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246 Unidade III Unidade III 7 TENDÊNCIAS EM GASTRONOMIA Nos últimos cinquenta anos, a forma de se alimentar mudou drasticamente: do fogão a lenha de antigamente para a chegada do micro-ondas americano. Atualmente, predominam os alimentos prontos para consumo, produtos ultraprocessados e processados em mercados, empórios e lojas de conveniência. O crescimento da população no Brasil, o aumento do poder de compra e o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho levaram ao crescimento expressivo do mercado da alimentação e de produtos semiprontos e industrializados (MACEDO; SANTOS, 2015). Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um fenômeno denominado de mcdonaldização, por conta da internacionalização ou globalização que facilitou o intercâmbio cultural, gastronômico, político e econômico entre os diversos países, com predomínio do estilo de vida americano, já que os EUA viriam a ser tornar a maior potência mundial no pós-guerra. O McDonald’s foi o primeiro restaurante a usar o sistema de linha de montagem para preparação dos sanduíches e a loja inicial com esse conceito foi inaugurada em 1948. A mcdonaldização trouxe os alimentos prontos congelados, os lanches rápidos (salgadinhos, pastéis, sanduíches), supriu a necessidade atual de rapidez, simplificou processos culinários, atendimento e a forma de servir. Adjetivos como big e super foram incorporados à terminologia dos produtos oferecidos. Figura 60 – O símbolo do McDonald´s: o Big Mac Disponível em: https://bit.ly/3g6a3AA. Acesso em: 2 jun. 2021. Por outro lado, há tendências que vêm crescendo, baseadas na saudabilidade e no bem-estar, e atreladas a elas estão os conceitos de sustentabilidade e a ética na alimentação. Também se observa o retorno à busca por comida artesanal, caseira, que remete à confiança de uma comida artesanal. A comida saudável não é mais uma tendência, e sim um novo estilo de vida. 247 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Os empreendimentos de restaurantes que seguem a linha da saudabilidade são os restaurantes veganos, vegetarianos, orgânicos, crudívoros, entre outros. Na maioria das vezes, esse é um segmento de mercado para uma classe mais restrita, normalmente classes de alto poder aquisitivo e a nova classe emergente. Observa-se maior preocupação com a qualidade do produto que estará à venda. Por exemplo, podemos imaginar o consumidor questionando: 1. De onde vem a alface da minha mesa? 2. Qual a procedência do queijo minas fresco? 3. Que tipo ou marca de farinha de trigo foi usado para fazer meu espaguete? São perguntas que podem estar na mente do consumidor e que devem ser respondidas de forma clara quanto à procedência e à qualidade dos produtos, de modo a gerar confiança do consumidor, atributo importante em um alimento saudável. Tanto que já existem selos e certificados para identificação dos alimentos, aumentando a qualificação dos negócios e a confiança do consumidor. No final dos anos 1990, surgem movimentos de resgate dos patrimônios culinários, das cozinhas nacionais, tradicionais e regionais, por meio do cultivo de vegetais, criação de raças de animais, pratos tradicionais e produtos locais artesanais. As tendências em alimentação acompanham o direcionamento do mercado, são mais duradouras do que o modismo. Já as tendências na gastronomia não devem ser apenas seguidas e adaptadas para sobreviver à concorrência do mercado, mas estarem conectadas às transformações sociais, tecnológicas, políticas, econômicas e culturais da sociedade. As tendências gastronômicas precisam proporcionar maiores oportunidades para uma melhor qualidade de vida da comunidade. Como ocorre, por exemplo, com a valorização da gastronomia regional brasileira, uso de ingredientes frescos, alimentação saudável e natural, aquisição de alimentos advindos da agricultura familiar, orgânicos, entre outros. 7.1 Gastronomia sustentável Em meio à crescente preocupação mundial acerca da biodiversidade e preservação dos ecossistemas, a sustentabilidade também vem ganhando importância dentro do mercado de alimentos e bebidas, dando origem ao que se conhece como gastronomia sustentável. Esse novo conceito dentro da gastronomia engloba todo o processo produtivo, desde a escolha dos ingredientes e fornecedores até a gestão dos recursos e reaproveitamento dos resíduos. Essa preocupação com a sustentabilidade na gastronomia é percebida por meio do trabalho de chefs no Brasil, que já utilizam ingredientes orgânicos, sazonais e cultivados nas redondezas para evitar emissão de gases poluentes, por conta das grandes distâncias percorridas para o transporte, por exemplo. 248 Unidade III A gastronomia sustentável, além de trazer benefícios ao meio ambiente – menor geração de resíduos, economia de energia elétrica e água –, também traz benefícios para os produtores na redução direta de custos e no aumento do faturamento. Lembrete A partir de 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra o dia 18 de junho como o dia da gastronomia sustentável. A data foi criada por uma resolução da Assembleia Geral da ONU, que reconhece que a gastronomia ambientalmente responsável pode promover o desenvolvimento agrícola e a produção consciente de alimentos, além de fortalecer a conservação da biodiversidade e a segurança alimentar das comunidades. Figura 61 – Comemoração do dia da gastronomia sustentável Disponível em: https://bit.ly/3ieme0W. Acesso em: 2 jun. 2021. Hoje, percebe-se que o consumidor está cada vez mais consciente do seu papel dentro da questão ecológica e social. Dessa forma, as empresas e profissionais do ramo da gastronomia devem estar atentos para a temática da sustentabilidade, empenhando-se para atingir resultados financeiros junto aos seus consumidores, sem esquecer, claro, do meio ambiente. Entretanto, ainda se vive um período em que a característica principal do comensal urbano contemporâneo é a predisposição em optar por produtos que poupam tempo de preparo. 249 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 7.2 Slow food Importante movimento surgido na intimidade da alimentação europeia, no final do século XX, ganhando relevância e transformando-se em um grande modelo para a gastronomia atual. O movimento slow food surgiu em 1986, com uma grande manifestação nas escadarias da Praça da Espanha, em Roma, contra a abertura de uma unidade da rede McDonald’s em um prédio histórico. Encabeçado por Carlo Petrini e Folco Portinari, o pequeno movimento foi ganhando cada vez mais relevância no cenário gastronômico e político, definindo proposições e delimitando estratégias de atuação em diversos aspectos alimentares. Em 1989, os fundadores do movimento escreveram um manifesto do qual alguns trechos valem ser destacados: “O nosso século, que se iniciou e tem se desenvolvido sob a insígnia da civilização industrial, primeiro inventou a máquina e depois fez dela o seu modelo de vida”. “Somos escravizados pela rapidez e sucumbimos todos ao mesmo vírus insidioso: a fast life, que destrói os nossos hábitos, penetra na privacidade dos nossos lares e nos obriga a comer fast-food”. “Em nome da produtividade, a fast life mudou nossa forma de ser e ameaça nosso meio ambiente. Portanto, o slow food é, neste momento, a única alternativa verdadeiramente progressiva”. “A verdadeira cultura está em desenvolver o gosto em vez de atrofiá-lo. Que forma melhor para o fazer do que através de um intercâmbio internacional de experiências, conhecimentos e projetos?” “Slow food é uma ideia que precisa de inúmeros parceiros qualificados que possam contribuir para tornar esse (lento) movimento em um movimento internacional, tendo o pequeno caracol como seu símbolo”. A comida de qualidade engloba todas as etapas da produção, desde o cultivo até o consumo. O slow food significa um modo de vida sem pressa, começando pela mesa, daí também seu símbolo ser um caracol, que representa o movimento leve, a alimentação devagar. Dessa forma, todoalimento consumido, segundo os critérios do slow food, devem assegurar atenção e cuidado em três conceitos: 250 Unidade III • Bom: exigência de alimentos orgânicos e naturais para a qualidade do sabor e do aroma da comida. • Limpo: estabelece a qualidade dos ambientes de produção e proteção de ecossistemas e biodiversidades para a saúde do produtor e do consumidor. • Justo: necessidade de boas condições de trabalho e direitos trabalhistas capazes de gerar pagamentos adequados, envolvendo um sistema de economias globais equilibradas, além de respeito às diversidades culturais e tradições. Figura 62 – Slow food Disponível em: A) https://bit.ly/34DkA0P; B)https://bit.ly/2RgcUi8. Acesso em: 2 jun. 2021. O slow food, em contraposição ao fast-food, opõe-se à padronização do gosto, prevalência dos alimentos produzidos pelo agronegócio de larga escala, com sobrecarga de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas. Preconiza a defesa da biodiversidade com proteção dos diversos grãos, vegetais, frutas e produtos animais tradicionais, que estão desaparecendo. Os produtos orgânicos podem ser um diferencial na gastronomia por serem considerados sinônimos de alimentação saudável nos restaurantes. 7.3 Raw food Esse estilo gastronômico significa, literalmente, o preparo e consumo de comida crua. A palavra raw, em inglês, significa cru. Também é chamada de alimentação viva ou crudivorismo. Em essência, os alimentos devem ser comidos crus ou pouco cozidos. O alimento cru é considerado aquele que não foi refinado, enlatado ou processado. Os principais alimentos consumidos são frutas, sementes, nozes, frutas secas, verduras, grãos germinados, hortaliças e legumes. Dependendo da filosofia que se segue ao adotar esse tipo de alimentação, podem ser ingeridos também outros produtos crus como peixes, frutos do mar, carne e derivados lácteos. 251 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Figura 63 – Raw food Disponível em: A) https://bit.ly/3iawuHJ; B)https://bit.ly/3gimB8n. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.4 Gastronomia funcional Visa à relação da gastronomia na elaboração de pratos saudáveis, com o aproveitamento dos componentes bioativos (alimentos funcionais), com importante aspecto sensorial e de ótima apresentação. É um mercado relativamente jovem, com alto potencial de crescimento e diversificação, composto por consumidores mais exigentes e informados. Figura 64 – Gastronomia funcional Disponível em: A) https://bit.ly/2SMMDIz; B)https://bit.ly/3ccF84t. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.5 Comfort food O termo comida de conforto, que lembra aconchego, que remete às memórias, refere-se àqueles alimentos que promovem uma sensação de bem-estar. Oferecem algum tipo de conforto psicológico, especificamente emocional. 252 Unidade III Alimentos preparados de forma simples ou tradicional Apelo nostálgico ou sentimental, de acolhimento, memórias das comidas da infância, família e/ou amigos Memória afetiva Figura 65 – Proposta do comfort food As memórias são criadas e reavivadas a partir de uma refeição, de uma receita, de um ingrediente, de um sabor, por exemplo, purê de batata, canja de galinha, sopas, bolinho de chuva, bolo de fubá, mingau, doce de leite, arroz doce, quindim, entre outros. Ou mesmo da recepção dos clientes nos empreendimentos de hospitalidade, como bares, restaurantes, pousadas, hotéis, e tantas outras experiências. Figura 66 – Comfort food Disponível em: A) https://bit.ly/3fFVtRf; B) https://bit.ly/3ibfPUs. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.6 Fusion food Restaurantes que servem preparações que mesclam elementos de várias culturas, com combinação de ingredientes, conceitos e técnicas de diferentes tradições culinárias, especialmente da cozinha oriental. Não se caracteriza como restaurante típico, por não ser de regiões nem de países específicos, mas sim por utilizar alguns elementos de determinada região com maior intensidade (ELEUTÉRIO, 2015). Por exemplo, nos EUA, onde a culinária tex-mex combina a cozinha do estado do Texas e a norte-americana, em geral, com a culinária mexicana, que pode ser representada por um sanduíche que combina pimenta mexicana jalapeño com o queijo americano monterey. Outro exemplo, que vem da culinária japonesa, é o strogo maki, temaki recheado de estrogonofe de salmão com batata palha. 253 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Figura 67 – Fusion food Disponível em: A) https://bit.ly/3g6e344; B) https://bit.ly/3cdw9QJ. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.7 Street food O alimento oferecido nas ruas está disponível em praticamente todas as grandes metrópoles do mundo. Geralmente, são pequenos e independentes fornecedores que operam a partir de um carrinho, quiosque, mesa, grade portátil, bicicletas, trailer, veículo a motor ou mesmo de um local no chão. Figura 68 – Street food Disponível em: A) https://bit.ly/3pkejko; B) https://bit.ly/3uKtrbL. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.8 Finger food A expressão significa comer com os dedos. Esse conceito surgiu em 2002, na Áustria, com objetivo de simplificar a maneira de servir e criar uma solução prática para todos os tipos de comemorações, sem ferir o princípio da etiqueta. O alimento é servido em tamanho pequeno, que possa ser ingerido em uma ou duas mordidas, no máximo. Utilizam-se utensílios pequenos, práticos, informais, que permitem que as pessoas comam em pé. É obrigatório que haja pelo menos três ingredientes, que podem ser cozidos ou crus, frios ou quentes. 254 Unidade III Figura 69 – Finger food Disponível em: https://bit.ly/3pd9v02; B) https://bit.ly/3yXF7LJ. Acesso em: 2 jun. 2021. 7.9 Gastronomia molecular É uma ciência, e não apenas um estilo de cozinha ou um tipo de culinária. Foi estabelecida em 1988 por Hervé This, um físico-químico, e Nicholas Kurti, ex-professor de Física da Universidade de Oxford, que demonstraram grande interesse pelas propriedades químicas e físicas transformadoras da culinária. Os alimentos são submetidos a processos que os transformam em espumas, emulsões, gelatinas. A esferificação, por exemplo, é a obtenção de uma esfera, com a combinação de dois elementos essenciais para a formação do gel: o alginato de sódio e o cloreto de cálcio. Alimentos líquidos como o azeite, o chá e o suco de frutas podem ser transformados em pequenas esferas que se parecem com caviar. O líquido é mantido em sua forma por uma fina membrana que faz com que se pareça com um sólido. Figura 70 – Gastronomia molecular e esferificação Disponível em: A) https://bit.ly/2RgfHYE; B) https://bit.ly/3vIAp2r. Acesso em: 2 jun. 2021. 255 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 7.10 Gastronomia hospitalar Nova demanda do mercado atual que se caracteriza pelo olhar na excelência dos serviços hospitalares, centralizado na cura do paciente, e na hotelaria, focada na hospitalidade. A gastronomia hospitalar oferece suporte ao tratamento na fase de internação, inovando cardápios que harmonizam os requisitos da boa nutrição clinica com a culinária sofisticada e do alto padrão. Concilia prescrição dietética à elaboração de refeições atrativas e saborosas, ou seja, a nutrição com prazer. E trabalha com a apresentação do prato, a variedade do cardápio, o treinamento especializado de funcionários, a cordialidade no atendimento e a rapidez do serviço. Tem como finalidades alcançar as expectativas do cliente e a ampliação da oferta de produtos e o incremento das características sensoriais (cor, sabor, textura, aroma), respeitando as intolerâncias, alergias e preferências alimentares (origem, cultura, hábitos e costumes) e inovando no cardápio. A aliança da gastronomia ao desenvolvimento de serviços de hotelaria está valorizando a imagem das UAN hospitalares, pois sua aplicabilidade está permitindo desenvolver preparações mais requintadas e elaboradas, escolher ingredientes de acordo com sua função e criar técnicas culinárias eficazes, além da valorização dos pratos oferecidos. Para tanto, a gastronomia hospitalar demanda investimentosem recursos humanos, tecnológicos, físicos e econômicos. Figura 71 – Gastronomia hospitalar Disponível em: A) https://bit.ly/34S9LZb; B) https://bit.ly/2RcJ0LA. Acesso em: 2 jun. 2021. Na gastronomia hospitalar, é necessário avaliar: • correta escolha dos ingredientes; • renovação de receitas; • técnicas culinárias; 256 Unidade III • cocção adequada dos alimentos; • harmonia dos sabores (temperos); • decoração das preparações; • flexibilidade dos horários; • uso de embalagens/recipientes. A elaboração de cardápios em dietas hospitalares deve observar: • respeito aos hábitos alimentares e culturais; • variedade no cardápio (cores, harmonização de sabores e aromas); • diversidade de ingredientes e suas aplicações; • inclusão de ingredientes que agregam sabor aos pratos e que possam ser utilizados também com finalidade decorativas, como as ervas aromáticas; • adequação dos aspectos gastronômicos às dietas de rotina; • padronização de fichas técnicas; • planejamento de compras e custos; • aspectos higiênicos e sanitários das refeições e os pontos críticos de controle (PCC); • apresentação e decoração dos pratos. 8 MARKETING E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 8.1 Marketing O marketing é um sistema total de atividades e negócios desenvolvidos para planejar, dar preço, promover e distribuir produtos que satisfaçam os desejos do mercado-alvo e alcancem objetivos organizacionais. O marketing é uma atividade dedicada à concepção de um sistema eficiente (em termos de uso de recursos) e correto (em termos de distribuição de produtos a todas as partes interessadas), sistema esse que dirigirá o fluxo dos produtos e serviços de uma economia, dos produtores para os consumidores, e atingirá os objetivos visados pela sociedade. Marketing é uma orientação da administração que visa proporcionar a satisfação e o bem-estar do cliente, a longo prazo, como forma de satisfazer os objetivos e as responsabilidades da organização. É 257 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO tão básico que não pode ser considerado uma função separada. É um negócio como um todo, do ponto de vista do seu resultado final, isto é, do seu cliente. O sucesso da organização não é determinado pelo seu produtor, mas sim pelo seu cliente. Tecnologia A era da participação e do marketing colaborativo A era do paradoxo da globalização e do marketing cultural A era da sociedade criativa e do marketing espírito humano Economia Político/ legal Sociocultural Mercado Figura 72 – Três mudanças que levaram ao marketing 3.0 Fonte: Kotler, Kartajaya e Setawan (2017, p. 23). Quadro 23 – Comparação entre marketing 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0 Marketing 1.0 centrado no produto Marketing 2.0 voltado para o consumidor Marketing 3.0 voltado para os valores Marketing 4.0 voltado para os valores Objetivo Vender produtos Satisfazer e reter os consumidores Fazer do mundo um lugar melhor Atrair a partir de conteúdos relevantes e segmentados Forças propulsoras Revolução industrial Tecnologia da informação Nova onda de tecnologia A internet e a geração de conteúdo nela Como as empresas veem o mercado Compradores de massa, com necessidades físicas Consumidor inteligente, dotado de coração e mente Ser humano pleno, com coração, mente e espírito Ambiente online efêmero, atrair em vez de incomodar Conceito de marketing Desenvolvimento de produto Diferenciação Valores Valores Diretrizes de marketing da empresa Especificação do produto Posicionamento do produto e da empresa Missão, visão e valores da empresa Missão, visão e valores da empresa Proposição de valor Funcional Funcional e emocional Funcional, emocional e espiritual Funcional, emocional e espiritual Interação com consumidores Transação do tipo um- para-um Relacionamento um-para-um Colaboração Colaboração Fonte: Kotler, Kartajaya e Setawan (2017, p. 6). 258 Unidade III Já há a perspectiva do marketing 5.0, abrindo ainda mais espaço para o uso da tecnologia e da criatividade. Os termos publicidade, propaganda e marketing possuem significados bastante distintos, embora muitas vezes sejam considerados sinônimos. Publicidade significa tornar público um fato ou ideia; propaganda é o ato de propagação de princípios e teorias; enquanto marketing constitui o processo de descoberta e interpretação das necessidades, desejos e expectativas dos consumidores, buscando convencê-los a adquirir e utilizar continuamente os produtos e serviços oferecidos. Tal processo ocorre por meio da promoção de vendas, distribuição dos produtos e assistência ao consumidor pós-venda. A publicidade e a propaganda constituem parcela do planejamento estratégico de marketing, a etapa denominada comunicação. Nas últimas décadas, verificou-se a evolução do consumidor no sentido de adotar uma postura mais consciente em relação aos produtos que adquire. No setor alimentício, essa evolução é nítida, em função da busca por uma maior qualidade de vida, agregando à dieta questões de saúde, incluindo produtos com menor conteúdo de gorduras e calorias, rico em fibras, pobre em sódio, entre outros. As mudanças tecnológicas e econômicas representam um fator de incentivo à competitividade, levando as empresas a progredirem nas áreas de produção e comercial, atuando com estruturas voltadas para o marketing. Os elementos do composto mercadológico na indústria de alimentos e SA ou UAN são inúmeros e podem influenciar na decisão de compra do produto e na satisfação de seus consumidores. Assim, temos diversas formas de apresentação do produto, por exemplo, quanto ao seu aspecto físico, características nutricionais e organolépticas, finalidades, tipo de embalagem e apresentação visual, garantias, marcas e logotipo. Até o século XIX, a preocupação era vender. Por conta disso, o marketing era visto como vendas. Não eram levados em consideração o consumidor e a demanda por produtos, mas por produção, muito por conta da recente Revolução Industrial. No século XX, com o crescimento populacional, o marketing passou a focar nos aspectos da propaganda. Mudanças profundas estabeleceram que outros fatores deveriam ser observados, com os estudos das características de cada público-alvo para identificar necessidades e desejos dos consumidores. Nesse contexto, a ideia central não era fazer produtos adequados ao consumidor, mas sim descobrir onde seria possível vender e persuadir mais. O boom da economia americana estabeleceu parâmetros fortes em termos de economia de mercado e relações de troca, sem, no entanto, valorizar a opinião dos consumidores. 259 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Pós-guerra Década de 1950 Década de 1960 Década de 1970 Década de 1980 Década de 1990 Década de 2000 Altos voos Turbulência Incerteza Marketing um-para-um Voltado para finanças O mix de marketing Ciclo de vida do produto Imagem da marca Segmentação do mercado O conceito de marketing A audiência do marketing Definição do mercado-alvo Posicionamento Marketing estratégico Marketing de serviço Marketing social Macromarketing Batalhas de marketing Marketing global Marketing local Megamarketing Marketing direto Marketing de relacionamento com o cliente Marketing interno Marketing emocional Marketing na internet e e-business Patrocínio Ética do marketing Marketing do retorno sobre o investimento Marketing do valor da marca Marketing do valor para o cliente Marketing da responsabilidade social Empowerment do cliente Marketing nas mídias sociais Tribalismo Marketing da autenticidade Marketing de cocriação Os quatro Ps A miopia do marketing Marketing do estilo de vida Ampliação do conceito de marketing Figura 73 – Evolução do marketing a partir da década de 1950 Fonte: Kotler, Kartajaya e Setawan (2017, p. 32). Na década de 1990, as relações entre consumidores e empresas mudaram. Surgiram códigos de relações de mercado. No Brasil, a fase foi marcada pelo surgimentodo Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei n. 8.078/90, que pressupõe papéis claros das empresas e consumidores, direitos e deveres. O consumerismo se espalha pelo mundo e o consumidor faz-se crítico e seletivo. Para Kotler (2019), o marketing procura o equilíbrio entre a oferta e a demanda. E não é a arte de descobrir maneiras inteligentes de descartar o que foi produzido, mas de criar valor genuíno para os clientes, ajudando para que sejam ainda melhores. No século XXI, as organizações enfrentaram grandes desafios e o conceito de marketing se ampliou. Novos princípios foram necessários, como a visão do impacto social das ações praticadas, ou seja, eficiência de mercado, além da qualidade do produto e serviço. O estudo sistemático do comportamento do consumidor e dos mercados é fator crucial para o sucesso de qualquer ação. É essencial a definição do público-alvo, ou seja, qual público se pretende atingir. Não é somente a relação com o poder econômico, mas sim com o comportamento humano, o estilo de vida e a faixa etária. É possível dividir as estratégias de marketing da seguinte forma: • Segmentação geográfica: público-alvo e local onde o SA ou a UAN está inserida estão intimamente ligados. Por exemplo, bairros, centros comerciais, praças de alimentação, entre outros. 260 Unidade III • Segmentação demográfica: o mercado deve ser dividido em grupos baseados nas variáveis: idade, gênero, renda, ocupação, formação educacional, nacionalidade, entre outras. Por exemplo, o SA ou a UAN pode ter mais de um restaurante ou cardápio, de acordo com a função dos clientes: operacional, administrativa ou executiva. Empresas de origem japonesa podem manter um cardápio brasileiro e um japonês. • Segmentação psicográfica: o mercado deve ser dividido em grupos diferentes, baseados no estilo de vida e/ou personalidade. Por exemplo, unidade produtora de refeições (UPR) que vende marmita fit. • Segmentação comportamental: o mercado deve ser dividido em grupos diferentes, tomando por base seu conhecimento, atitude, uso ou resposta. Por exemplo, uma UPR localizada em regiões de concentração de empresas e escritórios cuja oferta de serviços é, basicamente, alimentação no horário de almoço, sem público para o período noturno. 8.1.1 Marketing e seus compostos (4 Ps) Os compostos ou ambientes de atuação do marketing são: • preço: preço de lista, descontos, concessões e condições de crédito; • produto: características, qualidade, design, marcas, serviços e variedade; • distribuição: canais, cobertura, localização, estoques e logística; • comunicação: propaganda, promoção de vendas, relações públicas e marketing direto. Os 4 Ps do marketing são: • produto: o que a empresa vende; • preço: quanto será cobrado do cliente; • praça: onde o produto será oferecido; • promoção: como o produto será promovido. Os 4 Ps são considerados a base de uma estratégia de marketing e, quando andam em conjunto, garantem o sucesso e conquista do público-alvo. Uma empresa deve analisá-los, a princípio, separadamente, para depois trabalhar seus resultados em conjunto. Se marketing é entender para atender as necessidades e desejos do consumidor/público-alvo/cliente/ usuário/stakeholder, isso significa que uma instituição que queira se manter saudável, economicamente, deve manter o foco nos seus consumidores e no mercado e, então, pressupõe-se que seu modelo de 261 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO gestão administrativa esteja sustentado por uma tecnologia mercadológica, conduzida pelos compostos do planejamento de marketing, ou seja, os 4Ps de marketing: • 1º P: definir o mix de produtos/serviços pertinentes ao foco do negócio; • 2º P: precificar produtos/serviços versus elasticidade versus gestão sustentável; • 3º P: ponto de entrega: delivery e percepção dos valores agregados; • 4º P: promoção/propaganda: o que comunicar e para que público-alvo (é o composto mais visível do marketing); Expansão dos compostos de marketing com a adição de outras variáveis: • 5º P: visão social/responsabilidade social; • 6º P: visão societária/ambiental (preocupação com geração/reutilização de resíduos); • 7º P: institucional: marketing como filosofia empresarial e visão sistêmica. A formação acadêmica do nutricionista propicia embasamento para atuar em marketing e entendimento e segurança para a gestão das ações a serem desenvolvidas? Sim, mas é imprescindível e desejável conhecimento em gestão financeira para sustentar as ações do P do preço e a logística do ponto de distribuição. No item produto (1º P), há que se considerar: • linha de produtos: alimentos industrializados em geral, nutrição esportiva, refeições coletivas, dietas enterais, entre tantos outros; • composição e tecnologia: qualidade da formulação, receituário do produto; • marca: nome versus extensões de linha (linha de produtos dentro do mesmo nicho); • embalagem: diversidade de tamanho, rotulagem (informação nutricional), modo de preparo, variações de uso, reutilização da embalagem (medidor, utensílios, coleções); • serviços associados: totalidade dos benefícios oferecidos (receitas sazonais, cardápios por tipo de necessidade, orientações nutricionais, telefone ou site, cursos de culinária, visitas às linhas de produção; • aspectos genéricos e ampliados: vantagens diferenciais capazes de fidelizar o consumidor à marca (ações proativas, encantamento durante atendimento, necessidades específicas atendidas), responsabilidade socioambiental da marca. 262 Unidade III Em relação ao preço (2º P), este está diretamente ligado à imagem que se deseja do produto. O preço é estabelecido de várias maneiras: • em função de demanda (elástica/inelástica); • por concorrência: direta ou indireta (mais importante); • para vendas marginais (negociação versus volume vendido); • por metas (retorno). Pesquisas de mercado são fundamentais para alicerçar as decisões sobre as variáveis do preço. Quanto ao ponto de distribuição (3º P), depende do processo logístico adotado pela empresa, como varejista, atacadista, representantes, venda direta, porta a porta. Porém, deve-se considerar que a entrega do produto tem sentido ampliado e é mensurada por meio de cada contato do cliente com os representantes da empresa, ou seja, seus funcionários. Cada contato é o momento da verdade de uma instituição, ou momento de avaliação da empresa. Para o cliente, o funcionário é a empresa. E todos devem ter consciência de que exercem a função de atendentes do consumidor. Assim, torna-se imprescindível investir em programas de endomarketing, no qual o funcionário é visto como cliente da organização, ou seja, não existe cliente externo satisfeito, se o interno não estiver satisfeito também. Em relação à promoção (4º P), trata-se do item mais conhecido, considerado sinônimo de marketing para os leigos. A terminologia mais atual é comunicação. Do conceito de promoção/comunicação fazem parte a propaganda, as relações públicas, a assessoria de imprensa, a promoção de venda, o merchandising, a resposta direta (cuponagem/amostra grátis) e a venda pessoal/telemarketing. Enfim, é a oportunidade de informar/promover educação nutricional. Produto Praça (Ponto de venda) Mercado-alvoPreço Promoção Figura 74 – Bases de marketing 263 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Exemplo de aplicação O McDonald’s vem praticando a filosofia de “pesar globalmente e agir localmente”. Com base em uma estratégia geral bem definida, o mix de marketing (4 Ps) em cada país é desenhado levando em conta a cultura e as características do local. Com isso, existem várias opções de lanches disponíveis apenas em algumas praças específicas. Reflita e analise essa afirmação. O McDonald’s é uma das maiores redes de fast-food do mundo. O menu é criado de acordo com as preferências locais, oferecendo, pelo menos, um produto típico do país, tendo o BigMac e fritas como representantes da marca da empresa encontrada no mundo todo. No McDonald’sindiano não existe nenhum sanduíche com carne bovina. Só existe a opção de sanduíche com frango ou peixe. O cardápio do McDonald’s da Índia basicamente se resume a muitas variações do McChicken, um sanduíche de peixe (Filet-o-Fish), um de queijo (McSpicy Paneer), nuggets e batata frita. Há restaurantes kosher, em Israel, onde a comida é preparada de acordo com as leis judaicas e as lojas fecham aos sábados (dia sagrado). O destaque no menu são as saladas. Mckebab: kebab é um churrasco grego ou espeto de carne árabe – sanduíche feito com pão de lafa (tortilha achatado), recheado com alface, tomate e cebola. O McDonald’s mexicano também já teve produtos sazonais exclusivos, como o McPastor (um tipo de taco com carne de porco). O McBurrito é um burrito comum com feijão, carne picada, cebola, temperos, tudo embrulhado em uma tortilla. Sanduíche com salsicha e mostarda é comum no McDonald’s da China. McRice é um pão de hambúrguer, salada e um hambúrguer feito de arroz. O McDonald’s no Japão oferece o McPork, um hambúrguer com carne de porco e molho agridoce. Para acompanhar, chá verde e sundae de feijão vermelho. Outra opção no menu é o Shrimp Sandwich, lanche de croquete empanado com molho cremoso e minicamarões. Na Grécia, o Greek Mac tem dois hambúrgueres de carne temperada com ervas, molho de iogurte, cebola, tomate e alface envoltos no pão pita. Já no Brasil, os produtos existentes somente aqui são: • Cheddar McMelt: hambúrguer de carne bovina, queijo tipo cheddar derretido, cebola ao molho shoyu no pão escuro com gergelim. • McPicanha: hambúrguer feito com carne de picanha com molho de picanha, queijo coalho empanado, tomate, mix de folhas e cebola crispy no pão com gergelim. 264 Unidade III • McVeggie: queijo coalho empanado, acompanhado de molho de pimenta biquinho, cebola caramelizada, alface crespa, tomate, cenoura ralada e maionese no pão tipo brioche. Os preços são estudados e estabelecidos por uma corporação central em cada país em que a rede se instala. A estratégia de preço é a de valor e beneficio alto. Os produtos do McDonald´s são vendidos ao consumidor em suas próprias unidades, por meio de franquias (franchising). Atualmente, comercializa seus produtos em mais de 120 países. E possui mais de 1.000 restaurantes no Brasil. Utiliza canais de distribuição indireta, em que há intermediação de distribuidores entre os produtores e as lojas. Os compradores que o McDonald´s atende são consumidores de todas as classes, jovens e famílias com crianças. O influenciador e decisor de compra é o jovem que quer uma refeição rápida ou os pais que acabaram de sair de algum local específico e querem fazer uma parada rápida para refeição com seus filhos. Quanto ao segmento de mercado, jovens com poder aquisitivo e pais de crianças/adolescentes que utilizam os produtos fast-food. Produto Os produtos podem ser subdivididos em tangíveis e intangíveis. O produto tangível é constituído por suas características, estilo, qualidade, marca e embalagem. É o produto adquirido pelo consumidor, é a posse, no caso de produto (bem durável e semidurável), ou usufruto (refeição). O produto intangível é o produto que o profissional vai desenvolver para oferecer ao consumidor em forma de produto. Cumpre aos profissionais se dedicarem para compreendê-lo, identificá-lo e desenvolvê-lo. É ele que tangibiliza, efetivamente, a eficiência, a qualidade e o valor agregado do produto adquirido pelo consumidor – necessidade básica – o sabor, forma de apresentação, o ambiente do refeitório. Nos SA ou UAN, o produto é a refeição ou a preparação vendida. O produto é sempre acompanhado de um serviço, ou seja, a maneira como a refeição ou preparação é oferecida. Observação Em um restaurante por quilo, a refeição acompanhada da bebida é o produto tangível. Já o intangível é o serviço: é o modo de compra do produto, opção de fazer a refeição em um salão com mesas e cadeiras, serviço de garçom, serviço de estacionamento, sobremesa inclusa, café na saída, decoração do ambiente, entre outros aspectos. 265 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Alguns erros significativos em serviços: • atitude negativa ou de indiferença por parte do vendedor ou de outro funcionário da empresa; • descuido com a qualidade; • negligência com as necessidades do cliente; • atenção voltada exclusivamente a resultados financeiros a curto prazo. Dimensões de qualidade dos serviços: • confiabilidade: capacidade de executar o serviço prometido de maneira confiável e precisa; • capacidade de resposta: disposição para auxiliar os clientes e proporcionar atendimento imediato; • segurança: atitude inteligente e cortês, inspirando confiança; • empatia: atitude interessada e personalizada em relação aos clientes; • elementos tangíveis: aparência das instalações e dos equipamentos físicos, do pessoal e dos materiais impressos. Marca A marca é identificadora de nome, logotipo, slogan, percepção e imagem de um produto. É provedora de experiências, relações sensoriais, afetivas, criativas e estilos de vida relacionados a ela. É o grande trunfo de alguns produtos no mercado. Preço É a quantidade de dinheiro, bens ou serviços que deve ser dada para se adquirir a propriedade ou o uso de um produto ou serviço. Os preços não são estáticos, mas não devem variar com frequência e sem necessidade. Exige atenção constante aos movimentos do mercado. O preço pode ser subdividido em: • monetário: matéria-prima, design do produto, embalagem; • não monetário: atendimento, acesso ao local, ambiente. Ambos compõem o pacote de serviços. 266 Unidade III É comum, principalmente nas redes de varejo, utilizar a definição de preços pelo Critério Brasil, que estima o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população em classes sociais. A divisão de mercado definida é exclusivamente por classes econômicas. Tabela 61 – Critério de classificação econômica Brasil Classes Renda média bruta familiar no mês em R$ A 22.716,99 B1 10.427,74 B2 5.449,60 C1 3.042,47 C2 1.805,91 DE 813,56 Média geral 3.153,40 Fonte: Abep (2019). As classes A1 e A2 têm maior poder aquisitivo e representam a parcela da população que compra produtos de luxo e frequenta restaurantes temáticos ou típicos de certa cultura, com gastronomia diferenciada. As classes D e E adquirem produtos de consumo básicos e com valor reduzido, ofertados em promoções e crediário. Buscam serviços mais simples, em geral, oferecidos por lanchonetes e bares de bairro. O preço, do ponto de vista do consumidor, é aquilo que se renuncia ou que é sacrificado na obtenção de um produto. Quando o preço de um produto ou serviço é razoável, o cliente se sentirá mais satisfeito e manifestará intenções de repetir a compra. Caso contrário, se o consumidor sente que seu sacrifício não valeu a pena, este se recusará a repetir a compra, mesmo estando satisfeito com a qualidade do produto ou serviço. A percepção do preço é como uma crença generalizada de que o nível de preço está relacionado ao nível de qualidade do produto. A utilização do preço como indicador de qualidade não é irracional. Os consumidores fazem essa relação devido ao mercado ser baseado pelas forças competitivas da oferta e da procura. Como consequência, temos produtos concorrentes em uma escala de preços, proporcionando, assim, uma relação positiva entre preço e qualidade. O uso do preço como sinalizador de qualidade depende de: • possibilidade de avaliação de outros fatores que possam indicar qualidade; • variações de preço em uma mesma classe de produtos; • variações da qualidade do produto dentro de uma mesma classe; • nível da consciência de preços por parte dos consumidores; • habilidade dos consumidores para verificar variações de qualidade em um mesmo grupo de produto. 267 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Em situações nas quais o preço é o único indicador extrínseco disponível, os indivíduosrelacionam a qualidade com o preço. A relação entre preço e qualidade é influenciada pelo nível de conhecimento do consumidor acerca dos preços e da qualidade do produto. Como resultado, os consumidores mais informados sobre os preços possuem menor predisposição para pagar por preços que não condizem com a qualidade do produto. Praça ou pontos de distribuição Nessa relação, um serviço de alimentação precisa estar próximo de seu público. No processo de definição das praças é necessário, para que as vendas aconteçam, estabelecer critérios claros de acesso do consumidor ao produto ou serviço. A relação tempo versus oferta é fundamental para o serviço ser considerado de qualidade. Por exemplo, serviços voltados para funcionários de escritório localizados em grandes avenidas dos centros urbanos. Ou seja, o produto deve estar no local certo na hora certa. Comunicação social – publicidade, propaganda e outras ferramentas A publicidade é a comunicação utilizada para anunciar um produto ou serviço de uma empresa, para fins comerciais. Já a propaganda é uma ação determinada para venda ou divulgação de produtos e serviços. É utilizada para divulgar ideias, pensamentos e causas. Figura 75 – A comunicação é a base de tudo Disponível em: https://bit.ly/3wSvj3Q. Acesso em: 2 jun. 2021. 268 Unidade III A comunicação é o processo de contato com o consumidor que deve oferecer algum valor agregado (custo-benefício), além do objetivo de vender, propiciando a fidelização do cliente. No fast-food, por exemplo, deverá ficar claro ao cliente como fazer suas escolhas e seu pedido por meio de sinalizações de fácil entendimento, que sejam objetivas sobre as preparações que oferece, os combos disponíveis e os preços relativos. Isso implica diminuição do tempo previsto para a escolha e confecção do pedido. Lembrete O fast-food caracteriza-se por refeições rápidas, que podem variar desde saladas e sopas, passando pelos sanduíches e frituras, até pratos executivos (prato feito) e sobremesas. O grau de satisfação do cliente está vinculado ao grau de expectativa que a empresa gera. O cliente satisfeito reproduz sua satisfação, em média, para três pessoas. Já o cliente insatisfeito reproduz sua insatisfação, em média, para nove pessoas. Ambiente físico ou physical Representa os aspectos visuais e tangíveis que o cliente percebe, como vestuário, mobiliário, cores, imagens, logomarca, luminosos, placas, impressos, embalagens, decoração do ambiente, música, entre outros. Responsáveis pela identificação do cliente com o ambiente a que o serviço está se propondo e deve ser cuidadosamente planejado e avaliado. Pessoal Funcionários bem treinados e motivados podem garantir que um produto seja comprado, utilizado e divulgado pelo cliente. Nenhum serviço tem excelência de qualidade se a equipe operacional não estiver alinhada aos objetivos do serviço e da empresa. Saiba mais Para ver um guia sobre como direcionar a construção de um plano de marketing, acesse: GOMES, I. M. Como elaborar um plano de marketing. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3g6ZP3b. Acesso em: 2 jun. 2021. 269 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 8.2 Processo de marketing Segundo Kotler (2019), marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam com criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros. O marketing é considerado uma orientação da administração baseada no entendimento de que a tarefa primordial da organização é determinar as necessidades, desejos e valores de um mercado visado e adaptar a organização para promover as satisfações desejadas de forma mais efetiva e eficiente que seus concorrentes. Em relação ao marketing de relacionamento, sua principal meta é a fidelização dos clientes, principalmente dos já existentes, embora sem descartar a conquista de clientes novos. Este se baseia em bancos de dados inteligentes que permitem um grande conhecimento de seus clientes, suas expectativas e necessidades, o que garante às empresas adequar suas ofertas de produtos e serviços a seu mercado consumidor. Há alguns anos, o principal objetivo de qualquer empresa, independentemente da área de atuação, era divulgar os seus produtos e serviços no mercado com grande voracidade e aguardar grandes lucros, sempre objetivando alcançar novos consumidores e não preservar, necessariamente, os que já havia conquistado. Atualmente, as estratégias da maioria das empresas são bem diferentes, pois se preocupam com a contínua satisfação do cliente, que não se resume apenas à aquisição do produto ou serviço, mas também com a qualidade, o atendimento e o preço. Os consumidores pensam sobre os produtos e empresas, comparando-os com outros produtos e empresas, e definem uma hierarquia de valores, desejos e necessidades com base em dados empíricos, opiniões, referências obtidas através de propaganda de boca e experiências anteriores com produtos e serviços. Usam essas informações para tomar decisões de compra. Devido ao aumento da concorrência no mercado de serviços de alimentação, a maioria das empresas sente a necessidade de estreitar relacionamento com seus clientes e, muitas vezes, não sabe de que forma agir e acaba perdendo seus clientes ou permanece continuamente insegura em suas parcerias. Para que a empresa não venda um produto ou serviço apenas uma vez, o cliente precisa ser ouvido, entendido e atendido. Cliente satisfeito é cliente para sempre. Por isso, é preciso vender bem desde a primeira vez, vendendo qualidade e monitorando as necessidades, os desejos e as atitudes dos clientes. As empresas não devem resistir às mudanças ou ignorá-las, e sim monitorar o mercado, e nunca se esquecer de ouvir seus clientes colaboradores. Os consumidores são, atualmente, críticos e bem informados, cabendo, portanto, às empresas estreitar os laços, adaptar seus produtos e criar estratégias para atender às necessidades do mercado. Nesta era de transformações rápidas, o posicionamento estratégico é a peça-chave para qualquer empresa que almeja sucesso. Para se alcançar qualquer resultado positivo no relacionamento com os clientes, é necessário que seja traçado um plano de marketing, para que a empresa saiba realmente para onde devem convergir seus esforços. 270 Unidade III 1 - Capta meio externo 2 - Processa internamente / Endereça ações às áreas 3 - Reação / adequação ao mercado 4 - Ações: - Inovação - Ações preventivas - Aperfeiçoamento - Fidelização / encantamento Informações Tendências Ameaças Oportunidades Figura 76 – Processo de marketing O sistema de informações de marketing (SIM) é constituído por pessoas, equipamentos e procedimentos que reúnem, selecionam, avaliam e distribuem informações necessárias, atuais e precisas, para que os profissionais de marketing possam tomar suas decisões. Designa-se o SIM, também, como sendo um sistema que tem por finalidade reunir, avaliar e utilizar informações a fim de que estas possam ter melhor direcionamento em suas decisões. Uma das aplicações do SIM é a pesquisa de marketing, que é um instrumento que liga o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing através de informações. Essas informações são utilizadas para identificar e definir as oportunidades e os problemas de marketing, gerar, refinar e avaliar suas atividades, monitorar seu desempenho e aumentar a compreensão do seu próprio processo. A pesquisa de marketing é um meio pelo qual a empresa utiliza as informações do SIM para se aproximar dos clientes. O sistema de pesquisa de marketing utiliza-se de materiais e métodos específicos de modo a permitir que os dados obtidos sejam transformados em informações fidedignas. Atualmente, a atividade empregatícia trabalha com uma perspectiva diferente. Somos mensurados por um sistema em que 50% pertence à empresa e 50% está nas mãos dos clientes. Tanto que clientes podem demitir todos de uma empresa,do alto executivo para os outros níveis hierárquicos, trocando de fornecedor, simplesmente. Os benefícios da satisfação do consumidor são: • isola os clientes da concorrência acirrada; • cria vantagem competitiva sustentável; • reduz os custos com falhas, já que cada cliente satisfeito é um fiscal da marca; • encoraja a clientela a ser constante e fiel; • amplia/promove o marketing boca a boca positivo; • reduz os custos de atração de novos clientes. 271 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Reflexões: O nutricionista está desenvolvendo suas atividades com o foco no cliente final? Utiliza as ferramentas de comunicação para atingir seu público-alvo? E, para isso, atualizou-se mercadologicamente? Preocupa-se em decifrar a linguagem nutricional para o leigo? 8.3 Marketing de relacionamento Marketing de relacionamento é o uso de uma gama de técnicas e processos de marketing, vendas, comunicação e cuidado com o cliente para: identificar seus clientes de forma individualizada e nominal; criar um relacionamento entre sua empresa e esses clientes – um relacionamento que se prolonga por muitas transações; além de administrar esse relacionamento para o benefício dos seus clientes e da sua empresa. Resume-se, então, como um processo que objetiva fidelizar clientes, absorvendo-lhes o máximo de informações, a fim de atender suas expectativas e necessidades por meio dos produtos e serviços ofertados. Se as empresas quiserem desenvolver um estilo de marketing adequado a essa era de transformações rápidas, é necessário iniciar com uma nova abordagem. O melhor modo de se fazer marketing de relacionamento é oferecendo bons produtos e serviços pontualmente, por um preço justo. É isso que os clientes realmente procuram. É por meio do marketing de relacionamento que as organizações podem projetar e lançar ações voltadas aos clientes, buscando sempre que estes tornem-se cada vez mais próximos de seus produtos e/ou serviços, de forma a utilizá-los e recomendá-los a inúmeras pessoas, pois indiretamente, e imperceptivelmente, reconhecem o valor e o esforço a eles disponibilizado por aquela empresa, que a todo momento se preocupa com seu bem-estar e atende prontamente às suas solicitações. Satisfação é o sentimento de prazer resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas da pessoa. O cliente satisfeito gera mais do que lucros, pois sua satisfação o torna leal, o que é fundamental para que qualquer empresa se mantenha íntegra no mercado. Para se obterem retorno e respostas aos investimentos, é importante que as empresas entendam que o conceito de food service não está baseado apenas em produtos e em suas características, mas em um conjunto de ações e, principalmente, em soluções para os clientes. Proporcionar soluções para o cliente é o que, atualmente, várias prestadoras de serviços procuram. Existem 12 regras de ouro para que a aplicação do marketing de relacionamento apresente resultados positivos: 272 Unidade III 1. Determinar quais são os clientes que a empresa pretende atender, quais não pretende e qual a probabilidade de eles se tornarem ou não fiéis à empresa. 2. Reconhecer que a visão do cliente em relação ao relacionamento com a empresa pode ser bem diferente do que a empresa imagina. 3. Tornar os processos empresariais e de gerenciamento como requisito de relacionamento. 4. Facilitar o acesso dos clientes à empresa. 5. Facilitar para os clientes o fornecimento de informações sobre sua empresa. 6. Facilitar para os clientes o acesso às informações e à obtenção de ajuda. 7. Mostrar a seus clientes como obter o máximo de sua empresa. 8. Proporcionar o melhor atendimento do cliente por meio de adequada autoridade para com o funcionário, empatia com a motivação dos clientes, informação de apoio e treinamento de atendimento do cliente. 9. Deixar que os clientes assumam o controle quando quiserem e que também passem o controle para a empresa quando necessário. 10. Tratar os clientes de forma especial, principalmente aqueles que acreditam que têm um relacionamento especial com a empresa, de forma a não os desiludir. 11. Reduzir as taxas de erros com os clientes. 12. Criar um ambiente físico ou técnico que faça com que o cliente se sinta em casa na empresa. O cliente espera que detalhes de seu relacionamento com a empresa fiquem disponíveis, que as informações dadas à empresa sejam utilizadas na modificação dos serviços, que os profissionais da empresa tenham atitudes coordenadas, que levem em consideração o relacionamento com a empresa quando surgirem problemas. Criar elos de valor entre organização e cliente só poderá trazer situações benéficas para ambos os lados, de forma a estreitar qualquer tipo de contato, visando sempre alcançar objetivos a curto e longo prazo. Nesse contexto, nota-se que as organizações que cultivam essa prática podem se organizar e planejar estratégias respaldadas por uma segurança diante daquilo que estão praticando, mesmo sabendo que a questão da fidelidade é muito discutível, pois existem aqueles que defendem essa premissa, enquanto outros afirmam que a fidelidade é algo ilusório e que o consumidor busca sempre o melhor, não se atendo a um único e exclusivo produto e/ou serviço. 273 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 8.4 Metas e meios para fidelizar clientes As campanhas efetuadas para os clientes devem reforçar a fidelidade à marca, desenvolver a conscientização acerca da empresa, das características e/ou benefícios de produtos específicos, ou de como comprar o produto ou serviço, atingir um posicionamento do produto, transmitir uma proposta, demonstrar benefícios, satisfazer o cliente. Além de tratar da defesa do mercado, ao atacar a concorrência, desenvolver o mercado, induzir os clientes a consumir mais, recordar clientes do passado, identificar novos clientes e reduzir os custos de marketing. Os benefícios para uma posição sólida da empresa são: penetração mais rápida no mercado, menos obstáculos aos produtos, melhor acesso às informações tecnológicas e sobre o mercado, custos de vendas menores, preços mais altos, melhor recrutamento, maior lealdade dos funcionários e melhor relação entre perdas e ganhos. O consumidor não dá muitas chances às empresas, por isso é necessário aproveitar bem cada uma, interpretando seus anseios e necessidades, e diversificando continuamente os produtos e serviços. Qualquer lembrança ao cliente serve para reforçar sua fidelidade, tais como: aniversário, preferências etc. É muito interessante saber fazer coisas comuns de maneiras incomuns. 8.5 Atendimento e satisfação do cliente A descoberta do cliente teve, para as empresas, o mesmo significado revolucionário que a teoria heliocêntrica teve sobre as ciências e a filosofia, de modo geral. Afinal, tirar a empresa e seu produto do centro do universo dos negócios e colocar o cliente resultou em verdadeira revolução de conceitos. Quadro 24 – Tipos de manifestações endereçadas pelos clientes Tipos de manifestações Características Informações Oportunidade de melhoria nas ações de comunicação e orientação nutricional Solicitações Receitas e/ou novos usos e aplicações para os produtos existentes Sugestões Oportunidade para inovação desenvolvimento de novos produtos Elogios Reforço positivo das ações tomadas Agradecimentos Reclamações Oportunidade para melhoria contínua da qualidade Adaptado de: Kotler, Kartajaya e Setawan (2017). O sucesso, na era atual, depende da desvinculação de muitos paradigmas, como o de que é importante ter um produto perfeito, que qualidade é luxo, ou, ainda, que qualidade custa caro. Lembrando que cliente é toda pessoa, grupo, organização ou processos para os quais são produzidos bens, serviços, informações ou outras atividades que lhes tenham valor. 274 Unidade III O cliente de SA ou UAN tem um comportamento bastante diferente do que teria ao adquirir qualquer outro produto. É um dospoucos casos em que se adquire uma mercadoria sem ter a opção de experimentá-la antes, não possui garantia e assistência técnica e com poucas possibilidades de troca ou devolução. Portanto, é importante se assegurar de que, na prática, os produtos e serviços destinados a esse cliente, realmente, correspondam às suas expectativas. A satisfação do consumidor provém de sua percepção positiva acerca da qualidade dos alimentos e pode ser medida por meio de teste de aceitação, utilizada como instrumento de medida fundamental da qualidade sensorial. Contudo, de nada vale um alimento possuir qualidades físico-químicas e microbiológicas desejáveis se não agradar o consumidor em termos de qualidade sensorial. Em todas as etapas do serviço, deve haver uma permanente avaliação da percepção do cliente. Os aspectos humanos dos serviços são tão decisivos como seus aspectos materiais. Entre eles, podemos citar: • prontidão: atender o cliente o mais breve possível; • cortesia: ser naturalmente amável no tom de voz e nas palavras; • identificação: procurar identificar quem é o cliente, a fim de conhecê-lo; • clareza: falar de forma clara, entoando a voz de forma equilibrada; empregando expressões que transmitam empatia (colocando-se no lugar do cliente), cortesia (“por favor”, “em que posso ajudá-lo”), confiança (“certamente o sr/a. terá”, “eu mesmo me encarregarei de”), evitar gírias ou intimidade, não utilizar termos dúbios (“talvez”, “não sei, não”’); • objetividade: não ser prolixo, concentrar-se na necessidade/expectativa do cliente, colocar-se ao lado da solução, e não do problema, ser assertivo não fazendo falsas promessas ou inflacionando expectativas; • verificação: antes de responder, estar certo de que compreendeu a real necessidade/expectativa do cliente; certificar-se de que o cliente está de acordo com a ação, situação ou providência a ser tomada; • mantendo o clima: reafirmar a disposição em sempre ajudar o cliente; • mantendo o cliente informado: em caso de demandar qualquer ação, fazer o que tiver que ser feito, cumprir o acordado, devolver a informação ao cliente. A avaliação da qualidade em SA ou UAN supõe o estudo dos diversos aspectos inerentes à estrutura, aos processos e aos resultados. A pesquisa de mercado é um bom método para se avaliar a qualidade dos serviços prestados e o grau de satisfação da clientela em relação a eles. É conceituada como um levantamento de dados sobre 275 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO o mercado, seu processamento e interpretação, a fim de transformá-los em informações, de maneira sistemática e organizada, de acordo com técnicas próprias, tendo em vista ajustar o processo decisório, minimizando, assim, a margem de erros em relação às decisões a serem tomadas. Mas apresenta as seguintes limitações: • com o processo amostral: representatividade amostral e erro amostral; • falhas ocorridas no processo de obtenção de dados: perguntas sem respostas, respostas que não correspondem à realidade, entrevistado que não consegue verbalizar sua resposta, as informações que não foram obtidas com os detalhes necessários; • erros no registro, processamento e interpretação dos dados: perguntas não anotadas corretamente, questionário sem o espaço para anotação das respostas, tabulação inadequada das perguntas abertas, plano de tabulação deficiente e interpretação deficiente dos resultados; • não cobrir todas as variáveis: quase toda pesquisa costuma ser conduzida a partir de suposições ou hipóteses iniciais, cuja validade se procura comprovar. Determinadas perguntas não são incluídas numa pesquisa, porque não havia sido considerada a hipótese correspondente a elas, em outros casos, mesmo trabalhando-se com uma hipótese determinada, há dificuldade em comprová-la. Uma pesquisa começa com o reconhecimento de uma situação em relação a quais medidas devem ser tomadas e diferentes alternativas se apresentam na escolha dessas medidas. Essa situação é o que se caracteriza como o problema, em termos gerais, podendo ser ou não o problema da pesquisa. O primeiro passo da administração é, mais do que constatar a existência de problemas, caracterizá-los bem. Estabelecido o problema, passa-se para os objetivos da pesquisa, os quais estão contidos no âmbito do problema, e constituem aspectos através dos quais este se manifesta. São os itens sobre os quais se obtêm informações que ajudarão a conhecer as causas do problema e a fornecer, em uma segunda etapa, seu diagnóstico. Os objetivos da pesquisa são estabelecidos com base em suposições sobre os fatores determinantes dos problemas considerados. São hipóteses cuja validade se quer testar. 8.6 Aceitabilidade das refeições com base na opinião da clientela Periodicamente, deve ser realizada pesquisa de opinião com o cliente. As vantagens são: • respaldo para reivindicações com vistas à melhoria do funcionamento, pois os subsídios coletados nessa avaliação podem estar relacionados a aspectos diversos, como melhoria das condições físicas, por exemplo. • maior envolvimento dos usuários com a UAN. É possível realizar painel de satisfação, diariamente, também. 276 Unidade III As informações coletadas permitirão, ao nutricionista, verificar o desempenho da unidade em diversos aspectos, como sabor da alimentação, variedade do cardápio, apresentação da refeição, atendimento do colaborador, higiene, comunicação da contratante com a contratada, entre outros. O objetivo principal das pesquisas de comportamento é conhecer o nível de satisfação do cliente, as razões de sua preferência pelo restaurante, e viabilizar, na prática, as mudanças que o mercado e a tecnologia recomendam. O comportamento do consumidor e sua ligação com o marketing são bastante explícitos. A administração da qualidade identifica em que grau os consumidores ou usuários de um serviço sentem esse serviço e como suas percepções podem ser transformadas em práticas de marketing. Conhecer e satisfazer as necessidades dos clientes reforça o conceito de marketing e é vital para o sucesso do empreendimento. O julgamento sobre a satisfação ou insatisfação vem da formação de expectativas. Os consumidores têm expectativas sobre os benefícios e desempenho do serviço (POPOLIM, 2007). Essa expectativa com o serviço utilizado pode levar à: • não confirmação positiva do desempenho do serviço: serviço excede às expectativas; • confirmação: o serviço está de acordo com as expectativas; • não confirmação negativa: o serviço não atende às expectativas. A satisfação do cliente em grau elevado pode ser o meio de superar os concorrentes. Há alguns princípios que toda organização deve seguir para satisfazer as necessidades do cliente, são eles: • confiança: o serviço deve honrar seus compromissos; • responsabilidade; • competência; • acessibilidade: o serviço deve criar mecanismos que permitam fácil acesso e uso por parte do cliente; • cortesia: polidez, consideração e respeito em conjunto com um tratamento amigável; • comunicação: informar o consumidor com termos de fácil compreensão; • credibilidade: bom nome da organização e qualificação dos funcionários; • segurança: serviço livre de perigos, riscos ou dúvidas; • conhecimento do perfil do consumidor. 277 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Os SA e UAN, como a maioria dos produtos e marcas de consumo, têm uma imagem que deve ser captada e preservada. Os passos para a sua captação são: • determinar as características do SAou UAN que geram a preferência do cliente; • estabelecer uma sequência dessas características de acordo com o grau de importância, ou seja, ambiente aconchegante, atendimento preferencial, produtos de primeira qualidade, nível dos descontos, sistema de serviço, entre outros; • determinar o perfil do cliente que se identifica na sequência de itens e quais são seus hábitos; • estudar as mensagens de marketing. Um método prático para avaliar a satisfação dos clientes no momento do consumo alimentar éestabelecer uma pesquisa contínua, por meio de um instrumento de votação em que o cliente, na saída do SA ou UAN, conceitua a refeição como boa, regular ou ruim. Esse instrumento pode variar desde os mais simples (manuais) até os mais sofisticados (eletrônicos), dependendo do orçamento disponível. Ao final da votação, há a geração de um total de clientes que optaram pelos três conceitos, que podem ser aplicados à seguinte fórmula: Indicador de satisfação do cliente (ISC) =(10 x Σ B) + (5 x Σ RE) + (1 x Σ RU) / Σ (B + RE + RU) Onde: B = bom RE = regular RU = ruim Independentemente da situação da empresa, é válido que ela elabore pesquisas qualitativas e quantitativas, para que tenha uma base para gerenciar e compreender melhor o cliente. Uma pesquisa consistente e uma iniciativa de medição demonstra o desejo da gerência em realizar melhorias para seus clientes. Exemplo de aplicação Calcule o índice de satisfação do cliente de uma UPR cuja pesquisa em um dia da semana obteve os seguintes dados: - B = 120 clientes - RE = 30 clientes - RU = 2 clientes 278 Unidade III Resolução: ISC = (10 x Σ B) + (5 x Σ RE) + (1 x Σ RU) / Σ (B + RE + RU) ISC = (10 x 120) + (5 x 30) + (1x 2) / (120 + 30 + 2) ISC = 1.200 + 150 + 2 / 152 ISC = 1.352 / 152 ISC= 8,89 ISC = 9 O que siginifica uma satisfação boa. A interpretação dos resultados pode usar como parâmetro as seguintes faixas: 0 a 3 = ruim; 3 a 7 = regular; 7 a 10 = bom. E também é possível interpretar da seguinte forma: ISC = 10: satisfação total; ISC = 8: satisfação boa, significando que o cliente não consegue identificar defeitos significativos. ISC = 6: satisfação regular, quando o cliente sente que há problemas, mesmo que não sejam totalmente tangíveis. ISC = 4: satisfação comprometida já que as deficiências podem ser detectadas pelos clientes. ISC = 2: satisfação ruim, com clientes insatisfeitos com o resultado. ISC = 0: não aplicável, pois a fórmula do indicador não permite resultado igual a zero, uma vez que se considerou que tal índice representaria ausência do serviço. Uma grande oscilação na avaliação indica problemas de manutenção da qualidade do produto final e serviços. Esses problemas devem ser pesquisados mais a fundo, por meio de pesquisas qualitativas, além de avaliar o serviço internamente e detectar os motivos da variação na satisfação. Verificar a 279 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO possibilidade de essa insatisfação estar relacionada com possíveis problemas de custo, de mão de obra, de qualidade de gêneros alimentícios, entre outros. Toda pesquisa tem que resultar em uma devolutiva aos clientes, caso contrário, a ação pode ficar desacreditada e, em oportunidades futuras, não será encarada com seriedade, deixando de ser um instrumento gerencial eficaz. 8.7 Empreendedorismo Figura 77 – Características do empreendedorismo Disponível em: https://bit.ly/3fWIIko. Acesso em: 2 jun. 2021. 280 Unidade III O termo empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Jean-Baptist Say (1767-1832), economista francês, é considerado o pai do empreendedorismo. Joseph A. Schumpeter (1883-1950) associou o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à inovação e à busca de oportunidades. Os empreendedores são agentes de mudança na economia. No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os administradores, com foco no aspecto econômico. No entanto, eles possuem características que os diferenciam. No século XXI, com o mundo já globalizado e a emergência de uma nova sociedade, baseada no conhecimento, ocorreram inúmeras transformações em todos os setores da vida humana, o que teve impacto direto no empreendedorismo. Os empreendedores têm a capacidade de antecipar-se aos fatos, de criar oportunidades de negócios, de desenvolver produtos e serviços e de propor soluções inovadoras. Os empreendedores não acreditam em fracassos e demonstram disposição e coragem para superar os obstáculos. Por terem o sucesso como objetivo, esperam sempre o melhor e estão sempre preparados para vencer. Quadro 25 – Características dos empreendedores Visionários Dedicados Organizados Sabem tomar decisões Otimistas Planejadores Fazem a diferença Independentes Possuem conhecimentos Buscam oportunidades Líderes Assumem riscos calculados Determinados e dinâmicos Bem relacionados (networking) Criam valor para a sociedade Adaptado de: Filion (2000). O empreendedorismo é o combustível para o crescimento econômico, criando emprego e prosperidade. Nesse sentido, políticas ou ação governamental deveriam ser prioridades no país, uma vez que promovem o desenvolvimento econômico. Entretanto, ser ou tornar-se um empreendedor não é tarefa fácil. Por isso requer conhecimento acerca do mercado que se deseja atuar e a devida utilização de ferramentas que o ajudem a empreender de uma forma cautelosa e com a minimização de riscos. Nota-se que muitos empreendimentos abertos sem estudo prévio do mercado estão fadados ao insucesso. Tem-se, comumente na sociedade, a noção errada de que o empreendedor tem uma característica inerente de fazer as coisas acontecerem, se antecipar aos fatos e ter uma visão futura da oportunidade, que não pode ser adquirida por meio de ensinamentos e experiências. Entretanto, esse equívoco tem sido gradativamente esclarecido na medida em que diversas empresas com bastante êxito estão surgindo de iniciativas de indivíduos que, a princípio, não tinham a mencionada característica, mas que ainda assim conquistaram seu espaço, adquirindo conhecimentos por meio de bons cursos sobre o tema. 281 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Saiba mais Para desenvolver suas características empreendedoras, acesse: SEBRAE. Empretec. Disponível em: https://bit.ly/3pefJg8. Acesso em: 2 jun. 2021. O Empretec proporciona aos seus participantes a melhoria no seu desempenho empresarial, maior segurança na tomada de decisões, a ampliação da visão de oportunidades, aumentando, assim, as chances de sucesso empresarial e, por consequência, reduzindo significativamente as possibilidades de fracasso. 8.8 Características do empreendedor É um setor com enorme potencial na geração de trabalho. E para manter equipes motivadas e preparadas, de modo a ofertar um tratamento adequado para os clientes, há a necessidade de encontrar um gestor com atitude empreendedora. Como os clientes estão cada vez mais exigentes quanto ao tripé nutrição, alimentação e gastronomia, os gestores devem ser criativos e saber tomar decisões que atendam aos desafios desse cenário, superando situações de adversidade e se diferenciando da concorrência. Apesar de o sabor e atendimento serem aspectos fundamentais para o sucesso, o planejamento deve ter ampla visão do negócio, o que implica ganhos com produtividade mais eficiente e menores perdas relativas ao desperdício. Isso leva à adoção de estratégias e controles eficazes, com o objetivo de tonar o negócio sustentável num mercado em expansão. O empreendedor deve estar atento, todos os dias, às alterações que agregam valor ao seu produto, até porque os clientes buscam conveniência, prazer, entretenimento, variedade, rapidez, atendimento e preço justo, demandas que devem ser atendidas prontamente pelo estabelecimento. Assim, o empreendedor do setor de alimentação deve acompanhar as mudanças constantes, sem se deixar influenciar pelo medo ou pelas barreiras, fugindo do estável, encarando os desafios e buscando novas alternativas que atraiam os clientes. Alguns exemplos dessa postura alinhada à liderança e ao empreendedorismo são: • pequenas mudanças relativas ao ambiente; • capacitação e motivação da equipe no que se refere ao modo de atendimento (atenção que deve ser disponibilizada ao cliente); • alterações de cardápio: apresentação, desenvolvimento de novas receitas ajustadas à cultura local. 282 Unidade III Excelênciana gestão Lucratividade Persistência PerseverançaBoa administração Qualidade no atendimento Desafios do empreendedor Figura 78 – Desafios do empreendedor Observação A motivação é fundamental para promover mudança, que é a matéria-prima da criatividade. A energia contagiante contribui para o crescimento da capacidade criativa. Dessa forma, é possível entender a importante contribuição que a motivação e a criatividade têm para o sucesso do empreendedor. Mas cuidado com os fatores que inibem a criatividade, tais como timidez, pessimismo, acomodação, insegurança, falta de abertura para novas ideias. Na visão de Chiavenato (2014a), a liderança é um tipo de influência pessoal por meio da qual o empreendedor – o líder – influencia o comportamento dos subordinados para direcioná-lo e impulsioná-lo rumo aos objetivos que se pretende alcançar. Mas é importante destacar que liderança é diferente de gerenciamento, enquanto o último organiza recursos, a liderança está relacionada à forma de influenciar as pessoas para se obterem os melhores resultados e lidar com desafios e conflitos. 8.9 Processo empreendedor nos novos negócios O empreendedor deve identificar e avaliar uma oportunidade de acordo com as necessidades de mercado. Com isso, terá condições de desenvolver um plano de negócios de modo a considerar: • suas principais características; • análise de viabilidade e de riscos; • captação dos recursos necessários, como talento das pessoas, tecnologia e outros recursos. 283 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Uma estratégia essencial para esse desenvolvimento é a pesquisa de mercado que coleta informações junto aos consumidores, concorrentes ou fornecedores para orientar a tomada de decisões. Ela tem os seguintes objetivos: • analisar a classe social de seu consumidor potencial; • analisar gênero, idade, nível de renda, hábitos, formas de lazer, grau de instrução; • identificar se existe ainda uma fatia de mercado que não foi atendida, ou que possa ser melhor atendida pelo empreendedor; • verificar quantos concorrentes já estão oferecendo os mesmos serviços ou mercadorias. O plano de negócios é o documento que descreve quais os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, viabilizando a criação da empresa. Assim, ele deve: • dar consistência ao objetivo do projeto; • identificar o potencial de vendas na região do negócio; • definir o tipo de cliente para o qual seu produto ou serviço se destina, pesquisando necessidades e desejos de compra e os diferenciais que o produto ou serviço deve apresentar; • dimensionar os recursos financeiros, materiais e humanos, necessários para se adequar ao mercado; • conhecer e avaliar os fornecedores; • conhecer os concorrentes, o que fazem, o que vendem e onde estão localizados. Geração de ideias Triagem de ideias Análise comercial – viabilidade operacional Criação e desenvolvimento do produto e/ou serviço Teste de marketing Comercialização Figura 79 – Processo de desenvolvimento de novos produtos e serviços 284 Unidade III Onde estamos? Como chegaremos lá? Onde queremos chegar? Situação atual Análise Objetivos Estratégias Programas Recursos Tempo Controles Figura 80 – O planejamento na prática 8.10 Análise da oferta e demanda Ao escolher o local para o desenvolvimento de um empreendimento, um dos passos iniciais é fazer a análise da oferta e da demanda existentes. Em um ambiente de negócios, existem aqueles agentes econômicos que oferecem produtos ou serviços (oferta) e aqueles que procuram por esses produtos ou serviços (procura ou demanda). Um restaurante que se propõe a atingir determinado público deve criar produtos que venham suprir os anseios de determinado grupo. Esses anseios podem gerar uma demanda espontânea, ou seja, aquela que existe pela própria situação em que se encontra o público, gerado muitas vezes por circunstâncias adversas. A demanda não é fácil de ser quantificada. No máximo, chega-se a uma estimativa de número de clientes. Para tanto, pode-se considerar: • a população dentro da área de alcance (as áreas próximas ao restaurante, de onde geralmente as pessoas vêm); • a divisão demográfica dessa população, em termos de nacionalidade, raça, idade, sexo, religião, emprego, educação e renda. 285 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Esses dados indicam o total de pessoas que poderiam vir a se tornar cliente. Alem desses dados, deve-se trabalhar com as variantes de: • Quantas pessoas pertencentes ao público-alvo são clientes potenciais? • Qual público será potencial (café da manhã, almoço ou jantar)? • Quem será o público-alvo? Negócio de alimentação Serviço de alimentação em diferentes unidades de trabalho Serviço entregue pelo pessoal de linha de frente Experiência vivida pelo cliente Entrada do cliente Pacote de serviço Especificação da qualidade de serviço Percepção da gerência quanto à expectativa do cliente Saída do cliente Processo serviço Serviço esperado Serviço recebido Áreas de apoio Figura 81 – Esquema de prestação de serviços em UAN Fonte: Rubim (2007, p. 13). 8.11 Análise de viabilidade e das condições de operações e de mercado de um SA ou UAN A concepção de um restaurante exige uma análise prévia aprofundada, por se tratar de projeto a médio e longo prazos, em um mercado altamente competitivo e complexo. Muitas empresas fracassam em virtude de seus administradores confiarem demasiadamente na sua intuição, autossuficiência e experiência. Outras foram instaladas sem o suporte técnico de pesquisas, testes e análises que permitissem identificar o perfil do mercado e os instrumentos gerenciais adequados e exigíveis. Outras não possuem uma visão das tendências do mercado e do setor, das condições conjunturais, evolução da tecnologia dos equipamentos e dos sistemas informatizados. 286 Unidade III Negócio de alimentação Serviço de alimentação em diferentes unidades de trabalho Serviço entregue pelo pessoal de linha de frente Experiência vivida pelo cliente Entrada do cliente Pacote de serviço Especificação da qualidade de serviço Saída do cliente Processo serviço Serviço esperado Serviço recebido Áreas de apoio GAP 4 GAP 1 GAP 2 GAP 5 GAP 3 Percepção da gerência quanto à expectativa do cliente Figura 82 – Os 5 possíveis gaps na gestão do negócio de alimentação Fonte: Rubim (2007, p. 14). Os elementos básicos fundamentais e necessários para a segurança de um empreendimento são autoanálise da empresa e diagnóstico do mercado. A autoanálise se aplica no início das operações, no curso das operações, após a instalação e em funcionamento, fundamentando-se nas seguintes questões básicas: • Qual é a nossa especialização? Estamos efetivamente preparados para atuar neste setor? • Qual é o potencial deste negócio? • Quem é o nosso cliente (perfil, origem, idade, sexo, atividades, hábitos alimentares, posição social, capacidade financeira, nível de instrução)? • Onde nosso cliente se encontra? Como podemos atraí-lo? • O que o cliente deseja? O que é importante para ele? Temos condições de atendê-lo? • Qual a imagem que o cliente tem dos nossos produtos e de nossa empresa? • Quantas e quais pessoas compõem a nossa clientela? Quais os clientes potenciais que podemos atrair? • O que devemos mudar para atrair clientes? Instalações? Preços? Pessoal? • Nossos produtos e serviços, efetivamente, apresentam qualidade? 287 ADMINISTRAÇÃO DE UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO • Quais são as características dos estabelecimentos concorrentes (local, instalações, clientela, cardápios, nível de preços, qualidade dos serviços, quadro de funcionários, dias e horários de atendimento)? • Conhecemos efetivamente as características dos produtos e serviços dos concorrentes (tipos de clientes, tradição, qualidade, porções, horários, preços, atendimento)? • Qual foi ou será a atitude dos concorrentes em relação
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