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Organizações e Trabalho 1

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÕES E TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Laira Gonçalves Adversi 
 
 
 
 
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CONCEPÇÕES SOCIOLÓGICAS ACERCA DO TRABALHO 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo desta aula consiste em apresentar os conceitos-chave das 
concepções acerca do tema trabalho de alguns teóricos clássicos da sociologia: 
Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. Os três teóricos realizam suas análises 
tomando como marco histórico o período da Revolução Industrial, o início do 
capitalismo e início da sociedade moderna. 
Esta aula divide-se em cinco temas: 
1. O trabalho como atividade vital em Karl Marx; 
2. O trabalho no sistema capitalista em Karl Marx; 
3. O trabalho no sistema capitalista em Émile Durkheim; 
4. O trabalho no sistema capitalista em Marx Weber; 
5. Comparativo entre as perspectivas dos três autores: Marx, Durkheim e 
Weber. 
O primeiro tema desta aula apresenta a perspectiva de Karl Marx, que 
concebe, em primeira instância, o trabalho como atividade vital do homem. O 
segundo tema introduz os principais conceitos relacionados ao modo de produção 
capitalista para fornecer base de compreensão do trabalho no capitalismo, na 
concepção de Marx. O terceiro tema apresenta o trabalho como fato social na 
perspectiva sociológica de Émile Durkheim, destacando a substituição da 
solidariedade mecânica pela orgânica na medida em que aumenta a divisão social 
do trabalho no capitalismo. O quarto tema mostra a transformação do significado 
do trabalho após a reforma protestante e sua relação com a racionalização na 
perspectiva de Max Weber. O quinto tema sintetiza as principais ideias e conceitos-
chave em uma comparação entre as concepções acerca do trabalho em Marx, 
Durkheim e Weber. 
As temáticas um e dois, ao trazer as concepções de Marx sobre o trabalho, 
mostram que o modo de produção capitalista modifica o significado do trabalho para 
o ser humano. Antes, o trabalho representava a atividade vital humana que 
diferenciava o homem do animal e que refletia aspectos inerentes à ideação do 
homem. Com o início do capitalismo, o trabalho passa a configurar-se uma 
atividade alienada em que o homem não se reconhece mais no resultado de seu 
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trabalho. Além disso, o trabalho passa a representar motivo de conflito entre duas 
classes sociais: os donos dos meios de produção e o proletariado. 
O Tema 3, ao trazer a perspectiva de Durkheim, mostra que a divisão social 
do trabalho é um meio de obtenção de harmonia e coesão social por meio do 
desenvolvimento da solidariedade orgânica entre os indivíduos. Para Durkheim, o 
conflito existe na sociedade, porém é apenas uma anomalia e não um estado de 
normalidade. 
A temática quatro discorre sobre o acontecimento que desencadeia as 
transformações da significação do trabalho na sociedade capitalista: a reforma 
protestante e sua racionalidade. 
A temática cinco, ao sintetizar de modo comparativo as principais ideias de 
Marx, Durkheim e Weber, retoma os conceitos relacionados ao trabalho já 
mencionados nos temas anteriores desta aula. 
TEMA 1 – O TRABALHO COMO ATIVIDADE VITAL EM MARX 
O trabalho é concebido por Max (2013) como atividade vital. O autor 
compartilha essa concepção com Engels (1999). Ambos defendem que o trabalho 
é a ação do homem sobre a natureza a fim de transformá-la em benefício da sua 
subsistência 
Max e Engels comparam os homens aos animais, indicando o trabalho 
como atividade que os diferencia. Os homens, diferentemente dos animais, 
produzem seus meios de subsistência de forma consciente e planejada a fim de 
satisfazer suas necessidades. À medida que o homem se distancia dos animais, 
sua atuação sobre a natureza assume uma característica de ação intencional 
planejada com o objetivo de alcançar o que foi projetado em seu pensamento 
(Engels, 2013). Assim, a intencionalidade da ação diferencia o homem dos 
animais. Esses últimos são orientados por instintos ao realizar atividades para 
satisfazer suas necessidades imediatas, enquanto que os homens imaginam em 
sua mente o objeto antes de transformá-lo em matéria (Engels, 1999). Os animais 
modificam a natureza pelo simples fato de estarem presentes nela. Em 
contrapartida, o homem, por meio do trabalho, modifica a natureza e a domina de 
forma intencional e consciente (Engels, 1999). Marx exemplifica: 
 
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Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha 
envergonha mais de um arquiteto com a construção dos favos de suas 
colmeias. Mas o que distingue de antemão o pior arquiteto da melhor 
abelha é que ele constituiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo 
em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já 
no início deste existiu na imaginação do trabalhador e, portanto, 
idealmente. (Marx, 2013, p. 327) 
“O trabalho, segundo Marx, é um processo teleológico, ou seja, que parte 
de uma prévia ideação e de uma escolha entre alternativas postas pela 
objetividade” (Pinho, 2012, p. 1). Assim, o homem se reconhece no produto de 
seu trabalho, pois este é previamente imaginado em sua mente antes de ser 
transformado. 
O homem imagina o objetivo e age sobre a matéria natural visando um fim 
preestabelecido. Ao desejar construir uma cadeira, por exemplo, antes mesmo de 
o movimento concreto ter início, o homem sabe o que deseja encontrar no final do 
processo, ou seja, o objeto, a cadeira. Sabe escolher o material mais adequado e 
ainda qual é a melhor maneira para produzir. Ele escolhe todos os passos, todos 
os momentos do processo produtivo (Ferreira, 2011). 
O trabalho é a ação transformadora do homem, em que o homem 
transforma a natureza, transforma a si próprio e modifica também as relações 
sociais. O homem transforma a natureza, pois cria objetos que não são dados por 
ela. Transforma a si próprio, pois descobre e desenvolve o seu potencial humano 
ao realizar as atividades de trabalho e, além disso, cria novas formas de 
sociabilidade (Marx, 2013). 
O trabalho é uma categoria social, ou seja, que se desenvolve por meio da 
ação conjugada dos seres humanos. Por meio da atividade de trabalho, o ser 
humano cria produtos úteis à humanidade despendendo sua energia física e 
mental ao produzir bens e serviços para a reprodução da vida humana e social 
(Marx, 2013). 
TEMA 2 – O TRABALHO NO SISTEMA CAPITALISTA EM MARX 
Antes da explanação acerca do trabalho no modo de produção capitalista 
em Marx, faz-se necessário a compreensão de alguns termos concebidos pelo 
autor, essenciais para o entendimento da temática, entre eles: meios de produção, 
forças produtivas, relações de produção e modos de produção. 
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O modo de produção refere-se à forma de organização socioeconômica 
relacionada a uma determinada etapa de desenvolvimento das forças produtivas 
e das relações de produção de uma sociedade. É formado por suas forças 
produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade (modo de 
produção = forças produtivas + relações de produção). 
Marx descreve seis dos modos de produção dominantes em cada época: 
antigo ou primitivo, asiático, escravista, feudal, socialista e capitalista. A 
explanação do trabalho nos demais modos de produção será exposta em breve. 
Esta aula trata apenas do trabalho no modo de produção capitalista 
Os meios de produção são os objetos materiais de toda ordem que estão 
envolvidos, direta ou indiretamente, no processo de produção dos bens de 
consumo. 
 As forças produtivas são a combinação da força de trabalhohumana 
(corpo, energia, inteligência, conhecimento) com os meios de produção (objetos 
de trabalho, materiais, máquinas, recursos naturais, tecnologia, infraestrutura, 
ferramentas, conhecimento técnico, dentre outros). São todas as forças usadas 
para controlar ou transformar a natureza, com vistas à produção de bens 
materiais. 
 As relações de produção referem-se ao modo com que os homens 
produzem, trabalham e distribuem (ou trocam) os bens de consumo. É o centro 
organizador de todos os aspectos da sociedade. 
Ao tratar do trabalho no modo de produção capitalista, Marx refere-se ao 
trabalho assalariado. O trabalho no capitalismo, para Marx (2013), baseia-se na 
alienação do trabalhador, que ocorre, basicamente, de três formas durante o 
processo de trabalho: a do trabalhador em relação ao processo de produção e ao 
produto de seu trabalho, em relação a si mesmo e em relação aos demais 
trabalhadores. 
A alienação do trabalhador em relação ao processo de produção acontece 
quando o trabalhador participa apenas da etapa de fabricação dos produtos ou 
serviços. Ele não participa do planejamento, ou seja, não define o que fazer e 
como fazer. Não determina quais os produtos e serviços serão fabricados e os 
seus destinos finais. 
 A alienação do trabalhador em relação a si mesmo ocorre quando o 
trabalho, devido aos movimentos repetitivos e à rotina, não possibilita a 
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autoexpressão e o uso da criatividade do trabalhador. Torna-se algo penoso e não 
possibilita a realização pessoal. O homem sente-se animal, pois apenas executa 
as atividades. 
A alienação do trabalhador em relação aos demais trabalhadores ocorre 
quando os vínculos de cooperação e solidariedade são substituídos pela 
competitividade (Ferreira, 2012). 
Essas três formas de alienação fazem com que o trabalho seja estranho ao 
trabalhador, constituindo-se assim o que Marx chama de estranhamento do 
trabalhador em relação ao seu trabalho. Além disso, a divisão social do trabalho 
relaciona-se diretamente à alienação do trabalhador, pois impossibilita que este 
participe de todas as etapas do processo de trabalho, ou seja, impede a integração 
entre o trabalho intelectual e o manual. 
Além do termo alienação, Marx designa o termo mais-valia como inerente 
ao trabalho assalariado no sistema capitalista. 
A mais-valia refere-se à diferença entre o valor final da mercadoria 
produzida e o valor total dos meios de produção e do valor do trabalho. É a 
diferença entre o valor de uso e o valor de mercado (ou valor de troca) do 
trabalhador. O valor de uso refere-se ao quanto o trabalhador produz. O valor de 
mercado é o salário estipulado para esse trabalhador de acordo com o valor médio 
pago pelo mercado. O valor de mercado é a base do salário do trabalhador. Ou 
seja, o trabalhador produz muito mais do que ele recebe. Por exemplo, o 
trabalhador produz oito mil reais, mas recebe novecentos reais. Conforme o 
exemplo, uma parte do valor produzido pelo trabalhador (oito mil reais) é destinada 
ao custeio dos meios de produção (e pagamento do trabalho do burguês – pró-
labore), outra parte destina-se ao pagamento do salário do trabalhador e outra 
parte é o excedente apropriado pelos donos dos meios de produção. O excedente, 
ou mais-valia, é a base do lucro do sistema capitalista. 
De acordo com Marx, a luta de classes é intrínseca ao sistema capitalista, 
em que há o conflito entre a burguesia, detentora dos meios de produção, e o 
proletariado, os que vendem sua mão de obra. Os donos dos meios de produção 
constituem a classe dominante, ou opressora, enquanto que o proletariado, os 
trabalhadores que vendem sua força de trabalho em troca de salário, constitui a 
classe dominada ou oprimida. Nesse contexto, cabe ao trabalhador desenvolver 
a consciência de classe, ou seja, reconhecer-se na condição de dominado. Para 
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isso, o trabalhador necessita conhecer o sistema de produção em que se encontra 
inserido para engajar-se em um movimento de luta por seus direitos por meio de 
associações e sindicatos. 
Figura 1 – Karl Marx 
 
Crédito: Everett Historical/Shutterstock. 
TEMA 3 – O TRABALHO NO SISTEMA CAPITALISTA EM ÉMILE DURKHEIM 
Para compreender as contribuições teóricas do sociólogo Émile Durkheim 
acerca do trabalho, faz-se necessário a explanação de alguns conceitos 
estabelecidos por ele, entre eles: fato social, coesão social, solidariedade 
mecânica, solidariedade orgânica, divisão social do trabalho e anomia. 
O fato social refere-se às formas de agir, de pensar e de sentir que são 
coletivos, externos e coercitivos aos indivíduos, fazendo com que se adaptem às 
regras da sociedade em que vivem. 
O trabalho é um fato social presente em todos os tipos de sociedade. Porém 
cada uma delas apresenta formas distintas de organizá-lo. Assim, a forma de 
pensar, agir e sentir sobre o trabalho é imposta aos indivíduos de acordo com o 
tempo histórico e sociedade em que vivem. 
A divisão social do trabalho é um fato social da sociedade capitalista. 
Consiste na separação entre os que organizam a produção, ou seja, os 
empregadores, e aqueles que desenvolvem uma atividade produtiva, os 
empregados ou trabalhadores. Pode-se dizer que é a separação entre os que 
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pensam e os que executam. Essa divisão do trabalho, de acordo com Durkheim, 
promove a coesão social por meio da solidariedade orgânica entre os indivíduos. 
A existência de uma sociedade é baseada em grau do consenso entre os 
indivíduos para que haja uma ordem social, ou coesão social. Para isso, é 
necessário que haja solidariedade entre os indivíduos. Assim, Durkheim conceitua 
dois tipos de solidariedade: mecânica e orgânica. 
A solidariedade mecânica era encontrada na época das sociedades 
tradicionais, pré-capitalistas, marcadas por uma homogeneidade social muito 
grande, em que o grau de divisão do trabalho era baixo. Lá os indivíduos se 
reconheciam como semelhantes e eram reconhecidos de acordo com o grupo a 
que pertenciam. A harmonia prevalecia porque essas culturas, também 
identificadas como primitivas, arcaicas ou tribais, partilhavam as mesmas crenças 
religiosas e valores sociais em relação aos interesses materiais necessários para 
a sobrevivência dos grupos. 
O aumento da população, a industrialização e a urbanização trouxeram o 
colapso da solidariedade mecânica e o estabelecimento da solidariedade 
orgânica. 
A solidariedade orgânica predomina na sociedade moderna, industrial, 
capitalista. Na sociedade moderna, as crenças, valores e interesses dos 
indivíduos são distintos, revelando maior complexidade social. Esse tipo de 
solidariedade está diretamente relacionado ao alto grau de divisão social do 
trabalho presente nas diferentes profissões e variadas atividades de trabalho da 
sociedade moderna. 
A solidariedade orgânica refere-se ao papel que é atribuído a cada 
indivíduo na divisão social do trabalho, ou seja, “funda-se na interação de cada 
indivíduo na divisão do trabalho social” (Sanson, 2017, p. 1). Aqui, as pessoas são 
reconhecidas pelo que elas fazem, ou seja, por suas atividades de trabalho e não 
mais pelas tribos ou clãs a que pertencem, como acontecia na época primitiva em 
que predominava a solidariedade mecânica. 
No sistema capitalista, a função da divisão social do trabalho é produzir 
solidariedade orgânica e criar um sistema de direitos e deveres. Assim, a divisão 
do trabalho em Durkheim parte do pressuposto de que o trabalho pode gerar 
consensos e ser portador de um pacto de convivência. Os indivíduos aceitam o 
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lugar social que lhes é dado desde que impere uma ordem social que leve justiça 
a todos os seus membros (Sanson, 2017). 
A crescente divisão do trabalho aumenta o grau de interdependência entre 
os indivíduos. Por exemplo, um padeiro depende do agricultor, que depende de 
um ferreiro, e assim por diante. Assim, a divisão do trabalho, para Durkheim, leva 
a maior coesão social, ou seja, mantém os homens juntos em sociedade de forma 
harmônica com consenso e ordem social por meio da solidariedade orgânica 
(Stumpf, 2017). 
A divisão social do trabalho, porém, pode não produzir solidariedade e 
harmonia sociais. Nesses casos, ocorrem as anomias, que surgem quando a 
divisão do trabalho não produz contatos suficientemente eficazes entre os 
indivíduos nem as regulações adequadas das relações sociais (Sanson, 2017). 
Assim, os conflitos e as desordens que se apresentam no coletivo não constituem 
o estado normal da sociedade marcada pela divisão social do trabalho. Os 
conflitos e desordens são exceções. 
Figura 2 – Anomias 
 
Crédito: Vectormine/Shutterstock. 
TEMA 4 – O TRABALHO NO SISTEMA CAPITALISTA EM MAX WEBER 
Os estudos de Max Weber sobre o trabalho na sociedade capitalista 
constatam a influência da reforma protestante para o enaltecimento do trabalho. 
Ao buscar compreender a origem da racionalidade ocidental impressa no 
capitalismo, Weber verifica que a noção de trabalho fornecido pela religião é 
contígua ao surgimento dessa racionalização. 
Weber (2001) observa que a ética religiosa protestante é comum aos 
empresários capitalistas na época da industrialização. Além disso, esse autor 
verifica que os países mais desenvolvidos (no aspecto capitalista), na época, são 
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aqueles em que predomina a religião protestante calvinista. Assim, ele traça um 
paralelo entre a racionalidade emergente, a ética religiosa (ou protestante) e o que 
chamou de espírito do capitalismo (Weber, 2001). 
A racionalidade inerente ao capitalismo, a racionalidade instrumental, 
refere-se à aplicação de métodos rápidos e eficientes de produção, mão de obra 
qualificada, corte de gastos, entre outras práticas. A ética protestante baseia-se 
em repúdio à preguiça e à aposentadoria e a tudo que seja contrário ao trabalho. 
O espírito do capitalismo representa a racionalização da produção e do trabalho 
a fim da maior obtenção de lucro, objetivo do capitalismo. 
A união entre racionalidade instrumental emergente, a ética protestante e 
o desenvolvimento do capitalismo contribuem para a transformação do significado 
do trabalho. 
O trabalho, antes da reforma protestante, desde a Idade Média, era tido 
como algo negativo. Representava algo necessário à sobrevivência, indispensável 
para a reprodução biológica e social da humanidade, porém sobre ele pesava a 
condição de castigo. O trabalho era desvalorizado nos aspectos pessoal, coletivo 
e espiritual, pois indicava a anulação da individualidade das pessoas. Essa visão 
era compartilhada tanto por aqueles que trabalhavam quanto por aqueles que não 
trabalhavam. O trabalho simbolizava a purgação do pecado original de toda a 
humanidade (Sanson, 2009). 
A significação do trabalho começa a mudar com o advento da reforma 
protestante. A relação do trabalho com a condenação e o pecado original dá lugar 
ao trabalho como sinal de graça de Deus, possibilidade de exaltação à obra 
criadora de Deus. Além disso, o trabalho passa a ser visto como um fim em si 
mesmo, um dever. É motivo de reconhecimento, virtude e torna-se uma exigência 
social. 
 “A concepção de trabalho trazida pela reforma protestante liberou moral e 
eticamente os homens – os capitalistas – à aquisição de bens, à obtenção do 
lucro, à cobrança de juros e à acumulação de capital” (Sanson, 2009, p. 32). Daí 
emerge a tríade: trabalhar, acumular e reinvestir. Ou seja, a acumulação do capital 
deve ser reinvestida em novos negócios para geração de empregos. O trabalho 
passa a relacionar-se principalmente com o acúmulo de capital. Assim, o trabalho 
instituído como graça de Deus, fonte de reconhecimento e riqueza, justifica a 
ascensão econômica da burguesia emergente da época. Igualmente, a evolução 
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de seu significado torna-se importante para o fortalecimento do capitalismo e 
crescimento das indústrias. 
Figura 3 – Max Weber 
 
Crédito: Natata/Shutterstock. 
TEMA 5 – COMPARAÇÃO ENTRE AS CONCEPÇÕES SOCIOLÓGICAS 
A primeira concepção de trabalho estudada nesta aula foi apresentada sob 
a perspectiva de Marx, que introduz o trabalho como uma atividade vital do ser 
humano que o diferencia dos animais por meio do processo teleológico em que o 
homem imagina o objeto em sua mente e realiza uma ação planejada orientada 
para um objetivo. Assim, o homem se reconhece no resultado de seu trabalho, 
pois pensa e executa a ação que dá origem ao objeto. Nessa concepção, o 
trabalho é uma ação transformadora, pois modifica a natureza, transforma o 
próprio homem e também as relações sociais. 
A segunda concepção de trabalho, ainda na perspectiva de Marx, retrata-o 
no sistema capitalista como uma atividade alienante. O homem torna-se alienado 
por meio do trabalho, pois participa apenas da etapa de fabricação dos produtos, 
mas não atua no planejamento. Devido à divisão social do trabalho, o homem não 
pensa, apenas executa as atividades. Além disso, devido aos movimentos 
repetitivos, o trabalho não possibilita a autoexpressão e a realização pessoal. 
Ademais, esse trabalhador encontra-se imerso em um ambiente de competição 
com os demais trabalhadores. 
Na primeira concepção o homem diferencia-se do animal, pois pensa e 
executa a atividade de trabalho e assim transforma a natureza, a si próprio e as 
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relações sociais. Na segunda concepção, ao contrário, o homem sente-se animal, 
pois apenas executa as atividades pensadas por outrem e não se reconhece no 
resultado de seu trabalho. 
Ainda, na segunda concepção de trabalho, o trabalhador produz mais do 
que recebe por causa da mais-valia, pois o excedente produzido pelo trabalhador, 
o lucro, é apropriado pelos donos dos meios de produção. Além disso, o 
trabalhador não vale pelo que produz, mas sim pelo seu valor de troca no 
mercado. Ou seja, recebe salário de acordo com a média salarial do mercado de 
trabalho e não pelo que produz. 
A terceira concepção de trabalho, fornecida por Durkheim, aponta-o como 
fato social em que a forma de organização do trabalho de uma sociedade é 
imposta aos indivíduos de acordo com o tempo histórico em que vivem. 
De acordo com o autor (Durkheim, 1999), a divisão social do trabalho é um 
fator de integração, pois promove a coesão social por meio da solidariedade 
orgânica. A solidariedade orgânica promove uma identificação entre os indivíduos 
em prol da ordem social. Ou seja, cada indivíduo é especialista em uma área ou 
atividade que depende de especialistas em áreas distintas. Assim, há a 
interdependências entre as pessoas, pois cada um domina apenas uma atividade 
específica e precisa dos outros para que haja a completude. Igualmente, os 
indivíduos aceitam o papel que lhes é atribuído na divisão do trabalho e agem de 
forma solidária. Quando a divisão do trabalho não produz solidariedade, ocorrem 
as anomias, ou seja, conflitos, crimes, violência, entre outros. 
Diferentemente de Marx, Durkheim trata o conflito como uma anomalia, ou 
seja, não é o estado normal da sociedade envolvida pela divisão do trabalho. 
Marx, por sua vez, defende que o conflito é inerente ao trabalho no modo de 
produção capitalista e ocorre por meio da luta de classes. 
A quarta concepçãode trabalho baseia-se nas constatações de Weber 
acerca da influência da reforma protestante para a transformação do significado 
do trabalho no modo de produção capitalista. O trabalho que antes representava 
algo negativo, purgação dos pecados da humanidade, adquire significação 
positiva e passa a significar graça divina. O trabalho torna-se virtude, bênção, 
dever e exigência social. Posto isso, a racionalidade, inerente à ética dos 
protestantes, e a transformação do significado do trabalho alavancam o espírito 
do capitalismo. 
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Em síntese, ao comparar as concepções de Marx, Durkheim e Max Weber, 
verifica-se que Marx e Weber abordam a transformação do significado do trabalho 
por meio desenvolvimento do capitalismo, porém o ponto focal de Marx recai sobre 
os conceitos de alienação e mais-valia, enquanto que o ponto focal de Weber é o 
advento da reforma protestante. Para Durkheim o trabalho é um fato social, 
portanto o significado do trabalho relaciona-se às imposições sociais sobre o 
indivíduo, submetido ao tempo histórico em que se encontra. 
Quanto à divisão do trabalho, Marx entende como algo maléfico por 
impossibilitar a expressão intelectual do trabalhador e consequentemente sua 
falta de consciência acerca da sua situação de explorado. Em contrapartida, 
Durkheim vê como algo benéfico por promover a coesão social por meio da 
solidariedade orgânica. Weber descreve a divisão social de forma neutra, 
enfatizando a influência da ética protestante para o fortalecimento do capitalismo. 
O quadro 1 apresenta uma comparação acerca da divisão social do trabalho nas 
perspectivas de Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. 
Quanto ao conflito, Marx apresenta-o como algo inerente ao capitalismo, 
pois é composto pela luta de classes (classe trabalhadora versus burguesia, ou 
donos dos meios de produção), enquanto Durkheim mostra o conflito como uma 
anomalia a ser superada. 
Quadro 1 – Comparação entre as concepções de divisão social do trabalho para 
Marx, Durkheim e Weber 
Divisão social do trabalho no capitalismo 
KARL MARX ÉMILE DURKHEIM MAX WEBER 
Fragmentação do ser 
genérico do homem. A 
divisão social do trabalho é 
um aspecto objetivo da 
realidade moderna e 
capitalista e coloca o 
homem em conflito com os 
outros homens e consigo 
mesmo, em razão da 
fragmentação do trabalho 
(praxis humana). O homem 
tem a capacidade de 
idealizar o que quer 
produzir, propriedade que o 
diferencia dos animais, mas 
esta é colocada em xeque 
na modernidade 
 
Especialização e 
interdependência entre os 
Indivíduos. A divisão do 
trabalho social é fator de 
integração social. Nas 
sociedades em que 
predomina uma acentuada 
divisão do trabalho, o 
relacionamento entre 
especialidades estabelece 
dependência de uns 
indivíduos para com os 
outros, basicamente fundada 
na especialização de 
atividades sociais, no âmbito 
da sociedade, e de tarefas 
no âmbito da produção. 
Fator de racionalização na 
esfera econômica porque 
torna o trabalho uma 
atividade sistemática, ou 
seja, deve ser realizada 
metodicamente. O 
protestantismo oferece uma 
base ética a divisão do 
trabalho ao considerar o 
trabalho como vocação 
porque seria o meio para o 
ser humano realizar a 
"vontade de Deus". A divisão 
social do trabalho não é uma 
imposição social, mas sim os 
indivíduos que buscam 
realizar suas vocações. 
Fonte: Mocelin; Azambuja, 2011. 
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