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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE HACA10 - INTRODUÇÃO AO CAMPO DA SAÚDE SEMESTRE: 2021.1 DOCENTE: VÂNIA SAMPAIO ALVES DISCENTE: MARIA ANTÔNIA G. DE S. SANTOS E ISADORA BAGUES RODRIGUES TURMA: 05 AVALIAÇÃO 1 1. Considerando a historicidade das concepções de saúde-doença-cuidado, discuta as repercussões da Era Bacteriológica para a compreensão do processo saúde- doença e das práticas de cuidado em saúde. Formulada no final do século XIX, a hipótese da existência de microrganismos responsáveis pelas doenças contagiosas não era bem aceita na época. Entretanto, a partir do uso do microscópio, diferentes cientistas vão contribuindo para a corroboração dessa teoria. Assim, seguiram-se décadas de estudos, através do principal precursor dessa hipótese, o químico francês, Louis Pasteur, que concentrou esforços na descoberta dos mecanismos da infecção e nas formas de prevenção e tratamento das doenças contagiosas. Assim como, outro estudioso do período foi Robert Koch, médico alemão, que aprofundou o desenvolvimento de meios de cultura e de coloração mais apropriados para o cultivo e estudos das bactérias. Os conceitos até então utilizados para explicar as causas das doenças na espécie humana foram abandonadas. Deixou-se de lado a teoria miasmática, além da velha tradição da escola hipocrática, quanto à influência do meio físico sobre o homem e sobre as doenças que o afligem. Assim, observa-se o nascimento da Era Bacteriológica. Assim, as repercussões dessa era mudaram permanentemente a forma de perceber a saúde e a doença. A produção de vacinas para doenças como febre tifoide, poliomielite, difteria e tétano foi um enorme passo para a erradicação dessas enfermidades e repercutiu na criação de laboratórios de microbiologia e imunologia que reforçaram os estudos da fisiologia, da imunologia e da farmacologia. Toda via, é a partir dessa visão mais objetiva do processo saúde-doença que se reforçou a própria expressão da revolução científica no campo da saúde, além de estruturar um novo pensamento médico científico. Por fim, como consequência, os indicadores de mortalidade passaram a decrescer, como resultado da redução da frequência de certas doenças. À medida que eram identificados os modos de transmissão e as formas de reprodução de vetores específicos, várias melhorias sanitárias e das condições de vida dos habitantes foram incentivadas. 2. Discuta de que maneira o nascimento da medicina social e do hospital como instituição médica acarretou mudanças nas concepções de saúde-doença-cuidado. A medicina social é elucidada, segundo Foucault, na Inglaterra, o Estado assumiu funções distintas, a igreja colocou sob sua responsabilidade em países como a Espanha e a França. Assim, em 1832, existiu mudanças no conjunto de leis em função de confrontos entre o capital e o trabalho na Inglaterra industrializada, é nesse momento que começa a existir um controle médico da população mais carente. Além disso, submetida a várias epidemias, que amedrontavam as classes mais altas, as revoltas também gerariam um problema político. Por tanto, a medicina social inglesa permitiu a presença de outros sistemas médicos, sendo uma medicina assistencial direcionada a população carente, os pobres como foco dessa assistência, e uma medicina privada que beneficiava quem tinha meios para pagá-la. Para tanto, a criação dos hospitais foi estimulada principalmente pelo aprimoramento do aprendizado da Medicina e pela evolução das obras sanitárias o que acarretou mudanças positivas na relação saúde-doença-cuidado. Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres, local de suporte de separação e exclusão, como pobre tem necessidade de ser assistido, e como doente portador de comorbidades e de possível "castigo" dos deuses é perigoso por essa razão. Sendo assim, o hospital esteve presente tanto para recolher esses enfermos como para proteger os outros do perigo que engana. A partir de então, dizia-se que nesta época o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer e o pessoal hospitalar não era fundamentalmente destinado a realizar cura do doente, mas conseguir sua própria salvação, pessoas religiosas, leigas, que estava no hospital para fazer uma obra de caridade, que ele assegurasse salvação eterna. Para tanto, é a introdução dos mecanismos disciplinares no espaço confuso do hospital que vai possibilitar sua medicalização. Assim, as razões econômicas, o preço atribuído ao indivíduo, o desejo de evitar que as epidemias se propaguem explicam o minucioso trabalho disciplinar que foram submetidos os hospitais. Entretanto, a formação de uma medicina hospitalar deve-se por um lado a disciplinarização do espaço hospitalar, e, por outro lado, a transformação, nesta época, do saber e da prática médica. Dessa forma, a disciplina dessa época implicava um registro contínuo e rigoroso, com um conjunto de técnicas pelas quais os sistemas de poder vão ter que por alvo. 3. Discuta o conceito ampliado de saúde, destacando as suas principais contribuições para a compreensão do processo saúde-doença e para a organização de práticas de cuidado em saúde. Saúde é um conceito amplo, filosófico, científico, político, prático e tecnológico, a saúde é integral e que transcende o olhar da ciência. Por tanto, saúde é entendido como uma busca constante pelo individuo, porém que não pode ser limitado, existindo vários aspectos que interferem na construção da saúde, onde se torna difícil uma definição, se tornando uma ideia utópica de equilíbrio absoluto, uma sensação perene de satisfação e pensando filosoficamente em saúde, pode se dizer também que seria uma capacidade de lidar com os problemas/dificuldades e com essa relação com a morte, tem que se pensar que a vida tem um fim e isso precisa ser encarado com naturalidade e parte do processo de viver. Sendo assim, existem aspectos múltiplos relacionados para entender saúde, sendo uma integralidade. Para isso, existem infinitos modos de estudar saúde, deve-se entender que existe um equilíbrio entre a compressão de saúde e a morte, o que torna complexo para a ciência definir saúde. Assim, a instabilidade da vida também faz parte do lidar com a saúde, entender as transformações da vida é também saber ser saudável. Para tanto, as várias vertentes de pensamento sobre esse assunto se tornam difíceis, na medicina existe uma formação que foca muito na doença e muito pouco na saúde, onde fragmenta o indivíduo visando a construção limitado. Dessa forma, essa fragmentação do indivíduo, caracterizado pelo modelo biomédico é limitado, onde a saúde e vista por muito tempo apenas pelo aspecto biológico, com também pelo desempenho natural de cada parte do corpo. Com isso, entender que a saúde está ligada também com saneamento básico, com acesso a educação, relacionada com a violência urbana, a falta de emprego, a possibilidade de renda, acesso ao laser, à cultura, como também a qualidade do transporte, moradia adequada, os determinante e condicionantes devem ser considerados no fazer e entender com a saúde é abrangente e não limitada ao modelo biométrico prescritivo. 4. A partir do estudo do conceito de “campo científico” do sociólogo Pierre Bourdieu, como você caracterizaria o “campo da saúde”? Pierre Bourdieu, sociólogo francês, ele analisa em suas obras a conduta do homem objetivando compreender as causas e as consequências das ações dele, com intuito de examinar comportamentos que possam favorecer a sociedade. Para tanto, ele adota uma perspectiva abrangente de grandes grupos sociais tomados em conjunto para interpretar as práticas sociais das ações dos indivíduos. Sendo, o campo científico definido por Bourdieu. Nessa ótica, o campo da saúde é entendido como um espaço onde são construídos saberes e desenvolvidas práticasem torno dos objetos que justificam sua existência, mas, ao mesmo tempo, como espaços de disputas por tudo quanto o faz mover-se. Com isso, pode perceber na busca por encontrar aspectos gerais presentes nos mais variados campos que permitissem ligá-los e contextualizá-los e procura ainda conhecer a origem dos atos e das vontades individuais, que para além do espontâneo, individualista possuem determinações próprias do campo em que são geradas. Há, portanto, uma relação de mão dupla entre as estruturas objetivas (campo) e as estruturas subjetivas (hábitos). Assim, podemos entender o campo da saúde como um ‘campo de forças’. E ele é, desta maneira, um espaço em que os agentes de saúde disputam o monopólio da competência médica, cujo funcionamento pode ser comparado a um jogo, onde os princípios do funcionamento são dominados por seus participantes. Além disso, através da sociologia bourdieniana de campo redescobre-se o corpo como uma máquina biológica coesa e fundamental para o conceito de campo de saúde, pois a sociologia do corpo, para Bourdieu, é o caminho real de renovação de uma sociologia da saúde centrada no agente social. Por tanto, o campo da seria uma prática, uma "arte social" sustentada por uma ciência, a biologia.
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