Buscar

Tema 3 - Desenvolvimento psicomotor do bebê ao idoso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Parâmetros e conceitos fundamentais sobre o desenvolvimento psicomotor e as mudanças,
tanto físicas como psicossociais, que ocorrem ao longo da vida com uma proposta de
intervenção psicomotora feita pelo profissional de Educação Física.
PROPÓSITO
Compreender o desenvolvimento psicomotor humano e as modificações importantes em suas
características físicas, hormonais e decorrentes do processo de envelhecimento, para uma
correta intervenção do profissional de Educação Física no desenvolvimento de habilidades
motoras e manutenção da autonomia de bebês, crianças e idosos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais aspectos psicomotores interferentes no desenvolvimento das crianças
do nascimento aos 6 anos
MÓDULO 2
Relacionar aspectos psicomotores da primeira infância com influência na segunda de crianças
entre 7 e 12 anos e a adolescência
MÓDULO 3
Reconhecer os elementos psicomotores nos processos de maturação e envelhecimento, na
distinção das melhores formas de intervenção
INTRODUÇÃO
Neste tema, vamos conhecer o desenvolvimento motor e psicomotor desde o nascimento até a
velhice. Teremos a perspectiva desse processo considerando a percepção de alguns autores
como Wallon, Piaget e Fonseca, dentre outros, de que forma os aspectos motores, cognitivos e
afetivos se comportam em cada fase do desenvolvimento. Falaremos sobre a predominância
de cada um desses aspectos de acordo com a idade e a fase psicomotora.
Um ponto de atenção que será apresentado aqui refere-se à importância do trabalho
psicomotor aplicado aos idosos. Veremos que essa idade precisa de atendimento para prevenir
ou atenuar comorbidades específicas do envelhecimento e o profissional de Educação Física
poderá se beneficiar desse conhecimento, garantindo melhor intervenção a essa população e
ampliando as possibilidades de manutenção de sua autonomia aliada à saúde física, mental,
psíquica e emocional.
MÓDULO 1
 Identificar os principais aspectos psicomotores interferentes no desenvolvimento
das crianças do nascimento aos 6 anos
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO
DESENVOLVIMENTO DE 0 A 3 ANOS
O desenvolvimento é um processo contínuo e envolve todos os aspectos do comportamento
humano que se inicia na concepção e cessa com a morte. Diversas áreas do conhecimento,
como Anatomia e Fisiologia humana, Medicina (Neurologia), Psicologia, Sociologia e seus
especialistas, buscam compreender a influência de fatores intrínsecos (biológicos) e
extrínsecos (ambientais) nas etapas do desenvolvimento motor que ocorrem ao longo da vida.
Cada gesto motor envolve fatores físicos e mecânicos que utilizam um conjunto de habilidades
que envolvem:
Hereditariedade
Experiência
Aprendizado
Esse processo se inicia com a concepção e engloba o/a:
Crescimento físico
Maturação neurológica
Desenvolvimento comportamental, sensorial, cognitivo e de linguagem
Relações socioafetivas
Entenderemos o desenvolvimento infantil como um processo multidimensional e integral, onde
a criança se torna capaz de atender suas próprias necessidades e as do seu meio,
considerando seu contexto de vida.
 ATENÇÃO
Importante que o profissional tenha conhecimento do desenvolvimento infantil, de suas fases e
características, pois essas serão muitas vezes a base para observação e identificação se há ou
não alguma alteração psicomotora ou a possibilidade de transtornos no desenvolvimento da
criança. Esse olhar atento será, em muitos casos, desenvolvido pelo profissional de Educação
Física, contribuindo assim para uma intervenção cada vez mais ajustada.
O desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos se caracteriza pela fase em que corpo e
psiquismo estão juntos e se integram nesse processo. Espera-se que a criança fale na primeira
pessoa, “eu”, desenvolvendo a noção de que não apenas está viva nesse mundo, mas exerce
um papel importante. Precisa ser reconhecida como alguém que tem suas carências, que
demanda atenção total “do outro” e que precisa desse convívio para se estruturar enquanto
pessoa. O início de sua sociabilização será marcado pelas relações humanas, pela
interdependência e dependência do humano a outro humano, envolvidos pelo desejo de se
integrar a partir do olhar, dos gestos, da palavra, ou seja, socializar.
Quanto ao sistema nervoso, apresenta a capacidade de se reorganizar e adaptar suas redes
neuronais de acordo com as necessidades ambientais e externas ou orgânicas e internas. Isso
significa que nesta fase de 0 a 3 anos observamos maior “plasticidade cerebral”, sendo um
período importantíssimo para o desenvolvimento.
 SAIBA MAIS
Essa importância é devido a capacidade aumentada do cérebro para se remodelar, partindo
das experiências vividas pela criança com o ambiente e com o outro, que desenvolvem a
maioria dos processos cognitivos, incluindo a interação afetiva e a cooperação entre os
neurônios e suas conexões.
As áreas cerebrais, que correspondem ao controle do movimento, da sensibilidade e da
emoção, são agrupadas em áreas de associação. Nessas áreas, é onde temos o
desenvolvimento neuropsicomotor, que depende de etapas a serem cumpridas e estímulos
adequados a cada faixa etária.
Veremos agora alguns aspectos importantes relacionados ao desenvolvimento de alguns
sentidos!
DESENVOLVIMENTO AUDITIVO
Esta função sensorial permite que, de uma forma natural, e digamos “normal”, a criança
desenvolva e adquira a linguagem oral e a produção da fala. Essa habilidade auditiva se
amplia com o desenvolvimento neuromotor da criança e, naturalmente, a partir de todas as
suas experiências vividas.
Algumas etapas são importantes nesse processo e, partindo dessas aquisições, o
desenvolvimento se dá.
A primeira etapa ocorre com a percepção de presença ou ausência de som, a qual
chamaremos de detecção auditiva.

Posteriormente, essa percepção se amplia e permite que a criança identifique, de acordo com a
frequência e intensidade, a diferença entre dois ou mais sons. A esta etapa damos o nome de
discriminação auditiva.

A última etapa desse processo é quando a criança identifica o som e consegue repetir ou
apontar o estímulo, sendo capaz de classificá-lo ou nomeá-lo, o que chamamos de
reconhecimento auditivo.
O profissional de Educação Física, em sua intervenção, poderá auxiliar a organização de
processos neuropsicológicos, simbólicos, orgânicos e afetivos nos primeiros anos de vida,
promovendo atividades que estimulem a função sonora. Com a diversidade de estímulos,
quantidade e qualidade que serão captados e, por ser um período de maior plasticidade
cerebral, esse sistema se encontra mais permeável às modificações, o que favorece a
maturação das vias auditivas a nível cortical.
DESENVOLVIMENTO VISUAL
A visão é um sentido desenvolvido desde a vida intrauterina e permanecerá nesse processo de
desenvolvimento mesmo depois do nascimento. Fatores ambientais e neurológicos envolvem e
interferem no desenvolvimento dessa função, tanto no nível ocular como de SNC, que ainda
estará imatura ao nascimento. A partir de suas experiências visuais, esse sistema se
desenvolverá, fortalecendo e formando conexões responsáveis pela visão.
O período de maior plasticidade cerebral vai de 0 a 2 anos, idade em que muitas crianças
praticam atividades como natação ou estimulação motora, e muitas já estão inseridas no
ambiente de creche ou escola.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 SAIBA MAIS
A integridade das estruturas oculares, das radiações ópticas de diferentes áreas corticais e
subcorticais, interfere diretamente no adequado desenvolvimento desse sistema, sendo o
cérebro humano responsável por interpretar e analisar as informações captadas pelos nossos
olhos.
É preciso atentar para caso haja algum evento nocivo durante o período de desenvolvimento,
que afete as estruturas neurológicas ou oculares da visão, este poderá gerar prejuízos que
serão observados na capacidade da criança realizar suas tarefas cotidianas, tendo em vista
que, com a função prejudicada, dificuldadese limitações poderão ocorrer.
Como possível consequência dessas limitações, podemos apontar um certo grau de
interferência no processo de aprendizagem, pois a visão integra as informações que são
recebidas por outros sentidos, mediando e influenciando o desenvolvimento motor, cognitivo e
psicossocial.
Ou seja, bebês com alterações visuais poderão sofrer com problemas sociais, de
integração, alterações em sua autoestima, dificuldades para ampliar e desenvolver sua
independência.
O profissional de Educação Física poderá intervir, considerando todo o processo de
simbolização da criança, entendendo que essa compreensão e esse olhar são perspectivas da
Psicomotricidade.
Nesse sentido, podem e devem utilizar a exploração tátil, promovendo:
Maior atenção a uma determinada tarefa.
Ampliando a sensibilidade, percepção e interpretação.
 ATENÇÃO
A criança utiliza todos os seus recursos como um órgão sensorial, isso significa que pés, mãos,
boca e demais segmentos devem ser utilizados e considerados no processo de estimulação.
DESENVOLVIMENTO MOTOR
De acordo com o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC), as funções reflexas
aparecem e desaparecem no primeiro ano de vida e pouco a pouco os movimentos voluntários
e mais complexos vão se estabelecendo.
Redes neurais são formadas a partir de sinapses estabelecidas e reorganizadas a partir das
experiências sensório-motoras, organizando o desenvolvimento motor em etapas que se
complementam e se estabelecem, servindo de base para a etapa a seguir.
 VOCÊ SABIA
A forma como as aquisições motoras se apresenta segue uma hierarquia funcional, sendo
interdependente e, mesmo que a criança consiga andar antes de engatinhar, ou “pule” essa
fase, isso não significa que houve um avanço específico para aquela criança e isso mudará o
processo de desenvolvimento.
O profissional de Educação Física irá observar e acompanhar o desenvolvimento das
aquisições motoras da criança, partindo de sua motricidade espontânea, dirigida ou provocada,
considerando os movimentos esperados e possíveis alterações em seus elementos
psicomotores como tônus, equilíbrio e suas reações aos estímulos.
A observação do movimento busca organizar e encontrar um padrão simétrico, harmônico e
controlado na motricidade da criança, oferecendo atividades motoras que considerem os
aspectos sensoriais e sejam coerentes com as necessidades de cada indivíduo.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E DE
LINGUAGEM
O surgimento da capacidade de compreender, pensar e decidir como agir no mundo é o que
caracteriza o nosso desenvolvimento cognitivo. Processos mentais que envolvem memória,
atenção, percepção e imaginação se integram construindo forma de resolução de problemas.
As funções descritas abaixo permitirão um desenvolvimento cognitivo normal, desde que esses
processos ocorram de forma satisfatória:
SENSORIAL
PERCEPTIVA
MOTORA
LINGUÍSTICA
INTELECTUAL
PSICOLÓGICA
Além desses aspectos, as etapas do desenvolvimento maturacional precisam ser ajustadas.
 ATENÇÃO
Quando neste processo ocorre uma escassez ou presença de estímulos em momentos não
adaptados, poderemos ter uma alteração importante no desenvolvimento.
Os seres humanos se apropriam da linguagem porque desde sempre aprendem a se
comunicar com os outros: falam, conversam e cantam, organizando suas experiências que
nomearão o mundo, construindo e expressando suas ideias e opiniões.
 RESUMINDO
Podemos dizer então que a percepção, a fala e o afeto apoiarão o desenvolvimento da
comunicação e cognição, refletindo na linguagem da criança toda a sua intercomunicação.
Dessa forma, a criança aprende porque interage, sendo um ser social construído a partir de
sua cultura e necessariamente a partir da interação e mediação de outro ser humano.
A saúde física e mental da criança poderá ser imensamente beneficiada com a promoção de
uma intervenção profissional estimulante e estável emocionalmente, garantindo que os
benefícios alcançados sejam permanentes e favoráveis à aprendizagem.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO
DESENVOLVIMENTO DE 3 A 6 ANOS
Esta etapa será o momento em que a criança, após adquirir habilidades motoras voluntárias de
estabilidade, locomoção e manipulação, poderá refinar esses movimentos e dar início aos
padrões motores fundamentais ou habilidades motoras fundamentais (HMF).
 ATENÇÃO
Importante destacar que, embora as crianças entrem nessa fase por volta dos 3 anos de idade,
não é o momento para priorizar o desenvolvimento de habilidades mais precisas, buscando-se
eficiência, como se um estímulo desse iniciado precocemente fosse capaz de “antecipar” uma
performance motora espetacular. Não se enganem, isso não acontece.
O que o profissional deverá priorizar é a diversidade de experiências e vivências motoras, uma
vez que uma mecânica corporal eficiente e variada, adaptada a uma ampla variedade de
habilidades e situações motoras, será fundamental na infância e por toda a idade adulta,
interferindo na “qualidade” de execução de uma determinada tarefa motora. Durante a infância,
vários fatores podem interferir no desempenho e desenvolvimento motor, tanto em aspectos
ESTRUTURAIS
&
FUNCIONAIS
Newell (1986) explica quer os fatores que podem interferir na qualidade de execução de
alguma habilidade podem ser agrupados em demandas da tarefa, do ambiente e do indivíduo.
Assim, podemos, por exemplo, observar que, na medida em que as crianças crescem,
modificações em seu peso e altura poderão influenciar sua condição física e de saúde,
interferindo, portanto, em sua força e dificuldade ou facilidade motora.
Segundo Wallon, dos três aos seis anos, a criança encontra-se no Estágio do Personalismo,
onde inicia seu processo de diferenciação de outra pessoa, constituindo-se a partir de sua
subjetividade, utilizando-se de atividades em que se opõem ao outro e, ao mesmo tempo,
seduzem ou imitam.
Outro aspecto importante é que o desenvolvimento será resultado da integração de novas
funções e aquisições às anteriores, acumulando várias funções quantitativamente que
permitirão uma maneira diferente de integrar as dimensões:
PERSONALISMO
O personalismo é caracterizado pela discriminação que a criança faz entre ela e o outro,
revelando-se no uso das expressões eu, meu, não, entre outras.
javascript:void(0)
MOTORA
COGNITIVA
AFETIVA
Essa integração será o resultado de uma nova organização dessas dimensões, preponderando
e alternando de maneira diversa da fase ou etapa anterior que a criança se encontra. Ou seja,
o desenvolvimento ocorre de forma não linear ou contínua, mas será resultante de uma
integração plástica e dinâmica que supera a oposição de um conhecimento sobre o outro.
 SAIBA MAIS
Segundo Wallon, a integração não será entendida como o resultado de um processo, mas é o
que definirá o equilíbrio e a condição de plasticidade de uma pessoa em seu desenvolvimento.
Ainda segundo suas teorias, o processo de desenvolvimento de uma criança, por toda sua
infância até que alcance uma vida adulta, será regulado por três leis as quais denominou:
A LEI DA ALTERNÂNCIA FUNCIONAL
Caracteriza-se pela alternância entre duas direções opostas; uma centrípeta, voltada para a
construção do eu, onde o predomínio é a dimensão afetiva e a outra centrífuga, voltada para a
elaboração da realidade externa e do universo que a rodeia, predominando a dimensão
cognitiva. Essas duas direções se manifestam, alternadamente, constituindo o ciclo da
atividade funcional.
A LEI DA SUCESSÃO DA PREPONDERÂNCIA
FUNCIONAL
Na qual as três dimensões ou subconjuntos preponderam, alternadamente, ao longo do
desenvolvimento do homem: motora, afetiva e cognitiva. A função motora predomina nos
primeiros meses de vida da criança, enquanto as funções afetivas e cognitivas se alternam ao
longo de todo o desenvolvimento, ora visando a formação do eu (predominância afetiva), ora
visando o conhecimento do mundo exterior (predominância cognitiva).
A LEI DA DIFERENCIAÇÃO E INTEGRAÇÃO
FUNCIONAL
Dizrespeito às novas possibilidades que não se suprimem ou se sobrepõem às conquistas dos
estágios anteriores, mas, pelo contrário, integram-se a elas no estágio subsequente.
O desenvolvimento integrará esses subconjuntos funcionais que são motor, afetivo e cognitivo,
sendo responsáveis por constituir o quarto subconjunto funcional que Wallon denomina
pessoa.
PESSOA
Neste conceito, em qualquer etapa do desenvolvimento ou em qualquer momento, a “pessoa”
sempre será uma pessoa completa, constituindo-se a partir de elementos díspares, onde
ideias, sentimentos e movimentos são vividos de forma ampla, por hora confusos, mas, em
busca de uma capacidade de atender às demandas do dia a dia, da vida, das emoções de
forma cada vez mais específica nas mais variadas situações.
Somos seres sociais, já sabemos disso, mas somos seres de emoção também. Por toda a
infância, as emoções e a afetividade influenciam e interferem no desenvolvimento e no
comportamento social. A afetividade será, então, exteriorizada a partir das emoções geradas
javascript:void(0)
por componentes fisiológicos humorais e motores, mas também pela necessidade do ser
humano em se adaptar ao seu meio através do seu comportamento.
Nessa adaptação entre o homem e seu meio, estabelece-se uma relação em que os meios de
expressão se tornam instrumentos da socialização, partindo de exercícios sociais, relacionais,
que pouco a pouco se especializarão a cada situação (WALLON, 1955 apud GALLAHUE;
OZMUN; GOODWAY, 2013).
A emoção se dá de forma instantânea, é uma descarga pulsional, sobrepondo-se ao raciocínio
e ao conhecimento.
Assim, será a forma inicial de expressão e linguagem do recém-nascido para se relacionar com
o mundo, estabelecendo uma conexão que evolui para comportamentos mais complexos, de
forma que as emoções se tornem sentimentos e estes serão a base de uma estruturação
intelectual.
 SAIBA MAIS
A ação motora será mobilizada pela afetividade, como resultado de algo que a impulsionou,
enquanto os esquemas disponíveis no momento da ação motora serão estruturados pela
inteligência. Isso significa que a emoção é anterior à conduta motora, que é o movimento
intencional com a utilização da cognição.
O que Wallon explica é que a afetividade não será permanente, mas evoluirá de acordo com a
maturidade de cada indivíduo, sendo interpretadas e sentidas de formas diferentes,
significando e representando algo baseado em tudo o que o indivíduo adquire a partir de sua
cultura, de seu meio e das experiências que teve.
Uma emoção intensa poderá impulsionar uma resposta motora, que, ativada pela consciência,
irá se sobrepor à razão, dando ênfase a alterações proprioceptivas que prejudicarão a
percepção do exterior. Isso significa que, para que se possa desenvolver a “pessoa”, não é
possível separar aspectos afetivos do movimento e nem da cognição, já que a capacidade
cognitiva se reflete no afeto e no movimento.
A AFETIVIDADE E A PSICOMOTRICIDADE
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Relacionar aspectos psicomotores da primeira infância com influência na segunda de
crianças entre 7 e 12 anos e a adolescência
A CRIANÇA DOS 7 AOS 12 ANOS
Na fase que compreende a idade dos 7 aos 12 anos, as aquisições funcionais
serão ampliadas e será possível observar melhora no controle e domínio motor:
Os gestos utilizados em movimentos voluntários, apraxiatorna-se mais eficiente e será
capaz de coordenar as ações motoras pensando antecipadamente.
Melhora sensível da motricidade fina e controle tônico, além de melhor percepção do
tempo e do espaço, ajustando-se corporalmente.
Capaz de compreender e participar de jogos cooperativos e com regras, o que reflete
sua evolução sócio cognitiva, onde destacamos ametacognição.
Destaca-se também ametamemória, que será desenvolvida e melhorada com a idade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
PRAXIA
A praxia é a função que permite a realização de gestos coordenados.
METACOGNIÇÃO
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
A metacognição é a capacidade de compreender e prever o próprio comportamento e das
pessoas que estão ao redor, é um processo cognitivo.
METAMEMÓRIA
A metamemória é o conhecimento sobre a memória.
 COMENTÁRIO
Podemos observar que, de acordo com a maturação individual de cada criança, seu
desenvolvimento funcional está mais estruturado (GONÇALVES, 2010).
A maturação da criança evolui pareada com sua idade cronológica, dando forma e
características próprias a cada etapa. Essas etapas serão classificadas por Le Boulch (1987)
em três momentos:
1º MOMENTO
Ao nascer e até por volta dos 3 anos de vida, momento em que a criança se encontra na fase
reflexa e as experiências vividas trarão maior controle do corpo. Inicialmente, o bebê sente que
o ambiente externo faz parte do seu próprio corpo, mas, na medida que amadurece, amplia
suas experiências sensoriais e seu sistema nervoso, iniciando a diferenciação entre seu corpo
e o ambiente. Essa etapa, que corresponde à inteligência sensório-motora de Piaget, Le Boulch
denominou corpo vivido.
2º MOMENTO
Corresponderá a idade entre 3 e 7 anos. A criança passará a tomar consciência do seu próprio
corpo, direcionando sua atenção, que era voltada exclusivamente para o ambiente, para a sua
interiorização. Essa etapa será denominada corpo percebido.
A diferença entre o corpo vivido e o corpo percebido é que, na primeira etapa, a criança
apresenta movimentos espontâneos, iniciado nos reflexos dos bebês, que evoluem
gradativamente. Na segunda etapa, onde temos o corpo percebido, existe uma evolução nesse
processo em que a criança passa de um ajustamento espontâneo para um ajustamento
controlado, com melhor domínio corporal, ampliando a capacidade de dissociar os movimentos.
Dissociar significa suavizar a movimentação do corpo “em blocos”, tornando-o mais ajustado e
otimizado em suas funções.
A consequência disso será a criança melhorar sua coordenação dentro de um tempo
determinado, identificando sua dominância lateral, iniciando a utilização do corpo como uma
referência para se organizar e se situar no tempo e no espaço.
As noções espaciais e os conceitos, como “dentro”, “fora”, “aqui”, “embaixo”, “em cima”, entre
outros, são assimilados.
3º MOMENTO
Entre os 7 e os 12 anos será o corpo representado, onde o esquema corporal começa a se
estruturar e a imagem mental desse corpo será ainda “estática”, ou seja, apenas uma imagem
mais simples, mas que “imagina” um formato de corpo. Somente por volta dos 10 aos 12 anos
é que será possível construir uma representação mental de um corpo em movimento. Essa
construção, então, indicará que se alcançou uma representação mental de uma sucessão
motora, associando-a à noção de tempo que, na fase anterior, iniciou o processo de percepção
temporal na criança.
 COMENTÁRIO
As funções cognitivas evoluem de uma forma que corresponde ao que Piaget chama de
“operações concretas”. Essa evolução mental é o que permitirá que o corpo não apenas
reproduza um movimento, mas que o faça a partir de uma antecipação mental de sua imagem
corporal. Por isso, Le Boulch nomeia essa etapa como corpo representado, onde o sujeito cria
ele mesmo referências externas ao seu corpo para se movimentar, sendo isso que irá orientá-
lo, não tendo mais suas referências centradas apenas no próprio corpo.
No período entre os 7 e 8 até os 12 anos, as crianças são naturalmente motivadas para a
atividade motora.
É bem verdade que enfrentamos um momento de excessiva exposição aos eletrônicos,
sedentarismo e adoção de hábitos nada saudáveis, mas isso é algo adquirido culturalmente e
torna ainda mais relevante a intervenção do profissional de Educação Física.
Essa faixa etária caracteriza-se por maior disponibilidade da criança para a aprendizagem e
aperfeiçoamento de formas básicas de movimento, como:
CORRER
PULAR
SALTAR
LANÇAR
ROLAR
ENTRE OUTROS
 RELEMBRANDO
Seguimos uma hierarquização do desenvolvimentoneurológico e isso implica, como sempre,
nas dimensões motoras, cognitivas e afetivas, sendo o desenvolvimento estruturado também
por todos os elementos psicomotores já apresentados, como tônus, equilíbrio, lateralidade,
noção corporal, noção espaço-temporal, motricidade ampla e fina, além do ritmo.
ASPECTOS PSICOMOTORES
RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
DA ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um período em que ocorrem várias mudanças, tanto físicas, como
psicossociais; algumas alterações importantes são provenientes de uma explosão hormonal
necessária para que as modificações se estabeleçam. O comportamento motor esperado é
caracterizado pela fase de habilidades motoras especializadas e o indivíduo começa a tomar
decisões conscientes a favor ou contra sua participação em certas atividades.
 RECOMENDAÇÃO
Esta é a época para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades
e liderança em esportes escolhidos.
As alterações corporais decorrentes da maturação sexual geram:
MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS
ALTERAÇÕES PSÍQUICAS
ALTERAÇÕES AFETIVAS
Segundo Wallon, por volta dos 12 anos, essa fase se inicia e o adolescente adquire uma nova
percepção temporal. Inicia-se uma fase de intolerância a regras, ao controle e direcionamento
dado pelos pais, em que precisam se encontrar, buscando sua própria consciência na figura de
outro jovem, necessitando do “grupo” para se identificar como indivíduo; o meio social será
relevante para que tenham um comportamento condicionado e que constitua sua
personalidade.
As modificações físicas nem sempre interferem de maneira positiva em sua imagem corporal.
Isso deverá ser um ponto de atenção para o trabalho psicomotor, pois alterações nessa
percepção podem levar a transtornos, como bulimia e anorexia. É uma fase conturbada, pois,
ao mesmo tempo que precisam lidar com sua própria personalidade que se ajusta, vivenciam
conflitos psicossociais, confrontam sua identidade versus confusão (BERGER, 2003).
BULIMIA


ANOREXIA
A busca por sua identidade será o aspecto mais marcante na adolescência, um conflito que é
gerado entre sua infância e sua futura vida adulta. Necessitam se autoafirmar como pessoas
“mais velhas”, negam sua infância e infantilidade, mas precisam de suas experiências vividas
para que se reestruturem, sendo a cultura e os valores influenciados por novos elos entre
amigos, vizinhos, escola etc. Ou seja, buscam o novo, mas conservam o que já alcançaram,
precisam assumir responsabilidades novas e viver novas experiências.
Com isso, fica sempre a questão sobre “quem sou eu?”, acarretando em uma antítese na qual:
É preciso que haja um distanciamento dos pais, gerando momentos de tensão e fragilidade
nessa relação.

Mas necessitam de um aconselhamento, alguém que seja capaz de se conectar com suas
angústias e que seja uma referência paralela à família para seu desenvolvimento saudável.
 RESUMINDO
Muitos aspectos interferem no seu desenvolvimento psicossocial, contudo, o equilíbrio entre
seu corpo e sua emoção será fundamental para que mantenha saúde física e mental.
Outro aspecto importante a ser considerado nesta fase é que, embora alguns jovens possam
exteriorizar suas emoções, questionar seus valores e escolher qual direção darão as suas
vidas, muitos não terão essa oportunidade pelo simples fato de serem atropelados pelas
circunstâncias, necessitando entrar no mercado de trabalho para se sustentar ou contribuir
para a manutenção de sua família.
Percebemos, então, que as diversas formas que se estabelecem as relações entre o
adolescente e seu meio social, seja ele composto por família ou amigos, interfere em sua
comunicação com o mundo e afeta suas dimensões psicossociais e afetivas.
O CORPO NA ADOLESCÊNCIA
Todas as experiências e modificações vividas na adolescência podem ser consideradas
estímulos que constroem e modificam a percepção que temos do nosso próprio corpo. Isso
acontece porque as emoções são sentidas a partir de sensações captadas do meio externo e
interno e, dessa forma, interferem na representação subjetiva que o imaginário elabora. As
modificações que ocorrem fisicamente poderão interferir de maneira nem sempre positiva na
construção da imagem corporal na adolescência.
 ATENÇÃO
As experiências sensoriais internas ou externas organizam no intelecto a imagem corporal,
que se constrói de forma inconsciente, a partir de aspectos corporais, anatômicos e fisiológicos.
Isso significa que essa construção ou destruição da imagem corporal será influenciada pela
busca de um “corpo ideal”, elaborado mentalmente, a partir de parâmetros subjetivos.
A imagem corporal tem sua base na(o)
EMOÇÃO
CONFORTO
DESCONFORTO
Esses podem ser vividos e experimentados na satisfação e insatisfação que serão associados
a nossa aparência.
Podemos entender os aspectos que envolvem a aparência física e como ela é percebida, em
relação ao seu tamanho corporal, peso, características, entre outros. Dessa percepção,
construções subjetivas se formam a partir da relação do sujeito e sua aparência, o que
resultará em um comportamento que poderá ser o de evitar situações que gerem desconforto.
Percepção da aparência física

Construções subjetivas a partir da relação sujeito e própria aparência

Comportamento
 COMENTÁRIO
Isso pode ocorrer a partir do momento em que este jovem passa a ter conhecimento de certos
padrões impostos pela sociedade que, na impossibilidade de atendê-los, entra em conflito e
passa a sofrer, afetando diretamente a sua individualidade, refletindo em seu comportamento.
O adolescente estrutura sua personalidade para que possa existir, sendo subjetivo dentro de
sua individualidade e sua pulsionalidade, que traduziremos como sua “vontade” ou “desejo”.
Essa pulsão revela o que sente, deseja, seus valores e sonhos, que são expostos no meio
interpessoal ou material, caracterizando-se por uma motricidade resultante da construção de
sua imagem, emoções e corporeidade.
Isso deverá ser um ponto de atenção para o trabalho psicomotor, pois alterações nessa
percepção podem levar a transtornos como bulimia e anorexia, dificuldades de se relacionar,
isolamento, agressividade e outros comportamentos característicos desta fase, que podem ser
minimizados e modificados com uma intervenção psicomotora relacional.
 VOCÊ SABIA
As dimensões psicossociais e afetivas ressaltam as diversas formas relacionais estabelecidas
em seus diferentes grupos de pertinências, sendo campo fértil para uma intervenção
psicomotora.
O trabalho do profissional de Educação Física, na perspectiva psicomotora, pretende
compreender os níveis de comunicação corporal que podem se estabelecer a partir do jogo
espontâneo. De forma que as sutilezas permeiem as relações humanas e possam ser
decodificadas na interpretação do desenvolvimento psicomotor, dando ênfase à observação de
sua organização tônica, espontânea e involuntária, resultante de suas experiências efetivas e
emocionais. Essa expressividade psicomotora é resultante da experiência vivida com o mundo
através de seu corpo e suas pulsões oriundas de conflitos, proibições, afetos e emoções
processadas no inconsciente.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
Uma intervenção profissional deverá atender às necessidades de jovens em formação,
constituindo seus aspectos psíquicos, motores, emocionais e relacionais para o
desenvolvimento de sua personalidade.
ALTERAÇÕES NA IMAGEM CORPORAL EM
ADOLESCENTES
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Reconhecer os elementos psicomotores nos processos de maturação e
envelhecimento, na distinção das melhores formas de intervenção
ASPECTOS PSICOMOTORES
RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
DO ADULTO
A fase adulta é um momento do desenvolvimento humano em que possibilidades e dificuldades
são experimentadas, desafiando o indivíduo a criar estratégias que o permitam desempenhar
seu papel na sociedade em que estiver inserido, sem deixar de lado sua subjetividade.
Você deve estar se perguntando,como seria isso?
Como ser adulto e manter em dia a saúde física e mental, tendo que dar conta de tantas
dificuldades reais que se atravessa na vida?
Realmente não é uma tarefa nada fácil, mas dificuldade não significa impossibilidade.
Os hábitos de vida podem influenciar na qualidade ou na dificuldade que esse adulto irá
experimentar.
 RECOMENDAÇÃO
É preciso que inicialmente, o profissional de Educação Física tenha um olhar voltado para a
corporeidade do seu aluno adulto. Isso significa que cada um de nós vive influenciando e sendo
influenciado por contextos de vida e pelas circunstâncias em que estamos inseridos.
A vida adulta, em sua maioria, demanda responsabilidades e compromissos que podem
dificultar a prática de atividades físicas e aumentar o nível de estresse. Essa combinação de
maus hábitos, independente das razões que levaram até ela, podem dar início a um processo
de deterioração da saúde e redução das capacidades funcionais.
 RELEMBRANDO
A atividade física retomada seria por si só suficiente para garantir a melhora da saúde e das
capacidades motoras, mas, assim como vimos em todo o processo de desenvolvimento
humano, aspectos orgânicos, sociais, afetivos, motores e ambientais acompanham o indivíduo
em toda sua existência. Isso significa que, para compreendermos essa fase, podemos
considerar o aspecto cognitivo, psicossocial e físico (PAPALIA e OLDS, 2000).
A cognição do adulto inclui:
Aprendizagem e memória.
Raciocínio e pensamento.
Capacidade de comunicação que modifica a capacidade mental e interfere em sua
percepção do mundo.
O desenvolvimento social, decorrente das mudanças no modo de ser, no modo de reagir, no
comportamento e na capacidade de relação de um adulto, será formado pela estruturação de
sua personalidade e se enquadra no desenvolvimento psicossocial.
O último aspecto relacionado ao desenvolvimento físico será constituído por:
SUAS HABILIDADES MOTORAS
&
A CAPACIDADE DE SER SENSÍVEL A UM ESTÍMULO
EXTERNO (PERCEPÇÃO SENSORIAL)
Bem como o quanto que essa motricidade provoca alterações em sua mente, partindo da
recepção de estímulos que são oferecidos a este indivíduo que está inserido em um contexto
de aquisições reguladas pelo ambiente, pelas emoções e pelas carências de cada um.
Fatores que interferem no desenvolvimento do adulto:
Muitas mudanças ocorreram nas últimas décadas, os contingentes populacionais que
vivem na periferia das grandes cidades aumentaram na mesma proporção e velocidade
da urbanização. Essa situação aumenta ainda mais as comunidades desassistidas pelo
poder público, aumentando a violência urbana.
Outro fator de modificação nas últimas décadas foi a entrada das mulheres no mercado
de trabalho, em grande escala, mas com as mesmas dificuldades de sempre: com pouco
ou nenhum apoio em auxílios maternidade, creches, entre outras coisas que acarretam
mudanças em toda estruturação familiar e social.
As sucessivas crises econômicas vividas por muitas pessoas e a precarização do
trabalho, entre outros, são apontados como fatores que interferem e afetam o estilo de
vida do brasileiro, ampliando ainda mais a desigualdade e adversidade social.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Todos esses fatores se somam e constata-se que patamares elevados de adoecimento mental
em adultos foram identificados em nosso país (IBGE, 2016).
 SAIBA MAIS
Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2014), a saúde mental caracteriza-se como
um estado de bem-estar, onde o indivíduo mostra-se capaz de lidar com os problemas e
dificuldades do dia a dia, contribuindo para a sociedade na qual está inserido, desenvolvendo e
realizando seu potencial.
Nota-se que, atualmente, pode ser considerado como determinante do adoecer mental fatores
como os descritos acima, que aumentam o nível de estresse físico, mental e emocional.
Além disso, algumas alterações são cada vez mais frequentes e precisam ser considerados
quando se pretende aplicar um trabalho psicomotor em indivíduos adultos. Algumas delas são:
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
PERTURBAÇÕES NO HUMOR
DEPRESSÃO
SÍNDROME DE BURNOUT
A Síndrome de Burnout caracteriza-se como um distúrbio psíquico desencadeado pela
exaustão extrema no trabalho.
Todos esses fatores justificam a necessidade de fazermos uma reflexão sobre o papel do
profissional de Educação Física, como agente promotor de saúde, que poderá intervir
assumindo uma ação preventiva e eficiente com o objetivo de estimular psicomotoramente o
adulto, promovendo melhoria das condições físicas, visando um reequilíbrio das alterações
psicoafetivas e capacidade mental.
 ATENÇÃO
Importante destacar que a “terapia psicomotora” é função do psicomotricista, profissional que
tem formação diferente da Educação Física. Contudo, o profissional de Educação Física, de
posse dos conceitos e perspectivas da Psicomotricidade, entendida como Ciência, poderá se
munir de uma instrumentalização potente que contribuirá sobremaneira para sua prática
profissional – naturalmente o que for permitido dentro de sua formação na área de Educação
Física.
Dentro das possibilidades de se desenvolver uma intervenção motora, o profissional de
Educação Física poderá utilizar atividades motoras que promovam uma conscientização
corporal e uma reeducação funcional. Elementos como tônus, equilíbrio, coordenação motora
serão contemplados ao mesmo tempo que as vivências corporais.
O objetivo será ampliar a capacidade de comunicação e expressão, recuperando o equilíbrio
emocional com técnicas de alongamento e relaxamento, juntamente com a reeducação
psicomotora.
As atividades sensoriais deverão ser utilizadas para estimular áreas mentais que poderão estar
“adormecidas” em meio ao estresse diário.
Poderá ser utilizado ainda atividades:
Ludoterapêuticas
Recreação
Grafomotoras
Reeducação da postura
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
LUDOTERAPÊUTICAS
Atividades ludoterapêuticas são aquelas que utilizam jogos, brincadeiras e comunicação entre
os participantes, proporcionam sentimentos empatia, segurança, redução do estresse e
expressão de sentimentos que podem ser compartilhados.
javascript:void(0)
 COMENTÁRIO
Todo esse processo amplia a percepção a partir de experiências sensório-motoras que
facilitarão um ajuste em sua corporeidade e maior conscientização de suas ações.
ASPECTOS PSICOMOTORES
RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
DO IDOSO
O envelhecimento é um processo esperado que pode ser gradual e saudável ou cercado de
enfermidades. A Psicomotricidade poder ser uma ferramenta eficaz para minimizar os efeitos
prejudiciais desse processo.
 ATENÇÃO
Os elementos psicomotores que foram desenvolvidos nos primeiros anos de vida são os
mesmos que irão se degenerar ao longo do envelhecimento e assim deverão orientar as
práticas corporais dessa população, para que se estabeleça um programa de treinamento para
idosos.
Iniciaremos nosso tema partindo da compreensão da evolução humana, que será descrita por
Fonseca (1998) sob três perspectivas:
A primeira é a filogênese que tem seus estudos direcionados para a evolução das espécies,
desde os primórdios de sua existência.
A segunda perspectiva trata da ontogênese que direciona sua atenção à evolução humana.
Sabendo-se que o desenvolvimento humano é algo que se processa continuamente, tendo seu
início na concepção humana, onde várias transformações ocorrem, já está iniciado o processo
de envelhecimento. Várias mudanças ocorrem de forma sequencial e os estágios de
desenvolvimento são pouco a pouco alcançados, até que termine esse ciclo com a morte.
A retrogênese será compreendida, então, como o processo de involução do ser humano.
Sabendo que a evolução se dá na direção céfalo-caudal, sendo do mais simples para o mais
complexo, estamos confirmando a perspectiva da filogênese e da ontogênese.
Esse processo evolutivo segue padrões motores que se iniciam na forma reflexa, como vimos
nos bebês,mas estruturam-se e evoluem para uma forma automática, do automático para o
voluntário, caracterizando uma organização vertical ascendente.
Na medida em que vivemos as experiências sensório-motoras, estruturam-se a organização
psíquica e cognitiva. Ou seja, a evolução humana contempla do nascimento até a morte e essa
trajetória passa pela fase adulta e do idoso. Toda essa explicação é para que você possa
compreender que, de forma inversa, acontecerá com o idoso.
Haverá uma regressão em suas funções motoras, perceptivas, cognitivas e socioemocionais,
seguindo uma desorganização vertical em direção descendente, ou seja, do córtex à medula,
das atividades mais complexas às mais simples. Note que esse processo não é uma sentença,
então, não podemos esquecer que muitos idosos terão um envelhecimento bem sucedido.
A partir do conhecimento que o envelhecimento será um processo inevitável e contínuo, onde
modificações funcionais importantes poderão comprometer nossas habilidades, é preciso
entender e conhecer de que forma isso será refletido no corpo, onde o que perdemos será
acelerado e o que ganhamos será mais reduzido.
MUDANÇAS NA CAPACIDADE FUNCIONAL
VARIAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS
PERDA DA ELASTICIDADE
ALTERAÇÕES FÍSICAS
MUDANÇAS NA CAPACIDADE FUNCIONAL
A dificuldade em fazer determinadas tarefas vai tomando o espaço do que antes era uma
capacidade funcional, configurando um conjunto de processos que modificam sua capacidade
de funcionamento.
VARIAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS
Suas características físicas, sociais e psíquicas são alteradas e sua posição no meio social é
afetada.
PERDA DA ELASTICIDADE
Certas atividades não são mais realizadas, seus tendões se enrijecem, reduzindo sua
elasticidade e predispondo o idoso a sofrer com torções e luxações.
ALTERAÇÕES FÍSICAS
Sua massa corporal é modificada, a força muscular fica comprometida e há maior propensão a
quedas e fraturas.
As alterações psíquicas e comportamentais refletem uma lentidão cognitiva que são efeitos
retrogênicos. Entretanto, isso não deverá ser um fator que impeça o idoso de participar de
programas de intervenção motora que estimulem seu corpo e sua mente, reintegrando-o no
meio de convívio e equilibrando suas emoções.
 RECOMENDAÇÃO
O profissional de Educação Física poderá elaborar propostas que contribuam para a melhora
física e mental desse público, mas é importante destacar que não podemos infantilizar o idoso,
isso seria prejudicial e invalidaria todo o trabalho. Antes de tudo, adotar uma postura de
respeito e profissionalismo, observando e focando nas possibilidades motoras, nos ajustes que
podem ser feitos e alcançados gradativamente, diminuindo as alterações que o incapacitam e
ampliando aquelas que os capacitam.
Quando o idoso não consegue mais ter controle sobre o equilíbrio corporal, é
preciso observar e compreender vários aspectos:
Sua força reduzida reflete a diminuição do tônus. Essa alteração afeta sua postura e
manutenção de atividades que realizava com facilidade, sustentando a posição ereta,
atuando contra a força da gravidade.
Sua capacidade vai reduzindo e uma imobilidade maior passa a ocupar o tempo desse
idoso.
Um enfraquecimento ósseo é esperado nesse processo de envelhecimento, mas,
quando associado à diminuição do tônus e do equilíbrio, torna a possibilidade de quedas
com consequentes fraturas algo muito mais provável de acontecer. Nesse tipo de
situação, não é incomum idosos que permaneçam um longo tempo imobilizados,
precisando de cuidados de terceiros e agravando ainda mais as perdas funcionais.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Todo esse contexto poderá ser piorado se o idoso apresentar outras comorbidades ou doenças,
situação essa que não é incomum, podendo, assim, alterar ainda mais sua já fragilizada
autoestima e saúde psíquica.
As reduções funcionais, alterações motoras e dificuldade de realizar suas tarefas básicas tem
um efeito devastador na saúde emocional. O idoso perde a confiança em si e em sua
capacidade de realizar tarefas. Esse cenário poderá agravar, caso haja a necessidade de
hospitalização e dependência permanente de cuidados.
Os aspectos econômicos também podem impactar a saúde do idoso, tanto pela falta de
recursos para cuidados e medicações diárias, como pela necessidade de contribuir para
compor o orçamento familiar, cuidando financeiramente, inclusive, de filhos e netos.
A Psicomotricidade poderá contribuir para a elaboração de um programa motor onde
capacidades funcionais e psicológicas, além de aspectos sociais e cognitivos sejam
contemplados.
O corpo precisa do movimento, mas o cérebro precisa de estímulos positivos, descontraídos e
diversificados para que o idoso reintegre sua imagem corporal e desenvolva todas as funções
psicomotoras, como tônus, equilíbrio, coordenação motora ampla e fina e os demais aspectos,
ao mesmo tempo que exercite sua:
ATENÇÃO

MEMÓRIA

CONDIÇÃO SENSORIAL
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
Com atividade física, o idoso poderá sentir-se mais útil, com mais autonomia, tanto psíquica,
quanto física. A atividade física é fundamental para qualquer idade e essencial para a terceira
idade, sendo uma condição para a recuperação em situações de doenças e acidentes. As
atividades motoras em idosos aumentam sua massa muscular.
Isso poderá ser feito de forma ainda mais relevante quando o treinamento de força está
associado a uma estimulação proprioceptiva, que ativa sensorialmente áreas corticais que se
comunicam entre si e exercitam a correlação de
estímulos sensoriais a motores.
A estimulação motora do idoso poderá ser planejada considerando:
MOVIMENTOS RÍTMICOS AUTOMÁTICOS
MOVIMENTOS ESPONTÂNEOS
AÇÃO DE REFLEXOS MOTORES
 ATENÇÃO
Importante lembrar que as reduções na força e na massa muscular interferem na contração e
no relaxamento adequados entre músculos, que estão unidos nas funções que revezam como
agonista, antagonista e sinergista. Nesse caso, o profissional de Educação Física deverá
elaborar um programa motor individualizado e que considere as bases para um treinamento.
O IDOSO ATIVO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento humano contempla dimensões físicas, motoras, emocionais e cognitivas
que se interconectam e estruturam a personalidade humana. Mais do que aspectos que se
relacionam, o ser humano torna-se “humano” a partir das interações que podem e devem ser
valorizadas na prática do profissional de Educação Física. As interações corporais, sociais e
afetivas serão elementos básicos para o desenvolvimento motor se inserir no desenvolvimento
psicomotor.
Nas teorias de Wallon, este princípio da inter-relação é apontado como as experiências tônicas
e afetivas que traduzem e expressam a personalidade e a cognição da criança. As relações
sociais são apresentadas como vias de comunicação e desenvolvem a linguagem, sendo
importantes para inteligência e atividades mentais.
Em todos os momentos do desenvolvimento humano, passamos por diversas relações em
ambientes e contextos que agradam e desagradam. Em todos os cenários, o corpo é o meio
que instrumentaliza e representa a alma, as pulsões de vida que se constituem da
subjetividade humana. Em todos esses momentos, inserimos uma possibilidade de intervenção
profissional, considerando a perspectiva da Psicomotricidade como base que sustenta e acolhe
a motricidade humana. Isso é possível porque, as relações humanas ocupam lugar de
destaque na promoção do desenvolvimento e da conquista de uma corporeidade autônoma,
afetiva e feliz.
 PODCAST
Veja agora de que forma a Psicomotricidade pode ser trabalhada para melhorar a saúde do
idoso no contexto brasileiro.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BERGER, K. S. O Desenvolvimento da Pessoa – da infância à adolescência. 5. ed. São
Paulo: LTC, 2003.
FONSECA, V. DA. Gerontopsicomotricidade: uma abordagem ao conceito da retrogênese
psicomotora. In : Fonseca V. Psicomotricidade:filogênese, ontogênese e retrogênese. Porto
Alegre: Artes Médicas; 1998.
GONÇALVES, F. Psicomotricidade e educação física: quem quer brincar põe o dedo aqui.
São Paulo: Cultural RBL, 2010.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o Desenvolvimento
Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais:
uma análise das condições de vida da população brasileira. (Estudos e Pesquisas.
Informação Demográfica e Socioeconômica, 36). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, 2016.
LE BOULCH, J. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1987.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2000.
NEWELL, K. Constraints on the development of coordination. In : M. G. Wade e H. T.
Whiting (Eds), Motor development in children: Aspects of coordination and control. Amsterdam:
The Netherlands, 1986.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Calouste Gulbenkian Foundation. Social determinants of
mental health. Geneva: World Health Organization, 2014.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema, leia:
Sobre o desenvolvimento infantil e do adolescente, na publicação Desenvolvimento da
criança e do adolescente - Evidências Científicas e Considerações Teóricas-Práticas.
Editora Científica.
Sobre a estimulação de 0 a 3 anos: Diretrizes de estimulação precoce crianças de
zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, do Ministério da
Saúde.
CONTEUDISTA
Marina Guedes de Oliveira Lopes
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);
javascript:void(0);

Outros materiais