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DÍSTURBIOS HIPERTENSIVOS DA GESTAÇÃO Primeira causa de mortes maternas no Brasil e a segunda no mundo. • As principais complicações que desencadeiam as mortes maternas por distúrbios hipertensivos são aquelas presentes na pré-eclâmpsia: insuficiência renal, AVC, IC, EAP, coagulopatia e insuficiência hepática. • As complicações fetais e neonatais devem-se, principalmente, à insuficiência placentária e à frequente necessidade de antecipação prematura do parto, resultando em elevadas taxas de morbimortalidade perinatal. Principais causas de morte materna no Brasil: • 1ª: distúrbios hipertensivos da gestação; • 2ª: hemorragia pós-parto; e • 3ª: infecção puerperal. CLASSIFICAÇÃO Os distúrbios hipertensivos da gestação englobam: • Doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), que pode manifestar-se de diferentes formas (hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, síndrome HELLP, eclâmpsia e pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica); e • Hipertensão arterial crônica (HAC) • Síndrome do avental branco: presença de hipertensão arterial durante as consultas pré- natais em consultório, que não se mantém em avaliações domiciliares Essa classificação não é estanque e a gestante pode oscilar entre um diagnóstico e outro, com a progressão ou involução da doença PA: pressão arterial, PAS: pressão arterial sistólica, PAD: pressão arterial diastólica, HA: hipertensão arterial, EAP: edema agudo de pulmão; PRES: síndrome de encefalopatia posterior reversível DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO (DHEG) A DHEG engloba as doenças hipertensivas que ocorrem apenas na gestação e no puerpério: hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia (PE), eclâmpsia, síndrome HELLP e pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica. • Essas patologias têm, em comum, o aumento dos níveis pressóricos a partir de 20 semanas de gestação, que desaparece depois de 12 semanas após o parto FATORES DE RISCO • Nuliparidade e primipaternidade • Idade materna avançada • Nível socioeconômico desfavorável • História prévia de pré-eclâmpsia • História familiar de pré-eclâmpsia • Diabetes gestacional • Hipertensão arterial crônica • Lúpus eritematoso sistêmico • IMC >30 • Doença crônica renal • Gestação múltipla • Doença trofoblástica gestacional • Trombofilia • Síndrome do anticorpo antifosfolípide • Gestação de reprodução assistida • Apneia obstrutiva do sono A maioria dos casos (75%) ocorre em nulíparas. Nas gestações múltiplas, a DHEG tende a aparecer em idades gestacionais mais precoces do que nas gestações únicas. Na doença trofoblástica gestacional, a DHEG também ocorre em idade gestacional mais precoce, sendo a única situação que pode manifestar-se antes de 20 semanas de gestação • Os fatores de risco mostram-nos que a ocorrência de DHEG é mais provável em mulheres expostas, pela primeira vez, às vilosidades coriônicas, sendo o risco ainda maior quando a quantidade de vilosidades está aumentada (gestação gemelar e doença trofoblástica gestacional). • Ademais, mulheres com doenças pré-existentes que cursam com inflamações ou alterações endoteliais (diabetes, obesidade, doença renal e doença cardiovascular) têm maior risco de desenvolver DHEG, além de haver uma predisposição genética para o desenvolvimento dessa doença. ETIOPATOGENIA A etiologia da DHEG permanece desconhecida, o que dificulta a sua prevenção primária As principais teorias sobre a etiopatogenia da DHEG envolvem a deficiência da invasão trofoblástica, os fatores imunológicos, a disfunção endotelial associada a alterações inflamatórias, a predisposição genética, os fatores nutricionais e o estresse • Independentemente da etiopatogenia, o mecanismo final que desencadeia todos os sinais e sintomas clínicos dessa doença é a lesão endotelial vascular, responsável por vasoespasmo, maior permeabilidade plasmática e alterações isquêmicas ou trombóticas Deficiência de invasão trofoblástica • Acredita-se que a placenta tenha um papel de destaque na etiopatogenia da DHEG, pois se observa a resolução da doença e a redução dos sintomas com a retirada da placenta. A presença de tecido placentário é necessária para o desenvolvimento da doença, mas a presença de feto não A principal etiopatogenia desse grupo de doenças envolve uma placentação deficiente decorrente da invasão trofoblástica inadequada da musculatura média das arteríolas espiraladas do útero. • A placentação normal inicia-se no primeiro trimestre com a primeira onda de invasão trofoblástica que atinge os vasos da decídua. • No segundo trimestre, ocorre a segunda onda de invasão trofoblástica, quando o sinciciotrofoblasto atinge a camada muscular média das artérias espiraladas do endométrio, diminuindo a resistência vascular e aumentando o fluxo sanguíneo placentário. • Com a placentação deficiente, as artérias espiraladas não modificadas pela invasão inadequada do trofoblasto apresentam camada muscular média com diâmetro menor e alta resistência, o que resulta na redução do fluxo sanguíneo no espaço interviloso e alteração da perfusão placentária • A alteração na perfusão placentária pode levar à lesão endotelial seguida de vasoespasmo, aumento da permeabilidade capilar e ativação da coagulação, principais mecanismos fisiopatológicos da DHEG. Fatores imunológicos O excesso de carga antigênica fetal e a ausência de antígenos bloqueadores levam à ativação da imunidade inata e das citocinas pró-inflamatórias, e ao predomínio de fatores antiangiogênicos em relação aos angiogênicos. • Os fenômenos inflamatórios e oxidativos decorrentes do aumento dos fatores antiangiogênicos estão relacionados à lesão endotelial, ao vasoespasmo arteriolar, ao aumento da permeabilidade capilar e à ativação da coagulação, que desencadeiam as alterações sistêmicas presentes nessa doença Disfunção endotelial e alterações inflamatórias Acredita-se que as alterações inflamatórias e endoteliais sejam uma consequência da invasão trofoblástica inadequada. • A lesão endotelial promove a diminuição das prostaglandinas vasodilatadoras (prostaciclinas – PGI2) e a ativação plaquetária leva a um aumento das prostaglandinas vasoconstritoras (tromboxano – TXA2). • O aumento da relação TXA2/PGI2 favorece o aumento da sensibilidade de infusão da angiotensina II, que acarreta vasoconstrição Fatores ambientais e genéticos • filhas de mães com pré-eclâmpsia apresentam um risco entre 20 a 40% de desenvolver a doença • A baixa ingestão de cálcio, a presença de doenças prévias associadas (obesidade, diabetes, doença renal e cardiovascular) e o estresse FISIOPATOLOGIA Todas as características clínicas da pré-eclâmpsia podem ser explicadas como respostas clínicas à disfunção endotelial generalizada • A hipertensão resulta do controle endotelial perturbado do tônus vascular. • A proteinúria e o edema são causados pelo aumento da permeabilidade vascular e a coagulopatia é o resultado da expressão endotelial anormal de pró-coagulantes. • Cefaléia, convulsões, sintomas visuais, dor epigástrica e restrição do crescimento fetal são sequelas da disfunção endotelial na vasculatura de órgãos-alvo, como cérebro, fígado, rim e placenta. O distúrbio endotelial no controle do tônus vascular leva à hipertensão, a permeabilidade aumentada resulta em edema e proteinúria e a expressão endotelial anormal de pró-coagulantes pode levar à coagulopatia. As mesmas alterações causam isquemia em órgãos-alvo como cérebro, fígado, rins e placenta independentemente da etiopatogenia da pré-eclâmpsia, a lesão endotelial, o vasoespasmo e a isquemia são responsáveis por praticamente todas as alterações clínicas e laboratoriais que ocorrem nessa doença. • A lesão endotelial leva a um aumento da permeabilidade capilar ocasionando extravasamento do plasma materno para o meio extravascular,originando edema, hemoconcentração e proteinúria. Com isso, há um aumento da viscosidade sanguínea, que gera fenômenos tromboembólicos e isquemia em diversos órgãos. • A presença de proteinúria significativa está, na maioria das vezes, relacionada a lesão glomerular, que é a responsável pelo aumento da permeabilidade a proteínas • A lesão endotelial também desencadeia plaquetopenia e diminuição dos fatores de coagulação, culminando com coagulação intravascular disseminada • O vasoespasmo provoca hipertensão, diminuição da perfusão renal e da perfusão cerebral (principais órgãos acometidos na DHEG). A diminuição da perfusão renal leva à redução do fluxo plasmático renal e da filtração glomerular, aumentando os níveis de ureia, creatinina e ácido úrico. • A lesão glomerular é a principal lesão renal que ocorre na DHEG, sendo a endoteliose glomerulocapilar a alteração mais específica, relacionada à ocorrência de proteinúria. Essa lesão é reversível e desaparece após o parto • A elevação abrupta e grave da PA pode ocasionar vasoconstrição reflexa e a quebra do mecanismo de autorregulação da circulação cerebral, desencadeando edema cerebral, infarto cerebral e encefalopatia hipertensiva que culminam na eclâmpsia. Pode ocorrer hemorragia cerebral, responsável pela maior morbidade nesses casos. • A lesão endotelial e a adesão plaquetária são responsáveis pela hemólise microangiopática, que se manifesta por níveis elevados de desidrogenase láctea (DHL) e pela presença de esquizócitos, esferócitos e reticulócitos no sangue periférico. • Pode ocorrer também hemorragia periportal e necrose hemorrágica periportal em consequência do vasoespasmo e da isquemia, culminando com a elevação dos níveis séricos de transaminases. Essas lesões podem evoluir para sangramento intenso, com formação de hematoma subcapsular, culminando com ruptura e hemorragia intraperitoneal, que é geralmente fatal. • A presença de vasoespasmo associado à infusão de cristaloides ou coloides sem monitorização pode levar ao edema pulmonar e à insuficiência respiratória. • Além disso, as convulsões podem ocasionar pneumonia aspirativa, que também desencadeia o edema pulmonar. • A lesão endotelial, o vasoespasmo e a isquemia provocam o comprometimento da circulação uteroplacentária. Observa-se o aumento da resistência das artérias uterinas e da artéria umbilical em decorrência da invasão trofoblástica deficiente, diminuição do fluxo interviloso e vasoconstrição das arteríolas vilosas. Apesar de a hipertensão arterial ser a manifestação mais frequente da DHEG, o fator de importância primária não é o aumento da PA, mas a redução da perfusão tecidual (secundária ao vasoespasmo arteriolar e à lesão endotelial, que elevam a resistência periférica total e a pressão arterial) PREDIÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA • A prevenção deva ser iniciada preferencialmente antes da 16ª semana; • Todas as gestantes devem ser rastreadas para risco de manifestar pré-eclampsia por meio dos marcadores clínicos; • A presença de 1 fator de risco alto ou pelo menos 2 fatores de risco moderado indicam prevenção. PREVENÇÃO DE PRÉ-ECLAMPSIA Todas as gestantes devem ser orientadas a praticar atividade física para reduzir a probabilidade de desenvolver hipertensão gestacional e pré-eclampsia, desde que não haja contraindicação. • A gestante deve realizar pelo menos 140 minutos por semana de exercício de intensidade moderada, como caminhada rápida, hidroginástica, ciclismo estacionário com esforço moderado e treino de resistência O ácido acetil salicílico (AAS) deve ser indicado para gestantes com risco elevado para manifestar pré-eclampsia. • Deve ser iniciado a partir da 12ª semana (preferencialmente antes da 16ª semana, mas podendo ser iniciado até a 20ª semana) mantendo-se até a 36ª semana. • Deve ser administrado na dose de 100mg e a noite • Recomenda-se a suspensão do AAS se diagnóstico de pré-eclampsia. Recomenda-se a suplementação de cálcio em populações com baixa ingesta, entre as quais se inclui a brasileira. • Deve ser iniciada no primeiro trimestre e mantida até o final da gestação. • Todas as apresentações de cálcio são melhor absorvidas quando tomadas em pequenas doses (500 mg) e principalmente às refeições. • As doses recomendadas devem ser fracionadas em 3 tomadas (às refeições): carbonato de cálcio (1 a 2 g /dia) ou citrato de cálcio (2 a 4 g/dia). • Na prática, a principal fonte de cálcio é o leite e seus derivados. DIAGNÓSTICO A maioria das gestantes é assintomática na fase inicial da doença • Principais manifestações: hipertensão arterial, proteinúria e edema, que surgem após 20 semanas de gestação. • As manifestações clínicas geralmente ocorrem no terceiro trimestre, mas, quando surgem mais precocemente, há maior probabilidade de desfechos materno-fetal adversos. • Sintomas que indicam gravidade da doença: cefaleia, epigastralgia, dor em hipocôndrio direito, oligúria, alterações visuais, alteração do estado mental e convulsão O sinal comum a todas as formas clínicas da DHEG é a hipertensão arterial na gestação com aparecimento após 20 semanas. • HA = PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg, medida com a paciente sentada e confirmada após o intervalo de 4h em repouso. Se a PAS ≥ 160 mmHg ou a PAD ≥ 110 mmHg, espera-se apenas 15 minutos para confirmar a presença de hipertensão arterial. O edema na gestação é sinal de alerta para um possível desenvolvimento de DHEG, principalmente na presença de inchaço de mãos e face. • Aumento de peso >1kg/semana também ajuda na identificação de edema na gestação. • Hipertensão e edema no pré-natal = investigar proteinúria e alteração de órgãos-alvo, por meio de exames laboratoriais, dopplervelocimetria obstétrica e avaliação de sintomas sugestivos de gravidade. Proteinúria A proteinúria é diagnosticada na gestação quando há: ≥ 300mg de proteína excretada pela urina no período de 24h (pode ser substituída por 12h e multiplicar por 2 o valor obtido). • Esse critério diagnóstico pode ser determinado pelo exame de proteinúria de 24h ≥ 300mg; pela relação proteína/ creatinina urinária ≥ 0,3 mg/dL; pela relação albumina/creatinina ≥ 8 mg/mmol; ou, ainda, pela presença de ≥ +2 (1g/L) de proteína em amostra isolada de urina, na impossibilidade de realizar-se os exames anteriores Alguns autores recomendam que o rastreio de proteinúria seja rotineiro na gravidez, através da pesquisa de proteína em fita. Em casos positivos, estaria indicada a avaliação através da dosagem de proteinúria de 24 horas ou relação proteinúria/creatinúria, uma vez que os resultados da pesquisa em fita não se correlacionam adequadamente com os níveis de proteinúria em 24 horas. Em casos negativos, não haveria necessidade de complementação diagnóstica, uma vez que resultados falsonegativos são raros. • A pesquisa de proteinúria por meio de fita indicadora em amostra de urina isolada durante a consulta de pré-natal é um método útil e prático, porém não afasta a necessidade de confirmação em exame de urina, que pode ser feita tanto em amostra isolada (pela relação proteína/ creatinina) quanto em urina de 24 horas (exame padrão-ouro, preferível em casos mais graves, com a paciente intemada) OUTROS EXAMES Outros exames laboratoriais que devem ser solicitados quando há suspeita de DHEG: DIAGNÓSTICO DE HIPERTENSÃO GESTACIONAL Hipertensão gestacional = PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg medida em 2 ocasiões, com intervalo de, pelo menos, 4 horas, após 20 semanas de gestação em mulher previamente normotensa, sem proteinúria ou disfunção de órgãos-alvo e que retorna ao normal depois do puerpério (12 semanas pós-parto). • O diagnóstico conclusivo, portanto, é apenas retrospectivo, visto que neste grupo também podem estar incluídas pacientes que irão desenvolver pré-eclâmpsia e pacientes hipertensas crônicasque não foram reconhecidas na primeira metade da gestação • Gestantes com hipertensão gestacional antes de 34 semanas, PAS média > 135 mmHg ou aumento dos níveis de ácido úrico (acima de 5,2 mg/dl) = maior risco de pré- eclâmpsia. • Caso a gestante permaneça hipertensa por mais de 12 semanas após o parto = hipertensão arterial crônica Classificação da pressão arterial durante a gestação: • Hipertensão arterial leve: PAS ≥ 140 e < 160 mmHg e/ou PAD ≥ 90 e < 110 mmHg • Hipertensão arterial grave: PAS ≥ 160 mmHg e/ou PAD ≥ 110 mmHg. DIAGNÓSTICO DE PRÉ-ECLAMPSIA A pré-eclâmpsia é uma desordem multissistêmica, idiopática, específica da gravidez humana e do puerpério. • Trata-se de um distúrbio placentário, uma vez que já foi descrita em situações em que há apenas tecido trofoblástico como, por exemplo, na gravidez molar completa. • O acometimento de diversos órgãos e sistemas pela pré-eclâmpsia fez com que diversos autores passassem a classificá-la como uma síndrome e não mais como uma DHEG Principal forma clínica de DHEG e caracteriza-se por uma desordem multissistêmica progressiva, específica da gestação. • Pré-eclâmpsia: HA após 20 semanas de gestação ou no pós-parto, associada à proteinúria ou disfunção de órgão-alvo materno (hematológica, hepática, renal, pulmonar ou neurológica) ou disfunção uteroplacentária (restrição de crescimento fetal, alteração do doppler da artéria umbilical e morte fetal) em gestante previamente normotensa. PE GRAVE E NÃO GRAVE A pré-eclâmpsia é considerada grave quando a gestante apresenta hipertensão arterial grave (PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 110 mmHg) não responsiva a tratamento OU sinais e sintomas de disfunção significativa de órgãos-alvo ou uteroplacentária: • Se a gestante apresenta HA < 160/110 mmHg associada à proteinúria após 20 semanas, sem sinais de lesão de órgãos-alvo ou disfunção uteroplacentária, chamamos de pré- eclâmpsia não grave PE PRECOCE E TARDIA PE precoce: surge antes de 34 semanas (10%) • Na pré-eclâmpsia precoce geralmente há alterações dopplervelocimétricas das artérias uterinas, restrição de crescimento fetal e pior prognóstico materno e fetal. PE tardia: surge após 34 semanas (90%) • Nessas gestantes, há pouca alteração no doppler das artérias uterinas, pouco comprometimento fetal e resultados maternos-fetais mais favoráveis. QUADRO CLÍNICO DE PE Os principais sintomas da PE são: hipertensão arterial, edema de face, mãos e pés, cefaleia, alterações visuais (turvação e escotomas), dor forte em hipocôndrio direito e vômitos. • Quadro clínico clássico: HA, edema e proteinúria após 20 semanas de gestação. • Porém, muitas vezes essa doença inicia-se assintomática, apenas com o aumento dos níveis pressóricos DIAGNÓSTICO DE ECLAMPSIA Eclâmpsia é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas em gestante com pré- eclâmpsia • A eclâmpsia é a ocorrência, em mulher com pré-eclâmpsia, de convulsões que não podem ser atribuídas a quaisquer outras causas, durante a gravidez ou puerpério. • A eclâmpsia pode ser definida como convulsões tônico-clônicas, focais ou multifocais, na ausência de outras causas como epilepsia, isquemia cerebral, hemorragia intracraniana ou uso de drogas ilícitas A eclâmpsia é a complicação mais severa da DHEG, caracterizada por convulsões tônico- clônicas generalizadas na ausência de outras causas, como epilepsia, aneurisma e isquemia cerebral ou uso de drogas, podendo ser diagnosticada antes, durante ou após o parto • O diagnóstico é eminentemente clínico, com presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas, mas raramente pode manifestar-se com convulsões focais ou síndrome HELLP. • Importante causa de morte materna e está associada à hipóxia, trauma e pneumonia aspirativa. • A eclâmpsia pode surgir mesmo antes do diagnóstico de pré-eclâmpsia. Diante de um quadro de convulsão na gestação a partir de 20 semanas, até que se prove o contrário, deve-se pensar primeiramente em eclâmpsia • Todo quadro de crise convulsiva na gestação, na ausência de outras causas, como epilepsia, aneurisma, isquemia cerebral ou uso de drogas, deve ser tratado como eclâmpsia até que se prove o contrário, independentemente de haver hipertensão arterial e proteinúria associada. QUADRO CLÍNICO DE ECLAMPSIA • As convulsões tônico-clônicas generalizadas caracterizam-se por perda da consciência, rigidez em braços, pernas, peito e costas. • Após alguns minutos, os músculos começam a tremer e a paciente contorce-se por um a dois minutos. A língua pode ser mordida e expectoração espumosa e com sangue pode sair pela boca. • Fase pós-ictal: movimentos terminam e a mulher fica em sono profundo e vai acordando gradualmente. • Podem ocorrer, também, convulsões focais ou multifocais e coma, mas essas manifestações são menos comuns. • Durante a convulsão, geralmente, ocorre bradicardia fetal, que se recupera após o episódio, e o feto mantém taquicardia, desacelerações e diminuição da variabilidade após o quadro convulsivo. • Na maioria das vezes, a convulsão é precedida de sinais clínicos que chamamos de iminência de eclâmpsia: cefaleia frontal ou occipital persistente, turvação visual, escotomas, fotofobia, alteração do estado mental e hiperreflexia, epigastralgia ou dor em hipocôndrio direito São indicativos de iminência da primeira convulsão eclâmptica: 1. Distúrbios cerebrais, como cefaleia (frontoccipital e pouco responsiva a analgésicos), torpor e obnubilação; 2. Distúrbios visuais, como turvação da visão, escotomas, diplopia e amaurose; e 3. Dor epigástrica (dor em barra de chaussier) ou no quadrante superior direito, causada por isquemia hepática ou distensão da cápsula do órgão devido a edema ou hemorragia. As complicações mais frequentes da eclâmpsia são: • hemorragia cerebral, edema agudo de pulmão, insuficiência respiratória ou renal e coagulopatias. • Principais complicações fetais: hipóxia secundaria à convulsão e descolamento prematuro de placenta DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME HELLP A síndrome HELLP caracteriza-se pelo quadro de hemólise, aumento das enzimas hepáticas e plaquetopenia, sendo uma das formas mais severas da DHEG, com altas taxas de morbimortalidade materna e fetal. Mais frequente no terceiro trimestre e no puerpério. O termo HELLP deriva do inglês e refere-se à associação de intensa hemólise (Hemolysis), comprometimento hepático (Elevated Liver enzymes) e consumo de plaquetas (Low Platelets), em paciente com PE. Essas alterações são assim definidas: • Hemólise: elevação na concentração de desidrogenase lática (DHL) ≥ 2 vezes o maior valor do padrão do laboratório (normalmente considera-se o valor >600 UI/L), concentração de bilirrubina indireta > 1,2 mg/dL, concentração de haptoglobina < 25 mg/dL, presença de esquizócitos e equinócitos em sangue periférico; • Comprometimento hepático: AST e/ou ALT > 70 UI/L; • Plaquetopenia: < 100.000/mm3 • A hemólise dá-se pela lesão endotelial que leva à destruição eritrocitária quando o sangue passa pelos capilares alterados. • Os sinais laboratoriais de hemólise são desidrogenase láctica (DHL) aumentada e aumento dos esquizócitos. • A elevação das enzimas hepáticas (TGO e TGP) ocorre pelo vasoespasmo nos vasos hepáticos com consequente necrose das células hepáticas ou hemorragia periportal. • A plaquetopenia deve-se pelo aumento da agregação plaquetária no tecido endotelial lesado A morbimortalidade materno-fetal é muito elevada (próximo de 30%). As principais complicações relacionadas a essa síndrome são: • coagulação intravascular disseminada, hematoma/rotura hepática, descolamento prematuro de placenta, insuficiência renal, edema agudo de pulmão, hemorragia intracraniana e descolamento de retina. • A principal complicação (50%) são os sangramentos, como AVC hemorrágico • O hematoma/rotura hepática é uma das complicaçõesmais temidas na síndrome HELLP e manifesta-se por dor súbita em hipocôndrio direito, ascite, hipotensão e choque. O diagnóstico é feito por exame de imagem (ultrassom, tomografia ou ressonância de abdome). QUADRO CLÍNICO DA SINDROME HELLP Principais sintomas: dor em hipocôndrio direito e epigástrio, mal-estar geral, náuseas e vômitos. • Hipertensão e a proteinúria podem estar ausentes ou serem apenas ligeiramente anormais, por isso recomenda-se avaliação laboratorial para todas as gestantes com alguns desses sintomas. Sintomas: • Dor no quadrante superior direito ou epigástrica (80% dos casos); • Aumento excessivo do peso e piora do edema (50 a 60%); • Hipertensão (85%); • Proteinúria (87%); • Náusea e vômito (50%); • Cefaleia (40%); • Alterações visuais (15%); e • Icterícia (5%). DIAGNÓSTICO DE PRÉ-ECLÂMPSIA SOBREPOSTA Se a gestante com hipertensão arterial crônica apresentar, após 20 semanas, aumento importante dos níveis pressóricos, refratário ao tratamento, proteinúria, outras lesões de órgãos-alvo ou disfunção uteroplacentária, ela está desenvolvendo pré-eclâmpsia superajuntada à hipertensão arterial crônica. • A pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica apresenta maiores chances de complicações maternas e fetais, tanto decorrentes da pré-eclâmpsia como devido à hipertensão arterial crônica TRATAMENTO Até o momento, o único tratamento possível para pré-eclâmpsia é a interrupção da gestação. O primeiro passo diante de uma suspeita de DHEG deve ser avaliar a presença de sinais de gravidade que demandem encaminhar a gestante ao hospital para tratamento de urgência. • Caso a gestante não apresente sinal de gravidade, faz-se a investigação diagnóstica a fim de confirmar-se a suspeita de DHEG e identificar a forma clínica dessa doença. • O tratamento difere entre as formas graves e não graves. Unidades utilizadas: plaquetas (< 100.000/mm³), transaminases (TGO > 70 U/L), elevação de creatinina (> 1,1 mg/dL), relação proteinúria/creatinúria (> 0,3 mg/dL). MgSO4: sulfato de magnésio. Unidades utilizadas: plaquetas (< 100.000/mm³), transaminases (TGO > 70 U/L), elevação de creatinina (> 1,1 mg/dL), relação proteinúria/creatinúria (> 0,3 mg/dL). MgSO4: sulfato de magnésio. CONDUTA NA HIPERTENSÃO GESTACIONAL LEVE OU PRÉ-ECLÂMPSIA NÃO GRAVE Diante de uma gestante com aumento dos níveis pressóricos após 20 semanas de gestação sem sinais ou sintomas de gravidade, é importante solicitar exames laboratoriais que avaliam disfunções de órgãos-alvo (hemograma, ureia, creatinina, proteinúria 24h ou relação proteína/creatinina urinária, transaminases, bilirrubinas e desidrogenase láctica) e realizar avaliação da vitalidade fetal (cardiotocografia ou dopplervelocimetria). • Encaminhar ao pré-natal de alto risco. • O acompanhamento materno-fetal deve ser rigoroso com avaliação periódica clinicolaboratorial da gestante e da vitalidade fetal • Controle diário da pressão arterial, ter uma dieta equilibrada, sem restrição significativa de sal, e reduzir atividade física para controlar o fluxo sanguíneo uteroplacentário • Repouso relativo com redução da atividade física e descanso em decúbito lateral esquerdo, a fim de aumentar o fluxo plasmático renal e o fluxo uteroplacentário, e diminuir os níveis de pressão arterial. Medidas restritivas, como repouso no leito, não foram cientificamente comprovadas como benéficas no controle da pressão arterial de qualquer etiologia na gravidez e ainda podem aumentar o risco de eventos tromboembólicos. Da mesma forma, não houve benefício na restrição da ingestão de sódio em pacientes com pré-eclâmpsia e esta conduta também não é recomendada. • Gestante com hipertensão gestacional leve realize proteína em fita 1 a 2 vezes por semana, para diagnosticar precocemente a evolução para pré-eclâmpsia • A monitorização fetal da hipertensão gestacional leve e pré-eclâmpsia não grave é feita com ultrassom obstétrico com doppler a cada 2-4 semanas a partir do diagnóstico. A cardiotocografia é realizada apenas se houver indicação clínica. • A internação hospitalar deve ocorrer em casos de hipertensão refratária ao tratamento medicamentoso máximo, com três doses de anti-hipertensivos, na suspeita de pré- eclâmpsia grave ou para melhor avaliação da vitalidade fetal. • Recomenda-se resolver a gestação ao redor de 37 semanas, porém é possível manter a gestação até 40 semanas monitorando PA, sintomas, exames laboratoriais e vitalidade fetal. • Na hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade, o parto vaginal é a via preferida. Anti-hipertensivos na hipertensão não grave A decisão de introduzir anti-hipertensivos deve considerar os riscos e benefícios para a mãe e o feto, tomando-se como fatores principais os níveis da PA e a presença ou não de sinais e sintomas associados • A maior preocupação é a redução excessiva e/ou brusca da PA, pois ainda que a redução da PA melhore as condições circulatórias sistêmicas, pouco efeito é obtido com relação à circulação uteroplacentária. • Porém, manter os níveis de PAD em torno de 85 mmHg, previne a ocorrência de hipertensão grave, exercendo fator protetor materno, sem promover riscos fetais Independentemente do tipo de hipertensão na gravidez, deve-se iniciar tratamento anti- hipertensivo com PA em níveis persistentes ≥ 140/90 mmHg, com objetivo de manter PAD entorno de 85 mmHg (e PAS < 160 mmHg, preferencialmente entre 110 e 140 mmHg). • Evitar redução brusca da pressão arterial nessas gestantes, uma vez que apresentam maior hemoconcentração e reatividade vascular. • Droga de escolha: metildopa. • A dose inicial de metildopa é de 250 mg por via oral, 2x/dia, com aumento de 250 a 500 mg/ dia, até controle pressórico adequado (dose máxima de 2 g/ dia em até 4x). • Efeitos colaterais: hipotensão postural e, mais raramente, aumento das enzimas hepáticas Segunda opção, ou em caso de necessidade de outro hipotensor em associação com a metildopa: BCC • A nifedipina oral foi considerada o agente mais eficaz para a redução sustentada da PA na pré-eclâmpsia. terceira droga: BB (metoprolol ou carvedilol) ou ainda hidralazina por via oral. • Somente associa-se uma nova droga quando se chega à dose máxima das drogas que já estão em uso. • No máximo, associam-se 3 drogas hipotensoras na dose máxima. O QUE NÃO USAR: • Atenolol =>restrição de crescimento fetal. • IECA/BRA/aliskiren=> pois se associam a anormalidades no desenvolvimento dos rins fetais, quando utilizados a partir do segundo trimestre de gestação. • Diuréticos => uso controverso, por isso evite CONDUTA NA PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE, IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA, ECLÂMPSIA E SÍNDROME HELLP Diante de um quadro sugestivo de pré-eclâmpsia grave, por aumento dos níveis pressóricos (a partir de 160x110 mmHg) ou suspeita de lesão em órgãos-alvo, a gestante deve ser encaminhada imediatamente para internação. As primeiras medidas diante de uma suspeita de pré-eclâmpsia grave são: • Avaliação dos níveis pressóricos; • Avaliação da vitalidade fetal (cardiotocografia e dopplervelocimetria); • Solicitação de exames laboratoriais para investigar disfunção de órgãos-alvo (transaminases, bilirrubinas, hemograma, DHL, ureia, creatinina e proteinúria); • Estabilização hemodinâmica da gestante. Caso seja identificado quadro de pré-eclâmpsia grave, iminência de eclâmpsia, eclâmpsia ou síndrome HELLP, o mais importante na conduta é (o sulfato de magnésio deve ser feito primeiro que o hipotensor): 1. Sulfato de magnésio (prevenir a ocorrência de convulsões); e 2. Controle da hipertensão arterial grave com anti-hipertensivos Prevenção de convulsões O sulfato de magnésio é preconizado para a prevenção e tratamento das convulsões em todos os casos graves de DHEG • O sulfato de magnésio apresentaação anticonvulsivante e neuroprotetora • PAS ≥160 mmHg e/ou PA diastólica ≥110 mmHg, mesmo na ausência de sintomas, indica a profilaxia de convulsão com sulfato de magnésio Os principais esquemas de uso do sulfato de magnésio são o de Pritchard e o de Zuspan (igual eficácia) • A terapia de manutenção do sulfato de magnésio deve continuar por 24 horas após o parto. • Nos casos de eclâmpsia, o sulfato de magnésio deve ser administrado por 24 horas após o episódio convulsivo. A complicação mais temida do sulfato de magnésio é sua intoxicação, que pode levar à depressão respiratória e morte. • Deve-se dosar os níveis de magnésio antes da dose de manutenção e, a cada 4 horas, realizar sua suspensão, além de observar reflexo patelar, diurese e frequência respiratória a cada hora. • Aministrar dose de manutenção apenas quando houver reflexo patelar presente, FR ≥ 16 mov/min, diurese de 25mL/hora e concentração sérica de sulfato de magnésio < 8 mEq/L. Se a concentração sérica de sulfato de magnésio está entre 8 a 10 mEq/L, já é possível observar reflexos patelares abolidos. Ao alcançar níveis próximos de 12 mEq/L ocorre parada respiratória e a partir de 25 mEq/L há infarto cardíaco A avaliação dos reflexos patelares e da frequência respiratória são importantes para identificar- se precocemente a intoxicação por sulfato de magnésio, uma vez que os primeiros sinais de intoxicação por sulfato de magnésio são: frequência respiratória < 16 mov/min e reflexo patelar ausente. • Nesses casos, deve-se suspender a medicação e administrar gluconato de cálcio a 10% para evitar depressão respiratória. • O gluconato de cálcio deve ser administrado na dose de 1g EV, 10 mL a 10%. Como o magnésio é quase que totalmente depurado por excreção renal, há mais chances de intoxicação por sulfato de magnésio nos casos de diurese diminuída e creatinina alterada, já que nesses casos a filtração glomerular está comprometida. • Por isso, a avaliação da diurese, preferivelmente com sondagem vesical de demora, é necessária • Assim, em pacientes com falência renal (creatinina > 1,0, oligúria < 30mL-25 mL/hora), a dose de manutenção deve ser reduzida para 1 mg/hora Controle da hipertensão arterial grave Independentemente do tipo de hipertensão na gravidez, a hipertensão grave (PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 110 mmHg) requer tratamento urgente, se confirmada como persistente (após 15 minutos). • É imperativo o uso de fármacos hipotensores na hipertensão arterial grave (PA ≥ 160 ou 110 mmHg). • Níveis pressóricos desta magnitude são considerados crise hipertensiva e justificam a intervenção medicamentosa • Mesmo em gestantes assintomáticas, com estes níveis pressóricos, a assistência deverá contemplar a utilização do anti-hipertensivo de ação rápida, sendo precedida pelo sulfato de magnésio Quando a gestante apresenta níveis pressóricos ≥ 160 x 110 mmHg confirmados após 15 min de repouso, considera-se que ela tem hipertensão arterial grave ou crise hipertensiva. • O controle da hipertensão arterial grave é importante para prevenir falência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico. • O objetivo é manter a PA entre 140-150/90-100mmHg; para isso, utilizam-se anti- hipertensivos mais potentes do que aqueles utilizados para controle de hipertensão arterial leve. • medicações de escolha para o controle da hipertensão arterial grave na gestação: hidralazina endovenosa e nifedipina oral. Caso a hipertensão arterial grave seja refratária a essas medicações: nitroprussiato de sódio • Devem-se evitar quedas bruscas de pressão arterial, pelo risco de diminuição do fluxo sanguíneo nos territórios cardíaco, cerebral e placentário Os dez passos no manejo da convulsão eclâmptica Conduta obstétrica A conduta obstétrica nos casos de pré-eclâmpsia grave vai depender da idade gestacional e da presença de complicações. • A monitorização fetal na pré-eclâmpsia grave é feita com cardiotocografia e, se a conduta for expectante, com ultrassom obstétrico com doppler, a cada 2 semanas. • A resolução da gestação deve ocorrer, independentemente da idade gestacional, se houver deterioração da condição materna ou fetal, mesmo com o tratamento adequado ou o quadro de pré-eclâmpsia grave evoluir para uma das situações descritas na figura abaixo: Na ausência dessas complicações, a resolução do parto na pré-eclâmpsia grave vai depender da idade gestacional A via de parto preferida é a via vaginal, mas vai depender das condições maternas e fetais, da idade gestacional, da apresentação fetal, das características do colo uterino e do tempo disponível para o parto. • Quanto mais precoce e grave for o diagnóstico, maiores as chances de cesárea e menor a possibilidade de indução do parto • Durante o trabalho de parto, é importante realizar o controle pressórico a cada hora e manter o uso dos anti-hipertensivos. Se a PA estiver acima de 160/110 mmHg, medir a cada 15-30 min. • Pode-se considerar cesárea ou parto instrumental no período expulsivo para mulheres com hipertensão severa não responsiva ao tratamento. Conduta na iminência de eclâmpsia e na eclâmpsia • chamar ajuda, conter a paciente para evitar trauma, mantê-la em decúbito lateral para evitar aspiração, fornecer oxigenioterapia e realizar monitorização dos sinais vitais. • Somente então deve-se iniciar o tratamento medicamentoso com sulfato de magnésio (mesmas doses). • A convulsão na eclâmpsia é, geralmente, autolimitada; na maioria das vezes, cessa mesmo antes da administração de sulfato de magnésio. Contudo, o sulfato de magnésio é usado não só para controlar a convulsão, mas também para prevenção de novos episódios convulsivos Eclâmpsia refratária ao sulfato de magnésio: convulsões mantêm-se por 20 min após a administração da dose de ataque do sulfato de magnésio ou ocorrem mais de duas convulsões recorrentes. • As medicações alternativas para o controle das convulsões são: amobarbital de sódio, tiopental ou fenitoína, todas de administração endovenosa. A resolução da gestação deve ocorrer em todos os casos de iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia depois que a gestante receber o sulfato de magnésio e apresentar estabilização do quadro clínico. • A conduta conservadora não é permitida na eclâmpsia! • Não é indicado manter a gestação, independentemente da idade gestacional, pois os riscos maternos são muito elevados. • A administração de corticoterapia abaixo de 34 semanas pode ser realizada, mas não deve ser motivo para adiar o parto CONDUTA NA SÍNDROME HELLP A conduta inicial é semelhante ao tratamento da pré-eclâmpsia grave, ou seja, deve-se internar e estabilizar hemodinamicamente a gestante, fazer a avaliação da vitalidade fetal, administrar sulfato de magnésio para prevenção de convulsões e anti-hipertensivo para controle da hipertensão arterial grave (PA ≥160/110 mmHg). • Além disso, os exames laboratoriais precisam ser realizados a cada 6 horas, até estabilização do quadro. Tratamento definitivo: resolução da gestação! O parto deve ocorrer em todos os casos, após administração do sulfato de magnésio e estabilização clínica da gestante • Não é indicado manter a gestação, independentemente da idade gestacional, pois os riscos maternos são muito elevados. • A administração de corticoterapia abaixo de 34 semanas pode ser realizada, mas o parto só deve ser adiado para a aplicação do ciclo completo de corticoide se houver estabilidade materna e fetal. CUIDADOS NO PUERPÉRIO O período do pós-parto é extremamente crítico nos casos graves de DHEG, como na pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia e síndrome HELLP. • Geralmente, há piora do quadro clínico nas primeiras 24h de puerpério em decorrência do sangramento pós-parto, principalmente nos casos de cesárea.• As complicações hemorrágicas pós-parto são muito mais frequentes nessas pacientes. • As complicações da pré-eclâmpsia grave podem aparecer também no puerpério tardio, por isso essas mulheres devem ser acompanhadas de perto nos primeiros dias pós-parto. • Se a PA mantiver-se ≥ 140/90 mmHg após o parto, é importante manter o uso de anti- hipertensivos. • Em mulheres com pré-eclâmpsia grave, é preciso realizar exames laboratoriais com 48-72h do parto e proteinúria com 6-8 semanas pós-parto. • Se a puérpera apresentar doença renal crônica, ela deve receber anti-hipertensivo mesmo se a PA estiver controlada. • A utilização de metildopa, captopril e nifedipina são seguras durante a amamentação. • É importante orientar as puérperas para o risco de complicações a longo prazo: hipertensão arterial crônica, isquemia cardíaca e cerebral, diabetes mellitus 2, doença renal e morte precoce. PROGNÓSTICO Mulheres que tiveram DHEG têm mais chances de desenvolver complicações hipertensivas e metabólicas futuras. • A pré-eclâmpsia é um marcador de morbimortalidade cardiovascular a longo prazo, pois está associada à maior chance de doença cardiovascular, AVC isquêmico e mortalidade precoce no futuro. • Por isso, essas mulheres devem ser orientadas a manter hábitos de vida saudáveis, com dieta e exercício físico adequados, evitando tabagismo, obesidade, hiperglicemia, hipercolesterolemia. Na DHEG, a hipertensão arterial resolve-se em até 12 semanas pós-parto. A persistência dessa condição faz o diagnóstico de hipertensão crônica e a paciente deve ser encaminhada para acompanhamento médico. HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA Considera-se hipertensão arterial crônica na gestação quando a gestante já apresentava hipertensão arterial prévia à gravidez ou quando a hipertensão arterial é constatada antes de 20 semanas. Em alguns casos, quando o pré-natal inicia-se após 20 semanas, o diagnóstico de hipertensão arterial crônica ocorre apenas 12 semanas após o parto • a pressão arterial sofre queda durante a gestação decorrente do relaxamento vascular fisiológico, mais significativamente no segundo trimestre, o que pode tornar normal uma PA antes elevada e comprometer o diagnóstico de hipertensão crônica. • A presença de hipertensão arterial sistêmica aumenta o risco de pré-eclâmpsia sobreposta, acidente vascular cerebral, complicações cardíacas e renais, restrição de crescimento fetal, descolamento prematuro de placenta e prematuridade eletiva Etiologia • Na maioria dos casos, a hipertensão arterial crônica dá-se por hipertensão essencial ou primária, mas, raramente, decorre de hipertensão secundária, principalmente devido à doença renal. Outras causas de hipertensão secundária são feocromocitoma e coarctação de aorta. Classificação A hipertensão arterial crônica é classificada em complicada e não complicada. • Na hipertensão arterial não complicada, as funções cardíaca e renal estão preservadas; já na hipertensão arterial crônica complicada, há alterações das funções renal e cardíaca ou, ainda, pré-eclâmpsia sobreposta. Hipertensão arterial sistêmica x pré-eclâmpsia exames como ácido úrico e excreção urinária de cálcio podem ajudar no diagnóstico diferencial. • Na pré-eclâmpsia, os níveis de ácido úrico estão aumentados e a excreção urinária de cálcio está diminuída. • Ácido úrico acima de 4,5 mg/dL e calciúria de 24h abaixo de 100mg sugerem PE. CONDUTAS • Encaminhadas ao pré-natal de alto risco • Logo na primeira consulta de pré-natal, deve-se fazer a avaliação de lesões de órgãos- alvo de paciente com hipertensão arterial crônica: eletrocardiograma, ecocardiograma, fundoscopia e ultrassonografia de rins e vias. • Após 20 semanas, deve-se realizar também investigação de pré-eclâmpsia por meio de proteinúria, exames laboratoriais para lesão de órgãos-alvo da pré-eclâmpsia e avaliação da vitalidade fetal. • Deve-se investigar pré-eclâmpsia sobreposta acima de 20 semanas se houver piora dos níveis pressóricos, surgimento de proteinúria, disfunção de órgãos-alvo ou disfunção uteroplacentária. • Como gestantes com hipertensão arterial crônica apresentam alto risco para desenvolver pré-eclâmpsia, está indicada a profilaxia com aspirina (em baixa dose) e carbonato de cálcio, de preferência a partir de 12 semanas. • Reduzir as atividades físicas excessivas e evitar situações de estresse emocional. Evitar o consumo excessivo de sal, ganho de peso excessivo e praticar atividades físicas regulares. O controle dos níveis pressóricos precisa ser rigoroso (≤ 140/90mmHg); caso os controles pressóricos sejam normais, o anti-hipertensivo pode ser suspenso. • O anti-hipertensivo mais utilizado na gestação é a metildopa. Na necessidade de associação medicamentosa, pode-se lançar mão dos BCC (anlodipina ou nifedipina), dos BB (metoprolol ou carvedilol) ou da hidralazina via oral. Se a gestante apresentar hipertensão arterial grave/crise hipertensiva (PA ≥ a 160/110 mmHg) após 20 semanas, a conduta é internação hospitalar, investigação de pré-eclâmpsia e controle dos níveis pressóricos com hidralazina ou nifedipina. • Além disso, deve-se indicar internação na presença de pré-eclâmpsia sobreposta, comprometimento da vitalidade fetal e nas emergências hipertensivas. A avaliação da vitalidade fetal deve ser feita mensalmente com ultrassonografia obstétrica para pesquisar restrição de crescimento fetal. • Se a vitalidade fetal estiver preservada e a gestante não apresentar complicação, a resolução da gestação pode ser até 40 semanas. • Caso a vitalidade fetal esteja comprometida ou houver complicações maternas, há necessidade de antecipação do parto. Após o parto, a gestante deve manter o controle dos níveis pressóricos, além de receber ajuste das medicações anti-hipertensivas e ser encaminhada para acompanhamento clínico.
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