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Toxicologia veterináriaToxicologia veterinária Intoxicações características diagnóstico Derivados cumarínicos Alfanaftiltiouréia (ANTU) fisiopatologia sinais clínicos tratamento É um rodenticida antagonista da vit.K. Os representantes dessa classe são o Warfarin, Tumorin, Racumin, Brumoline, e também a Pindona, Clorfacinona, Difacinona. Possui 2 gerações, na 1ª - o tóxico não se liga a albumina, vai direto pro fígado antagonizar a vit. K, já na 2ª - ligam-se com proteínas plasmáticas e são liberados lentamente. Pode ser absorvido via oral, pulmonar ou dérmica - atua no fígado, baço e rim. Inibe de forma competitiva com a vit. K na síntese de protrombina ativa no fígado. Os animais podem morrer por hemorragia sem manifestações prévias, mas, quando ocorrem os sinais clínicos, são eles - hematemese, epistaxe, hematoquezia, hemorragia conjuntival e intraocular, anemia, hematomas, hemoartrose e mucosa pálida, e icterícia - quando crônico. Desintoxicação - provocar o vômito, fazer lavagem gástrica e utilizar o carvão ativado. Suporte - repouso, sedação e/ou anestesia, oxigenioterapia, toracocentese e transfusões. Específica - Possui antídoto que reverte a hipoprotrombinemia em 30 min - Vitamina K-1 hidrossolúvel e Vitamina k- 3 (se diferem pelo fato de que a vit. K-3 é menos eficaz e tem que passar pelo fígado). Diferenciais: chumbo, mercúrio, fosfeto de zinco, veneno de cascavel*, ferro, ricina, micotoxina, reações anafiláticas, doenças infecciosas (erliquiose) e hipovitaminose A. Feito pela anamnese, análise de sinais clínicos e pelo exame físico. Quando laboratorial - avaliação do tempo de coagulação, hemorragia e protrombina - que estarão elevados, principalmente o último entre as 24 a 72h. Também pode ser feita a dosagem do tóxico na urina. É um pó cinzento ou azul- acinzentado, insolúvel em água, insípido e com odor desagradável. Outro rodenticida, específico para ratos adultos na Noruega, todavia, pode acometer também os gambás, porcos, cães, gatos e outros. Atenção nas 12 primeiras horas! É absorvido pelo TGI, pode provocar morte em 6 a 48h. Aumenta permeabilidade dos capilares pulmonares e compromete a hematose, e causa hiperglicemia pela glicogenólise hepática. Como é um potente hemético e causa irritação gástrica - vômito, mas também provoca edema pulmonar (com alteração dos sons), auscutação de sons cardíacos rápidos e hipofonéticos, derrame pleural, cianose, asfixia, hipotermia e coma. Deve-se acompanhar a glicose, fazer gasometria e considerar aplicação de broncodilatador. Terapia múltipla com desintoxicação (padrão), suporte - com administração de oxigênioterapia, diurético e soro. Não há tratamento específico. Os diferenciais são ICC esquerda (porém, há outros sinais que antecedem a doença) e intoxicação por fumaça (por causa dos líquidos presentes nos alvéolos). Pode ser feito a coleta de urina, sangue, líquido do pulmão, biópsia do fígado e rim para ajudar a fechar o diagnóstico. Feito por: Loris Dias / @loriis_dias ATUALIZADA Estricnina Piretroides Intoxicações características diagnósticofisiopatologia sinais clínicos tratamento • Não se induz o vômito porque pode induzir a crise tônica. É um alcalóide obtido pela semente da árvore Strychnos nux vomica (noz vômica), é vendida comercialmente como sulfato de estricnina em grânulos, pellets e em pó. É solúvel em álcool, clorofórmio e glicerol. Tem sabor amargo e usam o sulfato para disfarçar o sabor e facilitar a ingestão durante a tentativa de envenenamento aos animais. Age através da absorção no TGI, afeta principalmente o fígado e o rim - onde pode ser excretado na urina de forma inalterada dentro de 24h. Causa convulsões tônicas (tetânicas) porque compete com a glicina espinhal pelos receptores de glicina em neurônios motores. Na sintomatologia supra-espinhal, age inibindo receptores supra-espinhais do gaba. Nervosismo, agitação, tremores e abalos musculares em resposta a ruídos e luz súbita, convulsões tônicos (tetânicas) agudas de 15min a 2h após a ingestão ou contínuas - com posição de cavalete, dificuldade de vomitar, fácies repuxadas, temperatura alta, mioglobinúria e presença de consciência até próximo a morte. • Não há tratamento específico. Desintoxicação - iniciar com sedação/relaxamento do animal antes de prosseguir com as etapas de: lavagem gástrica, administrar carvão ativado, fazer diuréticos e caso tenha acidificação da urina por causa da hipóxia - utilizar cloreto de amônio. Suporte - sedativo, anestésicos, relaxantes musculares, respiração mecânica e manter o animal em ambiente calmo. Essa intoxicação não causa lesões de necropsia específicas, se causar, é mínima, pode ser visto hemorragias IM, unhas quebradas, “iscas” no estômago, cianose e rigor mortis rápido. Para fazer o diagnóstico laboratorial, analisar exames de hematologia e bioquímicos - CK e mioglobinúria. De forma química, as análises podem ser pela urina, conteúdo gástrico ou líquido da lavagem, além do tecido hepático. • Representantes: ambush, permetrex, piredan, talcord, belmark, sumidin, butox. São obtidos pelas flores da Chrysanthemum cinerarifolium e C. coccioneum. Comercialmente, é vendido seus extratos purificados. São pouco solúveis em água, e solúveis no álcool e querosene, onde aumentam sua toxidade, e se oxidam quando em temperaturas elevadas. Com absorção oral, pulmonar e principalmente a dérmica, o tóxico é hidrolizado no TGI, metabolizado no fígado e excetado pela urina. Ele age nos canais de sódio, aumentando o tempo em que ficam abertos (tempo de despolarização) e causam estímulo repetitivo dos nervos - especialmente o motor. Em casos graves - paralisia muscular e convulsão. Não é comum o animal morrer por causa da intoxicação diretamente, quando ocorre, é por sequela dela. Hipersensibilidade, irritação das mucosas, salivação excessiva, incoordenação motora, tremores musculares, dispneia, anoxeria, vômito, ataxia e diarreia. Diazepam, anti- histamínico, pentobarbital e sulfato de atropina. A desintoxicação é feita dando banho com bastante shampoo e tosando o animal. Como não há um fármaco direto na específica, o restante do tratamento é feito com a terapia de suporte: Pelo histórico, sinal clínico e pode-se fazer a biopsia a partir da retirada de um fragmento do nervo acometido - principalmente o isquiático (com o paciente ainda vivo). Diagnóstico diferencial: intoxicação por organofosforado ou carbamato. Na necropsia, há alterações características na estrutura do nervo isquiático, desmielinização e presença de grânulos ovóides de mielina. Feito por: Loris Dias / @loriis_dias Intoxicações características diagnósticofisiopatologia sinais clínicos tratamento Diferencial: piretroides Feito com base no histórico (odor de alho é bastante característico), sinais clínicos, e se após a utilização da atropina, há demora ou resolução dos sinais. Laboratorial - atividade da colinesterase, que no OF é estável e no Carb. é instável. Pelo sangue total já que a AChE é maior nos eritrócitos (gatos tem pseudocolinesterase no plasma). Necropsia: análise dos inseticidas e metabólitos em amostras de pelo e urina, por exemplo. Amitraz Organofosforado e Carbamato Sua forma comercial - Triatox tem o composto dissolvido em hidrocarbonetos aromáticos, o que caracteriza uma fácil detecção quando o animal chega intoxicado até você. É uma formamida, também conhecido como acaricida e inseticida. Feito por: Loris Dias / @loriis_dias Seu metabólito final é um tipo de ácido excretado na urina. Sofre intoxicação dérmica, mas pode ser oral também (inalatória é mais raro). Tem biotransformação hepática, o composto BTS 27271 inibe a monoamina oxidase (que faz a síntese de serotonina) e tem efeito agonista nos receptores alfa-2 adrenérgicos - faz com que o animal tenha hiperglicemia. No mais, sua ação também inibe a síntese de prostaglandina E2 e age deprimindo o SNC. Os sinais são bradicardia, hipotensão, vasoconstrição periférica, hipotermia, hiperglicemia,vômito, diarreia, anorexia, depressão respiratória e do SNC. Começa em poucas horas e pode evoluir para depressão em 1 a 3 dias. O tratamento específico é feito com a Ioimbina (antagonista alfa-2 adrenérgico). Desintoxicação, Suporte com monitoração cardíaca e assistência respiratória mecânica (caso necessário) e oxigenoterapia. Diferencial: chumbinho, intoxicação por piretróide e deve-se dosar a quantia de acetilcolinesterase no sangue, pois no caso de intoxicações por organofosforado e carbamato - como inibe a acetilcolinesterase, o animal fica com ↑acetilcolina. Feito pela anamnese, análise dos sinais clínicos, dosagem dos metabólitos finais na urina e dosagem da glicemia (que fica aumentada). Não possui alterações características na necropsia. Representantes: do carbamato, os principais - Talco Bulldog, Bolfo e Temik (chumbinho). Organofosforado: Xandog, Brinco mosquicida, Baygon, Lepecid Spray e Neguvon. São compostos inseticidas, carrapaticidas, pulicidas... entre outros, e também podem ser encontrado em algumas frutas, por exemplo. Ambos são inibidores da acetilcolinesterase (enzima que degrada acetilcolina) - logo, fica com excesso de acetilcolina na fenda e isso faz com que seu efeito se exacerbe pela toxidade gerada, toxidade que, inclusive, pode ser aumentada por fármacos competidores como fenotiazinas, antibióticos e depressores do SN, e causa despolarização prolongada dos órgãos efetores. Entre eles, se diferem mais em questão da duração, os do carbamato são mais transitórios. Pelos muscarínicos, os principais sinais apresentados são: miose, vômito, diarreia, salivação, poliúria, sudorese e bradicardia. Nos nicotínicos - tremores musculares, fasciculações, paresia progressiva. No SNC - deressão, alteração de comportamento e convulsão. Deve-se fazer a detoxicação (padrão), e dependendo da via de entrada, se for dérmica - dar banho e tosar, se for pela ingestão - induzir ao vômito em até 2h ou fazer a lavagem gástrica. No mais, também é viável a utilização do carvão ativado no tratamento. Suporte: fluidoterapia, oxigenoterapia, alcalinização da urina. Específico: para bloquear efeitos muscarínicos - sultato de atropina. Para regenerar a AChE e aliviar sinais nicotínicos - reativador de colinesterase. Lembre-se da Neuropatia tardia (rara) ao analisar os sinais clínicos + tratamento. Intoxicações características diagnósticofisiopatologia sinais clínicos tratamento Chumbo Feito por: Loris Dias / @loriis_dias Se o pH tecidual diminuir, o que acontece em abcessos - o chumbo se torna mais solúvel, e com isso, mais tóxico. Presente em baterias, tintas, óleos automotivos, gasolina, chumbos de pesca e etc. - O que mais afeta a toxidade é idade, prenhez e enfermidade. - Caprinos, suínos e frangos de corte são mais resistentes. Ingestão baixa não tem quadro clínico. - A forma mais tóxica é em sal (+ solúvel e + absorvível). Pode entrar por ingestão, dérmica e por projéteis balísticos. No cérebro, atravessa barreira HE - causa lesão no endotélio capilar, edema e congestão. No coração - altera condução nervosa, pode causar arritmias. Provoca desequilíbrio de neuro- transmissores e diminuir produção, altera desenvolvimento do SN quando passa a Barreira placentária, nos fetos - afeta o fígado, rins e ossos. Altera funções simpáticas durante formação do SNC e SNP. Após a ingestão (mas pode ser inalação ou percutânea) ocorre absorção, o chumbo se adere na membrana das hemácias, se ligam a albumina e o pouco livre se deposita em tecidos, leite, cérebro e placenta. O depósito que diminui a atividade de osteoclastos. Pode haver a alteração da permeabilidade de Na e K na ação da ATPase, síntese do grupo Heme, pode inibir formação de protoporfirina, diminuir meia vida de hemácias, entre outros. Podem ser agudo, sub- agudo e crônico, e variar com idade e espécie (bovino e cães são os principais acometidos*). Em bovinos - agudo ou crônico: causa depressão, apatia, excitação, convulsão, cegueira, pressão de cabeça, sialorréia, diarreia aquosa, timpanismo, alotriofagia, aborto, incontinência urinária, vocalização e etc. (principais) Em cães - agudo ou crônico: incoordenação, hiperexcitação, mioclonia, cegueira, vômito, diarreia, megaesôfago, sialorreia, alotriofagia, degeneração testicular e anorexia. (principais) • Histórico clínico + anamnese; • Sinais clínicos; • Achados hematológicos (anemia normocítica normocrômica regenerativa, anemia hemolítica, reticulose); • Radiográficos (rx das metáfises de ossos longos); • Dosagem de chumbo no sangue. • Necropsia (hidrotorax, hidropericárdio, edema pulmonar, necrose centrolobular hepática, corp. de inclusão intranuclear em hepatócitos e túbulos proximais renais). • Diferenciais: raiva, polioencefalomalácia, meningite e outras intox. (São exemplos, há mais INÚMEROS pros citados) Terapia múltipla, desintoxicação com lavagem ou laparotomia, emergencial/suporte - com sedativo e tranquilizantes, administrar a fluidoterapia e realizar antibioticoterapia. O tratamento específico pode ser feito com substâncias quelantes como - EDTA cálcico para retirar o chumbo e favorecer sua excreção. Todavia, um colateral é a deficiência de zinco, logo, ele deve ser suplementado. Fatores que aumentam a toxidade: Quantia ingerida; Tamanho da partícula; Onde foi diluída (lipossolúveis são +absorvíveis); Combinação com outros tóxicos e/ou fármacos; Idade; Escore corporal (CAQUEXIA, principalmente); Sexo (gestação e cio para fêmeas, e estação de monta para garanhões); Imunidade; Raça (Nelore é +resistente, e Jersey é +sensível) Via de exposição/absorção. (Outros.: meia vida e tempo de exposição) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Considerações que você precisa saber: • A lavagem gástrica é feita com o cachorro sedado/anestesiado. Não se induz vômito em um cachorro que está agitado pois ele pode broncoaspirar. O carvão ativado deve ser administrado depois via sonda. • A terapia de desintoxicação (padrão) que eu me referi é isso: indução ao vômito, com o animal sedado/anestesiado - lavagem gástrica e administração do carvão ativado. • O prognóstico “geralzão” - manter o animal vivo e estável por 48-72h, quanto menor for o fator que aumenta a toxidade, melhor, e quanto mais rápido for a sua intervenção a partir do contato do animal com o tóxico, melhor será o prognóstico.
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