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Autores: Prof. Alexandre Laurindo Fernandes Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto Colaboradores: Profa. Solimar Garcia Prof. Maurício Felippe Manzalli Compras e Negociação – Sistemas de Precificação Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Professores conteudistas: Alexandre Laurindo Fernandes / Antônio Palmeira de Araújo Neto Alexandre Laurindo Fernandes Nascido em São Paulo-SP, é graduado em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Unibero (1998), com MBA em Marketing pela Universidade Anhembi-Morumbi, Gestão Empresarial pela Fundação Instituto de Administração – FIA – (2009), Gestão de RH (2014), Tecnologia da Informação para Estratégia de Negócios (2014), e Educação a Distância pela UNIP (2013). Mestrando em Administração pela Universidad San Lorenzo (2018). Trabalhou em empresas renomadas na área de Gestão Empresarial, Marketing, Análise Financeira e Tecnologia. Atualmente, é consultor de empresas de uma grande instituição e docente da UNIP. Também leciona e ministra palestras em outras instituições de ensino. Antônio Palmeira de Araújo Neto É mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista – UNIP (2013), especialista em Gestão da Tecnologia da Informação pelo Centro Universitário Uninassau em Pernambuco (2010), Engenheiro de Telecomunicações pela Universidade de Pernambuco (2008) e profissional certificado em ITIL v3 Foundation e Cobit v4.1 Foundation. Professor de disciplinas de Tecnologia da Informação dos cursos de graduação (presencial e a distância) em Gestão de TI do Centro Universitário do Senac. Professor de disciplinas de Tecnologia da Informação e Redes de Computadores na Universidade Paulista (UNIP). Professor de disciplinas técnicas de telecomunicações do Instituto Técnico de Barueri. Tem experiência de mais de 10 anos em Gestão e Governança de TI e na prestação de serviços de TI a empresas do segmento financeiro e concessionárias de serviços de telecomunicações. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. U501.27 – 19 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) F363c Fernandes, Alexandre Laurindo. Compras e negociação / sistemas de precificação. / Alexandre Laurindo Fernandes / Antônio Palmeira de Araújo Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2019. 152 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-083/19, ISSN 1517-9230. 1. Compras. 2. Negociação. 3. Sistema de precificação. I. Araújo Neto, Antônio Palmeira de. II. Título. CDU 658.713 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Tálita Lo Ré Giovanna Oliveira Lucas Ricardi Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Sumário Compras e Negociação - Sistemas de Precificação APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 COMPRAS ........................................................................................................................................................... 11 1.1 Conceitos e objetivos da gestão de compras ............................................................................ 11 1.1.1 Introdução ..................................................................................................................................................11 1.1.2 Gestão de compras e gestão de estoques .................................................................................... 12 1.1.3 Objetivo da gestão de compras ......................................................................................................... 14 1.2 Processos e atividades da gestão de compras .......................................................................... 16 1.2.1 Processos da gestão de compras e a geração de valor ........................................................... 16 1.2.2 Atividades da gestão de compras .................................................................................................... 18 1.2.3 Ciclo de compras ..................................................................................................................................... 19 1.3 Comprador .............................................................................................................................................. 22 1.3.1 Compradores empresariais .................................................................................................................. 22 1.3.2 Profissional de compras ....................................................................................................................... 24 2 NEGOCIAÇÃO .................................................................................................................................................... 25 2.1 Fundamentos da negociação........................................................................................................... 25 2.1.1 Negociação e barganha ........................................................................................................................ 25 2.1.2 Condições essenciais para a negociação ....................................................................................... 26 2.1.3 A influência das emoções na negociação ..................................................................................... 26 2.1.4 Características da negociação ........................................................................................................... 27 2.2 Processo de negociação ..................................................................................................................... 29 Unidade II 3 FATORES IMPORTANTES EM NEGOCIAÇÕES......................................................................................... 34 3.1 Comunicação e conflitos em negociações ................................................................................. 34 3.1.1 Conflito ....................................................................................................................................................... 34 3.1.2 Funções e disfunções do conflito ..................................................................................................... 35 3.1.3 Gestão do conflito .................................................................................................................................. 39 3.1.4 A comunicação e a argumentação nas negociações ............................................................... 40 3.2 Ética nas negociações .........................................................................................................................47 3.2.1 Negociações em diferentes línguas ................................................................................................. 47 3.2.2 A ética nas negociações ....................................................................................................................... 48 3.2.3 Consequências de conduta antiética em negociação ............................................................. 51 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 3.3 Planejamento nas negociações ...................................................................................................... 52 3.3.1 Por que negociar? ................................................................................................................................... 52 3.3.2 Planejamento nas negociações ......................................................................................................... 54 3.3.3 Boas práticas em negociações .......................................................................................................... 55 4 NEGOCIADORES E AS TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÕES ......................................................................... 57 4.1 Perfil e habilidades de negociadores ............................................................................................ 57 4.1.1 Introdução ................................................................................................................................................. 57 4.1.2 Estilo de negociadores .......................................................................................................................... 59 4.1.3 Perfil negociador ..................................................................................................................................... 65 4.2 Práticas e técnicas de negociação ................................................................................................. 70 4.2.1 Introdução ................................................................................................................................................. 70 4.2.2 Táticas .......................................................................................................................................................... 70 4.2.3 Os oponentes e as técnicas de convencimento ......................................................................... 71 4.2.4 Erros ao negociar .................................................................................................................................... 72 4.2.5 Estudos de caso sobre negociação .................................................................................................. 75 Unidade III 5 GESTÃO DE FORNECEDORES E CONTRATOS ......................................................................................... 86 5.1 Gestão de fornecedores ..................................................................................................................... 86 5.1.1 O relacionamento com fornecedores ............................................................................................. 86 5.1.2 O risco associado aos fornecedores ................................................................................................ 88 5.1.3 Negociação com fornecedores .......................................................................................................... 89 5.2 Gestão de contratos ............................................................................................................................ 92 5.2.1 Introdução ................................................................................................................................................. 92 5.2.2 Tipos de contratos .................................................................................................................................. 92 5.2.3 Ciclo de vida dos contratos ................................................................................................................ 93 5.2.4 Gerenciamento de contratos como projetos ............................................................................... 95 6 PREÇO .................................................................................................................................................................. 97 6.1 Conceitos e objetivos .......................................................................................................................... 97 6.1.1 As organizações e as suas relações .................................................................................................. 97 6.1.2 Conceitos básicos de preços e custos ...........................................................................................100 6.1.3 Etapas de precificação ........................................................................................................................101 6.1.4 Classificação dos custos e despesas ..............................................................................................102 6.2 Política de preços ...............................................................................................................................103 6.2.1 Introdução ...............................................................................................................................................103 6.2.2 Gestão estratégica dos preços .........................................................................................................104 Unidade IV 7 CUSTOS ..............................................................................................................................................................109 7.1 Fundamentos de custos ...................................................................................................................109 7.1.1 Introdução ...............................................................................................................................................109 7.1.2 Conceitos de custo ............................................................................................................................... 110 7.1.3 Custos industriais ..................................................................................................................................111 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 7.1.4 Custo das mercadorias vendidas .................................................................................................... 114 7.1.5 Custo dos serviços vendidos ou prestados ................................................................................. 114 7.1.6 Outros conceitos de gestão de custos..........................................................................................114 7.2 Métodos de custeio ...........................................................................................................................116 7.2.1 Introdução ............................................................................................................................................... 116 7.2.2 Custeio direto ......................................................................................................................................... 117 7.2.3 Custeio por absorção ...........................................................................................................................118 8 FORMAÇÃO DE PREÇO ................................................................................................................................118 8.1 Influências na formação do preço ..............................................................................................118 8.1.1 Influências econômicas na formação de preços ...................................................................... 118 8.1.2 Influências dos custos e das questões tributárias e societárias na formação de preços........................................................................................................................................121 8.1.3 Influências mercadológicas na formação de preços ..............................................................121 8.2 Processo de precificação .................................................................................................................124 8.2.1 Métodos de formação de preços ................................................................................................... 124 8.2.2 Formação de preços baseados em custos .................................................................................. 125 8.2.3 Formação de preços baseados em lucro ..................................................................................... 126 8.3 Aplicações em precificação ............................................................................................................127 8.3.1 Introdução .............................................................................................................................................. 127 8.3.2 Preço de venda – indústria, comércio e serviços .................................................................... 128 8.3.3 Preço de venda na indústria: ficha técnica (FT) ...................................................................... 128 8.3.4 Preço de venda no comércio ........................................................................................................... 133 8.3.5 Preço de venda em serviços ............................................................................................................ 136 9 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 APRESENTAÇÃO No âmbito da gestão comercial, negociar, vender e comprar são as principais funções no segmento. Aprender a negociar e ser um bom articulador fazem a diferença na hora de fechar um negócio. A disciplina Compras e Negociação – Sistemas de Precificação possibilita aos alunos uma formação profissional voltada para as questões mais atuais relacionadas à formação de preços e a toda a negociação inerente ao processo de compra e venda. O principal foco situa-se no conceito geral que envolve o processo de compras e as suas relações no ambiente organizacional, principalmente com o setor de estoque, que opera em conjunto com as compras. Serão abordados diversos temas relevantes nessa área, tais como o processo de negociação nos seus fundamentos e uma descrição das tarefas que o compõem. Também falaremos de questões voltadas para a comunicação, a ética e o planejamento das negociações, inclusive abordando os perfis de negociadores, além das suas práticas e técnicas. Será trabalhada, além disso, a gestão de fornecedores e de contratos, com o intuito de finalizar o estudo das negociações e já impulsionar o estudo do processo, bem como as suas políticas e gestão estratégica. Por fim, será estudada a temática dos custos e da formação de preços de modo geral. Esses conteúdos são fundamentais para a sua formação, por isso esperamos que você faça um percurso instigante de estudos através deste livro-texto! INTRODUÇÃO Quando falamos em negociação, várias coisas vêm à mente das pessoas, e talvez a primeira seja: melhor preço. Um bom comprador imagina que o preço deva ser negociado, sobretudo levando em conta os interesses estratégicos da empresa. Por exemplo: se vai ter caixa suficiente para bancar a compra (isso deve ser sempre observado), e o nível de prioridade do item a ser adquirido. Entretanto, é preciso atenção a um quesito: não devemos forçar a negociação, em especial os preços (de modo a tornar a compra apenas uma relação de ganho para a parte do comprador e perda para a do fornecedor). Hoje se espera muito mais uma interação em que as duas partes ganhem. A prática mais agressiva usada na busca de menores preços traz malefícios, por exemplo, fazer com que fornecedores fiquem sem capital de giro por não terem recebido o suficiente para manter sua operação. A negociação está presente de forma intensa na vida de todas as pessoas. Desde pequenos, já fazemos isso. As crianças são as melhores negociadoras, pois não temem o não, quase sempre entendendo que ele significa apenas um “Quem sabe, depois?” – daí sua persistência. Se você acredita que só precisa saber negociar quem vive de comprar e vender algo, está se enganando! Fora dessa conjuntura, nem sempre se tem o direito de negociar. Uma ótima ilustração é uma ida ao supermercado. Salvo raras exceções, não podemos mudar a situação 10 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 definida: os produtos estão expostos nas prateleiras com seus preços fixados, e a nós só resta escolhê-los de acordo com nossa conveniência. Negociamos o tempo todo, isso é fato. Fazemos isso para conseguir determinado horário no médico, reservar um lugar no restaurante, convencer nossos pais a nos deixarem ir àquela festa tão sonhada, definir a programação do fim de semana com a esposa e os filhos, ter um aumento de salário, resolver os problemas do condomínio onde moramos, atender a reivindicações de funcionários através do sindicato e, claro, comprar ou vender alguma coisa. A questão é que muitos acreditam que é preciso nascer negociador, ter um dom, mas enganam-se. É óbvio que há indivíduos com mais facilidade para determinadas ações, mas nascemos sem saber falar, ler e escrever e aprendemos com o tempo. Isso também pode e deve acontecer com a capacidade de negociar. Este livro-texto não tem a pretensão de esgotar o assunto e muito menos de lhe fornecer tudo de que você precisa para saber negociar, mesmo porque o mercado é dinâmico e cada um tem que encontrar a sua forma de viver dentro dele. O intuito é preparar-lhe bem a fim de que você conheça suas pretensões, saiba do que realmente necessita e conheça o outro lado. Então, poderá obter acordos razoáveis para as duas partes ou saber quando a melhor saída é não fechar o negócio. Como todo aluno deve se preocupar em ter sua biblioteca pessoal, nas referências bibliográficas você encontrará várias obras interessantes sobre o tema desta disciplina e que, além de terem servido de base para a discussão construída aqui, também extendem essa discussão. Bons estudos! 11 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO Unidade I 1 COMPRAS 1.1 Conceitos e objetivos da gestão de compras 1.1.1 Introdução A administração das organizações está relacionada à condução de atividades com o intuito de obter resultados positivos. Ao fazer uma analogia entre uma empresa e o corpo humano, fica bem evidente a importância de que toda a instituição esteja gerenciada e direcionada para o resultado. O corpo humano trabalha como um conjunto de ações coordenadas e quando todos os órgãos estão sadios, ou seja, em pleno funcionamento, há condições internas ideais para a sobrevivência humana. Se um único órgão está doente, o corpo todo sofre e corre risco. Nas organizações, a situação é parecida. Os diversos departamentos não executam as suas operações de forma isolada, pelo contrário, são interdependentes. Churchman (2015) menciona que as empresas são um aglomerado de sistemas ou de atividades e que todos fazem parte de um esforço coordenado para atingir um conjunto de finalidades. Cada departamento colabora com suas ações para que a instituição prospere. Por exemplo, a área de recursos humanos busca manter os funcionários motivados; a operacional, atingir a meta de produção; já o setor comercial tem seus próprios objetivos de venda. Uma das áreas mais interessantes e estratégicas do ambiente organizacional é aquela que administra as compras. A principal missão dessa área é coordenar ações de entrada de materiais e serviços, por meio da captação de bons fornecedores, mantendo uma boa relação de custose coordenando a quantidade de insumos em conjunto com a gestão de estoques. A função de compras é percebida como parte do processo de logística das empresas, ou seja, como parte integrante da cadeia de suprimentos (supply chain). Por isso, algumas organizações referem-se à área de gestão de compras como o gerenciamento da cadeia de suprimentos ou simplesmente gerenciamento de suprimentos. Este é um conceito voltado para o processo, em vez do tradicional voltado para compras apenas, ou seja, considerando as transações em si, e não o todo (MARTINS, 2001, p. 71). É importante destacar que há alguns anos o setor de gestão de compras era visto como uma divisão na qual as atividades eram repetitivas e burocráticas, considerado apenas um centro de despesas. Era tido também como um departamento de caráter estritamente mecânico e tático dentro das empresas, tendo mais um perfil reativo ao mercado e a outros setores e, em sua maioria, com conhecimentos empíricos, e, de fato, sua verdadeira função deveria ser de cunho proativo e estratégico, visando ao aumento de lucros para a empresa. 12 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I Nos dias de hoje, o setor de gestão de compras é tratado como um departamento estratégico porque auxilia as organizações a atingir os seus objetivos de longo prazo. Num primeiro momento, a gestão de compras eficientemente estratégica oferece pequenos ganhos, mas, num segundo, provê aumento no lucro. 1.1.2 Gestão de compras e gestão de estoques As atividades de gestão de compras e gestão de estoques têm uma grande relação entre si, tendo como finalidade suprir a empresa com os insumos necessários para o cumprimento de seus objetivos e atender seus clientes com eficiência e eficácia. No cotidiano empresarial, o termo “estoque” é amplo. É possível considerá-lo uma reserva de matérias-primas, como componentes diversos, artigos que estejam em processamento e, finalmente, produtos acabados prontos para a venda. Todavia, o estoque pode estar ligado a outros recursos, dependendo das características das diferentes organizações. Assim, podemos nos deparar com estoques de materiais administrativos, de livros, de dinheiro em caixa ou em bancos e até mesmo estoques de profissionais, ou seja, de pessoas aguardando demandas de trabalho. Observação Os estoques podem ser considerados reservas de insumos para serem utilizadas em momento oportuno. São reservas de materiais, mercadorias ou qualquer outro tipo de elemento que entram no processo de produção de mercadorias e/ou serviços, matérias-primas, equipamentos, capital e trabalho humano, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades da empresa e a continuidade de suas atividades. Caso as empresas pudessem receber seus insumos instantaneamente e de maneira ajustada às suas necessidades quantitativas e qualitativas, não seria preciso formar estoques. O ideal, de fato, seria mesmo que eles não existissem, pois sua manutenção demanda diversos investimentos. Contudo, na prática, essa situação é utópica, pois há diversos impecílios práticos. Em outras palavras, sempre existem fatores que levam à necessidade da formação de estoques, por exemplo: • Variação da demanda: nem sempre se pode prever a procura de produtos ou serviços no mercado. A falta de materiais em estoque pode prejudicar a produção, com perdas de vendas ou de clientes. • Distância ou instabilidade de fornecedores: engloba a questão da realidade ou o risco de não ser atendido instantaneamente pelos fornecedores de insumos. • Escassez do mercado: a falta de disponibilidade dos recursos no mercado também pode gerar a necessidade de estocar. • Grandes oscilações de preço: estoques são formados para prevenção contra eventuais altas nos preços dos materiais. 13 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO Como a existência do estoque é inevitável em muitos casos, o gerenciamento moderno sempre busca dimensionar convenientemente o que realmente precisa ser mantido em estoque e a quantidade exata para atender à necessidade da organização. Isso porque os estoques podem ser entendidos como valores econômicos que estão ociosos, consumindo capital de giro. Não existem estoques para o atendimento das necessidades da empresa sem que antes a organização tenha sido provida de insumos. Portanto, as atividades de gestão de estoques começam ao final das atividades de gestão de compras. São atividades inter-relacionadas e complementares. As principais decisões na gestão de estoques estão relacionadas a: quanto pedir, observando as demandas futuras; quando pedir, considerando o momento em que o pedido atende à real necessidade da empresa; com que frequência pedir, analisando os níveis momentâneos de estoque; onde localizar o estoque e, por último, como controlar todo o sistema (GARCIA et al., 2006, p. 97). A gestão de estoques utiliza ferramentas de controle como forma de organizar e identificar a disponibilidade de produtos. Tais utensílios podem ter os mais diferentes formatos, desde que cumpram o objetivo de registrar, fiscalizar e gerir as entradas e saídas de produtos acabados. E é exatamente no quesito entrada de insumos que a gestão de estoque se une à de compras. Há diversas atividades ligadas à gestão da aquisição dos recursos necessários à organização, e todas estão envolvidas em um ciclo contínuo de gerenciamento de compras e estoque. Observação A responsabilidade de uma empresa que trabalha com grande quantidade de mercadorias é muito grande. É preciso ter pessoas responsáveis por conhecer, organizar e controlar cada material. A gestão de estoques existe para manter produtos disponíveis às necessidades da organização. Torna-se estratégica à medida que é capaz de aproveitar as oportunidades do mercado, equilibrar oferta e demanda, atender picos de demanda e preservar a continuidade dos processos produtivos. Dentre as ações da gestão de estoques, é possível considerar as operações de armazenagem com latente importância, por ser um amortecedor destinado a equilibrar produção com demanda. A armazenagem visa garantir continuidade à cadeia de suprimentos, agregando valor à oferta de serviços diferenciados aos clientes. Esse equilíbrio é fundamental para o desenvolvimento estratégico das operações do negócio, ainda mais nos dias de hoje, com o cenário empresarial tão competitivo que força a existência de uma gestão eficiente dos recursos materiais, de forma que tanto a aquisição dos bens quanto a sua estocagem e a sua utilização estejam alinhadas às necessidades operacionais. 14 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I A gestão de compras, que tem a incumbência de controlar a entrada de insumos na organização, participa ativamente da geração da chamada vantagem competitiva, que se dá quando uma instituição dispõe de vantagens sobre seus concorrentes. As vantagens competitivas que a gestão de compras pode proporcionar à organização como um todo vão desde o fator custos até a satisfação dos clientes finais. A gestão de estoques está intimamente relacionada à gestão de compras. Ambas ocorrem em sequência e de modo contínuo nas organizações, ou seja, comprar e estocar são ações complementares e acontecem o tempo todo, por isso a necessidade de estabelecer rotinas, atividades e controles que as integrem à estratégia da empresa. 1.1.3 Objetivo da gestão de compras A fim de prover os insumos de produção no tempo correto, um dos principais objetivos da gestão de compras é garantir que não haverá falta de materiais, mantendo a operacionalização da produção e a perenidade dos negócios. Na expectativa de possuir os parceiros e fornecedores mais estratégicos, a gestão de compras deve selecioná-los de forma que existam condições de prover a empresa com os insumos adquiridos e nascondições contratadas. Para isso, deve-se considerar a busca pela minimização de riscos de falhas em quaisquer dos itens acordados. Dessa forma, cabe à área de compras desenvolver fontes alternativas de fornecimento para atender à empresa em situações emergenciais. Dentro dos limites mercadológicos, é necessário manter os custos equilibrados com o mercado, providenciando produtos com a melhor adequação da qualidade especificada na estratégia da organização – tudo isso sem perder de vista os preços, que precisam ser iguais ou menores que os adquiridos pela concorrência, sob pena de perda de competitividade. A área de compras também precisa prover a empresa com a quantidade correta de insumos. Confere-se, assim, grande importância aos planejamentos prévios, a fim de garantir a quantidade exata dos materiais, evitando tanto a falta quanto os excedentes, já que todos podem gerar perdas financeiras. Observação Decisões estratégicas de compras, bem como de quaisquer outras áreas da empresa, precisam ser definidas em sintonia com a estratégia geral da organização; somente assim cada departamento poderá somar contribuições de suas atividades para a melhoria da capacidade da empresa como um todo, competindo com sucesso no mercado. Considerando a perspectiva da geração de valor, a gestão de compras tem os seus objetivos distribuídos em três vertentes: • Vertente econômica: relacionada à redução de custos de aquisição, à adequada gestão do capital de giro e à melhoria na excelência operacional. 15 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO • Vertente competitiva: relacionada à inovação de valor obtida por meio da integração com fornecedores, bem como à utilização de mecanismos de inteligência de mercado. • Vertente socioambiental: relacionada aos conceitos de sustentabilidade socioambiental. Ainda segundo Dias (2008, p. 260), o departamento de compras possui função essencial dentro do departamento da cadeia de suprimentos das organizações industriais. Cada vez mais essa divisão está tomando relevância aos olhos da alta gerência, pois “comprar bem é um dos meios que a empresa deve usar para reduzir custos” (ibidem, p. 260). Ainda na mesma visão, Martins (2001, p. 81) comenta que: A gestão da aquisição – a conhecida função de compras – assume papel verdadeiramente estratégico nos negócios de hoje em face do volume de recursos, principalmente financeiros, envolvidos, deixando cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas e não um centro de lucros. Qualquer atividade de mercado que tenha cunho industrial carece de materiais diretos – como matéria-prima e embalagem, ou mesmo os indiretos (que são os serviços) para poder produzir. Desse modo, é preciso ter em mãos os insumos necessários no início do processo produtivo, mantendo-se, com certo grau de certeza, a continuidade do abastecimento na quantidade e qualidade compatíveis com o processo produtivo. De acordo com Dias (2005, p. 259), o setor de compras persegue os seguintes objetivos: a) Obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção. b) Coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que afete a operacionalidade da empresa. c) Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de quantidade e qualidade definidos. d) Procurar sempre dentro de uma negociação justa e honesta as melhores condições para a empresa, principalmente em condições de pagamento. Importante ressaltar que os objetivos do setor de compras precisam estar totalmente alinhados aos objetivos estratégicos da organização, sempre com vistas a atender melhor o cliente externo (o cliente final do produto ou serviço) e o interno (outros setores). Com o aumento da oferta de serviços e produtos – ocasionada diretamente pela globalização – e de preços de venda competitivos, cresce a necessidade de realizar melhor o procedimento de compras com a finalidade de obter materiais e serviços de forma mais econômica. Segundo Dias (2005, p. 260): 16 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I Existem certos mandamentos que definem como comprar bem e que incluem verificação de prazos, preços, qualidade e volume. Mas manter-se bem relacionado com o mercado fornecedor, antevendo na medida do possível eventuais problemas que possam prejudicar a empresa no cumprimento de suas metas de produção, é talvez o mais importante na época de escassez e altos preços. Em relação ao tema estratégia e eficiência de compras, Dias (2005) destaca que a seleção de fornecedores e verificação de seus potenciais – através de análise de balanços – constitui-se em um ponto-chave do processo de compras para evitar sérios problemas de abastecimento. Uma estratégia da divisão de compras que é essencial e merece destaque é a negociação. Com a utilização dessa técnica de forma eficiente, o comprador determinará o preço final dos produtos ou serviços e a competitividade da empresa. Martins (2001, p. 85) relata um caso de 1999 que ilustra o que relatamos. À época, a moeda brasileira (Real) estava desvalorizada e, por consequência, as importações, mais caras. Nesse ínterim, muitos fornecedores quiseram repassar esse custo, o que causaria um aumento geral dos preços. Contudo, o setor de compras de várias redes varejistas recusou-se a adquirir artigos de fornecedores que aumentaram abusivamente seus preços. Portanto, a área de compras agiu como um controlador de preços e autorizador de aumentos e interferiu decisivamente em vários aspectos da economia, por exemplo, na inflação. “Essa estratégia pode ser [mais bem] compreendida pelo poder de barganha do comprador e a grande concorrência entre fornecedores” (ibidem, p. 85). 1.2 Processos e atividades da gestão de compras 1.2.1 Processos da gestão de compras e a geração de valor A gestão de compras está inserida em um contexto de cadeia de suprimentos, que, por sua vez, está inserida na cadeia de valor das organizações. Isso porque é na gestão de compras que há uma grande integração com os fornecedores. Por isso é possível compreender a gestão de compras a partir de dois grandes processos: • Processos-chave: relacionam-se à aquisição de produtos e serviços para atender às expectativas da organização. • Processos de suporte: relacionam-se à gestão de riscos de fornecedores, inteligência de mercado aplicada a compras e gestão do desempenho organizacional. A figura a seguir apresenta a gestão de compras dentro do contexto da cadeia de valor. 17 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO M A R G E M Infraestrutura da empresa (financiamento, planejamento, relações com investidores) Gerenciamento dos recursos humanos (recrutamento, treinamento, sistema de compensação) Desenvolvimento tecnológico (design de produtos, teste, design de processo, pesquisa de materiais e mercado) Compras (componentes, máquinário, propagando, serviços) Logística de entrada (almoxarifado, coleta de dados, atendimento, acesso ao cliente) Logística de saída (processamento de pedidos, armazenagem, preparação de relatórios) Serviços pós-venda (instalação, apoio ao cliente, assistência técnica) Operações (montagem, fabricação de componentes, operações das filiais) Marketing e vendas (força de vendas, propaganda, feiras e shows, redação de propostas) Atividades de apoio Atividades principais Figura 1 A cadeia de valor é o conjunto de atividades que, relacionadas, geram valor para as organizações. Elas incluem geração de produtos e serviços que serão vendidos, planejamentos de demanda e produção, logística, pós-venda, dentre outros. Os processos de gestão de compras têm o potencial demaximizar o valor econômico das empresas, justamente pelo volume de recursos financeiros com os quais eles lidam em suas operações diárias. O valor econômico das organizações é gerado a partir de três fatores: aumento de receitas, diminuição de gastos e otimização de uso de capital. A figura a seguir apresenta a ideia de valor econômico gerado pela gestão de compras: Valor econômico Compras Aumento de receitas Fatores Preço Volume Mix de produtos Direcionadores Redução de gastos Custos diretos Custos indiretos e despesas Mão de obra Otimização da utilização do capital Capital de giro – Estoques – Contas a pagar/receber – Impostos Ativos fixos Figura 2 18 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I 1.2.2 Atividades da gestão de compras A aquisição de matérias-primas ou suprimentos representa uma ação estratégica de qualquer organização; se bem conduzida, pode gerar redução de custos, melhoria na qualidade dos produtos, melhor atendimento dos clientes e aumento dos lucros. Diante dessa importância, a área de compras deixou de ser vista como uma executora de rotinas e passou a fazer parte das decisões de operações e logística das empresas. Mais do que simplesmente adquirir produtos, o setor de compras se relaciona a todos os demais departamentos para detectar as exigências competitivas do negócio, provendo o atendimento a essas necessidades no tempo certo, com os custos adequados, com a qualidade e os outros elementos da estratégia organizacional. Além de providenciar a entrega de tais insumos, a gestão da atividade de compras trabalha a especificação de qualidade, o prazo de entrega, o preço justo etc. Realiza tais ações com o objetivo de manter o funcionamento e as estratégias da empresa. Lembrete O departamento de compras tem dentre suas funções fundamentais: negociação, controle da quantidade de insumos a serem adquiridos, reengenharia de processos etc. Diferente do que se pode imaginar inicialmente, a atividade de compras é bastante complexa. Acentuam-se a seguir as atividades da gestão de compras, considerando sua ligação quase que visceral com a área de estoques: • Setor de estoques/compras: detalhamento da necessidade de insumo, com a identificação do produto ou serviço a ser adquirido, a quantidade e o prazo para recebimento. • Setor de compras: prospecção de fornecedores, com busca ativa por fornecedores com a capacidade de atender às necessidades de insumos da organização e realização de cotação de preços. • Setor de compras: seleção justa do melhor fornecedor: entre os fornecedores aptos, deve ser escolhido aquele que oferece as melhores condições comerciais. • Setor de compras: fechamento do pedido, mediante contrato firmado com o fornecedor ou mesmo sob autorização de fornecimento. • Setor de compras: controle do pedido, visita técnica e contato ostensivo para evitar contratempos ou falhas na entrega. • Setor de estoques: recebimento do insumo, conferência e controle de qualidade para garantir a correção da entrega conforme os dados do pedido. 19 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO Ao longo de suas atividades, os responsáveis pelas compras precisam estar munidos de informações que permitam que as decisões tomadas sejam as melhores possíveis para aquele momento. Algumas questões contribuem com o raciocínio de todos os envolvidos com compras organizacionais, pois revelam o que deve ser considerado antes da decisão. Vejamos, com relação a isso, o quadro a seguir: Quadro 1 Questões O que acentuam O que deve ser comprado? A especificação da compra relacionada às necessidades da empresa. Como comprar? O procedimento mais recomendável. Quando? O melhor momento da compra. Onde? O conhecimento de onde encontrar tal insumo. De quem comprar? A seleção dos fornecedores. Por qual preço? O conhecimento dos preços no mercado. Com qual qualidade? A percepção dos desejos do público-alvo. Em que quantidade? A noção de economia. Conhecida a importância da área de compras, do setor de estoques e a ligação entre si, já podemos pensar que suas atividades são forças sinérgicas das organizações, ou seja, propiciam melhores resultados quando de fato estão interligadas. Assim, a gestão equilibrada de compras e estoques está associada à melhor competitividade e ao sucesso da instituição. Saiba mais O Sebrae disponibiliza diversas informações sobre a gestão de compras e estoques. Acesse: <http://ead.sebraesp.com.br>. 1.2.3 Ciclo de compras Como funciona o ciclo de compras do consumidor? Em janeiro de 2017, uma matéria muito interessante foi divulgada sobre o ciclo de compras do consumidor. Vejamos: Você conhece o ciclo de compra do consumidor? Para fazermos uma comunicação que obtenha resultados cada vez mais expressivos e de acordo com os objetivos pontuados no planejamento de comunicação, precisamos estar cientes de quem será o receptor da mensagem. 20 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I Nesse aspecto, uma informação muito importante (e muitas vezes negligenciada) é saber em qual momento do ciclo de compra nosso consumidor está. Mas se você não conhece o ciclo de compras ou não sabe identificar as suas etapas, não se desespere! Nós vamos te ajudar. O que é o ciclo de compra do consumidor? Chamado também de jornada do consumidor, a ideia do ciclo de compra surgiu com a prática de CRM para mapear os estágios em que o indivíduo se encontra num processo de experiência com uma determinada marca. Mas hoje é utilizado em várias áreas de negócios que visam à experiência do consumidor. O ciclo é dividido em cinco etapas fundamentais e dependentes: conscientização, consideração, compra, retenção e advocacia. Para que serve o ciclo de compra do consumidor? O ciclo serve como apoio para desenvolver estratégias digitais que atinjam o público de forma mais efetiva. É com base nele que definimos o tipo de linguagem, o canal de mídia e o formato de conteúdo que será utilizado, por exemplo. Etapas do ciclo de compra A primeira coisa que você deve ter em mente para conseguir aplicar bem o ciclo de compras do consumidor em suas ações é conhecer, a fundo, quem é o seu público. Partindo do pressuposto de que você já conhece quem eles são, você deve moldar as suas ações de acordo com as etapas em que eles se encontram no ciclo de compras. São elas: Conscientização Esse é o momento em que o consumidor tem ideia de que ele possui um problema e precisa resolvê-lo, mas não sabe que a marca X pode ajudá-lo a solucionar tal dor. Mídias de visibilidade de topo de funil, como display e estratégias de marketing de conteúdo junto com SEO, são boas formas de alcançar o público neste estágio. Consideração Ao saber que sua marca existe e que ela pode solucionar um determinado problema, o consumidor começa a comparar e considerar de qual empresa ele irá comprar o produto ou contratar o serviço. Ou seja, o seu consumidor está na consideração. O objetivo dessa etapa é alimentar o indivíduo com informações que diferenciem a sua marca das demais. Ou seja, aqui é importante apresentar atributos que destaquem sua marca e que auxiliem o consumidor a tomar uma decisão, por exemplo: preço, atendimento (por meio de respostas rápidas nos canais sociais), diferenciais em relação ao concorrente (landing pages são ótimas para isso), condições de pagamento, entre outros. 21 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO Compra Nesse momento o consumidor já passou pelas duas etapas anteriores e tem a possibilidade de tomar a decisão a qualquer momento. Essa “compra” pode ser a compra efetiva de produto ou serviço ou mesmo a compra de uma ideia, de um posicionamento de uma marca. Retenção Após a compra,o consumidor passa para um estágio de análise de sua experiência intuitivamente. Podemos utilizar esse momento para continuar oferecendo a experiência que ele teve ou melhorá-la de forma que ele possa passar para o próximo estágio: advocacia. Advocacia Se o seu produto ou serviço tiver ganhado o coração do seu consumidor, ele pode se tornar um advogado da sua marca! Ou seja, ele passa a defender e indicar você, virando um agente que auxilia aqueles que estão na fase de consideração. Já que ele gostou da experiência, quer que todos seus amigos, parentes, entre outros, possam ter a mesma experiência. Podemos identificar esses comportamentos em fóruns, redes sociais. Nesse ponto, podemos trabalhar ações de relacionamento, valorizando esse público de alguma forma. Algumas considerações A jornada do consumidor pode ser interrompida a qualquer momento, por isso você deve pensar bem ao propor as ações para cada etapa. Cada momento do ciclo deve levar o consumidor ao próximo estágio e assim fazer a roda girar. É muito importante basear em dados as ações que você vai fazer em cada momento do ciclo de compras do consumidor. Para isso, continue acompanhando o perfil do seu público e vendo as variações do ciclo. Adaptado de: Emerick (2017). Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre compras e o ciclo de compras, leia: MITSUTANI, C.; RIGHETTI, C.; VILLAR, C. B. Compras estratégicas: construa parcerias com fornecedores e gere valor para seus negócios. São Paulo: Saraiva, 2014. 22 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I 1.3 Comprador 1.3.1 Compradores empresariais Assim como o processo de compra do consumidor pessoal, o processo de compra do consumidor organizacional também possui diversas etapas, que começam, segundo Kotler e Keller (2005, p. 218-220), quando “algum funcionário da empresa identifica a necessidade ou o problema que poderá ser sanado com a compra de um produto ou serviço. Isso acontece por meio de estímulos, que podem ser internos ou externos”. O estímulo interno é aquele que ocorre dentro da empresa: com um novo produto ou serviço que precise ser comprado, com a reposição de uma peça de um maquinário etc. Já o estímulo externo ocorre quando alguém da corporação tem contato com alguma informação externa, por exemplo, quando visita uma feira, assiste a uma propaganda ou por meio de um contato que a organização faça, levando a pessoa a pensar em algo para a empresa. Então, o profissional de marketing pode estimular alguém da instituição a reconhecer a necessidade. Desse modo, a organização não consegue interferir nos estímulos internos, mas sim nos externos, pois ela mesma pode ser um. Imagine que nenhum funcionário tenha pensado em trocar a impressora. Então, um vendedor entra em contato com a empresa oferecendo uma nova impressora, com baixo consumo de tinta e apta a imprimir uma grande quantidade de folhas por minuto, maior que qualquer outro concorrente. Nesse momento, a pessoa que atendeu ao telefonema, e que antes não havia pensado na troca, pode se interessar pelo produto do vendedor e identificar o problema que é ter uma impressora que consome muita tinta e imprime pouco. O contato da empresa fez com que ela identificasse essa necessidade. É por isso que a organização deve saber como utilizar sua comunicação, e não esperar que o cliente a procure apenas quando identifica, sozinho, sua necessidade. Dessa forma, pode-se afirmar que as fases pelas quais o comprador passa são as seguintes: • identificação da necessidade; • especificação do produto e da programação da entrega; • avaliação dos produtos e procura de fornecedores; • solicitação da proposta e avaliação de fornecedores e serviços; • escolha do produto e fornecedor; • avaliação do desempenho do produto e do fornecedor. Após identificar a necessidade, a empresa precisa detalhar algumas informações. Segundo Samara e Morsch (2005, p. 185), ela “detalha as características do produto e outras especificações, em que 23 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO normalmente profissionais especialistas da empresa participam”. A organização também definirá as condições de entrega, incluindo a maneira de transporte, prazo, frequência e condições de entrega, entre outras especificações. Após ter as especificações do produto, a empresa precisa avaliá-lo, o que inclui a análise de informações anteriormente obtidas e a confrontação das marcas de produtos disponíveis para avaliar aquela que melhor se ajusta aos atributos, requisitos e critérios formulados na fase anterior (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 185). Segundo (KOTLER, 2000, p. 226), a organização deve procurar os possíveis fornecedores para o produto que pretende comprar, “o comprador tenta identificar os fornecedores mais apropriados”. A instituição vai avaliar, após as informações obtidas, qual o melhor produto para ser adquirido. Utilizando o exemplo da compra da impressora, a entidade buscará no mercado outras empresas que ofereçam esse produto e comparará as características que ela busca nele com os artigos que essas marcas oferecem, além de equiparar os fornecedores. Na etapa de solicitação da proposta e avaliação de fornecedores e serviços, “o comprador pede aos fornecedores qualificados para apresentarem suas propostas” (KOTLER, 2000, p. 227). Elas servirão para que a empresa escolha o fornecedor. Samara e Morsch (2005, p. 187) relatam que a escolha do fornecedor é vital, pois o relacionamento da empresa com ele é um fator muito importante na compra organizacional. Como, em grande parte das vezes, as compras realizadas pela empresa se repetirão – por conta da continuidade do processo produtivo –, esse relacionamento desenvolvido com o fornecedor será valioso. Depois de avaliar o fornecedor e os produtos, a empresa escolherá o mais adequado e o que será adquirido, pois “a conformidade dos fatores avaliados com os propósitos de compra leva finalmente à decisão de compra, estágio em que se efetiva a compra e ocorre a assinatura do contrato de fornecimento” (SAMARA; MORSCH, 2005, p. 188). A assinatura do contrato contempla algumas definições da empresa, como “as especificações técnicas, as quantidades requeridas, o prazo de entrega desejado, os critérios de devolução, os termos de garantia etc.” (KOTLER, 2000, p. 230). A avaliação do desempenho do produto e do fornecedor ocorre após a compra, mas é tão importante quanto todas as etapas que ocorreram antes de o consumidor decidir-se pela compra. Como ressaltam Samara e Morsch (2005, p. 189), as compras realizadas pelo consumidor organizacional são normalmente feitas em grandes quantidades e por períodos longos. Assim, o relacionamento entre as partes envolvidas é essencial. Um cliente insatisfeito poderá romper o contrato, o que poderá trazer grandes prejuízos financeiros, inclusive interferindo em sua continuidade no mercado. Para examinar essa satisfação ou insatisfação, a entidade, segundo Kotler (2000, p. 230), “analisa o desempenho dos 24 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I fornecedores contratados, para verificar se está de acordo com aquilo que foi prometido em contrato, fazendo com que eles decidam continuar, modificar ou até mesmo encerrar o contrato”. 1.3.2 Profissional de compras Olhando para a estrutura dos departamentos de compras antigos, vemos que em sua maioria eram integrados por profissionais em vias de se aposentar e/ou com perfil tácito. Não existia uma preparação e uma escolha por esse profissional, que geralmente acabava sendo designado para sua função por uma determinação da direção administrativa. Hoje em dia, verifica-se uma mudança, que tem exigido profissionais com competências distintas e específicas, disposto a quebrar paradigmas, inovar e ter visão técnica e gerencial (aprimeira para conhecer bem o negócio da organização e a segunda para ter uma visão de administrador em sua área). Em algumas organizações é comum uma grande integração entre as áreas de compras e de planejamento, resultando em uma combinação de funções de planejadores e compradores. Lembrete A função de compras integra a cadeia de suprimentos de um empresa. A figura a seguir apresenta relações entre analistas de supply chain (cadeia de suprimentos) com foco em planejamento e os analistas de compras. Planejadores dos clientes Planejadores dos fornecedores Almoxarifado Equipe de produção e prestação de serviços Analista de supply chain da firma Influência direta Vendedores e fornecedores Especialistas de mercado e outros setores Técnicos e engenheiros Corporativas entre unidades ou com diferentes empresas Analista de supply chain Responsável pela operacionalização da aquisição. Contato com planejadores do cliente e do fornecedor. Contato próximo com as estratégias e limitações de produção. Responsável pela gestão de estoques. Analista de compras Responsável pela coleta e consolidação de informações para tomada de decisão. Entende as limitações da empresa e os objetivos estratégicos. Entende o produto ou serviço a ser adquirido e a competição no mercado. Entende os drivers de custo de produto/serviço. Figura 3 25 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO 2 NEGOCIAÇÃO 2.1 Fundamentos da negociação 2.1.1 Negociação e barganha Não é preciso procurar muito para constatar a existência da negociação no dia a dia das pessoas. Vivemos num contexto de interações e negociações no qual é habitual dar uma coisa em troca de outra. Também nas organizações isso ocorre, por exemplo, no aumento de salários, nos processos de compra e venda, na mudança de um turno, dentre outros. Para Robbins (2005, p. 335), a “negociação é um processo pelo qual duas ou mais partes trocam bens ou serviços e buscam um acordo sobre as vantagens dessa troca para elas”. Segundo Chiavenato (2005, p. 412), negociação “significa um processo pelo qual duas ou mais partes trocam valores entre si e tentam concordar sobre a taxa de troca entre eles. Isso significa que a negociação está focada no acordo ou na barganha nas trocas entre as partes envolvidas”. Dessa forma, a barganha e a negociação são dois processos intimamente associados que costumam ser utilizados para tentar resolver as diferenças de interesses e preocupações geradoras do conflito. A barganha entre as partes conflitantes consiste em ofertas, contraofertas e concessões trocadas em uma tentativa de alguma resolução mutuamente aceitável. A negociação, por sua vez, é o processo no qual as partes decidem o que cada um irá dar e receber na troca entre eles. A negociação possui muitas definições e cada uma delas abre margem para uma leitura mais particular de seu alcance. Uma ampla revisão de conceitos é apresentada por Martinelli e Almeida (1998, p. 18): • negociação é um processo de comunicação bilateral, com o objetivo de chegar a uma decisão conjunta; • negociação é o uso da informação e do poder com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede da tensão; • negociação é o processo de comunicação com o propósito de atingir um acordo agradável sobre diferentes ideias e necessidades; • negociação importa em acordo e, assim, pressupõe a existência de afinidades, uma base comum de interesse que aproxime e leve as pessoas a conversarem; 26 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I • negociação é o processo pelo qual as partes se movem de suas posições iniciais divergentes até um ponto no qual o acordo pode ser obtido; • negociação é um negócio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes. Para Langdon (2009, p. 14), a “negociação é o movimento de duas partes, uma em direção à outra”. 2.1.2 Condições essenciais para a negociação É essencial que se estabeleçam cinco condições para que a negociação ocorra: 1. Que existam pelo menos duas partes. 2. Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes. 3. Que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega. 4. Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca. 5. Que todas as partes acreditem ser adequado participar da negociação (KOTLER, 2000, p. 34). Quando apenas uma parte está no “jogo” não há negociação. E mais do que estar no jogo é necessário a disposição em negociar, além de, é claro, possuir algo de valor que possa ser negociado, com toda a liberdade de aceitar ou recursar ofertas de troca. Observação A coação é a única forma pela qual uma negociação não é necessária, pois tolhe a perspectiva de uma das partes de promover qualquer avanço. 2.1.3 A influência das emoções na negociação Quando se entra no campo das emoções, os desafios tornam-se ainda maiores, pois, ao negociar, é necessário lidar com um pouco da subjetividade do outro, que representa a figura do oponente na negociação. Lidar com as próprias emoções já não é fácil. Lidar com emoções de oponentes e em condições críticas é ainda mais difícil, embora seja indispensável. Goleman (1995, p. 109) aponta que “a empatia alimenta-se do autoconhecimento”. Segundo o autor, “quanto mais consciente se estiver acerca das próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio” (ibidem, p. 110). Vemos que o primeiro passo é, portanto, conhecer o que se passa em nosso coração antes de um embate. 27 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO Nem todos os autores desenvolvem seus estudos e formulam seus pontos de vista com base na emoção. Martinelli e Ghisi (2006), por exemplo, simplificam a negociação quando a veem como um processo que transforma as entradas em saídas positivas. Descrevem as entradas como: diferenças individuais, valores pessoais envolvidos, interesses comuns, relacionamento humano, participação no processo, uso da informação e do poder, barganha e flexibilidade. Outra maneira de entender a expressão “saída positiva” é chamá-la de “resultado ganha-ganha”. Há, ao longo de todo o este livro-texto, citações da obra A Arte da Guerra, um clássico de Sun Tzu, cuja primeira versão conhecida no Ocidente – uma tradução para o francês do original chinês – data de 1772. Apesar da atribuição da autoria, não se sabe se ele existiu mesmo ou se foi apenas uma figura lendária. Os textos que deram origem a essa obra são anteriores à era cristã. Hoje sua obra inspira o mundo dos negócios, no qual muitas batalhas se travam todos os dias, e a razão para que seja uma das principais referências em negociações é a afirmação de que “é melhor ganhar a guerra sem desembainhar a espada” (TZU, 2006, p. 8). Tzu defende que quando uma negociação fracassa, mesmo com obtenção de vitória, por vezes ela guarda um sabor amargo de derrota, mesmo para os próprios vencedores, e que por isso é importante saber que “a primeira batalha a ser travada é contra si próprio” (TZU, 2006, p. 8). É muito curioso pensar que alguém conhecido como “o mestre da guerra” desse conselhos no sentido de evitá-la, contudo, o autor afirmou: “se teus inimigos forem mais poderosos e mais fortes, não os ataques” (TZU, 2006, p. 24) – ou seja, o conselho é o de que convém esperar, melhorar as condições, de forma a estudar e fazer a opção por um melhor momento para agir, favorecendo a vitória. 2.1.4 Características da negociação Um processo de negociação envolve vários domínios econômicos, sociais e humanos, por isso é complexo traçar um perfil genérico e, tanto quanto possível, transversal aplicável a todos os procedimentos no nível da negociação. É viável, ainda assim, apresentar uma matrizou um denominador comum a todo tipo de negociação: • A procura da negociação verifica-se quando se eleva um conflito de interesses entre várias pessoas ou entidades. • Em um dado momento, a preferência pela negociação sobrepõe-se ao estabelecimento de uma disputa que gera hostilidade e resistência à resolução dos problemas. • A relação dos elementos tangíveis e intangíveis, no decorrer da negociação, exige que seja fixada uma equação cuidadosa e uma análise quanto ao seu grau de importância. • Cada uma das partes apresenta-se na negociação com uma perspectiva de que concederá algo na esperança de receber benefício de igual ou maior interesse para si. 28 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I • Não existe negociação se não houver uma perspectiva de influência de cada uma das partes sobre as restantes. • A negociação pressupõe a existência de duas partes (negociação bilateral) ou de várias partes (multilateral). Assim, quando duas ou mais partes constatam um conflito de interesses, o processo de negociação poderá conduzir a uma potencial resolução dos pontos de tensão entre elas. De fato, quando uma das partes deseja obter algo que a outra não está disposta a fornecer, ocorre uma colisão entre as conveniências de uma e de outra. A perspectiva de um conflito puro joga em um contexto de confronto baseado em preceitos que não excluem a coerção e a manipulação e no qual as forças das partes são utilizadas para atingir objetivos pessoais, independentemente das necessidades e interesses do lado oposto. A negociação, porém, procura eliminar as matérias discordantes e o conflito puro, transformando-os em momentos de partida para que ambas as partes atinjam seus objetivos da forma mais favorável possível, evitando choques provenientes de uma disputa, com efeitos quase sempre destruidores. A negociação, apesar de muitas vezes envolver jogos de poder, pretende resultar na celebração de um acordo mutuamente vantajoso, não obstante nem sempre as vantagens e concessões serem equilibradas para ambos os lados. A propensão para a negociação ocorre quando as partes envolvidas julgam poder usar alguma forma de influência sobre a outra parte, podendo obter um ganho com esse processo, que, de outro modo, não poderiam alcançar. A procura do acordo, em lugar de uma disputa aberta ou um conflito puro, dá-se quando existe a percepção de uma reciprocidade de benefícios traduzida em um jogo de dar e receber. Efetiva-se na certeza de que a procura de uma solução, consciente e voluntária, encontrada com base nos interesses de ambos, será mais eficaz que uma resolução unilateral. A negociação processa-se, assim, em uma perspectiva de troca: dar para receber, cada parte retirando contrapartidas pelas concessões. O sucesso do processo de negociação está relacionado à gestão de objetivos e interesses intangíveis e tangíveis de ambas as partes, distinguindo quais são realmente vitais para a finalidade global da negociação e quais os níveis mínimos e máximos que se dispõem a aceitar e a conceder. Os objetivos intangíveis são negligenciados ou considerados de pouca relevância, não obstante, podem influenciar de forma decisiva os resultados da negociação. A avaliação das vantagens competitivas de cada uma das entidades envolvidas, bem como a análise dos fatores de risco inerentes às ações a tomar, são elementos que adquirem uma importância capital em uma fase inicial da negociação. 29 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO A percepção dos pontos fortes e fracos define a posição de cada uma das partes na negociação. Então, é preciso examinar aqueles que são reais e evidentes e aqueles que são, talvez, perceptíveis, destacando seu valor estratégico ao longo da negociação e corrigindo ou reduzindo previamente os pontos considerados mais fracos e passíveis de serem castigados e utilizados favoravelmente pela outra parte no decorrer do processo. 2.2 Processo de negociação A negociação pode ser considerada um processo de decisão pelo qual os intervenientes fixam ou pretendem fixar um acordo por oposição a uma forma de ação unilateral. O processo desencadeia-se quando se verifica a existência de divergências entre posições de várias partes, apesar da percepção de interesses comuns, que conduzem, por sua vez, à geração de algum tipo de interdependência. Aquela decisão, ou a aceitação de uma solução englobada num acordo, envolve um sistema de comunicação que pode oscilar entre a negociação formal e a negociação informal, mas com o objetivo de satisfazer às necessidades de uma forma vantajosa para todas as partes, bem como de obter um consenso, atendendo aos múltiplos interesses em jogo. Nesse contexto, como um processo, a negociação passa fatalmente por uma relação entre várias entidades, que se assumem como atores num jogo de natureza social e humana, no qual se cruzam comportamentos, valores, poderes e expectativas distintas, mas não necessariamente divergentes. Devido à sua natureza humana, o processo de negociação não adquire facilmente contornos estáveis e homogêneos, sendo pautado por momentos de conflito e outros de consenso, derivados das características cognitivas, comportamentais e sociais dos negociadores. A negociação implica, assim, a gestão mais ou menos equilibrada de todos esses aspectos num conjunto mediado por um sistema de comunicação, pelo estabelecimento de procedimentos e métodos de condução das diferentes etapas da negociação, desde a preparação à sua conclusão. Resumo O termo “estoque” é bastante amplo. Quando pensamos em estoque, inicialmente podemos considerá-lo uma reserva de matérias-primas, componentes diversos, produtos que estejam em processamento e, finalmente, produtos acabados prontos para a venda. Todavia, o estoque pode estar ligado a outros recursos, dependendo das características das diferentes organizações. Assim, podemos nos deparar com estoques de materiais administrativos, de livros, de dinheiro em caixa ou em bancos e até mesmo estoques de profissionais, ou seja, de pessoas no aguardo das demandas de trabalho. 30 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I A gestão de estoques está intimamente relacionada à gestão de compras. São atividades que ocorrem em sequência, em um ciclo contínuo nas organizações, isto é, comprar e estocar são complementares e acontecem o tempo todo, por isso a necessidade de estabelecer rotinas, tarefas e controles que as integrem à estratégia da empresa. Outro ponto relevante a mencionar é que a aquisição de matérias-primas, suprimentos ou insumos representa uma ação estratégica de qualquer organização e, se bem-conduzida, pode gerar redução de custos, avanço na qualidade dos produtos, melhor atendimento dos clientes e aumento dos lucros. Diante da importância das atividades de compras nas empresas, a área deixou de ser vista como uma executora de rotinas e passou a fazer parte das decisões de operações e logística das instituições. Mais do que simplesmente adquirir produtos, a área de compras se liga a todos os demais setores da entidade para detectar as necessidades competitivas do negócio, provendo o atendimento a essas necessidades no tempo certo, com os custos adequados, com a qualidade esperada e os outros elementos da estratégia organizacional. Conforme Garcia et al. (2006), as principais decisões na gestão de estoques estão relacionadas a: quanto pedir, observando as demandas futuras; quando pedir, considerando o momento em que o pedido atende à real necessidade da empresa; com que frequência pedir, analisando os níveis momentâneos de estoque; onde localizar o estoque e, por último, como controlar todo o sistema. É essencial ressaltar que no perfil de compras há um agente responsável pelo consumo, que é o consumidor, o qual tem umanecessidade ou desejo a satisfazer, e essa é a base de todas as nossas ações e consumos. Dessa maneira, podemos dizer que os desejos suprirão as necessidades. Estas, por sua vez, como fazem parte do que o ser humano é, não podem ser criadas pelo profissional de marketing nem por ninguém: elas não podem ser criadas, pois já estão lá. Além dos temas mencionados, estudamos a natureza da negociação. Sabemos que a arte de negociar é vital em tudo o que fazemos no mundo empresarial. A negociação é o processo no qual as partes decidem o que cada uma irá dar e receber na troca entre elas. Para obter êxito, cada parte deve tirar vantagem das concessões feitas. A essência da negociação é a de que nunca há um vencedor e um perdedor. Ou as partes obtêm um resultado satisfatório (ganha-ganha) ou saem, ambas, perdendo (perde-perde). Uma negociação costuma ser decidida nos pequenos detalhes, uma vez que os elementos à disposição para as barganhas podem ser 31 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO numerosos e o risco de insatisfação ronda a mesa por todo o período de uma reunião. Tzu (2006, p. 80) afirma: “não desprezes nenhuma pequena vantagem que puderes obter de forma segura e sem nenhuma perda. Essas pequenas vantagens, quando negligenciadas, geram prejuízos irreparáveis”. Ao tratarmos de capacidade, essas pequenas vantagens residem em cada negociador e são adquiridas antes daqueles trinta minutos decisivos em que foram tratados assuntos cruciais diante de oponentes atentos, interessados e treinados. Cada negociação apresenta peculiaridades e há sempre alguma situação nova. Não há negociador que se possa considerar pronto. Segundo Tzu (2006, p. 81), há quem afirme que “aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça”. Aquele que mantiver essa postura será vulnerável, pois sua estratégia poderá estar já nas mãos do oponente, que poderá surpreendê-lo sem qualquer dificuldade. O autor acrescenta: “somente as circunstâncias devem ditar a conduta. Ele não deve ater-se a um sistema geral, nem a uma maneira única de comandar” (TZU, 2006, p. 81). Seu pensamento revela o valor da preparação e sua abrangência. As oportunidades estratégicas originadas pela entrada em um processo de negociação, bem como as condições que cada negociador traz ao contexto negocial, são fatores decisivos na posição tomada dentro do processo de negociação e no poder que cada um detém em relação aos outros negociadores. Exercícios Questão 1. Não há negociação sem que as partes interessadas portem informações. Todavia, muitas informações podem desviar a atenção dos negociantes e poucas podem não oferecer condições de bom entendimento do que se deseja. Então, estamos diante de um dilema: o das informações. Como os negociadores devem tratá-las? I – Buscar todas as informações possíveis acerca do cliente, bem como do mercado, e descobrir se verdadeiras ou especulativas. II – O negociador deve apenas se preocupar com as informações verbais, aquelas emitidas diretamente pela outra parte. III – A posse de grande quantidade de informações oferece ao negociador maior poder de barganha e, dessa forma, seu poder de persuasão torna-se extremamente maior. Está correto o que se afirma apenas em: 32 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade I A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: as informações se apresentam como ponto de partida do conhecimento do ambiente em que se deseja ingressar. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: deve-se ter em mente que as informações estão em toda parte, inclusive nos movimentos do corpo dos negociadores. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: as informações que são encontradas em diferentes ambientes são de todo tipo e devem ser utilizadas da maneira correta. Questão 2. Em qualquer processo de negociação, o objetivo dos negociadores é alcançar o melhor resultado entre as opções que são oferecidas. Uma das dificuldades que se apresenta em um processo de negociação é fazer o outro aceitar o que se oferece como condição para que a negociação possa ser efetuada. Busca-se, portanto, o “sim”. Considerando o assunto, leia as afirmativas a seguir. I – A busca pelo “sim” deve levar em consideração que o conflito da negociação não está na realidade das pessoas, mas sim em suas mentes. II – Na busca pelo “sim”, em qualquer negociação, deve-se sempre atender à necessidade de ganhos individuais, independentemente dos desejos do outro negociador. III – Para que o “sim” seja conquistado, o negociador deve ser incisivo em suas colocações de forma a não permitir ao próximo a oportunidade de reflexão. Devem, assim, somente aceitar as condições, sejam positivas, sejam negativas. 33 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO IV – Na busca pelo “sim”, cada negociador tem suas percepções sobre o outro e sobre a negociação em si. Contudo, não podem ser tomadas como perfeitas e corretas quanto ao entendimento das necessidades do outro negociador. Está correto o que se afirma apenas em: A) I e II. B) I, II e III. C) I e IV. D) II e III. E) Todas as afirmativas estão corretas. Resolução desta questão na plataforma. 34 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 Unidade II Unidade II 3 FATORES IMPORTANTES EM NEGOCIAÇÕES 3.1 Comunicação e conflitos em negociações 3.1.1 Conflito A negociação não deixa de ser uma forma de gestão de conflito. Assim, a interação que se opera entre os indivíduos e entidades dentro de uma relação de interdependência interfere significativamente no modo pelo qual se chega aos resultados. Se a interação é uma ressalva aos resultados, o tipo de conflito que nos importa também merece estar suficientemente delimitado. Dizer que se trata de negociação comercial é um princípio, mas é essencial que se definam e distingam diferentes graus e níveis de conflito, conforme a situação na qual se inserem, a maturidade e o nível de envolvimento das partes; consoante sua tipologia, aplicam‑se aproximações negociais mais ou menos apropriadas. Então, destaca‑se o seguinte: • Conflitos intrapessoais e intrapsíquicos: envolvem um dilema da pessoa consigo mesma. O indivíduo debate‑se interiormente com questões comportamentais ou psicológicas, oscilando entre as várias alternativas psicológicas ou verbalmente ditadas sobre como devemos pensar ou agir. Ele tem dúvidas quanto a tomadas de decisão. Exemplo: quando desejamos um alimento que sabemos nos provocar mal‑estar. • Conflitos interpessoais: são gerados entre várias pessoas, na maioria das vezes derivados de interesses, valores, expectativas e comportamentos diferentes de indivíduo para indivíduo e que colidem uns com os outros, provocando atritos de várias ordens. Exemplos: entre diretores e subordinados, entre namorados, entre pais e filhos etc. • Conflitos intragrupos: manifestam‑se no seio de um mesmo grupo, geralmente reunido em torno de um objetivo comum. São, por vezes, derivados de percepções e opiniões diferentes sobre uma matéria em debate. Exemplos: no interior de famílias, de grupos de trabalho, de partidos políticos, de religiões, entre outros. • Conflitos intergrupos: têm origem em diferenças existentes ou percepcionadas entre grupos distintos ou pela maior resistência e amplitude na troca de informação entre eles. Exemplos: entre nações, famílias feudais, classes sociais. 35 Re vi sã o: G io va nn a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 2 1/ 12 /1 8 COMPRAS E NEGOCIAÇÃO – SISTEMAS DE PRECIFICAÇÃO 3.1.2 Funções e disfunções do conflito A existência de conflito nem sempre
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