com as caraterísticas da exposição. Por exemplo, uma empresa que tem um setor administrativo e um setor de produção, pode optar por realizar dois PGRs, um para o setor administrativo e outro para o setor de produção, se julgar que o gerenciamento poderá ocorrer de uma forma eficaz dessa maneira. Campo de aplicação e pontos importantes O PGR é um programa criado para agregar o gerenciamento que estava disperso na legislação trabalhista, por exemplo, a antiga NR-9 apresentava um programa de gerenciamento voltado aos agentes biológicos, físicos e químicos; a NR-17 tratava e ainda trata da análise ergonômica, e os fatores de risco de acidentes eram e ainda são tratados em diversas normas regulamentadoras. Muitas organizações realizavam um atendimento parcial do gerenciamento de 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 12/44 risco e um dos fatos que contribuía para isso era a necessidade de conduzir basicamente três análises distintas: uma para a NR-9, uma para a NR-17 e outra para a questão de acidentes. O PGR unifica o gerenciamento de riscos em apenas um programa, englobando também os resultados da análise de acidentes e de doenças ocupacionais prevista da NR-4 e o planejamento para emergências, que, eventualmente, pode ser conduzido por documento próprio, mas ligado ao PGR. Dessa maneira, o PGR contém um campo de aplicação que alcança todos os segmentos econômicos, incluindo a construção civil, uma vez que a própria NR-18 indica que o gerenciamento de riscos deve ser feito com base na NR-1. As exceções ocorrem para a NR-22, que contém PGR próprio, e para a NR-31, que conta com um programa específico. Algumas empresas estão dispensadas da elaboração do PGR, como o microempreendedor individual (MEI), as microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP), de graus de risco 1 e 2, segundo a NR-4, desde que o levantamento preliminar de perigos não aponte uma exposição ocupacional a agentes biológicos, físicos e químicos, de acordo com a NR-9, e que declarem as informações digitais de acordo com o estabelecido pela NR-1. Independente da dispensa do PGR, essas empresas continuam obrigadas a cumprir as normas regulamentadoras. As empresas obrigadas a elaborar o PGR devem revisar sua avaliação de riscos e, consequentemente, seu inventário e plano de ação a cada dois anos, no máximo. Um prazo de até três anos pode ser admitido se a empresa portar uma certificação em um sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho, como a ISO 45001. A avaliação de riscos, além dos tempos previstos, deve ser conduzida também quando as medidas de controle forem aplicadas para avaliar o novo nível de risco, quando ocorrem mudanças no ambiente de trabalho que possam inserir novos perigos ou mudar o nível de risco, na mudança dos requisitos legais, entre outros. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 13/44 Informação aos trabalhadores A implementação de um programa envolve diversas etapas que contêm como foco o controle da exposição dos trabalhadores aos fatores de risco. Muitos desses controles dependem direta ou indiretamente dos trabalhadores. Por exemplo, o emprego de equipamentos de proteção individual é um controle que depende diretamente do trabalhador no que se refere ao seu adequado uso. Controles que envolvem rotinas de trabalho, como manter recipientes de produtos químicos fechados quando seu uso não ocorre, é outro exemplo de medida que depende diretamente das ações do empregado. Sistemas de proteção de máquinas, que resguardam a integridade do trabalhador evitando o contato com elementos móveis, são controles que independem do trabalhador, mas, ainda assim, ele deve estar consciente da importância desse elemento e da proibição expressa de qualquer modificação de sua estrutura, por exemplo, para tornar o trabalho mais célere. Há dois pontos básicos relacionados aos empregados e que impactarão diretamente no sucesso de muitas medidas de controle. O primeiro ponto está na informação e conscientização dos empregados sobre a existência dos fatores de riscos a que eles estão expostos. Em alguns casos, o trabalhador reconhece os fatores de risco por alguma característica inerente e diretamente perceptível. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 14/44 Por exemplo, trabalhadores que operam em pavimentação asfáltica, como na figura 2, estão expostos ao ruído e ao calor. Naturalmente, eles poderão usar outros termos como “barulho” e “temperatura alta”, que não são termos técnicos, mas que refletem essa percepção. Figura 2 – Pavimentação asfáltica Fonte: <https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2020/02/28/obra-de-pavimentacao- na-df-285-chega-a-30-de-execucao/> Acesso em: 30 out. 2020. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 15/44 Na figura 3, trabalhadores podem relatar que a atividade envolve alguma possibilidade de queda e desmoronamento da vala. Figura 3 – Trabalhadores em atividades em rede de esgoto Fonte: <https://teresopolis.rj.gov.br/prefeitura-mantem-em-dia-limpeza-de-ruas-e- reparos-em-galerias/> Acesso em: 30 out. 2020. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 16/44 Nem sempre o fator de risco está claro para quem executa a atividade. Por exemplo, na figura 2, há agentes químicos presentes, mas o trabalhador poderá não perceber uma parte deles, pois ele conta apenas com seus sentidos para a identificação. Já na figura 3, a atividade poderá envolver engolfamento se a rede não for isolada ou se a rede for pluvial e ocorrerem chuvas em áreas mais elevadas. Esse perigo pode não estar claro para o trabalhador. O segundo ponto que pode impactar no sucesso das medidas de controle está ligado também aos fatores de risco, mas agora relacionados à extensão de seus efeitos à saúde ou à integridade. Esse conhecimento por parte dos trabalhadores é fundamental no sentido de que pode alertá-los sobre a importância do emprego adequado ou mesmo sobre a existência de determinadas medidas. Assim, uma vez que todos os fatores de risco ou as situações potenciais forem identificadas e as medidas de controle forem definidas, os empregados devem receber instruções formais sobre os perigos, os riscos e as consequências, suas fontes ou condições de trabalho que possam resultar na exposição aos perigos e sobre os controles adotados para reduzir a exposição ou o risco de doença ou acidente. Além disso, é importante que sejam reforçadas as obrigações ou os deveres do empregado com relação aos controles adotados. Essas informações podem ser repassadas em treinamentos, diálogos diários de segurança (DDS), em treinamentos de integração ou de outras maneiras, desde que sejam eficazes, e devem estar de acordo com o item 1.4 da NR-1. Conforme a abordagem e a disposição de recursos, as informações podem ser repassadas com o uso de recursos audiovisuais. Seja qual for o formato adotado, é importante realizar algum registro cobrindo aspectos como 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 17/44 assuntos abordados (conteúdo programático), identificação do instrutor, cargahorária. Para os DDSs, um registro mais simples pode ser adotado e normalmente está associado à programação de assuntos, de suas datas e do público-alvo. Evidentemente, é importante que ocorra uma adaptação na linguagem. O trabalhador não está habituado com muitos dos jargões da área de segurança, logo, isso deve ser considerado na hora da comunicação. Por exemplo, o agente “ruído”, em termos técnicos, pode ser contínuo, intermitente ou de impacto; no desenvolvimento de um programa de segurança ou na avaliação quantitativa da exposição essa diferenciação é importante (se contínuo/intermitente ou de impacto); já em um treinamento é suficiente o termo “ruído”. À medida que o técnico de segurança do trabalho conhece o seu público, ele pode adequar a linguagem de modo a tornar a comunicação mais clara. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), exigido pela NR-7, é um programa voltado ao monitoramento da saúde dos trabalhadores e é aplicável a todos os segmentos econômicos. Esse programa contém duas diferenças básicas dos demais programas de saúde e segurança no trabalho. A primeira diferença é que a NR-7 determina um profissional para sua elaboração, no caso o médico do trabalho, e essa determinação não ocorre em nenhum outro programa de saúde e segurança no trabalho, para qualquer membro do SESMT. A segunda diferença reside na elaboração desse programa, pois ele não é realizado a partir de um levantamento de campo de perigos relacionados a cada tarefa ou atividade, ao invés disso, o PCMSO é construído com dados de outro programa, o PGR, previsto na NR-1, e, antes disso, o PPRA. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 18/44 Uma vez que o PGR está disponível para o médico do trabalho, ele, com base nos riscos ocupacionais identificados e classificados pelo PGR, pode determinar os meios adequados de monitoramento da saúde, considerando o tipo de atividade que o trabalhador executa e/ou os fatores de risco com os quais esse trabalhador tem contato em sua jornada de trabalho. Por exemplo, para um trabalhador exposto ao ruído intermitente acima do nível de ação, o programa deve determinar a necessidade de exames audiométricos, independente do uso de protetores auditivos. No caso de um empregado que realizará um trabalho em altura, o PCMSO deve verificar periodicamente a aptidão para o trabalho, considerando as patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura. Quando algum desvio na saúde é encontrado ou uma suscetibilidade individual é detectada, o programa deve ser capaz de fornecer dados suficientes para avaliar a necessidade de afastamento das tarefas desempenhadas ou definir uma estratégia de acompanhamento específica para o empregado. O acompanhamento da saúde é realizado por meio das vigilâncias passivas e ativas. O programa deve incluir a previsão para os exames admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudanças de riscos ocupacionais, demissional e complementares, este último a critério médico. Na vigilância passiva, os dados são obtidos quando os trabalhadores procuram os serviços médicos voluntariamente por alguma questão, como desconforto, por exemplo. A vigilância ativa envolve a realização de exames médicos específicos e coleta dos sinais e sintomas de prejuízos à saúde relacionados aos agentes nocivos a que o trabalhador está exposto. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 19/44 Uma vez por ano, o médico responsável pelo PCMSO deve elaborar um relatório das conclusões do programa, devendo constar informações como o número e os tipos de exames realizados e a incidência e prevalência de doenças ocupacionais. Assim, é possível concluir que esse programa pode avaliar indiretamente as medidas de controle adotadas no PGR, pois, se os trabalhadores apresentam indícios do desenvolvimento de doenças ocupacionais ou se estão submetidos a exposições elevadas no ambiente de trabalho, algo na estratégia de prevenção está inadequado. Essa relação reforça a necessidade de uma elaboração sólida do PGR e da correta condução e análise da implementação de seu planejamento. Embora o PCMSO seja importante, em alguns casos, as empresas estão dispensadas de sua elaboração. Empresas de graus de risco 1 e 2, conforme a NR-4, e que declararem suas informações de forma digital, quando MEI (microempreendedor individual), ME (microempresa) e EEP (empresa de pequeno porte), desde que não identifiquem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, estão dispensadas de elaborarem o programa. Essa dispensa não exclui a necessidade de exames médicos ocupacionais admissionais, demissionais e periódicos. O relatório anual também não é de obrigação para ME e EPP enquadradas nessa condição e para as MEI em qualquer caso. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), extinto em 2022, é um programa preventivo, com foco nos riscos biológicos, físicos e químicos (agentes ambientais), exigido pela antiga versão da NR-9, sendo aplicável a todos os segmentos econômicos, exceto nas atividades previstas pela NR-22, que contém programa próprio. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 20/44 O PPRA era estruturado com base nas quatro áreas da higiene ocupacional, sendo que a elaboração do programa envolvia a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos riscos. Assim, como o atual PGR, definido na NR-1, o PPRA tinha um plano de ação (etapa de controle) baseado na priorização de controles definidos na etapa de avaliação de riscos e ambos eram apoiados pela antecipação e pelo reconhecimento. Os agentes de acidentes e de ergonomia somente eram analisados pelo PPRA quando guardavam alguma relação com os agentes ambientais. O programa era descrito em um documento base com alguns elementos constitutivos mínimos: planejamento anual com indicação das metas e das prioridades, plano de ação, descrição das formas de registro, manutenção e divulgação dos dados e definição da frequência e da forma de avaliação. Além do acompanhamento previsto da implementação e eficácia de suas ações, a saúde dos trabalhadores era acompanhada com base no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) previsto na NR-7. Em 2022, o PPRA deixa de existir, sendo substituído por um programa mais amplo, o PGR. Embora extinto, o PPRA deve ter sua documentação gerenciada por 20 anos, assim, os programas elaborados devem ser armazenados por esse período. Se o programa for composto por outros documentos como, por exemplo, relatórios das avaliações ambientais e descrição da ferramenta de análise de riscos, esses documentos devem ser armazenados também. Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho – PCMAT O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), vigente até o primeiro semestre de 2022, caracteriza-se por ser um programa voltado à indústria da construção civil, previsto pela antiga NR-18. O PCMAT foi substituído pelo PGR previsto na NR-1, e a nova NR-18 atual apenas faz algumas considerações sobre o PGR. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 21/44 Devido à dinâmica de uma obra, as atividades e os fatores de risco envolvidos variam de tipo e/ou intensidade, respectivamente, ao longo da construção. O papel do PCMAT era acompanhar essas mudanças, propondo medidas preventivas de controle adequadas a cada etapa da obra. Ele englobava todos os fatores de riscos, incluindo aqueles tratados pelo PPRA, embora não houvesse uma determinação em norma da substituição do PPRA pelo PCMAT. O programa era aplicável a obras com mais de 20 trabalhadores e sua estrutura deveria conter o projeto e as especificações técnicas das medidas de proteção coletiva de acordo com a etapa da obra, leiaute do canteiro de obras, um programa educativo relacionado aos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais,entre outros. Os registros ligados e o próprio PCMAT devem ser mantidos por 20 anos. Assim, mesmo que o programa perca sua exigência legal em 2022, sua documentação deverá ser mantida. A única exceção ocorre para as obras iniciadas antes dessa data, mas que foram concluídas após ela. Nesse caso, o PCMAT terá sua validade até o final da obra. Laudo de insalubridade Legislação 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 22/44 O laudo de insalubridade é um laudo previsto na legislação trabalhista, especificamente na NR-15. O objetivo do laudo é caracterizar ou não a exposição em condições insalubres aos agentes biológicos, físicos e químicos, e determinar o percentual do adicional de insalubridade. O laudo é de elaboração obrigatória e está a cargo do empregador definir um engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho para a sua realização. O adicional de insalubridade é divido em três percentuais: 10% (ou mínimo), 20% (ou médio) e 40% (ou máximo) incidentes sobre o salário mínimo da região. A norma fixa essas faixas de acordo com o agente em análise e determina quais as situações e os agentes devem ser avaliados. Muitos dos agentes com os quais o trabalhador está em contato em seu ambiente de trabalho não estão listados na norma; logo, não há de se pensar em adicional de insalubridade relativo a esses agentes. É nesse fato que reside a principal diferença entre o laudo e as medidas preventivas estipuladas por outras normas de segurança. As ações de prevenção devem alcançar todos os fatores de risco aos quais o trabalhador está exposto, enquanto o laudo de insalubridade está preso ao texto jurídico dessa norma. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 23/44 A NR-15 é estruturada em anexos, alguns dos quais apresentam parâmetros quantitativos e outros requerem uma avaliação qualitativa para a análise de insalubridade. Esses anexos estão divididos da seguinte forma: Anexo [1] Título Avaliação 1 Limites de tolerância para ruídocontínuo ou intermitente Quantitativa 2 Limites de tolerância para ruídos deimpacto Quantitativa 3 Limites de tolerância paraexposição ao calor Quantitativa 5 Radiações ionizantes Quantitativa 6 Trabalho sob condiçõeshiperbáricas Qualitativa 7 Radiações não ionizantes Qualitativa 8 Vibração Quantitativa 9 Frio Qualitativa 10 Umidade Qualitativa 11 Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho Quantitativa 12 Limites de tolerância para poeirasminerais Quantitativa 13 Agentes químicos Qualitativa 13-A Benzeno e operações diversas[2]-[3] Qualitativa 14 Agentes biológicos Qualitativa 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 24/44 [1] – O Anexo 4 foi revogado em 1990. [2] – O anexo não contém um título. [3] – Não há no texto normativo a definição do grau de insalubridade para benzeno. Tabela 3 – Relação de anexos da NR-15 Embora os anexos sejam claros sobre as condições necessárias para a caracterização de insalubridade, há algumas decisões de tribunais de justiça que alteraram o entendimento de alguns agentes ou anexos. Essas decisões estão apresentadas como súmulas do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Superior Tribunal Federal (STF). Um exemplo famoso dessa alteração é aquele estipulado pela Súmula n.º 448 do TST, mais especificamente em seu segundo item, que trata sobre a limpeza de instalações sanitárias: A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE n.º 3.214/1978 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. Então, mesmo que o Anexo 14 da NR-15 não faça a previsão sobre essa atividade (limpeza de sanitários), o tribunal fez essa consideração e inclui essa atividade. Isso demonstra que, eventualmente, algumas conclusões de laudos ou mesmo reclamatórias trabalhistas podem se valer de determinações como essas, e não apenas do texto normativo. O adicional de insalubridade não configura um direito adquirido sendo que seu pagamento poderá ser suspenso ou poderá ocorrer somente nos períodos de efetiva exposição. A suspensão do adicional pode ocorrer quando o 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 25/44 empregador eliminar o agente ou neutralizá-lo. A neutralização ocorre com o emprego de medidas de ordem geral que reduzam a intensidade ou a concentração do agente para valores abaixo do limite de tolerância ou com o emprego de equipamentos de proteção individual. Elaboração e estrutura A etapa de inspeção em campo para levantamento de dados é a primeira na elaboração do laudo de insalubridade. Segue-se a essa etapa a avaliação quantitativa dos agentes que tenham limite de tolerância. Essa avaliação é melhor conduzida quando o profissional que elaborará o laudo é funcionário da empresa e já conhece as rotinas e os agentes. É importante que a avaliação quantitativa seja representativa da exposição e que seja acompanhada pelo responsável, caso contrário os dados produzidos poderão levar a conclusões equivocadas. Quando uma avaliação não é conduzida adequadamente, podem ocorrer duas condições, principalmente se forem envolvidas avaliações quantitativas: a exposição ser super ou subestimada. No caso de superestimar o risco (intensidade, concentração), a empresa pode pagar o respectivo adicional sem que ele seja realmente devido; no caso contrário, a empresa deixará de pagá-lo quando ele for devido, assim correndo o risco de ressarcir o trabalhador no caso de uma ação judicial. Uma vez que a avaliação seja realizada, é necessário que se produza o laudo de insalubridade com as conclusões. O laudo pode envolver apenas um agente da NR-15 ou envolver uma série de situações ou funções com exposição a diversos agentes. Não há uma estrutura geral para o laudo de insalubridade definida na norma, entretanto é importante que o laudo seja conduzido 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 26/44 tecnicamente, que exponha com clareza a metodologia utilizada para a avaliação do agente e a conclusão sobre o enquadramento. Em alguns, como no Anexo 8 (vibração), a NR-15 apresenta a estrutura básica do laudo, que deve contemplar: a. Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos b. Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de acordo com a NR-9 c. Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e a representatividade da amostragem d. Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração e. Dados obtidos e respectiva interpretação f. Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação g. Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia h. Conclusão Ainda, no Anexo 8, a norma indica que a avaliação deva ocorrer de acordo com a metodologia estabelecida pela Fundacentro. No caso de vibração de corpo inteiro, deve-se seguir o disposto na Norma de Higiene Ocupacional n.º 9, conhecida como NHO-9, e, para vibração de mãos e braços, o disposto na NHO-10. Perícia judicial 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 27/44 Muitas vezes, a empresa pode se deparar com uma ação trabalhista referente ao adicional de insalubridade e, nesse caso, uma perícia judicial ocorrerá a fim de determinar se houve enquadramento no período reclamado. Assim, um laudo de insalubridade será elaborado pelo perito que o juiz determinar, sendo ele médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O laudo elaborado para a empresa poderá ser juntado no processo como elemento pelo advogado de defesa da empresa. A perícia é conduzida de acordo com o que está presente na “inicial”. Nela constam o objeto da perícia, sede insalubridade e/ou periculosidade, em quais situações o reclamante alega que estava exposto ou as atividades que exercia, os agentes, entre outros. O perito conduz a perícia de forma a produzir a prova técnica que caracteriza ou não a insalubridade, ele não é responsável por determinar se as informações são verídicas ou não, isso é papel do juiz. Assim, se na “inicial” o trabalhador alega que esteve exposto ao ruído em uma atividade de detonação de rochas, o perito avaliará o nível de pressão sonora e os documentos juntados pela empresa no processo para determinar se há enquadramento, mesmo se o funcionário não esteve realmente exposto. A atuação do perito é regulada pelo Código de Processo Civil, definido pela Lei n.º 13.105/2015. O artigo 473 do Código contém o seguinte texto direcionado ao perito: Art. 473. O laudo pericial deverá conter: I – A exposição do objeto da perícia; II – A análise técnica ou científica realizada pelo perito; III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou; 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 28/44 IV – Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. § 1.º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou suas conclusões. § 2.º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. Tanto a empresa quanto o reclamante poderão indicar, cada um, um assistente técnico para acompanhar a perícia. Os assistentes também podem produzir seus documentos a fim de concluir sobre a exposição. Esses documentos são juntados no processo pelos advogados de cada parte, e não estão restritos à NR-15; logo, a empresa poderá utilizar outros documentos e resultados para realizar a sua defesa. Depois da entrega dos laudos, segue-se a manifestação das partes, a audiência de instrução (que eventualmente pode ocorrer antes), as alegações finais e a determinação da sentença pelo juiz. Como discutido, os equipamentos de proteção individual podem descaracterizar um enquadramento, assim, a gestão dos EPIs é fundamental para proteger a empresa e deve ser realizada de acordo com a NR-6 (em especial com o item 6.1.1). Por exemplo, se um trabalhador opera em um ambiente com uma concentração de agente químico acima do limite de tolerância, mas está devidamente protegido por uma máscara de proteção respiratória, ainda são importantes a comprovação do treinamento desse trabalhador para uso do equipamento, a comprovação da realização do teste de vedação, entre outros. O pagamento do adicional de insalubridade não exclui da empresa a responsabilidade de adoção de medidas corretivas ou de mitigação do agente. Independente do pagamento de adicional, as ações preventivas devem continuar sendo aplicadas e, inclusive, podem resultar em descaracterização do adicional, reduzindo os gastos da empresa ao mesmo tempo em que se oferece 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 29/44 um ambiente mais seguro ao empregado. O papel do técnico de segurança do trabalho é importante na condução desse processo no sentido de orientar o empregador sobre os impactos positivos que podem ser gerados com a gestão da NR-15, além de ser um requisito legal. Laudo de periculosidade O laudo de periculosidade é um laudo definido na NR-16. A norma define um conjunto de atividades e operações perigosas que, uma vez caracterizada, definem a necessidade de um adicional de 30% sobre o salário para o empregado nessa condição. Embora a norma utilize o termo “perigo”, ele não é aplicado da mesma maneira que o termo em textos preventivos. A norma estabelece seis anexos para as atividades periculosas. A caraterização em cada anexo normalmente depende de alguns fatores como enquadramento em um tipo de atividade listada e operação em área de risco. Os anexos estão distribuídos da seguinte forma: Anexo 1 – Atividades e operações perigosas com explosivos Para enquadramento nesse anexo, a atividade deve estar listada nele e o adicional é devido aos trabalhadores ligados diretamente à atividade ou que permaneçam na área de risco, conforme o tipo de atividade. O anexo define a área de risco em função do tipo de explosivo e da quantidade armazenada. Anexo 2 – Atividades e operações perigosas com inflamáveis O enquadramento nesse anexo é feito em até quatro etapas, que obedecem a sequência dos itens apresentados na norma. O primeiro passo compreende a identificação da atividade na listagem apresentada: essa lista define também as condições para enquadramento. Uma vez atendidas as solicitações, avança-se para a segunda etapa, que é uma etapa de definições. A terceira etapa compreende a definição da área de risco a ser utilizada para a caraterização. Eventualmente, é necessário avançar para a etapa quatro, que estabelece algumas exceções. Assim, se o enquadramento for descaracterizado em qualquer etapa, o adicional de periculosidade não conterá embasamento normativo e não será devido. A definição de inflamável usada na NR-16 é a estipulada na NR-20. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 30/44 Anexo 3 – Atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial Existem duas condições para enquadramento nesse anexo. Primeiro, uma das condições deve ser satisfeita: para as atividades realizadas por meio de empresas prestadoras de serviço, é necessário que o empregado tenha o curso de vigilância e que sua empresa esteja registrada no Ministério da Justiça e Segurança. Para os empregados contratados, para segurança patrimonial ou pessoal, diretamente pela administração pública, direta ou indireta, o registro no Ministério é dispensado. Se uma dessas condições for satisfeita, o passo seguinte é verificar se a atividade desempenhada é descrita no anexo. Anexo 4 – Atividades e operações perigosas com energia elétrica O anexo, basicamente, estabelece quatro situações, nas quais o enquadramento poderá ocorrer. Três dessas condições estão ligadas ao enquadramento estipulado na norma e uma está ligada à falha no gerenciamento de segurança. As três situações envolvem o trabalho em alta tensão, os trabalhos em proximidade (conforme estabelece a NR-10), as operações e as atividades no sistema elétrico de potência (geração, transmissão e distribuição), respeitando as atividades e as áreas de risco. Quando o empregado não ingressa com o próprio corpo na área de risco, mas realiza uma manobra nela com o auxílio de uma ferramenta, isso é equivalente a ingressar com o corpo. O quarto caso está relacionado às manobras no sistema elétrico de consumo, quando a empresa não atende ao estipulado nas medidas coletivas da NR- 10. O anexo ainda estabelece algumas exceções e define atividades e áreas de risco. Anexo 5 – Atividades perigosas em motocicleta Esse anexo apresenta uma única condição para enquadramento: “as atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas”. Ele apresenta quatro exceções, como, por exemplo, o uso da motocicleta no deslocamento entre a empresa e a residência. Ele é um dos anexos mais judicializados da NR-16. Anexo (*) – Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas O anexo apresenta uma extensa lista de atividades e suas áreas de risco para caraterização do enquadramento. Ele apresenta duas exceções relacionadas aos equipamentos de raios-x móveis para diagnóstico médico. Esse anexo não contém numeração. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 31/44 Da mesma forma que os demais laudos discutidos, ele deve ser elaborado por engenheiro de segurança do trabalhoou por médico do trabalho. As demandas judiciais envolvendo o adicional de periculosidade ocorrem de forma semelhante às reclamatórias de insalubridade, sendo que, não raro, ambas podem constar na mesma ação. Da mesma forma como é discutida no laudo de insalubridade, o técnico de segurança tem o papel de orientar o empregador sobre a necessidade da elaboração do laudo de periculosidade. Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT Legislação O Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) é um laudo previsto na Lei n.º 8.213/1991, no Decreto n.º 3.048/1999 e detalhado na instrução normativa do INSS, a IN 77/2015. Recentemente, o Decreto n.º 3.048/1999 sofreu algumas alterações pelo Decreto n.º 10.410/2020. A Lei n.º 8.213/1991 estabelece, entre outros pontos, os planos de benefícios da Previdência Social. Esse laudo, de foco previdenciário, serve de base para o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), que posteriormente será utilizado pela Previdência Social para determinação de tempo de serviço em atividade especial e para a aposentadoria especial. Empresas que tenham empregados em atividade especial também recolhem alguns tributos de forma diferenciada. Esse laudo contém uma interface com a legislação de segurança e saúde do trabalho, pois trata de alguns agentes ou fatores de risco que também são de interesse preventivo. Segundo a legislação previdenciária, quando um trabalhador está exposto a agentes nocivos, o tempo de atividade considerado para fins de aposentadoria será maior do que aquele realmente trabalhado, representando uma forma de 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 32/44 reduzir o tempo de contribuição necessário para se aposentar em decorrência da exposição aos agentes. Por exemplo, um trabalhador que realiza atividades de minerações subterrâneas em frente de produção, terá cumprido o seu período para aposentadoria especial em 15 anos de trabalho. Entretanto, a legislação previdenciária estabelece uma série de condições, como a necessidade de uma idade mínima de 55 anos para atividades com tempo de 15 anos de contribuição e a necessidade de a exposição ser de forma permanente. Essa não é a única regra para aposentadoria especial, há outras atividades que requerem 20 ou 25 anos de atividade permanente. Caso a exposição ocorra por período de tempo menor, por exemplo 7 anos, esse tempo é convertido pela previdência para o regime normal de aposentadoria e contará como um tempo maior do que os 7 anos efetivamente trabalhados. A legislação também elenca quais são os agentes nocivos que caracterizam uma atividade como especial e as condições para essa caracterização. Uma dessas condições é que a efetiva exposição deve ser, segundo o Decreto n.º 3.048/1999, de forma permanente, não ocasional, nem intermitente. A exposição efetiva é aquela que, mesmo após a adoção de medidas de controle, não elimine ou neutralize o agente nocivo. As medidas de controle para a legislação previdenciária são as mesmas da legislação trabalhista (normas regulamentadoras). A eliminação dentro do conceito do decreto ocorre quando as medidas de controles empregadas evitam a exposição ao agente; já a neutralização ocorre quando os limites de tolerância não são ultrapassados (avaliação quantitativa) ou quando é caracterizada de acordo com a avaliação qualitativa. Os agentes a serem avaliados quantitativamente para comparação com o seu limite de tolerância serão definidos nos anexos do Decreto n.º 3.048/1999 juntamente com seu limite de tolerância. Caso não exista a previsão de limite de tolerância na legislação previdenciária, devem ser usados os limites previstos na legislação trabalhista. Quando a avaliação do agente nocivo deve ocorrer de forma qualitativa, segundo o decreto, os seguintes elementos devem ser considerados e descritos no laudo: 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 33/44 a. As circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente ou associação de agentes prejudiciais à saúde presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada de trabalho b. Todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados no item “a” c. Os meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato Agentes nocivos As atividades especiais estão ligadas à exposição aos agentes biológicos, físicos e químicos e definidas no Anexo IV do Decreto n.º 3.048/1999 (um exemplo é apresentado na tabela 4). A seguinte divisão é realizada nesse anexo para caracterização de atividade especial relacionada aos agentes nocivos: Agentes biológicos Exposição unicamente aos agentes listados nas atividades definidas no anexo Agentes físicos Exposição acima dos limites de tolerância ou às atividades descritas no anexo Agentes químicos O anexo é exaustivo no sentido em que determina todos os agentes considerados, mas é apenas exemplificativo no que diz respeito às atividades 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 34/44 Agente nocivo Atividades Tempo deexposição[1] Carvão mineral e seus derivados (agente químico) a) Extração, fabricação, beneficiamento e utilização do carvão mineral, piche, alcatrão, betume e breu b) Extração, produção e utilização de óleos minerais e parafinas c) Extração e utilização de antraceno e negro de fumo d) Produção de coque 25 anos Asbestos (agente químico) a) Extração, processamento e manipulação de rochas amiantíferas b) Fabricação de guarnições para freios, embreagens e materiais isolantes contendo asbestos c) Fabricação de produtos de fibrocimento d) Mistura, cardagem, fiação e tecelagem de fibras de asbestos 20 anos Pressão atmosférica anormal (agente físico – pressão/hiperbárica) a) Trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas b) Trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido c) Operações de mergulho com o uso de escafandros ou outros equipamentos 25 anos 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 35/44 Vibração (agente físico) a) Trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos 25 anos [1] Tempo de exposição considerando a exposição ao longo do período indicado. Para tempos menores que o apresentado, uma equivalência é determinada pela Previdência Social. Tabela 4 – Exemplo de agentes nocivos e tempo de exposição conforme Decreto n.º 3.048/1999 Para a caraterização da atividade especial referente aos agentes nocivos reconhecidos como carcinogênicos humanos, são considerados apenas o critério qualitativo e a avaliação das medidas de controle. Sendo assim, o agente precisa ter um CAS (Chemical Abstract Service), estar listado no Anexo IV do Decreto n.º 3.048/1999, listado no grupo 1 da Portaria Interministerial n.º 9/2014, que publica a Lista Nacional de Agentes Carcinogênicos para Humanos (LINACH), ou em listagem atualizada pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. O exemplo a seguir ilustra uma situação na qual o agente nocivo contém um CAS e está listado no decreto e na portaria. Clique ou toque para visualizar o conteúdo. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 36/44 Situação na qual o agente nocivo possui um CAS e está listado no decreto e na portaria Considere uma atividade de solda do tipo brasagem (figura 4), usada para unir dois materiais metálicos, a qual é realizada com o auxílio de um maçarico para aquecimento do metal de base e do eletrodo de solda (essa não é a única forma de brasagem). Eletrodos à base de prata, para aplicações que requerem resistência à vibração mecânica, podem conter também cádmio, zinco e cobre. Assim, durante a soldagem, o trabalhador poderá estar exposto a fumos de cádmio, entre outros. Figura 4 – Solda do tipo brasagem Fonte: <https://www.quora.com/What-is-the-difference-between-braze- welding-and-brazing-1>. Acesso em: 24 set. 2020. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 37/44 Embora o Decreto n.º 3.048/1999 trate da exposição aosagentes biológicos, a classificação presente nele pode diferir da que o profissional de saúde e segurança no trabalho está habituado no texto da NR-15. As seguintes situações envolvendo microrganismos e parasitas infectocontagiosos vivos e suas toxinas estão listadas no decreto: Trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas ou com manuseio de materiais contaminados Trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos Trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo- histologia Trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos de animais deteriorados Trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto Esvaziamento de biodigestores Coleta e industrialização do lixo O cádmio e seus compostos, no caso, os fumos de cádmio, contêm CAS (7440-43-9), estão listados no Decreto n.º 3.048/1999 e estão definidos como carcinogênicos humanos reconhecidos na Portaria Interministerial n.º 9/2014, ou seja, estão no grupo 1. Assim, se durante a avaliação qualitativa não ficar comprovado que as medidas de controle eliminam a nocividade do agente, a atividade será enquadrada como atividade especial. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 38/44 As avaliações ambientais, nos casos determinados pelo Anexo IV do Decreto n.º 3.048/1999, devem seguir a metodologia estabelecida pela Fundacentro ou, na ausência dessa, por outros padrões estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Esse fato pode representar uma economia nas avaliações quantitativas de exposição. Por exemplo, uma avaliação quantitativa do agente vibração de mãos e braços, segundo a NHO-10, produzirá dados que podem ser usados para fins do LTCAT, mas também para o laudo de insalubridade e para os programas de prevenção. Como o LTCAT tem por base os agentes biológicos, físicos e químicos, muitas vezes ele é confundido com o laudo de insalubridade. O profissional de segurança deve ter claro que eles contêm finalidades diferentes e constituem documentos distintos. Elaboração e estrutura A elaboração do LTCAT deve ser realizada por engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho. Quando realizada por engenheiro, este deve ser acompanhado do número da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) emitido pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). Em qualquer caso, o registro profissional que elaborou o documento deve ser indicado no laudo. Embora o técnico de segurança do trabalho não possa elaborar o laudo, ele deve conhecer os aspectos envolvidos, pois, em muitos casos, será necessário contratar uma empresa de consultoria/assessoria para sua elaboração. Assim, o técnico deve ser capaz de verificar o atendimento à legislação previdenciária e assegurar que sua empresa esteja amparada. O LTCAT deve ser elaborado considerando-se um número mínimo de informações. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 39/44 Informações IN 77/2015 As informações para elaboração do LTCAT são dadas na IN 77/2015 e são as seguintes: 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 40/44 Se o laudo é individual ou coletivo: a identificação explicita se o laudo é destinado a apenas um empregado (individual) ou se a toda empresa (coletivo). Para laudos individuais, caso o engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho não pertençam à empresa, uma autorização deve ser emitida pela contratante para que o levantamento seja realizado, além disso, deve ser designado um acompanhante da empresa para isso. A autorização pode ser realizada por meio de assinatura digital e deve ser anexada ao LTCAT. Para laudos coletivos, não há a exigência explícita da autorização quando o engenheiro ou o médico são terceiros, mas é possível aplicá-la para evitar qualquer discussão futura. Veja um exemplo de autorização. AUTORIZAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE LAUDO Eu, XXX, portador do CPF XXX, sócio-diretor responsável pela empresa XXX, inscrita do CNPJ n.º XXX, autorizo o engenheiro de segurança do trabalho XXX, CPF XXX, CREA/XX n.º XXX, titular da empresa XXX, inscrita no CNPJ XXX, para a realização do Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT, na unidade XXX, situada na Rua XXX, n.º XXX, na cidade XXX. Fica designado o funcionário XXX, inscrito no CPF XXX, funcionário da empresa, para realizar o acompanhamento da elaboração do laudo nos dias XX e XX de XX de XXXX. Cidade, XX de XX de XXXX. ____________________ 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 41/44 XXX Sócio-diretor Identificação da empresa: apresentação dos dados da empresa na qual o laudo foi elaborado. É importante que constem, pelo menos, o nome fantasia da empresa, a razão social, o CNPJ, o endereço, a unidade, o telefone. Caso a realização ocorra por uma consultoria/assessoria, é importante que os dados dessa empresa sejam incluídos. Identificação do setor e da função: para cada trabalhador avaliado ou para cada grupo de trabalhadores, é importante a indicação da função, conforme registro da empresa, e indicação do setor na qual a atividade executada foi avaliada. Descrição da atividade: para cada função descrita no LTCAT, é necessária a indicação de todas as atividades realizadas pelo trabalhador. É importante que seja avaliada também a frequência da atividade em relação à exposição aos agentes. Identificação de agente nocivo capaz de causar dano à saúde e integridade física: os agentes biológicos, físicos e químicos aos quais o trabalhador está exposto devem ser indicados. Nesse levantamento, devem ser relacionados apenas os agentes arrolados na legislação previdenciária. Se para determinada condição de exposição não existirem os agentes nocivos, é importante que essa informação conste no laudo. Localização das possíveis fontes geradoras: indicação das fontes geradoras dos agentes e sua relação com a exposição do funcionário. Via e periodicidade de exposição ao agente nocivo: indicação das vias de exposição do trabalhador ao agente nocivo e análise se a exposição é efetiva, habitual e permanente. Metodologia e procedimentos de avaliação do agente nocivo: descrever a forma de avaliação do agente nocivo. Para os agentes dos quais são utilizados os limites de 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 42/44 tolerância da NR-15, a avaliação deve ser quantitativa e a metodologia de avaliação deve estar de acordo com o previsto na IN 77/2015, que faz o uso das Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) da Fundacentro. Descrição das medidas de controle existentes: descrição das medidas de proteção coletiva e individuais utilizadas pela empresa no momento da elaboração do LTCAT, relacionadas aos agentes nocivos indicados na legislação previdenciária, e a avaliação de sua eficácia. Conclusão do LTCAT: a conclusão do LTCAT deve apresentar uma lista dos agentes arrolados na legislação previdenciária que existirem na empresa e concluir sobre a caracterização de atividade especial. A forma de apresentação pode variar, mas é importante que os dados estejam claros. Caso haja funções que não são enquadradas, essa informação deve constar também. Assinatura e identificação do médico do trabalho ou engenheiro de segurança: além da assinatura e nome do profissional, é importante que o número do registro esteja presente. É possível notar que muitos dos elementos presentes no laudo já são utilizados também em programas de segurança. Por esse motivo, a legislação previdenciária permite que sejam utilizados outros documentos em substituição ao LTCAT. Entretanto, esses outros documentos devem contemplar a estrutura mínima do LTCAT. Isso faz com que, na maioria das vezes, essa substituição não seja empregada, pois um programa e um laudo contêm características distintas, e uni-los pode resultar em uma distorção da finalidade de alguns deles, por exemplo, um programa pode acabar se restringindo aos agentes previdenciários ao invés de cobrir os diversosagentes a que se propõe, ou o programa (ou laudo) pode acabar com uma quantidade de informações desnecessárias de acordo com o seu objetivo. 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 43/44 O laudo pode ser de dois tipos, quando analisada sua temporalidade: contemporâneo ou extemporâneo. Para exemplificar a diferença entre eles, considere um trabalhador que foi admitido na empresa na data de 12/04/2021. Se o laudo foi realizado durante o período no qual o trabalhador permaneceu na empresa, o laudo é dito contemporâneo; caso o laudo tenha sido elaborado em data anterior à contratação ou em data posterior à sua demissão, ele é dito extemporâneo. Um laudo extemporâneo será aceito nas seguintes condições: a. Quando não houver mudança no leiaute do setor de trabalho b. Quando não tenha ocorrido substituição de máquinas ou de equipamentos c. Quando não tenha ocorrido a adoção ou qualquer alteração das medidas de proteção coletiva d. Quando os níveis de ação para os agentes físicos e químicos, se houver, não tenham sido atingidos A legislação não estabelece a frequência de revisão e emissão de um novo laudo, entretanto a lista anterior pode servir como base para a decisão de nova análise. Durante a elaboração de programas ou de outros levantamentos envolvendo agentes biológicos, físicos e químicos, podem ser identificadas situações nas quais uma revisão do laudo deva ser conduzida, mesmo que o objetivo original não seja realizar essa avaliação. Como conclusão deste tópico, portanto, é importante saber que a legislação previdenciária sofre alterações de forma constante, e isso atinge também os assuntos ligados ao LTCAT. Diferentemente da legislação de segurança e saúde do trabalho, que está concentrada nas normas regulamentadoras e na legislação estadual de prevenção e combate a incêndio, a legislação previdenciária está espalhada em leis, decretos e instruções normativas. Além disso, a legislação trata de diversos assuntos que não somente aqueles ligados ao laudo, e isso torna sua interpretação, por vezes, difícil. Um exemplo dessas mudanças está relacionado a um agente de 20/11/2023 20:15 Versão para impressão about:blank 44/44 acidente: a eletricidade. Ela foi considerada como agente a configurar atividade especial, até 05/03/1997, por um decreto e uma medida provisória, em exposições acima de 250 volts e obedecendo ao estipulado na legislação da época. Hoje, a aposentadoria especial está relacionada aos agentes físicos, químicos e biológicos. Essas alterações podem impactar no laudo ao longo do tempo e é importante que o técnico de segurança tenha um conhecimento mínimo sobre esse laudo e possa apoiar o empregador nas decisões sobre essa área. Assim, é importante incluir esse gerenciamento dentro da gestão de segurança e saúde do trabalho. Encerramento O conhecimento do profissional prevencionista sobre programas e laudos é fundamental para o correto gerenciamento das questões de segurança. Um programa apresenta uma série de ações e caráter preventivo que contribuem para bons resultados; já os laudos auxiliam na definição da necessidade de pagamento de algum adicional, no recolhimento de tributos e na prestação de informações. O campo de aplicação e os objetivos, assim como a exigência de estrutura ou de elementos mínimos, também devem ser de domínio do profissional para o correto atendimento legal e adequada gestão de segurança.
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