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Autor: Prof. Welliton Donizeti Popolim Colaboradoras: Profa. Mônica Teixeira Profa. Carolina Kurashima Administração de Unidades de Alimentação e Nutrição Professor conteudista: Welliton Donizeti Popolim Graduado em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (1993). Mestre (2004) e doutor (2009) em Nutrição Humana Aplicada pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades da Universidade de São Paulo. Tem especialização em Qualidade de Alimentos pelo Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos (2001). Especialista em Alimentação Coletiva pela Associação Brasileira de Nutrição (2006). LSM (Leadership Strategic Management) manager pela Keymind Liderança e Gestão (2007). Professor titular da Universidade Paulista desde 2009. Professor convidado em cursos de extensão e pós-graduação de várias instituições de ensino. Consultor e assessor em empresas do setor alimentício desde 1994. Revisor da Food Additives and Contaminants desde 2006, da revista Nutrição Profissional (2007), da revista Nutrire (2009), dentre outras publicações da área. Destaque profissional na área de cadeia de produção, indústria e comércio de alimentos pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região SP/MS, em 2018. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P829a Popolim, Welliton Donizeti. Administração de Unidades de Alimentação e Nutrição / Welliton Donizeti Popolim. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 324 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Avaliação. 2. Planejamento. 3. Tendências. I. Título. CDU 613.2.008 U512.38 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Irana Magalhães Elaine Pires Vera Saad Sumário Administração de Unidades de Alimentação e Nutrição APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS (MATERIAIS, PATRIMONIAIS, DE CAPITAL, HUMANOS E TECNOLÓGICOS) ....................................................................................................................... 13 2 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLYCHAIN MANAGEMENT) E LOGÍSTICA EM SA OU UAN .......................................................................................................................... 21 2.1 Política de compras ............................................................................................................................. 22 2.2 Fornecedores .......................................................................................................................................... 24 2.3 Comprador .............................................................................................................................................. 26 2.4 Compras ................................................................................................................................................... 26 2.5 Solicitação ao fornecedor ................................................................................................................. 31 2.6 Teste de rendimento ............................................................................................................................ 33 2.7 Cálculos dos componentes básicos dos cardápios ................................................................. 35 2.8 Índices ....................................................................................................................................................... 36 2.9 Previsão quantitativa de gêneros .................................................................................................. 41 2.10 Compras e recebimento .................................................................................................................. 46 2.11 Recepção e armazenamento de mercadorias ......................................................................... 50 2.12 Estocagem da matéria-prima e outros materiais ................................................................. 51 2.13 Requisição à despensa, almoxarifado ou estoque ............................................................... 53 3 GESTÃO DE ESTOQUE EM SA OU UAN .................................................................................................... 54 3.1 Inventário ................................................................................................................................................ 57 3.2 Elementos da política de estoque e níveis de estoque ......................................................... 59 3.3 Avaliação dos estoques e métodos de movimentação ......................................................... 66 3.3.1 Avaliação pelo método do preço ou custo médio..................................................................... 67 3.3.2 Avaliação pelo método PEPS ou FIFO ............................................................................................. 72 3.3.3 Avaliação pelo método UEPS ou LIFO ............................................................................................ 73 3.3.4 Método ABC de controle de estoque .............................................................................................. 75 3.3.5 Classificação XYZ .................................................................................................................................... 80 3.3.6 Nível de criticidade ................................................................................................................................ 81 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E GESTÃO DE CUSTOS EM SA OU UAN .................................... 82 4.1 Tipos de custos ...................................................................................................................................... 90 4.2 Instrumentos para controle de custos ......................................................................................... 96 4.3 Avaliação do custo percentual dos componentes do cardápio ......................................... 99 4.4 Custos da refeição ..............................................................................................................................100 4.4.1 Custo da mercadoria comprada (CMC) ........................................................................................100 4.4.2 Custo da mercadoria vendida (CMV) ............................................................................................101 4.4.3 Custo da matéria-prima.....................................................................................................................102 4.4.4 Custos de mão de obra .......................................................................................................................1034.4.5 Custos diversos ......................................................................................................................................106 4.5 Fatores que interferem nos custos ..............................................................................................109 4.6 Planejamento de custos ..................................................................................................................110 4.7 Previsão de custos ou budget .......................................................................................................112 4.8 Faturamento ou receita ou venda ...............................................................................................115 4.9 Lucro ........................................................................................................................................................120 4.10 Ponto de equilíbrio (PE) .................................................................................................................121 4.11 Formação do preço de venda ......................................................................................................122 4.12 Apuração dos resultados ..............................................................................................................127 4.12.1 Apuração do custo por unidade refeição (peso padrão) ou custo pelo método da ponderação ou clássico ..........................................................................................................131 4.13 Resultado ............................................................................................................................................133 4.14 Fluxo de caixa ....................................................................................................................................134 Unidade II 5 PERDAS E SUSTENTABILIDADE EM SA OU UAN ................................................................................141 5.1 Desperdício ............................................................................................................................................143 5.2 Ações para evitar o desperdício nas etapas do processo ...................................................147 5.3 Sobras e restos .....................................................................................................................................151 5.3.1 Sobra ......................................................................................................................................................... 152 5.3.2 Resto ......................................................................................................................................................... 153 5.3.3 Método do ticket ................................................................................................................................. 157 5.4 Sustentabilidade na produção de refeições ............................................................................160 5.5 Gestão ambiental e produção mais limpa (P+L) ...................................................................181 5.6 Logística reversa..................................................................................................................................185 5.7 Alimentação saudável e sustentável ..........................................................................................187 6 PLANEJAMENTO DE CARDÁPIOS EM SA OU UAN ............................................................................193 6.1 O papel da alimentação no trabalho e o programa de alimentação do trabalhador (PAT) .................................................................................................................................193 6.2 NdpCal ....................................................................................................................................................196 6.3 Planejamento e confecção de cardápios ..................................................................................198 6.4 Regras de elaboração de cardápios .............................................................................................205 6.5 Etapas para a elaboração dos cardápios ...................................................................................212 6.6 Receituário padrão ............................................................................................................................218 6.7 Avaliação qualitativa das preparações do cardápio (AQPC) .............................................224 6.8 Engenharia de cardápio ...................................................................................................................226 6.9 Gestão da produção e distribuição: atividades durante a produção e distribuição de refeições .........................................................................................................................232 6.10 Avaliação da produção ..................................................................................................................232 6.10.1 Avaliação dos processos ................................................................................................................. 233 6.10.2 Padronização ....................................................................................................................................... 234 6.10.3 Avaliação de resultados .................................................................................................................. 234 6.11 Lactário .................................................................................................................................................238 Unidade III 7 TENDÊNCIAS EM GASTRONOMIA ...........................................................................................................246 7.1 Gastronomia sustentável ................................................................................................................247 7.2 Slow food...............................................................................................................................................249 7.3 Raw food................................................................................................................................................250 7.4 Gastronomia funcional ....................................................................................................................251 7.5 Comfort food .......................................................................................................................................251 7.6 Fusion food ...........................................................................................................................................252 7.7 Street food ............................................................................................................................................253 7.8 Finger food ............................................................................................................................................253 7.9 Gastronomia molecular ...................................................................................................................254 7.10 Gastronomia hospitalar .................................................................................................................255 8 MARKETING E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................................256 8.1 Marketing ..............................................................................................................................................256 8.1.1 Marketing e seus compostos (4 Ps) .............................................................................................. 260 8.2 Processo de marketing .....................................................................................................................269 8.3 Marketing de relacionamento .......................................................................................................2718.4 Metas e meios para fidelizar clientes .........................................................................................273 8.5 Atendimento e satisfação do cliente .........................................................................................273 8.6 Aceitabilidade das refeições com base na opinião da clientela ......................................275 8.7 Empreendedorismo ............................................................................................................................279 8.8 Características do empreendedor ................................................................................................281 8.9 Processo empreendedor nos novos negócios .........................................................................282 8.10 Análise da oferta e demanda ......................................................................................................284 8.11 Análise de viabilidade e das condições de operações e de mercado de um SA ou UAN ............................................................................................................................................285 8.12 Empresas concorrentes e seus diferenciais ...........................................................................289 8.13 Análise Swot ......................................................................................................................................290 8.14 Planejamento estratégico ............................................................................................................295 8.15 Plano de negócios ...........................................................................................................................300 8.16 Sistemas de informação em SA ou UAN ................................................................................303 9 APRESENTAÇÃO A administração é uma ciência antiga que, atualmente, configura-se quase como um estado da arte para quem assume a gestão de um negócio, independentemente do tamanho, seja uma barraca de feira ou uma grande corporação multinacional. É importante lembrarmos que administrar é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz através das pessoas, por meio do processo de delegação. Assim, a administração é o ato de trabalhar com e por meio de pessoas para fazer com que os objetivos e metas da organização sejam atingidos. Já a organização é qualquer empreendimento estruturado e constituído para um determinado fim, não importa o ramo de atividade, a constituição legal ou a finalidade. E a empresa, por sua vez, é uma organização social constituída por uma ou mais pessoas, com a finalidade de prestar serviços à comunidade seja por meio de produtos e/ou serviços. Tem como objetivo a obtenção de lucros, que são a garantia de sua sobrevivência. Vivemos em uma sociedade institucionalizada, composta por organizações e empresas com diferentes atuações, produtos e serviços. As atividades são cada vez mais interligadas, formando uma cadeia produtiva de bens e serviços que requer pessoas competentes e com uma visão ampla sobre todos os níveis hierárquicos. O nutricionista, quase sempre, assume posição tática na hierarquia da organização ou empresa e precisa ter domínio da administração para gerenciar todo e qualquer tipo de serviço de alimentação (SA), sejam unidades produtoras de refeições (UPR) ou unidades de alimentação e nutrição (UAN). Por se tratar de profissional de saúde, sua atuação inclui elementos mais específicos ainda, principalmente quando assume a responsabilidade técnica (RT) pela unidade operacional. Destacam-se, assim, os seguintes objetivos da disciplina: • Proporcionar conhecimentos básicos de planejamento, gerenciamento e organização no processo de administração de uma unidade de alimentação e nutrição, levando em consideração os aspectos de legislação, custos, políticas de compras, desperdícios e proteção ao meio ambiente, sem perder de vista o conceito de sustentabilidade e a qualidade do produto e do serviço oferecido. • Apresentar o planejamento de cardápios institucionais, de acordo com as leis da alimentação e considerando as recomendações nutricionais propostas pelo programa de alimentação do trabalhador (PAT), mantendo a atenção no que diz respeito ao perfil do comensal, seus hábitos alimentares e à região que a unidade está inserida. • Apresentar e discutir o marketing e o empreendedorismo como oportunidades de ampliação e desenvolvimento de produtos, bem como de melhoria nos serviços e no atendimento ao cliente. • Desenvolver senso crítico para a análise e gestão de resultados. 10 Dessa forma, almeja-se desenvolver as seguintes competências: • Planejar, gerenciar e avaliar SA ou UPR e UAN, visando à manutenção e/ou melhoria das condições de saúde de coletividades sadias e enfermas. • Avaliar os processos operacionais, administrativos e gerenciais de um SA ou UPR e UAN, otimizando os recursos disponíveis e visando a qualidade do produto e do serviço oferecidos. • Identificar e valorizar os aspectos referentes à sustentabilidade e ao consumo de alimentos, incorporando esses valores no SA ou UPR e UAN. INTRODUÇÃO Para melhor compreensão e entendimento, dividimos este livro-texto em três unidades. Na unidade I, serão abordados os seguintes temas: • Administração de recursos: materiais, patrimoniais, de capital, humanos e tecnológicos. • Administração de recursos materiais: logística e suprimentos em UAN, previsão de compras, política de compras, normas para aquisição de gêneros alimentícios e materiais, critérios para seleção de fornecedores, controle de recebimento/estoque, técnicas de armazenamento. • Estoque mínimo, médio e máximo; ponto de pedido; métodos de controle de estoque (preço médio, PEPS e UEPS), curva ABC. • Administração financeira em UAN (tipos de custos, componentes de custo de refeição, CMV, preço de venda, ponto de equilíbrio); administração financeira em UAN (apuração diária de custos, margem de lucro, balancete mensal, budget). Na unidade II, veremos: • Desperdício, sobras e resto; controle de distribuição de refeições; técnicas para o controle de aceitabilidade das refeições; sustentabilidade no sistema alimentar. • PAT e NdpCal; planejamento de cardápios (tipos, frequência de gêneros no cardápio, adequação de cardápios às diferentes atividades, per capita de gêneros alimentícios, receituário padrão, fatores que influem na confecção de cardápios); planejamento e elaboração de cardápios (UAN hospitalar, institucional e industrial); planejamento e elaboração de cardápios: restaurante comercial, eventos, coquetéis, eventos de massa, catering aéreo, hotéis. Lactário. 11 E, por fim, na unidade III: • Tendências em gastronomia (fusion food, slow food, comfort food, entre outras) e seu impacto na administração de UAN. • Marketing em serviços de alimentação e atendimento ao cliente. Empreendedorismo e plano de negócios. Apesar de a disciplina ter como enfoque os SA ou UPR e UAN, é importante que o nutricionista, para empreender nos diversos segmentos de atuação ou mesmo para gerir qualquer empreendimento, tenha a capacitação necessária para planejar os recursos, organizá-los e administrá-los. Em uma época na qual as transformações acontecem cada vez mais rápidas, precisamos estar preparados para nos adaptar rapidamente e, para isso, é importante ter conhecimento, habilidade e atitude, a fim de não perder em competitividade e garantir as melhores oportunidades. O objetivo desta disciplina é fornecer ao aluno conhecimentos que o capacitem a entender, analisar e gerenciar materiais e custos, na estruturação de cardápios de instituições públicas e privadas, relacionando com o contexto social, econômico, cultural, político e ambiental. Por definição, o nutricionista é um profissional com formação humanista e crítica, que considera a segurança alimentar,a atenção dietética e dietoterápica, capacitado a atuar em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apresentem como fundamentais para apromoção e a manutenção da saúde. Os desafios do nutricionista na estratégia da gestão empresarial são: • Analisar continuamente o ambiente (macro e micro) para integrar-se às estratégias mercadológicas da instituição, da empresa, do negócio, do consultório ou de qualquer outro empreendimento. • Estimular-se a pensar, continuamente, de forma criativa, permitindo que a ampla bagagem adquirida durante a formação possa ser utilizada em todas as oportunidades de contato direto com o consumidor, amplificando o papel educacional da nutrição, imprescindível no cenário atual. 13 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Unidade I 1 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS (MATERIAIS, PATRIMONIAIS, DE CAPITAL, HUMANOS E TECNOLÓGICOS) A globalização promoveu a intensificação das relações sociais em escala mundial, ligando localidades distantes, fazendo com que eventos locais sejam modelados por acontecimentos que estão ocorrendo em lugares longínquos, e isso aparece como pano de fundo para todas as mudanças que vêm ocorrendo. Apesar de ser, muitas vezes, encarada como um processo econômico, a globalização interfere em todas as áreas da sociedade, incorporando os povos do mundo inteiro em uma única sociedade global. Com a economia cada vez mais globalizada e altamente concorrente, as companhias têm encarado descontinuidades e expectativas muitas vezes contraditórias (fornecedores, clientes, acionistas) que exigem uma gestão organizacional muito mais eficiente e eficaz do que no passado. Trata-se de gerenciar essas mudanças organizacionais de forma que as corporações estejam preparadas para enfrentar tais descontinuidades e expectativas de forma instantânea, maleável e que proporcione ganhos a todos os envolvidos. O mundo está em um processo de mudanças constantes e, por conta disso, a tecnologia, as maneiras de pensar, as pessoas, as empresas, as formas de viver e de fazer negócios ganham novos contornos. A turbulência e a incerteza que caracterizam o mundo atual dos negócios impõem enormes e constantes desafios às organizações. À medida que esses desafios aumentam, também aumenta, desproporcionalmente, a necessidade de inovações e de um bom planejamento estratégico. As organizações estão sofrendo fortes pressões competitivas, o que as obriga a manter-se em um contínuo processo de alerta, adaptação e ajuste às mutáveis condições ambientais, caso queiram manter sua sustentabilidade. 14 Unidade I Figura 1 – O caminho da comida Disponível em: https://bit.ly/3wrwYgq. Acesso em: 25 maio 2021. As atividades das organizações e/ou empresas são desenvolvidas por meio de recursos humanos, físicos, materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, entre outros. Para sobreviver e crescer no mundo dos negócios, não basta a melhoria contínua dos processos. É preciso reinventá-los, fazer novas combinações, mudar paradigmas, rever os padrões éticos, quebrar barreiras antigas da desconfiança, buscar formas de trabalho que permitam competir em um mercado cada dia mais inteligente e ágil, sem deixar de atender a três requisitos essenciais: • satisfazer consumidores cada dia mais exigentes; • atender às posturas ecológicas; • tornar as empresas mais lucrativas a cada dia. O mercado de alimentação vem crescendo constantemente, isto graças a alguns acontecimentos mundiais, como a redução do tempo disponível das pessoas, maior oferta e variedade de produtos 15 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO e serviços, ganhos de produtividade repassada aos consumidores, maior foco no consumidor, o que permite produtos mais adequados às necessidades individuais e marcas globais que indicam tendências e criam necessidades, dentre outros fatores (PAYNE-PALACIO; THEIS, 2014). A administração de recursos escassos tem sido a grande preocupação de todos que estão ligados às atividades produtivas, seja na produção de bens tangíveis, como as refeições de um SA, ou na prestação de serviços, que também acontece em estabelecimentos produtores de refeições que contam com o atendimento como diferencial, em muitos casos (OLIVEIRA; SILVA, 2016). Lembrete Administrar é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz através das pessoas por meio do processo de delegação. Assim, a administração é o ato de trabalhar por meio de pessoas, fazendo com que os objetivos e metas sejam atingidos para a organização e para os seus membros. A organização é qualquer empreendimento estruturado e constituído para um determinado fim, não importando o seu ramo de atividade, a sua constituição legal ou sua finalidade. A empresa é uma organização social constituída por uma ou mais pessoas, com a finalidade de prestar serviços à comunidade seja por meio de produtos ou de serviços. Tem a obtenção de lucros como objetivo. As empresas têm cinco tipos de recursos que precisam ser administrados e gerenciados. São eles: materiais, patrimoniais, de capital ou financeiros, humanos e tecnológicos. Os recursos materiais, o mais importante para a área de produção de refeições, serão nosso enfoque nesta disciplina. Recursos Materiais Patrimoniais Capital Humanos Tecnológicos Figura 2 – Recursos à disposição da organização ou empresa Fonte: Martins e Alt (2009, p. 4). Observação Recurso é tudo aquilo que gera ou tem a capacidade de gerar riqueza. 16 Unidade I A administração dos recursos materiais engloba a sequência de um ciclo de operações. É a parte da administração que deve suprir a instituição do necessário para o funcionamento do SA ou da UAN. Clientes Sinal de demanda Identificar fornecedor Comprar materiais Transportar Transporte Expedição Armazenagem do produto acabado Movimentação interna Recebimento de armazenagem Figura 3 – Ciclo de administração de materiais Fonte: Martins e Alt (2009, p. 5). As principais funções da administração de materiais são: • classificação dos materiais; • normalização e padronização dos materiais (padrão de identidade e qualidade – PIQ); • aquisição de materiais (compras); • inspeção de qualidade (recebimento); • movimentação de materiais; • armazenamento; • gestão de estoques. Na área de produção de refeições, é possível entender o ciclo de operações dos recursos materiais através da análise de um macrofluxo, que abrange do planejamento até a análise dos resultados. 17 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Planejamento de cardápio Compras Produção cadenciada Recebimento / controle de estoque Análise de custos Porcionamento Sobra / resto Tomada de ação Estoque trancado Requisição de mercadorias Baixa diária de estoque Desperdício (IPC/FC e IC) Figura 4 – Macrofluxo do ciclo de operações dos recursos materiais em SA ou UAN O departamento de compras é o setor responsável pela aquisição de ingredientes em quantidades suficientes para compor o cardápio e também pela aquisição de todos os outros produtos que são necessários para o funcionamento de produção de uma empresa. Este setor compõe o quadro administrativo da empresa, sendo que toda a matéria-prima deve atender aos requisitos de qualidade e ter custo acessível. O comprador tem a função de equilibrar os custos financeiros com a qualidade da mercadoria adquirida, para que se tenha um produto final que agrade a sua clientela e também produza lucratividade. É necessário realizar pesquisa de preço e de qualidade das mercadorias com diferentes fornecedores, portanto, este departamento deve ter material para formulários de cadastro de fornecedor, que identifique a sua logística de negociação, de transporte, condições de entrega, prazos, condições e valores do produto, assim como sua marca de qualidade, descrição de quantidade e volume, além de informativocom data de vencimento e temperatura do insumo, idealizando assegurar a boa gestão da compra. O gestor deve averiguar padrões de qualidade no ato de recebimento da matéria-prima. Para isso, se faz necessário o uso de formulário de recebimento que contenha informação sobre regulamentos de adequação de produto e de nota fiscal de conferência para o SA ou UAN, estando entre estes o aspecto físico, valor unitário/quantidade, data de vencimento, embalagem, volume e temperatura. A etapa de armazenamento é tão importante quanto a de recebimento e deve ser realizada com atenção, respeitando os aspectos físicos de acomodação. Essa etapa deve ocorrer de imediato, de acordo com a característica padrão de cada classe alimentícia, para garantir a segurança alimentar nas demais etapas, pois ambas conferem risco de contaminação ou deterioração do produto, exigindo mão de obra capacitada para desenvolvê-la. 18 Unidade I A gestão de custos é essencial para o bom funcionamento de uma UPR, visto que sua função é de analisar os gastos da produção e comercialização, assegurando a qualidade e o andamento da empresa, assim como o retorno financeiro. Deste modo, o gerenciamento dos custos pode comparar despesa e receita da empresa, garantindo que a demanda de produção esteja sendo atendida sem gerar prejuízos financeiros (desperdício de matéria-prima, descartáveis, mão de obra e outros), e ainda permite visualizar se os custos de produção estão coerentes com o valor atribuído para venda. A administração de materiais em SA ou UAN pode ser desmembrada em: • política de compras; • cálculo dos componentes básicos dos cardápios; • recebimento da matéria-prima; • estocagem da matéria-prima; • requisições; • gerência econômica do estoque; • atividades durante a produção e distribuição de refeições; • avaliações. E tem relação com vários aspectos, dentre eles: • planejamento de cardápios; • frequência das preparações dos cardápios; • padrão contratual; • variações do mercado fornecedor; • sazonalidade; • harmonia da refeição; • variação dos produtos, como os proteicos (bovinos, aves, suínos, peixes); • receitas padronizadas; • produtividade da mão de obra versus equipamento e outros recursos disponíveis; • padrão e complexidade em dias especiais, como finais de semana, feriados, datas comemorativas; • previsão de redução ou aumento no número de refeições. 19 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Ambiente externo Sistema de gerenciamento de operações Participação do cliente e do fornecedor Informações sobre o desempenho Entradas: - Operários - Gerentes - Equipamentos - Fábricas - Materiais - Terreno - Energia Saídas: - Bens - Serviços Operações e transformações 1 2 5 4 3 Figura 5 – Sistema de operações Fonte: Martins e Alt (2009, p. 22). A gestão integrada dos processos do negócio, desde o consumidor ou usuário final, até o fornecedor da matéria-prima básica, incluindo os serviços e informações que agregam valor aos membros da cadeia, é condição essencial para a sua manutenção e para a entrega de um alimento de qualidade, seguro, saudável e sustentável (CÂNDIDO, 2009). Fábrica Fluxo de informação Armazenamento Armazenagem Clientela Transporte Transporte Transporte Transporte Vendedores/plantas/portos Figura 6 – Cadeia de suprimentos imediata da empresa Fonte: Ballou (2006, p. 30). 20 Unidade I Fluxo de mercadorias Fluxo de informações Suprimentos Distribuição física ProdutorFornecedor Consumidor Figura 7 – Cadeia de suprimento genérica: segmento e principais atividades Fonte: Barbieri e Machline (2012, p. 9). Imagine ser o responsável por todo o setor de compras de suprimentos de uma empresa que utiliza mais de 10.000 itens diferentes na fabricação de seus produtos, sendo que a eventual ausência de um único item poderia interromper a produção trazendo grandes prejuízos. Por outro lado, um grande volume de estoque seria inaceitável, tendo em vista o custo financeiro em uma economia que possui altas taxas de juros. E, para finalizar o quadro, os suprimentos são produzidos por mais de 1.000 fornecedores geograficamente dispersos. Como resolver essa equação? Por meio do planejamento e controle eficazes de materiais, que permitirão garantir a qualidade e quantidade da refeição produzida. O processo de administração de suprimentos é dinâmico e complexo, envolve várias etapas e uma grande quantidade de informações e de tomada de decisões. Sob o ponto de vista da produção, a finalidade do setor de suprimentos é alimentar seu fluxo, de forma contínua e uniforme, evitando interrupções. Em todas as etapas ocorrem diversas tarefas específicas, que precisam ser conjugadas e acontecer de forma interligada e criteriosa (CHOPRA; MEINDL, 2016). Fragmentação de atividades até 1960 Previsão de demanda Compras Planejamento de necessidades Planejamento da produção Estoque de fabricação Armazenagem Manuseio de materiais Embalagem Estoque de produtos acabados Planejamento da distribuição Processamento de pedidos Transporte Serviços ao consumidor Planejamento estratégico Serviços de informação Marketing/vendas Financeiro Compras/ gerenciamento de materiais Distribuição física Logística Integração de atividades - 1960/2000 2000 + Gerenciamento da cadeia de suprimentos Figura 8 – Evolução da logística para cadeia de suprimentos Fonte: Ballou (2006, p. 30). 21 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO A logística e administração de suprimentos não se relacionam somente com o fluxo diário entre vendas e compras, mas com a relação lógica entre cada integrante desse fluxo. Erros na administração dessa logística podem causar reposição irregular da matéria-prima, quantidades maiores de estoque sem alterações de consumo, falta de espaço de armazenamento e mudanças de cardápio por falta de matéria-prima. 2 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLYCHAIN MANAGEMENT) E LOGÍSTICA EM SA OU UAN Figura 9 – Trajeto tradicional dos alimentos Disponível em: https://bit.ly/2RCPjs8. Acesso em: 8 jun. 2021. 22 Unidade I Figura 10 – Trajeto ideal dos alimentos Disponível em: https://bit.ly/2RzmVHg. Acesso em: 8 jun. 2021. 2.1 Política de compras A política de compras é o conjunto de estratégias administrativas adotadas para atender o abastecimento dos gêneros e/ou utensílios do SA ou da UAN. Essas atividades devem ser planejadas pelo nutricionista e estabelecidas através de normas para a sua operacionalização. Compreende a fixação dos critérios para: • escolha dos fornecedores; • definição da periodicidade do abastecimento; • previsão de compras; • sistematização das requisições da recepção; • armazenamento das mercadorias. 23 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO O fornecedor comercializa o produto O comprador retorna fluxos reversos ao fornecedor ou a terceiros O comprador faz o pedido O comprador recebe o suprimento O fornecedor recebe o pedido O fornecedor atende ao pedido Figura 11 – Ciclos de processo da cadeia de suprimentos Fonte: Chopra e Meindl (2016, p. 9). A política de compras dependerá do que for resolvido pela empresa, e a pessoa responsável pelo serviço deverá mostrar as vantagens de sua escolha para a aquisição, o armazenamento e a produção. Entretanto, tudo ficará sujeito a diversos fatores, como: • localização próxima a centros de abastecimentos; • facilidade de transporte; • disponibilidade financeira e de espaço para um bom armazenamento dos produtos. Seleção de materiais O que comprar? Compras De quem comprar? Como comprar? Armazenagem Como guardar e distribuir aos solicitantes Gestão de estoques Quanto e quando comprar? Figura 12 – Administração de materiais: família de atividades Fonte: Barbieri e Machline (2012, p. 25). 24 Unidade I 2.2 Fornecedores O fornecedor é um dos itens de fundamental importância para garantir a qualidade final do produto, estando fortemente associado aos processos de produção.Os principais critérios de escolha dos fornecedores, além da qualidade, são o prazo, a pontualidade de entrega, as condições de pagamento, o atendimento, a flexibilidade e o preço. A escolha do fornecedor deve ser cuidadosa e feita a partir da comparação do preço de, no mínimo, três fornecedores do mesmo produto e marca, para garantir que todos tenham idoneidade reconhecida, preços justos e competitivos. Quadro 1 – Avaliação de fornecedores Item Pontuação Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor 3 Fornecedor 4 Atendimento Capacidade de entrega Condições de pagamento Facilidade de acesso Garantia dos produtos Localização Lote mínimo de compra Pontualidade na entrega Preço Qualidade do produto Relacionamento Idoneidade Flexibilidade comercial Total de pontos 1 Regular Responsavél pelas avaliações: 2 Bom Data da avaliação: 3 Muito bom Observações: Fonte: Magnée (2005, p. 29). O SA ou a UAN podem ter inúmeros fornecedores para os principais gêneros: • carnes e derivados; • laticínios; • hortifrutigranjeiros; • estocáveis (latarias, cereais); • outros, como material de limpeza, de higiene pessoal, descartáveis, uniformes etc. 25 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Os itens a serem considerados durante a escolha do fornecedor são: • condições de abastecimento. Para isso, recomenda-se que o nutricionista efetue uma visita técnica ao fornecedor; • idoneidade; • capacidade real de fornecimento; • localização em relação à UAN; • prazos e pontualidade de entrega; • quantidade dos produtos; • qualidade dos produtos; • preços e condições de pagamento; • veículos utilizados na entrega; • acondicionamento das mercadorias; • ficha cadastral com endereço, telefone, pessoa de contato e número de cotações que participou. Quadro 2 – Ficha cadastral de fornecedor Razão social: Código: CNPJ: Inscrição estadual: CCM: CEP: Endereço: Cidade: Site: E-mail: Telefones: Ramal: Contato: Celular: Formas de pagamento: Prazo médio de entrega: Cobrança: Principais produtos comercializados: Últimas compras: Observações e anomalias: Fonte: Magnée (2005, p. 30). 26 Unidade I O fornecimento da matéria-prima de qualidade é de extrema importância, pois deve ser considerado como pré-requisito para a aquisição de gêneros. Posto que, se não atender às especificações rigorosamente estabelecidas, pode comprometer a qualidade do produto final. Por isso, há a necessidade de estabelecer um sistema criterioso de compra e recebimento da matéria-prima, a fim de manter a padronização dos cardápios elaborados, baseados nas leis clássicas da alimentação (qualidade, quantidade, harmonia e adequação) e, certamente, o acompanhamento da aceitação destes. 2.3 Comprador O comprador deve ter as seguintes habilidades técnicas: definir, quantificar, especificar a matéria-prima, identificar o fornecedor e reconhecer as características de armazenamento. Deve possuir organização administrativa quanto aos instrumentos de controle e avaliação e ter um relacionamento ético. Suas funções são: • certificar-se de que o material comprado está de acordo com o material solicitado; • entrar em contato com os setores que vão utilizar o material ou serviço a ser adquirido, obtendo informações técnicas sobre o bem ou serviço; • cadastro de fornecedores, com pesquisa, avaliação, indicação e desempenho de fornecedores, com acompanhamento de preços. Ainda com relação ao comprador de alimentos de um SA ou de UAN, este deve ser qualificado para a função, fazer visita técnica ao fornecedor, atender às exigências fiscais e estabelecer claramente o padrão de qualidade que seu cliente exige, pois não se pode cobrar dos consumidores preço alto e comprar matérias-primas que não sejam condizentes com o valor cobrado, da mesma forma que não é correto preferir preços baixos se o produto for de qualidade. Produtos ditos como baratos, a depender das perdas que ocorrem no pré-preparo, podem custar caro. É necessário comparar sempre os preços dos produtos entre os fornecedores da mesma marca, pois o preço varia muito de uma marca para a outra, assim como a qualidade e a rentabilidade. 2.4 Compras O cardápio dita as necessidades operacionais, e é o comprador que procura fornecedores que possam supri-las. Após localizar o produto certo, é preciso investigar quais são os fornecedores disponíveis, buscando aqueles que possam satisfazer às suas necessidades. 27 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 1 – Solicitação de compras Data: Setor: Solicitante: Número: Códígo Estoque atual Mercadoria Quantidade Unid. Para ser usado em: Pedido de compra Autorizado por: Assinatura: Data: Fonte: Magnée (2005, p. 34). O nutricionista costuma ser o responsável por prever compras e deve considerar os seguintes aspectos: • disponibilidade financeira e política de suprimento da organização; • disponibilidade, oportunidade, tendências de preço; • o cardápio programado; • número de usuários previsto; • peso bruto, per capita dos alimentos; • margem de segurança (± 5%); • estoque mínimo (± 3 dias); • custo/objetivo; • espaço físico da área de estocagem; • sazonalidade; • frequência de utilização dos gêneros; • o espaço entre o recebimento da matéria-prima e sua efetiva utilização deve ser igual ao tempo de vida útil de prateleira, evitando perdas; • estimativa da quantidade existente no estoque; 28 Unidade I • características da matéria-prima e padrão do cardápio; • disponibilidade e facilidade para a entrega dos gêneros pelos fornecedores. O processo de compras abrange desde o planejamento do cardápio, o recebimento da solicitação de compra (requisição) de material e/ou serviço, até o momento da efetiva entrega ou execução destes. Requisição de compra Pedido de cotação Pedido de compra Fornecedores Cotações Fornecedor Controle de estoque Recebimento Armazenagem Compras Cotação 1 Cotação 2 Cotação 3 Cotação n Cadastro de fornecedores NF Material Decisão Figura 13 – Fluxo de compras Fonte: Magnée (2005, p. 39). SimNão UAN Contas a pagar Pagamento Setor de compras Fornecedor Recebimento Gênero Estoque Produção Dedução do excedente de estoque Há excedente de estoque Pedido de compra Nota fiscal Requisição de material Figura 14 – Fluxo de compras adaptado ao SA ou UAN Fonte: Abreu, Spinelli e Pinto (2019, p. 128). 29 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Nota-se que a logística ideal para o funcionamento do setor de compras constitui-se da elaboração de valores per capita, ficha técnica de preparação (FTP) e planejamento de cardápio, identificando a quantidade, o fluxo de durabilidade e cada ingrediente na unidade. São elaborados formulários de levantamento de matéria-prima contida no estoque para que seja feito o cálculo do volume a se comprar, seguido da planilha de cotação de preço por fornecedores, identificando preço, prazo de entrega, marca do produto e seu volume/quantidade, condições de pagamento (FONSECA, 2017). Existem dois tipos de compras: • Descentralizada — maior rapidez nas compras, menor fluxo de informações, controle de compras menos complexo, aquisição de materiais mais apropriados; — compras em pequena quantidade podem ocasionar preço mais alto, maior dificuldade de planejamento, competição entre compradores. • Centralizada — economia de pessoal, materiais e instalações, melhores condições de compra e de padronização, maior especialização de pessoal, melhoria no planejamento e controles; — maiores dificuldades de adequação entre pedidos e recebimentos. Quantidade período Estoque Pedido Pedido programado– – – Figura 15 – Processo de compras Observação Os tipos de fretes são: CIF – cost, insurance and freight, ou seja, custo, seguro e frete por conta do vendedor. Quando a mercadoria vemdo CIF, o valor do frete já está incluso no preço da mercadoria e não fará parte dos cálculos. FOB – free on board, ou seja, posto a bordo. Neste caso, o frete ficará por conta do comprador, que terá um custo a mais para trazer esta mercadoria. 30 Unidade I As compras podem ser realizadas por várias estratégias. A concorrência pública é geralmente utilizada em instituições públicas. O processo licitatório tradicional vem sendo substituído pelos pregões eletrônicos, que funcionam como um leilão ao contrário, ou seja, os fornecedores participantes iniciam a negociação após a entrega da documentação, diminuindo o preço dos produtos/serviços em lances. Vence o pregão a empresa que oferecê-los pelo menor valor. A compra fechada é semelhante à concorrência pública, usada por empresas privadas. A cotação de preços é um processo mais comumente usado em SA, UPR ou UAN/UND. Neste processo, é realizada a cotação de preço de determinado produto de, no mínimo, dois ou três fornecedores pré-cadastrados. A escolha é realizada somente sobre o preço, já que o fornecedor cadastrado já passou por um processo de avaliação anterior. A compra segue o seguinte esquema: cardápio (quantidade necessária/nível de estoque) → definição do fornecedor → pedido de compras (levantamento de preços) → compra → recebimento. Tabela 2 – Cotação de preços Número: Item Qtde. Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor 3 Código Código Código Preço Cond. pgto. X Preço Cond. pgto. X Preço Cond. pgto. X Observações: Assinale com X os itens selecionados para compra em cada fornecedor Autorizado por: Data: Hora: Fonte: Magnée (2005, p. 36). Tabela 3 – Formulário para cotação de compras Gênero/quantidade Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor 3 Aprovado Açúcar 150 kg Fonte: Senac (2007, p. 100). 31 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Deve-se realizar a cotação dos gêneros a serem comprados com os fornecedores cadastrados pelo SA ou UAN. No momento da escolha do melhor preço, considerar também a qualidade da mercadoria, prazo de entrega e o tipo de parceria existente entre o SA ou UAN e o fornecedor. Ainda na concorrência, deve ser feita a cotação com, pelo menos, 2 ou 3 fornecedores, conforme indicado antes, para cada grupo de alimentos, ou mesmo diretamente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) ou das Centrais de Abastecimento (Ceasa). No processo de concorrência, considerar: • especificações bem feitas; • preço do dia ou preço por mês; • condições de pagamento; • substituição de gêneros em falta ou em alta por outros. E se for com a Ceagesp ou Ceasa, considerar: • prazo de pagamento (à vista, a prazo – influência no custo final da refeição); • compra no horário noturno. Em processo de compra, deve-se ter atenção com os seguintes aspectos, mesmo que o fornecedor já seja pré-selecionado ou tenha passado por outros processos: • solicitar uma amostra para testar rendimento, aceitação, paladar; • observar o controle e a garantia de qualidade; • verificar a ocorrência de fraudes, como a troca de produtos cárneos para diminuir o preço ou produtos com data de validade vencida. 2.5 Solicitação ao fornecedor A solicitação é feita por meio de formulário próprio, com número de vias que permita um controle eficaz do fornecimento em relação ao padrão de qualidade e data de entrega. Nos locais em que há obrigatoriedade de licitação, o formulário deve permitir o controle do preço e da quantidade das mercadorias contratadas no processo de licitação. A solicitação poderá ser mensal, quinzenal ou semanal, com entrega única ou parcelada, dependendo das particularidades de cada SA ou UAN. Esta solicitação poderá ser feita diretamente pelo SA ou UAN e/ou por outro setor da empresa, desde que sejam respeitadas as especificações do nutricionista. 32 Unidade I Tabela 4 – Pedido de compras Número: Data do pedido: Contato: Empresa: CNPJ: Inscrição: CEP: Endereço: Número: Bairro: Cidade: Estado: E-mail: Site: Telefone: Forma de pagamento: Prazo de entrega: Cobrança: Quantidade Unidade Descrição do produto Custo unitário Custo total Valor total Fonte: Magnée (2005, p. 38). Os impressos devem ser feitos em três vias, quando o processo for manual: uma vai para o fornecedor; outra para a recepção, que verifica o acerto da entrega; e a terceira para o arquivamento do gestor do SA ou da UAN. Há empresas que exigem uma via para a contabilidade. Os pedidos podem ser passados por telefone aos fornecedores, desde que sejam bem esquematizados. Neste caso, o pedido poderá ser elaborado em uma agenda, e os cuidados a serem tomados são: • conferir, com a pessoa que está recebendo o pedido, o que foi anotado; • colocar um visto identificando que o pedido foi solicitado, registrando de forma legível o nome de quem passou o pedido e de quem recebeu; • conferir sempre a data de entrega. Recomendações ao processo de compras, independente do tipo de SA ou UAN: • informar-se sobre os diversos tipos e qualidade das mercadorias disponíveis; • ao comprar mercadorias frescas compare com o preço das pré-processadas existentes no mercado; • comparar os preços, além da qualidade e do rendimento. Os itens mais baratos podem tornar-se mais caros, se o desperdício for excessivo; • comparar as compras feitas a varejo, por atacado e de contrato para ter certeza de que foi escolhido o melhor método para a organização; 33 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • examinar todos os possíveis fornecedores; • conservar a quantidade mínima de fornecedores. Sempre que possível, ter pelo menos dois fornecedores para cada grupo de mercadorias; • enviar os pedidos aos fornecedores com tempo suficiente; • requisitar as listas de preço tão frequentemente quanto possível e comparar os preços continuamente; • comprar as mercadorias perecíveis de acordo com a sazonalidade; • todas as entregas devem ser conferidas com os pedidos feitos em relação à quantidade, qualidade e preço; • certificar-se deque os recipientes vazios sejam estocados e devolvidos ao fornecedor, gerando créditos para seu serviço (reciclagem); • transferir rapidamente as faturas para o setor de pagamento; • manter bom relacionamento com os representantes comerciais para manter-se atualizado; • conservar catálogos atualizados; • organizar um painel de testes. 2.6 Teste de rendimento O teste de rendimento é importante para avaliar a qualidade da matéria-prima e controlar o custo da mercadoria vendida (CMV). Se a matéria-prima não atende determinadas especificações, pode ser necessário comprar/usar mais do que o esperado, aumentando os custos de produção com o uso de gêneros alimentícios (custo alimentar). Cintra (2016) realizou o teste de rendimento do salmão em 4 etapas: congelado (E1), descongelamento (E2), selagem com tratamento térmico brando (E3) e cocção a vácuo (sous vide) (E4). Observou-se que houve perdas que devem ser consideradas no gerenciamento do SA ou UAN, para evitar que ocorram desajustes entre o que foi planejado e o que será executado e avaliado em relação aos resultados na gestão de custos, por exemplo. 34 Unidade I 250 223,5 193 168,41 175,2 Peso E1 Peso E2 Peso E3 Peso E4 200 150 100 50 0 Figura 16 – Variação de peso do salmão nas etapas do teste de rendimento Fonte: Cintra (2016, p. 46). A) B) C) Figura 17 – A) Salmão congelado; B) Salmão cozido de forma branda; C) Salmão cozido em sous vide Disponível em: A) https://bit.ly/3yKRsCU; B) https://bit.ly/3cjazKL; C) https://cutt.ly/ynoD994. Acesso em: 25 maio 2021. 35 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Para o teste de rendimento dos alimentos podem ser utilizados vários índices, como o índice de descongelamento (ID), o índice de parte comestível (IPC) ou fator de correção (FC),o índice ou fator de cocção (IC ou FCç), o índice de absorção (IA) para água ou óleo e o índice de reidratação (IR) de alimentos, a fim de subsidiar a compreensão de sua aplicação na elaboração de fichas técnicas de preparação (FTP) e de listas de compras, fundamentais para o planejamento de cardápios. Por vezes, calcula-se também o fator de correção global (FCG). 2.7 Cálculos dos componentes básicos dos cardápios O valor energético total (VET) deve estar de acordo com a coletividade para qual o cardápio se destina e pode ser necessário realizar adaptações de acordo com a faixa etária e gênero, como, por exemplo, pacientes adultos, crianças, funcionários, acompanhantes, entre outros. A safra dos alimentos e a política de compras também precisam ser levadas em consideração. Os indicadores utilizados no preparo de alimentos possuem papel fundamental na previsão de compras e controle de custos de uma UAN. Per capita é a quantidade de cada alimento por pessoa para uma preparação ou cardápio e é calculado de acordo com o VET, o cliente e o tipo de preparação. A definição do per capita, além de garantir o equilíbrio dos cardápios, orienta na previsão de compras e requisições e funciona como um ótimo parâmetro para avaliar a cobertura da alimentação oferecida, sobretudo nos locais onde se oferecem refeições de único tipo e padrão. Saiba mais Existem várias tabelas de per capita que podem ser utilizadas como guia, até que se ajuste o per capita à realidade do SA ou UAN. Para conhecê-las, leia as obras indicadas a seguir: ARAÚJO, M. O. D.; GUERRA, T. M. M. Alimentos per capita. 2. ed. Natal: EDUFRN, 1995. CRISPIM, S. P. et al. Manual fotográfico de quantificação alimentar. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2017. Disponível em: https://bit.ly/343CgTj. Acesso em: 10 jan. 2021. CRISPIM, S. P. et al. Manual fotográfico de quantificação alimentar infantil. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3eTLebW. Acesso em: 10 jan. 2021. 36 Unidade I FILHO, A. A. B. Inquérito fotográfico. Campinas: Unicamp/Isacamp – Nutri, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3hyc0YP. Acesso em: 10 jan. 2021. PINHEIRO, A. B. V. et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. SOUZA, A. M.; BEZERRA, I. W. L. Guia fotográfico para análise do consumo alimentar de coletividades. Natal: EDUFRN, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3yhAOdL. Acesso em: 10 jan. 2021. TORRES, D. et al. Inquérito alimentar nacional e de atividade física. IAN – AF 2015-2016: manual fotográfico de quantificação de alimentos. Porto: Universidade do Porto, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3fjX8L4. Acesso em: 10 jan. 2021. 2.8 Índices A) Índice de parte comestível (IPC) ou fator de correção (FC) = relação entre o peso bruto (kg ou g) e o peso líquido (kg ou g), ou seja, PB/PL. O IPC é a perda que ocorre entre o alimento adquirido e o: • alimento após o pré-preparo e pronto para servir (saladas cruas e frutas); • alimento após o pré-preparo e pronto para passar para o processo de cocção (carnes e guarnições). Ou seja, refere-se às perdas inevitáveis que alguns alimentos sofrem pela remoção de cascas, sementes, talos, entre outros. Quando o IPC é = a 1,0, o alimento não sofreu perda; quando o IPC é > que 1,0, o alimento sofreu perda, e quando maior que 1,0, maior a perda. É possível expressar a perda em % da seguinte forma: Desperdício ou perda (%) = [1 - (PL / PB)] x 100 ou [(PB-PL) / PB] x 100 O IPC varia de acordo com: • tipo de alimento; • qualidade e grau de amadurecimento; • técnicas utilizadas no pré-preparo; 37 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • habilidade do operador; • fornecedor. B) Índice ou fator de cocção (IC ou FCç) = relação entre o peso cozido (kg ou g) e o peso cru (kg ou g), ou seja, Pcoz/Pcru (PL). O Pcru pode ser entendido como o PL. O IC é a perda ou ganho que ocorre no proceso de cocção. As perdas por cocção são decorrentes da ação do calor seco, úmido ou misto. Há perda de água ou retração das fibras de um alimento ou, ainda, hidratação. Se o alimento não ganha peso, IC = 1 Se o alimento ganha peso, como arroz, feijão, macarrão, IC > 1 Se o alimento perde peso, como carne assada ou grelhada, IC < 1 Os fatores determinantes do IC são: • método de preparo; • tempo e temperatura de cocção; • grau de subdivisão. Exemplo de aplicação Um nutricionista de uma UAN está planejando as compras de alimentos para um almoço, cujo cardápio está descrito a seguir, com os respectivos IPC, IC e porção para cada alimento: Salada de rúcula (IPC = 1,2; porção= 20 g) Arroz (IC = 2; porção = 120 g) Carne assada (IC = 0,7; IPC = 1,4; porção = 130 g) Cenoura refogada (IC = 0,65; IPC = 1,15; porção = 50 g) Abacaxi grelhado (IC = 0,75; IPC = 1,90; porção = 90 g) Assinale a alternativa que contém as quantidades corretas que o nutricionista deverá adquirir de cada alimento, considerando que o almoço será servido para 150 pessoas. 38 Unidade I A) Rúcula = 3,6 kg; Arroz = 9 kg; Carne = 39 kg; Cenoura = 13,27 kg; Abacaxi = 34,2 kg B) Rúcula = 2,5 kg; Arroz = 36 kg; Carne = 13,65 kg; Cenoura = 4,88 kg; Abacaxi = 10,13 kg C) Rúcula = 3,0 kg; Arroz = 18 kg; Carne = 27,86 kg; Cenoura = 5,61 kg; Abacaxi = 18 kg D) Rúcula =2,5 kg; Arroz = 36 kg; Carne = 19,9 kg; Cenoura = 10,03 kg; Abacaxi = 19,24 kg E) Rúcula = 3,6 kg; Arroz = 9 kg; Carne = 27,86 kg; Cenoura = 11,54 kg; Abacaxi = 25,65 kg Resolução A resposta correta para esse exemplo é a alternativa A. Veja, a seguir, como os cálculos foram feitos. Rúcula: IPC = PB / PL => 1,2 = PB / 20 g => PB = 20 g x 1,2 => PB = 24 g x 150 pessoas => PB = 3.600 g => PB = 3,6 kg Arroz: IC = Pcoz/PL => 2 = 120 g / PL => PL = 120 g / 2 => PL = 60 g x 150 pessoas => PL = 9.000 g => PL = 9 kg => como o arroz não tem IPC PL = PB => PB = 9 kg Carne: IC = Pcoz/PL => 0,7 = 130 g / PL => PL = 130 g / 0,7 => PL = 185,71 g IPC = PB / PL => 1,4 = PB / 185,71 g => PB = 185,71 g x 1,4 => PB = 260 g x 150 pessoas => PB = 39.000 g => PB = 39 kg Cenoura: IC = Pcoz/PL => 0,65 = 50 g / PL => PL = 50 g / 0,65 => PL = 76,92 g IPC = PB / PL => 1,15 = PB / 76,92 g => PB = 76,92 g x 1,15 => PB = 88,46 g x 150 pessoas => PB = 13.269 g => PB = 13,27 kg Abacaxi: IC = Pcoz/PL => 0,75 = 90 g / PL => PL = 90 g / 0,75 => PL = 120 g IPC = PB / PL => 1,9 = PB / 120,0 g => PB = 120,0 g x 1,9 => PB = 228 g x 150 pessoas => PB = 34.200 g => PB = 34,2 kg Se fôssemos calcular a porcentagem de perda de um desses alimentos, por exemplo, faríamos da seguinte maneira: Rúcula: desperdício ou perda = [1 - (PL / PB)] x 100 => Desperdício = [1 - (20 g/ 24 g)] x 100 => Desperdício = [1 - 0,83] x 100 => Desperdício = 0,17 x 100 => Desperdício = 17%. Dessa forma, para a rúcula um IPC de 1,2, nesta condição, significa 17% Desperdício ou perda = [(PB-PL) / PB] x 100 => Desperdício = [(24 g - 20 g) / 24 g] x 100 => Desperdício = [4 g / 24 g] x 100 => Desperdício = 0,17 x 100 => Desperdício = 17% 39 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO C) Fator de correção global (FCG) é a diferença entre o peso do alimento in natura e o peso do alimento pronto para servir ao usuário. É imprescindível para: • definir a quantidade de alimento in natura a ser comprado, considerando o que será perdido ao longo da produção; • comparar preços de alimentos in natura e alimentos adquiridos prontos para servir; • definir a quantidade de alimentos que será servida ao usuário, com base no peso in natura. Este fator está associado às etapas do processo produtivo, tais como: • Degelo: carne bovina, suína e frango perdem, em média, 5% no degelo e peixe 10%. • Armazenamento: quando inadequado ocorre por conta de perdas como folhas amareladas e queimadas pelo frio, partes estragadas. • Pré-preparo: considerar a retirada de gorduras, sebos, peles, ossos, nervos, talos, cascas, sementes, folhas e partes estragadas. • Cocção: considerar as perdas por forma decocção (assar, grelhar ou fritar). • Ossos: só considerar como perda, se a preparação servida for consumida sem eles. O FCG é composto pelo IPC e pelo IC. FCG = relação entre o peso do alimento adquirido e o peso do alimento pronto para servir. Nas preparações em que a água entra como hidratante do alimento, ela não é contabilizada no cálculo do FCG. Exemplo de aplicação Considere os seguintes dados. Produto: peito de frango congelado com osso Preparação: filé de frango grelhado Quantidade comprada: 90 kg Total de perdas: 4,5 kg de perda de degelo 40 Unidade I 25 kg de perda com pele e osso 14 kg de perda ao grelhar Defina o total e o percentual de perdas do peito de frango, a quantidade do alimento pronto para servir, o FCG e a quantidade de alimento a ser comprada (previsão de compra). A seguir, veja a resolução do exercício proposto: Total de perdas = perda no degelo + perda no pré-preparo + perda na cocção Total de perdas = 4,5 kg + 25 kg + 14 kg Total de perdas = 43,5 kg 90 kg - 100% 43,5 kg - x = 48,33% de perdas Quantidade do alimento pronto para servir = quantidade comprada - total de perdas (ou quantidade do alimento adquirido/FCG) Quantidade do alimento pronto para servir = 90 kg - 43,5 kg Quantidade do alimento pronto para servir = 46,5 kg FCG = peso alimento adquirido / peso do alimento pronto para servir FCG = 90 kg/46,5 kg FCG = 1,9355 ou 1,94 Quantidade a ser comprada = quantidade do alimento pronto para servir x FCG Quantidade a ser comprada = 46,5 kg x 1,9355 Quantidade a ser comprada (previsão de compra) = 90 kg Quantidade do alimento pronto para servir = quantidade do alimento adquirido/FCG Quantidade do alimento pronto para servir = 90 kg/1,9355 Quantidade do alimento pronto para servir = 46,5 kg 41 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Observação Adquirir em torno de 10% a mais como reserva é uma prática vantajosa, tendo em vista as várias causas que podem alterar o FCG, tais como o tempo e a temperatura de cocção, o excesso de limpeza das carnes e a qualidade da mercadoria recebida. 2.9 Previsão quantitativa de gêneros A previsão quantitativa de gêneros visa dimensionar a quantidade necessária de cada gênero a ser comprado, em função do cardápio, levando em conta o IPC, o IC, as sobras e os restos. Para esse cálculo, pode ser utilizado o indicador de previsão quantitativa de gêneros (IPQG). IPQG = (PB x número de refeições previstas x frequência) + margem de segurança (MS) (%) – estoque Onde: • PB (peso bruto) = peso líquido (PL) x indicador de parte comestível (IPC). • IPC ou fator de correção (FC) = PB/PL. • Frequência no cardápio = número de vezes que o alimento entra/consta no cardápio estabelecido, no período determinado (semanal, mensal). • MS = 5, 10, 20% do total obtido (depende de cada UAN, se a mesma for muito distante, por exemplo, a MS será maior): 5% normal; para local distante 10%. • E = quantidade de alimento existente no estoque. Tabela 5 – Formulário para planejamento de compras: previsão quantitativa de gêneros Gênero Per capita IPC PB Número de refeições Número de vezes de utilização Especificação da embalagem Quantidade a comprar Açúcar 20 g 1,0 20 g 80 4 Fardo 10 kg 64 fardos Fonte: Senac (2007, p. 101). 42 Unidade I Exemplo de aplicação Exemplo 1 Faça a previsão de coxão mole (bife) a ser comprado para uma UAN com as seguintes informações: PL = 130 g IPC = 1,2 Número de refeições/dia = 1.000 MS = 5% E = 0 Frequência do cardápio = 1 vez na semana Resolução IPC = PB / PL => 1,2 = PB / 130 => PB = 130 x 1,2 => PB = 156 g IPQG = (PB x no. ref. x frequência) + MS (%) – E IPQG = (156 g x 1.000 x1) + 5% - 0 IPQG = 156.000 g + 5% (de 156.000 g)– 0 IPQG = 156.000 g + 7.800 g – 0 IPQG= 163.800g IPQG = 163,8 kg/semana Exemplo 2 Faça a previsão de gêneros para um cardápio semanal (segunda a sexta-feira) para 100 comensais de UAN, com base no seguinte cardápio de um dia: • Farofa. • Couve à mineira. • Salada de beterraba ralada. 43 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • Arroz. • Feijão. • Pernil assado. • Abacaxi. • Refresco de caju. • Pão. • Café. Usar a fórmula do IPQG = (PB x no. ref. x frequência) + MS (%) - E para preencher a quantidade comprada. Tabela 6 – Previsão de gêneros Alimento Per capita (PL cru) (g ou mL) IPC PB (g ou mL) Número de pessoas Frequência no cardápio MS (%) E (kg ou L) Quantidade comprada (kg ou L) Pernil de porco assado 120 1,75 210 100 1 5 0 22,05 Limão 10 2,06 20,6 100 2 5 2 2,326 Farinha de mandioca 60 1 60 100 1 5 0 6,3 Ameixa preta 10 1 10 100 1 5 0 1,05 Manteiga 10 1 10 100 2 5 0,2 1,9 Beterraba 60 1,2 72 100 1 5 0 7,56 Couve 100 1,45 145 100 1 5 0 15,225 Arroz 100 1 100 100 5 20 5 55 Feijão 60 1,03 61,8 100 5 20 3 34,08 Carne seca 5 1 5 100 1 5 0 0,525 Abacaxi 100 1,75 175 100 1 5 0 18,375 Pão 50 1 50 100 1 5 0 5,25 Café 5 1 5 100 5 20 1,5 1,5 Suco de caju 40 1 40 100 1 20 0 4,8 Açúcar 30 1 30 100 5 20 3 15 Óleo 15 1 15 100 5 20 3 6 Cebola 5 1,12 5,6 100 5 5 0,5 2,44 Alho 2 1,08 2,16 100 5 5 0,4 7,34 Sal 4 1 4 100 5 20 1,5 0,9 Vinagre 3 1 3 100 5 20 2 0 44 Unidade I Exemplo 3 Elabore um pedido semanal a partir das seguintes informações. Número de pessoas = 100 Veja, a seguir, as etapas para a elaboração do pedido. • Calcular o indicador de previsão quantitativa de gêneros (IPQG) para o cardápio a seguir e elaborar o pedido de compras para este cardápio. • Dividir as tabelas dos pedidos de compras em hortifrutigranjeiros, refrigerados, carnes, estocáveis (arroz, feijão, entre outros). • Considerar a margem de segurança: Alimentos não perecíveis = 10%. Perecíveis = 5%. • Calcular o per capita de cada item. Quadro 3 – Cardápio semanal Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sobrecoxa de frango assada Estrogonofe de carne (coxão mole) Filé de pescada no fubá Bife grelhado (coxão mole) Filé de frango grelhado Escarola refogada Batata frita Brócolis alho e óleo Cenoura na manteiga Macarrão ao sugo Salada de pepino, vagem e cenoura crua Salada de alface, tomate e cebola Salada de couve-flor, beterraba crua e acelga Salada de agrião, tomate e chuchu Salada de repolho, alface e milho verde Arroz Arroz Arroz Arroz Arroz Feijão Feijão Feijão Feijão Feijão Doce de abóbora Maçã Salada de frutas Pudim de leite Mamão Refresco de morango Refresco de tangerina Refresco de caju Refresco de limão Refresco de uva Pão/café Pão/café Pão/café Pão/café Pão/café Tabela 7 – Exemplo de tabela para os cálculos Alimento Per capita (PL cru) (g ou mL) IPC PB (g ou mL) Número de pessoas Frequência no cardápio MS (%) E (kg ou L) Quantidade comprada (kg ou L) Beterraba 60 1,2 72 100 1 5 0 7,56 45 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Per capita dos pratos principais: • Bife: 120g • Coxão mole (em iscas): 90-100g • Assado: 130g • Aves: 110g (filé) / 250 g (coxa/sobrecoxa) • Pescados: 120g • Suíno: 200g Tabela 8 – Carnes Bovino Bisteca, costela 150-170 g Cupim, brajola, fígado, assados, hambúrguer, kibe, panela, almôndegas, bife 120-140 g Suíno Copa, lombo, bisteca 150-170 g Lombo, pernil 140-160 g Calabresa 120-140 g Salsicha 2 unidades Pescado Filé 120-140 g Posta 140-150 g Tabela 9 – Gramagens in natura Saladas Saladas cruas 30 g Legumes cozidos 80-100 g Legumes crus 40-50 g Guarnição Verduras cozidas 100 g Legumes 120-140 g Massas 80-90 g Prato base Arroz 100-120 g Feijão 60 g Óleo Sem fritura 15-18 ml Com fritura 30-35 ml Sobremesa Doce 90 g Fruta inteira 1 unidade Fruta cortada 110 g Bebida Suco concentrado 30 ml Café Pó 5 g Açúcar 10 g 46 Unidade I Exemplo 4 Uma UAN atende diariamente 400 clientes. Uma vez por mês, é servido salmão, cuja porção é 140 g. Sabe-se que o indicador de parte comestível (IPC) desse peixe é 1,1, que há redução de 25% em peso após a cocção e que esse peixe custa R$ 25,00 por quilo. Veja como calcular:A) O per capita líquido (PL) e bruto (PB) do salmão. 140 g – 75% x – 100%, então x = 186,67 g → PL = 186,67 g IPC = PB / PL => 1,1 = PB / 186,67 g => PB = 1,1 x 186,67 g => PB = 205,34 g A partir dessa resolução, concluímos que o PL é de 186,67 g, e o PB é de 205,34 g B) Quanto deverá ser comprado para um dia de funcionamento da unidade, considerando 5% de margem de segurança e que não há estoque desse produto. IPQG = (PB x n. ref. x frequência) + MS (%) – E IPQC = (205,34 g x 400 x 1) + 5% – 0 IPQG = 82.136 g + 5% de 82.136 g IPQG = 82.136 g + 4.106,80 g IPQG = 86.242,80 g IPQG = 86,24 kg C) O custo da porção. 1.000 g (1 kg) – R$ 25,00 205,34 g – x = R$ 5,13, então o custo da porção de 140 g é de R$ 5,13 2.10 Compras e recebimento Para evitar substituições e problemas decorrentes da qualidade da refeição fornecida ao cliente, várias etapas, subsequentes à elaboração do cardápio, devem ser levadas em conta. Uma das mais 47 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO importantes é a compra e o recebimento da matéria-prima, essencial para oferecer uma refeição de qualidade. Sobre a periodicidade de entrega, é importante normatizar o abastecimento, avaliar o desempenho dos fornecedores, realizar a previsão de gêneros, seja mensal, quinzenal ou semanalmente, e definir as entregas: • Diárias: pão, leite, carnes, hortifrutigranjeiros. • Semanais: queijos, ovos. • Quinzenais: alho, cebola. • Mensais: cereais, latarias, descartáveis, material de limpeza. É na etapa de recebimento da matéria-prima que estão fundamentados os primeiros passos para a obtenção do produto final com as características desejadas. Constitui-se em um processo, basicamente, de conferência, que exige: • presença do estoquista e, se possível, do nutricionista; • conferência da nota fiscal com o pedido; • conhecimento das matérias-primas; • conferência dos preços com os valores pré-estipulados. Quadro 4 – Exemplo de logística semanal de recebimento de gêneros em SA ou UAN Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Pão Pão Pão Pão Pão Hortifruti Laticínios Hortifruti Carnes Não perecíveis Não perecíveis Fonte: Senac (2007, p. 100). O cronograma de entrega refere-se à data específica, na qual determinadas atividades devem acontecer. Nesse caso, é a data de entrega dos gêneros alimentícios. Deve-se considerar o cardápio, a programação de pedidos e o espaço físico para armazenamento (despensa e câmaras frigoríficas). O cronograma de entrega, além de normatizar o abastecimento, permite uma avaliação de desempenho dos fornecedores, por meio do nível de comprometimento no atendimento às solicitações. 48 Unidade I A entrega deve ser feita, no máximo, na véspera do uso, nunca no dia. Este momento envolve: • planejar compras de acordo com o número de refeições; • ajustar as receitas do sistema para a realidade do restaurante; • planejar a utilização dos produtos de acordo com as datas das entregas; • verificar frete, embalagem, prazos de entregas, condições de pagamento e impostos; • avaliar corretamente os produtos no recebimento, como volumes, pesos, NF, valores; • lançar diariamente as entradas das mercadorias no sistema. Armazenamento Quantidade e preço Ficha de estoque Conferidos e registrados Data de entrega Quantidade Padrão de qualidade Registro de entrada Recepção Figura 18 – Recepção e armazenamento de mercadorias Durante a conferência da matéria-prima, devem-se observar as condições em que se deu o transporte e avaliar o fornecedor no que se refere à higiene pessoal, do veículo, dos recipientes e pontualidade. Faz-se ainda o exame das características a seguir: • sensoriais, como odor, aspecto, cor; • peso; • prazo de validade; • integridade e higiene das embalagens; • presença de materiais estranhos; 49 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • correta identificação do produto no rótulo (nome, composição, lote, número de registro, CNPJ, endereço, entre outros); • retirada de amostras dos gêneros perecíveis; • temperatura. Os itens que não seguirem o padrão de qualidade da empresa, com base na legislação, devem ser devolvidos, com o devido registro em ficha de devolução do fornecedor ou outro controle semelhante. Para auxiliar no controle de qualidade da matéria-prima, recomenda-se a criação de padrões de identidade e qualidade (PIQ) para os materiais, sejam eles alimentos ou não (produtos de higiene e limpeza, utensílios, uniformes, descartáveis). O PIQ é um conjunto de atributos que identifica e qualifica um produto na área de alimentos e deve conter designação, classificação, descrição do processo tecnológico, requisitos/caracterização (composição, ingredientes obrigatórios, ingredientes opcionais, características sensoriais, características físico-químicas, acondicionamento). Quadro 5 – Exemplo de PIQ para arroz e feijão Matéria-prima Grupo Classe Tipo Condições para rejeição Arroz Beneficiado Longo fino Parboilizado Grãos mofados, ardidos, chochos, enegrecidos, quebrados, verdes, manchados, picados (perfurações por insetos), rajados (com estrias vermelhas), gessados, velhos, gelatinizados e/ou em processo de fermentação. Presença de impurezas, sementes tóxicas, insetos mortos ou vivos, tais como carunchos e gorgulhos. Odor estranho, impróprio ao produto. Curto Polido Longo fino Integral Feijão-preto Comum Preto 1 Grãos mofados, germinados, carunchados, danificados por insetos, manchados, enrugados, descoloridos, imaturos, amassados e/ou quebrados, ardidos, defeituosos. Presença de bagas de mamona ou outras sementes tóxicas, insetos mortos ou vivos, tais como carunchos e gorgulhos, corpos estranhos de qualquer natureza. Odor estranho, impróprio ao produto. Feijão-branco Comum Branco 1 Feijão-mulatinho Comum Cores 1 Feijão-manteiga Comum Cores 1 Feijão-carioquinha Comum Cores 1 Feijão-fradinho Feijão de corda Branco 1 Fonte: Colares et al. (2014, p. 31). 50 Unidade I 2.11 Recepção e armazenamento de mercadorias Para uma maior eficiência no processo de recebimento, é importante que uma área da unidade operacional seja concebida e preparada para esse fim. Essa área deve dispor de: • espaço para manipulação de caixas limpas e sujas e para seu armazenamento para posterior devolução; • espaço que possibilite a transferência de mercadorias da embalagem do fornecedor para monoblocos próprios do SA ou UAN; • área para higienização de monoblocos; • pia para higienização de mãos; • pia para pré-higienização de mercadorias; • balança; • mesa para manuseio de documentos (notas fiscais, controles e registros). Na recepção das mercadorias, devem ser conferidos os dados relativos à data de entrega, quantidade e padrão de qualidade das mercadorias. Esses dados são imprescindíveis para a avaliação de desempenho do fornecedor, quando registrados em formulários específicos e de forma fidedigna. Após a recepção, as mercadorias devem ser higienizadas e, em seguida, armazenadas em condições favoráveis à sua conservação. Os alimentos devem ficar organizados de acordo com a data de validade do produto, seguindo os métodos de gerenciamento: primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS), ou primeiro que vence, primeiro que sai (PVPS). É necessário orientar os funcionários responsáveis pelo armazenamento sobre a necessidade de departamentalizar o estoque, ou seja, separar por itens para não misturar os gêneros. Após o armazenamento dos produtos, cabe ao responsável fazer o registro de entrada, especificando a quantidade e o preço em fichas de estoque. Com o advento da informática, muitas empresas passaram a fazer estes registros informatizados. Nas unidades em que o registro continua sendo feito em fichas de estoque (manualmente), deverá haver layout que permita levantar rapidamente a quantidade e o valor de entrada e saída das mercadorias. Essas informações permitem uma rápida definição do custo realizado e também subsidiam a avaliação do teor nutritivodas refeições. O setor de recebimento é responsável pelo controle quantitativo e qualitativo das mercadorias entregues. No controle quantitativo, é conferido o peso indicado na nota fiscal, comparando e descontando a embalagem. No caso do controle qualitativo, é monitorada a condição da embalagem 51 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO do produto. Se for gênero que necessite de refrigeração, é preciso monitorar a temperatura em que este gênero está chegando, de acordo com a legislação e recomendação do fabricante, além de observar as características sensoriais próprias, o prazo de validade e outros aspectos importantes à sua qualidade e segurança. Se for um produto estocável, como as latarias, não devem ser aceitas latas amassadas ou abauladas. Lembrete Mercadorias estocáveis podem ser semiperecíveis (cebola, alho, batata) e não perecíveis (farinhas, latarias, sacarias, massas secas). Os documentos mais utilizados no processo de recebimento são: • Pedido de compras: orienta sobre as mercadorias e quantidades que devem ser recebidas. Algumas vezes, já vem com o valor que será cobrado e o nome do fornecedor. • Nota fiscal: documento obrigatório no qual se encontram discriminadas informações como valores unitários e totais das mercadorias e valor dos impostos. • Fatura: relação que acompanha a remessa de mercadorias expedidas, ou que se remete mensalmente ao comprador, com a designação de quantidades, marcas, pesos, preços. Pode ser substituída pela simples menção dos números e valores de notas fiscais emitidas. • Boleto bancário: documento de cobrança. • Duplicata: título de crédito emitido pelo vendedor de mercadoria ou serviço, correspondente a uma fatura de venda a prazo, e que, aceito pelo comprador, é em geral descontado em banco, que efetua a sua cobrança. • Registro de recebimento: documento que deve ser anexado às notas fiscais para encaminhamento ao setor responsável pelo faturamento. • Nota de devolução: documento que deve ser preenchido quando acontece a devolução de alguma mercadoria. 2.12 Estocagem da matéria-prima e outros materiais As latarias devem ser retiradas das caixas e empilhadas de forma a manter a segurança, com o rótulo visível. Depois de abertas, deverão ser armazenadas em recipientes, plásticos/vidro cobertos, sob refrigeração e com etiqueta. As sacarias devem ser estocadas em estrados, trançadas, distantes das paredes, para permitir circulação de ar e evitar umidade. 52 Unidade I Os descartáveis devem ser retirados o máximo possível das caixas de papelão, que podem ser focos de proliferação de insetos. Em relação às bebidas, as garrafas e tanques de xarope devem ser limpos no recebimento. Os vasilhames precisam ser lavados antes de estocar. Os produtos de limpeza devem ser separados dos demais produtos no estoque. Na cadeia fria, as carnes devem ser acondicionadas em monoblocos limpos, identificados com seu conteúdo e cobertos com plásticos. Os frios e laticínios devem ser dispostos em pilhas, trançados para maior circulação de ar. Os ovos devem ser armazenados nesta câmara. Os vegetais não devem ser armazenados em sua embalagem original (monoblocos do fornecedor). Devem ser pré-selecionados e colocados em monoblocos limpos. Já os alimentos congelados devem ter equipamento e condições específicas de armazenamento para manter as suas características. Se o equipamento de refrigeração, como a câmara, for único, deve-se regulá-lo a uma temperatura de 2 a 4 ºC para conservar todos os produtos refrigerados. Tudo deve estar adequadamente identificado e protegido. A organização dos alimentos deve ser mantida de acordo com o tipo de produto, tanto no estoque seco quanto no frio. Os alimentos de fabricação mais antiga deverão ser colocados em cima ou à frente dos mais novos, para serem consumidos primeiro (PEPS ou PVPS), além de dispô-los em lotes, deixando espaços entre eles para melhor ventilação. As responsabilidades do estoque são: • determinar o que fabricar ou comprar; • padronizar e simplificar; • especificar e substituir os materiais; • fazer testes comparativos; • controlar os estoques; • selecionar os equipamentos de produção; • programar a produção dependente da disponibilidade de materiais; • acompanhar os pedidos e garantir o prazo de entrega; • receber e aceitar as mercadorias; 53 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • aprovar a fatura para pagamento do fornecedor. Em todo recebimento, manter atenção especial para situações sem nota fiscal, como produtos de padaria, hortifrutis, entre outros, que podem entrar com muita frequência e ter uma emissão de nota fiscal mensal. Ficha kardex Último preço ou preço médio Registro de todos os produtos(com ou sem NF) Regis tro de todo s os mo vimen tos Figura 19 – Lançamento de entrada e saída Lembrete Entradas: recebimento de todos os materiais. Saídas: inclui devoluções e transferências. A legislação exige que todo alimento deve ser identificado de maneira clara e precisa com as seguintes informações: nome do produtor, inscrição estadual (IE), cadastro nacional da pessoa jurídica (CNPJ), registro no órgão fiscalizador sanitário (Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária), data da fabricação ou processamento, data de validade, descritivo dos ingredientes, informação nutricional. Os produtos fabricados no próprio SA ou UAN devem conter a identificação de produção própria, a data da produção e o prazo de validade. Os produtos comprados a granel e retirados de sua embalagem original e subdivididos também deverão ser identificados, seguindo esse mesmo requisito. 2.13 Requisição à despensa, almoxarifado ou estoque Essa requisição constitui um processo administrativo interno que, além de servir de instrumento para garantir a adequação quantitativa das refeições, controla os gêneros do estoque/despensa e fornece subsídios para avaliação do consumo. Permite que os produtos sejam separados de forma a diminuir erros na baixa das fichas e, portanto, diferenças nos inventários de estoque. Possibilita que se façam adequações, caso haja falta ou quantidade insuficiente de alguma mercadoria ou que essa não se encontre ainda pronta para o consumo, como pode ser o caso de frutas para a sobremesa. Essas ações, feitas antecipadamente, permitem que o fluxo de produção transcorra normalmente, sem mudanças repentinas ou atrasos por necessidade de compras de emergência. 54 Unidade I Possibilita conferência e detecção de erros durante o inventário físico. Poupa tempo na hora da produção, uma vez que os empregados recebem o material todo de uma vez e não precisam se dirigir várias vezes à despensa. Diminui o índice de desperdícios, furtos e desvios, pois serão entregues apenas os produtos que serão utilizados. Cada SA ou UAN faz uso de um formulário próprio ou de software específico. Os dados necessários para sua elaboração são: • conhecimento do cardápio planejado; • número de refeições a serem oferecidas; • per capita preestabelecido e IPC de cada gênero utilizado. Esse formulário deve ser preenchido pelo instrutor, chefe de cozinha, cozinheiro, supervisor de produção, técnico em nutrição e dietética (TND) ou nutricionista, no dia anterior ao preparo do cardápio e conferido pelo nutricionista ou gerente/gestor da unidade operacional. Tabela 10 – Requisição de mercadoria Número: Data: Setor: Solicitante: Código Mercadoria Quantidade Unidade Valor unitário Valor total Para ser usado em Valor total desta requisição: Data: Autorizado por: Recebido por: Fonte: Magnée (2005, p. 38). 3 GESTÃO DE ESTOQUE EM SA OU UAN O gerenciamento e controle de estoque estão entre as preocupações das empresas devido à sua importância no custo e no preço final dos produtos, influenciando direta e indiretamente na produtividade de uma alimentação adequada para sua clientela, sejam fregueses, trabalhadores ou pacientes.55 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Um bom controle de estoque passa, primeiramente, pelo planejamento, e todos os setores da empresa devem interagir, especialmente na gestão da despensa, onde a oferta e procura interligadas levam ao bom desempenho e equilíbrio entre as ações programadas e realizadas. O estoque é definido como qualquer quantidade de material armazenável por algum intervalo de tempo para uso futuro. Os principais tipos de estoques dentro de uma empresa são: matéria-prima, itens adquiridos que ainda não entraram no processo de produção; produtos em processo, matérias-primas no processo de produção e em operação; e produtos acabados, aqueles que já saíram do processo de produção e aguardam para serem utilizados. Em relação a SA ou UAN, os gêneros alimentícios podem ser considerados as matérias-primas, sua preparação a fase de processo e o produto final seria a refeição pronta. A matéria-prima possui prazo de validade, perecibilidade e distintas características, a depender dos alimentos. As preparações, por vezes, são padronizadas para utilização estrita das matérias-primas necessárias e técnica de preparo adequada, para que, ao fim, a refeição agrade a clientela e tenha sua aceitação. Assim, o estoque não se caracteriza apenas pelos produtos armazenados nos depósitos, mas, também, pelos produtos finais para o consumidor, sendo o gerenciamento de estoque necessário para controlar tudo que entra e sai e, neste período, as matérias-primas que ficam nos depósitos ou no ambiente produtivo. Saiba mais Para aprender sobre a importância do estoque e seu controle, veja: CONTROLE de estoque. 2015. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Sebrae SP. Disponível em: https://cutt.ly/Ab3ebHK. Acesso em: 13 maio 2021. GESTÃO de compras e estoque. 2015. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Sebrae Minas. Disponível em: https://cutt.ly/nb3ezkg. Acesso em: 13 maio 2021. Essa gestão envolve uma série de ações que permitem ao administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem localizados em relação aos setores que os utilizam, bem manuseados e bem controlados. A administração da empresa é responsável pelo estabelecimento do sistema de controle interno, pela verificação, para garantir que está sendo seguido pelos funcionários, e por sua modificação, no sentido de adaptá-lo às novas circunstâncias. O estoque deve ser adequadamente gerenciado e atender às seguintes recomendações: • manter estoque trancado; • separar a mercadoria com antecedência, de acordo com requisição; 56 Unidade I • manter os produtos próximos aos locais de utilização; • adotar sistemática para requisições extras; • retornar produtos nos estoques; • realizar inventário periódico; • o estoque físico deve ser igual ao estoque do sistema. Após a separação do estoque diário, se houver a necessidade de retirar algum produto do estoque geral, o item retirado deve ser registrado, de forma que, ao final do período de produção, o gestor do restaurante possa analisar a ocorrência e tomar ações corretivas, caso seja necessário. Para isso, o registro deve conter: • data da ocorrência; • produto retirado (relacionar todos os produtos que foram retirados na ocorrência em questão); • quantidade (informar a quantidade retirada de cada produto relacionado); • ocorrência (qual o motivo da necessidade da utilização de uma quantidade maior de produtos do que havia sido planejado). Para evitar diferenças no estoque, faça: • controle rígido de recebimento; • registros de entrada, de acordo com as NF, imediatamente após o armazenamento; • controle rígido das saídas (requisição e extras); • registros de saídas imediatamente após encerrado o processo de produção do dia; • inventário, no mínimo, quinzenalmente (contabilizar requisição que já foi sTabelada). 57 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 11 – Diário de mercadorias consumidas Data: Responsável: Visto: Insumos Mercadoria Quantidade Unidades Custo unitário Valor total Estocáveis, vinhos, condimentos e farináceos Total consumido de estocáveis: Hortifrúti, vegetais, legumes e frutas Total consumido de hortifrúti: Perecíveis, carnes, aves, peixes, frios e laticínios Total consumido de perecíveis: Fonte: Magnée (2005, p. 117). 3.1 Inventário O inventário pode ser: • Perpétuo: com atualizações diárias. • Periódico ou físico: permite conferir o estoque com o inventário permanente. 58 Unidade I O saldo sempre será zero ou positivo. Fisicamente, não é possível que seja negativo. Porém, na prática, por erro de lançamento, tais estoques podem aparecer negativos. Para evitar erros assim, a informatização é essencial. Estoque físico Estoque teóricoInventário Figura 20 – Inventário O inventário perpétuo é um registro contínuo de balanço de cada mercadoria/produto/item existente em estoque. Os registros são feitos diretamente nas fichas, contabilizados e subtraídos do inventário. Frequentemente, utilizam-se fichas tipo kardex, que registram o nome de cada produto para que se possa identificá-lo o mais rápido possível. Estas fichas podem estar em um único arquivo, em ordem alfabética, separadas por grupos. Por exemplo: ervilha, milho verde, extrato de tomate, ou lataria (ervilha, milho verde, extrato de tomate). O principal objetivo do inventário perpétuo é facilitar a informação imediata, ao gestor, sobre a quantidade de alimentos existentes e outros materiais, em qualquer momento. Para o nutricionista, a ficha de estoque é importante pelos seguintes motivos: • preparar os pedidos dos alimentos (o cálculo é feito a partir das quantidades utilizadas no mês anterior); • analisar o fornecedor; • verificar os exageros no consumo e nos gastos; • por ser umas das estratégias de conferência do estoque; • utilização na confecção do inventário físico. Não se pode esquecer que todas as mercadorias que saem do estoque para a despensa diária, ou diretamente para a cozinha, devem ser registradas em uma requisição, assim, caso ocorra quantidade excedente, é possível, a partir da sua medição, fazer a devolução ao estoque. O inventário físico é um registro real de todos os produtos existentes ao finalizar o período de contabilidade, em geral, no fim do mês. Algumas empresas fazem o inventário físico semanal, quinzenal, trimestral, semestral ou até anualmente. Essa prática deve ser efetuada por mais de uma pessoa (estoquista e nutricionista ou chefe de cozinha, por exemplo), para evitar que desvios ou pequenos furtos sejam encobertos. Os preços podem ser anotados durante o inventário, para facilitar o procedimento de contabilização de custos. 59 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO O inventário físico e o perpétuo devem coincidir exatamente, pois o físico deve ser feito comparando o dado real com as fichas tipo kardex, por exemplo. Algumas pequenas diferenças são esperadas, mas as discrepâncias devem ser investigadas. O descuido ao preencher as requisições da saída é um dos motivos mais frequentes dos erros. Os dois tipos de inventário devem avaliar também as quantidades de gêneros existentes nas câmaras frigoríficas, geladeiras, refrigeradores e freezers. Depois de feito o inventário físico e confrontado com o perpétuo, determina-se o custo total e, também, estratificado por produto ou grupo. 3.2 Elementos da política de estoque e níveis de estoque O planejamento da alimentação para uma coletividade deve considerar a importância da seleção e dos cálculos quantitativos para minimização dos custos, prevenção de falta de produtos e racionalização do trabalho. A identificação da necessidade de compra se baseia no consumo médio do SA ou da UAN e o processo de compras deverá ser acionado toda vez que o estoque atingir seu limite mínimo. Do ponto de vista financeiro, os estoques devem ser reduzidos paradiminuir o capital investido. Por outro lado, um aumento do nível de estoque mantido pelo SA ou pela UAN, normalmente, é acompanhado de um aumento dos custos de armazenamento. Esses custos incluem elementos como custo de área útil, controle de temperatura, iluminação, higienização e manutenção do espaço no qual os materiais estão armazenados. Os princípios básicos da manutenção dos níveis de estoque são: • determinar o que deve permanecer em estoque (número de itens); • determinar quando o estoque deve ser abastecido (periodicidade); • determinar o quanto de estoque será necessário para um período específico; • acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque; • receber, conferir e armazenar os materiais pedidos; • controlar a quantidade de estoque, fornecer informações sobre sua posição, manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estado do material estocado; • identificar e retirar do estoque os itens obsoletos. • ter itens disponíveis para atender as exigências sem providências inesperadas; • redução de custos proporcionada pela compra ou produção de quantidades ajustadas às necessidades; • proteção contra erros de previsão ou registros imprecisos; 60 Unidade I • proteção contra erros de planejamento; • provisão para as flutuações de vendas ou produção. A ruptura do estoque ocorre quando o estoque chega a zero, não atendendo a uma necessidade de consumo ou requisição. As consequências são a elevação de custos e a paralisação ou atraso de determinados serviços. As principais causas de ruptura são a oscilação de consumo, atraso no abastecimento, variação na qualidade, remessas incompletas por parte do fornecedor e diferenças de inventário. Os métodos de controle de estoque evitam o excesso ou a falta de materiais. No sistema mínimo e máximo, é importante ter o tempo de reposição e o consumo médio mensal. Já no método ABC e no nível de criticidade, os alimentos são classificados em ABC ou 123 e os dados de valores econômicos e volumes de estocagem devem estar disponíveis, pois possibilitam que o gestor tome decisões mais seguras. No sistema mínimo e máximo, o dimensionamento deve levar em consideração os seguintes aspectos: • consumo médio; • tempo de reposição; • área de armazenamento disponível; • perecibilidade dos produtos; • disponibilidade financeira. O consumo médio mensal é a quantidade referente à média aritmética das retiradas mensais de estoque. Também denominado de demanda. Cmensal (consumo médio mensal) = [Ei (estoque inicial) + E (entradas)] - Ef (estoque final) ou Cmensal (consumo médio mensal/diário) = consumo total do período/dias úteis Exemplo de aplicação Determine qual é o consumo, sabendo-se que: Ei = R$ 17.000,00 E = R$ 75.000,00 Ef = R$ 15.000,00 61 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Resolução Cmensal = (Ei + E) – Ef Cmensal = (R$ 17.000,00 + R$ 75.000,00) - R$ 15.000,00 Cmensal = R$ 92.000,00 - R$ 15.000,00 Cmensal = R$ 77.000,00 O estoque mínimo é uma quantidade “morta”, só sendo consumida em caso de grande emergência e necessidade. Logo, é uma constante. É uma das informações mais importantes para a administração do estoque. Está diretamente ligada ao grau de imobilização financeira da empresa. Também chamado de estoque de segurança, de proteção ou de reserva, é a quantidade mínima que deve existir em estoque, que se destina a cobrir eventuais retardamentos no ressuprimento, garantindo o funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, sem o risco de faltas. Ou seja, é a menor quantidade de material que deverá existir no estoque, para prevenir qualquer eventualidade ou situação de emergência, que pode ser provocada pelo consumo anormal do material ou por alongamento do tempo de espera. Deve ser calculado levando-se em conta o consumo médio e os dias necessários para a entrega do produto. Emin (estoque mínimo) = Ire (intervalo de ressuprimento de emergência) ou Emin (estoque mínimo) = margem de segurança (dias) x Cmensal (consumo médio mensal/diário) Exemplo de aplicação Calcule o estoque mínimo de arroz para um prazo de entrega emergencial de 2 dias (margem de segurança) e um consumo médio diário de 20 kg. A seguir, veja como obter o valor do estoque mínimo: Emin = margem de segurança (dias) x Cmensal Emin = 2 dias x 20 kg Emin = 40 kg 62 Unidade I A quantidade de ressuprimento (lote de compra) ou consumo de aquisição é a quantidade necessária para o abastecimento. Qr (quantidade de ressuprimento) = Cmensal (consumo médio mensal) x Ir (intervalo de ressuprimento) O intervalo de ressuprimento é o número de dias entre a compra e entrega, ou seja, é o intervalo de tempo entre dois ressuprimentos. Exemplo de aplicação Calcule a quantidade de ressuprimento de arroz para um intervalo de ressuprimento de 4 dias e um consumo médio diário de 20 kg. Para saber a quantidade, faça o seguinte cálculo: Qr = Cmensal x Ir Qr = 20 kg x 4 dias Qr = 80 kg O nível de ressuprimento ou ponto de pedido indica que já é tempo de solicitar mercadoria ao fornecedor. Nr (nível de ressuprimento) = Qr (quantidade de ressuprimento) + Emin (estoque mínimo) ou PP = (Cmensal x TR) + Emin, onde TR = tempo de reposição, que é o tempo gasto desde a verificação que o estoque precisa ser reposto até a chegada efetiva do material ao almoxarifado. Exemplo de aplicação Calcule o ponto de pedido de arroz para um tempo de reposição de 4 dias, um consumo médio diário de 20 kg e um estoque mínimo de 40 kg. Resolução PP = (Cmensal x TR) + Emin PP = (20 kg x 4 dias) + 40 kg PP = 80 kg + 40 kg PP = 120 kg O estoque médio é o nível médio de estoque em torno do qual as operações de compra e consumo se realizaram. Considera-se, geralmente, como sendo 50% da quantidade a pedir, mais o estoque mínimo. 63 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Emd = Emin + Q/2, onde Q = estoque produtivo (quantidade necessária até o próximo pedido), ou seja, é o consumo diário x período da política de compra. Exemplo de aplicação Calcule o estoque médio de arroz para uma política de compras de 30 dias, um consumo médio diário de 20 kg e um estoque mínimo de 40 kg. O cálculo pode ser feito da seguinte maneira: Emd = Emin + Q/2 Emd = 40 kg + (20 kg x 30 dias)/2 Emd = 40 kg + (600 kg)/2 Emd = 40 kg + 300 kg Emd = 340 kg O estoque máximo é igual à soma do estoque mínimo mais o lote de compra. É a maior quantidade estimada para se ter no estoque, tendo em vista o preço, o consumo e as condições de estocagem. Deve garantir o consumo até o tempo de recebimento do próximo lote de reposição, sem manter o nível muito acima do qual a organização pretende operar, sob pena de estar desperdiçando recursos investidos em materiais. É calculado por meio da necessidade e programação de pedidos, dos recursos financeiros disponíveis e do espaço para o armazenamento. Emax (estoque máximo) = Cmensal (consumo médio mensal) + Emin (estoque mínimo) ou Emax = Emin + Q Exemplo de aplicação Calcule o estoque máximo de arroz para uma periodicidade do pedido de 30 dias, um consumo médio diário de 20 kg e um estoque mínimo de 40 kg. Resolução Emax = Emin + Q Emax = 40 kg + (20 kg x 30 dias) Emax = 40 kg + 600 kg Emax = 640 kg 64 Unidade I A otimização de atendimento deve sempre levar a organização à elaboração de níveis que não podem ser tão altos que sobrem materiais e nem tão baixos que se processe a ruptura de estoque, que pode representar um conjunto de custos adicionais, pois haverá necessidade de comunicações urgentes, transporte especial, compras em quantidades reduzidas, a preços mais elevados, paralisação ou atraso de determinados serviços, entre outros. No sistema de reposição por quantidade, o estoque mínimo e o estoque máximo são níveis de alerta. É por meio deles que o administrador irá, permanentemente, corrigir, redimensionar e adaptar o seu estoque para a otimização do atendimento. Exemplo de aplicação Calcule o estoque máximode arroz para uma periodicidade do pedido de 10 dias, um consumo médio diário de 20 kg e um estoque mínimo de 40 kg. Resolução Emax = Cmensal + Emin Emax = (20 kg x 10 dias) + 40 kg Emax = 200 kg + 40 kg Emax = 240 kg A rotatividade ou giro de estoque é uma relação existente entre o consumo anual e o estoque médio do produto. R (rotatividade) = Canual (consumo médio anual)/Emed (estoque médio) Essa relação está atrelada ao poder financeiro da empresa; não se deve utilizar taxas de rotatividade iguais para materiais de preços diferenciados. Exemplo de aplicação Uma UAN funciona de segunda a sexta-feira, possui número de comensais estimado em 80 e política de compras correspondente a 30 dias. Considerando que o arroz é usado diariamente no cardápio, em um per capita de 60 gramas, que a margem de segurança adotada pela empresa para este gênero é de 3 dias e que o tempo de reposição de mercadoria para este fornecedor é de 5 dias, determine: Consumo médio = 60 g x 80 comensais = 4.800 g = 4,8 kg Quantidade = consumo diário x prazo da política de compras = 4,8 kg x 30 dias = 144 kg 65 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO A) Estoque mínimo. Resolução Emin = margem de segurança (dias) x Cmensal Emin = 3 dias x 4,8 kg Emin = 14,4 kg B) Ponto de pedido. Resolução PP = (Cmensal x TR) + Emin PP = (4,8 kg x 5 dias) + 14,4 kg PP = 24 kg + 14,4 kg PP = 38,4 kg C) Estoque médio. Resolução Emd = Emin + Q/2 Emd = 14,4 kg + 144 kg/2 Emd = 14,4 kg + 72 kg Emd = 86,4 kg D) Estoque máximo. Resolução Emax = Emin + Q Emax = 14,4 kg + 144 kg Emax = 158,4 kg 66 Unidade I Para melhor controlar o estoque, convém fazer o inventário semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente e, baseado nas quantidades existentes, efetuar os pedidos das mercadorias necessárias. Recomenda-se em algumas situações que os dias de estoque (ou níveis de estoque) não ultrapassem 3 dias, de formar a evitar investimento parado e descontrole das quantidades, o que implicaria em perda de qualidade e vencimento (desperdício). O cálculo de dias de estoque é feito da seguinte forma: De (dias de estoque) = Ip (inventário do período) / Cmensal (consumo médio mensal/diário) Exemplo de aplicação Calcular os dias de estoque para a situação a seguir. Dias úteis = 22 Consumo = R$ 75.337,50 Inventário = R$ 15.856,71 Para obter essa informação, o cálculo é feito da seguinte maneira: Cmensal = consumo total do período / dias úteis Cmensal = R$ 75.337,50 / 22 dias Cmensal = R$ 3.424,43 De = Ip / Cmensal De = R$ 15.856,71 / R$ 3.424,43 De = 4,63 De = 5 dias de estoque 3.3 Avaliação dos estoques e métodos de movimentação As fichas de estoque têm como finalidade controlar o histórico de consumo, a movimentação de entrada e saída e a evolução dos preços. Os dados são relacionados às entradas, saídas e saldo, além do custo unitário de aquisição, custo médio, custo total, data, número da nota fiscal, fornecedor, estoque mínimo e máximo, ponto de pedido. São importantes para preparar os pedidos dos alimentos, analisar o fornecedor, verificar exageros no consumo e nos gastos, rápida conferência do estoque e, ainda, para a confecção do inventário físico. Também permitem o controle do estoque mínimo, alertando quanto à 67 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO necessidade de fazer pedido de compras, e possibilita detectar desvio de mercadorias. Com os dados da ficha de estoque, elabora-se o fechamento mensal e o custo diário. Tabela 12 – Modelo de ficha de estoque Produto Fornecedor Unidade Código Estoque máximo Estoque mínimo Ponto de pedido Consumo médio anual Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Média ano Data Nota fiscal Entrada Saída Saldo Custo unitário (R$) Fonte: Abreu, Spinelli e Pinto (2019, p. 139). Existem os seguintes métodos de avaliação da movimentação dos estoques: • custo ou preço médio ou custo médio ponderável móvel (calculado a cada nova entrada). • PEPS – primeiro a entrar, primeiro a sair (ou FIFO – first in, first out): a mercadoria é retirada do estoque com seu preço real e não são calculadas médias. • UEPS – ultimo a entrar, primeiro a sair (ou LIFO – last in, first out): a mercadoria sempre terá o maior preço, fazendo com que o custo seja irreal e superestimado. • Custo de reposição: tem por base a elevação dos custos, a curto prazo, em relação à inflação. Muito utilizado em eventos ou orçamentos. O sistema de lançamentos fica a critério do administrador/gestor. 3.3.1 Avaliação pelo método do preço ou custo médio O preço ou custo médio é o valor que prevê a saída de unidades físicas do estoque avaliadas pela média ponderada entre o registro de entradas de preço e os diferentes volumes no estoque, por tipo de material: Preço ou custo médio = (quantidade total de estoque x preço) + (quantidade total recebido x preço) / (quantidade total de estoque) + (quantidade total recebida) 68 Unidade I Ou CM = (VSA + VE) / EN Onde CM = custo médio VSA = valor do saldo anterior (R$) VE = valor da entrada (R$) EN = estoque novo (quantidade de entrada + quantidade de saldo) Exemplo de aplicação 1) Calcule o preço médio do coxão mole armazenado usando os seguintes dados: Estoque: 50 kg a R$ 3,50/kg Entrada: 100 kg a R$ 4,00/kg Para obter o resultado, calcule: Preço ou custo médio = (quantidade total de estoque x preço) + (quantidade total recebido x preço) / (quantidade total de estoque) + (quantidade total recebida) Preço médio = (50 kg x R$ 3,50) + (100 kg x R$ 4,00) / (50 kg + 100 kg) Preço médio = R$ 175,00 + R$ 400,00 / 150 kg Preço médio = R$ 575,00 / 150 kg Preço médio = R$ 3,83/kg Ou CM = (VSA + VE) / EN CM = (R$ 175,00 + R$ 400,00) / 150 kg CM = R$ 575,00 / 150 kg CM = R$ 3,83/kg 69 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 2) Calcule o preço médio do arroz armazenado usando os seguintes dados: Estoque: 25 kg a R$ 4,20/kg Entrada: 85 kg a R$ 3,80/kg Para obter o resultado, calcule: Preço ou custo médio = (quantidade total de estoque x preço) + (quantidade total recebido x preço) / (quantidade total de estoque) + (quantidade total recebida) Preço médio = (25 kg x R$ 4,20) + (85 kg x R$ 3,80) / (25 kg + 85 kg) Preço médio = R$ 105,00 + R$ 323,00 / 110 kg Preço médio = R$ 428,00 / 110 kg Preço médio = R$ 3,89/kg A avaliação pelo método do preço ou custo médio é a mais utilizada em serviços de alimentação e tem por base o preço de todas as retiradas, ao preço médio do suprimento total do item em estoque. A longo prazo, reflete os custos reais das compras de material. Exemplo de aplicação Faça os cálculos da movimentação de estoque pelo método do preço ou custo médio com os seguintes dados: Entradas: Dia 5: 100 unidades a R$1,00/unidade Dia 15: 200 unidades a R$1,16/unidade Dia 20: 120 unidades a R$1,30/unidade Saídas: Dia 18: 220 unidades Dia 30: 100 unidades 70 Unidade I Tabela 13 – Preço ou custo médio Dia Entradas Saídas Saldo Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) 5 100 1,00 100,00 - - - 100 1,00 100,00 15 200 1,16 232,00 - - - 200+100= 300 332/300= 1,11 232+100= 332 18 - - - 220 1,11 220x1,11= 244,2 300-220= 80 1,11 332-244,20= 87,80 20 120 1,30 156,00 - - 80+120= 200 243,8/200= 1,22 87,80+156= 243,8 30 - - - 100 1,22 100x1,22= 122,00 200-100= 100 1,22 243,80-122= 121,80 Consumo = soma das saídas em quantidade e em R$ (220 + 100 = 320; R$ 244,20 + R$ 122,00 = R$ 366,20). Estoque = saldo em quantidade e em R$ (100 e R$ 121,80). É possível ter uma perspectiva da incidência dos impostos sobre o preço ou custo da matéria-prima destacando o seu valor do valor pago ou gasto com a matéria-prima. Exemplo de aplicação Determine o custo da matéria-prima frango sem osso por meio do método do preço médio, sabendo que a empresa é tributada pelo lucro real. Considere que ocorreram entradas de mercadorias e os valores brutos (sem os créditos de impostos de IPI de 10%, ICMS de 7%, PIS e Cofins de9,25%) gastos foram: Em 1/10, 100 kg – R$ 800,00 Em 10/10, 150 kg – R$ 900,00 Em 12/10, 85 kg – R$ 760,00 Sabendo-se, ainda, que ocorreram saídas de estoque, para a fabricação de refeições: Em 2/10, 50 kg Em 9/10, 30 kg Em 15/10, 40 kg Em 20/10, 50 kg Em 25/10, 50 kg 71 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Total de impostos = 10% IPI + 7% ICMS + 9,25% PIS e Cofins = 26,25% R$ 800,00 - 100% x - 26,25% => x = R$ 210,00, então R$ 800,00 - R$ 210,00 = R$ 590,00 R$ 900,00 - 100% x - 26,25 % => x = R$ 236,25, então R$ 900,00 - R$ 236,25 = R$ 663,75 R$ 760,00 - 100% x - 26,25% => x = R$ 199,50, então R$ 760,00 - R$ 199,50 = R$ 560,50 Tabela 14 Data Entradas (kg) Entradas sem impostos (R$) Saídas (kg) Saídas (R$) Custo médio (R$) Saldo (kg) Saldo (R$) 1/10 100 590,00 590,00/100= 5,90 100 590,00 2/10 50 50x5,90= 295,00 5,90 100-50= 50 590,00-295,00= 295,00 9/10 30 30x5,90= 177,00 5,90 50-30= 20 295,00-177,00= 118,00 10/10 150 663,75 781,75/170= 4,60 150+20= 170 663,75+118,00= 781,75 12/10 85 560,50 1342,25/255= 5,26 85+170= 255 560,50+781,75= 1.342,25 15/10 40 40x5,26= 210,40 5,26 255-40= 215 1.342,25-210,40= 1.131,85 20/10 50 50x5,26= 263,00 5,26 215-50= 165 1.131,85-263,00= 868,85 25/10 50 50x5,26= 263,00 5,26 165-50= 115 868,85-263,00= 605,85 Preencha a tabela e responda às questões a seguir. A) Qual o valor financeiro do estoque final (saldo em R$)? R$ 605,85 B) Qual o valor financeiro do gasto da mercadoria comprada do período? R$ 800,00 + R$ 900,00 + R$ 760,00 = R$ 2.460,00 72 Unidade I C) Qual o valor financeiro do custo da mercadoria comprada do período? R$ 590,00 + R$ 663,75 + R$ 560,50 = R$ 1.814,25 D) Qual o valor financeiro do custo da mercadoria utilizada no período? R$ 295,00 + R$ 177,00 + R$ 210,40 + R$ 263,00 + R$ 263,00 = R$ 1.208,40 E) Qual o custo médio final do produto em questão? R$ 5,26 F) Qual a quantidade final de mercadorias em estoque, em kg? 115 kg 3.3.2 Avaliação pelo método PEPS ou FIFO O custo considera que as primeiras unidades que entraram no estoque (inclusive as já existentes no estoque inicial) são as primeiras a sair. Nesse caso, as unidades que permanecem no estoque são as unidades referentes às últimas compras. Talvez a principal vantagem do critério PEPS é que ele, aparentemente, ajusta-se ao fluxo físico das mercadorias, na maioria das vezes. Atualmente, para movimentação do fluxo físico de mercadorias, quando existem prazos de validade, o sistema está sendo utilizado. Observação O método PEPS de movimentação do estoque não deve ser confundido com o princípio legal do controle de validade, o PVPS (primeiro que vence, primeiro que sai). Mas o PVPS deve estar contido no PEPS. A avaliação por este método é feita pela ordem FIFO cronológica das entradas. Sai o material que primeiro entrou para o estoque, sendo substituído pela mesma ordem cronológica em que foi recebido, e seu custo real deve ser aplicado. Exemplo de aplicação Faça os cálculos da movimentação de estoque pelo método PEPS – FIFO utilizando os seguintes dados: Entradas: Dia 5: 100 unidades a R$1,00/unidade 73 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Dia 15: 200 unidades a R$1,16/unidade Dia 20: 120 unidades a R$1,30/unidade Saídas: Dia 18: 220 unidades Dia 30: 100 unidades Tabela 15 – PEPS ou FIFO Dia Entradas Saídas Saldo Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) 5 100 1,00 100,00 - - - 100 1,00 100,00 15 200 1,16 232,00 - - - 200 1,16 232,00 18 - - - 100 1,00 100,00 200 1,16 232,00 18 120 1,16 139,20 80 1,16 92,80 20 - - - - - - 80 1,16 92,80 20 120 1,30 156,00 - - - 120 1,30 156,00 30 - - - 80 1,16 92,80 120 1,30 156,00 30 20 1,30 26,00 100 1,30 130,00 Resolução Consumo = soma das saídas em quantidade e em R$ (100 + 120 + 80 + 20 = 320; R$ 100,00 + R$ 139,20 + R$ 92,80 + R$ 26,00 = R$ 358,00) Estoque = saldo em quantidade e em R$ (100 e R$ 130,00) 3.3.3 Avaliação pelo método UEPS ou LIFO Este método de avaliação considera que devem sair, em primeiro lugar, as últimas peças que deram entrada no estoque, o que faz com que o saldo seja avaliado ao preço das últimas entradas. É o método mais adequado em períodos inflacionários, pois uniformiza o preço dos produtos em estoque para venda no mercado consumidor. O custo considera que as últimas unidades que permanecem no estoque são as que sairão em primeiro lugar. Nesse caso, as unidades que permanecem no estoque são as unidades originais. É preciso salientar que este critério é, antes de tudo, um fluxo de custos e não de mercadorias. 74 Unidade I Exemplo de aplicação Faça os cálculos da movimentação de estoque pelo método UEPS – LIFO com os seguintes dados: Entradas: Dia 5: 100 unidades a R$1,00/unidade Dia 15: 200 unidades a R$1,16/unidade Dia 20: 120 unidades a R$1,30/unidade Saídas: Dia 18: 220 unidades Dia 30: 100 unidades Tabela 16 – UEPS ou LIFO Dia Entradas Saídas Saldo Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) Qtd. Preço (R$) Total (R$) 5 100 1,00 100,00 - - - 100 1,00 100,00 15 200 1,16 232,00 - - - 200 1,16 232,00 18 - - - 200 1,16 232,00 100 1,00 100,00 18 20 1,00 20,00 80 1,00 80,00 20 - - - - - - 80 1,00 80,00 20 120 1,30 156,00 120 1,30 156,00 30 100 1,30 130,00 80 1,00 80,00 30 20 1,30 26,00 Resolução Consumo = soma das saídas em quantidade e em R$ (200 + 20 + 100 = 320; R$ 232,00 + R$ 20,00 + R$ 130,00 = R$ 382,00). Estoque = saldo em quantidade e em R$ (80 + 20 = 100; R$ 80,00 + R$ 26,00 = R$ 106,00) 75 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Exemplo de aplicação 1) Compare os valores obtidos nos cálculos de movimentação de estoque com os três métodos (preço médio, PEPS e UEPS). Tabela 17 Consumo Estoque 320 unidades 100 unidades Preço médio (R$) R$ 366,20 R$ 121,80 PEPS (R$) R$ 358,00 R$ 130,00 UEPS (R$) R$ 382,00 R$ 106,00 2) Compare os valores obtidos nos cálculos de movimentação de estoque com os três métodos (preço médio, PEPS e UEPS), utilizando o cálculo do CMV (CMV = VEI + VC - VEF). Tabela 18 Preço médio PEPS UEPS Estoque inicial (R$) = VEI 100,00 100,00 100,00 Compras (R$) = VC 388,00 388,00 388,00 Estoque final (R$) = VEF 121,80 130,00 106,00 CMV (R$) = VEI + VC - VEF 366,20 358,00 382,00 3.3.4 Método ABC de controle de estoque Este método consiste em separar e classificar todos os produtos do estoque em três grupos, segundo o seu valor aquisitivo e dando a cada grupo um tratamento particular para o controle de sua movimentação. Essa ferramenta gerencial permite identificar quais itens justificam o foco de atenção e tratamento prioritário (VAZ, 2006). Considera-se o estoque segundo: • valor do estoque médio dos produtos; • quantidade de produtos de cada grupo. Nesse método de análise, o inventário é dividido em partes proporcionais, classificando seus itens de acordo com o seu valor, dando maior importância de controle aos de valor mais elevado. Obtém-se a curva ABC por meio da ordenação dos itens conforme sua importância relativa: • Classe A: grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção bem especial. 76 Unidade I • Classe B: grupo de itens em situação intermediária entre as classes A e C. • Classe C: grupo de itens menos importantes que justificam menos atenção. A A B B C C Quantidade de itens Valor do investimento Figura 21 – Comparativo entre os grupos ABC A proporcionalidade dos grupos pode utilizar os seguintes parâmetros: • Grupo A: investimento de 75% do estoque aplicado em 10% do total dos produtos ou representam de 70 a 75% do valor total de estoque e 20% dos itens. • Grupo B: investimento de 20% do estoque aplicado em 25% no número total dos produtos ou representam de 20 a 30% do valor total de estoque e 30% dos itens. • Grupo C: investimento de 5% do estoque aplicado em 65% no número total dos produtos ou representam de 5 a 10% do valor total de estoque e 50 a 70% dos itens. 100% 95% 20%A 30% B 50% C 80% Figura 22 – Representação gráfica da curva ABC Fonte: Sebrae (2018, p. 12). 77 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 19 – Exemplo de curva ABC de SA ou UAN Itens Produto(1) Quantidade consumida (kg) (2) Preço unitário médio (R$) (3) Preço total (R$) (4 = 2 x 3) % do montante de gêneros alimentícios consumidos no mês (5 = 4 x 100 / 6) CURVA A 1 Contrafilé 800 8,00 6.400,00 48,72 2 Filé de frango 6.250 0,25 1.562,50 11,89 3 Coxa de frango 1.200 1,25 1.500,00 11,42 20% dos produtos (itens) 9.462,50 72,03 CURVA B 4 Arroz 750 1,58 1.185,00 9,02 5 Lombo suíno 80 8,00 640,00 4,87 6 Feijão 200 2,39 478,00 3,64 7 Lagarto 50 7,00 350,00 2,66 26,67% dos produtos (itens) 2.653,00 20,19 CURVA C 8 Tomate 125 2,20 275,00 2,09 9 Melancia 500 0,40 200,00 1,52 10 Suco 120 1,57 188,40 1,43 11 Carne moída 25 4,50 112,50 0,86 12 Macarrão 30 3,50 105,00 0,80 13 Farinha de trigo 50 1,65 82,50 0,63 14 Pimentão 15 3,00 45,00 0,34 15 Grão-de-bico 2 6,00 12,00 0,09 53,33% dos produtos (itens) 1.020,40 7,76 Montante de gêneros alimentícios consumidos no mês (6) 13.135,90 100 (99,98) Fonte: Vaz (2006, p. 141). Exemplo de aplicação Baseado na importância do controle do estoque e dos custos, classifique os produtos (itens) listados a seguir pela estratégia do método ou curva ABC. 78 Unidade I Tabela 20 – Cálculo do custo total Item Quantidade média em estoque (A) Custo unitário (B) Custo total = (A) x (B) Ordem Unidades R$/unidade R$ A 5 2.000,00 10.000,00 3º B 10 70,00 700,00 10º C 1 800,00 800,00 9º D 100 50,00 5.000,00 5º E 5.000 1,50 7.500,00 4º F 800 100,00 80.000,00 1º G 40 4,00 160,00 11º H 50 20,00 1.000,00 8º I 4 30,00 120,00 12º J 240 150,00 36.000,00 2º K 300 7,50 2.250,00 6º L 2.000 0,60 1.200,00 7º Total 144.730,00 Tabela 21 – Dados ordenados Ordem Item Quantidade média em estoque (A) Custo unitário (B) Custo total = (A) x (B) Custo total acumulado Percentuais Percentuais acumulados Unidades R$/unidade R$ % % 1º F 800 100,00 80.000,00 80.000,00 55,3 55,3 2º J 240 150,00 36.000,00 116.000,00 24,8 80,1 3º A 5 2.000,00 10.000,00 126.000,00 7,0 87,1 4º E 5.000 1,50 7.500,00 133.500,00 5,1 92,2 5º D 100 50,00 5.000,00 138.500,00 3,5 95,7 6º K 300 7,50 2.250,00 140.750,00 1,6 97,3 7º L 2.000 0,60 1.200,00 141.950,00 0,8 98,1 8º H 50 20,00 1.000,00 142.950,00 0,7 98,8 9º C 1 800,00 800,00 143.750,00 0,5 99,3 10º B 10 70,00 700,00 144.450,00 0,5 99,8 11º G 40 4,00 160,00 144.610,00 0,1 99,9 12º I 4 30,00 120,00 144.730,00 0,1 100,0 Total 144.730,00 100,0 79 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 22 – Cálculos Ordem Item Custo total Cálculos do custo total acumulado R$ R$ Total (R$) 1º F 80.000,00 80.000,00 + 0 80.000,0 2º J 36.000,00 36.000,00 + 80.000,00 116.000,0 3º A 10.000,00 10.000,00 + 116.000,00 126.000,00 .... ... ... .... 12º I 120,00 120,00 + 144.610,00 144.730,0 Tabela 23 Ordem Item Custo total Cálculos do custo total acumulado R$ Cálculos Percentual (%) 1º F 80.000,00 80.000,00 ÷ 144.7300 x 100 55,3 2º J 36.000,00 116.000,00 ÷ 144.730,00 x 100 80,1 3º A 10.000,00 126000,00 ÷ 144.730,00 x 100 87,1 .... ... ... .... 12º I 120,00 144.730,00 ÷ 144.730,00 X 100 100,0 Total 144.730,00 Tabela 24 – Parâmetros Classe % itens Valor acumulado (%) Importância A 10 a 20 60 a 80 Grande B 30 a 40 15 a 30 Intermediária C 50 a 70 5 a 15 Pequena Tabela 25 – Análise dos dados Classe Número de itens % itens Valor acumulado (%) Itens em estoque A 2 16,7 80,1 F, J B 3 25,0 15,6 A, E, D C 7 58,3 4,3 K, L, H, C, B, G, I 80 Unidade I Quadro 6 – Formas de utilização da classificação ABC Classe Critério de classificação Objetivos de gestão Exemplos A Grupo de 10 a 20% dos itens, porém representam de 70 a 80% da quantidade total ou valor total. Parâmetros de planejamento e controle definidos com maior precisão. Poucos itens que representam parcela substancial do valor total considerado. Estes itens devem receber atenção especial dos administradores, mediante planejamento e controle mais rigoroso. Menor cobertura de estoque. Estoque de segurança menor. Revisões mais frequentes. Maior peso em ações para conseguir dos fornecedores redução de preços, de condições de fornecimento e prazos de enrega. Previsão de demanda com maior rigor de acompanhamento. Inventários periódicos completos (exemplo: toda semana). B Grupo de 30 a 70% dos itens, porém representam de 15 a 20% da quantidade total ou valor total. Parâmetros intermediários. Itens em número e valor intermediário e que devem receber um tratamento intermediário, ou seja, menos rigoroso que os da classe A e mais rigoroso que os da classe C. Intermediários. C Grupo de 50 a 70% dos itens, porém representam de 5 a 10% da quantidade total ou valor total. Parâmetros mais folgados que atendam à demanda, sem aumentar a carga de trabalho. Muitos itens de pouca importância em termos de valor. Devem receber um tratamento menos rigoroso que os itens da classe B. Menor cobertura de estoque. Estoque de segurança maior. Revisões menos frequentes. Previsão de demanda com menor rigor de acompanhamento. Inventários periódicos por amostragem (exemplo: inventário completo a cada 6 meses). Fonte: Barbieri e Machline (2012, p. 135). 3.3.5 Classificação XYZ A classificação XYZ permite ao gestor a definição de níveis de atendimento diferenciados para os graus de criticidade dos materiais utilizados. A classificação XYZ de materiais, diferentemente da classificação ABC, não leva em conta o aspecto financeiro do item, e sim seu grau de criticidade ou imprescindibilidade para o processo produtivo da organização, ou seja, para as atividades em que eles serão utilizados. Quadro 7 – Classificação XYZ Classe Objetivos de gestão Características X Parâmetros mais folgados que atendam à demanda, sem aumentar a carga de trabalho. Baixa criticidade. Faltas não acarretam paralisações, nem modificações do processo produtivo. Elevada possibilidade de utilizar materiais equivalentes. Grande facilidade de obtenção. Y Intermediários. Média criticidade. Faltas não acarretam paralisações, mas comprometem a qualidade do processo produtivo. Podem ser susbstituídos por outros com relativa facilidade. Z Parâmetros de planejamento e controle definidos com maior precisão. Alta criticidade. Imprescindíveis para a organização. Faltas param o processo produtivo. Não podem ser substituídos por outros equivalentes. Fonte: Barbieri e Machline (2012, p. 140). 81 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Para entendimento da aplicação da classificação XYZ, considere o caso de uma lanchonete fast-food que serve produtos como sanduíches, sorvetes e sucos, e pertence a uma franquia que atua a nível nacional. Quadro 8 – Classificação XYZ para os produtos de uma lanchonete Classificação Exemplos de itens X Materiais de limpeza, sachês de ketchup, guardanapos, sal, açúcar Y Pães fornecidos por empresas próximas às lojas, com requisitos de qualidade, alface, cebola, queijo, tomate Z Hambúrguer fornecido pela matriz, localizada distante das lojas, sorvete de marca específica . 3.3.6 Nível de criticidade É o grau de importância operacional do item, que visa a não paralisação do ciclo produtivo: • Nível 1: materiais do ciclo produtivo estratégico, imprescindíveis e que, caso faltem, podem ocasionar paralisações e custos adicionais, não recuperáveis. • Nível 2: materiais do ciclo produtivo, que, caso faltem, podem ocasionar ônus, compensável pela manutenção de menores níveis de estoque. • Nível 3: são os demais materiais, substituíveis, que não provocam paralisações nem prejuízo ao ciclo produtivo e só devem ser adquiridos quando necessários, pois são supérfluos. Quando o método ABC e o nível de criticidade são comparados, podem ser realizadas as seguintes análises: • Itens 1A: itens prioritários e que necessitam de maior controle por serem imprescindíveis e caros.Exemplos: carnes, feijão, arroz. • Itens 1B e 1C: itens de custo razoável, imprescindíveis no ciclo produtivo, sendo necessário a existência de estoque de segurança. Exemplos: óleo, açúcar, sal, macarrão. • Itens 2A: itens caros, que necessitam de controle devido ao custo, mas que não causam interrupção no ciclo produtivo, nem prejuízo, em caso de falta no estoque. Exemplos: queijo, abacaxi, laranja. • Itens 2B e 3B: itens de custos razoáveis, que por serem de fácil obtenção não tem necessidade de serem mantidos em estoque. Exemplos: pão, ovos, farinha de rosca. • Itens 2C e 3C: itens de custos reduzidos e de fácil obtenção, que ocupam muito espaço físico, não havendo necessidade de mantê-los em estoque, pois são adquiridos de acordo com a necessidade da produção. Exemplos: doce, extrato de tomate, banana, batata. 82 Unidade I • Itens 3A: itens caros e de pouca essencialidade, que não devem ser mantidos em estoque, pois são adquiridos conforme necessidade. Exemplos: pão de hambúrguer, leite condensado, hambúrguer. Quadro 9 – Critério de classificação de insumos Classificação Ponto de vistacontemplado Conceito ABC Econômico Consiste na separação dos itens em três grupos de acordo com o valor da demanda em determinado período de tempo, onde: A = alto valor B = valor intermediário C = valor baixo XYZ Cliente Classificação de criticidade. Baseada no critério do impacto resultante da falta, onde: X = baixa criticidade Y = média criticidade Z = alta criticidade PQR Processo operacional Classificação de popularidade. Baseada na frequência de utilização dos itens, sendo: P = elevada frequência de movimentação Q = frequência de movimentação intermediária R = baixa frequência de movimentação 123 Fornecedor Classificação de aquisição. Baseada na dificuldade em adquirir determinado item, sendo: 1 = obtenção muito difícil 2 = obtenção relativamente difícil 3 = obtenção fácil Fonte: Murakami e Ferreira (2013, p. 4). 4 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E GESTÃO DE CUSTOS EM SA OU UAN A gestão de custos dentro de uma empresa se baseia na aplicação de técnicas cujo objetivo é reforçar seu posicionamento estratégico e reduzir seus custos, realizando isso de forma simultânea. Quanto maior for o controle dos custos em uma operação, maiores serão os lucros da empresa (ABRANCHES; DELLA LUCIA, 2014; MELO; CALAZANS, 2017). Os benefícios da gestão de custo são os ganhos em qualidade, que geram confiança dos clientes, reduzem consideravelmente o número de perdas no processo produtivo, geram maiores investimentos em novas tecnologias e equipamentos mais modernos, promovem melhorias na eficiência do processo e, consequentemente, o aumento e a melhoria da produtividade (MOURÃO, 2018; NISHIO; ALVES, 2019). Alguns desses custos são referentes ao armazenamento (tempo e temperatura), aos cardápios (quanto maior o número de opções maior é o padrão do cardápio e, consequentemente, o custo), à mão de obra, que envolve os custos diretos que seriam aqueles destinados à produção (sendo parte deles os manipuladores de alimentos), inspeções, controle de processo, implantação, implementação (execução) e acompanhamento de sistemas da qualidade. Um fator importante, que deve ser observado dentro de um SA ou UAN, é a qualidade da matéria-prima, visto que está relacionada diretamente com o rendimento, com o índice de parte comestível (IPC) ou fator de correção (FC) e o índice de conversão ou cocção (IC) do produto. Quando sua qualidade é ruim, torna-se necessário aumentar a quantidade utilizada, pois a matéria-prima acaba não oferecendo o rendimento esperado, o que altera o custo final do produto. Para que haja um controle, é recomendável realizar teste de rendimento da mercadoria antes de fechar um contrato com o fornecedor. 83 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Vale ressaltar que em um SA ou UAN, por conta da mão de obra ser quase em sua totalidade artesanal e, muitas vezes, desqualificada, torna-se necessário considerar os custos com treinamentos. Com isso, maior atenção deve ser direcionada aos manipuladores envolvidos na preparação, os quais são os responsáveis pela produção segura dos alimentos. O setor financeiro de um SA ou UAN precisa estar inter-relacionado com o seu nível operacional, assim as informações terão credibilidade e os custos poderão ser reduzidos. A ferramenta de gestão da qualidade, além de promover a redução de custos, permite alcançar melhorias no processo produtivo; portanto, deve ser utilizada em conjunto com as demais ferramentas disponíveis para, dessa maneira, potencializar o sucesso da empresa. Custo de controle Custo de prevenção Custo de avaliação Custo da falha no controle Custo das falhas internas Custo das falhas externas Figura 23 – Custos da qualidade Fonte: Cintra (2016, p. 33). Os custos da qualidade são classificados como custos de controle, representados pelos valores gastos para a prevenção e avaliação, e custos das falhas de controle, representados pelos custos direcionados para falhas internas e falhas externas. Custos voluntários Prevenção Avaliação Custos involuntários Falhas internas Falhas externas Figura 24 – Classificação dos custos da qualidade Fonte: Cintra (2016, p. 33). Para conseguir um ambiente no qual os funcionários possam trabalhar de forma eficiente, os custos da qualidade são conhecidos como custos de expectativa de falhas e, ainda, custos de falhas ocorridas, que, por sua vez, são classificados como custos voluntários (para prevenção e avaliação), pois podem ser controlados, e também como custos involuntários (falhas internas e falhas externas). 84 Unidade I Para evitar falhas futuras, os custos incorridos são os chamados custos de prevenção. Os custos de prevenção ocorrem para evitar a má qualidade de produtos e serviços. À medida que esses custos aumentam, diminuem os custos com falhas. Os custos de avaliação referem-se aos custos com o controle de qualidade, sejam eles internos ou externos. Este custo visa checar erros ou problemas que podem acontecer durante a fabricação de um produto ou execução de um serviço antes que estes cheguem aos clientes. Assim, os custos podem ser muito superiores aos que garantem a qualidade, inclusive podem gerar a insatisfação do cliente e a perda de reputação da empresa, pois o custo reduzido só é conquistado a médio e longo prazo e, para que isso ocorra, são necessários uma boa equipe e um bom gerenciamento (BALCHIUNAS, 2014). O controle de custos é um dos maiores desafios da gestão, ainda mais em SA ou UAN, cuja produção para consumo imediato e a perecibilidade dos alimentos o torna mais complexo ainda. Os níveis de perdas tanto financeiras como nutricionais dentro de um SA ou UAN podem variar muito e estão relacionados com diversos fatores, como o simples fato de cortar uma carne crua e depois utilizar a mesma faca, sem lavar, para cortar uma carne assada, pode gerar vários riscos à saúde. A manipulação de alimentos é uma importante etapa do controle de qualidade de um SA ou UAN, na qual as matérias-primas devem permanecer em condições cujo controle garanta a proteção contra contaminação, a redução, ao mínimo, das perdas da qualidade nutricional e a não deterioração do produto. O controle do desperdício deve ser monitorado também durante o pré-preparo dos alimentos. O desperdício ocorre, principalmente, quando não há planejamento adequado do volume de refeições que serão preparadas e as perdas envolvem desde alimentos que não são utilizados, até preparações prontas manipuladas de forma inadequada. As saladas são as preparações que se destacam com maiores porcentuais de desperdício na maioria dos SA ou UAN. O custo do desperdício devido à manipulação inadequada varia de 2,2 a 3% do valor gasto com gêneros alimentícios. Esse desperdício se deve provavelmente a falhas no recebimento e nos processos de corte. Durante o recebimento, essas hortaliças apresentam qualidade sensorial inadequada e durantea manipulação observou-se excessiva retirada de cascas e aparas, principalmente devido às más condições no recebimento. Estas perdas influenciaram na quantidade total produzida, causando aumento nos custos. O segmento de cozinhas industriais e restaurantes comerciais trabalha ainda com muita matéria-prima in natura, que necessita de beneficiamento. Os procedimentos de seleção, pré-preparo, preparo, higienização e corte de alimentos acabam por gerar uma grande quantidade de resíduos orgânicos. Os processos de descasque e/ou limpeza quase sempre são realizados manualmente e, em muitos casos, essa atividade é feita de maneira errônea, tanto pela falta de conhecimento e treinamento do funcionário, como também pela falta de mão de obra, o que deixa o tempo para a entrega do trabalho 85 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO curto, forçando o funcionário a realizar as atividades sob pressão, o que inibe sua atenção e desestimula seu comprometimento. Uma boa estratégia para minimizar o desperdício quantitativo é promover o treinamento de manipuladores de alimentos, a fim de garantir maior atenção com os cortes utilizados no pré-preparo das refeições e verificar se há erros ou desperdício. Isso deve ocorrer por meio de um trabalho contínuo de abordagem com os colaboradores, a partir de ferramentas educativas que apresentem dados numéricos do desperdício e busquem despertá-los para a necessidade de sua redução, implantando, inclusive, algumas preparações que possam reutilizar aparas que seriam desprezadas. A maioria dos SA e UAN possui níveis de perdas acima do aceitável. A implementação de intervenções educativas continuadas aos clientes e colaboradores, no que se refere aos danos ambientais e sociais causados pelo desperdício de alimentos, pode ser uma alternativa em potencial para a redução desses níveis de perdas. Para a garantia da produção de refeições seguras, é preciso reunir um conjunto de recursos físicos adequados. Quando se trata do controle de custos, deve-se observar uma série de itens, tais como: • organização do espaço físico e determinação de fluxos de produção, com o objetivo de racionalizar a produção; • mão de obra adequada (quantidade, cargos e qualificação); • sistemas de recrutamento, seleção, treinamento e motivação dos colaboradores, resultando em menor rotatividade na mão de obra e melhoria da qualidade dos serviços; • planejamento adequado de cardápios, de compras e controle de estoque, visando à qualidade do produto e evitando o desperdício dos gêneros; • dimensionamento, compra e manutenção de equipamentos, visando ao aumento da produtividade e diminuição da mão de obra; • controle do recebimento, manipulação e distribuição dos gêneros garantindo a qualidade e evitando o desperdício; • acompanhamento diário de custos a fim de se garantir seu controle e racionalização. O processo de gestão de custos, o planejamento dos procedimentos e das ferramentas gerenciais garantem a eficiência e a produtividade de um SA ou UAN. Quando utilizados contra a improvisação, o cardápio e as fichas técnicas de preparo destacam-se como ferramentas gerenciais úteis nesse processo e, tendo isso em vista, devem ser eficientes, pois são a base para a gestão de custos. 86 Unidade I Independentemente de sua natureza e classificação, todos os custos devem ser apurados e monitorados adequadamente, para que as unidades alcancem os resultados planejados por meio de seus orçamentos, ou seja, mantenham-se dentro das metas estabelecidas para cada gasto de produção. O lucro deixou de ser atributo da receita e das vendas para ser uma função resultante dos custos incorridos, de tal modo que, almejar lucro é conter custos. Lucros e custos são grandezas inversamente proporcionais. Em outras palavras, o lucro será máximo se o custo for mínimo. Para o bom funcionamento de um SA ou de uma UAN, é necessária a obtenção de um retorno financeiro que garanta a qualidade e a continuação do serviço prestado. Manter um sistema de análise e de informação de custos eficiente e eficaz é uma das tarefas mais importantes nas organizações. A necessidade do controle dos custos de produção nasce da exigência de comparar os custos obtidos com os custos orçados. O preço fixado para venda deve considerar os custos variáveis, provenientes do produto ou serviço, os custos fixos e os operacionais, além da lucratividade. Observação Definições importantes relacionadas à gestão de custos: Produtividade: é a relação entre a produção e os recursos para atingi-la, sendo sinônimo de eficiência. Orçamento: é a programação financeira que discrimina as receitas e despesas, objetivando disciplinar os gastos por meio de sua vinculação e a realização de metas. Ou seja, quantifica e expressa um futuro planejado. É um instrumento à disposição para ajudar a realizar o que foi previsto. Custo: é a soma dos elementos de despesas que entram na produção de bens ou serviços. É a somados gastos necessários para a produção de alimentos e sua distribuição. Despesas: são valores pagos por mercadorias, serviços, mão de obra, impostos, entre outros. Custo da refeição: é o resultado da relação entre o total das despesas realizadas com a produção e o número de unidades produzidas (refeições). Custo de reposição (manutenção): é o custo correspondente ao processo de reposição de materiais. 87 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Custo previsional (orçamentário): compreende ocusto estabelecido no presente para um período futuro, tendo por base o custo de reposição atual. Por exemplo: provisões. Preço: é o valor estabelecido para que se possa vender um determinado produto ou serviço. Basicamente, é a soma dos custos de produção e administração, complementados pela recuperação dos impostos e acrescido da margem de lucros. Os conhecimentos básicos em gestão financeira de UAN são: • apuração dos custos dos produtos/serviços, das mercadorias produzidas ou vendidas; • cálculo do preço de venda bruto ou líquido; • cálculo do lucro e da margem de lucro. Conhecimento dos custos da UAN Bom funcionamento da UAN Administração pública Otimização dos custos para maximização dos benefícios Empresa privada Visa lucro Figura 25 – Importância dos custos em SA ou UAN Os fatores que influenciam custos e produtividade em SA ou UAN são: • número de usuários; • matéria-prima (safra, fator de correção, qualidade, preço); • mão de obra (qualificação, número, salários); • tipo de cardápio (frequência, número de preparações; • porcionamento e opções, tipos de preparações, forma de distribuição; • política de compras; • estoques (volume, rotatividade), • processos de qualidade. 88 Unidade I Existem muitos fatores críticos para o controle do custo. Dentre eles, podem ser relacionados os seguintes: • planejamento é a base de tudo; • evasão de refeições; • estoque capital do restaurante; • nem sempre o prato que os gerentes acreditam ser mais caro realmente é, por exemplo, bife à milanesa; • utilizar a panela certa para cocção de arroz; • importante negociar com o cliente; • evasão com faturamento, como problemas com leitura de catraca/pagamento, problemas com o sistema de catraca/pagamento, layout do restaurante; • retorno do cliente ao balcão de distribuição; • controles ineficientes dos serviços vendidos; • falta de conhecimento do contrato; • a importância do custo diário; • o trabalho em equipe e o comprometimento de todos na cozinha; • pontualidade na entrega de informações e documentos; • gramagem de carne; • a importância da relação entre custo e contrato, por exemplo, se o contrato preconiza 120 g de proteína, deve-se segui-lo à risca; • a elaboração do cardápio é 50% do resultado, por isso essa etapa deve realizada cuidadosamente. Não se apuram apenas os custos de utilidades físicas (bens e matéria-prima), mas também os custos de serviços (fretes, seguros, dentre outros). Outras denominações para custos podem ser despesas, aplicaçõese consumos. Assim, o custo é a soma dos gastos necessários para a produção e distribuição de alimentos (basicamente, a soma dos custos de produção + administração + recuperação dos produtos), enquanto o preço é o valor estabelecido para que se possa vender um determinado bem ou serviço. 89 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Custos são a expressão monetária do valor dos insumos sacrificados para a geração de produtos e serviços. Custo refere-se à fase em que os fatores de produção são colocados no processo produtivo. Assim, os custos de produção das empresas podem ser vistos como o resultado da combinação dos preços de mercado, dos fatores de produção e do consumo desses fatores para gerar um determinado produto, a partir de uma tecnologia. O encarecimento dos gêneros alimentícios, aliado ao custo de manutenção geral dos serviços, demanda uma avaliação constante do que vem sendo feito, a fim de obter, enquanto possível, a manutenção da produtividade e a correspondente redução de custos, sem prejuízo no desempenho e na qualidade. Consideram-se custos os elementos de despesas que entram na produção de bens ou serviços. Em SA, UPR ou UAN, o custo da refeição é um parâmetro fundamental para análise dos resultados obtidos no processo de produção de refeições. Determina-se o valor do custo através da relação entre o total das despesas realizadas e o número de refeições servidas. Conforme Silva Filho (1996), problemas de layout e de espaço físico da área produtiva, seja por ela ser muito pequena ou mal distribuída, muito grande ou mal dimensionada, implicam em alterações de fluxo de trabalho, ocasionando perdas de tempo, maiores quantidades de pessoas para atender às atividades existentes, maiores desgastes físicos da mão de obra, diminuição da capacidade produtiva, desgastes de equipamentos, maiores dispêndios com as manutenções prediais e de equipamentos, incrementos nos custos indiretos para manutenção dos processos (água, luz, telefones, monta-cargas, elevadores, entre outros). Para que se compreenda o que ocorre nas empresas, em termos de custos e desperdícios, é necessário entender a função da produção como um todo, que deve ser vista como uma rede de processos e operações. O custo da refeição pode ser alterado por vários fatores, entre eles podem-se citar: • Política de compras: influi diretamente no preço dos gêneros alimentícios. A modalidade de compras, por licitação ou diretamente pela escolha do fornecedor, guarda diferenças significativas no preço dos produtos. A forma de pagamento (à vista ou a prazo) bem como a quantidade de produtos a serem adquiridos também vão influenciar no preço final da mercadoria. • Método de recepção e armazenamento de mercadorias: ter um controle melhor na recepção, no que diz respeito à qualidade e quantidade recebida, assegurarão a estabilidade do custo da refeição. O sistema de armazenamento também influi consideravelmente no custo, pois gêneros mal estocados elevam despesas, alterando as previsões de compra e utilização. • Controle das operações durante a preparação: um controle eficaz nesta etapa poderá evitar grande parte das perdas decorrentes da inabilidade dos operadores, seja por falta de treinamento ou utilização inadequada dos equipamentos. 90 Unidade I • Mão de obra: o dimensionamento de pessoal e as despesas com mão de obra estão diretamente relacionados a diversificação dos cardápios, escolha do sistema de atendimento e tipo de serviço a ser prestado à clientela. A falta de treinamento de pessoal bem como a inadequação dos equipamentos e planta física, refletirão, também, nestas despesas. Quando esses aspectos não são devidamente obedecidos, ocorrem perdas e desperdícios, alterando as previsões de despesas e, consequentemente, o custo da refeição. Com a apuração dos custos, objetiva-se informar os gastos totais relativos às despesas com gêneros alimentícios, pessoal, aquisição e manutenção de equipamentos e utensílios, encargos legais, dentre outros, e reduzi-los. O objetivo é maximizar lucros. Visando o controle de custos, deve-se observar uma série de itens: • organização do espaço físico e determinação de fluxos de produção, com o objetivo de racionalizar a produção; • estabelecimento adequado da mão de obra (quantidade, cargos e qualificação); • estabelecimento de sistema de recrutamento, seleção, treinamento e motivação de pessoal, resultando em uma menor rotatividade na mão de obra e melhoria na qualidade dos serviços; • planejamento de cardápios, de compras e controle de estoque, visando a qualidade do produto e evitando desperdício de gêneros, mão de obra e energia; • estabelecimento de critérios técnicos na escolha, dimensionamento, compra e manutenção de equipamentos, visando o aumento da produtividade e diminuição de mão de obra; • controle do recebimento, manipulação e distribuição dos gêneros, para garantir a qualidade e evitar o desperdício; • planejamento de produção (estabelecimento de per capita e controle do número de refeições) e acompanhamento da aceitação do cardápio, a fim de evitar sobras e restos; • acompanhamento diário de custos, a fim de garantir seu controle e racionalização. 4.1 Tipos de custos Os custos mais comumente utilizados são: • Custo pressionado: é o custo proposto como parâmetro para o desenvolvimento das refeições em determinado período. Este valor deverá ser definido pela UAN com base em um orçamento, levando em conta os gastos reais obtidos em um passado recente. É o limite de gastos prevendo uma relação direta com lucro. Este tipo de custo é utilizado por concessionárias. 91 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • Custo médio: é o custo calculado em um determinado período, que identifica os valores médios realizados por uma UAN, mas não retrata com muita precisão possíveis desvios. • Custo real: é o custo calculado diariamente, considerando todos os itens que naquele dia influíram no custo da refeição. É o melhor instrumento de gerenciamento da UAN. Os custos podem ser classificados em termos da maior ou da menor facilidade de apuração contábil de seus valores na produção de determinados bens ou serviços. • Contábeis: — Diretos: são aqueles que se consegue identificar e relacionar diretamente aos itens produzidos ou serviços prestados. Podem ser imediatamente apropriados a um só produto ou a um só serviço (gêneros alimentícios, de limpeza, descartáveis, mão de obra, encargos sociais, depreciação de equipamentos). — Indiretos: são todos os outros custos que não podem ser apropriados diretamente ao produto ou serviço e são calculados por meio de estimativas ou rateios (aluguel, energia elétrica, transportes, instalações, vapor, gás, telefonia). • Econômicos: — Fixos: são os que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, ou seja, são aqueles que não variam em função da produção do bem ou serviço (aluguel, seguros, impostos, folha de pagamento de pessoal fixo). Valores consumidos ou aplicados independentemente da quantidade de bens produzidos ou de serviços prestados. Cu st os Unidades produzidas Custos fixos Figura 26 – Custo fixo Fonte: Cintra (2016, p. 32). 92 Unidade I — Variáveis: são os custos que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço, ou seja, alteram-se dependendo da quantidade de serviços ou produtos produzidos (gêneros alimentícios, água, combustível). Cu st os Unidades produzidas Custos variáveis Figura 27 – Custo variável Fonte: Cintra (2016, p. 32). • De natureza: — Produção: referente à transformação da matéria-prima em produtos acabados, como os gêneros alimentícios. — Comercial: compreende os gastos para a colocação do produto no mercado. — Administrativo: inerente à administração da unidade. Os componentes básicos dos custos nos SA ou UAN são: • o valor das matérias-primas adquiridas de outras empresas (fornecedores); • o valor dos serviços prestados por pessoas físicas (sua mão de obra e os encargossociais dela decorrentes); • o valor dos serviços prestados por outras empresas, como transporte, fornecimento de energia, segurança, bancos, serviços externos, entre outros, denominados de gastos gerais. Ou seja, resumindo: custo total = matéria-prima + mão de obra + gastos gerais (ou custos indiretos de fabricação - CIF). Dessa forma, nos SA ou UAN, os custos são constituídos pelos seguintes componentes: 93 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • matéria-prima; • materiais descartáveis; • gastos gerais de produção: gás, material de limpeza, energia elétrica, material de escritório, aluguel, entre outros; • mão de obra; • impostos, como custos que incidem sobre as vendas ou faturamento da empresa, cujas alíquotas são definidas por lei. Matéria-prima Alimentar Descartáveis Não alimentar Produtos de higiene e limpeza Mão de obra Provisões Proventos Encargos sociais Benefícios Diversos Indiretos Diretos Fixos Variáveis Figura 28 – Componentes do custo de uma refeição (custo total = somatória dos custos) Exemplo de aplicação A partir da relação a seguir, elabore e apresente um cardápio que atenda o custo total per capita da refeição de R$ 2,73, considerando o valor de R$ 0,60 de custo indireto. Vale ressaltar que este cardápio deve apresentar uma harmonia e adequação em relação ao valor nutricional e características sensoriais. 94 Unidade I Tabela 26 Alimentos Per capita IPC Preço R$/un. Arroz 80-100 g 1,02 4,60/2 kg Feijão-carioca 30-60 g 1,04 3,25/kg Carne de frango 200-250 g 2,30 6,80/kg Carne bovina moída 90-120 g - 6,80/kg Cenoura 30-60 g 1,17 0,90/0,6 kg Beterraba 30-70 g 1,74 1,00/kg Batata 30-100 g 1,06 3,80/2 kg Vagem 60-80 g 1,41 2,30/0,5 kg Acelga 50-80 g 1,45 0,90/kg Tomate 80-100 g 1,25 2,30/kg Meta de custo alimentar / custo padrão = R$ 2,73 - R$ 0,60 = R$ 2,13 1. Arroz: IPC = PB/PL => 1,02 = PB / 100 g => PB = 100 g x 1,02 => PB = 102 g 2.000 g - R$ 4,60 102 g - x = R$ 0,23 2. Feijão: IPC = PB/PL => 1,04 = PB / 50 g => PB = 50 g x 1,04 => PB = 52 g 1.000 g - R$ 3,25 52 g - x = R$ 0,17 3. Carne de frango: IPC = PB/PL => 2,3 = PB / 200 g => PB = 200 g x 2,3 => PB = 460 g 1.000 g - R$ 6,80 460 g - x = R$ 3,13 (não pode ser utilizada, pois somente com esse valor a meta de custo é ultrapassada) 4. Carne moída: 1000 g - R$ 6,80 90 g - x = R$ 0,61 95 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 5. Cenoura: IPC = PB/PL => 1,17 = PB / 60 g => PB = 60 g x 1,17 => PB = 70,2 g 600 g - R$ 0,90 70,2 g - x = R$ 0,11 6. Beterraba: IPC = PB/PL =>1,74 = PB / 30 g => PB = 30 g x 1,74 => PB = 52,2 g 1.000 g - R$ 1,00 52,2 g - x = R$ 0,05 7. Batata: IPC = PB/PL => 1,06 = PB / 30 g => PB = 30 g x 1,06 => PB = 31,8 g 2.000 g - R$ 3,80 31,8 g - x = R$ 0,06 8. Vagem: IPC = PB/PL => 1,41 = PB / 60 g => PB = 60 g x 1,41 => PB = 84,6 g 500 g – R$ 2,30 84,6 g – x = R$ 0,40 9. Acelga: IPC = PB/PL => 1,45 = PB / 50 g => PB = 50 g x 1,45 => PB = 72,5 g 1.000 g - R$ 0,90 72,5 g - x = R$ 0,07 10. Tomate: IPC = PB/PL => 1,25 = PB / 80 g => PB = 80 g x 1,25 => PB = 100 g 1.000 g - R$ 2,30 100 g - x = R$ 0,23 Então, R$ 0,23 + R$ 0,17 + R$ 0,61 + R$ 0,11 + R$ 0,05 + R$ 0,06 + R$ 0,40 + R$ 0,07 + R$ 0,23 = R$ 1,93 Sugestão de cardápio: Prato base: arroz + feijão Prato principal: carne moída com legumes (batata e vagem) 96 Unidade I Guarnição: cenoura sauté Saladas: beterraba ralada, acelga, tomate Outras combinações poderão ser realizadas, desde que não ultrapassem a meta de custo alimentar (R$ 2,13) e o cardápio mantenha um equilíbrio mínimo em relação aos ingredientes, per capita e outros fatores. O custo unitário ou per capita é obtido pela divisão entre o custo global de produção e a quantidade produzida, ou seja, custo global (fixo + variável) / quantidade produzida. Pode ser representado pela seguinte fórmula: p = f + v / n, onde p = custo unitário, f = custo fixo total, v = custo variável total, n = quantidade produzida Exemplo de aplicação Calcule o custo da refeição do dia: Custo total = R$ 9.040,00 Número de refeições = 2.000 Resolução p = f + v / n p = R$ 9.040,00 / 2.000 p = R$ 4,52/refeição 4.2 Instrumentos para controle de custos O controle de custos visa uma administração consciente e científica. Tem como instrumentos: • Planejamento de cardápios: segundo o padrão proposto, os cardápios deverão conter pratos de custos variáveis em tal proporção que não comprometam a qualidade do serviço. • Planejamento de compras: a compra é uma atividade que influi diretamente no custo. • Recebimento e giro de estoque: esta etapa identificará a qualidade da compra efetuada; um recebimento inconsequente trará grandes prejuízos à UAN ou ao SA. 97 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • Produção da refeição: deverá ser realizada de acordo com as técnicas corretas de preparo. O receituário padrão, além de assegurar uma constância nas quantidades de matéria-prima a ser utilizadas, garante a homogeneidade do padrão de qualidade do serviço. • Distribuição das refeições: os itens do cardápio deverão ser porcionados de forma a garantir sua distribuição durante todo período de refeição. Em caso de autosserviço, os usuários deverão ser educados a evitar o desperdício. • Treinamento da mão de obra: a equipe deverá ser constantemente avaliada e treinada. • Controle de qualidade: cada SA ou UAN deverá contar com parâmetros de qualidade bem definidos. • Testes de amostras: todos os produtos a ser utilizados necessitam de teste anterior para comprovação de sua qualidade. • Avaliação: o SA ou a UAN precisa ser constantemente avaliada, visando tomada de decisões para seu aperfeiçoamento. • Relatórios e controles: é necessária a manutenção de controles rígidos, que servirão como parâmetros de informações nas tomadas de decisões. Pode-se, então, determinar que o controle de custos está associado a vários aspectos, tais como: • boa localização física do serviço de alimentação e nutrição (SAN); • utilizar critérios técnicos na escolha e compra de equipamentos; • estabelecer critérios técnicos para aquisição e armazenamento de gêneros; • implantar cronograma de manutenção e reparos dos equipamentos; • supervisionar o processo de produção; • supervisionar a distribuição, observando o porcionamento estabelecido; • analisar o percentual de sobras e rejeitos, e comparar ao padrão; • estabelecer rigoroso controle do número derefeições/dia; • implantar sistema de controle de custos; • estabelecer um bom sistema de comunicação com os setores responsáveis por compras, recursos humanos e outros; 98 Unidade I • implantar um sistema de recrutamento, seleção e treinamento de pessoal; • implantar programa social que proporcione bem-estar ao grupo, melhorando sua motivação. Tabela 27 – Composição do custo da refeição Componentes Custo (R$) Matéria-prima Pessoal (salário + encargos) Materiais descartáveis Gastos gerais Água Gás Energia Depreciação Aluguel Manutenção Seguro Combustível Telefone Reposição (utensílios, uniformes, entre outros) Material de expediente Material de limpeza Total geral Fonte: Vaz (2011, p. 80). Total geral for por mês = total / número de refeições produzidas no mês Total geral for por dia = total / número de refeições produzidas no dia Tabela 28 – Exemplo de planilha de controle de custo geral Descrição Custo geral (R$) Gêneros alimentícios Descartáveis Dedetização e desratização Reposição de utensílios Manutenção Água, luz, telefone e gás Material de escritório Uniformes/lavanderia – EPI Coleta de lixo 99 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Descrição Custo geral (R$) Treinamento Análises microbiológicas e outras Depreciação Outros Total Número total de refeições servidas Custo per capita Fonte: Senac (2007, p. 106). 4.3 Avaliação do custo percentual dos componentes do cardápio Qualquer aumento no porcentual de gastos com matéria-prima tem reflexo nos ganhos, já que os outrosgastos são fixos e não podem ser modificados para compensar esse aumento. As porcentagens são determinadas com a análise dos gastos anteriores do SA ou UAN e acompanhando o custo diário e mensal. Apesar de variável, as quantidades gastas com matéria-prima e as bases fundamentais do controle de custos são as mesmas para todos os SA ou UAN. O cardápio e o tipo de serviço oferecido, os métodos de compra, procedimentos de controle no armazenamento, controle das quantidades perdidas na produção dos alimentos, incluindo pré-preparo, preparo e cocção e distribuição, o uso de receitas padrão e porcionamento adequado determinam, em grande parte, a efetividade de controle. É importante manter um porcentual para cada um dos componentes do cardápio, o que possibilita o acompanhamento do custo diário. Tabela 29 – Intervalo porcentual de custo em relação ao custo total dos componentes de um cardápio Componente % Salada 5 a 6 Prato principal 39 a 58 Guarnição 6 a 11 Prato base (arroz, feijão) 5 a 17 Complemento (pão, farinha de mandioca, vinagrete, molho de pimenta) 8 a 12 Sobremesa 8 a 12 Bebidas 5 a 7 Material descartável 2,5 a 4 Produtos de limpeza 2,5 a 4 Fonte: Abreu, Spinelli e Pinto (2019, p. 152). 100 Unidade I Esses porcentuais podem sofrer alteração de uma categoria de cliente para outra devido, entre outros fatores, à matéria-prima, ao número de refeições para ratear o custo e ao tipo de serviço. Tabela 30 – Representação dos índices de matéria-prima no custo Composição do cardápio Índice total (%) Índice parcial (%) Arroz 4 5 Feijão 3 3 Entrada - salada 7 9 Prato principal 36 43 Guarnição 8 10 Sobremesa 7 8 Bebida (suco) 7 8 Complementos 4 4 Custo alimentar 85 100 Descartáveis 6 38 Produto de higiene e limpeza 9 62 Custo não alimentar 15 100 Fonte: Kimura (2003, p. 55). 4.4 Custos da refeição 4.4.1 Custo da mercadoria comprada (CMC) O CMC pode ser representado com a seguinte fórmula: Preço pago ao fornecedor (-) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) (-) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cujo crédito oscila de um estado para outro (-) Programa de Integração Social (PIS) (-) Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) (+) Frete (-) ICMS sob frete (-) PIS e Cofins sem frete 101 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (+) Outros gastos para que a mercadoria chegue até a empresa (pedágio, seguro) (=) CMC 4.4.2 Custo da mercadoria vendida (CMV) O CMV pode ser representado com a seguinte fórmula: (+) Estoque inicial (+) Gastos com aquisição de matéria-prima (CMC) (-) Estoque final = CMV CMV = VEI + VC - VEF ou VEF = VEI + VC - CMV Onde VEF = valor do estoque final VEI = valor do estoque inicial VC = valor das compras CMV = custo das mercadorias vendidas Exemplo de aplicação Calcule o custo total e unitário da matéria-prima para esta UAN. Inventário feito no final do mês anterior = R$ 17.876,00 Compras com nota fiscal (NF) = R$ 187.568,32 ICMS = R$ 12.881,98 Inventário no último dia do mês corrente = R$ 13.576,09 10.000 refeições / dia útil, 1.500 refeições / sábado, 1.250 refeições / domingo Mês: 25 dias úteis, 3 sábados e 3 domingos 102 Unidade I Custo total ou consumo = R$ 187.568,32 + R$ 17.876,00 - R$ 13.576,09 - R$ 12.881,98 Custo total = R$ 178.986,25 Total refeições = (25 dias x 10.000) + (3 dias x 1.500) + (3 dias x 1.250) = 250.000 + 4.500 + 3.750 = 258.250 refeições Custo unitário da matéria-prima = R$ 178.986,25 / 258.250 refeições = R$ 0,69/refeição para o mês corrente. 4.4.3 Custo da matéria-prima É o item de maior representatividade no custo global. Representa, em média, 50% do custo total de produção. É dividido em: • Alimentar: gêneros alimentícios de maior peso no custo da refeição. Pode ser desmembrado em prato principal, guarnição, sobremesa, entre outros. E o IPC ou FC e o per capita devem estar bem definidos. • Não alimentar: descartáveis e produtos de limpeza. Descartáveis: diretos (guardanapos, palitos, copos); e indiretos (papel alumínio, luvas descartáveis, fita filme). Em muitas situações, esses itens encontram-se nos custos diversos ou gerais. O custo da matéria-prima alimentar pode ser dimensionado utilizando um controle, como o que é apresentado na sequência. Tabela 31 – Dimensionamento de custos da matéria-prima alimentar Produto Per capita (g) IPC ou FC Quantidade (kg/embalagem) Preço unitário (R$/kg ou embalagem) Custo total (R$) Custo total: Número de refeições: Custo unitário: Adaptado de: Vaz (2011, p. 73). Ao calcular a quantidade, deve-se acrescentar uma margem de segurança de 5 a 10%. 103 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Este procedimento pode ser feito por meio de: • fichas técnicas; • requisições à despensa/estoque; • inventário (mensal). Quadro 10 – Tipos de alimentos existentes no mercado Tipo de alimento Custo aproximado Características In natura $ Fator de correção, safra, mão de obra e área de pré-preparo. Exemplos: todas as hortaliças, frutas e peças de carnes. Pré-selecionado $$ Fator de correção menor do que o alimento in natura, área física, safra, mão de obra, pré-preparo igual ao in natura; melhor condição de armazenamento do fornecedor até a unidade diminuindo injúrias nos alimentos. Exemplos: alface, espinafre e tomate selecionados. Semiprocessado ou minimamente processado $$$$ Não possui fator de correção, diminui a necessidade de área física e mão de obra, sem pré-preparo, mas permite investimentos na etapa de montagem. Exemplo: batata: ralada, palito ou rodelas, alface; folha inteira ou picada e salada de frutas. Para carnes: alcatra em bife, tiras ou cubos. Industrializado $$$ Não possui fator de correção, não sofre influência dasafra; permite maior praticidade no trabalho e exige investimentos no preparo final; prazo de validade determinado e diferentes tipos de embalagem que permitem adequação de espaços. Exemplos: molho industrializado de tomate, ketchup, mostarda ou ervilha em conserva. Congelado $$$$ Há necessidade de investimentos na cadeia fria e manutenção preventiva dos equipamentos de conservação; garante maior variedade durante todo ano independente de safra, reduzindo a mão de obra. Exemplos: bolo e empanados de frango. Pronto para consumo $$$$$$ Maior comercialização de sobremesas, porém, no mercado, já encontramos preparações salgadas como lasanha e panquecas; reduz muito a mão de obra, tempo de preparo e não exige equipamentos específicos tanto para a regeneração como para o término. Alta praticidade no preparo, o que permite grandes investimentos na decoração do prato. Fonte: Senac (2007, p. 54). 4.4.4 Custos de mão de obra Pessoas que estão envolvidas direta ou indiretamente com a produção de uma mercadoria ou serviço: • Mão de obra direta: funcionários da cozinha (produção de refeições); • Mão de obra indireta: departamentos ligados à área de apoio. 104 Unidade I E envolve: • Proventos: salários, horas extras, adicional noturno, insalubridade, periculosidade, prêmios, ajuda de custo, entre outros. • Provisões: férias, abono de férias, décimo terceiro salário. • Encargos sociais (36,3%): INSS, FGTS, seguro de acidente de trabalho, salário educação, Incra, Senac, Sesc, Sebrae, Sesi e Senai. Esse valor pode variar em decorrência do sistema de tributação, ou seja, se for simples, será menor. • Benefícios: vale-transporte, cesta básica, alimentação, cursos, auxílio residência, entre outros. Dessa forma, o total do custo da mão de obra é a soma de proventos, provisões, encargos sociais e benefícios. Resumidamente, é a soma dos encargos sociais e do salário direto. O salário direto corresponde ao salário contratual e: • horas extras (50% para dias úteis e 100% para domingos e feriados); • prêmios habituais; • adicionais (noturnos e insalubridade); • diferenças de salário; • anuênios ou similares; • descanso semanal remunerado (DSR); • produtividade definida em convençõescoletivas. O custo com rescisão contratual pode ser por conta de multa FGTS (50%) e aviso prévio indenizado. O custo com provisões corresponde a 25,5%, sendo: • Provisão com 13º salário ou gratificação natalina: salário direto (100%) + encargos sociais (36,3%) = 136,3% / 12 meses = 11,36% ao ano. • Provisão com férias: salário direto (100%) + adicionais de férias (33,33%) + 36,3% (encargos sociais) = 169,63% / 12 meses = 14,14% ao ano. 105 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Outros custos (benefícios): • vale-transporte = (quantidade de vales x valor unitário) - valor descontado dos funcionários (6%); • cesta básica = (número de funcionários x valor da cesta básica) - valor descontado do funcionário; • assistência médica = [(número de funcionários + dependentes) x valor da assistência médica] - valor descontado dos funcionários. Assim, o custo total dos benefícios para empresa = valor total dos benefícios concedidos - valor total descontado dos funcionários. Em relação à hora extra e adicional de trabalho noturno: • hora extra = valor da hora normal + no mínimo, 50% para dias úteis e 100% para domingos e feriados; • adicional noturno: trabalho realizado no horário entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte (adicional em torno de 20%). Assim, o custo do adicional noturno para a empresa = adicional pago ao funcionário + custos com encargos e provisões. Síntese dos cálculos do custo de mão de obra = salários diretos + encargos sociais + provisões + rescisões contratuais + outros custos salariais. O custo unitário de mão de obra = custo da mão de obra/ número de refeições. O recrutamento engloba publicidade, viagens, comissões de agências e custos administrativos. A seleção requer entrevistas, checagem de referências, aplicação de testes e custos administrativos correlatos. Admissão e colocação abrangem exame médico, deslocamento de viagens e custos administrativos. As instruções demandam orientação, treinamento formal e prático no trabalho, o tempo do treinador e a diminuição na produtividade de outras pessoas, durante o treinamento de um recém-chegado. O desligamento inclui as despesas com a saída, pagamento dos direitos trabalhistas aplicáveis a cada caso, os custos associados a uma posição vaga e todo investimento no desempenho anterior ao desligamento. Tabela 32 – Cálculo do custo de mão de obra Formulário para cálculo do custo de mão de obra R$ 1) Salário contratual 2) Horas extras 3) Adicional noturno, anuênios, prêmios, entre outros 4) Salário direto = 1+ 2 + 3 5) Encargos sociais = 4 x 36,3% 106 Unidade I Formulário para cálculo do custo de mão de obra R$ 6) Provisão de 13º salário = (4 + 36,3%) / 12 7) Provisão de férias = [(4 + 33,3%) + 36,3%] / 12 8) Provisões = 6 + 7 9) Vale-transporte (valor do vale x n. de vales) 10) Valor descontados dos funcionários 11) Custo com vale-transporte = 9 – 10 12) Assistência médica (valor unitário x n. de beneficiários) 13) Valor descontado dos funcionários 14) Custo com assistência médica = 12 - 13 15) Cesta básica (valor unitário x n. de cestas) 16) Valor descontado dos funcionários 17) Custo com cesta básica = 15 - 16 18) Custo com PCMSO e PPRA 19) Custo de rescisão 20) Custo total = 4 + 5 + 8 + 11 + 14 + 17 + 18 + 19 Fonte: Vaz (2011, p. 64). Os custos com encargos (impostos) são variáveis que dependem do tipo de contrato estabelecido e do município em que se localiza o SA ou a UAN. Impostos são custos e impactam na definição do preço de venda e no lucro. Encargos sociais são encargos legais que incidem na mão de obra, como, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), seguro contra acidentes de trabalho, salário educação, entre outros. Encargos tributários são custos referentes aos impostos que a empresa paga sobre o valor do faturamento nas vendas ou prestação de serviços de alimentação, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) etc. 4.4.5 Custos diversos São exemplos de custos diversos: • equipamentos de proteção individual (EPI), como uniformes, aventais, calçados, luvas diversas, óculos; • combustível, como gás liquefeito de petróleo (GLP), vapor; • utensílios, como bandejas, pratos, talheres e panelas; • material administrativo, como impressos, materiais de escritório; 107 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • manutenção (corretiva e preventiva); • decoração; • instalações, como aluguel, imposto predial, ponto, gás, energia, água, manutenção predial; • leasing, como arrendamento mercantil, investimento de alto valor, prazo de 2 anos, como para veículos e equipamentos; • locação, por exemplo, aluguel do objeto, como para veículos e equipamentos; • investimentos, como reformas, propaganda e marketing, programas de software. • Água: — direto da conta, se tiver registro próprio; — rateio da conta, se for única para a empresa; — média de consumo de água que varia de 25 a 42L/refeição (quanto menos abaixo desta faixa, melhor). • Gás: — quantidade de botijões utilizados no mês pelo SA ou UAN; — rateio da conta, caso seja gás encanado para toda a empresa; — consumo de gás de cada equipamento por hora; — custo de gás = consumo total em kg x preço / número de refeições. • Energia: — direto da conta, se tiver registro próprio; — rateio, se a conta for única para a empresa; — potência de cada equipamento utilizado na UAN; — custo de energia = Kw/dia x preço / número de refeições. • Custos com administração: — manutenção de software e hardware, contabilidade, consultorias, material de expediente, malotes, conta de telefone. 108 Unidade I • Custos financeiros: — despesas bancárias, empréstimos, atrasos no recebimento, entre outros. • Custos com programas de controle legais e de qualidade: — Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO, NR-07): exames clínicos (admissional e demissional); exames laboratoriais (hemograma, coprocultura, coproparasitológico). — Programa de Prevenção de Riscos e Acidentes (PPRA, NR-09). • Depreciação: parcela de valor do investimento realizado em bem de uso ou de operação, indicativa de perda de utilidade por uso excessivo ou ação da natureza, ou seja, a depreciação e a perda do valor de um ativo pelo desgaste: — Valor residual (VR) = valor de compra (equipamento novo) - valor estimado (equipamento velho). — Valor comercial (VC) = valor empregado quando da compra do equipamento. — Vida econômica (VE) = tempo de duração do equipamento. D/ano = VC - VR / VE Parcela custo (rateio) = Depreciação/ano/número de refeições Exemplo de aplicação Calcule a depreciação de um forno combinado de uma UPR, cujo VC foi de R$ 100.000,00, valor estimado do equipamento velho R$ 20.000,00 e 20 anos de duração. VR = R$ 100.000,00 - R$ 20.000,00 => VR = R$ 80.000,00 Resolução D/ano = VC - VR / VE D/ano = R$ 100.000,00 - R$ 80.000,00 / 20 anos => D/ano = R$ 20.000,00 / 20 anos => D/ano = R$ 1.000,00 Esse valor pode ser considerado em um mês e ser distribuído no custo ao longo dos meses no ano. Ou seja, R$ 1.000,00 / 12 meses => D/mês = R$ 83,33 109 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Esses custos costumam ser rateados. O rateio é proporcional ao tempo gasto para produzir cada produto ou serviço, atribuindo um custo maior àqueles que consomem maior tempo. É proporcional à quantidade de produção de cada produto ou serviço, atribuindo um custo maior para aqueles de maior produção. E é proporcional, ainda, aos custos diretos da matéria-prima e produtos descartáveis, atribuindo um custo maior àqueles de maior gasto com matéria-prima e descartáveis. 4.5 Fatores que interferem nos custos A) Política de compras: relação custo-benefício, considerando que os benefícios sejam em relação à qualidade do produto, prazo de entrega e pagamento. O preço da matéria-primaé um dos fatores que mais afeta no custo. Exemplo Acém R$ 2,80 com perda de 30% na limpeza => R$ 4,00 Coxão mole R$ 3,50 com perda de 5% => R$ 3,68 B) Qualidade da matéria-prima: relacionada diretamente com o rendimento, fator de correção e cocção. Exemplo Acém tem uma perda de 30%. Deve ser acrescida esta perda à quantidade do pedido. 150 kg – 70% X– 100%, então X = 214,28 kg C) Giro de estoque: compras devem ser efetuadas sobre um planejamento de cardápio. As mercadorias devem ter um destino pré-definido. D) Padrão de cardápio: afeta diretamente o custo da refeição. É importante considerar: • Composição dos pratos: diferenças por diversos motivos, como redução de custos, adequação para melhor aceitação, diferenças regionais. Exemplo: feijoada completa e feijoada. • Frequência: pratos de maior custo em um espaço de tempo maior. • Especificação da matéria-prima: preparações semelhantes ou idênticas com diferença na matéria-prima. Exemplo: filé e bife à parmegiana. • Gramagem. • Variedade de opções. 110 Unidade I E) Produtividade de mão de obra: diretamente ligada à atividade do funcionário para a empresa. É importante sempre manter o dimensionamento correto do quadro de pessoal, controle de horas adicionais de trabalho, treinamento e motivação da equipe, entre outros aspectos importantes e relacionados à produtividade. F) Alocação de custos indiretos: os custos indiretos (como combustível, EPI, utensílios, material administrativo) devem ser rateados, para que os custos diversos fiquem mais próximos da realidade. 4.6 Planejamento de custos O planejamento é o ponto de partida para o sucesso ou fracasso da missão ou objetivo. A melhor maneira de se planejar custos é pela quantidade total. O primeiro passo para uma gestão eficaz é o planejamento feito por meio de dados completos, fidedignos, levando-se em conta todos as diversidades existentes nos custos. Nesta fase, é importante haver os registros do histórico anterior (COSTA, 2016; CRUZ, 2017). No planejamento devem ser traçados planos e projeções, definindo ações a serem tomadas para a obtenção do objetivo em um determinado período: • o quê? (lucro); • quanto? (resultado, margem); • como? (definição dos padrões e custos); • quando? (período). Quanto ao levantamento de dados, é necessário desenhar o perfil do restaurante, conhecer todos os serviços, o número de usuários, dias e horários de funcionamento. Tabela 33 – Perfil de restaurante quanto ao número de usuários ou refeições Serviços Horários Turno Quantidade de usuários ou refeições 2ª a 6ª feira Sábado Domingo Almoço 11h00 - 13h30 Dia 600 430 250 Jantar 19h00 - 21h00 Noite 350 230 120 Ceia 00h00 - 02h00 Madrugada 280 130 90 Desjejum 5h45 - 07h45 Manhã 400 350 180 Lanche 14h00 - 14h45 Tarde 220 170 90 Adaptado de: Silva e Bernardes (2002); Vaz (2011). 111 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO É imprescindível ainda, para os custos de matéria-prima, estabelecer o padrão do cardápio, quantidade de opções, porções/usuário, tipo de serviços. Quadro 11 – Exemplo de padrão alimentar da refeição Produtos Tipo Opções Porção/usuário Gramagem Saladas Folhas 1 Livre Consumo Legumes 1 Livre Consumo Composta 1 Livre Consumo Prato principal Proteína animal 2 1 Conforme tabela Opção Ovos 1 2 um extra AA Guarnição Verduras, legumes, massas 1 Livre Consumo Acompanhamento (prato base) Arroz 1 Livre Consumo Feijão 1 Livre Consumo Sobremesa Fruta ou doce 1 1 Unidade Bebida Suco concentrado 1 Livre Consumo Pão Francês 1 Livre Mín. 30 g Café Com e sem açúcar 1 Livre Consumo Molhos Vinagrete 1 Livre Consumo Elaborado 1 Livre Consumo Pimenta 1 Livre Consumo Acessórios Farinha de mandioca 1 Livre Consumo Sal, óleo, vinagre 1 Livre Consumo Adaptado de: Silva e Bernardes (2002); Teichmann (2009); Vaz (2006). Outra estratégia muito importante é construir uma tabela de frequência mensal, gramagens per capita, in natura, limpo e tipos de carnes. Tabela 34 – Frequência mensal, gramagens per capita e tipos de carnes Tipos de carnes Preparações Frequência Gramagens Bovina 13 vezes Contrafilé Grelhado 2 vezes 170 g Miolo de alcatra Grelhado 2 vezes 170 g Lagarto Assado 2 vezes 180 g Coxão duro Picado 2 vezes 180 g Coxão mole Empanado 2 vezes 130 g Coxão mole Moído 2 vezes 150 g Chuleta Grelhada 1 vez 200 g Aves 4 vezes Frango com osso Assado, ensopado 2 vezes 280 g 112 Unidade I Tipos de carnes Preparações Frequência Gramagens Filé de frango Grelhado 1 vez 170 g Filé de frango Empanado 1 vez 130 g Peixes 2 vezes Filé de pescada Grelhado 170 g Filé de pescada Empanado 130 g Cubos de cação Empanado 150 g Posta de cação Cozido 180 g Suínos 2 vezes Lombo suíno Assado 180 g Pernil Assado 200 g Bisteca Grelhada 200 g Diversos 1 vez Feijoada 280 g Adaptado de: Philippi (2014); Silva e Bernardes (2002); Teichmann (2009); Vaz (2006); Vaz (2011). As etapas para o planejamento tem o objetivo de definir os custos de: 1. matéria-prima; 2. mão de obra; 3. equipamento de proteção individual (EPI); 4. comunicação, combustível, água e energia. 5. materiais diversos. Todos dependem do número de usuários, dias e horários de funcionamento, padrão de cardápio. Especificamente sobre o custo da matéria-prima alimentar ou, simplesmente, custo alimentar, um instrumento bastante útil para a sua definição é a ficha técnica de preparação (FTP) ou o receituário padrão. O custo não alimentar se subdivide em descartáveis (direto/indireto) e produtos de higiene e limpeza. E o custo de mão de obra está subdividido em direto (MOD) e indireto. 4.7 Previsão de custos ou budget Budget é o nome que se dá ao programa de previsões sobre o faturamento da unidade. Além do custo de gêneros, devem-se agregar outros custos que fazem parte do orçamento. 113 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Para o cálculo do budget, em primeiro lugar, deve-se deduzir os impostos do faturamento bruto, obtendo-se, assim, o faturamento líquido. Os impostos são variáveis dependendo do tipo de contrato estabelecido e do município em que se localiza o SA ou UAN, uma vez que os municípios têm carga tributária própria. Os contratos feitos em base de prestação de serviço devem recolher impostos sobre prestação de serviços (ISS) e os contratos com preço fechado no qual o faturamento se dá pela venda de um produto (refeição) devem recolher o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias). Deve-se recolher ainda o Pis e o Cofins. Em um contrato com faturamento em base de venda de refeições, os impostos giram em torno de 7% dependendo do município onde se localiza o SA ou a UAN. Calcula-se cada porcentagem sobre o faturamento bruto e faz-se a dedução obtendo-se assim o faturamento líquido. Após o desconto dos impostos, os gêneros alimentícios, que podem ser somados ou não aos materiais descartáveis, não devem ultrapassar 48 a 50% do faturamento líquido. O custo da mão de obra deve ficar entre 25 e 40% do faturamento líquido. Os outros gastos que incluem material de limpeza (e/ou descartáveis) e de escritório devem ficar de 5% a 8%. Tabela 35 – Exemplo de planejamento de orçamento (budget) UPR: Ano: Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total - receita bruta (R$) 91.303,00 114.959,00 128.736,00 126.922,00 128.218,00 128.927,00 Impostos (R$) ICMS 4.474,00 5.633,00 6.308,00 6.219,00 6.283,00 6.317,00 ISS - - - - - - PIS 593,00 747,00 837,00 825,00 833,00 838,00 Cofins 2.739,00 3.449,00 3.862,00 3.808,00 3.847,00 3.868,00 Total - impostos sobre vendas 7.806,00 9.829,00 11.007,00 10.852,00 10.963,00 11.023,00 % sobre faturamento bruto 8,55 8,55 8,55 8,55 8,55 8,55 Receita líquida de venda (R$) 83.496,00 105.130,00 117.729,00 116.070,00 117.256,00 117.904,00 Custo alimentar (R$) Custo alimentar 46.579,00 58.929,00 65.979,00 63.044,00 63.699,00 64.034,00 Volume de negócios - - - - - - Total - matéria-prima 46.579,00 58.929,00 65.979,00 63.044,00 63.699,00 64.034,00 % sobre faturamento líquido 55,856,1 56,0 54,3 54,3 54,3 114 Unidade I UPR: Ano: Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Mão de obra (R$) Salário direto 13.488,00 14.491,00 14.491,00 15.650,00 15.650,00 13.663,00 Hora extra 950,00 950,00 950,00 950,00 950,00 950,00 Adicional - folha de pagamento 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 Provisão de férias 1.820,00 1.820,00 1.820,00 2.882,00 2.067,00 1.953,00 Provisão para 13º salário 1.365,00 1.365,00 1.365,00 1.464,00 1.550,00 1.464,00 INSS 5.038,00 5.317,00 5.317,00 5.704,00 5.759,00 5.151,00 FGTS 1.450,00 1.530,00 1.530,00 1.641,00 1.657,00 1.482,00 Total mão de obra 24.611,00 25.973,00 25.973,00 28.791,00 28.133,00 25.163,00 % sobre faturamento líquido 29,5 24,7 22,1 24,8 24,0 21,3 Resultado (R$) 12.306,00 20.228,00 25.777,00 24.235,00 25.424,00 28.707,00 Margem de lucro (%) 14,7 19,2 21,9 20,9 21,7 24,4 Fonte: Rosa e Monteiro (2014, p. 258-259). Custo padrão é o custo estabelecido pela empresa como meta por refeição diária, enquanto que o custo real é o custo efetivo. Se o custo real for > que o custo padrão, a situação é desfavorável; e se o custo real for < que o custo padrão, a situação é favorável. O custo de cada serviço deve ser avaliado diariamente, para que os ajustes necessários sejam feitos com antecedência. O ideal é que o custo real fique mais próximo possível do padrão (meta), pois isso demonstra que a produção foi eficiente e a elaboração do custo padrão no planejamento foi bem dimensionada. Custo ≠ meta Tomada de ação Planejamento Operação Figura 29 – Cálculo de custo 115 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 36 – Resultado per capita do custo alimentar total e suas metas UAN Custo total da refeição (R$) Metas de custo (R$) Diferença (R$) A 3,27 3,11 - 0,16 B 3,07 2,93 - 0,14 C 3,49 3,18 - 0,31 D 2,85 2,75 - 0,20 E 3,62 3,24 - 0,38 Fonte: Fonseca e Santana (2012, p. 57). Na diferença, o valor (-) representa que a unidade ultrapassou a meta estipulada. 4.8 Faturamento ou receita ou venda O faturamento é a soma de todos os valores obtidos com as vendas de produtos e/ou serviços na empresa em um determinado período. O conhecimento diário do que foi realizado é imprescindível para assegurar o cumprimento da meta preestabelecida pelo SA ou UAN, quanto ao número de usuários a atender e custos. É essencial realizar comparativos entre o planejado (budget) e o realizado (balanço). Exemplo de aplicação Exemplo 1 Calcule o faturamento bruto da primeira semana do mês de uma determinada UAN: Preço de venda da refeição = R$ 9,75 Número de refeições: Segunda = 1.555 Terça = 1.533 Quarta = 1.568 Quinta = 1.563 Sexta = 1.542 116 Unidade I Resolução Total de refeições da semana = 1.555 + 1.533 + 1.568 + 1.563 + 1.542 = 7.761 Faturamento bruto = R$ 9,75 x 7.761 refeições = R$ 75.669,75 Exemplo 2 Calcule o faturamento líquido para uma UAN com modalidade contratual de gestão, com base nessas informações: Faturamento bruto = R$ 75.840,00 ICMS a pagar = 3,2% PIS a pagar = 0,65% Cofins a pagar = 3,0% ICMS = 3,2 % de R$ 75.840,00 = R$ 2.426,88 PIS = 0,65 % de R$ 75.840,00 = R$ 492,96 Cofins = 3,0 % de R$ 75.840,00 = R$ 2.275,20 Resolução Faturamento líquido = faturamento bruto – impostos Faturamento líquido = R$ 75.840,00 - (R$ 2.426,88 + R$ 492,96 + R$ 2.275,20) Faturamento líquido = R$ 75.840,00 - R$ 5.195,04 Faturamento líquido = R$ 70.644,96 Exemplo 3 Considere que uma UPR foi contratada para prestar um serviço em um evento da cidade. O evento será de médio porte com serviço descentralizado e simplificado. Sabe-se que foi solicitado à UPR o fornecimento de arroz de carreteiro e salada de tomate para 2.000 pessoas e que o preço de venda do arroz carreteiro foi negociado em R$ 5,00 por pessoa e salada de tomate, a R$ 2,48. Sabe-se que o receituário do arroz carreteiro (per capita) é composto de: 120 g de arroz cozido, 10 g de extrato de tomate, 35 g de músculo, 10 g de charque e 5 g de cebola. 117 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO O receituário da salada de tomate é composto de: 70 g de tomate salada. Sabe-se, ainda, que há apenas 3 fornecedores na cidade para estes produtos e que há alguns produtos em estoque, conforme tabela a seguir. Tabela 37 Produto Alíquota de ICMS (%) Alíquota de IPI incluso (%) Fornecedor A (R$) Fornecedor B (R$) Fornecedor C (R$) Estoque atual Custo médio em estoque (R$) Arroz 7 10 1,65 1,22 1,95 12 kg 1,22 Extrato de tomate 12 10 2,21 3,24 2,35 3 latas de 400 g 2,18 Músculo 12 _ 8,00 7,80 8,04 3 kg 1,76 Charque 12 -- 6,06 6,00 6,23 5 kg 5,46 Cebola 5 -- 0,50 0,65 0,43 2 kg 0,45 Tomate 5 -- 0,75 0,83 0,87 3 kg 0,50 Importante salientar que todos os fornecedores vendem arroz em embalagens de kg. Entretanto, o fornecedor A revende a marca de arroz que tem índice de conversão (rendimento) de 1,7. O fornecedor B revende marca que promove rendimento cujo índice é de 1,8, e o fornecedor C possui rendimento de 2,1. O extrato de tomate é vendido pelo fornecedor A em latas de 1 kg, o fornecedor B em embalagens de 1,5 kg, e o fornecedor C em latas de 0,9 kg. O músculo e o charque têm perdas proporcionais em todos os fornecedores, não fazendo diferenças nas perdas. Já a cebola e o tomate têm perdas de 10% em todos os fornecedores. Pede-se: a) Qual a receita bruta (faturamento) do evento? Resolução (R$ 5,00 + R$ 2,48) x 2.000 clientes = R$ 14.960,00 b) Qual fornecedor deverá ser escolhido para fornecimento, para cada um dos diferentes produtos? 118 Unidade I Resolução - Arroz - fornecedor B A = R$ 1,65 / 1,7 rendimento = R$ 0,97/kg B = R$ 1,22 / 1,8 rendimento = R$ 0,68/kg C = R$ 1,95 / 2,1 rendimento = R$ 0,93/kg 120 g x 2.000 = 240 kg / 1,8 rend. = 133,33 kg cru - 12 kg est. = 121,33 kg = 122 kg x 1,22 = R$ 148,84 - Extrato de tomate - fornecedor A A = R$ 2,21/kg x 19 lt = R$ 41,99 B = R$ 3,24 / 1,5 kg = R$ 2,16/kg x 13 lt = R$ 42,12 C = R$ 2,35 / 0,9 kg = R$ 2,61/kg x 21 lt = R$ 49,35 10 g x 2.000 = 20 kg - 1,2 kg est. = 18,8 kg = 19 latas de 1 kg x 2,21 = 41,99 - Músculo - fornecedor B 35 g x 2.000 = 70 kg - 3 kg est. = 67 kg x R$ 7,80 = R$ 522,60 - Charque - fornecedor B 10 g x 2.000 = 20 kg - 5 kg est. = 15 kg x R$ 6,00 = R$ 90,00 - Cebola - fornecedor C 5 g x 2.000 = 10 kg + 10 % = 11 kg - 2 kg est. = 9 kg x R$ 0,43 = R$ 3,87 - Tomate - fornecedor A 70 g x 2.000 = 140 kg + 10 % = 154 kg - 3 kg est. = 151 kg x R$ 0,75 = R$ 113,25 c) Quais as quantidades que deverão ser compradas de cada produto, se não for considerada a necessidade de estoques de segurança? Observe que há produtos em estoque atual que poderão ser utilizados. 119 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Resolução Arroz = 122 kg Extrato de tomate = 19 latas Músculo = 67 kg Charque = 15 kg Cebola = 9 kg Tomate = 152 kg d) Quais os valores serão gastos com fornecedores, para cada um dos produtos? Resolução Arroz = R$ 148,84 Extrato de tomate = R$ 41,99 Músculo = R$ 522,60 Charque = R$ 90,00 Cebola = R$ 3,87 Tomate = R$ 113,25 e) Quais serão os custos das mercadorias compradas (após recebermos os créditos dos impostos)? Considere para cálculo, o ICMS e o IPI descritos na tabela. Não esqueça que o PIS e o Cofins (ambos, 9,25%) podem ser creditados também. Tabela 38 Total comprado (R$) Total em estoque (R$) IPI (%) ICMS (%) PIS+Cofins (%) Total impostos (%) Total impostos compra (R$) Total impostos estoque (R$) Valor sem imposto compra (R$) Valor sem imposto estoque (R$) Arroz 148,84 14,64 10 7 9,25 26,25 39,07 3,84 109,77 10,80 Extrato de tomate 41,99 6,54 10 12 9,25 31,25 13,12 2,04 28,87 4,50 Músculo 522,60 5,28 12 9,25 21,25 111,05 1,12 411,55 4,16 Charque 90,00 27,30 12 9,25 21,25 19,13 5,80 70,87 21,50 Cebola 3,87 0,90 5 9,25 14,25 0,55 0,13 3,32 0,77 Tomate 113,25 1,50 5 9,25 14,25 16,14 0,21 97,11 1,29 Total 920,55 56,16 199,06 13,14 721,49 43,02 120 Unidade I - Custo da mercadoria comprada comimpostos = R$ 920,55 Impostos da mercadoria comprada = R$ 199,06 Custo da mercadoria comprada sem impostos = R$ 721,49 - Custo da mercadoria em estoque com impostos = R$ 56,16 Impostos da mercadoria em estoque = R$ 13,14 Custo da mercadoria em estoque sem impostos = R$ 43,02 f) Qual será o custo final de matéria-prima por pessoa? - Custo total de mercadoria com impostos = R$ 920,55 + R$ 56,16 = R$ 976,71 Custo per capita = R$ 976,71 / 2.000 clientes = R$ 0,49 - Custo total de mercadoria sem impostos = R$ 721,49 + R$ 43,02 = R$ 764,51 Custo per capita = R$ 764,51 / 2.000 clientes = R$ 0,38 - Custo total de impostos = R$ 199,06 + R$ 13,14 = R$ 212,20 Custo per capita = R$ 212,20 / 2.000 clientes = R$ 0,11 (ou R$ 0,49 - R$ 0,38) 4.9 Lucro O lucro é um dos principais quesitos na avaliação dos resultados, pois é o que permite manter o serviço em funcionamento e a perpetuação da empresa. É um item muito variável entre as empresas e até mesmo entre unidades. Para que um SA ou UAN possa operar com autonomia financeira deve apresentar uma rentabilidade de, pelo menos 18% ou mais de lucro. Essa estimativa depende da realidade, do tamanho, do tipo de serviço, da política e da massa salarial de cada empresa. Portanto, é importante o adequado dimensionamento dos recursos humanos, que não deve ultrapassar 32% do faturamento líquido. Preço de venda do produto Total de custos operacionais Margem de lucro individual– = Figura 30 – Margem de lucro Fonte: Sebrae (2018, p. 8). 121 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 4.10 Ponto de equilíbrio (PE) No PE, também chamado de break-even point, ponto de ruptura ou, ainda, ponto crítico, o lucro da empresa é zero, ou seja, o que se busca com o cálculo é verificar valores e quantidades necessárias de receita para cobrir custos e despesas fixas e variáveis. A partir desse ponto é que os novos produtos vendidos passarão a gerar lucro para a empresa (com margem de contribuição positiva). O PE é quando a empresa não apresenta lucro nem prejuízo, pois está gerando recursos insuficientes, apenas para remunerar seus fatores de produção. O conceito de PE é decorrente da relação dos custos variáveis e custos fixos com as receitas totais. Ou seja, as vendas que estão acima do PE proporcionam lucro. Porém, nem todo acréscimo nas vendas será lucro, uma vez que os custos variáveis também aumentarão proporcionalmente. Vendas ($) Quantidade Ponto de equilíbrio Área de prejuízo Custos fixos Área de lucro Re cei tas to tai s Cus tos tota is (Var iáve is + fixo s) Figura 31 – Ponto de equilíbrio Fonte: Schmidt (2018, p. 65). 122 Unidade I Figura 32 – Cálculo do ponto de equilíbrio Disponível em: https://bit.ly/3yVqVTj. Acesso em: 2 jun. 2021. Exemplo de aplicação Um ponto de equilíbrio de 65% para uma receita de R$ 100.000,00 anuais tem qual significado? Resolução Indica que a empresa terá eliminado as possibilidades de prejuízo quanto tiver atingido o montante de R$ 65.000,00 em vendas, passando, a partir de então, a acumular lucro. 4.11 Formação do preço de venda O custo é um item que precisa ser analisado com bastante rigor, uma vez que as informações geradas por ele determinam o valor gasto aos insumos aplicados na produção, bem como em diversas áreas que compõem uma organização. Além disso, os custos controlam as operações das atividades, auxiliam nas tomadas de decisões ou resolução de problemas especiais, reduzem desperdícios de materiais, tempo ocioso e determinam a elaboração de orçamentos (BRAGA, 2017). Assim, um sistema de custos pode contribuir na solução de problemas relacionados ao preço de venda, à contribuição de cada produto ou linhas de produtos para a composição do lucro, ao preço mínimo de determinado produto, em situações especiais, bem como ao nível mínimo de atividade em que o negócio passa a ser viável. O entendimento do custo é fundamental para geração de preço de venda. Existem dois métodos para o seu cálculo: o informal ou empírico e o formal ou científico. 123 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Para a formação de preço existe o método informal, que exclui qualquer análise de custo incidente na produção, baseando-se em certos critérios, como intuição, onde se estabelece o preço de venda com base na percepção de valor que se tem, colocando o valor que supostamente o cliente pagaria. O método psicológico e o de tentativa e erro também se encaixam como método informal, onde no primeiro método o preço é gerado na expectativa do gasto do cliente, no método de tentativa e erro o procedimento para elaboração de preço se baseia na tentativa de se chegar a um valor aceito pelo cliente. Esse método mede a sensibilidade do público com relação à variação de preços. Quanto aos métodos científicos para a formação de preço de venda, são considerados os custos de produção diretos e indiretos, sendo métodos que maximizam a receita e transmitem uma maior veracidade ao processo de formação de preço. Dentre esses métodos, tem-se o método de indexação, onde o índice indexador será o CMV absoluto, ou seja, o custo direto de matéria-prima para a produção de determinado produto. Para obter o preço de venda, calcula-se do valor de custo da preparação/produto apurado na ficha técnica de preparação, sobre o qual incidirá o fator indexador, resultante da relação esperada entre o custo e a receita. Ao aplicar o fator multiplicador ao custo do prato, tem-se o valor parcial do preço de venda, e a esse preço deve ser incluído o imposto. A formação do preço de venda pode ser calculada da seguinte forma: Custo de produção (matéria-prima) Custo indireto de fabricação (CIF) ou produção (+) Custo de mão de obra (MOD) (+) Despesas administrativas (+) (=) custo da mercadoria vendida (CMV) (+) lucro (% ou R$) (=) preço de venda sem impostos (+) impostos (%) (=) preço de venda (final) Preço bruto de venda (PBV) É também conhecido como preço. É o valor pago pelo consumidor e sobre o qual incide os impostos. Deve ser calculado para controles administrativos, porém o que determina o preço, na prática, é o mercado/concorrência. 124 Unidade I PBV = Custo de produção / 1 - [(% de imposto incidente sobre o preço de venda + % de margem de lucro)/100] Preço líquido de venda (PLV) É o preço bruto de venda depois de abatidos os custos dos impostos. PLV = PBV - percentual de impostos Lucro unitário operacional É a quantia em dinheiro que sobra do preço de venda após pagar os impostos e retirar os custos de produção. Ou seja, o lucro é o total de vendas após considerar todos os custos envolvidos, ou seja, lucro = vendas - custos. Lucro unitário = PBV – (custos de produção + valor dos impostos) Lucro por serviço e lucro total Lucro total é o somatório do lucro de cada serviço. Lucro por serviço = lucro unitário x total de serviço Margem de lucro com base no preço bruto de venda É o percentual de ganho com as operações da empresa. É uma medida de eficiência do SA ou da UAN. Margem de lucro = (valor do lucro unitário /preço bruto de venda) x 100 Margem de lucro com base no preço líquido de venda Margem de lucro = (lucro /preço líquido) x 100 Receita ou faturamento ou venda bruta É o valor esperado com a venda de produtos ou com a prestação de serviços ao cliente, antes de abater os impostos que serão pagos. Receita ou venda bruta = quantidade de serviço x preço unitário Receita ou faturamento venda líquida Receita ou venda líquida = receita bruta - (receita bruta de venda x % dos impostos) 125 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Exemplo de aplicação Exemplo 1 Tabela 39 – Comparativo de custos de 2 empresas (X e Y) Componentes Empresa X Empresa Y Matéria-prima R$ 27.000,00 R$ 32.000,00 Pessoal (salário + encargo) R$ 20.400,00 R$ 21.340,00 Gastos gerais R$ 2.700,00 R$ 3.200,00 Água R$ 350,00 R$ 372,00 Luz R$ 1.400,00 R$ 1.570,00 Telefone R$ 450,00 R$ 560,00 Material de limpeza R$ 400,00 R$ 480,00 Material de escritórioR$ 200,00 R$ 250,00 Outros (aluguel, manutenção, combustível) R$ 5.000,00 R$ 6.000,00 Total R$ 57.900,00 R$ 65.772,00 Custo unitário R$ 2,76 R$ 3,13 Margem de lucro 20 % 30 % Impostos 26,25 % 26,25 % Preço unitário (PBV) R$ 5,13 R$ 7,15 Resolução PBV = Custo de produção / 1 - [(% de imposto incidente sobre o preço de venda + % de margem de lucro)/100] Empresa X PBV = R$ 2,76 / 1 - [(26,25% + 20%)/100] PBV = R$ 2,76 / 1 - [46,25%/100] PBV = R$ 2,76 / 1 - 0,4625 PBV = R$ 2,76 / 0,5375 PBV = R$ 5,13 Empresas Y PBV = R$ 3,13 / 1 - [(26,25% + 30%)/100] PBV = R$ 3,13 / 1 - [56,25 %/100] 126 Unidade I PBV = R$ 3,13 / 1 - 0,5625 PBV = R$ 3,13 / 0,4375 PBV = R$ 7,15 Exemplo 2 Estabeleça o valor da refeição conforme dados apresentados e, a partir das informações, estabeleça o custo unitário total da refeição, o preço bruto de venda, o preço líquido de venda e o lucro unitário, sabendo que a refeição será servida para um total de 550 pessoas, que o percentual de impostos incidentes sobre o preço de venda é de 7,08% e que a margem de lucro será de 25%. Tabela 40 Custos unitários de produção R$ Matéria-prima 0,90 Produtos descartáveis 0,02 Gastos gerais Manutenção 0,02 Uniforme 0,01 Material de escritório 0,01 Lavanderia 0,01 Desinsetização 0,01 Gás 0,03 Produtos de limpeza 0,02 Mão de obra 0,30 Custo unitário total por refeição 1,33 Resolução a) PBV = Custo de produção / 1 - [(% de imposto incidente sobre o preço de venda + % de margem de lucro)/100] PBV = R$ 1,33 / 1 - [(7,08 % + 25%)/100] PBV = R$ 1,33 / 1 - [32,08 %/100] PBV = R$ 1,33 / 1 - 0,3208 PBV = R$ 1,33 / 0,6792 PBV = R$ 1,96 127 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO b) PLV = PBV - percentual de impostos PLV = 1,96 - (1,96 x 7,08%) PLV = 1,96 - 0,14 PLV = R$ 1,82 c) Lucro unitário (LU) = PBV - (custos de produção + valor dos impostos) LU = 1,96 - (1,33 + 0,14) LU = 1,96 - (1,47) LU = 0,49 d) Lucro por serviço (LS) = lucro unitário x total de serviço LS = 0,49 x 550 refeições (pessoas) LS = R$ 269,50 4.12 Apuração dos resultados A apuração de resultados representa a diferença entre as vendas totais e os custos e despesas totais (do período que se pretende apurar). Quando o resultado é positivo, significa que a empresa operou com lucro. Quando o resultado é negativo, significa que teve prejuízo. Tabela 41 – Modelo de mapa de gestão operacional Mês: Ano: % Total Faturamento bruto Impostos Faturamento líquido Custo alimentar Mão de obra Despesas operacionais Taxa administrativa Total dos custos Resultado Fonte: Rosa e Monteiro (2014, p. 258). 128 Unidade I Tabela 42 – Mapa de apuração diária dos resultados – parte 1 Dia (1) Dados Receita bruta Imposto Receita líquida N. ref (2) Acumulado (3) Receita dia R$ (4) Acumulado R$ (5) Imposto dia R$ (6=4x5,5%) Acumulado R$ (7) Receita dia R$ (8=4-6) Acumulado R$ (9=5-7) Seg. 500 500 3.500,00 3.500,00 192,50 192,50 3.307,50 3.307,50 Ter. 550 1.050 3.795,00 7.295,00 208,73 401,23 3.586,27 6.893,77 Qua. 490 1.540 3.300,00 10.595,00 181,50 582,73 3.118,50 10.012,27 Qui. 580 2.120 3.800,00 14.395,00 209,00 791,73 3.591,00 13.603,27 Sex. 450 2.570 3.000,00 17.395,00 165,00 956,73 2.835,00 16.438,27 Fonte: Vaz (2006, p. 178). Tabela 43 – Mapa de apuração diária dos resultados – parte 2 Dia (1) Custos Resultado Margem Gêneros alimentícios R$ (10) Produtos descartáveis R$ (11) Mão de obra R$ (12) Indiretos R$ (13) Total R$ (14) Acumulado R$ (15) Resultado dia R$ (16=8-14) Acumulado R$ (17) Margem dia % (18=16/4x100) Acumulado % (19=17/5x100) Seg. 2.000,00 40,00 500,00 600,00 3.140,00 3.140,00 167,50 167,50 4,80 4,80 Ter. 2.100,00 35,00 500,00 600,00 3.235,00 6.375,00 351,27 518,77 9,25 7,11 Qua. 2.000,00 50,00 500,00 600,00 3.150,00 9.525,00 -31,50 487,27 -0,95 4,60 Qui. 2.200,00 55,00 500,00 600,00 3.355,00 12.880,00 236,00 723,27 6,21 5,00 Sex. 2.100,00 38,00 500,00 600,00 3.238,00 16.118,00 -403,00 320,27 -13,43 1,84 Fonte: Vaz (2006, p. 182). Tabela 44 – Balancete mensal – parte 1 N. Contas % receita Julho R$ Diferença % Agosto R$ 0001 Aluguel 4,73 1.500,00 0 1.500,00 0002 Luz e força 1,26 400,00 -3 389,00 0003 Água e esgoto 0,57 180,00 -3 175,00 0004 Telefone 0,16 50,00 30 65,00 0005 Gás 0,47 150,00 -3 145,00 0006 Despesas com veículos 0,95 300,00 -3 290,00 0007 Material de limpeza 0,25 80,00 23 98,00 0008 Material de consumo 2,08 658,00 -46 356,00 0009 Assistência contábil 0,95 300,00 0 300,00 0010 Material de escritório 0,19 60,00 -8 55,00 0011 Folha de pagamento 14,20 4.500,00 -1 4.469,00 0012 Provisão para encargos sociais 9,23 2.925,00 -1 2.904,00 0013 Vales-transportes 1,42 450,00 0 450,00 0014 Contribuições 5,68 1.800,00 -1 1.790,00 0015 Despesas bancárias 0,22 70,00 11 78,00 129 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO N. Contas % receita Julho R$ Diferença % Agosto R$ 0016 Impostos e taxas 7,58 2.400,00 -4 2.300,00 0017 Custo da mercadoria vendida (CMV) 30,30 9.600,00 2 9.800,00 0018 Honorários/pró-labores 7,89 2.500,00 0 2.500,00 0019 Diversos 4,73 1.500,00 -20 1.200,00 0020 Total despesas 92,88 29.423,00 -2 28.864,00 Resultados do mês 0021 Vendas 31.680,00 3 32.786,00 0020 Total despesas 92,88 29.423,00 -2 28.864,00 0022 Lucro bruto (0021-0020) 7,12 2.257,00 74 3.922,00 0023 Margem de lucro (0022/0021) % 7 68 12 0024 N. refeições servidas 4.278 9 4.650 0025 Custo total sem matéria-prima/CMV (0020-0017) 19.823,00 -4 19.064,00 0026 Custo diário (0025/x dias = 25 dias e 31 dias) 792,92 -22 614,97 Custo médio por prato vendido (0020/0024) 6,88 -10 6,21 Preço médio por prato vendido (0021/0024) 7,41 -5 7,05 Fonte: Magnée (2005, p. 102). Tabela 45 – Balancete mensal – parte 2 (mapa de apuração de custo diário) Consumido Receita bruta (vendas totais) Doc Estocáveis Hortifrúti Perecíveis Descartáveis Outros Total das refeições-un./quilos (1) 335 343 R$ 95,00 Valor total das refeições R$ 1.897,00 344 R$ 47,00 Valor total das bebidas R$ 378,00 355 R$ 92,50 Outros R$ 37,00 357 R$ 34,00 324 R$ 234,00 Receita total R$ 2.312,00 356 R$ 11,20 Consumo matéria-prima (insumos) 357 R$ 48,00 Estocáveis R$ 234,00 358 R$ 70,00 Hortifrúti R$ 142,00 360 R$ 23,00 Perecíveis R$ 303,20 359 R$ 38,00 Descartáveis R$ 23,00 361 R$ 9,50 Outros - Total despesas + insumos R$ 702,20 Despesas operacionais Utensílios R$ 18,00 Equipamentos Instalações Serviços externos R$ 15,00 Emergências Total R$ 234,00 R$ 142,00 R$ 303,20 R$ 23,00 Total despesas operacionais R$ 33,00 130 Unidade I Consumido Receita bruta (vendas totais) Demonstrativo dos resultados Custo da mercadoria vendida (CMV) por quilo Despesas gerais (balancete parte 1) por dia R$ 792,92 Consumo de matéria-prima (insumos) R$ 702,20 Consumo de matéria-prima (2) R$ 702,20 Despesas operacionais R$ 33,00 Receita bruta por quilo (3) R$ 1.897,00 Total de despesas (4) R$ 1.528,12 CMV % (3/2x100) 37,02 Resultado operacional Lucro por quilo vendido (preço/kg = R$ 12,90) Receita bruta (vendas totais) R$ 2.312,00 (-) total de despesas R$ 1.528,12 Lucro por quilo (3-4/1) 1,10 Resultado operacional R$ 783,88 Lucro sobre venda % (1,10/12,90x100) 8,53 Fonte: Magnée (2005, p. 107). Exemplo de aplicação Considere: Uma UAN que funciona de segunda a sábado (mês de 4 semanas), produz 250 refeições de segunda a sexta e 100 refeições de sábado. Preço por refeição = R$ 10,00 Impostos = 5,5% Custo total (CT) = R$ 47.700,00 Custos indiretos de fabricação (CIF) = R$ 6.700,00 Custos com mão de obra direta (MOD) = R$ 12.000,00 Resolução Custo de mercadoria vendida (CMV) = consumo de matéria-prima (gêneros alimentícios) / receita bruta CMV baixo = até 20% CMV médio = de 20 a 30% CMV alto = acima de 30% Margem de lucro = resultado (R$) / receita bruta (R$) 131 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Calcule: a) Faturamento ou receita bruta N. refeições/mês = 5.400 (250x20 + 100x4)Faturamento ou receita bruta = 5.400 refeições x R$ 10,00 = R$ 54.000,00 b) Faturamento ou receita líquida Impostos = R$ 54.000,00 x 5,5% = R$ 2.970,00 Faturamento ou receita líquida = R$ 54.000,00 - R$ 2.970,00 = R$ 51.030,00 c) Custo per capita R$ 47.700,00 / 5.400 refeições = R$ 8,83/refeição d) % de despesas totais R$ 47.700,00 + R$ 2.970,00 = R$ 50.670,00 / R$ 54.000,00 = 0,9383 x 100 = 93,83% e) CMV % e análise o resultado Custos com gêneros alimentícios = R$ 47.700,00 - R$ 12.000,00 - R$ 6.700,00 = R$ 29.000,00 R$ 29.000,00 / R$ 54.000,00 = 0,5370 x 100 = 53,7% (acima de 30%, ou seja, alto) f) Margem de lucro e discuta o resultado (propostas para mudança da margem) R$ 51.030,00 - R$ 47.700,00 = R$ 3.330,00 R$ 3.330,00 / R$ R$ 54.000,00 = 0,0617 x 100 = 6,17% Ou 100% - 93,83% = 6,17% 4.12.1 Apuração do custo por unidade refeição (peso padrão) ou custo pelo método da ponderação ou clássico Neste método, atribui-se pesos às diferentes refeições dependendo da importância (ou onerosidade) das mesmas. Após a definição do custo médio per capita dos cardápios, por tipo de clientela ou de refeição, define-se a relação proporcional existente entre os diversos custos, como peso da refeição. Isto será possível de ser operacionalizado, utilizando-se um mesmo número como divisor, para cada 132 Unidade I custo estimado. O quociente resultante desta operação corresponderá ao peso, o qual será utilizado no momento da apuração do custo realizado. UCR = CT / R, onde UCR = unidade de cálculo da refeição, CT = custo total por dia (custo direto + indireto) e R = somatória do número de refeições x peso. O peso padrão é utilizado quando se tem mais de um tipo de refeição por dia. O primeiro passo é avaliar o custo médio de cada tipo de refeição, com base nos diferentes cardápios. E depois estabelecer um peso, segundo o custo de cada tipo de refeição. Tabela 46 – Tipos de peso padrão Refeição Oliveira (1982) Mezomo (2015) Gandra e Gambardela (1983) Desjejum 2 2 2 Lanche (colação) 1 1 - Almoço 7 7 6 Lanche 2 2 2 Jantar 5 5 6 Ceia 1 1 1 No estabelecimento do peso padrão, os pesos representam o número de vezes do valor representado por uma base comum: Desjejum: R$ 0,60 / 0,30 = 2 Colação: R$ 0,30 / 0,30 = 1 Almoço: R$ 2,10 / 0,30 = 7 vezes o valor base Lanche: R$ 0,60 / 0,30 = 2 Jantar: R$ 1,50 / 0,30 = 5 vezes o valor base Ceia: R$ 0,30 / 0,30 = 1 Exemplo de aplicação Calcule o custo da refeição de acordo com os pesos estabelecidos na tabela. Considere R$ 38.500,00 como o gasto total do mês. 133 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Tabela 47 – Custo padrão Tipo de refeição Peso Número de refeições UR = unidade Desjejum 2 x 3.500 = 7.000 Colação 1 x 5.600 = 5.600 Almoço 7 x 22.000 = 154.000 Lanche 2 x 7.000 = 14.000 Jantar 5 x 8.500 = 42.500 Ceia 1 x 3.600 = 3.600 Total 226.700/mês Resolução Custo refeição (CR) = Gasto total do mês / Total das UR CR = R$ 38.500,00 / 226.700 CR = R$ 0,17 Custo per capita: Desjejum = R$ 0,17 x 2 = R$ 0,34 Almoço = R$ 0,17 x 7 = R$ 1,19 4.13 Resultado Na gestão dos negócios, o nutricionista deve se preocupar tanto com os aspectos nutricionais quanto com a satisfação dos clientes e os custos adequados. Para o bom funcionamento de um SA ou UAN, é necessário um retorno financeiro que garanta a qualidade e a continuação dos serviços prestados. Um sistema correto de análise e de informação de custos é uma das tarefas mais importantes. Além dos custos e demais riscos que comprometem a qualidade dos alimentos, a perda do valor nutricional está relacionada à saúde do consumidor e não é menos importante que as demais, embora suas consequências só serão percebidas em médio e longo prazo. Faturamento (1) Custos variáveis (2) Custos fixos (4) Margem de contribuição (3) Resultado (5)Margem de contribuição (3) – – = = Figura 33 – Resultado Fonte: Sebrae (2018, p. 19). 134 Unidade I Na equação, os valores que precisam estar cuidadosamente colocados são: (1) Faturamento: valor recebido das vendas totais no período. (2) Custos variáveis: custo da mercadoria vendida (CMV) ou do serviço prestado (separar por lote e identificar o valor que foi negociado no momento da compra). (3) Margem de contribuição: saldo da movimentação de produtos ou serviços, descontados seus custos individuais. (4) Custos fixos: despesas que existem em razão do negócio, independentemente da movimentação (aluguel, energia elétrica, quadro fixo de funcionários, IPTU etc). (5) Resultado: saldo positivo, lucro; saldo negativo; prejuízo. 4.14 Fluxo de caixa O fluxo de caixa é o movimento de entrada e saída de recursos financeiros da empresa. Tabela 48 – Fluxo de caixa mensal Itens Valor (R$) 1. Saldo de caixa inicial 150.000,00 2. Capital de giro 80.000,00 3. Subtotal (1-2) = 70.000,00 4. Investimento inicial 60.000,00 5. Subtotal (3-4) = 10.000,00 6. Entrada 6.1. Receita estimada de vendas 80.000,00 7. Subtotal (5+6) = 90.000,00 8. Despesas 8.1. Despesas com produção 35.000,00 8.2. Despesas com mão de obra direta com encargos + pró-labore 15.000,00 8.3. Despesa com custo fixo 5.000,00 9. Subtotal (8.1+8.2+8.3) = 55.000,00 10. Saldo no período (7-9) = 35.000,00 11. Tributos 11.1. Simples Nacional alíquota IR (16%) (10x16%) = 5.600,00 12. Fluxo de caixa líquido (10-11) = 29.400,00 Adaptado de: Magnée (2005, p. 123-126). 135 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Saiba mais Para aprender como usar o fluxo de caixa e o orçamento, assista: FLUXO de caixa e orçamento. [s.d.]. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Sebrae Minas. Disponível em: https://cutt.ly/Fnacvu6. Acesso em: 18 maio 2021. Figura 34 – Fluxo de caixa Disponível em: https://cutt.ly/HnacRJR. Acesso em: 18 maio 2021. 136 Unidade I Resumo Na unidade I, iniciamos com a abordagem sobre a administração de recursos (materiais, patrimoniais, capital, humanos e tecnológicos) essencial para a administração de qualquer empreendimento ou negócio, inclusive aqueles com foco na produção de refeições. Tanto que a administração de recursos passa por todo o processo produtivo, desde o planejamento de cardápios até a entrega da refeição ao cliente, incluindo a compra, o recebimento, o armazenamento, o pré-preparo, o preparo e a distribuição. Incluindo, ainda, a análise dos resultados obtidos, de forma a avaliar se o resultado organizacional foi positivo ou não. Para isso, foram fornecidas estratégias relacionadas ao planejamento dos materiais a serem adquiridos para abastecer o SA ou UAN, como a previsão quantitativa de gêneros, e ainda aquelas relacionadas à gestão dos materiais, como o sistema mínimo e máximo, os métodos de controle de estoque (preço médio, PEPS e UEPS) e a curva ABC. Recordamos os cálculos dos índices que medem o aproveitamento dos alimentos, como o IPC e o IC, que podem ter impacto direto na gestão de custos e nos resultados. Estudamos também a administração financeira, extremamente importante para a sobrevivência de qualquer organização. Foram abordados os tipos de custos, os componentes de custo de uma refeição ea importância do CMV para o custo total da refeição, sem deixar de considerar os outros elementos. Além disso, foram apresentadas formas de realizar a apuração diária e mensal de custos, com o intuito de compará-la com o planejamento de custos (budget). Aprendemos a calcular o ponto de equilíbrio, o preço de venda e a margem de lucro e como utilizá-los no gerenciamento do SA ou UAN. Nesta unidade, existem muitos exemplos de aplicação que permitem reproduzir e entender os cálculos propostos, sejam eles diretos, com a aplicação de fórmulas, ou com o uso de um determinado raciocínio direcionado ao contexto proposto na atividade. 137 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. Os estoques correspondem à reserva de materiais em função de necessidades futuras e são necessários para conciliar as diferenças entreo fornecimento e a demanda, a fim de que não ocorram interrupções no fornecimento ou na demanda. Os controles de estoque procuram manter os níveis em equilíbrio, pois estão sujeitos à velocidade da demanda e ao nível de consumo dos produtos. A classificação ABC permite ao administrador definir, com base no volume de vendas e nas saídas de estoque, quais são os materiais que devem ter prioridade, o que possibilita o planejamento e a reposição de materiais de forma mais assertiva. Adaptado de: PEREIRA, C. F.; VERNINI, A. A. Utilização da curva ABC para o gerenciamento do estoque de um serviço de nutrição hospitalar. 7ª Jornada Científica e Tecnológica da Fatec de Botucatu. São Paulo, 2018. Considerando o texto e a importância da curva ABC na gestão de estoques, avalie as afirmativas. I – O método ABC permite identificar itens de maior importância, maior custo e maior movimentação, classificados com a letra A. Os materiais de custo médio e de movimentação média são classificados com a letra B. Os materiais de custo baixo e de movimentação baixa são classificados com a letra C. II – Os itens do grupo A correspondem a aproximadamente 20% da quantidade total e representam de 70 a 80% do valor total. Os itens do grupo B representam 30% da quantidade total e de 20 a 30% do valor total. Os itens do grupo C representam 50% da quantidade total e de 5 a 10% do valor total. III – Os itens classificados com a letra A apresentam elevada prioridade e necessitam de maior atenção, incluindo a busca por melhores fornecedores, meD) lhores preços e menores prazos de abastecimento. IV – Em Serviços de Alimentação ou UANs, a curva ABC permite avaliar o estoque dos produtos conforme seu custo e seu grau de importância; com isso, pretende-se melhorar o destino dos recursos e identificar os produtos que necessitam de maior atenção. É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) I e II, apenas. C) II e III, apenas. D) I, III e IV, apenas. E) I, II, III e IV. Resposta correta: alternativa E. 138 Unidade I Análise das afirmativas I e II – Afirmativas corretas. Justificativa: a curva ABC é uma ferramenta utilizada para auxiliar no processo de gerenciamento de estoque. Essa curva separa os itens em três categorias, A, B e C, de acordo com o valor total consumido. O grupo A corresponde a 20% da quantidade total e representa de 70 a 80% do valor total de estoque. O grupo B corresponde a 30% da quantidade total e representa de 20 a 30% do valor total de estoque. O grupo C corresponde a 50% da quantidade total e representa de 5 a 10% do valor total de estoque. III – Afirmativa correta. Justificativa: o grupo A, por ser representado por poucos itens e de alto valor total de estoque, necessita receber maior atenção dos administradores, o que é feito por controle rigoroso. IV – Afirmativa correta. Justificativa: a utilização da curva ABC em Serviços de Alimentação ou UANs permite ordenar os itens conforme sua importância e, assim, proporcionar o controle mais rigoroso dos produtos de valor mais elevado. Questão 2. (Enade 2016) O nutricionista que gerencia uma unidade de alimentação e nutrição (UAN) deve ter como objetivo elaborar e servir refeições adequadas sob os aspectos sensorial, nutricional e higiênico-sanitário, sem exceder os recursos financeiros previamente estabelecidos. A gestão desses custos é tarefa fundamental do gestor de uma UAN. De modo geral, os custos são classificados, do ponto de vista contábil, como diretos e indiretos e, do ponto de vista econômico, como fixos ou variáveis. Considerando essas informações, assinale a opção em que o demonstrativo apresenta maior gasto mensal com custos variáveis. A) Tipo de despesas Gasto mensal (R$) Seguros R$ 5.000,00 Aluguel R$ 4.000,00 Água R$ 1.000,00 B) Tipo de despesas Gasto mensal (R$) Material descartável R$ 1.000,00 Matéria-prima R$ 1.500,00 Aluguel R$ 3.000,00 139 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO C) Tipo de despesas Gasto mensal (R$) Seguros R$ 1.500,00 Aluguel R$ 4.200,00 Material de limpeza R$ 4.000,00 D) Tipo de despesas Gasto mensal (R$) Água R$ 1.000,00 Matéria-prima R$ 4.000,00 Seguros R$ 3.500,00 E) Tipo de despesas Gasto mensal (R$) Seguros R$ 3.500,00 Aluguel R$ 3.000,00 Material de limpeza R$ 3.300,00 Resposta correta: alternativa D. Análise da questão O custo é dado pela soma das despesas para a produção de bens ou serviços. Em um serviço de alimentação, trata-se da soma dos gastos necessários para a produção e a distribuição de alimentos. Os custos fixos permanecem constantes, ou seja, não variam em função da produção ou do serviço. São as despesas que independem da quantidade de bens produzidos ou de serviços prestados, como aluguel, seguros e impostos. Os custos variáveis estão relacionados ao volume de produção ou serviço. São despesas que se alteram de acordo com a quantidade de produtos produzidos (alimentos, água e material descartável e de limpeza, por exemplo). O custo total é a soma do custo fixo (custo existente mesmo que nada seja produzido) e do custo variável (custo por unidade). Considerando que o custo variável seja constante por unidade, o custo total pode ser graficamente representado por uma reta, como mostrado na figura a seguir. 140 Unidade I Custo para a quantidade q Custo variável Custo fixoQuantidade q Custo fixo Custo (R$) Unidades Figura 35 – Custo em função da quantidade produzida A questão pede o demonstrativo que apresenta o maior gasto mensal com custos variáveis. Com base no conhecimento sobre os custos, é possível montarmos uma tabela com os gastos fixos e variáveis das alternativas, como mostrado a seguir. Tabela 49 Alternativa Custos fixos (R$) Custos variáveis (R$) A 9.000 1.000 B 3.000 2.500 C 5.700 4.000 D 3.500 5.000 E 6.500 3.300 A partir da tabela, é possível verificar que a alternativa que apresenta o demonstrativo com o maior custo variável é a alternativa D.