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OBJETIVOS DA CIRURGIA PRÉ-PROTÉTICA O objetivo da cirurgia pré-protética é criar estruturas de suporte adequadas para a instalação subsequente de aparelhos protéticos. O melhor suporte para uma dentadura tem as 11 seguintes características: 1. Nenhuma evidência de condições patológicas intra ou extraorais 2. Relação interarcos adequada nas dimensões anteroposterior, transversal e vertical 3. Processos alveolares tão largos quanto possível e de configuração adequada (a forma ideal do processo alveolar é um rebordo amplo em forma de U, com os componentes verticais tão paralelos quanto possível 4. Nenhuma protuberância ou irregularidade óssea ou de tecido mole 5. Forma adequada da abóbada palatina 6. Incisura posterior da tuberosidade adequada 7. Inserção adequada de mucosa queratinizada na área de suporte primário da prótese 8. Profundidade de vestíbulo adequada para a extensão da prótese 9. Resistência adicional nos possíveis locais de fratura mandibular 10. Proteção do feixe neurovascular 11. Suporte ósseo adequado e cobertura de tecido mole inserido para facilitar a instalação de implantes quando necessário PRINCÍPIOS DE AVALIAÇÃO DO PACIENTE E PLANO DE TRATAMENTO Antes de qualquer tratamento cirúrgico ou protético, deve-se desenvolver uma avaliação meticulosa, delineando os problemas a serem resolvidos e um plano de tratamento detalhado para cada paciente. É imperativo que nenhum procedimento cirúrgico seja iniciado sem um claro entendimento do desenho desejado para a prótese final. O tratamento cirúrgico pré-protético deve iniciar-se com a história clínica e o exame físico completo do paciente. Um aspecto importante da história é obter uma ideia clara da queixa principal do paciente e de suas expectativas quanto ao tratamento cirúrgico e protético. Devem-se avaliar cuidadosamente os objetivos funcionais e estéticos do paciente e determinar se essas expectativas podem ser alcançadas. Avaliação do Tecido Ósseo de Suporte A avaliação do tecido ósseo de suporte deve incluir inspeção visual, palpação, exame radiográfico e, em alguns casos, avaliação de modelos. Anormalidades do osso remanescente geralmente podem ser avaliadas durante a inspeção visual; no entanto, em razão da reabsorção óssea e da localização das inserções musculares e dos tecidos moles, muitas anormalidades ósseas podem ser mascaradas. É necessária a palpação de todas as áreas da maxila e mandíbula, incluindo a área chapeável primária e a área vestibular. A avaliação da área chapeável da maxila inclui avaliação completa da forma do rebordo ósseo. Não se deve permitir a permanência de nenhuma irregularidade ou protuberância óssea grosseira na área do rebordo alveolar, vestíbulo ou abóbada palatina que impeça a correta inserção da prótese. Deve-se observar a presença de torus palatino que necessite de intervenção. A incisura posterior à tuberosidade deve ter um formato adequado para permitir estabilidade e selamento periférico da dentadura. O rebordo mandibular remanescente deve ser avaliado visualmente, observando-se sua forma e contorno, a presença de irregularidades grosseiras, torus e exostoses vestibulares. Em casos de reabsorção moderada a grave do osso alveolar, o contorno do rebordo não pode ser adequadamente avaliado por inspeção visual apenas. Inserções musculares e de mucosa próximas à crista do rebordo podem mascarar a anatomia óssea subjacente, particularmente na área posterior da mandíbula, na qual frequentemente se pode palpar uma depressão entre a linha oblíqua externa e a linha milo-hióidea. A localização do forame mentual e do feixe neurovascular mentual pode ser palpada em relação à face superior da mandíbula, e podem-se notar distúrbios neurossensoriais. Avaliação do Tecido Mole de Suporte A avaliação da qualidade do tecido da área de suporte primário que recobre o rebordo alveolar é de extrema importância. A quantidade de tecido queratinizado firmemente aderido ao osso subjacente na área de suporte da prótese deve ser distinguida do tecido pobremente queratinizado ou móvel. A palpação pode revelar um tecido fibroso hipermóvel inadequado para a estabilidade da base da prótese. A área vestibular deve estar livre de alterações inflamatórias, como áreas cicatriciais ou ulceradas causadas pela pressão da dentadura, ou de tecido hiperplásico resultante de dentadura mal-adaptada. O tecido do fundo de vestíbulo deve ser flexível e sem irregularidades para um selamento periférico máximo da dentadura. A avaliação do fundo de vestíbulo deve incluir a manipulação manual das inserções musculares adjacentes. Tensionando o tecido mole adjacente à área do rebordo alveolar, o cirurgião-dentista pode notar as inserções de músculos ou de tecido mole (incluindo freios) que se aproximam da crista do rebordo alveolar e que são frequentemente responsáveis pela perda do selamento periférico da dentadura durante a fala ou a mastigação. A face lingual da mandíbula deve ser inspecionada para determinar o nível da inserção do músculo milo-hióideo em relação à crista do rebordo mandibular e à inserção do músculo genioglosso na região anterior da mandíbula. A profundidade do assoalho da boca deve ser avaliada com a língua em várias posições, pois a movimentação da língua, acompanhada pela elevação dos músculos milo-hióideo e genioglosso, é causa frequente de movimentação e deslocamento da dentadura inferior. Plano de Tratamento O cirurgião-dentista responsável pela confecção da prótese deve assumir a responsabilidade por buscar as informações cirúrgicas, quando necessário. A manutenção a longo prazo do osso de suporte e do tecido mole, assim como dos aparelhos protéticos, deve ser lembrada durante todo o tempo. Quando há atrofia óssea grave, o tratamento deve ser direcionado para a correção da deficiência óssea e alteração do tecido mole associado. Quando algum grau de suporte ósseo se mantém apesar da atrofia alveolar, pode-se alcançar melhora da área de suporte para a prótese pelo tratamento direto da deficiência óssea ou pela compensação com cirurgia de tecido mole. O plano de tratamento mais apropriado deve considerar a altura, a largura e o contorno do rebordo. Muitos outros fatores também devem ser considerados: em um paciente idoso com reabsorção óssea moderada, a cirurgia de tecido mole isoladamente pode ser suficiente para melhorar a função da prótese. Em um paciente extremamente jovem com o mesmo grau de atrofia, podem ser indicados procedimentos de aumento ósseo. Os implantes podem alterar a necessidade de modificação cirúrgica do osso ou do tecido mole. Deve-se adiar a cirurgia do tecido mole até que o enxerto de tecido duro e sua cicatrização tenham ocorrido. RECONTORNO DOS REBORDOS ALVEOLARES Irregularidades do osso alveolar encontradas no momento da extração dentária ou após um período de cicatrização inicial requerem recontorno antes da confecção da prótese final. Esta seção se concentra principalmente no preparo de rebordos para próteses removíveis, mas também considera a possibilidade de instalação de futuros implantes e a clara necessidade de se conservar osso e tecido mole tanto quanto possível. Alveoloplastia Simples Associada à Remoção de Múltiplos Dentes Alveoloplastia Intrasseptal Redução da Tuberosidade Maxilar (Tecido Duro) Exostose Vestibular e Irregularidades Excessivas Exostose Palatina Lateral Redução da Crista Milo-hióidea Redução do Tubérculo Geniano A infiltração anestésica local e o bloqueio bilateral do nervo lingual promovem anestesia adequada. Faz-se uma incisão sobre a crista de cada área de pré-molar até a linha média da mandíbula. Desloca-se o retalho mucoperiosteal de espessura total lingualmente para expor o tubérculo geniano. A inserção do músculo genioglosso pode ser removida com uma dissecção cortante. O alisamentocom broca ou pinça-goiva, seguido de lima para osso, remove o tubérculo geniano. Deixa-se o músculo genioglosso se reinserir de maneira aleatória. Assim como com a redução do músculo milo-hióideo e da crista milo-hióidea, um procedimento para reduzir o assoalho da boca também pode trazer benefícios à porção anterior da mandíbula. REMOÇÃO DE TORUS Torus Maxilares Torus Mandibulares ANORMALIDADES DO TECIDO MOLE As anormalidades do tecido mole nas áreas de suporte de próteses e nas áreas adjacentes incluem tecido excessivamente fibroso ou hipermóvel, lesões inflamatórias, como a hiperplasia fibrosa inflamatória do vestíbulo e a hiperplasia papilar inflamatória do palato, e as inserções anormais de músculos e freios. Com exceção das lesões patológicas e inflamatórias, a maioria das outras condições não representa problema quando o paciente tem dentição completa. O planejamento do tratamento a longo prazo é obrigatório antes de qualquer cirurgia de tecido mole. O tecido mole, que inicialmente aparenta ser flácido e excessivo, pode ser útil se procedimentos futuros de aumento do rebordo ósseo ou enxertos forem necessários. Uma vez removida, a mucosa oral é difícil de ser substituída. A única exceção a essa utilidade do excesso de tecido é quando lesões patológicas de tecido mole precisam ser removidas. Redução da Tuberosidade Maxilar (Tecido Mole) Redução da Papila Retromolar Mandibular A anestesia local infiltrativa da área que requer excisão é suficiente. Faz-se uma incisão elíptica para excisar a maior área de espessura de tecido na região posterior mandibular. Afinam-se levemente as áreas adjacentes, sendo a maioria da redução tecidual pela face vestibular. A remoção excessiva de tecido na região submucosa do retalho lingual pode resultar em danos ao nervo e à artéria lingual. Aproxima-se o tecido com suturas contínuas ou interrompidas. Excesso de Tecido Mole Lateral Palatino Tecido Hipermóvel sem Suporte Hiperplasia Fibrosa Inflamatória Frenectomia Labial Frenectomia Lingual PRÓTESES IMEDIATAS PRESERVAÇÃO DO REBORDO ALVEOLAR CIRURGIA PARA SOBREDENTADURA A técnica de sobredentadura tenta manter os dentes nos alvéolos, transferindo a força diretamente ao osso e melhorando a função mastigatória com a prótese. A presença dos dentes pode também melhorar a propriocepção durante a função, e encaixes retentivos específicos podem ser incorporados aos dentes para melhorar a retenção e a estabilidade da prótese. Deve-se considerar uma sobredentadura sempre que existirem dentes com suporte ósseo adequado, quando for possível manter uma boa saúde periodontal e os dentes puderem ser restaurados adequadamente. Os caninos bilaterais são geralmente os dentes mais apropriados para esse tipo de tratamento. Como essa técnica requer também tratamento endodôntico e protético dos dentes remanescentes, devem-se considerar também questões financeiras PROCEDIMENTOS AVANÇADOS DE CIRURGIA PRÉ-PROTÉTICA CIRURGIA DE TECIDO MOLE PARA AUMENTO DO REBORDO MANDIBULAR A cirurgia de tecido mole realizada para melhorar a estabilidade da prótese pode ser feita isoladamente ou após aumento ósseo. Em ambos os casos, os principais objetivos da cirurgia pré-protética de tecido mole são proporcionar maior área de tecido inserido na área de suporte primário da prótese ou na área de implantes, e aumentar a extensão dos flanges da prótese pela remoção das inserções musculares nas áreas chapeáveis ou vestibulares, que provocam seu deslocamento. Vestibuloplastia por Retalho Transposicional (Lip Switch) Procedimentos para Aumento do Vestíbulo e do Assoalho da Boca CIRURGIA DE TECIDO MOLE PARA AUMENTO DO REBORDO MAXILAR A reabsorção do osso alveolar maxilar frequentemente resulta em inserções musculares e mucosas que interferem na confecção da prótese, sua estabilidade e retenção. Por causa da ampla área chapeável da maxila, frequentemente se pode alcançar estabilidade adequada da prótese mesmo após excessiva perda óssea. Todavia, a formação de tecido mole em excesso pode acompanhar a reabsorção óssea, ou pode ser necessário modificar o tecido mole em conjunto com cirurgia prévia de aumento do rebordo. Várias técnicas proporcionam ganho adicional de mucosa inserida e de profundidade de vestíbulo na área chapeável da maxila. Vestibuloplastia Submucosa Vestibuloplastia Maxilar com Enxerto de Tecido Resumo O sucesso do preparo para uma cirurgia pré-protética depende de uma avaliação e um plano de tratamento cuidadosos. Em geral, as anormalidades ósseas devem ser corrigidas primeiro. As correções do tecido mole são frequentemente adiadas até que o aumento e o recontorno ósseos sejam realizados. Tenta-se o aumento ósseo simultâneo somente quando esse aumento objetiva melhorar o contorno, e não criar aumento alveolar significativo em altura ou largura. O desenho final da prótese e os objetivos de função a longo prazo, qualidade estética e manutenção do tecido devem ser considerados durante todas as fases do tratamento.
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