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FILOSOFIA AMBIENTAL

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Prévia do material em texto

PROFESSOR
Dr. Paulo Renato Lima
Filosofia 
Ambiental
ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
EXPEDIENTE
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Juliana Duenha
Design Educacional
Jociane Benedett
Curadoria
Cleber Rafael Lopes Lisboa
Revisão Textual
Sarah Cocato
Ilustração
Eduardo Alves
Fotos
Shutterstock
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. LIMA, Paulo Renato.
Filosofia Ambiental. Paulo Renato Lima. Maringá - PR: 
Unicesumar, 2022. 
188 p.
ISBN 978-85-459-2145-5
“Graduação - EaD”. 
1. Filosofia 2. Ambiental 3. Natureza. 4. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 100 
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor 
Wilson de Matos Silva
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Dr. Paulo Renato Lima
Eu cresci em um ambiente extremamente simples e de es-
cassos recursos financeiros. Casa de blocos e com muito 
mofo, portão de madeira e rua de terra. A infância e ado-
lescência não foram simples, mas meus pais sempre pro-
curaram demonstrar, cada um a seu modo, a importância 
dos estudos. Estudei na melhor escola privada da cidade, 
cujo custo foram centenas — ou milhares — de marmitas 
não compradas por meu pai no seu dia a dia. Cursei Ges-
tão Ambiental Industrial em 2005 e, em 2008, ingressei em 
uma segunda graduação, Engenharia Ambiental.
Com muito custo, iniciamos um empreendimento na 
área ambiental, porém falimos e, depois de um tempo, 
falimos novamente, e a dívida ficou na casa dos sete dí-
gitos. O Brasil não é um país para amadores. Tentei um 
novo negócio. Vendi um terreno no interior, mas, alguns 
anos depois, malogrou. E me veio a dúvida: “o problema 
é o país ou sou eu?”. Decidi assumir a responsabilidade e 
pensar em voltar aos negócios quando me sentisse ma-
duro o suficiente. Então, ingressei no mundo da docência, 
em que atuo há quase 10 anos. Desde então, tenho me 
dedicado a ele, embora, atualmente, esteja empreenden-
do novamente, mas de uma forma bem mais leve. Sou um 
amante da Filosofia, minha terceira graduação. Aliado ao 
doutorado em Biotecnologia Ambiental, penso que, hoje, 
tenho alguma coisa a oferecer.
http://lattes.cnpq.br/5411717002094285
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11000
FILOSOFIA AMBIENTAL
Você deve se lembrar que, em 2019, aconteceu o acidente em Brumadinho e, naquele 
mesmo ano, uma empresa de cosméticos publicou uma série de imagens com modelos 
sujos de lama. Nesse sentido, a Filosofia Estética pode nos ensinar a refletir sobre como 
se dá a relação mesológica, isto é, homem e meio ambiente e todas as implicações 
morais que isso traz. Assim, em sua opinião, existe algum conflito moral entre o uso de 
imagens dessas pessoas frente às trágicas dezenas de mortes que houve naquele dia?
No Brasil, houve uma série de graves acidentes ambientais que, especialmente, 
desde a década de 1970, tiveram grandes impactos ambientais negativos. Precisamos, 
assim, estudar o porquê eles ocorrem e, com isso, refletir o que há por trás dessas 
questões. Talvez, problemas assim não se deem somente em função do consumo ou 
da busca pelo lucro, pois estes são os fatores mais aparentes. Talvez, inclusive, seja 
necessário remontar o Thauma de Aristóteles ou, até mesmo, o conceito de admirabi-
lidade de Charles S. Peirce, a fim de entender o porquê de a humanidade fazer o que 
faz com o meio ambiente.
Sugiro que pesquise sobre o Experimento das Janelas Quebradas feito pelos pes-
quisadores da Universidade de Stanford (EUA) e realizado no final da década de 1960. 
Qual é a relação, em sua opinião, desse experimento com a poluição/contaminação 
ambiental que, a cada dia mais, agrava a crise ambiental?
Considerando a problemática envolvida no Experimento das Janelas Quebradas, foi 
possível verificar que o carro deixado em uma região nobre (Califórnia) foi tão danifica-
do quanto aquele deixado na região periférica da cidade (Bronx, conflituosa região de 
Nova York). No entanto, houve a necessidade de que os pesquisadores quebrassem a 
janela do carro que estava na região do Bronx para atingir o mesmo resultado daquele 
da Califórnia, assim, embora em um maior espaço de tempo, requerendo, inclusive, 
essa iniciativa por parte dos estudiosos, o resultado foi o mesmo. 
Isso parece sugerir que, ao mesmo tempo em que houve a primeira danificação 
material — poluição visual —, houve, também, a tendência de danificar ainda mais. 
Em suma, a depredação do patrimônio ocorreu em virtude do primeiro dano e, se 
considerarmos a II Lei da Termodinâmica, a qual diz que tudo tende a um estado de 
entropia absoluto (desorganização), conseguimos inferir, de maneira lógica, que quanto 
maior for a degradação, maior será a tendência de tornar o ambiente desorganizado. 
Basta um primeiro passo.
Em termos de Filosofia Ambiental, a suma reflexão,aqui, se dá em trabalhar:
• Quais são as implicações da Filosofia Estética e da Filosofia Política na Filo-
sofia Ambiental?
• Quais são as interações entre poluição, contaminação, depredação e degra-
dação ambiental?
• O problema da crise ambiental é um problema do capitalismo ou essencial-
mente da real motivação humana?
• Qual é o papel da Filosofia e dos pensadores hoje para as questões ambientais?
• Quanto a arte e a política influenciam as tomadas de decisões na esfera 
ambiental?
• É possível evitar grandes catástrofes ambientais?
Então, pensando nisso, em nosso livro, você terá acesso ao conteúdo de Filosofia 
e ética ambiental que fará você refletir sobre as questões mesológicas, ecológicas 
em geral e até ecoteológicas. Além disso, nós nos debruçaremos sobre os principais 
pensadores que refletiram sobre essas questões por meio dos períodos históricos 
que subdividem a humanidade, incluindo as escolas de pensamento, as quais foram 
também fruto de seu tempo.
Convido-lhe à leitura ativa de nosso livro, a fim de que possa fazer aquilo que é 
papel do(a) filósofo(a): refletir. Contudo, toda reflexão sem ação gera inações que de 
nada valem para o mundo. O principal convite, portanto, é o de gerar a mais profunda 
reflexão teórica e técnica em torno das questões ambientais para que essas sejam 
aplicadas, de fato, na prática cotidiana.
IMERSÃO
RECURSOS DE
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
3 4
5
FILOSOFIA 
AMBIENTAL E A 
ANTIGUIDADE
9
FILOSOFIA 
AMBIENTAL E O 
MEDIEVO 
37
73
FILOSOFIA 
AMBIENTAL E A 
MODERNIDADE 
115
FILOSOFIA 
AMBIENTAL E A 
CONTEMPORANEIDADE
147
FILOSOFIA 
AMBIENTAL: 
PÓS-
MODERNIDADE 
E ASPECTOS 
FUTUROS
1Filosofia Ambiental e a 
Antiguidade
Dr. Paulo Renato Lima
Aqui, você terá contato com alguns pensadores e pensamentos cul-
turais de povos e sociedades antigas que lhe ajudarão a refletir so-
bre os problemas contemporâneos do meio ambiente. O trabalho do 
filósofo é, para além de estudar a História da Filosofia, é, também, 
fazer Filosofia, o que significa dizer que é sempre importante extrair 
o melhor daquilo que fizemos ou pensamos, enquanto Humanidade, 
no passado mais remoto e, com isso, procurar aplicar nos contextos 
hodiernos, sem se deixar levar por esferas de intolerância ou tabus 
que até hoje não foram vencidos. O desafio está lançado, tenha uma 
ótima jornada pelo pensamento ambiental da Antiguidade!
UNIDADE 1
10
Cientistas, economistas, políticos e advogados não são profissionalmente qua-
lificados para tratar de todas as questões levantadas pelas temáticas ambientais. 
Considere, por exemplo, o desmatamento da floresta tropical que fornece terras 
para a atividade pecuária. Ecologistas podem explicar os efeitos dessa prática nos 
ecossistemas da floresta tropical; já os economistas, políticos e advogados podem 
avaliar suas ramificações financeiras, políticas e jurídicas. O meio ambiente pare-
ce não se importar com as divisões que fazemos dele: química, física ou biológica; 
para uma árvore, o seu ser é completo em si mesmo, não há subdivisões, somos 
nós, seres humanos, que a fazemos, não ela. Isso acontece para qualquer atividade 
mesológica — que envolve a interação homem/natureza. 
Você deve estar bastante acostumado(a) a ver, na mídia, desastres ambientais 
dos mais diversos ocorrendo há décadas/séculos. Talvez, estejamos passando por 
uma crise em que não sabemos para onde vamos. Em termos de sustentabilidade, 
não estaríamos sendo sustentáveis. Entretanto, será que isso sempre foi assim? 
Somos moralmente obrigados a proteger as florestas, o ar, a água, o solo, a fauna, 
a flora e toda a biodiversidade do planeta? Se sim, por que somos tão obrigados? 
Não seriam mais úteis locais sem grande parte destinada à vegetação? Por que 
abrigamos e temos tantos custos com espécies ameaçadas de extinção? Por que 
devemos não permitir tal destruição? 
Alguns tipos de perguntas não podem ser respondidas usando os métodos 
da Ciência ou da Economia. Não podem ser deixadas apenas para políticos e 
advogados. Aparentemente, eles usavam métodos de pesquisa das Ciências So-
ciais, e é verdade que alguém poderia usar tais métodos para descobrir como a 
maioria das pessoas os responderia. Contudo, as abordagens empíricas não são 
suficientes. É possível, inclusive, verificar essa afirmação empiricamente, pois, 
se fossem suficientes, a crise ambiental atual sequer existiria. Embora pesquisas 
e coisas semelhantes possam nos dizer o que as pessoas acreditam ser certo ou 
errado, elas não podem nos dizer o que realmente é certo ou o que realmente é 
errado. Para determinar isso — ou, pelo menos, fazê-lo de forma sistemática e 
crítica —, nós precisamos daquilo que estamos aqui para fazer, isto é, Filosofia. 
É possível objetar que, quando se trata de moralidade, não há padrões absolutos 
e que o certo e o errado em tais contextos são apenas questões de opinião. Entre-
tanto, isso é, em si, uma afirmação filosófica — uma declaração de subjetivismo 
moral —, e, a fim de avaliar se é verdade, deve-se, novamente, fazer alguma Filosofia. 
Portanto, as questões apresentadas anteriormente são questões filosóficas. São o tipo 
11
de pergunta que os filósofos morais — mais precisamente, os eticistas ambientais 
— tentam responder. No entanto, nem todas as questões filosóficas levantadas por 
questões ambientais se enquadram na categoria de Filosofia Moral.
Assim como as visões das pessoas sobre a moralidade são, em certa medida, 
uma função de suas visões sobre outros aspectos do mundo, as reflexões sobre 
o tema da Ética Ambiental tendem a levantar questões que também são de in-
teresse em outros campos filosóficos, como Estética, Ontologia, Epistemologia 
e Metafísica. A Ética Ambiental tende a se fundir na disciplina mais ampla da 
Filosofia Ambiental. Dessa forma, quero convidá-lo a pesquisar e estudar mais 
sobre esses diferentes campos filosóficos em suas conceitualizações gerais e já 
procurar relacioná-los com as diferentes fases humanas e a sua respectiva relação 
com a natureza, isto é, (i) fase caçador-coletor, (ii) fase da agricultura, (iii) fase 
industrial e a atual (iv) fase digital.
Quando as pessoas pensam que é moralmente permissível usar a natureza 
da maneira que consideram adequada, muitas vezes, não o fazem — ou não 
apenas — porque optaram por adotar certos princípios morais, mas porque 
assumem, injustificadamente, uma visão centrada no ser humano — visão an-
tropocêntricada realidade. 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
12
Considere a crença de que os seres humanos se distinguem do resto da criação em 
virtude de possuírem almas ou mentes. Vários escritores argumentaram que essa 
crença dualística encoraja a noção de que os humanos são essencialmente superio-
res ao resto da criação e que essa noção, quando complementada por certas supo-
sições sobre a permissibilidade de dominar entidades de “ordem inferior”, encoraja 
a conclusão de que os humanos têm o direito moral de usar a natureza da maneira 
que considerarem adequada. Se esses escritores estiverem corretos — e avaliaremos 
se estão mais tarde —, o dualismo, uma tese sobre a natureza da realidade, tende a 
encorajar uma concepção peculiarmente antropocêntrica da moralidade. 
Avaliar a plausibilidade do dualismo e de outras teses filosóficas, frequente-
mente, requer que sejam considerados os resultados da Ciência. Contudo, não se 
pode confiar apenas na Ciência. A afirmação de que as mentes são essencialmente 
não físicas, por exemplo, não pode ser provada nem refutada pelos métodos da 
Ciência. O mesmo pode ser dito da proposição de que as espécies biológicas não 
são entidades reais, mas meramente artefatos das convenções classificatórias dos 
biólogos. Essas afirmações são, até certo ponto, mais filosóficas do que científi-
cas. Portanto, se aqueles que desejam investigá-los precisam ou não considerar 
os resultados das investigações científicas, eles realmente precisarão se envolver 
com a Filosofia?
Anote, em seu Diário de Bordo, as reflexões obtidas a partir da pergunta 
anteriormente citada.
13
O ambientalismo, tanto como teoria quanto como prática, tradicionalmente, tem 
se preocupado, acima de tudo, com a natureza. O seu foco é a proteção da natureza 
contra os danos gerados pela ação humana. Há algumas vias mais extremadas 
do que outras, e isso envolve forte entrave político e econômico. Contudo, em 
vez de fazermos uso dos velhos “ismos”, que tantos problemas linguísticos geram, 
fiquemos com o termos mais imparcial: “defesa ambiental”. 
O “meio ambiente” que os “defensores do meio ambiente” desejam defender 
não é o ambiente construído das cidades ou a infraestrutura tecnológica que a 
modernidade parece exigir — embora muitos de nós vivamos em ambientes 
urbanos e as tecnologias da modernidade possam ser entendidas em um senti-
do mais profundo que este. Ainda assim, tudo isso “envolve” todos nós. Não são 
as usinas nucleares, os aterros de resíduos e as estradas congestionadas que nos 
cercam que os “defensores do meio ambiente” desejam proteger, mas o ambiente 
natural: um ambiente que essas coisas supostamente ameaçam, em suma, o am-
biente ecologicamente equilibrado, conforme prevê, por exemplo, o art. 225 
de nossa Constituição Federal (BRASIL, 1988). 
Proteção ambiental significa proteção da natureza, e dano ambiental significa 
dano à natureza. Quando falamos em sustentabilidade, envolvemos questões eco-
nômicas e sociais, mas isso deixaremos para as próximas unidades. A destruição 
de algo construído pelo homem, como um arranha-céu ou uma represa, não 
conta por si só como dano ambiental, mas como impacto ambiental, podendo ser 
ele positivo ou negativo — plantar árvores é um impacto ambiental, por exemplo, 
só que positivo. É claro que essa destruição pode ter consequências ambientais 
prejudiciais, mas isso significa apenas consequências prejudiciais à natureza. 
A Filosofia Ambiental reflete sobre essa preocupação. Seu tema central é 
encontrar uma forma adequada de compreender e defender o estatuto 
ontológico e ético da natureza. O “meio ambiente” de que falam os filósofos 
ambientais é o meio natural; o ambiente construído, embora a maioria de nós 
realmente viva nele, geralmente, não faz parte de suas preocupações. 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
14
A despeito de tudo o que a Filosofia Ambiental nos proporciona por meio do 
trabalho filosófico que é a reflexão, preocupar-se com a proteção da natureza, nas 
condições do moderno desenvolvimento tecnológico, é inevitavelmente temer 
que seja tarde demais. Isto é, não são poucos, também, os que alegam que não 
temos mais tempo para interromper o fluxo catastrófico para o qual nos encami-
nhamos. Por outro lado, há a Geoengenharia, que promete resolver esse problema. 
Nathan Myhrvold pensa, por exemplo, que manipular o clima em benefício 
do equilíbrio seria o foco. Esta é uma reflexão dos estudos dentro da ótica da 
Geoengenharia: a de retirar Gases de Efeito Estufa (GEE) da atmosfera, por meio 
de diversas tecnologias, a fim de equilibrar o clima na Terra. Myhrvold foi um 
dos chefes de departamento da Microsoft, responsável por estudos tecnológicos 
com vistas a um futuro sustentável, cuja metodologia foi a de oferecer propostas 
de Geoengenharia, junto ao ganhador do Prêmio Nobel da equipe de Al Gore 
em 2007, o ambientalista Ken Caldeira — cuja posição era contrária à Geoenge-
nharia — e Lowell Wood (LEVITT; DUBNER, 2012).
Para muitos, portanto, é, sim, possível haver desenvolvimento sem que haja 
riscos à sobrevivência humana na Terra, bem como à maior parte da biodiversi-
dade, como é o caso de grande parte dos liberais. Em oposição, muitos progres-
sistas, como o economista da USP (Universidade de São Paulo) José Eli da Veiga, 
acreditam que ou nos desenvolvemos ou somos sustentáveis, as duas coisas não 
são possíveis, pois são, por si, só termos antagônicos.
Já temos espaço, agora, para refletir acerca de umas das principais atenções que daremos 
ao longo de todo nosso estudo. Res-publica, você já deve saber que significa “a coisa públi-
ca”; então, a expressão em latim res nullius, em português, significa “coisa de ninguém” ou 
“coisa que a ninguém pertence”, fazendo um jogo de palavras. Isso nos traz a ideia do que 
Milaré (2020) afirma ser a percepção social, que é a do meio ambiente ser uma “coisa que 
a ninguém pertence”. Nosso esforço, aqui, é o de trilharmos juntos um processo reflexivo 
que nos leve a uma compreensão mais profunda do res communis omnium, ou seja, fazer 
com que a compreensão do meio ambiente seja a de entendê-lo como uma “coisa de 
(toda) a comunidade”, mas, ao passo que é entendido como patrimônio comum de toda a 
humanidade, não está sujeito à apropriação ou soberania de uma só pessoa. Mesmo as-
sim, há imbricadas reflexões acerca disso, como privatizar uma Unidade de Conservação 
(UC). Reflita sobre isso.
EXPLORANDO IDEIAS
15
No entanto, a preocupação com as questões ambientais não é de hoje, tampou-
co desde o início da Revolução Industrial. Desde que se compreende a espécie 
Homo, há relatos de remoção de energia para uso antrópico a partir de recursos 
naturais. Comunidades antigas, três milênios a.C., aproximadamente, como Tell 
Asmar, possuíam saneamento básico rudimentar, mas havia um tipo de higiene 
em algum grau; embora, é claro, houvesse casos como o de Skara Brae (outra 
comunidade) de não sustentabilidade ambiental comunitária (BARBOSA, 2020).
Isso era comum até não muito tempo atrás, em que as pessoas descartavam 
seu lixo em seus próprios quintais. Provavelmente, houve pouco esforço para 
enterrar o lixo antes do século XVIII. O povo era obrigado, em muitas cidades 
que já possuíam certa estrutura, a ser conivente com um sistema de esgoto sa-
nitário totalmente precário, em que os córregos eram construídos a céu aberto, 
ao lado das calçadas, sendo que muitos jogavam, pela janela, seus dejetos, a fim 
de “descartá-los”. Fazer buracos abertos dentro de uma propriedade era bastante 
comum em propriedades mais afastadas, para servir de depósito de lixo domés-
tico — haja vista as fossas sépticas. 
Os materiais descartados tendem a se concentrar em pontos mais baixos 
no solo. Pedaços quebrados de canecas, restos de comida, como ossos, cascas de 
batata e conchas de ostra, criam bastante fedor em um dia quente. À medida em 
que as pessoas caminhavam sobre esse lixo, eles eram quebrados em pedaços 
menores e acabavam por permanecer no solo, sendo soterrados. Aqui, estaríamos 
nosencaminhando ao ramo da Arqueologia, que se interessa muito por artefatos, 
ecofatos e utensílios diversos dos povos antigos.
Em termos filosóficos, a Filosofia Antiga, como bem sabemos, compreende, 
principalmente, os gregos e alguns escritores romanos que derivaram sua filosofia 
NOVAS DESCOBERTAS
Embora tais assuntos sejam trabalhados mais à frente em nossos estudos, 
caso queira saber mais sobre ambas as posições, assista aos vídeos a seguir 
acessando os QR Codes:
Por que a sustentabilidade é turquesa? Um TEDx Talks com Jose Eli da Veiga.
Queimadas, libertarianismo e o meio ambiente. Do canal "Ideias Radicais".
UNICESUMAR
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13234
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13233
UNIDADE 1
16
de precedentes gregos, aproximadamente, entre o século VIII a.C. e o segundo 
século d.C. A experiência intelectual dos gregos antigos nos oferece um pano de 
fundo, bem como nos confere recursos necessários para a discussão contempo-
rânea da Filosofia relativa ao meio ambiente. 
O papel seminal do pensamento grego como uma influência formativa e, 
frequentemente, renovada na Filosofia Ocidental é amplamente reconhecido, 
então não é surpreendente que vários estudiosos interessados em ética ambiental, 
desde a década de 1970 para cá, tenham se voltado para o mundo antigo. Para 
usar uma metáfora ambiental, as raízes da Filosofia Ocidental estão na Grécia e, 
em alguns aspectos, também, as raízes das crises ambientais e, portanto, a busca 
pela relação entre elas merece um reexame do pensamento grego antigo.
A Filosofia grega se desenvolveu e reagiu contra um clima intelectual em que 
as explicações dos fenômenos dependiam da existência de seres sobrenaturais e, 
ao contrário do que muitos livros de filosofia abordam e, até mesmo, inúmeras 
aulas cuja análise é superficial afirmam, os gregos romperam com o mito, mas 
isso não é verdade! 
Tradicionalmente, os gregos consideravam a natureza como um reino no qual 
os deuses, que exibiam muitas qualidades humanas, eram dominantes. Visto que 
a natureza manifestava atividades dos deuses, uma ação humana que afetasse o 
meio ambiente poderia provocar a reação de algum deus e/ou deusa, então, por 
si só, tratava-se de uma ação que deveria ser tomada com bastante cautela, isto é, 
o próprio trato com a natureza. Portanto, seria de se esperar que tratassem o meio 
ambiente com respeito e cuidado, mas até mesmo isso era verdade até certo ponto. 
As práticas exigidas ou proibidas pelos deuses incluíam algumas que im-
plicam uma ética pré-filosófica. Os gregos perceberam a ordem na natureza, 
sentindo que os deuses, ou um princípio de justiça que até os deuses deveriam 
obedecer, agiam para manter tudo em seu devido lugar. Ultrapassar os limites 
tentando mudar o arranjo natural da terra e do mar era demonstrar arrogância, 
um orgulho presunçoso que desafiava os deuses e podia provocar nêmesis, sua 
inescapável retribuição. 
17
Acreditava-se que Zeus, ao dividir o mundo com seus irmãos, Poseidon e Hades, 
havia estabelecido um cosmos ordenado e os limites de suas partes constituintes, 
incluindo a terra e o mar. Heródoto diz que quando o povo de Cnido começou a 
cavar um canal através do istmo que os ligava à Ásia, estilhaços de rocha feriram 
muitos trabalhadores. Buscando a causa, eles consultaram o Oráculo de Delfos, 
que, atipicamente, respondeu para que não cavassem, pois Zeus teria feito uma 
ilha se ele quisesse. Então, eles pararam imediatamente! 
A própria Terra, Gaia, Mãe de Todos, a mais antiga dos deuses, tinha a sua 
própria lei, mais profunda do que os atos humanos e além de revogável. Xenofonte 
mesmo dizia que a Terra é uma deusa que ensina justiça e que quanto melhor é 
servida, mais coisas boas são dadas por ela em troca. Aqueles que a tratam bem 
recebem bênçãos; aqueles que a tratam mal sofrem fome, doenças e morte. Ar-
têmis, Senhora das Coisas Selvagens, era paradoxalmente caçadora e protetora 
dos animais. Sua adoração incluía práticas de conservação por caçadores, como 
poupar criaturas jovens, e rituais de iniciação que identificavam crianças com 
ursos e outros animais.
A religião grega tinha um forte senso de localidade. Grandes deuses e espíritos 
menores assombraram locais selvagens como nascentes, cavernas e bosques. Al-
guns trechos de paisagem, especialmente, bosques de árvores, foram designados 
como sagrados e protegidos de atividades mundanas, como corte de madeira, 
caça, pesca, cultivo e construção. Por exemplo, o costume de caçar tartarugas no 
Monte Partênio era porque elas pertenciam ao Pã. Os tabus contra a poluição são 
comuns nos textos tradicionais; Hesíodo (fl. 700 a.C.) alertou contra urinar ou 
defecar em nascentes ou rios. Regras como essa podem representar uma resposta 
astuta dos ancestrais gregos a experiências com doenças e envenenamento. 
Essa excursão inicial dos gregos à Filosofia Natural deveria desenvolver sis-
temas de explicação mutuamente exclusivos, todos racionais, mas nenhum dos 
Neste podcast, discutiremos acerca do tripé Filosofia, 
religião/Metafísica e as questões ambientais no local e na 
época que se considera como o berço da Filosofia propri-
amente dita. Então, aperte o play para saber mais como 
os principais pré-socráticos — Tales de Mileto (624–548 
a.C.), Anaximandro de Mileto (610–546 a.C.), Anaxímenes de 
Mileto (588–524 a.C.), Heráclito de Éfeso (séculos VI–V a.C.), 
Parmênides de Eleia (530–460 a.C.), Pitágoras de Samos 
(séculos VI–V a.C.) e Demócrito de Abdera (séculos VI–V. 
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quais poderia derrotar os outros. A unidade da natureza pode ser encontrada 
no pensamento órfico, e filósofos como Ferecides (c. 544 a.C.), Pitágoras (fl. 530 
a.C.), Filolau (470–390 a.C.) e Empédocles (492-432 a.C.) refinaram essa ideia. 
A cosmologia órfica imaginou uma unidade orgânica do mundo e a interação 
cíclica e o equilíbrio dos elementos e das criaturas dentro dele. 
Os pitagóricos, por exemplo, eram panteístas que sustentavam que o univer-
so é esférico, animado, com alma e inteligente. Eles proibiam matar animais ou 
plantas, bem como comer alimentos que exigiam matar um organismo. Também, 
proibiam o consumo de feijão e de muitos outros alimentos vegetais, além da 
carne. Alimentos que podiam ser consumidos sem matar, até onde eles sabiam, 
como leite, queijo, mel, vinho, óleo, polpa de frutas e vegetais folhosos, eram per-
mitidos. A razão que alegaram para não matar é que todas as coisas vivas têm 
o mesmo tipo de alma e, após a morte, essas almas passam para outros corpos. 
Empédocles, por exemplo, dizia que, no passado, foi um menino e uma menina, 
mas também um arbusto, um pássaro e, até mesmo, um silencioso peixe aquático. 
NOVAS DESCOBERTAS
Pitágoras é considerado o pai da teoria musical, já que estabeleceu cálculos 
com base na divisão simétrica das cordas. A série harmônica, para entender 
as relações existentes entre tons e semitons, possibilitou toda a disruptiva 
descoberta das novas escalas musicais. Embora muito pouco explorada, a 
tricotomia meio ambiente, música e estética possui intrínsecas relações com 
as questões ambientais. A fina sintonia e ordem apuradíssima das músicas 
de um Johann Sebastian Bach (1685–1750), por exemplo, possuem um grau 
de admirabilidade tal por parte de quem entende a Matemática rebuscada 
de suas sequências harmônicas e melodias — que só podem ser traduzidas 
como geniais, no mínimo —, e, se aplicada ao ajuste preciso da natureza, 
poderia — ou, talvez, deveria — causar o mesmo impacto de admiração, que 
Aristóteles entendia por thauma. Essa ideia de espanto diante da grandeza 
da natureza é resgatada cada vez mais. Atualmente, o filósofo que melhor 
faz a convergência meio ambiente, música e estética foi Sir Roger Scruton 
(1944–2020). Embora seus pensamentos estejam dissipados em dezenas de 
livros, Filosofia Verde (2016) é o livro que melhor concentra suas preocupa-
ções com as questões ambientais.
Já, especificamente,sobre a música e as notas, veja o dinâmico, didático e 
informativo vídeo do Nerdologia, intitulado De onde vem as notas musicais?, 
disponível no QR Code a seguir.
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Um assunto interessantíssimo, proveniente do período antigo, é a ideia de Te-
chné, remontando o início da ideia de tecnologia que temos hoje. Claro que de 
modo diferente e fruto de seu tempo, mas, ainda assim, fundamental para nossos 
estudos. Desde o início, a Filosofia incluiu alguma atenção especial à tecnologia. 
No entanto, foi apenas com o surgimento das tecnociências industriais, no final 
do século XIX, que os filósofos voltaram sistematicamente a sua atenção para a 
conceituação e avaliação da tecnologia.
Você deve se lembrar que Sócrates questionava aqueles que pretendiam se 
envolver, de alguma forma, com a sabedoria e a conhecer. Ele se interessava não 
apenas por poetas e políticos, mas, também, por artesãos. 
No relato de Sócrates, foram os artesãos, praticantes da techné, que che-
garam mais perto de ter conhecimento legítimo. O termo techné é fre-
quentemente traduzido como artesanato ou arte, mas também pode ser 
visto como uma prática baseada no conhecimento teórico, ou “uma conta”, 
ligando-a, assim, estreitamente, a noções de especialização ou know-how. 
Outra ideia, ainda desse tempo, é a de physis, que era a noção aristotélica 
de natureza, governada por um tipo de permanência ou diminuição da 
mudança e em direção a uma natureza mais heraclitiana em fluxo. Os filó-
sofos gregos formularam a ideia de natureza (physis) como propriamente 
um objeto de investigação racional. Isso foi feito, pela primeira vez, pelos 
filósofos naturais entre os pré-socráticos, que se perguntaram quais eram 
os elementos básicos do universo e como eles interagiam. 
 “ Para os gregos, tanto technê como physis eram formas de poiêsis ou de produção (Hervorbringen). Tal como physis – o surgimento de alguma coisa para fora de si própria– a technê envolve um 
trazer para a aparência. Mas enquanto aquilo que vem à presença 
à maneira da physis tem origem numa produção, por exemplo, 
o rebentar de um botão na flor, em si próprio (en beautô, aquilo 
que é produzido pelo artesão ou pelo artista, por exemplo, o 
cálice de prata, tem origem numa produção não em si próprio, 
mas num outro (en allô), no artífice ou no artista (FOLTZ, 1995, 
p. 25, grifo nosso).
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Ainda, é importante reforçar um ponto que é muito importante na Filosofia: a 
produção, em nosso sentido tecnológico atual, não se equipara em nada à techné 
do artesão daquela época, uma vez que a tecnologia não revela os entes de modo 
justo, mas, sim, por meio do que Martin Heidegger denomina Herausfordern, ou 
seja, fazer sair, provocar ou forçar para fora. Imerso ainda nesse contexto, Bruce 
Foltz (1995, p. 25), estudioso de Heidegger, ressalta que a “tecnologia é um modo 
específico no qual o ser é revelado, e se tivermos cuidado de distinguir da ‘técnica’ 
e de ‘técnicas’ particulares, como tipos de technê”, seria possível entendê-la, até 
mesmo, de modo metafísico, tornando-se óbvio que “só pode haver uma ‘tecno-
logia apropriada’ na medida em que a tecnologia é sempre já apropriada ao seu 
modo próprio de desenvolvimento” (FOLTZ, 1995, p. 25).
Contudo, as concepções heideggerianas sobre a tecnologia e o meio ambiente 
não nos interessam tanto aqui, já que tratamos da Antiguidade. Voltemos a ela, 
agora, à luz da Filosofia da Antropologia.
Não é possível tratar da origem da produção tecnológica sem considerar as-
pectos da antiguidade humana, compreender o que constitui tecnologia, pensar 
a questão etimológica do termo techné. Podemos remontar ao contexto do uso 
de ferramentas feitas pelos hominídeos — produção tecnológica —, a qual se 
dá todo o início do processo de exploração dos recursos naturais em toda a 
história da humanidade.
Assim, integrar tecnologia no contexto humano e na relação do Homem 
com o meio ambiente pode parecer simples, mas considerar a vasta quantidade 
informação que a história nos traz faz com que a atividade se torne seletiva, ou 
seja, faz-se necessário escolher principais históricos e questões que envolvem 
a questão tecnológica com a mesológica — disciplina que estuda a relação do 
homem com o meio ou ambiente e a sua respectiva influência.
Para resolver esse problema imbróglio, Machado (2003), baseado na litera-
tura, trabalha com um certo número de conceitos, que, ao mesmo tempo, são 
descritivos e explicativos. Tal conjunto tecnológico é constituído por:
I - Dispositivos.
II - Conhecimentos. 
III - Saber fazer. 
21
Como exemplo, a fabricação de algum metal — tecnologia bastante antiga da hu-
manidade, aparecendo até mesmo em textos bíblicos (metalurgia de Tubal-Caim 
em Gênesis 4) — possui uma série de:
I - Dispositivos, utensílios/ferramentas.
II - Conhecimentos específicos acerca do correto uso desses utensílios/equi-
pamentos. 
III - Além de ter que saber operar todos eles em conjunto.
Descrição da Imagem: foto de uma lâmina de uma adaga enferrujada pelo tempo. A lâmina está na 
vertical, tem forma de V alongado, e, na parte de cima, forma um triângulo com um vértice para cima e 
os outros dois abaixo para cada lado, e, perto de cada um dos vértices, há um orifício pequeno. Ao longo 
da lâmina na vertical e na parte central, há sulcos. A lâmina tem a cor de cobre, com vários pontos na cor 
verde, indicando a ferrugem e a deterioração do tempo. O fundo da imagem é cinza escuro.
Figura 1 - Adaga de cobre, datada do início do Império Médio no Egito Antigo, entre 2050 a.C. e 
1710 a.C. / Fonte: Wikimedia Commons ([2022], on-line).
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Assim, tudo o que envolve esses três aspectos pode ser inserido na história, pois 
integra a própria história das tecnologias com a ação do homem no mundo e, por-
tanto, tem algum grau — seja ínfimo ou significativo — de impacto ambiental, visto 
que não é possível considerar o Homem separado do meio em que vive e que atua 
direta ou indiretamente, a despeito do ambiente ou meio ambiente compreender 
“tudo o que não é estritamente tecnológico”, mas que desempenha “papel crucial 
sobre os rumos tomados pela evolução das técnicas” (MACHADO, 2003, p. 25).
 “ Numa perspectiva antropológica, o Homem não está separado da natureza ou do mundo animal, mas faz parte dele. O Homem não é uma espécie única ou, se o é, não passa de uma outra espécie 
única caracterizada por um conjunto de traços físicos e compor-
tamentais. As capacidades humanas de desenvolver uma cultura 
colocam-nos, entretanto, numa posição inabitual face aos ecos-
sistemas. Um aspecto particular da cultura humana, a tecnologia, 
ou seja, os nossos utensílios e a inteligência da sua utilização, per-
mite-nos ultrapassar os nossos limites fisiológicos (SUSANNE; 
REBATO; CHIARELLI, 2014, p.18).
De acordo com Rebato e Susanne (2014, p. 173), os pesquisadores que traba-
lham com o assunto, geralmente, “consideram que os primeiros representantes 
do nosso gênero foram os primeiros fabricantes de utensílios e que esta invenção 
tecnológica foi a resposta da população humana ancestral às drásticas mudanças 
climáticas e ecológicas”, cuja ocorrência se deu há mais de 2,5 milhões de anos 
atrás no continente africano. 
 “ Uma grande mudança climática, marcada por uma aridez global no-tável e um arrefecimento importante, acelera a conversão já existen-te de florestas em zonas arborizadas e zonas arborizadas em savanas. 
O talhe sistemático da pedra para obtenção de utensílios pode ser a 
chave que permite ao género Homo ocupar meios muito variados 
e aceder a novos recursos. A primeira classe de utensílios reconhe-
cidos esteve associada à espécie chamada Homo habilis [falaremos 
dela adiante] e data de 2,5 m.a. Anatomicamente, estes primeiros 
Homens chamados Homo habilis não diferem muito do Australo-
pithecus africanus, embora tenham um cérebro mais desenvolvido 
(REBATO; SUSANNE, 2014, p. 173).
23
Aqueles que são considerados os primeirosrepresentantes do Homo Habilis, 
segundo, ainda, Rebato e Susanne (2014, p. 173), “foram localizados em diversas 
jazidas do leste e do sul 
da África e obtiveram 
diversas denominações 
específicas, prova da 
diversidade do Homo.” 
Contudo, algum perío-
do à frente, “todos os 
fósseis africanos, com 
uma antiguidade com-
preendida entre 2 e 1,4 
m.a., são já atribuídos a 
diversas espécies”, e isso 
se dá em decorrência de 
“numerosos achados de 
restos fósseis de morfo-
logia diferente”.
Basicamente, a caracterização do gênero Homo se dá por meio da utilização de 
utensílios. Ou seja, se levarmos em conta o conjunto tecnológico citado ante-
riormente, a tecnologia é o que categoriza o Homem desde os primórdios dos 
tempos, sendo a razão, segundo Aristóteles, aquilo que define o ser Homem. A 
formação do Homo sapiens se dá por meio de mais duas espécies, quais sejam 
Homo sapiens neanderthalensis e Homo sapiens sapiens, sendo esta última a que 
representa os homens modernos — período contemporâneo. 
Há numerosas filogenias que fogem ao escopo de nossos estudos, basta res-
saltar a descrição da (paleo) diversidade das espécies de hominídeos por meio 
Descrição da Imagem: a imagem é uma reconstrução feita em computador do Homo habilis, em que 
aparece a sua cabeça, partes dos ombros e do peito. Ele tem a pele negra, cabelo curto preto e barba preta 
sem bigode. Tem a mandíbula grande, nariz pequeno e narinas grandes, orelhas grandes, sobrancelhas 
espessas, passando pelo meio do cenho. Os olhos têm as pupilas pretas grandes, a parte da esclera é 
vermelha e a parte externa é branca. Tem pelos pretos nos ombros e no peito. O fundo da imagem está 
na cor preta.
Figura 2 - Homo habilis em reconstrução facial forense em 3D 
Fonte: Wikimedia Commons (2013, on-line)
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dos processos microevolutivos e a evolução tecnológica, conforme nos infor-
mam Rebato e Susanne (2014). Na medida em que o homem foi evoluindo, sua 
caixa craniana aumentando, o sistema límbico controlado (hipotálamo equili-
brado) e o córtex pré-frontal (responsável pela razão) desenvolvido, o uso dos 
utensílios pelo Homem foi se tornando mais sofisticado (SUSANNE; REBATO; 
CHIARELLI, 2014).
Em termos conceituais, ainda vale destacar que artefatos são quaisquer 
objetos que tenham sido feitos, usados ou alterados por pessoas e tenham 
entrado em contato com o chão por meio de descarte, perda ou desastre. Já os 
ecofatos não foram alterados pelo Homem, porém entende-se como tecnologias 
que tiveram um efeito profundo sobre o modo como as pessoas viviam em suas 
respectivas épocas. Entre os principais ecofatos utilizados pela tecnologia da anti-
guidade do Homem, temos: argila queimada, carvão vegetal/madeira, coprólitos, 
ossos faunísticos, restos de plantas, pólen e resíduos. 
25
OLHAR CONCEITUAL
Utilização de utensílios e pré-história humana
Primeiros utensílios
A redução dos caninos é já adquirida nos Ramapithecus há 14 a 10 
milhões de anos, muitos da fabricação dos primeiros utensílios. 
Ela favorece outra função mastigadora. Com efeito, esta redução 
implica mudanças musculares e faciais, bem como modificações 
dos maxilares e de certas partes cranianas.
A difícil tarefa de identificar o que é utensílio
Os primeiros utensílios são difíceis de identificar, uma vez que 
quase não se diferenciam de artefatos naturais. Os primeiros 
utensílios, que se podem considerar com segurança enquanto 
tais, datam de há cerca de 2,5 milhões de anos. Atualmente, são 
atribuídos ao Homo habilis. Contudo, podemos perguntar se esta 
atribuição não será um resultado do facto de se calcular que um 
fabricante de utensílios deve assemelhar-se mais ao Homem 
atuado do que a um Australopithecus.
O alargamento da caixa craniana
O alargamento da caixa craniana é gradual e não precede a 
fabricação de utensílios. Pela primeira vez, ultrapassa-se a 
capacidade dos pongídeos atuais com o Homo habilis: um 
Rubicão arbitrário situar-se-ia então em dois milhões de anos.
O estado bípede
O estádio bípede pode ser tomado igualmente como critério 
anatômico de hominização e poderia resultar, num meio aberto 
de savana, de uma seleção por uma melhor visão de predadores, 
uma melhor posição de combate ou de defesa, uma maior 
resistência na perseguição das presas, a possibilidade de 
transporte dos alimentos ou dos indivíduos jovens. O estado 
bípede foi então adquirido antes do desenvolvimento craniano e 
antes da utilização de utensílios.
A arte (techné grega)
A origem da arte deve ser abordada com grandes precauções, 
sendo difícil de estabelecer a separação entre arte, adereço, jogo e 
mesmo conceitos religiosos. O contorno simétrico e regular de um 
biface corresponde a uma percepção estética ou antes uma 
necessidade funcional? A percepção do insólito surge desde há 
100.000 anos, a figuração simbólica há cerca de 35.000, as 
primeiras figuras animais e humanas há cerca de 30.000 anos.
Fonte: adaptado de Rebato e Susanne (2014).
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Retomando os clássicos filosóficos, em Fedro, um dos diálogos de Platão, Sócrates 
indicou que nada tinha a aprender com a natureza. Em contraste, a Filosofia de 
Aristóteles incluía a natureza, ou physis, como um tema fundamental. Aristóteles, 
no entanto, manteve uma divisão estrita entre entidades naturais e artificiais. 
Entidades naturais são unidades substanciais autogeradas de forma e matéria. 
Uma pequena esfera ou raiz de uma flor brota em um carvalho, cumprindo sua 
essência. Os artefatos, ao contrário, nunca alcançam essa integração substancial, 
porque a fonte de seu ser é externa a eles; se uma cama brotasse, daria origem a 
uma árvore, não a uma cama (Física). O antigo tema da techné e da physis sus-
tenta o trabalho contemporâneo tanto na Filosofia da tecnologia quanto na ética 
ambiental sobre o significado e as relações adequadas entre tecnologia e natureza. 
Platão (429–347 a.C.), por sua vez, amigo, admirador e discípulo de Sócra-
tes (469–399 a.C.), lançou-o como o personagem principal em muitos de seus 
diálogos, que, como consequência, formam a principal fonte literária para as 
ideias filosóficas de Só-
crates. Em A República, 
seguindo os pitagóricos, 
Platão usou a metemp-
sicose como base do 
chamado Mito de Er: as 
almas renascem nas for-
mas que merecem com 
base em suas ações e 
seus níveis de consciên-
cia alcançados. 
Descrição da Imagem: na 
figura, vemos um desenho 
esquemático do busto de 
Platão, os contornos e o 
formato da cabeça e de 
parte do tronco de Pla-
tão, isto é, do cabelo até à 
barba, em branco, preto e 
cinza. 
Figura 3 - Platão
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No Timeu, Platão disse que o cosmos é uma espécie de criatura viva, única e visí-
vel, que contém em si todas as criaturas vivas que são, por natureza, semelhantes 
a ela. Essa grande entidade é dotada de alma e razão. Harmonia e ordem podem 
ser discernidas no mundo visível, que é uma imagem ou um reflexo da verdade 
eterna e, portanto, oferece pistas para a compreensão humana. Entretanto, na 
maior parte do tempo, ele fez da sociedade humana, e não do ambiente natural, 
o objeto de investigação. 
O mito da criação, no Timeu de Platão, afirma que o criador fez o mundo 
como um animal visível que possui dentro de si todos os outros animais. Os 
diálogos de Platão tiveram uma influência penetrante no pensamento europeu 
e norte-americano, integrando a analogia microcosmo-macrocosmo com a 
imagem das partes de um corpo animal como uma representação das diferen-
tes partes do universo. Platão sustentava que a diversidade de espécies de seres 
vivos são os órgãos de um ser supraorganísmico e que o universo como um 
todo é um superorganísmico.
Pode-se supor que, uma vez que Platão colocou a realidade última no mundo 
das formas e considerou os objetos físicos como manifestações imperfeitas, ele 
não se preocuparia com o meio ambiente, mas isso é apenas parte do quadro. 
Platão, muitas vezes, expressou admiração pela natureza, principalmente, no Fe-
dro, em que Sócrates comenta acercada beleza natural. No entanto, em outro 
momento de sua descrição lírica, Platão faz Sócrates acrescentar que as árvores 
e o campo aberto não lhe ensinaram nada — como já comentamos —, pois ele 
estava interessado apenas no que ele poderia aprender com os homens da cidade. 
Sua ética estava preocupada em estabelecer um padrão absoluto de justiça entre 
os seres humanos — uma visão de mundo centrada na cultura ou no homem. 
Mesmo assim, seus escritos estão repletos de insights sobre a relação entre 
o ser humano e a natureza, os problemas ambientais que surgem nessa relação 
e as possíveis soluções. Critias, nas Leis, são escritos de Platão que demonstram 
isso. Quando Platão fala sobre Atlântida, ele descreve o desmatamento da Ática, 
a resultante erosão do solo e a secagem de nascentes. Ele claramente culpa os 
humanos pela destruição das florestas, observando que a madeira cortada ainda 
existia como vigas em grandes edifícios. Nas Leis, ele instou regulamentos para 
evitar o desmatamento, bem como dizia que: 
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 ■ As cabras, que devoram pequenas árvores, devem ser vigiadas por tra-
tadores. 
 ■ A coleta de lenha deve ser regulamentada pelos silvicultores distritais. 
 ■ Os incêndios não devem se espalhar.
 ■ O plantio de árvores para conservar o abastecimento de água. 
Já seu discípulo, Aristóteles (384–322 a.C.), insistiu que a natureza e todas as suas 
partes, vivas e não vivas, são dirigidas pelo princípio de telos (propósito). Ele 
afirmou que a natureza 
não faz nada em vão. 
Ele investigou questões 
sobre o mundo natural 
de uma forma que era 
mais sistemática e indu-
tiva do que a dos filóso-
fos naturais. Aristóteles 
concluiu que os vivos e 
os não-vivos se fundiam 
em estágios graduais, 
mas seu esquema era 
hierárquico, embora ele 
achasse que fosse difícil 
fazer distinções nítidas 
entre classes de seres. 
Aristóteles afirmou que as plantas existem para e por causa dos animais, já os 
animais para e por causa dos humanos, e que os homens inferiores são escravos 
naturais dos superiores. Essa doutrina apoia o uso da natureza de qualquer ma-
neira que conduza ao bem humano e tem sido influente na história da filosofia 
ambiental ocidental. O próprio Aristóteles não teria justificado o uso indevido 
de animais, mas outros derivaram de seu ensino que animais e plantas são de 
Descrição da Imagem: a figura apresenta um desenho esquemático do busto de Aristóteles, vemos 
os contornos e o formato da cabeça e parte do tronco de Aristóteles, isto é, do cabelo até à barba em 
branco, preto e cinza. 
Figura 4 - Aristóteles
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classes inferiores subservientes às necessidades humanas, o corolário de que eles 
não têm propósito próprio e nenhum valor intrínseco. 
Aristóteles, cuja Filosofia enfatiza claramente o mundo natural, estava inte-
ressado nas relações entre os seres vivos e entre eles e o ambiente físico. Ele 
observou, na Metafísica, que todas as coisas são ordenadas juntas e conectadas de 
alguma forma, mas não todas iguais. As observações de Aristóteles sobre as rela-
ções biológicas foram tão perceptivas que ele recebeu crédito por ter introduzido 
diversos assuntos ecológicos na literatura. Ele notou a competição entre animais 
que dependem da mesma comida, além de ter descrito o aumento populacional es-
petacular entre os ratos. Outras relações ecológicas descritas pelo filósofo incluem:
 ■ Territorialidade entre mamíferos e pássaros.
 ■ Comportamento.
 ■ Competição dentro das espécies e migração, entre outros. 
Embora Aristóteles não anunciasse uma ética ambiental, ele acreditava que a econo-
mia depende da natureza e, portanto, que a conservação era função de uma cidade 
bem administrada, o que o levou a um conselho, por exemplo, de que seus recursos 
fossem mantidos a salvo por “Inspetores de Florestas” e “Guardiões do País”, provi-
dos de guaritas e refeitórios. Teofrasto, aluno de Aristóteles, não aceitou a ideia de 
que outras criaturas existem apenas para servir à humanidade. Ele não negou que 
existe um propósito na natureza; ele encontrou o propósito de uma planta anual, 
por exemplo, na produção de sementes para abastecer uma nova geração. 
O plantio anual — ou perene — é bastante estudado hoje, na Agricultura, especialmente, 
na Agricultura de Precisão. A produção convencional atual faz com que a maioria das 
práticas agronômicas utilizadas para o cultivo anual tenha consumo excessivo de água, 
quantidades significativas de fertilizantes minerais sintéticos, mão-de-obra, emissões de 
CO2 e interrompe os processos biológicos naturais. Por outro lado, as culturas perenes 
são mais rústicas, melhoram a estrutura do solo e a capacidade de retenção de água, além 
de contribuir para aumentar as práticas de adaptação e mitigação das mudanças climáti-
cas, bem como promover a biodiversidade e as funções do ecossistema
Fonte: adaptado de Wang e Alonzo (2013). 
EXPLORANDO IDEIAS
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Visto que o propósito das coisas na natureza nem sempre é evidente, Aristóteles 
desejava — e isso ficou claro em sua Metafísica — que houvesse um esforço para 
determinar as condições das quais as coisas reais dependem e as suas relações 
por meio de cuidadosa observação. Sua filosofia parece ter o potencial de desen-
volver uma ética de consideração por outras formas de vida, mas ele não foi tão 
profundo quanto poderia ser. 
Um conceito contrastante veio de Leucipo (fl. 440 a.C.) e Demócrito (c. 
460–370 a.C.), que sustentavam que o mundo é puramente físico, composto de 
partículas indivisíveis (átomos), cujos movimentos são mecânicos e governados 
por necessidade. As agregações de átomos — os corpos que eles formam — acon-
tecem por acidente, fruto do acaso. 
De acordo com Epicuro (341–270 a.C.), cuja cosmologia seguiu Demócrito 
— fonte dos estudos de doutorado de Karl Marx —, não há criador, e a natureza 
opera por uma causa física cega. Sua ética, baseada no hedonismo antropocên-
trico, era pouco promissora como precaução contra danos ambientais. Ainda 
assim, alguns epicureanos supunham que animais e plantas não poderiam ter 
sido criados para uso humano, porque muitas pessoas são tolas, e não há inteli-
gência humana suficiente no mundo para fazer a criação valer a pena. Lucrécio 
(94–51 a.C.), por sua vez, pensou que a Terra estava se deteriorando e que parte 
do motivo era a destrutividade humana, incluindo o desmatamento e a matança 
de animais selvagens. 
A escola estóica foi fundada por Zenão de Cítio (335–263 a.C.) e ensina-
da, na época romana, pelo escravo Epicteto (c. 55–135 d.C.), seu aluno Arriano 
(86–160 d.C.) e pelo imperador-filósofo Marco Aurélio (121-180 d.C.). Como 
os epicureus, os estóicos eram materialistas. Os estóicos sustentavam que o cos-
mos é sensível, racional e permeado pela harmonia da qual todas as coisas vivas 
participam. É autossuficiente porque se nutre e se nutre de si mesmo. O cosmos 
tem unidade, ordem e desenvolvimento cíclico e é animado por uma alma ígnea 
da qual todas as almas individuais são fragmentos. Dentro desse mundo, os hu-
manos têm a obrigação de agir com justiça, que é um pacto entre os humanos. 
Os estóicos aceitaram o ditado de Hesíodo de que os seres humanos não têm 
um pacto de justiça com animais irracionais, bem como a hierarquia de plantas, 
animais e homem de Aristóteles. Todas as decisões relativas ao meio ambiente, 
31
portanto, devem ser feitas com respeito ao possível efeito em outros humanos. 
Os estóicos discutiam com os neoplatônicos, que eram ainda mais pitagóricos 
do que Platão, sobre a questão de saber se os animais eram racionais ou não; os 
neoplatônicos afirmavam que sim. 
Uma ideia de influência ambiental derivada do pensamento antigo é a noção 
de que as pessoas que vivem mais perto da natureza são moralmente superio-
res às dos centros urbanos. Esse é o tema do Discurso de Eubeia de Dio Chrys 
Ostom (40–117 d.C.), um orador estoico-cínico que descreveu a visita de um 
viajante naufragado à família de um caçador nos confins de uma grandeilha. 
Os caçadores eram autossuficientes, vivendo do que obtinham diretamente da 
natureza. Depois de descrever sua casa idílica, onde viveram com honestidade 
natural, hospitalidade e nobreza intocada, o pensador os colocou em confronto 
com a corrupção dos cidadãos urbanos “civilizados”, uma ideia refletida no século 
XVIII por Jean Jacques Rousseau. 
A Filosofia estóica reconhecia a habilidade humana de mudar o meio am-
biente. O desenho do mundo, observou Sêneca (1–65 d.C.), requeria atividades 
humanas: os metais, por exemplo, estão escondidos na Terra, mas as pessoas pos-
suem a capacidade de descobri-los. Os humanos eram os cuidadores naturais da 
Terra, e suas criaturas foram colocadas sob sua custódia. Esforços bem planejados 
tornam a Terra mais capaz de servir aos propósitos humanos; nessa visão, beleza 
e utilidade são sinônimos. 
A humanidade melhora plantas e animais por meio da domesticação. 
Da mesma forma, a extensão da civilização era vista como um defeito do deserto, 
que era um reduto de feras, um deserto estéril. A ética estóica ensinou que os in-
divíduos devem fazer as tarefas que o destino lhes designou, desempenhando-as 
bem com responsabilidade para todos.
Nas adaptações cristãs da Filosofia, a natureza é pensada como uma criação 
de Deus, que também é revelada por meio de revelação sobrenatural. A Teologia 
cristã, portanto, identifica dois caminhos para compreender a natureza última da 
realidade: a palavra de Deus nas Escrituras e o livro da natureza. Essa é a famosa 
ideia dos Dois Livros (de Deus). Entretanto, essa temática é medieval, então 
podemos nos aprofundar nela em outro momento.
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UNIDADE 1
32
Então, até que ponto as ideias dos gregos sobre a natureza afetaram seu tratamen-
to ético da Terra e de seus habitantes vivos? Não existe uma resposta simples. Os 
filósofos encorajaram o uso racional dos reinos mineral, vegetal e animal. 
Eles não apenas apontaram problemas, mas, às vezes, sugeriram soluções. 
Certos sistemas éticos forneceram motivos para a conservação, enquanto 
outros deixaram os humanos livres para explorar o meio ambiente. Resta o fato 
inegável de que o ambiente natural sofreu danos consideráveis nas mãos dos 
povos antigos, embora não tão graves ou generalizados como os que ocorreram 
nos tempos modernos, e algumas áreas do Mediterrâneo sobreviveram com re-
lativamente poucos danos. 
É quase impossível identificar um padrão geral de efeitos ambientais deriva-
dos das Filosofias competitivas do mundo antigo. Algumas formas de Filosofia, 
ao serem elaboradas, poderiam ter fornecido atitudes ambientais construtivas. 
Contudo, isso não teria sido eficaz na conservação do meio ambiente sem o co-
nhecimento do funcionamento da natureza e dos efeitos das ações humanas. 
E, como o filósofo americano J. Baird Callicott indica, de forma reveladora, em 
Earth’s Insights, o legado grego dominante na Filosofia ambiental é dualismo 
(Platão), mecanismo (Demócrito) e hierarquia (Aristóteles), nenhum dos quais 
é uma base sólida para a ética do meio ambiente. 
A Teologia cristã preparou o mais profundo e sólido caminho para a ciência e a tecnologia 
modernas. Assim, a Teleologia judaico-cristã, ao contrário do livros levianos, como History 
of The Conflict Between Religion and Science, de John William Draper (1811–1882), e A History 
of The Warfare of Science with Theology, de Andrew Dickson White (1832–1918), os quais 
fizeram, por décadas, um grande desserviço histórico ao assunto, que faz a interface entre 
Ciência, Filosofia e fé cristã. Somente atualmente, após muitas décadas, é que há sérias 
publicações que refutam praticamente todas as mentiras escritas por Draper e White em 
sua época. Livros como Os Territórios da Ciência e da Religião, de Peter Harrison (2017), 
Terra Plana, Galileu na Prisão e outros mitos entre ciência e religião, de Ronald Numbers 
(2020), e Ciência e religião: fundamentos para o diálogo, de Alister McGrath (2020), são boas 
referências que desmitificam os mitos criados por Draper e White, além de se aprofunda-
rem muito em temáticas históricas sobre a relação do homem com a Filosofia, a religião e 
a ciência. Nessa lista, ainda, é possível incluir Teologia Natural, também de Alister McGrath 
(2019), para melhor compreensão da noção histórica de natureza, homem e Teologia.
PENSANDO JUNTOS
33
Callicott (1994) observa, no entanto, que a ideia de Platão de bem comunitá-
rio como base para a ética tem aplicação na esfera ambiental. A Ciência e a Ecolo-
gia, em particular, tiveram apenas pequenos começos entre os gregos. Teria sido 
difícil, então, decidir quais práticas provavelmente trariam os melhores resultados 
quando um problema ambiental apareceu pela primeira vez ou foi exacerbado 
de um nível tolerável para um intolerável.
Para nos encaminharmos ao final desta unidade, pensando ainda na Anti-
guidade, mas retrocedendo ainda mais no tempo, é preciso comentar a respeito 
da ideia que influenciou fortemente os futuros romanos e, até mesmo, os gregos, 
posteriormente, em alguma medida, que é o povo hebreu. 
Certamente, há interpretações que são feitas da Bíblia que entendem que Gê-
nesis 1:26–28 legitimam a caça predatória, o dano ambiental e toda sorte de ins-
trumentalização da natureza (GÊNESIS, [2022]). Por outro lado, essas afirmações 
podem perder força quando se faz uma boa exegese — o contrário da eisegese, 
que pretende extrair do texto aquilo que se deseja entender —, em que uma parte 
do texto sacro entende, interpreta (hermenêutica) e corrobora o próprio texto.
Assim, é possível entender a humanidade no papel de “administradores da cria-
ção” ou, ainda, como aquela que “zela” pelo meio ambiente e é, também, zeladora da 
natureza. Nessa leitura, a humanidade não tem o direito de dominar a criação para 
benefício humano, mas tem, sim, a responsabilidade pelo gerenciamento cuidadoso 
e compassivo da terra. No relato de Gênesis 1:29–30, toda a criação é enfática e 
repetidamente referida como boa, e tanto humanos quanto animais são descritos 
como herbívoros, alimentando-se de plantas verdes sem a necessidade — ou per-
missão divina — de matar outros animais para se alimentar (GÊNESIS, [2022]). 
No relato apresentado em Gênesis 2, não há menção de que a humanidade foi 
feita à imagem de Deus e recebeu um mandato para subjugar e governar. Em vez 
disso, o primeiro humano é feito do pó — Gênesis 2:7, um jogo de palavras em 
hebraico: adam (humano) e adamah (solo) — e se torna um “ser vivo”, como todas 
as outras criaturas — ver Gênesis 1:20, 24, 30; 2:19; 9:12. Adão é colocado no Jardim 
do Éden “para cultivá-lo e mantê-lo” (Gênesis 2:15), dando alguma base para a ideia 
de que o papel da humanidade é o de mordomo da criação (GÊNESIS, [2022]). 
É preciso interpretar o termo dominar em Gênesis — dominar/subjugar, 
sendo, posteriormente, utilizado guardar/cultivar em Gênesis 2 — não com o sen-
tido que entendemos contemporaneamente, pois a ideia de shemitah, na cultura 
hebraica, é suficientemente clara acerca do respeito que se deve dar à natureza 
UNICESUMAR
UNIDADE 1
34
— nesse caso, deixar a terra descansar um ano inteiro no sétimo ano de trabalho. 
Sua conotação é muito mais voltada para a ideia de zelador — ou de mordomo 
— do que, necessariamente, aquilo que é subjugado atualmente, no sentido de 
utilizado da forma que se quer, isto é, a esmo.
Às vezes, atenção cuidadosa aos textos bíblicos à luz das preocupações am-
bientais pode produzir percepções impressionantes que desafiam o caráter tra-
dicionalmente antropocêntrico da tradição teológica, com seu foco na salvação 
humana e no relacionamento com Deus. A aliança com Noé, registrada em Gê-
nesis 9:1-17, é um bom exemplo. Embora Noé e seus descendentes sejam, de fato, 
centrais para esse convênio — ver versículos 1, 9 —, ele é real e explicitamente um 
convênio feito com todas as criaturas vivas e com a própria Terra — ver versículos 
10–17 (GÊNESIS, [2022]). Portanto, de acordo com esse texto, toda a terra está 
ligada auma aliança com Deus, não apenas um segmento eleito da humanidade. 
Complementando essa questão, outros textos, particularmente, nos Salmos, têm 
representações poéticas de toda a ordem criada como uma manifestação da glória 
de Deus — por exemplo, Salmos 19:1-6; 104 — e conforme convocado o louvor 
a Deus — por exemplo, Salmos 96:11-12; 148 (SALMOS, [2022]). 
O livro de Jó, um livro focado na história de um homem justo que suporta 
grande sofrimento, mas que não tem a paciência que tanto lhe é imputada pelo 
senso comum, termina com uma série de discursos divinos nos quais, ao invés de 
consolar Jó, Deus enfatiza a ignorância e a insignificância de Jó e lista as múltiplas 
maravilhas da criação (Jó 38:1–42:6) (JÓ, [2022]). Essa criação diversa, ao que 
parece, tem seu próprio valor intrínseco e relação com Deus, sem haver qualquer 
sentido de que existe para o benefício ou bem-estar dos seres humanos. Jó, apa-
rentemente, entende e responde ao discurso de Deus reconhecendo sua própria 
insignificância (Jó 40:4–5; 42:1–6) (JÓ, [2022]). 
Gênesis 1:29-30 descreveu uma criação inicialmente vegetariana e não vio-
lenta; as visões proféticas do estado escatológico também retornam a esse tema 
(GÊNESIS, [2022]). O livro de Isaías oferece uma visão da era messiânica, em que 
diz que o lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará com o cabrito, a vaca 
e o urso pastarão, seus filhotes se deitarão juntos, e o leão comerá palha como 
o boi — Isaías 11:6–7; ver também 65:25 (ISAÍAS, [2022]). Isso, junto com uma 
promessa de justiça e libertação para os pobres e oprimidos, é o que significa o 
estabelecimento da retidão. 
35
Essas visões fornecem recursos bíblicos para aqueles que argumentam que a 
ética judaica e cristã deve incluir uma preocupação não apenas com o bem-estar 
humano, mas, também, com a paz e o bem-estar de toda a criação. Na verdade, 
esses textos oferecem, para alguns, um bom motivo para a prática do vegetaria-
nismo, entendido como um retorno ao ideal original descrito em Gênesis 1 e 
como uma antecipação da era escatológica pacífica que viria.
Considerando os pensamentos de Platão e Aristóteles, foi possível compreen-
der que a preocupação teórica por si só não dá conta da proteção ambiental. Ao 
passo que a verdadeira thauma de Aristóteles, isto é, muito próximo do conceito 
de admirabilidade — termo que o lógico contemporâneo Charles S. Peirce tanto 
usa —, é vivida pelos judeus por meio da sua contemplação da natureza em fun-
ção desta ser a criação de Deus, a qual, mesmo ativa e prática — como é o caso 
do Shemitah —, ainda assim, não foi suficiente para se alastrar como pensamento 
uníssono em prol do cuidado ambiental. 
Ao tratar, portanto, de prática filosófica, cabe a você fundir todos esses contex-
tos, conceitos e pensamentos, a fim de utilizar tais pensadores e/ou pensamentos 
como forma de se escorar para ajudar a sociedade em geral a refletir sobre o que 
devemos aprender com os antigos acerca do que fazer e do que não fazer. Se for 
professor(a), instigue sempre os alunos a extrair o melhor de cada povo, filosofia 
e cultura. A tolerância aumenta e, por conseguinte, ajuda-nos a focar na solução, 
não somente no problema.
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Após essa leitura, convido você a refletir, de modo mais profundo, acerca do con-
teúdo aqui apresentado. Preencha o MAPA DE EMPATIA a seguir, com palavras 
e expressões que reflitam seus pensamentos, suas emoções e ações. Nunca é 
demais reforçar que esse é o principal papel de um filósofo.
Acerca do que você aprendeu sobre o rompimento do 
mito por parte da filosofia grega antiga, você acredita 
que esta ruptura foi feita, de fato? Considere os 
pré-socráticos, bem como Platão e Aristóteles.
Quando você escuta o relato crítico 
acerca do Gênesis, a partir do que foi 
exposto, seria possível afirmar que é 
o pensamento judaico-cristão o 
principal componente fideísta (em 
termos de ideia religiosa) da origem 
da crise ambiental?
Quais são as possíveis aproximações e distanciamentos entre o 
mundo antigo e o hodierno quando consideramos os conceitos 
res nullius e res communis omnium? Você sente que estes 
conceitos resumem com precisão os sentimentos humanos 
acerca do lar onde habita (oikos, isto é, casa = mundo)?
O que de diferente você entende 
que na sociedade antiga, se tivesse 
sido feito de modo diferente, poderia 
culminar em uma maior e mais bem 
acurada percepção ambiental? Ou 
podemos dizer simplesmente que 
tudo foi fruto de seu tempo?
2Filosofia Ambiental e o 
Medievo 
Dr. Paulo Renato Lima
Aqui, você terá contato com alguns pensadores e reflexões do final da 
Antiguidade e da Baixa/Alta Idade Média, especialmente, sob a ótica 
da natureza. Os medievais sempre terão muito a nos ensinar em pra-
ticamente todas as vertentes da existência humana, e isso não poderia 
ser diferente para a temática ambiental hodierna. Ademais, nomes 
como Agostinho, Tomás de Aquino e Duns Scotus, por exemplo, trans-
cendem em qualquer medida de tempo em função de suas análises 
sempre consideradas geniais no âmbito filosófico. Compreender o que 
eles desejam dizer em torno do assunto não é algo tão simples quanto 
parece. Então, novamente, o desafio está lançado, tenha uma ótima 
jornada pelo pensamento ambiental na Idade Média!
UNIDADE 2
38
Foi, de fato, durante o longo período medieval — do século IV ao XV — que o 
pensamento europeu acumulou muitos de seus traços e temas característicos, 
especialmente, a sua síntese de Filosofia e religião, de Atenas e Jerusalém. Con-
sequentemente, a própria natureza física foi experimentada e entendida com 
referência a duas perspectivas, às vezes, concorrentes: via Atenas, a nature-
za foi entendida como uma auto emergência indiferente (physis), sempre 
ameaçando oprimir; e via Jerusalém — e mais tarde Alexandria, Roma e 
Constantinopla —, a natureza foi entendida como criação ordenada (kti-
sis), correlativa e proporcional à humanidade; a sua tendência para oprimir é, 
portanto, considerada uma manifestação da glória do criador. 
Ambas as visões, de fato, foram necessárias para o surgimento da Ciência mo-
derna, pois, sem a perspectiva de “Atenas”, não há nenhum requisito obrigatório 
para interrogar a natureza e, sem a perspectiva de “Jerusalém”, não há motivos 
para esperar respostas inteligíveis. Comum a ambas as tradições, no entanto, é 
a ênfase na compreensão da estreita inter-relação entre o visível e o invisível, o 
temporal e o eterno, o terreno e o celestial. Esse elemento comum foi desenvolvido 
na Idade Média. Tal visão dominante — ou clássica — da natureza prevaleceu ao 
longo de todo esse período, a qual era expressa tanto na linguagem paradoxal do 
misticismo quanto na linguagem precisa do escolasticismo. 
Assim, podemos concluir que o cristianismo, as suas vertentes e os aspectos 
metafísicos, hermenêuticos e ontológicos cristãos da Idade Média foram real-
mente o berço de todos os males ambientais hodiernos? É possível afirmar que 
os principais pensadores cristãos deram margens para interpretação única e ine-
quívoca de que o homem “subjuga” e “domina” a natureza a ponto de fazer o que 
bem entender com ela? Hooykaas (1988, p. 50) nos ajuda nas reflexões, também, 
acerca da conciliação entre Atenas e Jerusalém: “poderia Deus fazer tudo o que 
quisesse, ou estaria Ele limitado pela natureza das coisas?”.
Michael Northcott (1996) argumentou que não foi tanto o Cristianismo his-
tórico, mas a Reforma Protestante que abriu o caminho para a crise ambiental no 
Ocidente moderno. Ele aponta para pensadores como o teólogo mais influente 
do Ocidente: Tomás de Aquino. Embora Tomás de Aquino tivesse uma visão 
instrumental das relações da humanidade com a natureza e argumentasse que 
os humanos podem usar a Criação como bem entendessem, visto que ela foi 
criada, principalmente, para servi-los, ele recomendou o uso cuidadoso de ani-
mais quando sugeriu que relações humanas abusivas com outros animais ten-
39
deriam a depravar os humanos. Ademais, a ideiade que a natureza existe a fim 
de ser utilizada pela humanidade, por si só, não garante ou especifica, de alguma 
forma, o uso que será dado a ela. Por isso, é importante um olhar atento ao que 
realmente foi pensado, interpretado e traduzido pelos famosos “pais da igreja” 
do período medieval, a fim de nos debruçarmos sobre as reais consequências da 
hermenêutica que envolvem a relação mesológica (homem/natureza) no con-
texto teológico-natural.
Para isso, sugiro que você — religioso(a) ou não, já que, na Filosofia, isso não 
importa — leia, ao menos, os cinco primeiros capítulos de Gênesis, na Bíblia, e 
estude mais sobre a Filosofia medieval — caso não tenha conhecimentos mais apro-
fundados — e seu contexto histórico, a fim de se assegurar de que o Cristianismo, 
de fato, era o que existia de Filosofia mais proeminente em termos de quantidade. 
Mais à frente, Averróis e Avicena influenciam muito na retomada dos escritos 
de Aristóteles para uma posterior análise acurada de Tomás de Aquino. A Filoso-
fia islâmica teve seu papel profundo e duradouro, no entanto, a causa das catás-
trofes ambientais, em termos de influência idealizadora, é atribuída às vertentes 
cristãs e às suas respectivas interpretações das Sagradas Escrituras. 
Com isso, quero lhe convidar a se ambientar com a Patrística e as questões 
cristãs diversas do período medieval, a fim de que possamos tornar nossos estu-
dos mais vívidos e cadentes.
A Filosofia Estética ficará mais evidente em nossos estudos à medida em que 
formos avançando nas leituras. Isso significa dizer que quanto mais belo, mais 
simétrico, e quanto mais simétrico, maior será a vontade de mantê-lo assim. Com 
a bela natureza, não poderia ser diferente. 
Entretanto, qual é, em sua opinião, a conexão entre estética, vida terrena e 
vida celestial? Qual é a ligação entre o céu e a terra? A relação entre eles é de 
participação ontológica, o ser do último compartilhando do ser do primeiro, 
de modo que a conexão possa ser apreendida ou intuída na visão “noética” ou 
contemplativa? É uma relação semiótica ou simbólica, para ser apreendida por 
meio da imaginação? Ou é uma relação de causa e efeito, a ser compreendida por 
meio da racionalidade inferencial ou discursiva? 
Todas essas variantes afirmam uma forte conexão entre Deus e o mundo, mas 
diferem, significativamente, sobre o grau de exterioridade entre Deus e a natureza 
e, portanto, em seu senso de acessibilidade de Deus por meio da criação. Em que 
sentido a natureza existe como teofania ou manifestação do divino? 
UNIDADE 2
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Os conceitos de semiótica, nascida em Agostinho, ajudam a compreender 
melhor todo o contexto de que o homem, justamente por ser servo de Deus, não 
deseja “destruir” a criação por Deus criada, já que, em princípio, feriria o próprio 
Deus. Seria preciso, sim, dela se manter. Sustentabilidade, para muitos pensadores 
e filólogos, é isto — já que é um termo que está mais próximo de uma aporia do 
que o contrário: manter algo em algum lugar por tempo indeterminado. 
Para muitos, chegamos até aqui justamente porque somos e fomos susten-
táveis, mas não estamos sendo mais e algo precisa mudar. A interpretação dos 
signos, símbolos, índices e ícones — haja vista Peirce —, por parte da maioria dos 
pais da igreja, presentes no livro de Gênesis, não é outra senão entender o homem 
como um mordomo, que, sob alguns pontos de vista, pode, sim, fazer uma leitura 
instrumentalizada da natureza, mas sem nunca depredar a criação daquele que 
a própria humanidade criou. Diante de tal contexto, a relação natureza/humani-
dade estaria mais para “mãe”, “filha” ou, até mesmo, “meretriz” — cujo sentimento 
é de total rendição, de subjugação ou, até mesmo, de total subversão — ou de “ir-
mã”/”prima” — cujo amor está mais para um sentimento fraternal, ou seja, Fileo?
Anote, em seu Diário de Bordo, as reflexões obtidas a partir dos questiona-
mentos anteriores.
O termo medieval vem do novo Latim medium aevum, que significa “a meia-i-
dade”, uma frase que situa essa longa época entre a Antiguidade e a Modernidade. 
Tal visão é retrospectiva, tendo surgido no século XV, em um período em que 
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se sentia que uma nova época “moderna” estava chegando. As datas finais para a 
Idade Média variam de 1453 — a queda de Constantinopla —, 1455 — a Bíblia 
de Gutenberg —, 1492 — a primeira viagem de Colombo ao Novo Mundo — ou 
1517 — a publicação das 95 teses de Lutero —, conforme leciona Foltz (2019). 
A Idade Média foi o período que fundiu e sintetizou as poderosas correntes 
intelectuais da Antiguidade, sobretudo, a Filosofia grega, com as grandes tradi-
ções religiosas do Oriente Médio: Cristianismo, Judaísmo e Islã. Essa síntese 
teve um efeito profundo em nossa visão da natureza.
O início do período medieval se deu, especialmente, com o estabelecimento 
de Constantinopla como a Nova Roma, a capital cristã do Império, em 330, e com 
o anterior Primeiro Concílio de Nicéia — realizado entre o Bósforo de Constan-
tinopla em 325 —, que reuniu os recursos do pensamento grego com a espiritua-
lidade do Cristianismo e seu fundamento no Judaísmo, primeiro, estabelecendo a 
doutrina Cristã no que veio a ser chamado de Credo Niceno. Consequentemente, 
325 foi o início aproximado de uma época em que a natureza foi entendida de 
novo. A dissolução da visão medieval da natureza na Escolástica posterior — 
os ensinamentos filosóficos e teológicos que se desenvolveram nas “escolas” das 
catedrais da Europa Ocidental —, durante os séculos XIV e XV, sinalizou o fim 
gradual dessa época (FOLTZ, 2019).
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UNIDADE 2
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No Leste, segundo Foltz (1995), a distinção entre a essência radicalmente trans-
cendente e incognoscível (ousia) de Deus e as energias divinas onipresentes e 
apreensíveis (energeiai) permitiu uma orientação mística para a natureza que 
pode contemplar as energias divinas em todas as coisas, sem comprometer o 
transcendente e a natureza misteriosa da essência divina. Essa distinção de essên-
cia e energias, no entanto, nunca se enraizou no oeste latino, onde uma transição 
gradual ocorreu da compreensão da relação como predominantemente simbólica 
para vê-la como amplamente causal. 
John Scotus Eriugena (810–877 d.C.) traduziu muitos textos orientais, in-
cluindo os de Dionísio, introduzindo elementos bizantinos no pensamento latino 
enquanto se inclinava para a visão de Agostinho da natureza como simbólica. 
Ao longo da Idade Média latina, surgiu um elaborado complexo de correspon-
dências simbólicas entre o céu e a terra que perdurou até a Renascença, com tudo 
na natureza se referindo a algo sagrado e eterno. No oriente grego, uma orienta-
ção mais imediatamente mística e sacramental em relação à natureza persistiu. 
Filosoficamente, esse misticismo cósmico foi articulado pelo filósofo e teólogo 
bizantino São Máximo, o Confessor (580–662 d.C.), que viu o eterno Logos mi-
rado por uma infinidade de logoi individuais, possuídos por cada folha, galho e 
seixo, fornecendo, assim, um princípio intuitivo ou noético de inteligibilidade e 
significado eterno para cada ser individual (FOLTZ, 1995). 
Simeão, o Novo Teólogo (949–1042 d.C.), desenvolveu, talvez, a visão medie-
val mais abrangente do cosmos como teofania — isto é, manifestação de Deus 
—, defendendo a visão de que a humanidade se destina a exercer um sacerdócio 
cósmico, consagrando a natureza por meio da contemplação do divino que opera 
dentro de cada um. 
Na Idade Média, Ibn Khaldûn (1332–1406 d.C.), um filósofo islâmico, espe-
culou sobre a influência do meio ambiente na história humana. Em sua influente 
obra Muqaddimah, descreveu as zonas climáticas da Terra e atribuiu as caracte-
rísticas dos grupos humanos à influência ambiental. Sua teoria ambiental mais 
original diz respeito à influência do deserto sobre os beduínos do Norte da África, 
cuja vida vigorosa os impedia de ficarem obesos, fortalecia-os contra a fome e os 
tornava mais autossuficientes do que os habitantes da cidade. Os habitantes das

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