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EA D 3 Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas 1. OBJETIVOS • Ampliar a compreensão de como a questão social colocou a sociedade em um plano de análise. • Compreender a importância do pensamento clássico de Durkhein, Marx e Weber. • Cultivar atitudes de pesquisador. 2. CONTEÚDOS • Émile Durkhein: regras do método sociológico. • Karl Marx: conflitos na sociedade industrial. • Max Weber: história, economia e doutrina religiosa. • O desenvolvimento do pensamento sociológico no Brasil. © Sociologia Geral60 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade de estudo, abordaremos aspectos relati- vos às concepções e aos conceitos organizados a partir de três pensadores que foram nomeados como clássicos da Sociologia: Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber. Um dos conceitos de Durkheim é o de solidariedade me- cânica. No filme brasileiro O quatrilho, de Fábio Barreto, e no filme estadunidense A testemunha, de Peter Weir, é possível conferir a presença da solidariedade mecâni- ca nas comunidades em que se passam as respectivas histórias. 2) O tema da alienação está privilegiado no segmento que se refere ao pensamento de Karl Marx. O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, oferece uma faceta mag- nífica dessa temática. 3) Para ampliar as perspectivas sociológicas, há o filme Adeus, Lenin!, de Wofganger Becker, que retrata as duas filosofias da Alemanha Oriental, antes e depois da queda do muro de Berlim. 4) Ainda no sentido de ampliar perspectivas sociológicas, tem-se o filme espanhol Segunda-feira ao sol, de Fer- nando León de Aranoa, que apresenta o cotidiano de pessoas desempregadas, com seus dramas e sonhos. 5) Há duas obras brasileiras que traduziram, na linguagem literária, muitas passagens nas quais podemos observar tipos de ação social, de desencantamento do mundo, conceitos organizados por Max Weber. São eles: Auto da compadecida, peça de teatro escrita por Ariano Suassu- na, e Cidade de Deus, romance de Paulo Lins. A lingua- gem literária dessas obras converteu-se em linguagem cinematográfica: Cidade de Deus, filme dirigido por Fer- nando Meirelles, e Auto da Compadecida, filme dirigido por Guel Arraes. Claretiano - Centro Universitário 61© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas 6) Além de todas essas indicações, pode ser interessante, também, conhecer um pouco da biografia dos pensa- dores cujo pensamento norteia o estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo. Para saber mais sobre eles, acesse o site indicado. Émile Durkheim (1858-1917) É considerado um dos mais notáveis sociólogos france- ses. Estudou na École Normale Supérieure, em Paris. Publicou várias obras, entre as quais A divisão social do trabalho (1893), Montesquieu e Rousseau: précurseurs de La Sociologie (s/d), As regras do método sociológi- co (1895), Educação e sociologia (s/d). Disponível em: <http://www.culturabrasil.pro.br/durkheim.htm>. Acesso em: 30 jul. 2010). Karl Heinrich Marx (1818-1883) No dizer de seu amigo Engels, foi “o homem mais odiado e mais caluniado de seu tempo”, banido de um lugar para outro por causa de suas ideias libertárias. Estudou inicial- mente na Universidade de Bonn (Alemanha) e, depois, foi para a Universidade de Berlim, onde entrou em contato com a obra de Hegel, a quem se opôs com veemência, tornando-se o principal crítico do hegelianismo. A sua obra O Capital constitui referência necessária no estudo da Sociologia. Disponível em: <http://www.comunismo. com.br/biomarx.html>. Acesso em: 30 jul. 2010). Max Weber (1864-1920) Estudou na Universidade de Heidelberg (Alemanha), in- teressando-se por Direito, História e Economia. Em 1909, fundou a Associação Sociológica Alemã. Weber foi con- siderado um grande renovador das ciências sociais es- pecificamente na questão metodológica, estabelecendo os fundamentos da Sociologia moderna. Escreveu vá- rias obras, entre as quais estão A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e Sociedade (1910). Disponível em: <http://www.biografiasyvidas.com/ biografia/w/weber_max>. Acesso em: 30 jul. 2010). © Sociologia Geral62 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE As unidades anteriores tentaram mostrar que o processo de elaboração científica do pensamento social ocidental é resultado das transformações sociais, políticas, econômicas e históricas pro- vocadas pela instalação do capitalismo na Europa. No Brasil, não foi diferente: a organização do pensamento social também acom- panhou as condições de desenvolvimento do capitalismo e a inser- ção do país na ordem capitalista mundial, como observaremos no último tópico desta unidade com um breve retrospecto do desen- volvimento das ideias sociológicas no Brasil. Lembrando que os objetivos da Unidade 3 são levar às cons- tatações de que, anteriormente ao aparecimento da Sociologia, existiam indagações sobre os fenômenos sociais e à compreensão de que o advento da Sociologia como ciência aplica um ponto de vista científico à observação e à explicação dos fenômenos sociais, anunciamos que a proposta desta unidade está vinculada à neces- sidade de compreensão de que foi a questão social que colocou a sociedade em um plano de análise científica. Para isso, é preciso compreender a importância do pensamento clássico de Émile Dur- kheim, Karl Marx e Max Weber. Dessa forma, podemos partir do pressuposto de que a de- finição do objetivo de pesquisa de cada Ciência Social decorre do tipo de resposta que se dá à seguinte pergunta: o que torna pos- sível a organização social das relações entre os seres humanos? É a resposta a essa pergunta que interessa à Sociologia. Ela envolve a visão científica do conhecimento da vida social. Como a Sociologia é uma ciência que não é fruto do pensamento de um único autor, ela tem três respostas clássicas: a que foi elaborada por Émile Durkheim (1858-1917), a resposta organizada por Max Weber (1864-1920) e a de Karl Marx (1818-1883). Eles são considerados autores clássicos da Sociologia por- que, em suas obras, encontram-se os elementos básicos para a Claretiano - Centro Universitário 63© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas explicação científica dos fenômenos sociais. Além disso, apresen- taram pontos de vista distintos sobre a objetividade científica do conhecimento da vida social dos seres humanos e diferentes refle- xões em torno da sociedade capitalista. Elaboraram conceitos para explicar a realidade que se consolidava historicamente, exploran- do tanto problemas teóricos como práticos. Esse é o motivo pelo qual suas teorias se mantêm como referência quando se pensa a sociedade atual. Émile Durkheim seguiu a tradição do Positivismo. Ele preo- cupou-se em estabelecer um método e definir o objeto da So- ciologia, assim como se preocupou em encontrar soluções para a manutenção da ordem na sociedade capitalista que surgiu com as revoluções. Para ele, o objeto de estudo da Sociologia é o fato social. Para Max Weber, a sociedade pode ser compreendida a par- tir de um conjunto de ações individuais recíprocas. Por esse moti- vo, ele definiu a ação social como objeto de estudo da Sociologia. O pensamento de Karl Marx é fundamentado em uma crítica à sociedade capitalista, ficando em oposição ao Positivismo, que procura a preservação e a manutenção do sistema capitalista. Para ele, são as relações sociais de produção que condicionam todo o resto da sociedade e a dividem em proprietários e não proprietá- rios dos meios de produção, sendo esta a base da formação das classes sociais. Desde os primeiros momentos da organização da Sociologia como ciência, os pensadores depararam-se com as dificuldades de lidar com a tensão entre observar a sociedade como uma es- trutura com poder de coerção e de determinação sobre as ações individuais ou observaro indivíduo como agente criador e trans- formador da vida coletiva. Para demarcar a tensão entre indivíduo e sociedade, a teoria sociológica dos clássicos orientou-se por di- ferentes perspectivas. © Sociologia Geral64 Émile Durkheim tomou como ponto de partida a existência plena de uma vida coletiva gerida acima e fora das mentes dos indivíduos. Caso em que o peso da sociedade sobre os indivíduos indica a preponderância de uma consciência coletiva. Max Weber, por outro lado, tomou a ação individual como ponto de partida para a compreensão da realidade social. Nesse caso, a ênfase foi atribuída à capacidade dos indivíduos de forjar a sociedade ba- seando-se nas relações de uns com os outros. Há, ainda, a teoria de Karl Marx, que indicou que caráter coercitivo por parte da so- ciedade não se manifesta indistintamente sobre todos os indiví- duos, e, sim, de uma parte da sociedade sobre a outra; em outras palavras, de uma classe social sobre as outras. As sociologias de Émile Durkheim e Karl Marx partem do pensamento de que só é possível compreender as relações sociais se compreendermos a sociedade que obriga os indivíduos a agir de acordo com forças estranhas às suas vontades. A sociologia de Max Weber parte da ideia de que a sociedade é o resultado de uma inesgotável rede de interações interindividuais. Para compreendermos melhor esse assunto, apresentare- mos, nos três itens a seguir, a seleção de alguns conceitos desses autores, chamando a atenção para o fato de que se trata de ideias introdutórias ao pensamento e à obra dos clássicos da Sociologia. 5. ÉMILE DURKHEIM: AS REGRAS DO MÉTODO SO- CIOLÓGICO O grande empenho de Durkheim voltou-se para conferir à Sociologia o status científico. Com esse objetivo, ele organizou as regras do método sociológico indicando como deveria ser a abor- dagem dos problemas sociais e quais regras deveriam ser seguidas na análise de tais problemas. A objetividade e a identidade na análise da vida social foram questões fundamentais na sua proposição do método sociológico. Claretiano - Centro Universitário 65© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas Para Durkheim, a sociedade não é a "simples soma de indiví- duos"; ela constitui um sistema que representa uma determinada realidade com características próprias. É fato que não há o coletivo se consciências individuais não existirem, porém, apenas essa con- dição não garante a vida social. É preciso que as consciências este- jam associadas, combinadas e combinadas de modo determinado. Ao tentar delimitar o campo de estudo da Sociologia, ele constata que a ideia de social é aplicada a quase todos os fenôme- nos que se passam no interior da sociedade. A partir dessa ideia, Durkheim estabeleceu qual tipo de fato mereceria a qualificação de social. À Sociologia como ciência, caberia, então, ocupar-se da- queles fatos que apresentassem as características específicas para serem considerados fatos sociais. Para Durkheim, os fatos sociais consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual lhe é imposto. O fato social é geral na extensão de uma sociedade, apresentando uma exis- tência própria independente das manifestações que se possa ter (DURKHEIM, 1996). Segundo essas concepções, ao viver em sociedade, os seres humanos deparam-se com regras de conduta que não foram por eles criadas, mas que devem ser aceitas e seguidas por todos, pois, sem essas regras, a sociedade não existiria. Durkheim apresenta três características que distinguem os fatos sociais: a coerção social, a exterioridade e a generalidade. A coerção social está ligada à força que os fatos sociais exer- cem sobre os indivíduos e que os levam a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua escolha ou vontade. Quer tenha ou não consciência da coerção que atua sobre si, levando-o a comportar-se de determinada forma, ela é uma realidade na vida do indivíduo. Durkheim considerava a edu- cação – formal e informal – como um elemento importante na conformação dos indivíduos à sociedade. © Sociologia Geral66 A segunda característica refere-se à exterioridade, ou seja, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independen- temente de sua vontade ou de sua adesão. As regras sociais, os costumes e as leis já existem, são anteriores ao nascimento das pessoas e são impostas por mecanismos de coerção: a educação é um desses mecanismos. A generalidade é a terceira característica apresentada por Durkheim: é social todo fato que é geral, que se aplica a todos os indivíduos, ou à maioria deles. Na generalidade, encontra-se a natureza coletiva dos fatos sociais, seu estado comum ao grupo. Durkheim considerava a generalidade como elemento essencial do fato social. Para explicitar o que é um fato social, Durkheim toma a edu- cação como exemplo. Cabe à educação – entendida como um pro- cesso em seu sentido amplo, não apenas a educação formal – a importante tarefa da conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem. As regras devem ser aprendidas, internalizadas e trans- formadas em hábitos de conduta. Toda sociedade tem de educar os indivíduos para que aprendam as regras necessárias à organiza- ção da vida social. Durkheim registra que a definição do que é fato social pode ser confirmada por meio de uma experiência característica: bas- ta observar a maneira pela qual as crianças são educadas. Toda educação ou socialização consiste em um esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, de sentir e de agir, às quais elas não chegariam espontaneamente. A pressão que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo a moldá-la à sua ima- gem, pressão da qual os familiares e os professores são alguns dos representantes e intermediários. No decorrer de nossas vidas, ideias, sentimentos e aquisição de hábitos que não possuímos quando nascemos e que são consi- derados essenciais para a vida em sociedade são transmitidos pe- las gerações adultas por meio do processo de educação ou sociali- Claretiano - Centro Universitário 67© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas zação. É à sociedade como coletividade que cabem a organização, o condicionamento e o controle das ações individuais. Existem costumes, regras e normas que devem ser obrigatoriamente trans- mitidos para a preservação da coesão social. Se isso não ocorrer, as crianças não saberão como viver em meio aos adultos quando crescerem. Todo esforço intelectual de Durkheim foi voltado para a de- monstração de que os fatos sociais têm vida própria e indepen- dem do que pensa e do que faz cada indivíduo. Embora cada um tenha seu próprio modo de ver as coisas, de se comportar, tenha sua própria consciência individual, é possível notar no interior de toda e qualquer sociedade formas padronizadas de pensamento e de conduta. Essas formas padronizadas foram denominadas por ele de consciência coletiva. Segundo seu pensamento, a combinação das consciências individuais corresponde à consciência coletiva. A organização social somente é possível graças à consciência coletiva. Para Durkheim, a Sociologia deveria comparar as sociedades e, para isso, era necessário constituir um parâmetro de observa- ção experimental. Guiado por esse procedimento, ele estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade or- gânica como o motor de transformação de todas as sociedades. Apresentaremos, a seguir, a diferença existente entre a solidarie- dade mecânica e solidariedade orgânica. Caracteres que distinguem a solidariedade mecânica, ou por similitude, e a solidariedade orgânica, ou a solidariedade devida à divisão do trabalho ––––––––––––––––––––––––––– 1) A primeira liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermediá- rio. Na segunda, ele depende da sociedade,porque depende das partes que a compõem. 2) A primeira corresponde a um conjunto de crenças mais ou menos organizado e de sentimentos comuns a todos os membros do grupo: é o tipo coletivo. A segunda corresponde a uma sociedade com um sistema de funções diferen- tes e especiais, em que relações definidas as unem. 3) A primeira só pode ser forte, na medida em que as ideias e as tendências comuns a todos os membros da sociedade ultrapassam em número e inten- sidade as pertencentes pessoalmente a cada um deles. Propomos chamar © Sociologia Geral68 esta de solidariedade mecânica. A palavra não significa que ela seja produ- zida por meios mecânicos e artificialmente. Só a denominamos assim por analogia com a coesão, que une entre si os elementos dos corpos brutos, em oposição à que faz a unidade dos corpos vivos. Nas sociedades onde essa solidariedade é muito desenvolvida, o indivíduo não se pertence. Acontece diferentemente com a solidariedade produzida pela divisão do tra- balho; ela supõe que os indivíduos difiram uns dos outros. Ela só é possível se cada um tiver uma esfera de ação que lhe for própria. Com efeito, por um lado, cada qual depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho; e, por outro lado, a atividade de cada qual é tanto mais pessoal quanto mais especializada. Aqui, portanto, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo em que as partes; a sociedade torna-se mais capaz de mover-se conjuntamente, ao mesmo tempo em que cada um dos seus elementos tem mais movimentos próprios. Propomos chamar orgânica à solidariedade devida à divisão do trabalho (DURKHEIM, 2002). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Para ampliar nossa compreensão sobre os significados de solidariedade mecânica e de solidariedade orgânica, a autora Cristina Costa (2005) oferece-nos uma explicação. A solidariedade mecânica predominou nas sociedades pré-capitalistas, nas quais os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo, em geral, independen- tes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A cons- ciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos. A solidariedade orgânica é típica das sociedades capi- talistas, em que, pela acelerada divisão do trabalho social, os in- divíduos se tornam independentes. Essa independência garante a união social em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas, como ocorre nas sociedades contemporâneas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva afrouxa-se ao mesmo tempo em que os indivíduos se tornam mutuamente de- pendentes, cada qual se especializando em uma atividade e ten- dendo a desenvolver maior autonomia pessoal. Durkheim é considerado um clássico da Sociologia porque seus estudos constituíram um conjunto de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade que originaram um objeto de estudo próprio e os meios adequados para interpretá-lo. Trata-se de um conjunto de conceitos e técnicas de pesquisa tão relevantes Claretiano - Centro Universitário 69© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas que transformam seus estudos em constante objeto de interesse da Sociologia contemporânea. 6. KARL MARX: CONFLITOS NA SOCIEDADE INDUSTRIAL Afirmamos, anteriormente, que o pensamento sociológico, em seu desenvolvimento, se fundamentou em diferentes teorias, cada uma delas abordando níveis diferentes das realidades. Apre- sentamos, também, algumas concepções de Émile Durkheim e, neste momento, trataremos de ideias de Karl Marx, organizador da corrente revolucionária do pensamento social expressa pelo materialismo histórico. Trata-se de um dos pensamentos sociais mais difíceis de ser explicado ou sintetizado, pois Marx escreveu muito e suas ideias desdobram-se em várias correntes de pensamento. Parte dessa dificuldade em referir-se a Marx diz respeito ao destino póstumo no qual uma determinada interpretação de sua doutrina se transformou na "ideologia oficial" do Estado russo, da Europa oriental e do Estado chinês. São doutrinas oficiais que pre- tenderam oferecer uma interpretação autêntica do pensamento de Marx. São doutrinas simplificadoras e exageradas, ensinadas sob a forma de catecismo. Mesmo considerando a desintegração da União Soviética na década de 1990, o que garante uma retomada das ideias de Marx, permanecem as dificuldades relacionadas ao fato de ter sido um autor que escreveu muito e, ao escrever muito, nem sempre afir- mou a mesma coisa sobre o mesmo tema. Por essa razão, é preciso levar em conta os períodos em que escreveu suas obras, ou seja, os estudos da juventude que foram publicados enquanto Marx era vivo e os outros que só foram publicados depois de sua morte. O Capital é considerado sua obra-prima, centro de seu pen- samento. Qualquer pretensão de resumir O Capital em algumas páginas constitui um despropósito diante de tudo que Marx pen- © Sociologia Geral70 sou, e podemos afirmar que seu pensamento traduz uma interpre- tação do caráter contraditório da sociedade capitalista. Em seus escritos, ele procurou analisar o funcionamento do capitalismo e prever sua evolução. Contudo, seu esforço científico foi concentrado na demonstração científica da evolução do regime capitalista, inevitável, segundo sua opinião. Para entender o capitalismo, Marx escreveu obras de Filoso- fia, de Economia e de Sociologia. Para a Sociologia, interessaram as contradições básicas da sociedade capitalista e as possibilidades de sua superação por ele apontadas. Informação complementar ––––––––––––––––––––––––––––– Marx manteve-se sempre atualizado e se aborrecia com o que pensavam aque- les que se diziam seus seguidores: os marxistas. Além disso, considerava tolice o que era praticado em seu nome. Em uma passagem, seu companheiro Engels conta que certa vez ele pilheriou: “O que é certo é que eu – Marx – não sou mar- xista” (KONDER, 1976, p. 183). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No momento em que o Positivismo se preocupava com a manutenção da ordem capitalista, o socialismo científico que, atualmente, à revelia de Marx, é conhecido como marxismo, ela- borava uma crítica radical ao capitalismo evidenciando seus anta- gonismos e suas contradições. Segundo Marx, para viver, os seres humanos precisam trans- formar a natureza: comer, construir abrigos, produzir utensílios. Por essa razão, o estudo de qualquer sociedade deveria partir das relações sociais que se estabelecem para utilizar os meios de pro- dução e transformar a natureza. Esse tipo de relações é chamado por Marx de relações sociais de produção. As relações sociais de produção constituem a base de toda estrutura social. São elas que definem os dois grupos da sociedade capitalista: de um lado, os trabalhadores, aqueles que nada pos- suem além do corpo e da disposição para o trabalho, também cha- mados de proletários ou operários; do outro, os capitalistas, que Claretiano - Centro Universitário 71© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas possuem os meios de produção necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias. Na sociedade capitalista, a produção só se realiza porque trabalhadores e capitalistas entram em relação social. O capitalis- ta paga um salário ao trabalhador e, no final da produção, fica com o lucro, valor a mais que não retorna ao operário, sendo apropria- do pelo capitalista como valor incorporado à mercadoria. Para Marx, definir o salário como valor da força de trabalho é uma coisa. Outra coisa é quanto o trabalho rende ao capitalis- ta. Marx chama esse valor excedente produzido pelo operário de mais-valia. Mais-valia ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Quando o trabalhador se aluga, ele vende sua força de trabalho, não apenas pelo tempo que leva para produzir o valor de seus salários, mas pelaextensão de todo um dia de trabalho. Se um dia de trabalho for de dez horas, e o tempo necessário para produzir o valor de seu salário for igual a seis horas, então sobram quatro horas durante as quais o trabalhador não está trabalhando para si, mas para seu patrão. Às seis horas Marx chama de tempo de trabalho necessário e às quatro horas, tempo de trabalho excedente. Deste modo, do valor do produto total de dez horas de trabalho, seis décimos correspondem ao salário, quatro décimos são iguais à mais-valia, a qual fica em poder do patrão e constitui seu lucro (HU- BERMAN, 1986, p. 212-232). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– É essa forma de relação entre capitalista e trabalhadores que leva à exploração do trabalhador pelo capitalista e que gera o con- flito entre essas classes sociais. O conflito dá-se pela oposição e antagonismo entre os inte- resses inconciliáveis das classes sociais. De um lado, temos o capi- talista, que deseja manter seu direito à propriedade dos meios de produção, à comercialização dos produtos e à exploração do tra- balho do operário. Além disso, ele pode reduzir salários e ampliar a jornada de trabalho. Do outro lado, temos o trabalhador, que procura diminuir os efeitos da exploração ao lutar por menores jornadas de trabalho, melhores salários e participação nos lucros. © Sociologia Geral72 Em contrapartida, as relações entre essas duas classes so- ciais também são complementares, pois uma só existe em relação à outra: existem proprietários porque existem despossuídos cuja única propriedade é a força de trabalho, que precisam vender para garantir a sobrevivência. Destacamos, a seguir, uma passagem do Manifesto Comunis- ta, escrito por Marx e Engels, em que se encontram alguns prin- cípios sobre as classes sociais. Devemos ressaltar que o alemão Friedrich Engels (1820-1895) era um economista político e revolu- cionário que foi o grande interlocutor intelectual e amigo de Marx a partir de 1844. O Manifesto Comunista ––––––––––––––––––––––––––––––– A História de toda a sociedade que existiu até agora é a História da luta de clas- ses. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opressor e oprimido, em constante oposição um ao outro, mantiveram ininterruptamente uma luta, às vezes oculta, às vezes aberta. Uma luta que todas as vezes terminou ou em uma reconstituição revolucionária da sociedade em geral, ou na ruína comum das classes rivais. Nos primeiros tempos da História, por quase toda parte, encontramos uma dispo- sição complexa da sociedade, em várias classes, uma variação de níveis sociais. Na Roma antiga, temos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos. Na Idade Mé- dia, senhores feudais, vassalos, chefes de corporação, assalariados, aprendizes, servos. Em quase todas estas classes, mais uma vez, graduações secundárias. A sociedade burguesa moderna que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos das classes. Estabeleceu novas classes, novas condi- ções de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas. Contudo, a nossa época, a época da burguesia, possui uma característica dis- tintiva: simplificou os antagonismos de classe. A sociedade como um todo está cada vez mais dividindo-se em dois grandes campos hostis, em duas grandes classes que se confrontam frente a frente: burguesia e proletariado (MARX; EN- GELS, 1996, p. 9-10). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Encerramos esta apresentação de alguns dos conceitos do socialismo científico, ou marxismo, destacando a ideia de aliena- ção, que é fundamental para a compreensão da exploração eco- nômica do capitalista sobre o trabalhador segundo a perspectiva de Marx. Claretiano - Centro Universitário 73© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas Para responder à pergunta “o que é alienação?”, Wanderley Codo (1992) começa afirmando que alienação é ser e não ser, ao mesmo tempo, no mesmo momento. A palavra “alienação” adquiriu vários significados ao lon- go dos tempos. Atualmente, ela circula no meio comercial com o sentido jurídico de transferência ou venda de um bem. O termo é usado quando se compra um carro, por exemplo, mediante um empréstimo. A partir daí, enquanto a dívida do empréstimo não for paga, o veículo será um bem alienado: o carro ou qualquer ou- tro bem que esteja na mesma condição é da pessoa e, ao mesmo tempo, não é. A loucura das pessoas, por muito tempo, foi entendida como se elas estivessem tomadas por espíritos, ou seja, alguém invadiu o sujeito para representá-lo. Nessas circunstâncias, o diagnóstico era de "alienação mental" e a pessoa considerada uma alienada. Segundo essa concepção, a pessoa louca é alguém que não per- tence mais a si mesma. Aqui a palavra “alienação” também signifi- ca ser e não ser. Pela mesma razão, é pensamento corrente que as drogas alucinógenas são alienantes, porque provocam no usuário a sensação de estar "fora de si", a sensação de ser e não ser. Em Cristina Costa (2005), encontramos a explicação de que o sentido de alienação tomado por Marx tem suas bases no pen- sador francês Jean Jacques Rousseau (1712-1778), que atribuiu ao termo a ideia de privação, de exclusão ou falta, e nos pensadores alemães Hegel (1770-1831) e Feuerbach (1804-1872), que utilizam essa palavra com o sentido de desumanização e injustiça. Entendendo que o ser humano se separa de si mesmo pela alienação, como explicar que o trabalho é uma trilha que o leva a ser e não ser, conforme propõe Marx quando afirma que, no siste- ma capitalista, o trabalhador está separado do objeto que ajudou a fabricar porque esse objeto se transforma em mercadoria, vai para o mercado e passa a dominar o trabalhador, ou seja, o traba- lhador aliena-se daquilo que produziu? © Sociologia Geral74 Para Marx, na sociedade capitalista o trabalho provoca uma ruptura, uma cisão, uma separação entre o produtor e o produto; o trabalhador produz o que não consome e consome o que não produz; o trabalho transforma-se em mercadoria, passa a valer a quantidade de trabalho injetado na natureza e não mais a qualida- de de trabalho. O exemplo que retiramos do texto de Wanderley Codo (1992) nos dá uma dimensão do que seja alienação para Marx. Acompanhe. Alienação na produção, alienação no consumo ––––––––––– Na fabricação de um refrigerante se utiliza cerca de dez operários. O primeiro coloca as garrafas em uma máquina de lavagem que, sozinha, faz circular a água e dispõe as garrafas em posição vertical na esteira, que se movimenta. Os vasilhames passam por um tubo, onde recebem o xarope básico que compõe o refrigerante. A esteira segue e um esguicho põe a água. Dois ou três operários acompanham o processo, para que não ocorra incidentes. Observando algum problema o operário deverá apertar o botão que interrompe o funcionamento. Em seguida, a garrafa passa por outra máquina que coloca a tampa. Há operários para recarregar o xarope, a água e as tampas, há, também, operários para retirar as garrafas da esteira e colocá-las nas caixas e mais dois ou três para carregar as caixas até o caminhão que fará a entrega. Pronto, está produzido o refrigerante. Em primeiro lugar, o trabalho é dividido, cada um realiza uma tarefa e nenhum produz o produto inteiro. Eis um aspecto da produção alienada: a produção é totalmente coletivizada, vários operários contribuem, mas nenhum domina o pro- cesso de produção. Outro aspecto, os operários não sabem como se faz o produ- to, apenas alguns engenheiros químicos, muitas vezes, de outros países, sabem quais os ingredientes que compõem o refrigerante. Os operários produzem, mas não têm a mínima idéia de como se produz o produto que fazem. Graças à alienação, somos, também, levados a ver o consumo como algo desli- gado da produção. O ato do consumo aparece como algo mágico, solto no ar. Se- parar a produção do consumo é parte do próprio processode alienação. Quando consumimos, mas não produzimos o próprio produto, estamos fechando o ciclo de alienação. O consumidor que não produziu é tão alienado quanto o produtor que não consumiu (CODO, 1992, p. 34-46). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Assim, a história da humanidade é, para Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses que se opõem, embora esse conflito nem sempre se manifeste de forma decla- rada. Para ele, os antagonismos e as oposições entre as classes sociais estão subjacentes a toda relação social. Claretiano - Centro Universitário 75© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas 7. MAX WEBER: HISTÓRIA, ECONOMIA E DOUTRINA RELIGIOSA Os pensadores franceses do século 19 desenvolveram seu pensamento social influenciados pelo positivismo. A França e, também, a Inglaterra respiravam os ares do desenvolvimento in- dustrial, da expansão marítima e comercial e do contato com ou- tras culturas. Essas condições, associadas ao sucesso alcançado pelas ciências físicas e biológicas, impulsionadas pela indústria e pelo desenvolvimento tecnológico, conduziram seus pensadores a um esforço interpretativo da diversidade social e fizeram que a Sociologia organizada na França apresentasse adaptação da meto- dologia e dos princípios dessas ciências à realidade social. Embora próxima da França e da Inglaterra, com a Alemanha não ocorreu o mesmo, uma vez que seu pensamento social se or- ganiza sob outras influências, como a História e a Antropologia. Em comparação com outras nações europeias, a unificação alemã deu-se tardiamente, o que provocou um atraso de seu in- gresso na corrida industrial. Esse descompasso elevou no país o interesse pela História como ciência explicativa da integração, or- ganizadora da memória e do nacionalismo. Foram condições que conduziram o pensamento alemão rumo à busca da diversidade, ao contrário do pensamento social francês e inglês, que se voltou para a busca da universalidade. É nesse contexto que Max Weber, pensador alemão com formação histórica consistente, se oporá ao método positivista de Durkheim, segundo o qual uma sociedade é mais do que uma soma de indivíduos; há normas, regras, leis, instituições e valores estabelecidos que constituem o social. Por sua vez, Max Weber toma os fenômenos sociais tendo como base a história e a subjeti- vidade dos indivíduos. Assim, a oposição entre as ideias de Weber e Durkheim dá-se porque, para o Positivismo, a história é um processo universal. A his- © Sociologia Geral76 tória particular de cada sociedade desaparece, os indivíduos são ab- sorvidos pelas forças sociais impositivas. Enfim, o Positivismo anula a importância dos processos históricos particulares e valoriza a lei da evolução, a generalização e a comparação, capaz de aproximar socie- dades humanas de todos os tempos e lugares. Para Weber, a pesquisa histórica é essencial para a com- preensão das sociedades. Para ele, é a pesquisa baseada em fon- tes documentais e no esforço de interpretá-las que permite a com- preensão das diferenças sociais. Por essa razão, o conhecimento histórico torna-se um poderoso instrumento para a Sociologia e para as demais Ciências Sociais. Além disso, ele respeita aspectos particulares e específicos da formação histórica e social de cada sociedade. Ao sistematizar a sociologia alemã, Weber consegue com- binar a perspectiva histórica, que respeita as particularidades de cada sociedade, e a perspectiva sociológica, que ressalta elemen- tos mais gerais de cada fase do processo histórico. Enquanto para a Sociologia positivista de Durkheim é a or- dem social que submete os indivíduos como força exterior a eles, para a Sociologia compreensiva de Weber, ao contrário, cada sujei- to age levado por um motivo que pode ser oferecido por interes- ses racionais ou pela emotividade. Desse modo, cabe à Sociologia a tarefa de descobrir os pos- síveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social. O sentido é expressão da motivação individual, e o caráter social da ação individual decorre da interdependência dos indivíduos, con- forme explica Weber. É o indivíduo que, mediante sua motivação e os valores so- ciais, atribui o sentido da ação social que constitui, para o tipo de Sociologia desenvolvido por Weber, o dado central, aquele que, para ela, é constitutivo. Mas o que é uma ação social? Claretiano - Centro Universitário 77© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas Weber define a ação social como objeto de estudo da Socio- logia. Ela é toda ação que o indivíduo faz ao se orientar pela ação de outros indivíduos. Existe uma ação social quando o indivíduo estabelece algum tipo de comunicação com os demais indivíduos a partir de suas próprias ações. Assim, o ponto de partida da teoria sociológica weberiana é a investigação da ação social, conduta humana dotada de sentido, conduta dotada de uma justificativa elaborada subjetivamente. Weber distingue quatro tipos de ação social: • A ação racional com relação a um objetivo. • A ação racional com relação a valores. • A ação afetiva ou emocional. • A ação tradicional. A ação racional com relação a um objetivo é definida pelo fato que o indivíduo concebe seu objetivo com base em seus co- nhecimentos e combina os meios possíveis para atingi-lo. Ela é de- terminada por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros seres humanos. Além disso, utiliza essas expectativas como condições ou meios para alcançar os fins próprios, racionalmente avaliados e buscados. Portanto, a ação racional com relação a um objetivo corresponde, por exem- plo, à ação do engenheiro ao construir um edifício, ou à ação do professor em uma sala de aula. Já a ação racional com relação a um valor corresponde ao in- divíduo que age racionalmente para permanecer fiel à sua ideia de honra. Ela é determinada pela crença consciente no valor – ético, estético, religioso ou de qualquer outra forma – próprio e absoluto de uma determinada conduta e independente de êxito. Respeito, virgindade, honestidade, solidariedade e honra são exemplos de valores sociais ; assim, a ação do capitão que afunda com seu navio é uma ação racional, porque seria desonroso abandonar o navio que afunda. © Sociologia Geral78 A ação emocional ou afetiva é aquela que é ditada pelo esta- do de consciência ou humor do indivíduo. Nesse caso, a ação é de- finida pela reação emocional, e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valores. É uma ação social especialmente emotiva, determinada por afetos e independente de êxito. É, por exemplo, o soco dado pelo jogador de futebol que perdeu o controle duran- te a partida. A ação tradicional é aquela estabelecida pelas crenças, pelos hábitos e pelos costumes. Para agir de acordo com a tradição, o sujeito não precisa estabelecer um objetivo ou conceber um valor, nem precisa ser impelido por uma emoção; ele apenas obedece aos reflexos que interiorizou. Trata-se de uma ação social determi- nada por um costume arraigado. Antes de apresentar a própria definição de Weber para os tipos de ação social, é necessário destacar duas questões. A pri- meira é que da ação social pode decorrer uma relação social. Por relação social, deve-se entender uma conduta de vários indiví- duos, referida reciprocamente conforme seu conteúdo significati- vo orientando-se por essa reciprocidade. A relação social consiste na probabilidade de que se agirá socialmente com sentido. A segunda questão é que, raras vezes, a ação social está ex- clusivamente orientada por uma ou outra de suas modalidades. São tipos conceituais puros, construídos para fins de pesquisa so- ciológica, em relação aos quais a ação real se aproxima mais ou menos ou dos quais resulta de uma mescla, o que é mais frequen- te (WEBER, 1991). As próprias palavras de Weber (1991) sãoinsubstituíveis para a definição das formas de ação social. 1) Age racionalmente com relação a um objetivo aquele que orienta sua ação conforme o fim, os meios e as con- sequências implicadas e, nisso, avalia racionalmente os meios relativamente aos fins, os fins com relação às con- sequências implicadas e os diferentes fins entre si; em Claretiano - Centro Universitário 79© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas todo caso, pois é aquele que não age nem afetivamente, nem com relação à tradição. 2) A conduta estritamente afetiva está, igualmente, não só na fronteira como, muitas vezes, mais além daquilo que é orientado com sentido; pode ser uma reação sem limi- tes a um estímulo extraordinário, fora do cotidiano, cujo sentido da ação não reside no resultado. 3) A ação orientada racionalmente com relação a valo- res distingue-se da afetiva pela elaboração consciente; orienta-se de modo consequentemente planejado. Aqui o sentido da ação também não reside no resultado, no que já se encontra fora dela, mas na própria ação em sua peculiaridade. 4) A ação estritamente tradicional – da mesma forma que a imitação puramente reativa – está plenamente na fron- teira do que se pode propriamente chamar de uma ação com sentido. Isso porque, muitas vezes, não passa de uma reação opaca a estímulos habituais. A vinculação ao hábi- to pode se manter consciente em diferentes graus e sen- tidos; nesse caso, esse tipo se aproxima da ação afetiva. Embora existam inúmeros conceitos sociológicos funda- mentais, em Weber, destacaremos apenas alguns, tais como: tipo ideal, burocracia, dominação, poder, carisma, autoridade, discipli- na, classe, estamento, casta, partido, capitalismo, política, econo- mia, seita e religião. E, para nos aprofundarmos a esses conceitos, tomaremos como última referência um de seus estudos mais co- nhecidos e importantes: A ética protestante e o espírito do capi- talismo, escrita em 1905. Nessa obra, ele procura relacionar, de modo compreensivo, um pensamento religioso com uma atitude a respeito da ação social. Weber lançou-se em busca das origens da visão racional de mundo e do espírito do capitalismo e partiu de um estudo com- parado da história, da economia e da história das doutrinas reli- giosas. O sentido teórico de seu estudo está em expor as relações entre religião e sociedade para desvendar sob quais circunstâncias se erigiu a ética capitalista. © Sociologia Geral80 A escolha desse objeto de estudo justifica-se à medida que a humanidade, no processo de construção da sociedade, parte de períodos ancestrais dominados pela magia e pelo natural para avançar até o domínio da razão. Esse processo, que culmina com a consolidação do capitalismo, é considerado por Weber um proces- so de desencantamento do mundo. Para ressaltar as diferenças e as especificidades da ética e da moral criadas pelas religiões, ele estudou as religiões mundiais – cinco religiões ou sistemas determinados religiosamente, de re- gulamentação de vida, que conseguiram reunir à sua volta multi- dões de crentes. A ética religiosa confuciana, hinduísta, budista, cristã e islâmica pertencem à categoria de religiões mundiais – as- sim afirmou Weber quando escreveu sobre a ética econômica das religiões mundiais e explicou que "a expressão ética econômica refere-se aos impulsos práticos de ação que se encontram nos con- textos psicológicos e pragmáticos das religiões" (WEBER, 1974, p. 309). A tese defendida na obra A ética protestante e o espírito do capitalismo é a de que há uma adequação do espírito de um cer- to protestantismo, ou seja, o espírito de um certo protestantismo ajusta-se à adoção de uma determinada atitude em relação à ativi- dade econômica, que é adequada ao espírito do capitalismo. Essa tese é a resposta a uma pergunta fundamental no pen- samento do autor e que está no seu livro sobre a ética protestante: a que encadeamento de circunstâncias devemos atribuir o surgi- mento, na civilização ocidental, e unicamente nesta civilização, de fenômenos culturais que se revestiram de significado e de valor universais? Para compor as ideias expressas em A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber formula uma questão estatísti- ca: na Europa, os principais homens de negócio e donos de capi- tal e os operários mais disciplinados eram protestantes. A partir dessa constatação, ele formula a hipótese de que o fator funda- Claretiano - Centro Universitário 81© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas mental para a acumulação capitalista nos primórdios foi o modelo de comportamento: a ética voltada para a aquisição de dinheiro, combinada com a privação do prazer derivado da riqueza do pro- testantismo ascético. Embora os estudos de Weber fossem centrados no protes- tantismo ascético calvinista, metodista, pietista e batista, foi no protestantismo calvinista que ele encontrou uma ética, normas de comportamento e visão de mundo mais compatíveis com a con- duta racional, necessária para a sociedade capitalista. A preguiça e a perda de tempo são pecados graves. O tempo é valioso e deve ser utilizado para a realização de trabalhos para a glória de Deus. A acumulação de riquezas adquire um valor moral, sendo condená- vel apenas quando leva à luxúria. Weber descobre, também, que os valores do protestantismo – como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho – atuam de maneira decisiva sobre os indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os técnicos ao estudo humanístico. Weber ainda aponta a formação de uma nova mentalidade, um ethos – conjunto dos costumes e hábitos fundamentais – propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao alheamento e à atitude contemplativa do catolicismo voltado para a oração, sacrifício e renúncia da vida (COSTA, 2005). Treinados para a disciplina rígida do trabalho fabril, os seres humanos modernos têm uma nova visão do mundo calcada nos princípios éticos da doutrina calvinista. No entanto, esses princí- pios deixaram de estar ligados ao calvinismo porque foram incor- porados pelas sociedades em geral. Além disso, eles também se tornaram independentes de credo religioso e passaram a determi- nar a conduta de todos nas sociedades modernas. © Sociologia Geral82 8. DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO SOCIOLÓ- GICO NO BRASIL Desde que iniciamos nossos estudos de Sociologia, tenta- mos conduzir algumas reflexões em torno do desenvolvimento do pensamento social ocidental. Tratamos a organização do pensamento sociológico como fruto de um processo que se fundamenta nas condições históricas, políticas, econômicas e sociais do capitalismo, que tem início na Europa do século 14 e se implanta no século 19, quando o pen- samento social passa a ser elaborado cientificamente. Nesse mo- mento, a sociedade torna-se objeto de pesquisa. Abordamos a Sociologia como uma ciência que tem como questão básica buscar a resposta para a seguinte pergunta: o que torna possível a organização social das relações entre os seres hu- manos? Constatamos que, por ser fruto do pensamento de vários au- tores, ela tem três respostas clássicas para essa questão: a de Émi- le Durkheim, a de Max Weber e a de Karl Marx, os quais são consi- derados autores clássicos da Sociologia, porque, em suas obras, se encontram os elementos básicos para a explicação científica dos fenômenos sociais. Daqui para frente, faremos uma breve abordagem sobre o pensamento sociológico brasileiro ,que também acompanhou as condições de desenvolvimento do capitalismo e da inserção do país na ordem capitalista mundial. No Brasil e na América Latina, o desenvolvimento das ideias sociais reflete as relaçõescoloniais com a Europa e o avanço do capitalismo dependente. A produção sociológica brasileira acompanhou a transição de uma sociedade de base agrária para uma sociedade na qual a burguesia industrial adquire primazia. Claretiano - Centro Universitário 83© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas Do século 19 em diante, a burguesia brasileira vai adquirindo primazia no sentido de conduzir as direções econômicas, políticas e culturais, segundo as quais se organizam as interações sociais na cidade e no campo, na agricultura e no comércio, no governo e na educação. No final do século 19, a modernização do país passa a ser im- portante para a burguesia emergente. Ela necessitava de um saber mais pragmático, que não estivesse vinculado à herança colonial. Por essa razão, organiza um movimento para modificar a socie- dade e a cultura e orienta o pensamento social. Nesse momento, surgem estudos históricos, críticas literárias e análises com caráter sociológico como Os Sertões, de Euclides da Cunha. Mas a sociologia como conhecimento sistemático e metódi- co da sociedade surge no Brasil na década de 1930, com a funda- ção da Universidade de São Paulo-USP. A partir desse período, a sociologia brasileira instituiu-se como uma forma criadora e nova de refletir sobre as questões sociais. No decorrer dos anos, a So- ciologia transforma-se em uma disciplina capaz de elaborar novas explicações sobre a realidade brasileira, capaz de refletir sobre os problemas e produzir explicações. Despontam os intelectuais da “geração de 1930”: Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda e Fernando de Azevedo. Acompanhando o incremento da industrialização, o desen- volvimento da Sociologia brasileira ganha grande impulso com a fundação da Escola Livre de Sociologia e Política, em São Paulo, no ano de 1933. Tanto a Escola Livre de Sociologia como a USP convidaram professores do exterior para formar profissionais de ciências so- ciais. Vieram Donald Pierson, Radcliffe-Brown, Lévi-Strauss, Geor- ges Gurvitch, Roger Bastide, Paul Arbousse-Bastide e Fernand Braudel. Dadas essas condições, formou-se um grupo de sociólo- gos que desenvolveu pesquisa a partir da década de 1950: Flores- tan Fernandes, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Antonio Candido de Mello e Souza e Gilda de Mello e Souza. © Sociologia Geral84 Assim, a década de 1950 foi marcada pelo pensamento so- ciológico de Florestan Fernandes e Celso Furtado, responsáveis por duas correntes de pensamento social de repercussões muito consistentes nas pesquisas sociais brasileiras. Temos, também, nessa mesma década, a participação de Darcy Ribeiro, que, como os demais intelectuais de sua época, procurou unir a teoria à práti- ca, adaptando modelos científicos à realidade brasileira. Entre as décadas de 1940 e 1960, a Sociologia brasileira pro- duziu pesquisas denunciando as desigualdades sociais e as rela- ções de domínio e opressão, tanto internas quanto externas. Em dezembro de 1968, com a decretação do Ato Institucio- nal n. 5 (A I–5), os principais nomes da Sociologia no Brasil foram sumariamente aposentados ou exilados e impedidos de publicar seus trabalhos no país. Dentre eles, estavam Florestan Fernandes e Celso Furtado. A partir de 1980, com o início da abertura política, as Ciências Sociais, de modo amplo, adquiriram grande prestígio e a Sociolo- gia, de modo específico, tomou novos rumos, tornando-se cada vez mais interdisciplinar e plural, multiplicando seus objetos de estudo em função da própria realidade cada vez mais diversificada. Em um mundo que se globaliza, a Sociologia brasileira cons- titui como uma de suas preocupações a redefinição do conceito de dependência, divisão internacional do trabalho e globalização. Com essa temática, dois respeitados nomes fazem-se presentes: o professor Milton Santos e o professor Octavio Ianni. 9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Vamos novamente fazer uma pausa para você fixar os con- ceitos abordados nesta unidade. Essa fase é importante para que você possa retomar algumas informações que não tenham ficado tão claras. Agora é só testar seus conhecimentos! Claretiano - Centro Universitário 85© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas 1) Por que Durkheim é importante para a Sociologia? 2) Por que Marx é importante para a Sociologia? 3) Por que Weber é importante para a Sociologia? 4) Como se deu a evolução do pensamento sociológico no Brasil? 10. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO Nesta unidade, tratamos de algumas questões alusivas aos três modos de explicar a organização social que Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, pensadores considerados clássicos da So- ciologia, apresentam. Durkheim definiu que o objeto de estudo da Sociologia é o fato social que pode ser reconhecível pelo poder de coerção que exerce sobre os indivíduos. Segundo as palavras do autor, o fato social também pode ser definido pela sua difusão no interior do grupo, desde que se tenha o cuidado de acrescentar como caracte- rística que ele existe independentemente das formas individuais, pois o comportamento que existe exteriormente às consciências individuais só se generaliza impondo-se a estas. A Sociologia de Marx é a Sociologia da luta de classes. Como estudioso do capitalismo de seu tempo propôs: a sociedade atual é antagônica; as classes sociais são os principais atores do capita- lismo em particular e da história em geral. Uma classe social é um grupo que ocupa um lugar determi- nado no processo de produção. No capitalismo, só existem duas fontes de renda; só existem duas classes: a burguesia capitalista, isto é, todos aqueles que se apropriam de uma parte da mais-valia, e o proletariado, constituído por aqueles que possuem apenas sua força de trabalho. De acordo com essa concepção, a organização da sociedade é um sistema de equilíbrio precário, porque depende dos interes- ses de classes, que são conflitantes. Na concepção marxista, a or- © Sociologia Geral86 ganização social é encarada como um processo, pois os conflitos entre as classes manifestos ou latentes são fatores de contínua transformação das relações sociais entre os seres humanos. Em decorrência dessa concepção, na corrente de pensamento marxis- ta, as relações de classes sociais constituem o objeto de estudo da Sociologia. Max Weber, por sua vez, também deu uma significativa con- tribuição no desenvolvimento da Sociologia. Seus estudos abriram os espaços para as particularidades históricas das sociedades e para a descoberta de novos significados para a subjetividade na ação social. Ao contrário de Durkheim, para quem o ponto de partida da Sociologia estava nas entidades coletivas, instituições ou grupos, seu objeto de pesquisa é a ação social, conduta humana dotada de sentido. Na teoria de Weber, o indivíduo é que tem significado e es- pecificidades, é ele que atribui sentido à sua ação social. Para a Sociologia positivista, é a ordem social que submete os indivíduos pela força exterior. Para a teoria weberiana, não exis- te oposição entre indivíduo e sociedade; em outras palavras, as normas e regras sociais tornam-se concretas quando se manifes- tam em cada indivíduo, que age levado por um motivo que pode ser dado por interesses racionais, pela emoção ou pela tradição. O motivo presente na ação social é que permite o reconheci- mento de seu sentido, que é social quando o indivíduo age consi- derando a reação ou resposta de outros indivíduos. O fato de agir levando em consideração o outro atribui o caráter social à ação humana, por mais individual que seja seu sentido. Portanto, para Weber, os acontecimentos que integram o social se originam no indivíduo. Embora a apresentação dos autores clássicos seja restrita, ela nos dá a dimensão de que os pensadores que a Sociologia no- Claretiano - Centro Universitário 87© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos,Perspectivas meia como seus clássicos procuraram compreender a sociedade de seu tempo e, para isso, elaboraram conceitos como: fato social, ação social, classe social, dentre outros. Embora chegassem a explicações diferenciadas, dependen- do do que estabeleceram como central – o indivíduo, a sociedade ou a relação entre ambos –, eles estavam interessados nas relações entre indivíduo e sociedade no mundo moderno. As divergências entre as explicações que esses autores ofereceram indicam a com- plexidade e a diversidade das questões colocadas pelas condições da vida em sociedade no mundo moderno. Quanto ao Brasil, a Sociologia organiza-se como conheci- mento sistemático e metódico da sociedade na década de 1930, quando se instituiu como uma forma criadora e nova de refletir sobre as questões sociais. Com o passar do tempo, ela se transfor- ma em uma disciplina capaz de elaborar novas explicações sobre a realidade brasileira, capaz de refletir sobre os problemas e pro- duzir explicações. O debate entre as teorias é característico da Sociologia. Ele amplia e diversifica a nossa compreensão da sociedade. A partir dos conceitos sociológicos, tanto daqueles que vimos nesta uni- dade, quanto de outros que estão elaborados nas inúmeras obras dos autores citados, podemos observar diferentes dimensões dos fenômenos sociais da vida cotidiana e, assim, abordá-los de uma nova maneira. Desse modo, de posse dos conceitos apresentados na uni- dade, passamos a ter condições de nos distanciarmos um pouco mais do senso comum e caminharmos um passo à frente rumo ao campo da ciência. 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Nestas indicações de leituras, não se está privilegiado este ou aquele texto; são obras relativas ao pensamento clássico, que © Sociologia Geral88 devem ser pesquisadas e cujo estudo se desenvolverá com base no olhar e na seleção de cada um, na medida de sua curiosidade ou de sua necessidade. ARON, R. Karl Marx. In: ______. As etapas do pensamento sociológico. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 125-200. ______. Émile Durkheim. In: ______. As etapas do pensamento sociológico. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 287-365. ______. Max Weber. In: ______. As etapas do pensamento sociológico. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 447-523. CODO, W. O que é alienação? 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1992. COSTA, C. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Moderna, 2005. COHN, G. Sociologia: para ler os clássicos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977. DURKHEIM, E. As Regras do Método Sociológico. 4. ed. São Paulo: Nacional, 1996 ______. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2002. ______. Os Pensadores. São Paulo: Abril, 1992. HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. 21. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986. ______. Trabalhadores de Todos os Países, Uni-vos! In: ______. História da riqueza do homem. 21. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986, p. 212-232. IANNI, O. Sociologia da sociologia: o pensamento sociológico brasileiro. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Ática, 1989. KONDER, L. Marx: vida e obra. 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