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O cristianismo Apresentação A partir da morte de Jesus, cria-se a tradição que dá origem ao Cristianismo. Os principais disseminadores da nova doutrina foram os apóstolos de Jesus, em especial, Pedro e Paulo. A Palestina, região sob domínio romano desde 64 a.C., é o local de surgimento do Cristianismo, que tem como origem a tradição judaica da vinda de um Messias capaz de restaurar Israel e o reino de Davi; o Messias, o redentor, o salvador, o filho de Deus, cuja vinda seria uma redenção para todos aqueles que acreditassem nele. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá um resumo da história do Cristianismo em meio aos textos messiânicos que o retratam, sob um aspecto místico e sagrado, diante de uma realidade desafiadora para que o Cristianismo se mantenha institucionalizado e vivo em meio aos grupos sociais existentes a partir da modernidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Resumir o surgimento do Cristianismo.• Descrever as vertentes cristãs e como se deu seu desenvolvimento.• Caracterizar as vertentes cristãs na modernidade.• Infográfico O Cristianismo tem três vertentes principais reconhecidas até hoje: o Catolicismo Romano, a Ortodoxia Oriental e o Protestantismo. Nesse sentido, existem concepções e aspectos diferentes em cada um desses ramos. Essas três vertentes também tiveram subdivisões durante sua trajetória e, atualmente, o mundo cristão conta com elas e com suas denominações (subdivisões). Neste Infográfico, conheça as três principais vertentes do Cristianismo e os desafios que elas enfrentam dentro da sociedade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9bafac09-c5e1-4577-99f2-b070af7e907e/fff7b75c-f337-4e43-a637-8ca80b28c9a5.jpg Conteúdo do livro O Cristianismo, cujo nome vem da palavra Cristo, que quer dizer pessoa consagrada, baseia-se na fé em Jesus Cristo e surgiu no século I, na Palestina. Existem várias vertentes do Cristianismo, como o Catolicismo, o Protestantismo e, mais recentemente, o Pentecostalismo. Para os cristãos, Jesus Cristo era o filho de Deus que se tornou homem e veio ao mundo a fim de pregar o amor a Deus e ao próximo. Contudo, foi perseguido e morto pelos romanos, que não aceitavam os seus ideais. Jesus apareceu como um novo líder e se intitulava o salvador do mundo. Era, portanto, uma ameaça para o Império Romano, que o considerou um blasfemo. No capítulo O Cristianismo, da obra História das religiões, estude a história do Cristianismo e seu surgimento. Conheça os primeiros cristãos e os seus esforços para consolidar o Cristianismo numa base sólida, obtendo enorme sucesso entre os excluídos da sociedade romana – mulheres, pobres e, especialmente, escravos – e atestando seu caráter social, apesar de sofrer perseguição política. Relacione e compreenda, também, as vertentes cristãs e seus desafios na pós-modernidade. Boa leitura. HISTÓRIA DAS RELIGIÕES Luciane Marina Zimerman Affonso O cristianismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Resumir o surgimento do cristianismo. Descrever as vertentes cristãs e como se deu seu desenvolvimento. Caracterizar as vertentes cristãs na modernidade. Introdução Desde o início da história, o cristianismo é marcado por perseguições religiosas e, em especial, políticas. Em um clima de tensões políticos, Jesus dedicou-se a pregar mensagens que tinham como base ideias como amor ao próximo, perdão, desapego aos bens materiais, entre outras. Essas mensagens não ameaçavam em nada o domínio romano, até porque, segundo o Evangelho, Jesus sempre enfatizou que não tinha intuitos políticos, que o reino a que se referia era um reino vindouro, mas, ainda assim, o resultado trágico de sua condenação e crucificação teve como base a ideia de traição contra o Império. Neste capítulo, você vai conhecer o surgimento do cristianismo como movimento social e religioso, que se firma, primeiro, como seita, questio- nando e não se submetendo ao governo instaurado na sociedade, e, em seguida, como religião oficial do Império, fortalecendo-se e mantendo-se em uma organização rígida e estruturada até os dias de hoje. É visível a importância de reconstruir e ressignificar a identidade cristã no mundo atual, de modo que esse tema também será abordado e discutido com uma visão geral de possibilidades aos desafios encarados pelo cristia- nismo e suas vertentes na modernidade. 1 Cristianismo: bases de uma religião milenar Conforme o Dicionário virtual, Cristianismo ([2020]), “Cristianismo, do grego Xριστός, ‘Christós’, messias, ungido, do hebraico חישמ ‘Mashiach’, é uma religião ou doutrina cristã monoteísta que propaga a fé em Jesus Cristo, na sua vida e nos seus ensinamentos, como fi lho de Deus”. O cristianismo surgiu na Palestina, região sob domínio romano desde 64 a.C. Sua origem é a tradição judaica, que propagava a crença na vinda de um Messias que traria a salvação para todos aqueles que acreditassem nele. De acordo com Pereira (2019, p. 5): Ele é o Messias (Ungido) de Deus que fora prometido, e o qual o Seu povo esperava; Ele é o Salvador esperado pelos judeus, mas que foi rejeitado por eles (cf. Jo 1.11). [...] ao verem o Senhor Jesus servindo aos homens e dando Sua vida por eles, os judeus não aceitaram, pois lhes era inconcebível que aquele que se declarava o “Messias” se rebaixasse tanto assim. Contudo, este é um dos pontos principais do Evangelho de Cristo e da Vida Cristã: humildade para servir a Deus e ao próximo, mansidão para não reivindicarmos nossa honra e direitos em face de outras pessoas. Questões ligadas à interpretação e à ação diante das leis sagradas foram os pontos de discórdia entre os Rabinos e Jesus. De acordo com Pereira (2019, p. 61): Os rabinos tomaram a Lei e a transformaram num código legal de 613 man- damentos. Ataram fardos pesados sobre os ombros das pessoas, fardos estes que nem mesmo os próprios rabinos ousavam encostar um dedo, mas, exigiam das pessoas obediência (Mt 23.4). Viviam debatendo sobre qual seria o “mais pesado” e o “mais leve” dos mandamentos. Então o Senhor Jesus lhes diz que se alguém violasse um dos mandamentos, ainda que fosse considerado o mais leve (conforme a concepção deles), seria “considerado mínimo no reino dos céus”. O Senhor Jesus não está aqui concordando com essa inter- pretação dos rabinos, mas, sim, mostrando que todos os mandamentos têm igual importância, e violar qualquer um deles é coisa muito séria! Quando Ele diz em Mt 23.23 sobre “os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé”, não está dizendo que existem mandamentos mais im- portantes que outros, mas, sim, que estes preceitos estão no âmago da Lei, e, cumprir qualquer mandamento sem observar esses três preceitos não tem valor algum aos olhos de Deus. Dessa forma, a figura de Jesus se torna protagonista e guia as bases do que conhecemos como cristianismo. O cristianismo2 Para conhecer plenamente a trajetória de Cristo e de seus ensinamentos, é preciso ler a Bíblia, o conjunto de livros que conta a origem, os ensinamentos e as profecias que marcam a base teológica das religiões de base cristã. A vida de Jesus foi um marco histórico tão importante para as civilizações ocidentais que a contagem do tempo está dividida em antes e depois Dele. Narra a história que Jesus Cristo, após seu nascimento, foi levado para o Egito e, posteriormente, mudou-se com a família para Nazaré, na Galileia. Na Bíblia, no livro de Mateus, a mudança para o Egito se justifica para escapar da ordem dada por Herodes, que, ao saber do nascimento do “Filho de Deus”, ordenou a morte de crianças com até 2 anos que tivessem nascido em Belém. Sua infância e adolescência, portanto, foram em Nazaré. Na vida adulta, Jesus teve forte influência das pregações de João Batista,a ponto de lhe pedir para ser batizado. Após esse momento, nas águas do Rio Jordão, ele dedica sua vida a pregações e milagres e, assim como João Batista, percebia o mundo de forma dicotômica por meio da existência do bem e do mal. Analisando o contexto em que Jesus estava inserido, na sua fase adulta, destaca-se que a Palestina não se submeteu totalmente ao domínio romano, o que, consequentemente, levou o Império a uma postura repressiva em relação à população local, que, por sua vez, reagia por meio de movimentos armados contra a presença romana. Em meio a esse clima politicamente tenso, a mensagem que Jesus pregava não era política e nem ameaçava o domínio romano: baseava-se no amor ao próximo, no perdão às ofensas e no desapego aos bens materiais. No entanto, Jesus se tornou um inimigo em potencial para Roma em função da união entre o caráter explosivo da região e a postura romana de combater o surgimento de lideranças que pudessem prejudicar o Império de alguma forma. O Estado romano sempre procurou aliar-se às elites das áreas que dominava, utilizando-as como um elemento de controle sobre os setores populares; desse modo, a condenação de Jesus imposta pelos romanos seria um ato de simpatia com as autoridades religiosas judaicas, que já o haviam determinado traidor e blasfemo (COSTA, 2016). De acordo com Costa (2016), segundo os Evangelhos, no Novo Testamento, Jesus foi preso pelos romanos, acusado de conspirar contra o Império, con- denado à morte e crucificado no ano de 33 após ser torturado, a mando do procurador romano Pôncio Pilatos. 3O cristianismo A partir da morte de Jesus, a tradição que gerou o cristianismo foi criada e foi responsabilidade, em primeira mão, dos seus apóstolos e seguidores, que se encarregaram de disseminar a nova doutrina. Pedro, um de seus discípulos, foi o primeiro a propagar a mensagem ensinada por Jesus, afinal, havia sido incumbido pelo próprio Cristo de ser o responsável pela fundação de sua igreja. Paulo, também discípulo de Jesus, foi o disseminador da mensagem com um sentido mais universal, tornando o cristianismo acessível a todos os povos. Paulo foi responsável por escrever cartas às comunidades cristãs e não cristãs, descarac- terizando o cristianismo como privilégio de um povo que teria sido eleito por Deus. Historicamente, existe uma discussão, entre pensadores e religiosos, sobre as cartas de Paulo, se realmente ele teria espalhado ou deturpado a mensagem central do Evangelho de Jesus. O ideal da cristandade que conhecemos se dá graças à propagação das mensagens de Paulo ao Império Romano. O grande e maior “problema” que divide opiniões é o fato de Paulo ter feito concessões para conquistar fiéis, o que desagradou os discípulos de Jesus porque deturparia a sua mensagem central. Paulo era antes conhecido como Saulo, jovem judeu, perseguidor dos discípu- los e seguidores de Jesus que, no período de 34 d.C., cometia atrocidades com os cristãos: com outros homens e sob autorização do Sinédrio, assembleia de anciãos na Palestina, entrava de forma invasiva em casas, torturava seus habitantes e os prendia sob a acusação de heresia e traição à lei de Moisés. Nesse período, a mensagem de Jesus havia se espalhado rapidamente por toda a Palestina, e os seguidores de Jesus eram brutalmente perseguidos, em especial pelos judeus. De acordo com as Escrituras Sagradas, um acontecimento na cidade de Da- masco em que Saulo/Paulo relata ter ouvido a voz de Deus mudou radicalmente sua postura; assim, Saulo, de perseguidor, passa a ser Paulo, o mensageiro de Deus, o que explica a sua postura com os judeus e suas possíveis concessões e deturpação da palavra e mensagem central do cristianismo. No entanto, essa é uma discussão não resolvida, e cabe salientar que as cartas de Paulo auxiliaram enormemente que o cristianismo se tornasse acessível e conhecido para além dos muros da Palestina. Assim, os atos de perseguição aos cristãos foram reduzindo à medida que o comportamento de Paulo mudava, mas não foram banidos. Imperadores usavam as perseguições aos cristãos com um caráter mais político do que propriamente religioso, já que os cristãos se recusavam a cultuar Roma, símbolo da unidade imperial, e a aceitar os imperadores como divinos. A mensagem de redenção do cristianismo atingiu em primeira mão os que viviam à margem da sociedade romana: mulheres, pobres e escravos. Essa abrangência do cristianismo como religião lhe deu um caráter perigoso e alertou O cristianismo4 os romanos sobre os riscos que essa nova crença causava — as perseguições, como consequência, acabaram por fortalecer o cristianismo. Em um contexto de falência dos poderes públicos e crise, seus seguidores passaram a unir-se e a aceitar o martírio, acreditando na salvação, de modo que o cristianismo passou a ganhar novos e numerosos adeptos. Assim, passou a ser uma opção de consolo espiritual para a população desamparada pelo Império, que viu seu caráter divino negado, questionado. Dessa forma, as perseguições acabaram ficando cada vez mais difíceis, já que o número de fiéis crescia, assim como se estabelecia uma rigidez na organização cristã. A crise do Império aumentou assim como o número de pessoas “pobres”, classe que buscava e encontrava no cristianismo consolo espiritual. Esse era um momento difícil para o Império, e tentar manter a postura repressiva sobre um grupo cada vez maior se tornou impossível, de modo que no início do século IV foi concedida a liberdade de culto aos cristãos a partir da publicação do Edito de Milão (CARLAN, 2009). Em 390, o cristianismo foi tomado como religião oficial do Império, já que as estruturas administrativas do Império se deterioravam. Essa foi a forma de utilizar a organização da Igreja como um modo de exercer um controle sobre a crença cristã e adequar o poder do Império a essa estrutura teocrática. Em 476, ano da deposição do último imperador romano, cai o lado oci- dental do Império e o cristianismo permanece triunfante em grande parte da Europa. Alguns bárbaros já estavam convertidos ao cristianismo ou viriam a converter-se nas décadas seguintes. O Império Romano teve, dessa forma, um papel instrumental na expansão do cristianismo (CARLAN 2009). Após a queda do Império Romano, os povos considerados bárbaros for- maram vários reinos no território que era até então controlado por romanos, o que deu início ao processo de constituição política que posteriormente carac- terizou a sociedade medieval. Diante do grande crescimento do feudalismo, que foi uma grande característica da sociedade medieval, cresceu também o cristianismo e a Igreja Católica, que demonstrava sua predominância a partir da construção e divisão da sociedade em clero, nobreza e servos, assim como da crença do catolicismo na Santíssima Trindade. Posteriormente, o período da Grande Divergência (Iluminismo e Revolução Científica) trouxe grandes mudanças sociais. O cristianismo foi confrontado com várias formas céticas e ideologias políticas modernas, como as versões do socialismo e do liberalismo. A Revolução Francesa, a Guerra Civil Espanhola e a hostilidade dos movimentos marxistas, como a Revolução Russa de 1917, desencadearam novas perseguições aos cristãos. 5O cristianismo Em todos os países europeus, diferentes denominações cristãs travaram competições entre si e com o Estado, algumas em maior, outras em menor escala — os tamanhos relativos das denominações e da orientação religiosa, política e ideológica do Estado foram variáveis (CARLAN, 2007). As novas perseguições, algumas disputas dentro da própria Igreja e diferentes ideias para os rituais, as concepções de santidade, e a própria compreensão do Sagrado causou uma divisão no cristianismo, dando origem a diferentes vertentes. No Brasil, por exemplo, existem atualmente mais de 30 subdivisões do cristianismo, a maioria delas dentro da denominação evangélico pentecostal. 2 Vertentes cristãs Os cristianismos de Paulo e a Igrejanão conseguiram crescer de forma hege- mônica, mas foram base para desdobramentos que percorreram o passar do tempo histórico e se adequaram ao contexto em que se inseriram. De acordo com Silva (2004, p. 142): A religião cristã tem três vertentes principais: o catolicismo romano (subor- dinado ao bispo romano), a ortodoxia oriental (se dividiu da Igreja Católica em 1054 após o Grande Cisma) e o protestantismo (que surgiu durante a Reforma do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. O Império, em sua parte ocidental, passou por um longo período de disso- lução, e a Igreja foi a única organização que permaneceu sem se desintegrar, passando a tomar o lugar das instituições romanas ocidentais. A Igreja também foi a responsável por manter intacto o que restou de força intelectual a partir de seus monges e sua vida monástica. A divisão do cristianismo em ramo ocidental, católicos romanos e católicos ortodoxos foi resultado de uma alienação gradual pela qual passou a igreja cristã no período dos séculos VII ao XII. Aconteceram muitos movimentos e tentativas para reunir as igrejas, mas que foram falhos e as mantiveram em um rompimento que segue até hoje. O cristianismo6 Em 1517, outro grande cisma foi a Reforma Protestante, que resultou na divisão do cristianismo ocidental em várias denominações. O então monge Martinho Lutero negou vários pontos-chave da doutrina católica romana estabelecida; uma delas foi a venda de indulgências, que consistia em “vender/comprar” a absolvição dos pecados por um preço determinado pela própria igreja. Zwingli e Calvino (outros dois nomes importantes da Reforma) também criticaram o ensino católico romano e a adoração (SILVA, 2004). De acordo com Castro (2014, p. 45): Esses desafios desenvolveram o movimento chamado de protestantismo, que questionou e repudiou o primado do papa, o papel da tradição, os sete sacramen- tos e outras doutrinas e práticas. Na Inglaterra, a Reforma começou em 1534, quando o Rei Henrique VIII tinha se declarado chefe da Igreja da Inglaterra. Em resposta à Reforma Protestante, um processo de renovação e reforma, a Contrarreforma ou Reforma Católica, foi iniciado pela Igreja Católica Romana. A Contrarreforma significou um período de reflexão e novas buscas de compreensão do catolicismo para a própria Igreja Católica, que, além de reagir duramente à Reforma, fechou-se dentro de posições contra as liber- dades expostas através do mundo moderno, o que, em grande parte retraiu a possibilidade de um diálogo crítico e construtivo. A Reforma Protestante foi a maior, se não a principal incentivadora de uma redescoberta do mundo do classicismo e da presença de um cristianismo que ia se recuperando, favorecendo a abertura de um caminho de renovação. Assistiu-se, assim, a um esforço de integração das duas tradições, em outros termos, à abertura de caminho de um “humanismo integral” com “[...] a valorização da pessoa em toda a riqueza das suas expressões e a abertura à transcendência como resposta última à demanda de sentido” (PIANA, 2019, documento on-line). Segundo Piana (2019), o maior representante dessa tentativa de diálogo foi certamente Erasmo de Roterdã, representante e fiel seguidor do mundo católico que soube dialogar com Lutero sem deixar de ter uma estreita relação com o humanismo laico, assumindo as suas reivindicações mais profundas. 7O cristianismo No século XX, então, teria início um grande movimento, conhecido como ecumênico, que estreitou laços entre as igrejas protestantes e também entre igrejas ortodoxas e católica, segundo Silva (2004), e foi extremamente impor- tante para o desenvolvimento da religião no desenrolar da história humana. O movimento ecumênico é intimamente relacionado com o cristianismo e, com o intuito de aproximar as diferenças existentes entre os iguais, constitui-se em uma tentativa de aproximação e de compreensão entre o que diferencia as denominações dentro de uma religião. Sob o ponto de vista da teologia, o movimento ecumênico não vai além do diálogo entre iguais ou semelhantes e tem como premissa a confissão e o testemunho da mensagem religiosa de Jesus Cristo. A história do movimento ecumênico é uma história de reações contra desafios filosóficos, científicos, econômico-políticos e mesmo religiosos, diante dos quais a desunião do cristianismo protestante, em certos momentos, se apre- sentou com preocupante fraqueza (MENDONÇA, 2008, documento on-line). O ecumenismo, então, é, sim, a cooperação em tarefas comuns que não colidam com os postulados da fé cristã — o sincretismo religioso não está na base do movimento ecumênico, conforme Mendonça (2008). “É por essa razão que, em certos casos, a expressão do movimento ecumênico se torna possível entre segmentos historicamente conflitantes do cristianismo” (MENDONÇA, 2008, documento on-line). Por exemplo, na chegada do cristianismo ao Brasil, mesmo que se tratasse de um território originalmente de teologia indígena e politeísta, a ocupação territorial teve fortes reflexos na ocupação cristã dos portugueses a partir de 1500. Nesse sentido, por exemplo, uma das primeiras ações de Pedro Álvares Cabral foi organizar uma missa em nosso território, iniciando o implante de profundas raízes cristãs em nossa sociedade que perduram até hoje. O Brasil é, desde então, um dos países com maior contingente cristão, mas também vem passando por alguma diversificação religiosa nas últimas décadas; somos um país de pluralismo religioso, em que se destaca uma crescente diversidade cristã. Nesse contexto, além disso, o catolicismo cede grande espaço aos segmentos dos sem religião e do protestantismo pentecostal, mas o pluralismo religioso é um fenômeno bem maior do que a heterogeneidade cristã, envolvendo um grau de desenvolvimento social, e não apenas formal e legal de liberdade de O cristianismo8 culto — o que não ocorre, na prática, no Brasil, se observamos, por exemplo, que as religiões de matriz africana ainda não são legalmente reconhecidas no Brasil, apesar de lhes ser dada liberdade de culto. Os ideais de pluralismo cultural, tolerância religiosa e democracia são, de certo modo, confrontados pela limitada diversificação religiosa, dada a grande predominância cristã na sociedade brasileira. Nesse sentido, o diálogo inter-religioso exige uma cultura de respeito e tolerância recíproca que se contraponha ao constante ataque a religiões, como as menciona- das afro-brasileiras, o que tem contribuído muito com o seu acentuado encolhimento. Nesse contexto, em 2000, surgiu, no Brasil, uma categoria que passou a ser denominada “neocristianismo”, grupo composto por instituições religio- sas próximas do protestantismo, mas com referências doutrinárias próprias, diferentes da Bíblia. Anteriormente, esses grupos eram classificados apenas como “outras religiões”, como Testemunhas de Jeová, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Mórmons, e Legião da Boa Vontade (LBV). No final do século XIX, também passou a integrar esse grupo o espiritismo, mas é preciso observar que essa inclusão ao grupo de novas religiões foi uma iniciativa muito mais sociológica que teológica em função do fato de que os espíritas promovem a materialização do princípio cristão da caridade em obras de assistência social e de que tem centralidade o culto a Jesus Cristo, expresso no livro O Evangelho segundo o Espiritismo (KARDEC, 1864). Por tais motivos, o espiritismo é também caracterizado como uma vertente cristã (SOUZA, 2012). Em resumo, percebe-se que o cristianismo no Brasil abrange a maior parte da população, o que resulta em uma abrangência ampla e heterogênea, em especial, quando o espiritismo passa a ser considerado parte do pequeno, mas notório, grupo neocristão. Em decorrência desse universo cristão brasileiro, a presença de outras religiões é pequena em comparação, em especial no que diz respeito a termos culturaise políticos. O cenário religioso brasileiro apresenta uma grande expressão de instituições cristãs, e o que é popularmente chamado de diversidade religiosa nada mais é do que um pluralismo do mundo cristão. Veja, a seguir, o Quadro 1, que, com dados do IBGE, confirma essa questão. 9O cristianismo Fonte: Adaptado de Souza (2012). Ano Cristãos (católicos e protestantes) Sem religião Adeptos de outras confissões religiosas 1940 % 97,08 % 0,2 % 1,9 1950 % 97,1 % 0,3 % 2,4 1960 % 97,4 % 0,5 % 2,4 1970 % 97,0 % 0,8 % 2,3 1980 % 95,6 % 1,6 % 2,5 1991 % 92,3 % 4,7 % 2,9 2000 % 89,5 % 7,4 % 3,5 Quadro 1. Dados do universo religioso brasileiro 3 O cristianismo e os desafios de uma religião milenar na modernidade Quando se fala de modernidade, é preciso considerar o fenômeno da secula- rização, que “[...] introduziu uma visão autônoma do mundo com respeito ao horizonte sagrado da era medieval”, de acordo com Piana (2019, documento on-line). Assim, a modernidade parece constituir um retrocesso no processo de desenvolvimento dos valores morais e culturais das tradições religiosas, em especial, do cristianismo. O mundo contemporâneo é percorrido por vagas persistentes de intolerância, de fanatismo, de nova religiosidade sectária e de nacionalismo agressivo em pleno contraste com as exigências de secularização, de liberdade, de crítica, de tolerância da razão moderna. Ao nascer de uma crítica ao mito e à sacralização do mundo, a filosofia iniciou no Ocidente o processo lento de secularização , que a ideia bíblica de criação e a confissão da humanidade plena, sem mistura , de Cristo sobremaneira consolidaram e a Época Moderna culminou (PEREIRA, 1992, p. 206). É preciso considerar que essa emancipação trouxe efeitos positivos: a natureza, a sociedade, a ciência e a cultura adquiriram em estatuto próprio com fins próprios. Nesse processo, mas de forma um pouco mais lenta, a O cristianismo10 ética também sofreu mudanças, distanciando-se da religião para apelar a argumentações mais racionais e para motivações de ordem natural. Isso não significa, no entanto, abdicação dos valores da tradição cristã e do humanismo clássico, que ressurgiram em uma ótica laica, conservando o conteúdo original. A modernidade caracteriza, assim, um salto histórico para a razão e sua experiência de tempo, dando ao homem direitos e eliminando a ideia de ser- vidão religiosa, trazendo à tona o sonho de liberdade e libertação religiosa, política, social, econômica, estética e cultural, induzindo os indivíduos a análises históricas e a pensar responsavelmente sobre si mesmo, o mundo, a humanidade e Deus, ou sua negação, e, consequentemente, sobre o próprio cristianismo. A humanidade com suas diversas culturas vive uma profunda crise ética. Qual ética deve ser implantada a fim de superar a miséria, a fome, o desem- prego em massa, a falta de moradia, de água potável, de educação e saúde e, principalmente, de inclusão social dos milhões que não possuem o poder de compra, logo, não participam da lógica do mercado se tornando seres humanos descartáveis? (PEREIRA, 1992, p. 207) Afirma-se que se vive, hoje, tempos de extinção em massa devido ao crescente índice de depredação de todos os ecossistemas, da natureza, da ecologia, da economia, etc. Alguns enxergam um cenário apocalíptico, em que, em breve, a humanidade terá de escolher entre cuidar ou desaparecer, mas é preciso destacar que se vive, ao mesmo tempo, uma época em que é possível, e se permite, refletir sobre isso. Religião e ciência, por exemplo, podem coexistir e as bases do conhecimento teológico podem nos levar à reflexão daquilo que desejamos para nós, para o próximo e para sociedade em que vivemos e que deixaremos aos nossos descendentes. O desaparecimento da humanidade e do mundo como o conhecemos sig- nifica que o indivíduo assumiu ou ainda assumirá, com o tempo, alguns sonhos de poder e dominação, incentivado pelas revoluções históricas, assim como pelo cristianismo, o que tem determinado a quebra das relações do ser humano com o outro, com Deus e consigo mesmo (NASCIMENTO, 2005). Alguns determinados momentos da história realizaram a ruptura entre a autoafirmação do homem e sua integração. A intenção humana de se sobrepor aos outros e à natureza consolidou o uso da força, e essa, quando utilizada, evidencia o fenômeno da ruptura entre o divino e o humano, trazendo à tona o pecado original bíblico e determinando, em nossos tempos, as consequências drásticas dessa ruptura como o princípio avassalador de autodestruição da espécie humana e de seu hábitat comum, o Planeta Terra. 11O cristianismo Essa mensagem bíblica que atravessou os tempos levou a sociedade a um caminhar e a um olhar-se diferente. O cristianismo desempenhou uma função importante para se chegar ao pro- cesso de mundialização que se tem hoje, pois utilizou a evangelização sem se preocupar com a inculturação. Os ideais iluministas penetraram nas sociedades baseadas na razão como princípio da verdade. Tais ideais penetraram em quase todos os países do mundo que são chamados a aderir por bem ou pela força a tais projetos (NASCIMENTO, 2005, p. 119). A partir da mundialização, a humanidade se deparou com éticas e morais dife- rentes nas diversas culturas do mundo, o que, no entanto, não impede que exista uma ética e uma moral que se tornem hegemônicas a cada dia que passa (NASCIMENTO, 2005). Nesse sentido, atualmente, o que predomina, é a ética/moral capitalista, segundo a qual “[...] bom é o que permite acumular mais com menos investimento e em menos tempo possível. A moral capitalista concreta reza: empregar menos gente possível, pagar menos salários e impostos e explorar melhor a natureza para acumular mais meios de vida e riqueza” (NASCIMENTO, 2005, p. 120). Essa ética está seguindo o mesmo destino da razão no período do Ilu- minismo, que criou uma civilização baseada na tecnologia e na ciência hoje globalizadas. Em tempos de sociedade global e técnica, esqueceu-se do ser, formando-se com o racionalismo uma realidade fragmentada com saberes e éticas compartimentalizadas, o que determinou a formação de uma sociedade que separa os opostos como se não fossem complemento um do outro. Como forma de dominação social, o saber foi colocado a serviço do poder e é usado constantemente. Com isso, perdeu-se o horizonte da transcendência, da espiritualidade ao qual a ética está intrinsicamente ligada. A ética sem espiritualidade faz com que se forme uma sociedade moralista e legalista. Dessa forma, vive-se hoje em tempos onde a ética perdeu pathos, ou seja, a capacidade de sentir o outro. A Terra se encontra em seu limite, em fase de esgotamento diante da voracidade do crescimento populacional, bem como, dos altos índices de consumismo (NASCIMENTO, 2005, p. 120). Faz-se necessário, nesse contexto, compreender essa sociedade em que o cristianismo e a divulgação da sua mensagem evangélica estão inseridos, o que podemos fazer a partir da reflexão de Bauman (1999) e sua metáfora de sociedade líquida, mediante a qual o coletivo é substituído pela unicidade e pelo desejo individual. Cada grupo, estruturado ou não, é forçado a se transformar a fim de lidar com as transformações. Na metáfora de Bauman (1999), isso O cristianismo12 envolve um processo de mudança do estado sólido para um estado líquido. As muitas e variadas reações a essa ideia de uma Igreja “líquida” abriram diversas áreas de reflexão no próprio cristianismo. Por sua vez, essa metáfora apresentou graves limites e incoerências internas no cristianismo moderno diante da autoconsciência cristã, afetando a compre- ensão da relação de Deus com a criação e, consequentemente, problematizando a visão do seu agir no mundo. Assim, tornou explícita a fragilidade da resposta cristã ao problema do mal, mostrando a incoerência da imagem de um Deus carente de serviço e louvor (GUIMARÃES, 2006). A concepção dessa ideia de liquidez também na Igreja e nocristianismo como um todo mostrou que a linguagem religiosa sofreu o embate da moder- nidade, especialmente, na interpretação literalista e objetivista da Bíblia, da tradição e dos dogmas, revelando as ingenuidades e deformações que essa compreensão favoreceu na experiência original. Além disso, trouxe à tona a necessidade de conhecer a linguagem religiosa como condição de possibilidade para que ela se torne significativa e crível no contexto cultural moderno, verificando-se a necessidade de outra configuração do cristianismo nos eixos estruturantes da experiência cristã, em especial a salvação e a revelação. É necessário frisar uma “nova objetividade religiosa” para os tempos atuais, conciliando fidelidade à tradição cristã com atualidade e uma nova sensibilidade cul- tural. Os pilares estruturantes da salvação e da revelação como forma de atualização da riqueza da tradição cristã a partir de Jesus precisam ser ressignificados e o amor salvífico de Deus deve primordialmente ocupar o centro de qualquer configuração autêntica do cristianismo. Essa mensagem do amor de Deus transmitida por Cristo é a matriz hermenêutica e o coração do cristianismo e, talvez, sua recuperação seja o maior desafio da religião hoje — o próprio cristianismo precisa resgatar a mensagem do amor que salva e liberta para a prática da justiça. A experiência cristã original, em sua essência, mostra que graça e liberdade não se subtraem. Em conclusão, é necessário que o cristianismo trilhe outros caminhos para a configuração atual da experiência cristã, formulando um cristianismo liberto de favoritismos e aberto para um verdadeiro diálogo inter-religioso com outras tradições religiosas, mas, também, com outras culturas, em busca de uma huma- nidade mais unida em prol da paz — portanto, uma religião mais companheira e comprometida com o mundo, e não apenas com seu pequeno rebanho. Esse cristianismo poderá voltar às fontes, tornando-se autêntico em sua identi- dade, mas também será interativo, assumindo uma dimensão dialógica fraterna e inclusiva, tentando sempre a universalidade em um movimento de abertura e postura aprendiz. Esse, então, será um caminhar aberto ao diálogo aprendente, prospectivo, sem perder sua identidade original, na esperança de um futuro melhor para todos. 13O cristianismo BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro. Zahar, 1999. CARLAN, C. U. Constantino e as transformações do Império Romano no Século IV. RHAA: Revista de História da Arte e Arqueologia, n. 11, p. 27-35, 2009. Disponível em: https://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%2011%20-%20artigo%202. pdf. Acesso em: 24 ago. 2020. CASTRO, G. M. A imigração no Brasil: religiões. São Paulo: Life, 2014. COSTA, J. J. Básico das religiões, seitas e crenças. [S. l.: s. n.], 2016. CRISTIANISMO. Dicio: dicionário online de português, [2020]. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 17O cristianismo Dica do professor A sociedade atual, ao contrário do que ocorreu durante o século XX, não pensa a longo prazo, não consegue traduzir seus desejos em um projeto de longa duração e de trabalho duro e intenso para a humanidade. Os grandes projetos de novas sociedades se perderam e a força da sociedade não é mais voltada para o alcance de um objetivo. Nesta Dica do Professor, veja que, a partir da metáfora da sociedade líquida, de Zygmunt Bauman, o ser humano se torna egocêntrico, emancipado e alienado do Criador, sujeito à escravidão da idolatria. Exemplos disso são o consumismo e os relacionamentos fragmentados. Essa metáfora traz muitos desafios ao Cristianismo, inclusive o de se repensar como denominação religiosa instituída. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7f93be7034b3c96f0154c0047d9b5831 Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: História da religião no Brasil: o Ensino Religioso e a catequese na sociedade brasileira O presente artigo, escrito por Maria de Fátima Pimentel Pereira Galvêas, explora o universo da disciplina religiosa ensinada nas escolas, fazendo um link com a educação inclusiva como alternativa para refletir o papel da educação no universo religioso dos estudantes e a constituição de sua identidade e espiritualidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O pensamento filosófico e o Cristianismo Este artigo fala sobre o Cristianismo, a sociedade líquida e as contribuições do filósofo Kierkegaard para os tempos atuais. Tales Macedo da Silva e Degislando Nóbrega de Lima refletem sobre temas como fé, compromisso e construção de identidade cristã para a contemporaneidade, fazendo um apanhado geral da vivência autêntica do Cristianismo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Os cristãos sem Igreja Com a secularização, a religião foi se tornando irrelevante e os padrões do Cristianismo foram sendo questionados pela sociedade. Escrito por Rebecca Ferreira Lobo Andrade Maciel, o presente artigo percorre essa trajetória de forma embasada e concreta. https://www.snh2019.anpuh.org/resources/anais/8/1553211010_ARQUIVO_ArtigoCientifico.pdf http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bauman/article/download/6454/4597 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2016/03/12-2-8.pdf
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