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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2007 Geometria I Disciplina na modalidade a distância 3ª edição revista e atualizada geometria_I.indb 1geometria_I.indb 1 11/12/2007 16:40:0111/12/2007 16:40:01 Créditos Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual - Educação Superior a Distância Campus UnisulVirtual Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitária Pedra Branca Palhoça – SC - 88137-100 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Fabian Martins de Castro Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Avaliação Institucional Dênia Falcão de Bittencourt Biblioteca Soraya Arruda Waltrick Capacitação e Assessoria ao Docente Angelita Marçal Flores (Coordenadora) Caroline Batista Elaine Surian Enzo de Oliveira Moreira Patrícia Meneghel Simone Andréa de Castilho Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Bernardino José da Silva Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Fabiano Ceretta Itamar Pedro Bevilaqua Janete Elza Felisbino Jucimara Roesler Lauro José Ballock Lívia da Cruz (auxiliar) Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Maria da Graça Poyer Maria de Fátima Martins (auxiliar) Mauro Faccioni Filho Michelle Denise Durieux Lopes Destri Moacir Fogaça Moacir Heerdt Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Rose Clér Estivalete Beche Raulino Jacó Brüning Rodrigo Nunes Lunardelli Criação e Reconhecimento de Cursos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Desenho Educacional Daniela Erani Monteiro Will (Coordenadora) Design Instrucional Ana Cláudia Taú Carmen Maria Cipriani Pandini Carolina Hoeller da Silva Boeing Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Leandro Kingeski Pacheco Luiz Henrique Queriquelli Lívia da Cruz Lucésia Pereira Márcia Loch Viviane Bastos Viviani Poyer Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Avaliação da Aprendizagem Márcia Loch (Coordenadora) Cristina Klipp de Oliveira Silvana Denise Guimarães Design Visual Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Evandro Guedes Machado Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Vilson Martins Filho Disciplinas a Distância Enzo de Oliveira Moreira (Coordenador) Gerência Acadêmica Márcia Luz de Oliveira Bubalo Gerência Administrativa Renato André Luz (Gerente) Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Ana Paula Reusing Pacheco Gerência de Produção e Logística Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francisco Asp Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coordenadora) Aracelli Araldi Cícero Alencar Branco Daiana Cristina Bortolotti Douglas Fabiani da Cruz Fernando Steimbach Letícia Cristina Barbosa Priscila Santos Alves Formatura e Eventos Jackson Schuelter Wiggers Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador) José Carlos Teixeira Eduardo Kraus Monitoria e Suporte Rafael da Cunha Lara (Coordenador) Adriana Silveira Andréia Drewes Caroline Mendonça Cláudia Noemi Nascimento Cristiano Dalazen Dyego Helbert Rachadel Edison Rodrigo Valim Francielle Arruda Gabriela Malinverni Barbieri Jonatas Collaço de Souza Josiane Conceição Leal Maria Eugênia Ferreira Celeghin Maria Isabel Aragon Priscilla Geovana Pagani Rachel Lopes C. Pinto Tatiane Silva Vinícius Maykot Serafi m Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni Albuquerque (Secretária de ensino) Ana Paula Pereira Andréa Luci Mandira Andrei Rodrigues Carla Cristina Sbardella Deise Marcelo Antunes Djeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva Bruchado James Marcel Silva Ribeiro Janaina Stuart da Costa Jenniff er Camargo Lamuniê Souza Liana Pamplona Luana Tarsila Hellmann Marcelo José Soares Marcos Alcides Medeiros Junior Maria Isabel Aragon Olavo Lajús Priscilla Geovana Pagani Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coordenador) Jeff erson Amorin Oliveira Marcelo Neri da Silva Pascoal Pinto Vernieri geometria_I.indb 2geometria_I.indb 2 11/12/2007 16:40:0511/12/2007 16:40:05 3 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Geometria I. O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem autônoma. Aborda conteúdos especialmente selecionados e adota linguagem que facilite seu estudo a distância. Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho/ a. Não se esqueça de que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato, sempre que sentir necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê- lo/a, pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. geometria_I.indb 3geometria_I.indb 3 11/12/2007 16:40:0611/12/2007 16:40:06 geometria_I.indb 4geometria_I.indb 4 11/12/2007 16:40:0611/12/2007 16:40:06 Kelen Regina Salles Silva Christian Wagner Palhoça UnisulVirtual 2007 Design instrucional Karla Leonora Dahse Nunes 3ª edição revista e atualizada Geometria I Livro didático geometria_I.indb 5geometria_I.indb 5 11/12/2007 16:40:0611/12/2007 16:40:06 515.15 S58 Silva, Kelen Regina Salles Geometria I : livro didático / Kelen Regina Salles Silva, Christian Wagner ; design instrucional Karla Leonora Dahse Nunes, [Carolina Hoeller da Silva Boeing]. – 3. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007. 227 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografi a. ISBN 978-85-7817-037-0 1. Cálculo. 2. Geometria. I. Wagner, Christian. II. Nunes, Karla Leonora Dahse. III. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. IV. Título. Edição – Livro Didático Professor Conteudista Kelen Regina Salles Silva Christian Wagner Design Instrucional Karla Leonora Dahse Nunes Projeto Gráfi co e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Duarte Miguel Machado Neto Fernando Roberto Dias Zimmermann Ilustrações Edison Valim Revisão Ortográfi ca Amaline Issa Mussi Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2007 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. geometria_I.indb 6geometria_I.indb 6 11/12/2007 16:40:0611/12/2007 16:40:06 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 – Representação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 – Triângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 UNIDADE 3 – Teorema de Tales . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 UNIDADE 4 – Áreas . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 201 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227 Sumário geometria_I.indb 7geometria_I.indb 7 11/12/2007 16:40:0611/12/2007 16:40:06 geometria_I.indb 8geometria_I.indb 8 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 Palavras dos professores Neste texto, apresentamos o conteúdo da disciplina de Geometria I em conformidade com as defi nições do projeto pedagógico do curso. Pensamos que um livro de matemática deve ser acessível, coerente e informativo. Assim, escolhemos adotar diálogos informais introdutórios a cada unidade e seção, tendo como interlocutores as personagens George, um aluno igual a você, que deseja vencer no campo da matemática, e seus amigos, os matemáticos, Euclides, Pitágoras, Tales e Arquimedes. Através desses diálogos informais, você terá acesso a aspectos históricos da geometria, a pequenos lembretes, à formalização de alguns conceitos, ou, mesmo, a assuntos complexos. De outro lado, no desenvolvimento de cada unidade, você verá discorrer sobre a geometria com o rigor que a matemática exige, isto através de linguagem que colabore com o processo de ensino-aprendizagem. Em suma, o ensino, aqui, não resulta banalizado em nome da simplicidade. Tampouco foi sofi sticado às expensas de uma linguagem hermética, não-assimilável. Motivamos o aluno, em muitas partes do livro, a buscar ferramentas computacionais para o estudo da geometria, entre eles o Cabri-Géomètre. Compareça! Outra recomendação: não deixe de fazer os exercícios que lhe são propostos. Nós, autores e tutores, nos colocamos à disposição para atendê-lo da melhor maneira possível, e, para isso, estaremos interagindo por meio das ferramentas disponíveis no ambiente virtual do seu curso. geometria_I.indb 9geometria_I.indb 9 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 Vamos nos socializar e construir o conhecimento juntos, esse é o caminho para o sucesso! Vamos à luta! E mãos à obra! Prof. Christian Wagner, Msc Profª. Kelen Regina Salles Silva, Msc geometria_I.indb 10geometria_I.indb 10 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo/a no desenvolvimento da Disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecerão o contexto da Disciplina e sugerirão formas de organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam. Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: o livro didático; o Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA; as atividades de avaliação (complementares, à distância e presenciais). Ementa da disciplina: Representação axiomática da Geometria Plana. Elementos de Geometria plana aplicada em situações práticas. Construções geométricas. A geometria integrada aos diversos conteúdos específi cos de Matemática. Análise de ferramentas computacionais aplicáveis à geometria. Carga horária: 60 horas – 4 créditos geometria_I.indb 11geometria_I.indb 11 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 12 Objetivo(s): Geral Propiciar ao futuro educador, condições para que o mesmo trabalhe na sala de aula o ensino de Geometria dentro de uma abordagem atual. Específi cos Proporcionar ao aluno uma visão dos conteúdos da geometria plana, previstos nas Diretrizes Curriculares do Ensino fundamental e Médio. Aprofundar conceitos da geometria plana, estudados no ensino fundamental e médio. Adaptar estratégias e material didático para o ensino fundamental e médio. Explorar as relações entre a Geometria e a Álgebra. Criar hábitos de dedução matemática. Desenvolver conceitos de geometria plana dentro do ambiente Cabri-géomètre. Analisar conteúdos de geometria em livros-textos do ensino fundamental e médio. Mostrar através de materiais didáticos a aplicação da geometria no dia-a-dia. Conteúdo programático/objetivos Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de conhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Neste sentido, veja a seguir as unidades que compõem o Livro Didático desta Disciplina, bem como os seus respectivos objetivos. geometria_I.indb 12geometria_I.indb 12 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 13 Unidades de estudo: 4 Unidade 1 - Representação Axiomática da Geometria Plana Conhecer alguns períodos da história da geometria. Identifi car os principais axiomas da geometria. Resolver problemas envolvendo segmentos e ângulos. Unidade 2 - Triângulos Conhecer e classifi car triângulos. Identifi car triângulos retângulos e seus elementos. Compreender e Aplicar o Teorema de Pitágoras. Sintetizar relações trigonométricas num triangulo retângulo. Identifi car triângulos congruentes, bem como o caso de congruência. Conhecer os pontos notáveis e algumas conclusões. Unidade 3 – Teorema de Tales Conhecer o axioma das paralelas. Sintetizar o Teorema de Tales, e conhecer algumas aplicações. Aplicar os casos de semelhança de triângulos, quando necessário. Compreender uma demonstração do Teorema de Pitágoras. Aplicar as relações métricas no triângulo retângulo. Compreender o cálculo da altura das pirâmides. geometria_I.indb 13geometria_I.indb 13 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 14 Unidade 4 – Áreas de Figuras Planas Identifi car um polígono. Calcular a área das principais fi guras planas. Conhecer a diferença entre círculo e circunferência. geometria_I.indb 14geometria_I.indb 14 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 15 Agenda de atividades/ Cronograma Verifi que com atenção o AVA. Organize-se para acessar periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e da interação com os seus colegas e tutor. Não perca os prazos das atividades. Registre as datas no espaço a seguir, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no AVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da Disciplina. Atividades Avaliação a Distância Avaliação Final (caso necessário) Demais atividades (registro pessoal) geometria_I.indb 15geometria_I.indb 15 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 geometria_I.indb 16geometria_I.indb 16 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 UNIDADE 1 Representação Axiomática da Geometria Plana Objetivos de aprendizagem Conhecer alguns períodos da história da geometria. Identifi car os principais axiomas da geometria. Resolver problemas envolvendo segmentos e ângulos. Seções de estudo Seção 1 Aspectos históricos e noção intuitiva Seção 2 Axiomas de Incidência e Ordem Seção 3 Axiomas sobre medição de segmentos Seção 4 Axiomas sobre medição de ângulos 1 geometria_I.indb 17geometria_I.indb 17 11/12/2007 16:40:0711/12/2007 16:40:07 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de conversa Nesta unidade, você terá contato com um pouco da história da geometria, sua evolução no tempo e a contribuição de alguns povos na sua contextualização. Verá também que a geometria, para ser construída, requer uma base sólida que se fundamenta em algumas noções intuitivas e também numa série de propriedades tidas como válidas, sem demonstração, os chamados axiomas ou postulados. Ao fi nal da unidade, pense e refl itacomo a geometria é importante no seu caminho e no seu dia-a-dia. Procure analisar e discutir bastante as atividades propostas nesta unidade, para que todas as suas dúvidas sejam esclarecidas. Lembre-se, o sucesso no campo da matemática requer esforço. Nesta imensa aventura, que é o estudo da geometria, você vai encontrar-se com vários personagens importantes da história da matemática. Neste primeiro capítulo, você conhecerá Euclides e um jovem que, como você, também está estudando geometria. Seu nome é George. Toda vez que um assunto importante requerer um pouco mais de cuidado, Euclides encontrará George em um sonho e o ajudará no aprendizado. George gosta de ler, estudar e, claro, de estar com a família. Ele não dispensa uma balada com os amigos. E então? Vamos conhecê-los e iniciar o estudo desta importante área da matemática? Acompanhe, a seguir, o diálogo entre Euclides e George. geometria_I.indb 18geometria_I.indb 18 11/12/2007 16:40:0811/12/2007 16:40:08 19 Geometria I Unidade 1 George: Estou tão preocupado com geometria que já estou até sonhando com ela. Euclides: Calma, meu rapaz. George: Euclides? É você mesmo? Euclides: Claro, quem mais poderia ser? George: Devo estar sonhando. Euclides: E está, vim aqui para ajudá-lo. Que mal o afl ige? George: A geometria. Estou preocupado, será que consigo entendê-la? Euclides: Com certeza. Veja bem, quando você contempla um prédio, o que o faz estar em pé? George: Ora, a sua base bem sólida. Euclides: Então, para você estar intimamente conectado com a geometria, você tem de construir uma base sólida para ela. George: E nisso você é craque, pois suas idéias de axiomas e postulados fi zeram com que a geometria fosse toda construída a partir deles. Euclides: Então, meu jovem, parabéns, você já sabe por onde começar. Mãos a obra. George: Obrigado, Euclides! Vou começar agora mesmo, ou melhor, assim que eu acordar. Figura 1.1 - Teorema de Pitágoras na Babilônia? geometria_I.indb 19geometria_I.indb 19 11/12/2007 16:40:0911/12/2007 16:40:09 20 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 1 – Aspectos históricos e noção intuitiva Aspectos Históricos Não se sabe ao certo quando a geometria teve início, mas sabe- se que muitos povos da antiguidade já a utilizavam nas suas comunidades para muitos fi ns. Na Grécia antiga, por volta de 300 a.C., era afi xada a seguinte frase nas portas das principais escolas: Não entre nesta escola, se você não souber geometria. Mas foi nos idos de 600 a.C. que aconteceram alguns dos grandes momentos no desenvolvimento da geometria. Pitágoras e Tales de Mileto deram os primeiros passos na sistematização dos conhecimentos geométricos. Naquela época, a geometria era puramente experimental, sem demonstrações e conceitos dedutivos. Contudo é Euclides que, em 300 a.C., na Grécia, deu ordem lógica aos conhecimentos geométricos adquiridos por tantos povos ao longo de anos. Ele desenvolveu o raciocínio dedutivo, o qual diz que a geometria, por sua vez, pode ser desenvolvida a partir do conhecimento de apenas algumas idéias básicas - os chamados postulados ou axiomas. O seu grande trabalho foi a publicação de treze livros chamados de Elementos, nos quais apresenta todo o desenvolvimento da geometria até sua época. Sua contribuição foi tão espantosa, que a maioria das proposições existentes nos seus livros são adotadas até hoje, motivo pelo qual a geometria usada por nós é chamada de Geometria Euclidiana. Curiosidades: Existem algumas geometrias que são chamadas de Não-Euclidianas. São geometrias que não obedecem às regras ditadas por Euclides. Essas geometrias foram responsáveis pelo desenvolvimento, por exemplo, da teoria da relatividade de Einstein. O seu surgimento ocorreu a partir da tentativa de provar o Axioma das Paralelas, que aparecerá na unidade III. geometria_I.indb 20geometria_I.indb 20 11/12/2007 16:40:1011/12/2007 16:40:10 21 Geometria I Unidade 1 Mas, afi nal, o que signifi ca a palavra Geometria? Os agrimensores egípcios já usavam a geometria para medir terrenos e suas terras, o mesmo faziam os gregos e outros povos. Esta atividade de medir terras, que com o tempo transformou-se em ciência, recebeu o nome de: A geometria, como se pode observar, é uma ciência de suma importância, inclusive para o desenvolvimento da humanidade. Deste modo, não é necessário buscar mais justifi cativas para estudá-la: basta enumerar suas bases e contemplar o que há de mais interessante na sua concepção. Noção Intuitiva Está lá, no diálogo entre Euclides e George, transcrito no início desta unidade: Quando contemplamos um edifício, sabemos que, para se sustentar, deve ter uma base sólida. Partindo desta idéia, pode-se imaginar a geometria como um imenso edifício e, portanto, exigindo uma base onde possa ser erguida. Diferente de muitas áreas da matemática, a geometria é construída através de conceitos primitivos ou intuitivos (ponto, reta e plano) e, também, através de postulados e axiomas. Axioma ou postulado é uma proposição admitida como verdadeira, sem demonstração. geometria_I.indb 21geometria_I.indb 21 11/12/2007 16:40:1011/12/2007 16:40:10 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Como você viu anteriormente, foi o geômetra grego Euclides, em seu livro Elementos, o primeiro a desenvolver um sistema de idéias em geometria, no qual utiliza algumas afi rmações simples, como verdadeiras (axiomas), para demonstrar outras mais complexas. Este sistema de idéias é chamado de dedutivo e inspirou muitas outras áreas, entre elas, a física, estudada por Newton. Observe a letra da música Aquarela, do cantor e compositor Toquinho: Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu Vai voando, contornando a imensa curva, Norte-Sul Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul Pinto um barco à vela, branco navegando É tanto céu e mar num beijo azul Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião, rosa e grená Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar Basta imaginar e ele está partindo, sereno indo E se a gente quiser, ele vai pousar. Esta letra de música expressa bem o que a geometria representa, ou seja, que ela está presente no nosso cotidiano. Note que apareceram muitas noções geométricas como retas, riscos e curva. E algumas palavras usadas na composição musical sugerem uma noção geométrica, por exemplo, um pingo de tinta nos dá a noção de um ponto. O mar, por exemplo, parece um imenso plano, até se perder na linha do horizonte. Com isso quer-se salientar que a geometria está presente a sua volta e que, principalmente, as três primeiras idéias intuitivas são: geometria_I.indb 22geometria_I.indb 22 11/12/2007 16:40:1011/12/2007 16:40:10 23 Geometria I Unidade 1 Ponto: Não tem dimensão, não possui comprimento, largura ou espessura. Representa-se um ponto por letras latinas maiúsculas: Ponto A, Ponto B, Ponto P e etc. Por exemplo, as marcas que mostram as cidades em um mapa nos dão idéia de ponto: Figura 1.2 – Mapa de SC. Reta: A reta tem somente uma dimensão, isto é, comprimento infi nito. Não possui largura nem espessura. No papel, representamos apenas “uma parte” da reta. Representa-se uma reta por letras latinas minúsculas: Reta a, Reta b, Reta r, e etc. geometria_I.indb 23geometria_I.indb 23 11/12/2007 16:40:1111/12/2007 16:40:11 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Por exemplo, um barbante esticado nos dá a noção de reta: Plano: O plano tem duas dimensões: comprimento e largura. Não possui espessura. Assim como a reta, para representarmos o plano no papel, desenhamos apenas “uma parte” dele. Representa-se um plano por letras gregas minúsculas: Plano α,Plano β,... Por exemplo, uma quadra de tênis nos dá noção de plano: Figura 1.3 – Noção de plano. Você sabia que as letras gregas são muito utilizadas em Matemática? Veja, a seguir, as mais empregadas: • α (alfa), β (beta), δ (delta), ε (epsilon), φ (fi ), γ (gama), η( ni), ϕ (psi), λ (lãmbida), µ (mi), π ( pi), θ (teta), ρ (rô), σ ( sigma), κ (capa). geometria_I.indb 24geometria_I.indb 24 11/12/2007 16:40:1211/12/2007 16:40:12 25 Geometria I Unidade 1 SEÇÃO 2 – Axiomas de Incidência e Ordem E George adormece outra vez. George: Euclides, você está aí? Euclides: Oi meu jovem! E então, tudo entendido? George: Até aqui, tudo ótimo! É fascinante saber que idéias tão simples, ou seja, o ponto, a reta e o plano são tão fundamentais para o desenrolar dessa fascinante disciplina, a geometria. Euclides: E estas idéias são apenas o começo. George: Estou começando a entender. Estas idéias intuitivas devem estar todas relacionadas, não é? É aí que você entra? Euclides: Exatamente. George: São os axiomas, não são? Euclides: Correto, novamente. Apenas considerei algumas idéias verdadeiras e, a partir daí, foi possível provar outras mais complexas. George: A geometria começa a se organizar. Euclides: E o mais interessante, são idéias simples e de fácil entendimento. George: Euclides, não leve a mal, mas preciso acordar, este nosso papo me deixou empolgado para conhecer os tais axiomas. Um abraço, e qualquer coisa eu o chamo de novo. Euclides: Até breve, meu jovem. E sucesso! Você deve estar se perguntando qual a importância destes axiomas para a geometria? geometria_I.indb 25geometria_I.indb 25 11/12/2007 16:40:1311/12/2007 16:40:13 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Pelo diálogo anterior, você percebeu que os mesmos são a base de toda a geometria. Idéias simples, tidas como verdadeiras, para provar outras mais complexas. Com os axiomas e algumas defi nições, vamos relacionar as noções de ponto, reta e plano, ordenar pontos, medir segmentos e ângulos, entender a idéia de ângulo para, mais adiante, estarmos aptos a entrar no estudo da geometria plana. Axiomas de Incidência Axioma I: Qualquer que seja a reta, existem pontos que pertencem à reta e pontos que não pertencem à reta. r A B C Figura 1.4 – Representação do axioma I. Assim, dizemos que A ∈ r e B ∈ r, ou seja, A e B estão em r, ou a reta r passa por A e B. Dizemos também que C ∉ r, ou seja, C não está em r, ou r não passa por C. O símbolo ∈ representa pertence. Já o símbolo ∉ representa não pertence. No caso A ∈ r, lê-se “A pertence a r”, e, no caso C ∉ r, lê-se “C não pertence a r”. As retas e os pontos se relacionam da seguinte maneira: Pontos colineares são pontos que pertencem a uma mesma reta. geometria_I.indb 26geometria_I.indb 26 11/12/2007 16:40:1511/12/2007 16:40:15 27 Geometria I Unidade 1 Veja a fi gura a seguir: Dizemos que o ponto M, N e P são colineares. Já os pontos M, N, P, A e B não são colineares. Quantos pontos são necessários para obter uma única reta? Tente responder a esta pergunta! Você pode utilizar o software Cabri-géomètre nessa tentativa. A resposta é dois pontos. Na verdade, este é o axioma II. Axioma II: Por dois pontos distintos passa uma única reta. A B Figura 1.5 – Representação do Axioma II. Observe que, neste caso, tomamos os pontos A e B para mostrar que por eles passa uma única reta. Mas não se esqueça de que a reta é infi nita. Para denotarmos essa reta, utilizamos . Você já ouviu falar de alguns termos relacionados a retas, como, por exemplo, semi-retas e segmento de reta? Você sabe a diferença entre eles? O software Cabri- géomètre foi apresentado na disciplina Informática Aplicada à Educação Matemática geometria_I.indb 27geometria_I.indb 27 11/12/2007 16:40:1511/12/2007 16:40:15 28 Universidade do Sul de Santa Catarina A seguir, mostraremos algumas defi nições muito importantes e que são peças chaves na geometria: Incidência: Dizemos que uma reta r, incide sobre o ponto A se A ∩ r = A O símbolo ∩ representa intersecção. No caso A ∩ r = A, lê-se: “A intersecção de A com r é igual a A ”. Interseção entre duas retas: Dizemos que duas retas se interceptam em um ponto, quando este ponto pertencer a cada uma delas. rP sP Psr r s P rP sP sr r s P Semi-reta: Seja r uma reta e A e B pontos sobre r. A semi-reta com extremidade em A, contendo o ponto B é a parte da reta r, com extremidade em A, que contém o ponto B. Representamos a semi-reta de origem em A e que contém o ponto B por . Segmento de Reta: O conjunto constituído por dois pontos A e B e por todos os pontos que se encontram entre A e B é chamado de segmento de reta, neste caso segmento . Os pontos A e B são chamados de extremos ou extremidades do segmento. geometria_I.indb 28geometria_I.indb 28 11/12/2007 16:40:1611/12/2007 16:40:16 29 Geometria I Unidade 1 Esse segmento pode ser denotado por ou . Só existe diferença entre as notações, quando estivermos falando de segmentos orientados. Observe que, ao representarmos uma semi-reta, utilizamos uma seta sobre as letras que representam os pontos dessa reta; já, na representação de segmento, utilizamos um traço. Agora que já conhecemos segmentos, vamos mostrar uma das fi guras construída por três pontos não colineares e pelos segmentos de reta determinados por estes três pontos. A mais simples das fi guras geométricas usando segmentos de reta é o triângulo. Você sabia que os triângulos são fi guras geométricas muito utilizadas no nosso dia-a-dia? Olhe para os lados e tente identifi car algum triângulo. Encontrou? Na unidade II, estaremos trabalhando com essa fi gura tão útil e vamos aprender que, desde os tempos mais antigos, ela foi fundamental para o desenvolvimento da geometria. Agora, vamos continuar falando de ponto e reta. geometria_I.indb 29geometria_I.indb 29 11/12/2007 16:40:1711/12/2007 16:40:17 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Você já pensou quantas retas passam por um único ponto? Pegue uma folha, um lápis e uma régua e tente descobrir. O que você descobriu? Pois é! Infi nitas retas - e este é mais um axioma da geometria. Axioma III: Por um ponto passam infi nitas retas. A Figura 1.6 – Representação do Axioma III. Com base nos três axiomas analisados, chamados axiomas de incidência, já podemos provar alguns resultados mais complexos. Teoremas são resultados mais complexos, que podem ser demonstrados a partir de outros resultados. Teorema 1.1: Duas retas distintas, ou não se interceptam, ou se interceptam em um único ponto. geometria_I.indb 30geometria_I.indb 30 11/12/2007 16:40:1711/12/2007 16:40:17 31 Geometria I Unidade 1 E George cai em sono profundo: Euclides: Você por aqui, meu jovem? George: Problemas, Euclides, problemas. Preciso demonstrar um resultado, usando apenas os axiomas, você pode me ajudar? Euclides: Claro meu rapaz. Vamos mostrar isto por absurdo. George: Como fazemos isso? Euclides: Qual a hipótese do seu resultado? George: Hipótese? O que é isso? Euclides: É o que é dado no teorema como verdadeiro. George: Ah bom! O teorema dá como hipótese que as retas são distintas. Euclides: E a tese? George: Tese? Também não sei o que signifi ca. Euclides: Tese é o que você quer demonstrar. George: Só isso? A tese do problema é que devemos mostrar que as retas não se interceptam, ou se interceptam em um ponto. Euclides: Este teorema pode ser demonstrado por absurdo. Nesse caso devemos negar a tese, ou seja, suponha que elas se interceptam em dois pontos e chega-se a uma contradição da hipótese. George: Humm... Boa idéia. Vamos ver. Euclides: Mas lembre-se de que nem todos os teoremas e proposições são demonstrados desta forma. George: Ok! Vou lembrar disso. geometria_I.indb 31geometria_I.indb 31 11/12/2007 16:40:1711/12/2007 16:40:17 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Demonstração (por absurdo):Hipótese: Dadas duas retas distintas r e s. Tese: As retas r e s não se interceptam, ou se interceptam em um ponto. Dadas duas retas r e s, suponha que r e s se interceptam em dois pontos A e B nesse caso. Pelo axioma II r e s são coincidentes o que é absurdo já que por hipótese as retas são distintas. Logo, as retas se interceptam em no máximo um ponto. Axiomas de Ordem Para dar uma ordenação nos pontos que pertencem a uma reta, é necessário mais dois axiomas. Axioma IV: Dados três pontos colineares, um e apenas um deles localiza-se entre os outros dois. Figura 1.7 – Representação do axioma IV. Na fi gura 1.7: C está entre A e B. Quantos pontos existem entre dois pontos de uma reta? Se você observar bem, responderá: - Infi nitos! Isto parece simples, não é mesmo? O axioma V nos garante esta certeza. geometria_I.indb 32geometria_I.indb 32 11/12/2007 16:40:1911/12/2007 16:40:19 33 Geometria I Unidade 1 Axioma V: Dados dois pontos A e B, sempre existem um ponto C entre A e B e um ponto D tal que B está entre A e D. Figura 1.8 – Representação do axioma V. Observação: Como conseqüência do axioma V, tem-se que existem infi nitos pontos entre dois pontos e que uma semi-reta contém infi nitos pontos além daqueles entre A e B. Para fi nalizar o estudo desta seção, vamos defi nir as idéias de segmentos colineares, consecutivos e adjacentes. Segmentos consecutivos: Dois segmentos são consecutivos, se a extremidade de um deles é também extremidade do outro (uma extremidade de um coincide com uma extremidade do outro). Figura 1.9: Segmentos consecutivos Segmentos colineares: Dois segmentos de reta são colineares, se estão numa mesma reta. Figura 1.10: Segmentos Colineares geometria_I.indb 33geometria_I.indb 33 11/12/2007 16:40:1911/12/2007 16:40:19 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe que na fi gura 1.10: e , apesar de serem colineares, não são consecutivos (pois a extremidade do segmento não é extremidade do segmento ). e são consecutivos e colineares. e são consecutivos e colineares (pois o ponto N é extremidade dos segmentos e ). Segmentos adjacentes: Dois segmentos consecutivos e colineares são adjacentes, se possuem em comum somente uma extremidade (não têm pontos internos comuns). Figura 1.11: Segmentos Adjacentes Dada a fi gura abaixo, determine o que se pede: Segmentos consecutivos.a. Segmentos colineares.b. Segmentos adjacentes.c. As semi-retas determinadas pelos d. pontos A, B e C. geometria_I.indb 34geometria_I.indb 34 11/12/2007 16:40:1911/12/2007 16:40:19 35 Geometria I Unidade 1 Solução: Os segmentos a. e são consecutivos, assim como os segmentos e , pois ambos têm a extremidade do ponto B em comum. Os segmentos b. , e são colineares, pois pertencem à mesma reta. Os segmentos adjacentes são c. e . As semi-retas com origem no ponto A são denotadas por e . As Semi-retas com origem no ponto B são denotadas por e . E fi nalmente, as Semi-retas com origem no ponto C são e . Agora você já pode começar a fazer algumas das atividades de auto-avaliação que estão no fi nal da unidade, tente do 1o ao 9o. SEÇÃO 3 – Axiomas sobre medição de segmentos Euclides: Olá George, como vão os estudos? George: Beleza, mas o que manda? Euclides: Tenho uma pergunta a lhe fazer. Você sabe “Como” e “Quando” foi criada a unidade metro? George: Não. Poxa, na verdade eu nunca pensei nisso. geometria_I.indb 35geometria_I.indb 35 11/12/2007 16:40:2011/12/2007 16:40:20 36 Universidade do Sul de Santa Catarina Euclides: Então vou lhe contar. Em 1790, alguns matemáticos importantes da época, entre eles Lagrange, Laplace e Monge, integraram uma comissão criada pela Assembléia Constituinte da França, com o objetivo de criar uma unidade de medida e comprimento. Depois disso, por volta de 1795, estabeleceu-se o metro como unidade de medida padrão de comprimento defi nido como “a décima milionésima parte do quadrante de um meridiano terrestre”. George: Nossa, que legal, mas como eles fi zeram isso? Euclides: Agora é com você, tente descobrir. George: Euclides, não me deixe com essa curiosidade. Euclidessss. Tente você também desvendar o desafi o proposto por Euclides. Agora que você já conhece a defi nição de segmento de reta, está apto a medir estes segmentos. Para isso, temos mais alguns axiomas que nos ajudam em uma etapa de construção. Você já deve ter usado ou usa o mais conhecido instrumento de medição: a régua graduada. Figura 1.12 – Régua Graduada. Dizemos que dois conjuntos A e B têm uma correspondência biunívoca, se todo elemento de A está relacionado com um elemento de B e vice – versa. Axioma VI: Cada ponto de uma reta tem correspondência com um número real e vice-versa, ou seja, existe uma correspondência biunívoca entre os pontos de uma reta e os números reais. Fazendo a diferença destes números, medimos a distância entre os pontos correspondentes. Como cada ponto corresponde a um número real e os números reais são infi nitos, observa-se intuitivamente que a reta também é infi nita. geometria_I.indb 36geometria_I.indb 36 11/12/2007 16:40:2211/12/2007 16:40:22 37 Geometria I Unidade 1 O número correspondente a um ponto da reta é denominado coordenada daquele ponto. Assim, cada ponto da reta real é associado com um número real. Considere o segmento de reta . Pelo axioma VI, A está relacionado ao número real a, e B está relacionado ao número real b, o comprimento do segmento é dado por As barras | | indicam que o número AB é sempre positivo. Observe que, quando falamos de comprimento do segmento , a notação é AB. Ou seja, para representar a medida de qualquer segmento, não utilizamos nem barra, nem seta sobre a notação. Mas atenção, essa é uma convenção adotada nesse material, você pode encontrar outras notações em livros diferentes. geometria_I.indb 37geometria_I.indb 37 11/12/2007 16:40:2211/12/2007 16:40:22 38 Universidade do Sul de Santa Catarina 1) Suponha que um segmento da reta real, onde o ponto A tem coordenada -5 e o ponto B tem coordenada 3. Qual o comprimento deste segmento? Solução: 2) Dada a fi gura abaixo, determine MN, sabendo que AB = 27: Pela fi gura: Como Assim Note, pelo exemplo, que podemos ter outros segmentos com extremidades em outros pontos, mas com o mesmo comprimento. São segmentos diferentes, mas com a mesma medida, neste caso, estamos falando de segmentos congruentes. A seguir, explanaremos a idéia de segmentos congruentes que, de maneira geral, se confunde com a idéia de igualdade entre segmentos. Congruência entre Segmentos A palavra congruência é usada na geometria, quando dois objetos geométricos do mesmo tipo são idênticos. Por objetos, podemos entender segmentos, ângulos, triângulos, entre outros. O símbolo que representa congruência é . No caso , lê-se “o segmento é congruente ao segmento ”. geometria_I.indb 38geometria_I.indb 38 11/12/2007 16:40:2311/12/2007 16:40:23 39 Geometria I Unidade 1 Podemos então pensar que congruência é um termo primitivo, utilizado em axiomas, para representar a relação entre dois elementos do mesmo tipo. Você sabe qual a diferença entre congruência e igualdade? Parecem ter o mesmo signifi cado, não é mesmo? Observe que duas fi guras são iguais, quando o conjunto de pontos que as formam são os mesmos. Duas fi guras são congruentes, quando se “encaixam” exatamente umas sobre as outras, apesar de os pontos que as defi nem serem diferentes. Dois segmentos, são ditos congruentes se têm o mesmo comprimento. Figura 1.13: Segmentos Congruentes Os Sinais |, ||, ||| sobre os segmentos representam que aqueles que possuem o mesmo sinal tem comprimentos iguais. Na fi gura 1.13 os segmentos , e são congruentes, denotamos por ≡ ≡ . geometria_I.indb 39geometria_I.indb 39 11/12/2007 16:40:2411/12/2007 16:40:24 40 Universidade do Sul deSanta Catarina Note que os segmentos são formados por pontos diferentes, mas, se transportados um sobre os outros, se “encaixam” perfeitamente, por isso dizemos que todos eles são congruentes. Os segmentos e não são congruentes a nenhum dos outros, pois o comprimento de cada um é diferente do comprimento dos outros. A seguir, você irá acompanhar as propriedades da congruência de segmentos. Propriedades são verdades provadas, que valem sempre. Propriedades: A congruência de segmentos satisfaz as seguintes propriedades: 1) Refl exiva: Todo segmento é congruente a si mesmo: ≡ . 2) Simétrica: Se ≡ , então ≡ . 3) Transitiva: se ≡ e ≡ , então ≡ . Axioma VII: Se um ponto C está entre A e B então, Figura 1.14 – Representação do axioma VII. O próximo resultado nos fala de um ponto muito importante, o ponto médio. Mas este requer demonstração um pouco mais extensa. geometria_I.indb 40geometria_I.indb 40 11/12/2007 16:40:2511/12/2007 16:40:25 41 Geometria I Unidade 1 Num outro sono de George, Euclides aparece: George: Amigo, preciso de você. Euclides: Estou aqui para ajudar, o que houve? George: Vou começar a estudar um assunto da geometria que é o ponto médio, fi quei assustado. Euclides: Por que? George: Percebi que a demonstração é grande e deve ser confusa. Euclides: Caro George, percebo que você nem leu a demonstração e já acha que não conseguirá. George: Verdade, só porque é extensa, já entrei em pânico. Euclides: Extensa é, mas é apenas um conjunto de idéias que são deduzidas a partir de outras mais simples. George: Verdade, os axiomas mais uma vez. Euclides: Isso mesmo. Então fi que mais tranqüilo, e não se desespere antes da hora. George: Obrigado! Dado um segmento de reta , se conseguirmos um ponto C deste segmento tal que, AC = CB, dizemos que C é o ponto médio do segmento . Figura 1.15 – Representação de C como Ponto Médio do segmento . geometria_I.indb 41geometria_I.indb 41 11/12/2007 16:40:2511/12/2007 16:40:25 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe que o ponto médio divide o segmento em dois segmentos congruentes e . Teorema 1.2: Um segmento tem exatamente um ponto médio. Demonstração: Vamos dividir essa demonstração em duas partes: a existência e a unicidade do ponto médio. (Existência: Um segmento tem um ponto médio) Considere um segmento de reta , com coordenadas dos extremos dados por a e b. Considere também um terceiro número c e denote-o por: O axioma IV nos garante que existe um ponto C da reta que tem exatamente esta coordenada. A idéia é mostrar que este ponto C está entre A e B, e, além disso, AC = CB. Calculando o comprimento do segmento e . Ou seja, AC = CB. Mas como o número está entre a e b, segue que o ponto C está entre A e B, pois é coordenada de C. Pela defi nição de ponto médio, segue que C é o ponto médio de . Com isto provamos a existência de ponto médio cuja coordenada é dada por: . geometria_I.indb 42geometria_I.indb 42 11/12/2007 16:40:2711/12/2007 16:40:27 43 Geometria I Unidade 1 (Unicidade: Este ponto é único) Para isto, suponha a existência de um outro ponto médio D do segmento , então AD = DB Considere a, b e d coordenadas dos pontos A, B e D respectivamente. Portanto, para provar que C = D, basta provar que as coordenadas destes pontos são iguais, isto é, d = c = . Assim, se a < d < b, então a – d = d – b, pois d é coordenada do ponto médio D, e, resolvendo a igualdade, tem-se que d = . E, se b < d < a, então, b – d = d – a, ou seja, d = . Logo se conclui que d = c e, pelo axioma IV, segue que D = C, isto é, o ponto médio é único. 1) Sejam A, B e C pontos de uma reta. Faça um desenho representando-os, sabendo que AB = 3 cm, AC = 2 cm e BC = 5 cm. Solução: O maior segmento é o segmento , logo A está entre B e C. Então: 2) Se, num segmento , o ponto A tem coordenada 4 e o ponto B tem coordenada 8, qual a coordenada do ponto médio M ? Solução: Denotamos a coordenada do ponto M, por m, então: Propriedades da distância entre dois pontos: a) Para quaisquer dois pontos A e B, tem-se . Além disso, AB = 0, se, e somente se, A = B. geometria_I.indb 43geometria_I.indb 43 11/12/2007 16:40:2711/12/2007 16:40:27 44 Universidade do Sul de Santa Catarina O axioma VI nos garante que a dist ância é sempre positiva, já que a medida do segmento é dada pelo módulo da diferença das coordenadas. b) Para quaisquer dois pontos A e B, tem-se: O axioma VI também nos garante ist o, pois: SEÇÃO 4 – Axiomas sobre medição de ângulos George está no sono dos Deuses, depois de mais um dia de estudos, e encontra, mais uma vez, Euclides. George: Euclides, que prazer em vê-lo de novo! Euclides: O prazer é todo meu. Venho acompanhando o seu desempenho no estudo da geometria e confesso que estou gostando muito. George: Ah, obrigado! Mas realmente o assunto é bem empolgante. Euclides: E, então, qual o próximo passo? George: Já sei medir segmentos e encontrar a coordenada do ponto médio. Preciso de algo mais? Euclides: Com certeza. Você, que é bem moderno, já deve ter ouvido falar de GPS, de latitude, longitude. geometria_I.indb 44geometria_I.indb 44 11/12/2007 16:40:2711/12/2007 16:40:27 45 Geometria I Unidade 1 George: Com certeza, e o que isso tem a ver com geometria? Euclides: Ora, quando você fala de longitude e latitude, como você mede isto? George: Usando Graus. Euclides: Exatamente, muitas coisas importantes da sua vida dependem deste tipo de medição, que é o grau. Supõe-se que o homem começou a medir ângulos por volta de 2800 a.C., com o objetivo de auxiliar na astronomia. Veja que interessante: quando um astrônomo queria saber a que distância a lua estava acima do horizonte, ele esticava o braço e calculava quantos dedos comportavam o espaço entre a lua e o horizonte, e assim utilizava essa medida para seus estudos. Pesquise mais sobre isso e veja suas inúmeras aplicações ao longo dos anos, para o desenvolvimento da humanidade. George: Ah, então o grau tem tudo a ver com geometria também? Euclides: E como! Quando falamos de segmentos de mesma origem, podemos falar de grau. George: Interessante, mais um conceito tão simples e tão importante. Já vi que tenho trabalho para amanhã. Um abraço! Euclides: Até breve. A região do plano, compreendida entre duas semi- retas com origem comum, é chamada de ângulo. Figura 1.16 – Esboço do ângulo AÔB. Existem algumas maneiras de representar um ângulo. De acordo com a fi gura 1.16, podemos designá-lo como ângulo Ô, ou AÔB, ou BÔA, ou apenas ângulo α. A origem O é chamada de vértice e as semi-retas r e s são os lados do ângulo. geometria_I.indb 45geometria_I.indb 45 11/12/2007 16:40:2811/12/2007 16:40:28 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Você acompanhará, a seguir, a defi nição de alguns conceitos fundamentais para a continuação do nosso estudo. Dois ângulos são consecutivos, se um lado de um deles é também lado do outro. Dois ângulos consecutivos são adjacentes, se não têm pontos internos comuns. Observe que, para que dois ângulos sejam adjacentes, eles devem ser consecutivos. Tente esboçar alguns exemplos de ângulos consecutivos e adjacentes. Um ângulo formado por duas semi-retas distintas, opostas, pertencentes à mesma reta, é chamado de ângulo raso. Figura 1.17 - Ângulo raso. Os ângulos são medidos em graus e usa-se um transferidor para medi-los. geometria_I.indb 46geometria_I.indb 46 11/12/2007 16:40:2911/12/2007 16:40:29 47 Geometria I Unidade 1 Figura 1.18 - Transferidor. Observação: Tome uma circunferência de raio qualquer e a divida em 360 partes iguais, obtendo assim 360 arcos de circunferência. Agora tome duas semi-retas com origem no centro da circunferência, sendo que uma delas tem extremidade no início de um destes arcos e a outra tem extremidade no fi m do mesmo arco. Esta região entre as semi-retas forma um ângulo cuja medida chamaremos de grau.Representa-se, usando-se o símbolo °. Existem muitos objetos no cotidiano que dão a noção de ângulo como, por exemplo, a região entre os ponteiros do relógio, os raios de uma roda de bicicleta, o braço e o antebraço, as hélices de um helicóptero. E, se você olhar à sua volta, atentamente, encontrará muitos outros. Axioma VIII: Todo ângulo tem uma medida em graus maior ou igual a zero. A medida de um ângulo é zero se ele é constituído por duas retas coincidentes. A medida de um ângulo é 180o (ângulo raso) se é formado entre duas semi-retas opostas. Figura 1.19 – Ângulos Zero e Raso. geometria_I.indb 47geometria_I.indb 47 11/12/2007 16:40:2911/12/2007 16:40:29 48 Universidade do Sul de Santa Catarina Axioma IX: É possível colocar, em correspondência biunívoca, os números entre 0o e 180o e as semi-retas de mesma origem que dividem um dado Semi-plano, de modo que a diferença entre estes números seja a medida do ângulo formado pelas semi-retas correspondentes. Figura 1.20 – Representação do axioma IX. Assim, a medida do ângulo AÔB, denotada por m(AÔB), pode ser calculada como: m(AÔB) =|bº - aº| Exemplo: Considere o diagrama abaixo: Note que m(AÔC) = 60º e m(BÔC) = 120º. Então, m(AÔB) = |120º - 60º| = 60º Dois ângulos são ditos suplementares, se a soma de suas medidas é 180°. geometria_I.indb 48geometria_I.indb 48 11/12/2007 16:40:3111/12/2007 16:40:31 49 Geometria I Unidade 1 Figura 1.21 – Os ângulos AÔB e AÔC são suplementares. Exemplos: Os ângulos de medida 30° e 150° são suplementares, pois a soma de suas medidas é 180°. Já os ângulos de medidas 30° e 60° não são suplementares, pois a soma de suas medidas não é de 180°. Duas retas distintas que se interceptam em um único ponto são chamadas de concorrentes. Figura 1.22 – Retas concorrentes - r s = {A} Duas retas concorrentes, formam-se quatro ângulos. Dois destes ângulos são opostos pelo vértice, quando os lados de um dos ângulos são prolongamentos dos lados do outro. Figura 1.23 – Ângulos opostos pelo vértice. geometria_I.indb 49geometria_I.indb 49 11/12/2007 16:40:3211/12/2007 16:40:32 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, os ângulos AÔB e DÔC são opostos pelo vértice, da mesma forma como DÔA e CÔB também são opostos pelo vértice. Proposição: Ângulos opostos pelo vértice têm a mesma medida. De acordo com a fi gura 1.23, AÔB e DÔC são opostos pelo vértice e possuem o mesmo suplemento AÔD. Logo: m(AÔB)+m(AÔD) = 180º (1) m(DÔC)+m(AÔD) = 180º (2) Da equação (1) temos que m(AÔD) = 180º - m(AÔB). Agora substitua m(AÔD) encontrado na equação (2). Portanto: m(DÔC)+(180º - m(AÔB) = 180º, ou seja, m(AÔB) = m(DÔC). Um ângulo cuja medida é 90° é chamado de ângulo reto. Figura 1.24 – Ângulo reto. Vamos utilizar o símbolo para representar um ângulo reto. Exemplo: Mostre que o suplemento de um ângulo reto é um ângulo reto. geometria_I.indb 50geometria_I.indb 50 11/12/2007 16:40:3211/12/2007 16:40:32 51 Geometria I Unidade 1 Solução: Denote por x a medida do suplemento do ângulo reto. Como o ângulo reto mede 90°, então temos: Se x é um ângulo qualquer, então 180º - x é o seu suplemento. Dois ângulos cuja soma é 90° são chamados de complementares. Assim, se x é um ângulo qualquer, então 90º- x é o seu complemento. Exemplos: 1) Se x, a medida de um ângulo qualquer, escreva o dobro do seu suplemento e, em seguida, a metade do seu suplemento. Solução: Se x é um ângulo qualquer, então 180º - x é o seu suplemento, logo o dobro do seu suplemento é dado por 2.(180º - x). Da mesma maneira a metade do seu suplemento é dado por 2) Qual o complemento do ângulo que mede 16° e o suplemento do ângulo que mede 55º? Solução: Se x =16º é o ângulo dado, então seu complemento é obtido por: Já o suplemento de y = 55° é dado por: 3) Encontre as medidas de dois ângulos que sejam complementares e em que a medida do menor seja 40° inferior à do maior. Solução: Sejam a e b as medidas dos ângulos procurados e suponha que a é a medida do ângulo maior. Como a e b são complementares, a + b = 90º geometria_I.indb 51geometria_I.indb 51 11/12/2007 16:40:3311/12/2007 16:40:33 52 Universidade do Sul de Santa Catarina Como o ângulo menor mede 40° a menos que o maior, então b = a - 40º Portanto temos: Substituindo a segunda equação na primeira, temos: Assim, o ângulo b mede b = a - 40o = 65o - 40o = 25o. Os ângulos procurados medem 65o e 25o. Veja na tabela a seguir, a medida dos ângulos e seus nomes. Considere x, um ângulo que mede entre 0° e 180°. Medida dos Ângulos Nomes x = 90º Ângulo reto x < 90º Ângulo agudo x > 90º Ângulo obtuso x = 180º Ângulo raso Suponha duas retas concorrentes. Se a medida de um dos quatro ângulos for de 90°, então todos os outros também medem 90o. Neste caso dizemos que as retas são perpendiculares. Teorema 1.13: Por um ponto dado de uma reta, num plano, passa uma única perpendicular a esta reta. Que tal você tentar demonstrar este teorema? Use simplesmente o axioma IX e a idéia de correspondência biunívoca.Veja a atividade de auto- avaliação número 25. geometria_I.indb 52geometria_I.indb 52 11/12/2007 16:40:3311/12/2007 16:40:33 53 Geometria I Unidade 1 Da mesma forma que falamos sobre congruência de segmentos, podemos falar, também, sobre congruência de ângulos. Congruência de Ângulos Dois ângulos são ditos congruentes, se eles têm a mesma medida. Figura 1.25: Ângulos Congruentes. Propriedades: A congruência entre ângulos satisfaz as seguintes propriedades: 4) Refl exiva: todo ângulo é congruente a si mesmo: AÔB ≡ AÔB 5) Simétrica: se AÔB ≡ CÔD, então CÔD ≡ AÔB. 6) Transitiva: se AÔB ≡ CÔD e CÔD ≡ EÔF, então AÔB ≡ EÔF Dado um ângulo AÔB, uma semi-reta é chamada de bissetriz do ângulo, se m(AÔC) ≡ m(CÔB). Figura 1.26: Ângulo AÔB e sua bissetriz . Ou seja, a bissetriz de um ângulo é uma semi-reta interna ao ângulo, com origem no vértice do ângulo e que o divide em dois ângulos congruentes. geometria_I.indb 53geometria_I.indb 53 11/12/2007 16:40:3311/12/2007 16:40:33 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Exemplo: São dados dois ângulos agudos adjacentes, cujas bissetrizes formam um ângulo de 60o. Sabendo que a medida de um deles é 42o, determine a medida do outro. Solução: Sejam 2x e 2y as medidas dos dois ângulos assim pela fi gura: Como Logo, os ângulos medem 42o e 78o. George: Euclides, tudo bem com você? Euclides: Com certeza, meu rapaz. E então, o que achou de todo o estudo? George: Fascinante. Idéias simples, usadas para demonstrar resultados importantes e, o mais legal, demonstrações não tão difíceis de entender. Euclides: Que bom que você gostou, fi co feliz em ter podido ajudá-lo nesse maravilhoso mundo da geometria. Mas lembre-se, isto é apenas o começo. Apenas o iniciei nos estudos. George: Eu sei, Euclides, tenho muito que aprender ainda, esta é apenas a ponta do iceberg. Euclides: Acredito que a partir de agora nos encontraremos com menos freqüência, pois você já consegue andar com suas próprias pernas. Mas, como dizem vocês jovens modernos, foi maneiro te ajudar. Um grande abraço! geometria_I.indb 54geometria_I.indb 54 11/12/2007 16:40:3411/12/2007 16:40:34 55 Geometria I Unidade 1 George: Falou, Euclides, obrigado e até mais. E George se despede de seu mais ‘antigo professor’ e vai em busca de novos conceitos geométricos. Síntese Você estudou nesta unidade uma série de propriedades da geometria: algumas delas são aceitas sem demonstração, os axiomas; outras necessitam dos axiomas para serem verifi cadas. O mais interessante – você deve ter notado – é que as idéias são simples e a partir delas conseguimos a chegar a resultados importantes. O que fi zemos neste capítulo I foi dar a base para a construção da geometria e fi zemos isso com a ajuda da pessoa que conferiu ordem lógica à geometria: Euclides. Agora você estáapto a estudar outros aspectos da geometria, como congruência e semelhança de triângulos, trigonometria e área de fi guras planas conhecidas. E então, preparado? Mais assuntos interessantes o aguardam nos próximos capítulos. Mãos à obra. Antes de passar ao próximo capítulo, esclareça todas as suas dúvidas com o seu professor tutor e bom trabalho. Saiba mais Se você gosta de História da Matemática e fi cou interessado nos axiomas de Euclides, sugerimos a leitura de Teorema do Papagaio, um delicioso texto que mistura fi cção com a realidade da história da matemática. GUEDJ, Denis. Teorema do papagaio. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. geometria_I.indb 55geometria_I.indb 55 11/12/2007 16:40:3511/12/2007 16:40:35 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de auto-avaliação 1) Responda às perguntas, usando a idéia de ponto, reta ou plano. a) Que idéia dá a marca de pênalti de um campo de futebol? b) Que idéia dá a página de um livro? c) Que idéia dá o barbante de sustentação de uma pipa? 2) Considere os seguintes elementos: O furo feito por uma agulha, a superfície de uma piscina, as linhas divisórias de uma quadra de futebol, uma corda esticada, a cabeça de um prego, uma folha de papel, quais nos dão a idéia de: a) Ponto? b) Reta? c) Plano? geometria_I.indb 56geometria_I.indb 56 11/12/2007 16:40:3511/12/2007 16:40:35 57 Geometria I Unidade 1 3) Imagine-se num estádio de futebol, contemplando o campo e suas linhas divisórias. Identifi que, no campo, algo que dê a idéia de ponto, reta e plano. 4) Encontre a sua volta pelo menos três objetos nos que dão idéia de ponto, reta e plano. geometria_I.indb 57geometria_I.indb 57 11/12/2007 16:40:3511/12/2007 16:40:35 58 Universidade do Sul de Santa Catarina 5) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso). A. ( ) Três pontos distintos são sempre colineares. B. ( ) Quatro pontos todos distintos determinam duas retas. C. ( ) Por quatro pontos todos distintos pode passar uma só reta. D. ( ) Quaisquer que sejam os pontos A e B, se A é distinto de B, então existe uma reta r tal que A ∈ r e B ∈ r. E. ( ) Quaisquer que sejam os pontos P e Q e as retas r e s, se P é distinto de Q, e P e Q pertencem às retas r e s, então r = s. F. ( ) Qualquer que seja uma reta r, existem dois pontos A e B tais que A é distinto de B, com A ∈ r e B ∈ r. G. ( ) Se A = B, existe uma reta r tal que A, B ∈ r. H. ( ) Duas retas distintas que têm um ponto em comum são concorrentes. I. ( ) Duas retas concorrentes têm um ponto em comum. J. ( ) Se duas retas distintas têm um ponto em comum, então elas possuem um único ponto comum. 6) Utilizando os axiomas de 1 a 5, discuta as seguintes questões: a) Existem retas que não se interceptam. b) Num segmento de reta existem infi nitos pontos. geometria_I.indb 58geometria_I.indb 58 11/12/2007 16:40:3511/12/2007 16:40:35 59 Geometria I Unidade 1 7) Quantas retas passam por quatro pontos todos distintos, sendo três colineares? 8) Três pontos distintos de uma reta, quantos segmentos distintos podem determinar? 9) Quantos segmentos há que passam por A e B distintos? Quantos há com extremidades em A e B. 10) Sejam A, B e C pontos de uma reta. Faça um desenho representando- os, sabendo que C está ente A e B e que AB = 5 e AC = 2 geometria_I.indb 59geometria_I.indb 59 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 60 Universidade do Sul de Santa Catarina 11) Sejam A 1 e A 2 pontos de coordenadas 1 e 2. Dê a coordenada do ponto médio A 3 do segmento A 1 A 2 . Dê a coordenada do ponto médio A 4 do segmento A 3 A 2 . Dê a coordenada do ponto médio A 5 do segmento A 3 A 4 . 12) Desenhe uma reta e sobre ela marque dois pontos A e B. Suponha que a coordenada do ponto A seja zero e a do ponto B seja um. Marque agora pontos cujas coordenadas são 1, , , , 2, 0,-1, -3, -5, , . 13) Se o segmento mede x + 3 e o segmento mede 2x - 5 e M é o ponto médio do segmento , determine AB. geometria_I.indb 60geometria_I.indb 60 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 61 Geometria I Unidade 1 14) Usando uma folha de papel, lápis e régua, desenhe duas retas perpendiculares. 15) Dois ângulos são complementares e o suplemento de um deles mede tanto quanto o suplemento do segundo, mais 30°. Quanto medem estes dois ângulos? 16) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) nas alternativas abaixo. A. ( ) A região compreendida entre duas semi-retas de mesma origem recebe o nome de ângulo. B. ( ) Um ângulo raso mede 90°. C. ( ) Um ângulo formado por duas semi-retas distintas pertencentes a uma mesma reta é um ângulo raso. D. ( ) O aparelho usado para medir ângulos recebe o nome de régua. E. ( ) Duas retas concorrentes e perpendiculares formam um ângulo de 90°. F. ( ) O ângulo agudo é maior que 90° e o ângulo obtuso é menor que 90°. G. ( ) Dois ângulos cuja soma é de 180° recebem o nome de suplementares. H. ( ) 30° e 120° são ângulos suplementares. I. ( ) Se α é um ângulo qualquer, então o seu suplementar mede 180° - a. J. ( ) Dois ângulos opostos pelo vértice são iguais. geometria_I.indb 61geometria_I.indb 61 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 62 Universidade do Sul de Santa Catarina 17) Demonstre que, se um ângulo e seu suplemento têm a mesma medida, então o ângulo é reto. 18) Demonstre que o suplemento de um ângulo agudo é sempre obtuso. Lembre-se de que você deve mostrar que o ângulo procurado é maior que 90° 19) Dado um ângulo de medida x, encontre: a) o triplo do seu suplemento; b) a sétima parte do complemento; c) o complemento de sua terça parte. geometria_I.indb 62geometria_I.indb 62 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 63 Geometria I Unidade 1 20) Encontre dois ângulos que sejam complementares e em que a medida do maior seja quatro vezes a do menor. 21) Encontre dois ângulos que são suplementares e em que a medida do menor seja a metade da medida do maior. 22) Encontre dois ângulos suplementares cuja medida do maior é 20° inferior ao triplo do menor. geometria_I.indb 63geometria_I.indb 63 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 64 Universidade do Sul de Santa Catarina 23) Suponha que dois ângulos α e β de duas retas que interceptam uma terceira são iguais e que α + β = 180º. Conclua que as retas são perpendiculares. Faça desenho para auxiliar nas suas conclusões. 24) Classifi que as sentenças a seguir em V (verdadeiro) ou F (falso), e justifi que: A. ( ) se dois segmentos são consecutivos, então eles são colineares; B. ( ) se dois segmentos são colineares, então eles são consecutivos; C. ( ) se dois segmentos são adjacentes, então eles são colineares; D. ( ) se dois segmentos são colineares, então eles são adjacentes; E. ( ) se dois segmentos são adjacentes, então eles são consecutivos; F. ( ) se dois segmentos são consecutivos, então eles são adjacentes; Utilize o espaço abaixo para as justifi cativas: geometria_I.indb 64geometria_I.indb 64 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 65 Geometria I Unidade 1 25. Demonstre o teorema 1.3: Por qualquer ponto de uma reta passa uma única perpendicular a esta reta. geometria_I.indb 65geometria_I.indb 65 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 geometria_I.indb 66geometria_I.indb 66 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 UNIDADE 2 Triângulos Objetivos de aprendizagem Conhecer e classifi car triângulos. Identifi car triângulos retângulos e seus elementos. Compreender e Aplicar o Teorema de Pitágoras. Sintetizar relações trigonométricas num triangulo retângulo. Identifi car triângulos congruentes, bem como o caso de congruência. Conhecer os pontos notáveis e algumas conclusões. Seções de estudo Seção 1 Defi nição e classifi cação de triângulos Seção 2 Teorema de Pitágoras Seção 3 Relações trigonométricas no triângulo retângulo Seção 4 Congruência de triângulosSeção 5 Pontos Notáveis de um triângulo 2 geometria_I.indb 67geometria_I.indb 67 11/12/2007 16:40:3611/12/2007 16:40:36 68 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de conversa Euclides: Olá, meu rapaz, estou orgulhoso de você. George: Que bom Euclides, fi co feliz por você reconhecer o meu esforço. Euclides: Não é somente reconhecimento, é merecimento. George: É, acho que me saí bem na Unidade 1. Sabe que entendi muitas coisas sobre as quais tinha dúvidas? Que bom ter tido você me acompanhando. Euclides: Ótimo, como você se mostrou curioso e com vontade de aprender, vou apresentá-lo a um novo amigo. George: Um novo amigo? Mas quem? Euclides: Para falar de triângulos, só poderia ser Pitágoras. George: Arrasou, hein, cara! Euclides: É, realmente Pitágoras é um dos nomes mais conhecidos, não apenas na geometria, mas na matemática. Ele nasceu em Samos – Grécia, pelos anos 582 a.C., viajou bastante e, ao ir para a Itália, fundou a Escola de Crotona. Também conhecida como escola dos Pitagóricos, ensinava fi losofi a, matemática, música e astronomia. Veja o princípio que a regia: ‘A essência de todas as coisas é o número’. George: E o tão famoso Teorema de Pitágoras? geometria_I.indb 68geometria_I.indb 68 11/12/2007 16:40:3711/12/2007 16:40:37 69 Geometria I Unidade 2 Euclides: Pois é, se observarmos bem, o Teorema de Pitágoras está associado a uma relação numérica de fundamental importância na Matemática moderna. Observe sua afi rmação: “o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. Somente relações numéricas, percebeu? Alguns historiadores dizem que o Teorema de Pitágoras já era muito utilizado antes de Pitágoras, claro que nem tinha esse nome. E ele foi nomeado assim, pois foi Pitágoras quem fez a primeira demonstração desse teorema. George: E o que você quis dizer sobre o número ser a essência de todas as coisas? Euclides: Os Pitagóricos estudaram os sons e mostraram que a música e a matemática têm muito em comum. Descobriram que a altura de um som tem relação com o comprimento da corda que, ao vibrar, o produz. Ao longo de seus estudos, notaram que uma corda de determinado comprimento daria uma nota. Reduzida a ¾ do seu comprimento, daria uma nota uma quinta acima. Reduzida à metade de seu comprimento, daria uma nota uma oitava acima. Assim os números 12, 8 e 6, segundo Pitágoras, estariam em “progressão harmônica”, sendo 8 a média harmônica de 12 e 6. Com isso desenvolveu a idéia de que o próprio universo estivesse organizado sobre os números e as relações entre eles. George: Tudo isso é muito interessante, quando vou conhecê-lo? Euclides: Em breve, aguarde. Nesta unidade, você vai conhecer informações fundamentais da geometria dos triângulos. Ao longo das seções, poderá observar que muitos conceitos que utilizamos intuitivamente possuem uma base sólida dentro da geometria. Além de estudar triângulos retângulos e suas aplicações, você conhecerá o Teorema de Pitágoras e poderá observar que ele constitui uma ferramenta útil, tanto para a geometria dos triângulos como para o nosso dia-a-dia. Figura 2.1. O método da paralaxe aplicado à medida Terra-Lua. Por José Roberto V. Costa. geometria_I.indb 69geometria_I.indb 69 11/12/2007 16:40:3711/12/2007 16:40:37 70 Universidade do Sul de Santa Catarina SEÇÃO 1 - Defi nição e classifi cação de triângulos Na seção anterior, o triângulo foi apresentado como a mais simples das fi guras geométricas, formado por três segmentos de reta. Talvez esse seja o motivo de ser a fi gura geométrica mais utilizada na geometria antiga. A História conta que muitos problemas foram solucionados utilizando-se triângulos: a extensão de terras, a altura de construções e cálculo de distâncias são exemplos da sua utilidade. Veja, a seguir, um exemplo de como os gregos faziam o cálculo para encontrar a distância de um barco até a costa. Observe a fi gura: Figura 2.2. Esboço da forma de medir distância entre um barco e a costa. (Fonte: Dicionário Enciclopédico Conhecer - Abril Cultural) geometria_I.indb 70geometria_I.indb 70 11/12/2007 16:40:3711/12/2007 16:40:37 71 Geometria I Unidade 2 Eram necessários dois observadores: um se colocava na costa, de maneira que pudesse ver o barco sob um ângulo de 90o com relação à sua posição e o outro fi cava na mesma linha do primeiro, mas observando o barco sob um ângulo de 45o. Em seguida, utilizavam o teorema de Pitágoras, ou seja, medindo a distância entre eles, os catetos eram iguais. Para começarmos nosso estudo sobre essa fi gura tão importante, vamos defi ni-la com muito cuidado. Chama-se triângulo ABC a fi gura geométrica formada pela reunião dos três segmentos , e , onde os pontos A, B e C não são colineares. Figura 2.3 - Triângulo ABC. Notação: Triângulo ABC ou ABC Para trabalharmos com triângulos, temos de conhecer alguns elementos fundamentais: Vértices: os pontos A, B e C são vértices do triângulo; Ângulos: os ângulos internos do triângulo são BÂC ou  , ˆABC ou B̂ , ˆACB ou Ĉ ; Lados: os lados do triângulo são os segmentos ( de medida c), ( de medida b) e (de medida a); o lado é dito oposto ao ângulo  , o lado oposto ao ângulo B̂ e o lado oposto ao ângulo Ĉ . geometria_I.indb 71geometria_I.indb 71 11/12/2007 16:40:3711/12/2007 16:40:37 72 Universidade do Sul de Santa Catarina Perímetro: a soma dos lados de um triângulo é chamada de perímetro, então o perímetro do triângulo acima é: AB BC CA+ + ; Lado Adjacente: um lado adjacente a dois ângulos é o lado que une os vértices desses dois ângulos. No triângulo ABC, o lado é adjacente aos ângulos B̂ e  , o lado é adjacente aos ângulos Ĉ e B̂ e o lado é adjacente aos ângulos  e Ĉ . Os triângulos podem ser classifi cados de acordo com os comprimentos de seus lados ou das medidas de seus ângulos. Veja como: Classifi cação de triângulos quanto aos lados: Eqüilátero : o triângulo eqüilátero tem os três lados congruentes. Assim, no triângulo ABC da fi gura 2.4, temos a = b = c. As letras minúsculas a, b e c representam, respectivamente, os comprimentos dos lados opostos aos vértices A,B e C, por isso utilizamos o sinal de = (igual) e não o de ≡ (congruência). Isósceles : o triângulo isósceles tem pelo menos dois lados congruentes. Assim, no triângulo ABC da fi gura 2.5, temos a = c. Neste caso o lado é chamado do base do triângulo isósceles. geometria_I.indb 72geometria_I.indb 72 11/12/2007 16:40:3911/12/2007 16:40:39 73 Geometria I Unidade 2 Escaleno : o triângulo escaleno não tem lados congruentes. Assim, no triângulo ABC da fi gura 2.6, temos a ≠ b ≠ c. O símbolo ≠ signifi ca “é diferente de”. No caso a ≠ b ≠ c, lê se “a é diferente de b e b é diferente de c”. Um triângulo eqüilátero é também um triângulo isósceles? Sim, pois, se um triângulo tem os três lados congruentes, dois dos seus lados são congruentes, o que basta para que ele seja classifi cado também como isósceles. Classifi cação de triângulos quanto aos ângulos: Retângulo : todo triângulo retângulo tem um ângulo reto. Assim, no triângulo ABC da fi gura 2.7, o ângulo A é o ângulo reto (m (  )= 90o). Acutângulo : o triângulo acutângulo tem os três ângulos agudos. Assim, no triângulo DEF da fi gura 2.8, as medidas dos ângulos ˆDEF , ˆEFD , ˆEDF são menores que 90o. geometria_I.indb 73geometria_I.indb 73 11/12/2007 16:40:3911/12/2007 16:40:39 74 Universidade do Sul de Santa Catarina Obtusângulo : o triângulo obtusângulo tem um ângulo obtuso. Assim, no triângulo JKH da fi gura 2.9, a medida do ângulo ˆJHK é maior que 90o. Exemplo: Um triângulo isósceles pode ser classifi cado segundo seus ângulos, veja os exemplos a seguir. SEÇÃO 2 – Teorema de Pitágoras Pitágoras: Olá, George, tenho ouvido falar em você. George: Olá, você deve ser o grande Pitágoras. Pitágoras: Isso mesmo, meu caro, mas por que grande? geometria_I.indb74geometria_I.indb 74 11/12/2007 16:40:4011/12/2007 16:40:40 75 Geometria I Unidade 2 George: Você desenvolveu um dos teoremas mais famosos da matemática. Pitágoras: Desenvolvi não, eu apenas provei um resultado que já era conhecido pelos Babilônios 1000 anos antes do meu nascimento. Mas, sem dúvida, esse teorema é muito útil, além de famoso, e vem sendo aplicado por muitos séculos em diversas áreas. George: Eu acho interessante isto de o teorema de Pitágoras ser utilizado por pessoas que a gente nem imagina. Eu tenho um amigo que é artista naval, o Rodolpho; ele utiliza o Teorema de Pitágoras como referência para defi nir escalas nos seus projetos de maquetes de embarcações. Ele diz que aprendeu o teorema quando criança, e mesmo quando esquece seu enunciado, sabe utilizá-lo no seu trabalho. Pitágoras: Na verdade, a versatilidade desse teorema o torna inesquecível, e quando aprendemos um conteúdo de verdade, não esquecemos jamais. George: Eu fi co surpreso ao ver crianças conseguindo utilizar o Teorema de Pitágoras. Pitágoras: Mostrar a importância de conceitos para nossos jovens é uma das tarefas fundamentais para o crescimento da humanidade. Sem falar que as crianças são nosso futuro, e, como eu sempre digo, eduque-as e não será preciso punir os homens. George: Estou vendo que você realmente é um sábio. Pitágoras: Na verdade, sempre procurei viver conforme alguns valores e, entre eles, este: “Pensem o que quiserem de ti, faze aquilo que te parece justo”. George: Isso é bom. Nesta seção, vamos apresentar os elementos dos triângulos retângulos e enunciar o Teorema de Pitágoras. Seja o Triângulo ABC da fi gura 2.10: geometria_I.indb 75geometria_I.indb 75 11/12/2007 16:40:4011/12/2007 16:40:40 76 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 2.10: Triângulo Retângulo reto em  . Dado um triângulo ABC retângulo, defi nimos: Hipotenusa: é o lado oposto ao ângulo reto; Catetos: são os lados que formam o ângulo reto. No triângulo da fi gura 2.10: Hipotenusa , catetos e . Observe que a hipotenusa é sempre maior que qualquer um dos catetos. Classifi cação de Triângulos Retângulos Como qualquer triângulo, podemos classifi car os triângulos retângulos em relação aos seus lados da seguinte forma: Triângulo Retângulo Isósceles O triângulo retângulo isósceles possui os dois catetos iguais , na fi gura 2.11: b = c e m(  )= 90o . Triângulo Retângulo Escaleno O triângulo retângulo escaleno possui todos os lados com medidas diferentes, na fi gura 2.12: a ≠ b ≠ c. geometria_I.indb 76geometria_I.indb 76 11/12/2007 16:40:4011/12/2007 16:40:40 77 Geometria I Unidade 2 Teorema 2.1 – (Teorema de Pitágoras): Se ABC é um triângulo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos. Do triângulo ABC da fi gura 2.13, o Teorema garante que: 2 2 2a b c= + Figura 2.13: Triângulo Retângulo ABC reto em A com hipotenusa a e catetos b e c. Pesquisas históricas mostram que esse teorema já era conhecido pelos Babilônios por volta de 1500 a.C., e que os chineses o conheciam talvez em torno de 1100 a.C. Pitágoras foi o primeiro matemático a demonstrá- lo. Mas existem inúmeras outras demonstrações, vamos apresentar algumas no decorrer das seguintes unidades, quando já tivermos estudado outros conceitos necessários para cada demonstração. Exemplos: 1) Utilize o Teorema de Pitágoras para verifi car se os triângulos abaixo são retângulos: Solução: Se o triângulo for retângulo, ele deve satisfazer o teorema de Pitágoras. O maior lado deverá ser a hipotenusa e os demais os catetos. No triângulo I, tomemos a= 13, b = 7 e c = 6. Pelo teorema: 132 = 62 + 72, ou seja, 169 = 36 + 49. geometria_I.indb 77geometria_I.indb 77 11/12/2007 16:40:4111/12/2007 16:40:41 78 Universidade do Sul de Santa Catarina Como essa igualdade não é verdadeira, pois 36 + 49 = 85, podemos garantir que o triângulo I não é retângulo. Já no triângulo II, tomemos a = 10, b= 6 e c = 8. Assim, 102 = 62 + 82, logo 100 = 36 + 64. Como 36 + 64 = 100, concluímos que o triângulo II é retângulo. 2) Determine o valor de x, no triângulo retângulo abaixo. Solução: Pelo Teorema: x2 = 72 + 122 x2 = 49 + 144 x2 = 193 então 193 13,9x = ≅ 3) Suponha uma escada de 6 metros de comprimento encostada em um muro de 5 metros de altura. Se a extremidade da escada encosta na parte de cima do muro, determine a distância da escada ao muro, no chão. Solução: Podemos utilizar o Teorema de Pitágoras para resolver este problema, admitindo que o comprimento da escada é a geometria_I.indb 78geometria_I.indb 78 11/12/2007 16:40:4211/12/2007 16:40:42 79 Geometria I Unidade 2 hipotenusa, um dos catetos é a altura do muro e o outro é a distância que estamos procurando, assim: 62 = 5 2 + d2 36 = 25 + d2 36 - 25 = d 2 d2 = 11 então 11 3,3d = ≅ Pense em algum problema do seu dia-a-dia que pode ser resolvido, utilizando o teorema de Pitágoras. SEÇÃO 3 - Relações trigonométricas do triângulo retângulo George: Pitágoras, me ajude, por favor. Pitágoras: Pois não rapaz, diga qual seu problema. George: Eu tenho uma dúvida: a gente no colégio estuda Trigonometria, e quase ninguém gosta. Minha curiosidade é saber o que afi nal é Trigonometria e onde ela é utilizada. Pitágoras: Meu caro, acredito que algumas pessoas não gostem de Trigonometria, por não conhecer bem esse assunto. Vou falar um pouco sobre o desenvolvimento da Trigonometria. geometria_I.indb 79geometria_I.indb 79 11/12/2007 16:40:4211/12/2007 16:40:42 80 Universidade do Sul de Santa Catarina Bem, a palavra trigonometria vem do grego: tri - três, gono - ângulo, metrien - medida, ou seja, medida de triângulos. George: Mas o que é medida de triângulos? Pitágoras: É a relação entre os lados e ângulos de triângulos e serviu à navegação, à agrimensura e à astronomia. Por volta de 300 a.C., a Trigonometria estava diretamente relacionada à Astronomia. E somente Leonhard Euler, um famoso matemático do século XVIII, desvinculou a Trigonometria da Astronomia e a transformou em um ramo independente da matemática. Hoje, a Trigonometria é usada em várias áreas das ciências, como a Engenharia, a Física, a Astronomia, a Navegação, entre outras. George: Nossa, deu para conhecer um pouco da história, mas não entendi como a Trigonometria pode ser tão utilizada. Pitágoras: Bem, nesta seção você verá a Trigonometria em triângulos retângulos. Mas, desde o início, a Trigonometria era estudada também em triângulos esféricos, e essa Trigonometria muito utilizada nessas áreas. George: Triângulos esféricos? O que é isso? Pitágoras: São triângulos formados por uma secção da superfície de uma esfera. Mas depois você estuda isso. Agora vamos estudar a Trigonometria Plana, em triângulos retângulos, ok? George: Tô nessa! Os elementos fundamentais do triângulo são os seus lados e seus ângulos. Esses elementos podem ser utilizados para calcular outros elementos do triângulo. Vamos ver essas relações a seguir. Antes vamos re-nomear os catetos desse triângulo. Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Se estivermos operando com o ângulo B, então o lado oposto indicado por b é o cateto oposto ao ângulo B; e o lado adjacente ao ângulo B, indicado por c, é o cateto adjacente ao ângulo B. geometria_I.indb 80geometria_I.indb 80 11/12/2007 16:40:4211/12/2007 16:40:42 81 Geometria I Unidade 2 Figura 2.14: Triângulo Retângulo ABC, reto em A, com ângulo interno ˆABC igual a α. Num triângulo retângulo, podemos estabelecer razões entre as medidas dos seus lados: catetos e hipotenusa. Consideremos o triângulo retângulo ABC reto em  e um ângulo agudo B de medida α (Figura 2.14). As funções trigonométricas básicas são relações entre as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos. As três funções básicas mais importantes
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