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Organizações e Trabalho 3

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORGANIZAÇÕES 
CONVENCIONAIS DE 
TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Laira Gonçalves Adversi 
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CONVERSA INICIAL 
Esta aula tem o objetivo de apresentar as principais características das 
organizações convencionais de trabalho na atualidade. Estas, por sua vez, 
apresentam um repertório de características, porém, nesta aula explicitaremos 
apenas algumas que podem ser consideradas principais. 
As organizações convencionais de trabalho são burocráticas, 
gerencialistas, orientadas exclusivamente para o crescimento econômico e para 
o mercado. Além disso, possuem um modo de organizar específico. 
Sendo assim, esta aula, a fim de discorrer sobre as organizações 
convencionais de trabalho, organiza-se se dividindo em cinco temas: 
1. O modo de estabelecer as organizações convencionais de trabalho; 
2. Organizações burocráticas; 
3. Organizações gerencialistas; 
4. Organizações orientadas exclusivamente para o crescimento econômico; 
e 
5. Organizações orientadas exclusivamente para o mercado. Assim, os 
termos burocracia, gerencialismo, crescimento econômico e mercado 
estão relacionados diretamente às organizações convencionais de 
trabalho. 
TEMA 1 – O MODO DE ESTABELECER AS ORGANIZAÇÕES CONVENCIONAIS 
DE TRABALHO 
As organizações convencionais de trabalho se baseiam em um modelo 
dominante, considerado o tipo ideal de organização, padrão a ser seguido por 
representar maior eficiência técnica. Caracterizam-se predominantemente por: 
hierarquia, delegação e representação, individualismo e elitismo, valores 
orientados para o mercado, discriminação da diferença, rotina e reprodução nas 
práxis burocratizadas, gerencialismo (Misoczy; Flores; Böhm, 2008), modelo de 
empresarização (Vieira; Darbilly; Barros, 2012), acomodação, enclausuramento 
e competição (Barcellos; Dellangnelo, 2013). 
As organizações convencionais de trabalho tendem a se estabelecer 
como “a única forma pela qual o organizar pode ser articulado – tornando 
invisível, não existente, a multiplicidade de diferentes mundos organizacionais” 
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(Misoczy; Flores; Böhm, 2008, p. 182). Podem ser denominadas como 
organizações burocráticas (Weber, 1982): organizações gerencialistas 
(Gaulejac, 2007), organizações hegemônicas (Barcellos; Dellagnelo, 2013; 
Moraes, 2010), organizações capitalistas, isto é, mercadológicas e orientadas 
para o crescimento econômico (Seifert; Vizeu, 2015), entre outros termos. 
TEMA 2 – ORGANIZAÇÕES BUROCRÁTICAS 
A burocracia caracteriza as organizações convencionais de trabalho. 
Assim, as organizações modernas de trabalho são chamadas de organizações 
burocráticas. 
O termo burocracia foi cunhado por Marx Weber para estabelecer um 
quadro de características comuns que compunham as organizações sociais da 
modernidade. Por isso, burocracia caracteriza as organizações convencionais de 
trabalho modernas, tanto públicas quanto privadas. 
A categoria central da metodologia do estudo de Max Weber é o tipo 
ideal. Os tipos ideais são conceitos puros que necessariamente representam 
deformações da realidade. A noção de tipo ideal implica a admissão de que a 
ciência não é uma cópia da realidade, de que nosso conhecimento da realidade 
é, portanto, necessariamente limitado e imperfeito. Tipos ideais como 
feudalismo, capitalismo etc. jamais ocorrem no mundo concreto. São exageros 
propositados de situações concretas, cuja finalidade é servir para estimar o grau 
de pureza ou hibridez dos fatos. O tipo ideal é um conceito tecnicamente 
elaborado. Por isso, não é um achado, nem uma descoberta (Ramos, 2006). 
 Posto isto, ao observar as organizações convencionais de trabalho da 
modernidade, dificilmente é possível encontrar exatamente todas as 
características, concomitantemente, mencionadas por Weber. Assim, o tipo ideal 
de burocracia é usado como um parâmetro de comparação para observar o 
quanto uma organização se aproxima ou se afasta do modelo descrito pelo 
autor. 
Ao elencar as características da burocracia, Weber descreve essa 
estrutura em seu tipo ideal. Posto isto, de acordo com o Weber (1982), as 
características da burocracia são: regência de áreas de jurisdição fixas e oficiais, 
leis e normas administrativas, relações de autoridade, normas relativas aos 
meios de coerção e consenso, relação hierárquica, sistema de mando e 
subordinação, gerência das atividades, tarefas delegadas por autoridade, 
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administração formalizada por meio de documentos que regulam a conduta e 
as atividades das pessoas, treinamento e especializações das atividades, 
generalização do cargo para transformá-lo em profissão e suas atividades 
poderem ser aprendidas por qualquer outro trabalhador, impessoalidade, 
transitoriedade, salários recebidos por funcionários em troca de certa segurança 
social, carreira, entre outros. 
A burocracia baseia-se na ação racional orientada para fins. Ela 
desconsidera os valores pessoais e grupais, a afetividade, os hábitos e 
costumes da tradição. A burocracia, portanto, “tem um caráter ‘racional’: regras, 
meios, fins e objetivos dominam sua posição” (Weber, 1982, p. 282). Assim, as 
organizações burocráticas materializam o tipo ideal de organização orientado 
para o alcance da máxima eficiência e produtividade. Ademais, em aspectos 
técnicos, apresenta-se como forma vantajosa e superior de organização (Faria; 
Meneghetti, 2011). Em uma sociedade de produção industrial, este tipo de 
organização apresenta as características essenciais necessárias, tendo em 
vista, garantir a maior quantidade de fabricação de produtos e serviços, assim 
como maior possibilidade de consumo (Advsersi, 2018). 
Por exemplo, quando uma pessoa é contratada para trabalhar em uma 
organização, seja pública ou privada, ela irá preencher com um cargo que existe 
há bastante tempo. Esse indivíduo irá exercer as atividades de trabalho que 
estão descritas para esse cargo. Assim, ele insere-se em uma máquina já em 
funcionamento para cumprir a função específica, como uma engrenagem que vai 
contribuir para o funcionamento geral da máquina organizacional. 
Os regulamentos e as normas direcionam e moldam os comportamentos 
das pessoas. Ou seja, todas as pessoas da organização devem agir de acordo 
com as regras, que, a princípio, estão formalizadas e escritas. 
A autoridade é delimitada pelas normas, assim como a forma de exercer 
essa autoridade, pois a pessoa que exerce a autoridade aplica as sanções e 
punições de modo coercitivo, conforme instruções normativas. 
As contratações de funcionários são realizadas conforme as 
qualificações exigidas, previstas por um regulamento geral. 
A hierarquia caracteriza fortemente a burocracia. Existem as pessoas 
que mandam e as que executam conforme o que lhes é mandado. Ou seja, 
caracteriza-se pelo mando e subordinação. Assim, há a supervisão dos postos 
inferiores pelos superiores. 
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Em geral, a forma de agir e de se comportar das pessoas é orientada por 
normas escritas, porém, há casos que os documentos escritos não são mais 
necessários, pois ocorre o que Weber chama de Introjeção das normas 
sociais. Ou seja, os indivíduos, devido à reprodução dos modos sociais 
habituais, repetem ações de forma automática sem necessitar de regras 
escritas. Estes reproduzem por força do hábito sem ao menos refletir sobre suas 
ações. 
Os cargos são criados de forma que qualquer pessoa possa ocupá-los, 
pois as suas atribuições estão descritas formalmente.Assim, qualquer pessoa 
que realizar treinamento para um cargo específico poderá assumir a posição do 
cargo. 
Nas organizações burocráticas, há a separação entre os bens públicos e 
os bens privados, assim como também há a separação entre o local de trabalho 
e a residência do funcionário. Segrega também as atividades oficiais de trabalho 
das atividades de esfera da vida privada. 
Nessas organizações, o empresário comportar-se como o “primeiro 
funcionário” de sua empresa, da mesma forma pela qual um governante de um 
Estado burocrático, considera-se como o “primeiro servidor” do Estado (Weber, 
1982). 
TEMA 3 – ORGANIZAÇÕES GERENCIALISTAS 
O gerencialismo é uma característica das organizações convencionais de 
trabalho. Assim, as organizações modernas de trabalho são chamadas de 
organizações gerencialistas. 
O termo gerencialismo relaciona-se à redução de custos, à produtividade 
e ao aumento da eficiência na busca de objetivos organizacionais e sociais com 
ênfase na flexibilidade da gestão, adoção de programas de qualidade total, 
satisfação dos consumidores (Abrucio, 1997), empreendedorismo e dinamismo. 
Este se refere à aplicação de teorias, conceitos, técnicas e ferramentas 
administrativas e gerenciais aos diversos setores da vida em sociedade. 
No gerencialismo, há a celebração mais dinâmica do gestor-como-herói, 
como líder e formatador da cultura corporativa, inspirando a infinita busca de 
qualidade e excelência (Clarke; Newman, 1993). Nessa perspectiva, uma 
organização bem gerenciada é sinônima de organização bem-sucedida. 
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O gerencialismo é uma estrutura calculista que organiza o conhecimento 
sobre as metas organizacionais e os meios para alcançá-las. Usualmente, está 
estruturado em torno de um cálculo interno de eficiência (entradas-saídas) e um 
cálculo externo de posicionamento competitivo em um campo de relações de 
mercado. Contudo, o gerencialismo também é uma série de discursos 
superpostos que articulam proposições diferentes – até mesmo conflitantes – a 
respeito de como gerir e do que deve ser gerido. Assim, diferentes formas de 
gerencialismo enfocam liderança, estratégia, qualidade e assim por diante para 
produzirem um campo complexo e mutante de conhecimento gerencial (Clarke; 
Newman, 1993). 
A ciência gerencial que se institui como área de conhecimento após a 
década de 1960 – trabalha com um ideal de indivíduo que se comporta 
racionalmente e que é capaz de alcançar sempre mais. Convida-se o indivíduo 
ao autoaperfeiçoamento incessante e ao gerenciamento racional de si mesmo 
como se ele próprio fosse uma empresa privada (Gaulejac, 2007; Moraes, 2012). 
Predomina o culto da excelência, no qual se incita não apenas a fazer 
melhor, mas a ser “o” melhor em comparação com outros e consigo mesmo em 
fases anteriores. A exigência de excelência – que jamais pode ser satisfeita, pois 
sempre é possível melhorar – esconde-se sob o conceito de qualidade. A 
qualidade, enfim, aparece sempre como melhoria, como progresso e não como 
pressão. Assim, supõe-se que a experiência humana possa ser traduzida em 
cálculo. Os índices e os indicadores meritocráticos converteram o ser humano 
em fator econômico equivalente à matéria-prima e às ferramentas de produção. 
A objetividade numérica travestida de neutralidade (Gaulejac, 2007; Moraes, 
2012). 
O avanço das tecnologias informáticas e de telecomunicações instituiu 
uma “ditadura do tempo real”, em que o lucro deve ser imediato e os prazos são 
cada vez mais curtos. A economia já não está a serviço do desenvolvimento da 
sociedade, torna-se um fim em si, para o qual toda a sociedade deve se 
direcionar. O ritmo da vida individual, social e institucional passa a ser 
determinado pelo ritmo das corporações (Gaulejac, 2007; Moraes, 2012). 
O gerencialismo é, de acordo com Gaulejac (2007), uma tecnologia de 
poder. Nessa perspectiva, “a gestão é um conjunto de técnicas e saberes 
práticos, propagados pelas grandes empresas, visando a orientar condutas e a 
estabelecer uma cultura corporativa” (Gaulejac, 2007, p. 20). Refere-se a uma 
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ideologia que legitima a mercantilização do ser humano, transformando-o em 
“capital que convém tornar produtivo” (Gaulejac, 2007, p. 28). Para o autor, o 
gerencialismo atua na mobilização das subjetividades para a realização de um 
ideal de indivíduo adequado às exigências da nova ordem econômica, ou seja: 
autônomo, polivalente, criativo, que assume responsabilidades e arque com 
riscos, que seja flexível o suficiente para contornar a instabilidade atual do 
sistema econômico, ou seja, um super-humano, que faça sempre melhor e mais 
rápido. 
A gestão é um sistema de interpretação do mundo social que comporta 
uma visão de mundo e um sistema de crenças que oferecem uma ilusão de 
onipotência e de poder. Assim, o sucesso do modelo gerencialista deve-se à 
confusão entre o desejo de reconhecimento e uma fantasia narcísica de 
onipotência que é projetada nas empresas e reiterada pelo discurso de que o 
crescimento pessoal do indivíduo corresponde ao crescimento da corporação 
(Gaulejac, 2007; Moraes, 2012). 
TEMA 4 – ORGANIZAÇÕES ORIENTADAS EXCLUSIVAMENTE PARA O 
CRESCIMENTO ECONÔMICO 
Antes de explanar sobre as organizações orientadas exclusivamente para 
o crescimento econômico, faz-se necessário diferenciar o crescimento 
econômico do desenvolvimento econômico. 
O crescimento econômico é mensurado pelo Produto Interno Bruto – 
PIB. Está associado a fatores quantitativos. Este refere-se à produção de bens e 
serviços. Assim, quanto maior a produção de uma determinada região, mais 
elevado será o seu crescimento. Então, o PIB é calculado por meio da soma de 
todos os produtos e serviços finais de uma região para um determinado período 
(UNDP, 2019). 
Quando o PIB cresce, significa que há um maior nível de produção. Assim, 
as empresas contratam mais funcionários, mais pessoas passam a receber 
salários, e isso permite que as famílias passem a consumir mais bens e 
serviços. Consequentemente, esse fluxo continua gerando uma cadeia de mais 
produção e mais crescimento econômico (UNDP, 2019). 
O desenvolvimento econômico está relacionado à melhoria do bem-
estar da população. Mede-se por meio Índice de Desenvolvimento Humano – 
IDH. Esse fator é medido por indicadores de educação, saúde, renda, pobreza, 
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entre outros. Está diretamente ligado a aspectos e fatores qualitativos. Envolve a 
melhoria no padrão de vida da população, a melhoria da qualidade de vida das 
pessoas e, também, mudanças de cunho estrutural da economia de um país 
(UNDP, 2019). 
Posto isto, verifica-se que o crescimento econômico não garante o 
desenvolvimento, pois a riqueza gerada pelo crescimento econômico pode não 
ser distribuída de forma equitativa, não resultando, assim, em melhoria no 
padrão de vida da população. Assim, a má distribuição da riqueza gera as 
desigualdades sociais, impedindo o desenvolvimento do país (UNDP, 2019). 
O crescimento econômico é um dos princípios orientadores das 
organizações capitalistas (Seifert; Vizeu; Hocayen-da-Silva, 2015) ou seja, das 
organizações convencionais de trabalho. 
Seifert e Vizeu (2015) apresentam o crescimento como uma ideologia, 
pois a orientação para o crescimento econômico é aceita como característica 
universal da condição humana moderna, partindo de desejos e ambições 
ilimitadas. Essa visão baseia-se nas teorias de Adam Smith (2003), que defende 
que a natureza humana é essencialmente econômica e o progresso e as 
riquezas das nações dependem fundamentalmente de pessoas motivadas a 
satisfazer suas necessidades pessoais, estas ilimitadas (Seifert;Vizeu, 2015). 
A lógica crescimento econômico é ideologia do desenvolvimento ilimitado 
(Illich, 1976), causa prejuízo social, a destruição de espaços conviviais e 
redução da diversidade, pois as pequenas organizações produtoras, que muitas 
vezes têm papel primordial em comunidades locais, acabam sendo abolidas pelo 
processo de crescimento de grandes corporações (Seifert; Vizeu, 2015). 
A orientação para o crescimento econômico baseia-se na acumulação 
ilimitada de capital, ou seja, a acumulação de riqueza e geração de lucro 
(Latouche, 2009). Por isso, verifica-se que a sociedade sofre de uma quase 
universal idolatria do gigantismo, em que se busca o crescimento econômico a 
qualquer custo. Neste contexto, aponta-se necessário reconhecer as virtudes da 
pequenez (Schumacher, 1977). 
 
 
 
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TEMA 5 – ORGANIZAÇÕES ORIENTADAS EXCLUSIVAMENTE PARA O 
MERCADO 
As organizações convencionais são caracterizadas pela orientação para o 
mercado, que se emaranha à lógica da criação artificial de necessidades, ao 
consumismo, à propaganda e à obsolescência programada. “O mercado tende a 
transformar-se numa categoria de abrangência total, quanto à ordenação da vida 
individual e social” (Ramos, 1989, p.148). Assim, as organizações convencionais 
de trabalho centradas no mercado moldam as formas de ser, agir, sentir e 
pensar (Ramos, 1989). Se baseiam em “construções modernas como o 
individualismo, o mito da escassez, a privatização do mundo, a racionalização, e 
a ideologia do progresso” (Barcelos; Dellagnello, 2013, p. 4). O que faz sentido 
para os mercados faz com que o trabalho humano perca suas significações 
primeiras (Gaulejac, 2007). 
A orientação para o mercado pode se expressar por meio da criação de 
necessidades. Sendo assim, ocorre o que Illich (1976) chama de 
industrialização da carência. Para o autor, a necessidade pessoal se transforma 
em carência mensurável, pois acredita-se que não se pode viver sem o que a 
instituição produz e, quanto menos se pode usufruir o que se obteve, mais se 
sente a necessidade de quantificá-lo. “A industrialização das necessidades reduz 
qualquer satisfação a um ato de verificação operacional, substituindo a alegria 
de viver pelo prazer de aplicar uma medida” (Illich, 1976, p. 36). 
A orientação para o mercado relaciona-se ao consumismo. A sociedade 
de consumo depende da não satisfação dos consumidores e isso é vital para a 
capacitação e autorreprodução do sistema capitalista, uma educação e 
doutrinação ideológica que favorece o efêmero e a instantaneidade, em que a 
individualidade é privilegiada em detrimento do bem e do interesse da 
coletividade, enfraquecendo condições de resistência, organização e luta social 
(Baumam, 2008). O alto padrão de consumo torna-se sinal de sucesso, mesmo 
que se pague o preço de ter que trabalhar mais e estar fora de casa levando o 
contato entre amigos e familiares ao comprometimento (Baumam, 2008). 
“Tornar-se consumidor exige um nível que dificilmente deixa tempo para as 
atividades que tornar-se cidadão demanda” (Baumam, 2008, p. 188). O 
consumismo e o vício em trabalho alimentam o consumo de antidepressivos, ou 
seja, a indústria dos bens de consolação (Latouche, 2009). O consumismo 
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desenfreado é uma forma de preencher o vazio causado por um modo de vida 
dirigido pelas premissas das organizações convencionais, pois o prazer 
momentâneo propõe-se a aliviar as tensões resultantes desse modo de vida. A 
luta por posições na hierarquia social desgasta o homem, e mesmo quando 
obtém ascensão, o vazio continua sem ser preenchido (Adversi, 2018). 
 A teoria econômica moderna, baseada fundamentalmente em Adam 
Smith, consiste na análise da produção, distribuição, consumo de bens e 
serviços e uso de recursos escassos. Além disso, os indivíduos são 
autointeressados e motivados por incentivos externos, assim, o “livre mercado” 
apresenta-se como solução para que haja o bem-estar para maioria de pessoas, 
por meio da competição. Isso se dá, pois, os agentes econômicos, motivados 
apenas por seus próprios interesses, por meio da competição, contribuem para o 
consumo e expansão do mercado e assim promovem o bem-estar da sociedade 
(Adversi, 2018). 
A mercantilização se baseia no princípio da escassez, levando à 
acumulação e à competição por recursos. “Como bem mostraram Ivan Ullich e 
Jean-Pierre Dupuy, a economia transforma a abundância natural em escassez 
pela criação artificial da falta e da necessidade diante da apropriação da 
natureza e sua mercantilização” (Latouche, 2009, p.46). Para exemplificar, 
Haddad (2018) afirma que a introdução da ideia de que os recursos são 
escassos faz com que haja competição, pois, não há recursos disponíveis para 
todos, então as pessoas acumulam recursos e tiram de circulação, assim, os 
preços aumentam e menos pessoas podem ter acesso aos bens devido à 
barreira de preço criada. Outrossim, as pessoas e os agentes econômicos 
tornam-se introdutores de escassez artificial (Adversi, 2018). 
Verifica-se que o mercado exclui uns e outros, etiqueta a gratuidade, 
impõem-lhe logotipos, marcas, pedágios e depois a revende. Essa escassez 
postulada pelos economistas se torna uma profecia que se autorrealiza 
(Latouche, 2009). O princípio da escassez permeia todos os segmentos da 
sociedade. Na educação, por exemplo, as vagas em escolas e universidades 
podem ser escassas, porém, a circulação de conhecimento e aprendizados por 
meio de relacionamentos não é escassa. Quanto ao trabalho, pode haver 
escassez de postos de emprego ao considerar-se que a forma como trabalho é 
concebido na atualidade é ideologizada, porém, as atividades de trabalho não 
são escassas se outras perspectivas forem exploradas (Haddad, 2018). 
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REFERÊNCIAS 
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Cadernos ENAP, 1997. 
ADVERSI, L. G. Organizações não convencionais: um estudo comparativo de 
casos. 2018. 173 f. Dissertação (mestrado em administração). Universidade 
Tecnológica Federal do Paraná, 2018. 
BARCELLOS, R. M. R.; DELLAGNELO, E. H. L. Novas formas organizacionais: 
do dominante às ausências. RPCA. Rio de Janeiro, v. 7 n. 1, p. 1-16. jan./mar., 
2013. 
BAUMAM, Z. Vida para o consumo. A transformação das pessoas em 
mercadoria. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008. 
FARIA, J. H.; MENEGHETTI, F. K. Burocracia como organização, poder e 
controle. Rev. adm. empres. [online], vol. 51, n. 5, 2011. 
GAULEJAC, V. Gestão como doença social: Ideologia, poder gerencialista e 
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HADDAD, C. J. Collaborative consumption as a new economic model and the 
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ILLICH, I. A Convivencialidade. Ed. 4116/2148. Lisboa: Sociedade Industrial 
Gráfica Telles da Silva, 1976. 
LATOUCH, S. Pequeno tratado do decrescimento sereno. 1. ed. São Paulo: 
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