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Processos estruturais que organizam a Administração Pública brasileira Há dois processos estruturais diferentes responsáveis por organizar a Administração Pública brasileira; um deles cuida da administração pública direta e o outro é encarregado de organizar a administração pública indireta. Trata-se dos seguintes processos estruturais: a) Desconcentração: cuida de organizar a Administração Pública Direta. Desconcentrar significa criar órgãos públicos. Os órgãos públicos são as unidades administrativas criadas pela União, Estados, DF e Municípios com o objetivo de viabilizar a prestação de serviços públicos e a exploração de atividade econômica por parte dos próprios entes federados (ex: ministérios, secretarias, embaixadas, etc). Os órgãos públicos são desprovidos de personalidade jurídica própria, logo, a título ilustrativo, se um determinado ato é praticado pelo MRE, caberá a União responder pela prática desse ato administrativo. Em outras palavras, em razão desses órgãos serem desprovidos de personalidade jurídica própria, o ente federado que criou o órgão público responde pela atuação do referido órgão público. Importante: a criação e extinção de órgão público exigem edição de lei. Admite-se, entretanto, o emprego de medida provisória (que tem forca de lei) para criar ou extinguir órgão publico. Em nenhuma hipótese órgão público poderá ser criado ou extinto por meio de decreto. O art.84,VI,”a”,CF/88 prevê o emprego de decreto apenas para organizar a Administração Pública, desde que não ocorra aumento de despesa pública nem ocorra a criação ou extinção de órgão público. Ex: pôde-se empregar decreto para transferir competência de um Ministério para outro Ministério do governo federal. A Administração Pública direta é totalmente hierarquizada, de modo que existem órgãos superiores (ex: Presidência da República) e órgãos subalternos (ex: MRE, Embaixadas, etc). Essa característica da Administração Pública Direta permite identificar a possibilidade de controle hierárquico realizado pelo órgão superior em relação aos órgãos subalternos ou inferiores. Tal controle ocorre, via de regra, mediante a interposição de recurso hierárquico, o que permite ao órgão hierarquicamente superior rever as decisões tomadas pelos órgãos subalternos. OBS: a hierarquia existente entre os órgãos que formam a Administração Pública Direta explica o motivo pelo qual os agentes públicos são obrigados a cumprir as ordens emanadas de autoridades hierarquicamente superiores, exceto se tais ordens forem manifestamente ilegais. b) Descentralização: cuida de organizar a Administração Pública Indireta. Descentralizar é criar entidades administrativas. As entidades administrativas são dotadas de personalidade jurídica própria, o que significa que essas entidades que compõem a Administração Pública Indireta não se confundem com os entes federados que as criaram. Na prática, a União, Estados, DF e Municípios poderão criar entidades administrativas e delegar a essas pessoas jurídicas a responsabilidade para prestar serviços públicos ou para explorar atividade econômica. Em outras palavras, as entidades da Administração Pública Indireta, em virtude de terem personalidade jurídica própria, atuam na prestação de serviços ou na exploração econômica de atividade econômica por sua conta e risco. Esse dado confere maior autonomia para que a entidade administrativa exerça suas finalidades institucionais. Existem dois tipos diferentes de entidades da Administração Indireta, a saber: 1. Entidades administrativas dotadas de personalidade jurídica de direito público: são as autarquias e as fundações públicas. Essas entidades que têm personalidade jurídica de direito público atuam na prestação de serviços públicos e não tem como escopo obter lucro. A finalidade institucional dessas entidades é atender a população. Ex: IBAMA, Banco Central, INSS, FUNAG. A criação de entidades administrativas dotadas de personalidade jurídica de direito público ocorre por meio da edição de lei. As autarquias e fundações de direito público adquirem personalidade jurídica a partir da publicação da lei que as instituiu. Não se exige nenhum regime constitutivo em órgãos públicos (ex: cartoriais, junta comercial etc). A extinção dessas entidades exige lei. 2. Entidades administrativas dotadas de personalidade jurídica de direito privado: correspondem às empresas públicas e às sociedades de economia mista. A finalidade institucional das entidades administrativas que tem personalidade jurídica de direito privado é atuar na exploração de atividade econômica com o intuito de obter lucros. As entidades administrativas de direito privado, em regra, atuam em regime concorrencial com empresas privadas. Ex: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Petrobras. As entidades da administração indireta que tem personalidade jurídica de direito privado são criadas por meio de um processo que tem duas fases distintas: (I) Autorização em lei (II) Registro no órgão competente (ex: junta comercial, comissão de valores mobiliários) OBS: as empresas públicas e as sociedades de economia mista – entidades administrativas de direito privado – NÃO SÃO CRIADAS POR LEI. A lei apenas autoriza a criação dessas entidades, mas a criação efetiva exige registro no órgão competente. A dissolução ou extinção das entidades administrativas da Administração Indireta que tem personalidade jurídica de direito privado requer autorização em lei e a liquidação junto aos órgãos competentes. Uma vez que as entidades que integram a administração pública indireta possuem personalidade jurídica própria, não há hierarquia entre o ente federado que instituiu a entidade administrativa e a entidade criada. Logo, não é possível realizar o controle hierárquico das entidades da Administração Pública Indireta, o que impede, por exemplo, a apresentação de recurso hierárquico ao Presidente da República para questionar um ato praticado por uma autarquia federal. Embora não exista controle hierárquico do ente federado instituidor em relação as entidades da Administração Pública Indireta que foram criadas, é possível identificar uma outra especie de controle entre essas duas categorias de pessoas jurídicas. A doutrina denomina esse controle que os entes federados podem realizar em relação as entidades da Administração Pública Indireta de supervisão ministerial, tutela administrativa ou controle finalístico. O controle de supervisão ministerial, tutela administrativa ou controle finalístico é realizado por meio da substituição das autoridades que possuem os cargos de presidência, diretoria ou chefia das entidades que compõem a Administração Indireta. Ex: a Petrobras é uma sociedade de economia mista da União. Sua finalidade institucional é cuidar da prospecção de petróleo e do beneficiamento desse produto, transformando-o em combustíveis. A política de preços dos combustíveis comercializa dos pela Petrobras é fixada pela própria Petrobras, e não pelo Presidente da República e nem pelo Ministro das Minas e Energia. A única possibilidade de controlar a atuação da Petrobras é na hipótese de o Presidente da República decidir substituir o presidente dessa sociedade de economia mista.
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