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Competências do Poder Legislativo em matéria de relações internacionais

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Competências do Poder Legislativo em matéria de relações internacionais 
O bicameralismo do Poder Legislativo brasileiro permite identificar três competências distintas 
exercidas pelo Parlamento em matéria de relações internacionais: 
1. Competências privativas da Câmara dos Deputados: são aquelas em que essa Casa 
Legislativa atua isoladamente. Previstas no rol do art.51 da CF/88, as competências 
privativas da Câmara dos Deputados não tratam de temas relacionados ao universo das 
relações internacionais. A Câmara não faz nada isoladamente em matéria de relações 
internacionais, ou seja, não tem competência privativa no que diz respeito às relações 
exteriores. 
2. Competências privativas do Senado Federal: são aquelas em que essa Casa Legislativa 
atua isoladamente; estão previstas no rol do art.52 da CF/88. Em matéria de relações 
internacionais, o Senado Federal tem duas competências privativas: 
a) Art.52,IV,CF/88: aprovar previamente, em sessão secreta, após arguição secreta, a 
escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
b) Art.52,V,CF/88: autorizar operações externas de natureza financeira de interesse 
da União, Estados, DF, Municípios e territórios. 
3. Competências do Congresso Nacional: as competências do Congresso Nacional 
constam no rol do art.49 da CF/88 e correspondem às competências que exigem a 
atuação em conjunto da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Com exceção das 
duas competências privativas do Senado Federal, todas as demais competências do 
Poder Legislativo em matéria de relações exteriores são desempenhados pelo 
Congresso Nacional. As competências exclusivas do Congresso Nacional no campo das 
relações exteriores podem ser sistematizadas da seguinte forma: 
a) Art.49,I; e art.84,VIII: competência para resolver definitivamente ou referendar 
tratados, acordos e atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos 
gravosos ao patrimônio nacional (ônus econômico e/ou jurídico). 
b) Art.49,II; e art.84,XIX: competência pra autorizar ou referendar a declaração de 
guerra por parte do Presidente da República. 
OBS: o referendo é uma apreciação por parte do Congresso Nacional após a prática 
do ato controlado. No caso de declaração de guerra, o Congresso deverá referendar 
esse ato presidencial caso a declaração de guerra aconteça durante o recesso 
parlamentar (intervalo das sessões legislativas). 
c) Art.49,II; e art.84,XX: competência para autorizar ou referendar a celebração de paz 
por parte do Presidente da República. 
d) Art.49,II; e art.84, XXII: competência para permitir que forças estrangeiras 
ingressem ou permaneçam no território nacional, ressalvados os casos previstos em 
lei complementar. O art.84,XXII da CF/88 prevê que lei complementar irá fixar as 
hipóteses em que o ingresso e a permanência de forças estrangeiras no território 
nacional dependem de autorização apenas do Presidente da República. 
e) Art.49,III; e art.83: competência para autorizar viagens ao exterior do Presidente e 
do Vice-presidente da República por período superior a 15 dias, sob pena de perda 
do cargo. 
 
OBS:Atuação de deputados federais e senadores como chefes de missão diplomática (art.56,I) 
Com base na interpretação do art.56, I, CF/88, pôde-se vislumbrar dois quadros distintos em que 
parlamentares (deputados federais ou senadores) atuam na condição de chefes de missão 
diplomática: 
✓ Chefes de missão diplomática temporária: o parlamentar não perderá o mandato (ex: 
missão humanitária de socorro às vitimas de uma catástrofe no exterior) 
✓ Chefes de missão diplomática permanente: o parlamentar perderá o mandato (ex;: 
embaixador)

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