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SISTEMA FINANCEIRO DIGITAL AULA 6 Profª Pollyanna Gondin CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos de temáticas tão relevantes quanto as já abordadas até o momento. Ao longo de nossas aulas, você percebeu que uma nova dinâmica foi possibilitada com a revolução tecnológica que se iniciou com a terceira revolução industrial, também conhecida como revolução da informação. Importante mencionar ainda que a crise de 2008 corroborou para o nascimento de uma nova dinâmica financeira internacional baseada nas inovações tecnológicas. Dito isso, nesta aula, finalizaremos nossos estudos com algumas reflexões, uma vez que toda essa nova dinâmica financeira internacional ainda está em transição. Assim, num primeiro momento, nos dedicaremos à análise do mercado Forex, considerado o de maior liquidez internacional. Esse mercado se ascendeu ainda na década de 1970, mas contribui de modo significativo à atual dinâmica financeira. Em um segundo momento, a atenção voltar-se-á para as exchanges, analisando o que são e qual sua utilidade para o mercado das criptomoedas. Na sequência, voltaremos nossa atenção à regulação das criptomoedas no mercado nacional. A esse respeito, é necessário ressaltar que já falamos sobre regulação, mas o foco agora é o mercado brasileiro. No quarto tema desta aula, trataremos da nova configuração do sistema financeiro, instituída com a revolução digital. Por fim, mas não menos importante, proponho uma reflexão: toda a revolução financeira que dá base ao nascimento e aprimoramento de uma nova ordem financeira internacional levará à extinção dos bancos físicos? CONTEXTUALIZANDO Relatório sobre o mercado brasileiro de criptomoedas em 2018 O ano de 2018 não foi como muitos investidores esperavam. O mercado de criptomoedas entrou em uma tendência de baixa, após atingir uma capitalização total (market cap) de mais de US$830bi em janeiro de 2018. Doze meses depois, o market cap total caiu para cerca de US$130bi, impactando negócios no setor e, é claro, o mercado brasileiro. Para verificar melhor o impacto disso no mercado nacional, analisei os números de 28 exchanges do Brasil e compilei os resultados neste artigo, onde irei evidenciar curiosidades e tendências do mercado brasileiro de criptomoedas em 2018. Como eu, aposto que o leitor poderá se surpreender com as respostas para algumas destas perguntas: Quantos trades os brasileiros fizeram no último ano? Qual foi a exchange brasileira com maior fatia do mercado (market share)? Quantas novas exchanges surgiram nos últimos meses? Continue a leitura em: <https://livecoins.com.br/relatorio-sobre-o- mercado-brasileiro-de-criptomoedas-em-2018/>. 2 3 TEMA 1 – FOREX: O QUE É E COMO FUNCIONA Nas aulas anteriores, estudamos sobre a evolução do mercado financeiro e suas recentes inovações. A partir desse momento, trataremos de algumas especificidades e finalizaremos com questionamentos acerca da funcionalidade dos bancos tradicionais. Vamos então iniciar nossa análise com o Forex. Bem, você já ouviu falar dessa terminologia? Se não... vamos lá! Primeiramente, é importante mencionar que Forex é o acrônimo de “Foreign Exchange Market”. Forex é considerada uma operação que envolve a compra de uma moeda e a venda simultânea de outra, isto é, as moedas são negociadas em pares, de modo que o investidor não compra uma moeda fisicamente, mas, sim, uma relação monetária de troca entre duas moedas (Seabra, s.d.). Segundo o autor, a operação Forex é liquidada apenas pela diferença entre as valorizações de diferentes moedas. Desse modo, o investidor não precisa ter disponível todo o montante de recursos envolvidos na operação. É considerado o maior mercado financeiro do mundo e foi criado em 1977. Além disso, não possui uma localização física e tampouco uma bolsa que centralize suas operações (Campos, 2010). Deve-se também levar em consideração que o investidor desse mercado pode investir com a cotação disponível (market order) ou numa cotação futura mais atrativa do que a atual. Você sabe quais são as características do Forex? De acordo com o site Avatrade (s.d.), são três as características principais: liquidez, dinamismo e horário 24/5. Em relação à liquidez, é o mercado mais líquido do mundo, pois movimenta diariamente em torno de cinco bilhões de dólares. Além disso, o Forex é considerado dinâmico e descentralizado, ou seja, qualquer investidor pode realizar investimentos de qualquer parte do mundo. Por último, deve-se considerar que esse mercado está aberto 24 horas por dia, durante os cinco dias úteis da semana. A Figura 1 apresenta os principais agentes que compõem o mercado Forex. Os bancos centrais são as autoridades principais e regulam a oferta e demanda de moeda na economia. Os bancos comerciais convertem a moeda estrangeira em função das necessidades dos clientes. As instituições financeiras visam melhores oportunidades de investimento para seus clientes. Os fundos de Hedge “procuram oportunidade de rendibilização dos seus investimentos no Mercado Forex por via da utilização de estratégias agressivas, dando um 4 importante contributo para a dinâmica deste mercado” (Campos, 2010, p. 13). As sociedades podem converter moedas estrangeiras por meio do mercado Forex e se proteger de oscilações futuras. E os agentes particulares se utilizam do Forex para tirar proveito da especulação sobre a cotação das divisas. Figura 1 – Principais agentes do mercado Forex Fonte: Forex, s.d. Apesar de ser utilizado há muito tempo, esse mercado é de grande relevância e inspirou o surgimento de um novo instrumento: opções binárias. As opções binárias usam algumas das características do mercado Forex. Assim, são um instrumento financeiro que permite aos agentes envolvidos realizar previsões sobre o preço de determinado ativo. A ideia, na prática, é dizer se uma ação vai subir ou cair. Desse modo, abre-se uma conta numa corretora financeira, escolhe-se o ativo e a direção (aposta se irá subir ou descer). Em seguida, coloca-se o valor da aposta e o tempo de duração. TEMA 2 – PRINCIPAIS EXCHANGES BRASILEIRAS Vamos avançar um pouco mais em nossos estudos? Já introduzimos a temática em relação ao Forex, mas agora vamos nos aprofundar um pouco mais e nos dedicar ao estudo das principais exchanges brasileiras. Você já ouviu falar em exchange? Se não, iniciaremos esta seção conceituando exchange, para que na sequência possamos falar sobre as exchanges brasileiras. Você já deve ter ouvido falar que as pessoas compram, vendem ou trocam criptomoedas. Mas onde elas fazem isso? Existe um local específico? Ou 5 melhor, existe uma plataforma para realizar essas movimentações? Se você disse que sim, acertou! Essas plataformas são conhecidas como exchanges. Desse modo, de acordo com Mercado Bitcoin (2018), exchanges são plataformas digitais em que se realizam movimentações de compra, venda ou troca das criptomoedas. Assim, as exchanges conectam pessoas que têm como objetivo vender e comprar criptoativos, de modo a assegurar que cada agente receba o que foi acordado de forma segura e prática. Existem pessoas que fazem uma analogia entre as corretoras do mercado financeiro e as exchanges. Entretanto, é importante salientar que existem algumas semelhanças, mas também algumas diferenças. As plataformas digitais para negociar criptoativos também costumam cobrar taxas e organizar as negociações em livros abertos. Apesar disso, exchanges não são intermediários obrigatórios, são apenas facilitadores, uma vez que “minerar” sua própria criptomoeda não é um trabalho simples (Mercado Bitcoin, 2018). Segundo Souza (s.d.), uma exchange, além de possibilitar a compra e venda de criptomoedas, permite que sejam realizadas orientações aos usuários em relação às transações que envolvem esses criptoativos. Além disso, conforme a autora,essas plataformas digitais não estipulam preço de compra e venda para os ativos. Assim, nas exchanges, cada pessoa registra por quanto quer comprar e vender determinada criptomoeda, e, quando os valores de compra e venda se encaixam, a plataforma fecha o negócio mediante o pagamento de uma comissão pelo serviço prestado pela plataforma digital. Souza (s.d.) afirma ainda que existem alguns aspectos que devem ser levados em consideração para escolher uma exchange: a forma de pagamento utilizada – cartão de crédito, Paypal ou transferência bancária; taxas de câmbio cobradas pela exchange para efetivar a transação; e a segurança, que diz respeito ao sistema de criptografia utilizado pela plataforma digital. Existem muitas exchanges para se escolher? Sim, conforme o tempo passa, mais o mercado de criptoativos se consolida e dá margem para o surgimento de novas exchanges. De acordo com InfoMoney (2018), o Brasil é o quinto país do mundo em volume de negociações diárias de bitcoin. Por outro lado, as corretoras de criptomoedas do país também estão no topo do ranking no que se refere às taxas de negociação praticadas no mercado internacional. A esse respeito, o site InfoMoney (2018, s.p.) afirma que “considerando o ciclo completo de investimento em criptomoedas, ou seja, taxa de depósito, taxas 6 de negociação de compra e venda e taxa de saque, a variação do custo efetivo total vai de 1,2% a 6,5% entre as principais Exchanges brasileiras”. Sobre o mercado brasileiro de criptomoedas, Honorato (2018) afirma que movimenta apenas 1,1% do volume de bitcoin mundial. Entretanto, existe um mercado para os criptoativos no país que se consolida cada vez mais. O autor afirma ainda que as principais exchanges brasileiras são: Foxbit, BitcoinTrade, Mercadobitcoin, Braziliex, Walltime e Bitcointoyou. Contudo, apesar de serem as principais plataformas digitais para transacionar criptoativos no Brasil, surgiram novas exchanges que movimentam um volume diário significativo, entre as quais podemos citar: 3xBit, Coinext, Noxbitcoin, BitPreço, BitBlue e FlowBTC. Honorato (2018) apresenta uma tabela comparativa com as principais taxas dessas corretoras. Tabela 1 – Taxas de algumas exchanges Fonte: Honorato, 2018. A seguir é apresentado um gráfico com o marketshare das exchanges brasileiras. Nesse infográfico, é possível perceber que a Fobit foi a maior exchange em 2018, em termos de volume de bitcoin negociado em reais. 7 Gráfico 1 – Marketshare das exchanges brasileiras Fonte: Gusson, 2019. A tendência é que este mercado cresça cada vez mais com os anos e, assim, com o surgimento de novas exchanges, possivelmente haverá uma nova configuração e ranking dessas plataformas digitais no mercado brasileiro. TEMA 3 – BRASIL E A REGULAÇÃO DAS CRIPTOMOEDAS Até o momento, falamos sobre o Forex e sobre as exchanges. A partir deste tema, voltaremos nossa atenção para a regulação das criptomoedas no mercado brasileiro. Silva (2017) afirma que as criptomoedas impõem desafios aos órgãos reguladores, tanto em âmbito nacional quanto internacional. A esse respeito, o autor coloca o seguinte questionamento: “como é que se pode lidar de maneira eficiente com um sistema autogerido que emite unidades de valor de maneira independente atuando, ao mesmo tempo, como um meio de pagamento e um meio de custódia?” (Silva, 2017, p. 55). Como a emissão e uso das criptomoedas não dependem de nenhum tipo de Estado ou instituição intermediária, os agentes que aderem ao sistema realizam transações e emissão de moedas de maneira independente de qualquer tipo de tutela ou legislação estatal. Entretanto, como esse sistema não pode ser combatido, é necessário que se pense em algum tipo de legislação, para que, assim, o Estado continue desempenhando seu papel de agente protetor da ordem econômica (Silva, 2017). 8 O artigo 174 da Constituição Federal afirma que o Estado exercerá, na forma de lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento enquanto agente normativo e regulador da atividade econômica. É importante salientar, no entanto, que atualmente, no Brasil, as criptomoedas e as exchanges não são regularizadas, mas são legais. O assunto vem sendo discutido pela autoridade monetária, mas ela se posiciona de forma contrária aos criptoativos (Lima, 2018). Assim, fala-se em futura regulação das criptomoedas, mas, de fato, esse mercado ainda não é regulado. Silva (2017, p. 64) afirma que a atividade regulatória pode ser exercida de quatro maneiras diferentes: I. Por direção (imposição de normas de cumprimento obrigatório pelos agentes econômicos); II. Por absorção (atuação direta do mercado na atividade econômica por meio de monopólio estatal); III. Por participação (atuação direta do Estado no mercado, como agente econômico); IV. Por indução (imposição de normas de cumprimento não obrigatório que estimulam ou desestimulam ações tomadas pelos agentes econômicos). Assim, a regulação do mercado brasileiro das criptomoedas deve buscar a diminuição das externalidades que são criadas pelas ações do mercado e, também, a diminuição dos efeitos sobre o mercado propriamente dito. Ainda há um longo caminho pela frente, entretanto, deve-se considerar que existem inúmeros argumentos contrários às criptomoedas utilizados pelos reguladores para limitar a sua utilização. Entre esses argumentos, Lima (2018) cita que: as criptomoedas não são emitidas e nem garantidas por nenhuma autoridade monetária. A esse respeito, deve-se levantar a seguinte questão: ao mesmo tempo que isso pode ser um ponto negativo, pode se tornar algo positivo. Outra questão levantada é que há pouca transparência, o que abre margem para a realização de atividades ilícitas. E a terceira é que não há garantia de conversão em moedas soberanas e não são lastreadas em ativos reais. TEMA 4 – NOVA CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO COM A REVOLUÇÃO DIGITAL Agora que já falamos sobre Forex, exchanges e a regulação das criptomoedas no mercado brasileiro, podemos avançar e analisar o estabelecimento de uma nova configuração do sistema financeiro com a revolução digital. É certo que a crise de 2008 e as inovações tecnológicas 9 impulsionaram o estabelecimento de uma nova dinâmica mundial, que impactou sobremaneira o mercado financeiro. De modo geral, após a crise de 2008, o que se protagonizou foi uma fuga ao controle por parte das atividades bancárias e, ao mesmo tempo, uma perda do controle por parte dos bancos centrais. Mas o que isso significa? Que os bancos centrais e os bancos comerciais perderam importância? Não, de modo algum, até porque o banco central de um país possui inúmeras funções e desempenha papel relevante em âmbito nacional e internacional. O que podemos de fato afirmar é que o sistema financeiro passou a ser permeado por inovações que possibilitaram a emergência de atividades financeiras “paralelas” ou fora dos padrões iniciais. Assim, a ascensão dessas atividades corroborou com a queda da eficácia e da eficiência da política monetária convencional, concebida ainda na era industrial (McMillan, 2014). O acelerado crescimento do uso de dispositivos móveis, smartphones, as mídias sociais e a capacidade de extrair informações de grandes quantidades de dados não estruturados contribuíram e têm contribuído para a modificação do padrão de transações e de relacionamento bancário. Esse novo padrão estimula a formação de uma nova gestão, o aumento do risco dos bancos, suscita grandes desafios ao setor de regulação e, ao mesmo tempo, exige que o sistema financeiro se adapte em tempo recorde. Assim, além de melhorar os serviços já existentes, novos produtos e serviços passaram a ser oferecidos aos clientes. Ao longo de nossa disciplina, nos dedicamos ao estudo de algumas inovações, como a tecnologia blockchain, as criptomoedas e atémesmo a emergência das fintechs. Mas o que há de novo para além dessas questões? Em termos de sistema financeiro, é possível citar serviços como o internet banking e o mobile banking, que permitem a utilização dos serviços bancários pela internet. A esse respeito, segundo Finnet (s.d.), em 2016, 76% dos brasileiros utilizavam serviços financeiros pela internet. Atualmente, difundiu-se a utilização dos aplicativos bancários, sendo que muitas das operações realizadas, como pagamentos e transferências, são feitas pelo próprio app. É importante mencionar ainda a utilização da inteligência artificial no sistema financeiro. Os chatbots ou robôs prestam atendimento online para clientes nos sites das empresas. Esse serviço se popularizou e se tornou relevante para a resolução de dúvidas simples (Finnet, s.d.). Assim, é possível considerar que a inteligência artificial, juntamente de tecnologias como o 10 blockchain, tem promovido uma mudança no sistema financeiro, capaz de reduzir custos operacionais. A revolução digital também permitiu a automação de processos, minimizando a realização de tarefas burocráticas manualmente e permitindo uma queda nos custos e na possibilidade de erros. TEMA 5 – REVOLUÇÃO FINANCEIRA: SERÁ O FIM DOS BANCOS? Neste momento, podemos avançar e fazer uma reflexão sobre o que estudamos ao longo de toda a disciplina. A ideia é que consigamos fazer uma análise crítica, e a partir dos elementos apresentados possamos refletir sobre o seguinte questionamento: será o fim dos bancos físicos tradicionais? Muito já ouvimos falar e discutimos sobre as inovações e seus impactos no sistema financeiro. Pois bem, proponho agora uma reflexão final. Com todas as inovações que emergiram, é possível que os bancos físicos não se tornem mais úteis e findem sua existência? Ou deverão apenas se adaptar ao novo cenário econômico e financeiro? Anteriormente, já falamos sobre as fintechs, mostrando que a ausência de uma estrutura física corrobora para que sejam fornecidos serviços financeiros com taxas inferiores às cobradas pelos bancos tradicionais, de modo que cada vez mais essas empresas atraiam clientes. As fintechs já se mostraram capazes tanto de realizar operações tradicionalmente feitas por bancos e agentes financeiros como de responder à demanda dos clientes por um atendimento mais rápido, barato e de melhor qualidade. O cliente ganha pela ampliação na oferta (já que não fica preso à prestação de serviços apenas pelo banco do qual é correntista) e pela prestação de serviços mais personalizados – as fintechs são campeãs no uso de big data, o que as possibilita entender e antever as reais necessidades de seus clientes (Santos, 2016, s.p.). Desse modo, essas empresas têm crescido de forma significativa, sendo considerável a evolução do investimento no setor, conforme dados do Gráfico 2. 11 Gráfico 2 – Evolução dos investimentos em fintechs Fonte: KPMG, 2019. Santos (2016) afirma que a utilização de tecnologia por parte das fintechs é algo que as instituições financeiras tradicionais já poderiam ter começado a fazer há algum tempo. É necessário reconhecer que o setor financeiro avançou na utilização de recursos tecnológicos para satisfazer as demandas de seus clientes. Entretanto, os bancos tradicionais estão “engatinhando” na utilização das tecnologias disponíveis em comparação às fintechs (Santos, 2016). Apesar disso, seria possível pensar em uma lógica de atuação do sistema financeiro sem os bancos? A esse respeito, Santos (2016, s.p.) afirma que Apesar da crescente confiança em aplicativos para realizações de operações pontuais ou diárias de baixo porte, ainda é difícil imaginar clientes depositando milhares de reais em startups. A questão que fica é: os bancos conseguirão se manter como bastiões dos recursos, ou apenas como uma infraestrutura sobre a qual as fintechs atuarão? Também é possível que as fintechs acompanhem a tendência do setor de tecnologia, com a emergência de uma plataforma que domine o mercado financeiro digital (como é o caso da Google, Facebook, Amazon e Uber nos demais setores) e que passe a oferecer uma cartela de serviços, num modelo quase-banco (ou de banco digital). O difícil é prever se isso decorrerá do surgimento de um novo player no mercado ou de algum movimento de consolidação entre as empresas já existentes. É difícil pensar em uma lógica financeira sem a atuação dos bancos tradicionais – tradicionais como sinônimo de já existentes e atuantes no mercado frente a uma lógica dos bancos digitais que emergiram no cenário financeiro mundial. No entanto, o que se pode afirmar é que os bancos, para se manterem no mercado, irão precisar cada vez mais se adaptar, oferecendo serviços mais acessíveis economicamente e com menor burocracia. 12 Isso porque os bancos digitais vêm avançando sua frente de atuação. Fintechs que iniciaram sua atuação oferecendo apenas serviços com meios de pagamento agora oferecem serviços de crédito pessoal, como o Nubank (Dyniewicz, 2019). Entretanto, segundo a autora, analistas do setor de fintech já afirmam que não haverá espaço no mercado para todos, de modo que oferecer um amplo leque de produtos será primordial para a sustentação no mercado. Assim, de modo geral, pode-se considerar que uma nova lógica financeira está se configurando com a emergência dos bancos digitais, de modo que os bancos “tradicionais” terão de se adaptar e oferecer serviços mais acessíveis, isto é, com menores custos e mais tecnológicos, para se adaptar às diferentes necessidades da população e ao uso intensivo das novas tecnologias. TROCANDO IDEIAS Neste momento, podemos avançar e fazer uma reflexão sobre o que estudamos ao longo de nossa aula. Assim, convido você a ler sobre o processo de regulação do mercado de criptomoedas no Brasil e a refletir sobre as vantagens, desvantagens e possíveis impactos dessa regulação. Leitura complementar “CCT vai debater regulação do mercado de criptomoedas no Brasil”: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/10/cct-vai-debater- regulacao-do-mercado-de-criptomoedas-no-brasil>. Vídeo Assista ao vídeo e saiba mais sobre a regulação das moedas virtuais: <https://www.youtube.com/watch?v=4hCQjR2QMrk>. NA PRÁTICA É hora de pôr as “mãos à obra”! Proponho, então, uma reflexão acerca da atuação dos bancos tradicionais. Você acredita que esses bancos irão sumir ou deverão apenas se adaptar à nova lógica implementada com as inovações financeiras? Para essa reflexão, proponho a leitura dos artigos disponíveis nos seguintes links: <https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/banco-lanca- plataforma-e-commerce-troca-criptomoedas-por-produtos/>; <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/02/corretoras- criptomoedas-brigam-com-bancos-no-cade.htm>; 13 <https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/maior-banco-americano-lanca- moeda-digital-propria-para-transacoes-entre-clientes-23453070>. FINALIZANDO Ao longo de nossas aulas percebemos que uma nova dinâmica foi possibilitada com a revolução tecnológica iniciada após a terceira revolução industrial. Para fechar este estudo, nesta aula, finalizamos nossa análise com algumas reflexões. Primeiramente, nos dedicamos à análise do mercado Forex, o mercado de câmbio de maior liquidez internacional. Em um segundo momento, a atenção voltou-se para as exchanges, analisando o que são essas plataformas e qual sua utilidade para o mercado das criptomoedas. No terceiro tema, abordamos a regulação das criptomoedas e o papel desempenhado por elas no mercado brasileiro. Na sequência, conhecemos a nova configuração do sistema financeiro instituída com a revolução digital. Por fim, refletimos sobre a revolução financeira e o nascimento e aprimoramento de uma nova ordem financeira internacional. Assim, depois de nossos estudos, épossível considerar que chegamos ao fim da nossa jornada nesta disciplina. Mas ficamos por aqui? Não! Isso foi só o começo! A ideia foi despertar o senso crítico e a curiosidade para que você possa trilhar seu caminho buscando conhecer um pouco mais sobre como uma mudança na esfera digital pode provocar alterações significativas e até mesmo a emergência de um novo paradigma em termos mundiais. Nesta disciplina, tratamos especificamente das mudanças ocorridas no sistema financeiro, mas poderíamos trazer esta reflexão para todos os setores, como o industrial, que sofreu grande impacto com as mudanças propiciadas pelo avanço da tecnologia. 14 REFERÊNCIAS CAMPOS, P. J. F. Abordagem Comportamental e Investimento Racional no Mercado Cambial: o caso do mercado Forex. Dissertação (Mestrado em Contabilidade e Finanças) –Instituto Superior Politécnico do Porto, Porto, 2010. Disponível em: <https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/308/1/Tese%20Mestrado%20- %20Paulo%20Campos%20-%20Vers%c3%a3o%20Entregue.pdf>. Acesso em: 5 set. 2019. COMPARATIVO de taxas entre as principais exchanges brasileiras. InfoMoney, 2018. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/negocios/noticias- corporativas/noticia/7494439/comparativo-taxas-entre-principais-exchanges- brasileiras>. Acesso em: 5 set. 2019. DYNIEWICZ, L. Revolução digital muda a cara dos bancos. Estado de S. Paulo, 2019. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,revolucao-digital-muda-a-cara- dos-bancos,70002920888>. Acesso em: 5 set. 2019. EXCHANGE de criptomoedas: o que é e como escolher?. Mercado Bitcoin, 2018. Disponível em: <https://blog.mercadobitcoin.com.br/exchange-de- criptomoedas-o-que-%C3%A9-e-como-escolher-f06d8c41e0b7>. Acesso em: 5 set. 2019. GUSSON, C. Relatório aponta que exchanges brasileiras negociaram r$6,9 bilhões em bitcoin durante 2018. CriptoFácil, 2019. Disponível em: <https://www.criptofacil.com/relatorio-aponta-que-exchanges-brasileiras- negociaram-r69-bilhoes-em-bitcoin-durante-2018/>. Acesso em: 5 set. 2019. LIMA, J. R. P. Criptomoedas: regulação e oportunidades. Monografia de Conclusão de Curso, Pontifícia Universidade Católica, 2018. Disponível em: <www.econ.puc- rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Joao_Romulo_Pereira_Lima.pdf>. Acesso em: 5 set. 2019. MCMILLAN, J. O fim dos bancos – moeda, crédito e a revolução digital. 1. ed. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014. 15 O QUE É O FOREX? Avatrade. Disponível em: <https://www.avatradeportuguese.com/forex/what-is-forex>. Acesso em: 5 set. 2019. SANTOS, V. O fim dos bancos?. Economia de Serviços, 2016. Disponível em: <https://economiadeservicos.com/2016/06/30/o-fim-dos-bancos/> Acesso em: 5 set. 2019. SEABRA, R. Como funciona o FOREX. Quero Ficar Rico. Disponível em: <https://queroficarrico.com/blog/como-funciona-o-forex/#disqus_thread>. Acesso em: 5 set. 2019. SERVIÇOS financeiro: a revolução digital chegou. Finnet. Disponível em: <https://finnet.com.br/servicos-financeiros-a-revolucao-digital-chegou/>. Acesso em: 5 set. 2019. SILVA, L. G. D. A regulação do uso de criptomoedas no Brasil. Dissertação (Mestrado em Direito Político e econômico) – Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2017. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/3358>. Acesso em: 5 set. 2019. SOUZA, S. Exchanges de bitcoin: saiba como elas funcionam. 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