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Pronto-Socorro Oftálmico Diagnóstico Diferencial de Olhos Vermelhos Prof. Fernando Malerbi Sinais de Urgência A síndrome do olho vermelho é uma queixa comum no pronto-socorro e podem referir-se a patologias de baixa complexidade. Entretanto, ao atender um paciente com olhos vermelhos, devem-se investigar os pontos que levam a complicações severas. Caso o paciente apresente algum deles, deve ser encaminhado para um especialista ➺ Dor ocular ➺ Perda visual súbita ➺ Trauma ocular ➺ Presença de corpo estranho ➺ Uso de lente de contato ➺ Anormalidades corneanas ➺ Anormalidades da pupila ➺ Cirurgia recente ➺ Olho cronicamente vermelho ➺ Doença palpebral ➺ Uso crônico de colírio ➺ Atopia ➺ Grupo de risco: imunodeprimido; idosos; alcóolatra Conjuntivite ❤ Conjuntivite Viral Mais frequente; sendo adenovírus o principal ➺ Bilateral ➺ Sintomas: · Irritação e queimação · Sensação de corpo estranho · Prurido · Diferenciais: sintomas de IVAS e linfonodomegalia ➺ Lembrando que conjuntivite não causa baixa de visão, sendo um ponto diferencial ➺ Tratamento: · Higiene palpebral e do cílios · Colírio de lágrima artificial · Compressa fria · Orientação e afastamento · Se usar lentes de contato, descartar o par e deixar de usar até melhorar ➺ Em geral o curso da doença é benigno, durando cerca de 1 semana ❤ Conjuntivite Bacteriana ➺ Sintomas · Hiperemia · Prurido · Sensação de corpo estranho · Diferenciais: secreção; irritação; fotofobia ➺ Tratamento · Igual ao da viral · Antibiótico: não há indicação específica, sendo utilizado de acordo com critério médico · CI: corticoide e colírio anestésico (piora o prognóstico) ➺ Prognóstico: mesmo sem antibiótico, em paciente hígido, a recuperação é total ❤ Complicações do Adenovírus Como não consegue-se, de início, identificar se é viral ou bacteriana, orientar a todos os pacientes, que caso aconteça piora do caso, cursando com algum desses sintomas, deve ir ao especialista. • Infiltrados corneanos: causam baixa de visão • Adesão de membrana de fibrina a retina: inchaço, prejudicando a abertura ocular ❤ Conjuntivite alérgica Em geral, ocorre em pacientes com histórico de episódios alérgicos (ex: rinite) ➺ Orientações · Não coçar os olhos: aumenta o número de mastócitos, piorando o caso; pode infeccionar; pode lesionar a corna Obs: a longo prazo, pode desenvolver ceratocone · Uso de compressa fria e lágrima artificial, para alívio · Confirmada a alergia, tratar com colírio antialérgico Sangramentos ❤ Hipsfagma Rompimento de pequenos vasos, com sangue acumulado entre a conjuntiva e a esclera. ➺ Mecanismos: pequenos traumas; aumento súbito da pressão arterial; crise de vômitos; alteração na coagulação sanguínea ➺ Benigno ➺ Orientação: não há tratamento, e deve-se esperar a absorção pelo olho, sendo necessário explicar ao paciente que: ➺ Pode haver mudança de cor ➺ Leva de dias a semanas ❤ Hifema Sangue na câmara anterior, como consequência de trauma ocular contuso com rompimento de vaso da íris ➺ Pode cursar com complicações ➺ Deve ser encaminhado para o especialista, para remoção ➺ Se não tratado: · Pode manchar a córnea · Aumento da pressão Corpo Estranho ❤ Conjuntiva ➺ Se na conjuntiva palpebral: remover · Pingar anestésico, everter a pálpebra com contrapressão, com um cotonete embebido no anestésico local, encoste levemente para retirar. ➺ Se na conjuntiva bulbar ou globo: encaminhar para o especialista, sem manipular ➺ Após manipulação: · Se assintomático, encerrado · Se sintomático, significa lesão ocular, encaminhar para oftalmologista ❤ Corneano Corpo estranho pode causar lesão erosiva na córnea, condições de potencial ameaça à visão e deve ser encaminhado imediatamente para oftalmologista Ceratite “É a inflamação da córnea com alterações que podem ser consequentes de diversas patologias como síndrome o olho seco, trauma, toxicidade, drogas de uso tópico, queimadura ou infecciosas.” ❤ Foto-elétrica ➺ Associado a uso de solda, com perda do epitélio da córnea ➺ Bilateral ➺ Cursa com: dor, fotofobia e hiperemia ➺ Tratamento: · Pomada oftálmica: aplicar na conjuntiva · Curativo oclusivo com gaze micropore por 24h para reepitelização Obs: se for bilateral, realizar nos dois olhos, adaptando a situação do paciente para ficar de repouso ❤ Bacterianas ou fúngicas ➺ Bactérias · Neisseria gonorrhoeae e Haemophilus influenzae; Pseudomonas; Staphylococcus; Streptococcus · Quadro clínico: dor, lacrimejamento, fotofobia, diminuição de visão, edema palpebral, secreção purulenta e hiperemia conjuntival. · Tratamento: antibioticoterapia tópica ➺ Fungos · Fungos filamentosos; Aspergillus; Fusarium; Candida albicans · Quadro clínico: sensação de corpo estranho, fotofobia, diminuição de acuidade visual e secreção. · Achados específicos: são infiltrados estromais com bordas mal definidas e margens hifadas, bordas elevadas, lesões satélites digitiformes, infiltrados imunes em anel, placa endoteliais subjacente à úlcera e pigmentação acastanhada ou acinzentada. · Tratamento: raspado corneal e antifúngicos tópicos Complicação de Lente de Contato As lentes de contato, quando mal adaptada ou usada sem cuidado, podem causar complicações, pois funciona como barreira para passagem de lágrima da interface, atrapalha o fluxo de oxigênio e a circulação ❤ Complicações não infecciosas ➺ Aumento da vascularização na transição córnea esclera ➺ Ceratite pontilhada por edema epitelial por hipóxia, com lesão de epitélio Obs: o paciente sente alívio quando usa a lente, pois ela protege as terminações nervosas. Entretanto, deve-se interromper o uso e realizar o tratamento para epitelização ➺ Reação inflamatória por atrito · Tratamento: cirúrgico ❤ Infecciosas ➺ Infecção por acanthamoeba, é de difícil tratamento, pouco responsiva ao remédio, e pode evoluir até o derretimento da córnea ❤ Orientações ➺ Comprar de acordo com orientação médica ➺ Não usar mais de 8h ➺ Respeitar o prazo de uso imposto pelo fabricante ➺ Não dormir de lente ➺ Ao retirar, higienizar com o material adequado e armazenar em recipiente adequado e limpo ➺ Não usar lentes de contato ao entrar em piscinas, rio, mar e etc Infecções de Pálpebra ❤ Hordéolo Obstrução do sistema de glândulas, sem drenagem da produção, com acúmulo de secreção ➺ Orientação: Compressa morna para dissolução da obstrução ➺ Caso se alastre, ou seja, apresente o mesmo caso na pálpebra oposta, pode indicar infecção cutânea, ocular ou de pálpebra. ❤ Calázio ➺ Cronificação do hórdeolo ➺ Orientação no PS: compressa morna e uso de pomada oftálmica ➺ Tratamento: cirurgia, em caso de afetar a visão ou a estética Conjuntivite Neonatal Síndrome do olho vermelho nos primeiros 30 dias de vida ➺ Nitrato de prata: colírio aplicado no momento do nascimento como profilaxia da conjuntivite gonocócica, podendo causar olho vermelho nas primeiras horas, cursando com secreção aquosa clara ❤ Geral ➺ Após o 2º dia de vida, se o neonato apresentar olho vermelho, deve-se pensar em conjuntivite: · 2 a 5 dias: gonocócica · 5 a 7 dias: Herpes simples · 5 a 19 dias: clámidia ➺ Deve-se acionar a equipe multidisciplinar ➺ Para embasar o tratamento, é necessário uma análise clínica e laboratorial ➺ Se não tratadas, podem evoluir para meningite ou outras infecções sistêmicas ❤ Conjuntivite Gonocócica ➺ Linfadenopatia pré auricular (drenagem da membrana conjuntiva) ➺ Pode evoluir com ceratite e perfuração ➺ Complicações sistêmicas: artrite, pneumonia, meningite e sepse ➺ Transmissão: canal de parto ➺ Tratamento sistêmico e tópico Obs: tratar também Clamídia ❤ Conjuntivite por Clamídia ➺ Secreção mucopurulenta, pseudomembranas tarso nas 3 primeiras semanas de vida ➺ Risco de pneumonite: indicado tratamento sistêmico ➺ Transmissão: canal de parto Uveíte Inflamação do tecido - quebra da barreira hemato ocular que pode ser anterior, intermediária, posterior ou panuveíte (total) ❤ Quadro clínico ➺ Dor ocular ➺ Fotofobia ➺ Hiperemia pericerática ➺ Redução da acuidade visual ➺ Lacrimejamento ❤ Tratamento ➺ Esteroides tópicos ou sistêmica ➺ Investigação etiológica GlaucomaAgudo Reconhecer rapidamente a crise de glaucoma aguda, evita lesões irreversíveis. “Na grande maioria dos casos, a crise aguda é unilateral, e clinicamente o paciente apresenta dor intensa no globo ocular, a qual pode irradiar para a cabeça e/ou para a hemiface acometida, e pode ser acompanhada de náuseas e vômitos.” ❤ Sintomas ➺ Hiperemia ocular ➺ Dor ocular ➺ Baixa acuidade visual ➺ Cefaléia, náuseas e vômitos ➺ Aumento da pressão intra ocular · Se necessário “medir”, pedir ao paciente para sentar e realizar a palpação da pálpebra, unilateral. O olho com a pressão aumentada, tera aumento do tônus ➺ Córnea edemaciada ➺ Pupila em semi midríase fixa ❤ Tratamento ➺ Encaminhamento imediato para o oftalmologista, enquanto aguarda o especialista, deve permanecer em decúbito horizontal dorsal, em quarto escuro ➺ Acetazolamida: inibidor da anidrase carbônica Outras causas ➺ Olho seco: intrínseca; extrínseca; por deficiência aquosa com ou sem Sjogren ➺ Pterígio: crescimento fibrovascular subepitelial em formato triangular que avança sobre a córnea. ➺ Blefarite: inflamação da margem palpebral de origem infecciosa ou não. ➺ Esclerite: inflamação da esclera, potencialmente grave ➺ Episclerite: inflamação escleral circunscrita, segmentar e nodular Resumo Referências Bibliográficas Bowling, B. (2016). Kanski Oftalmologia Clínica (8th ed.). Grupo GEN. BMJ - Olho vermelho. Disponível em: https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/496/aetiology ALVES RM. Nakashima Y. Tanaka T. Clínica Oftalmológica. Hospital Clínicas - FMUSP. 2013. BOWLING B. Kanski’s Clinical Ophthalmology: A Sistematic Approach. Editora Elsevier. 8a edição. 2016. DS, Jacobs. Overview of the red eye. UptoDate, 2020.
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