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EA
D
3
Sociologia: Concepções, 
Conceitos, 
Perspectivas
1. OBJETIVOS
•	 Ampliar	a	compreensão	de	como	a	questão	social	colocou	
a	sociedade	em	um	plano	de	análise.
•	 Compreender	a	 importância	do	pensamento	clássico	de	
Durkhein,	Marx	e	Weber.
•	 Cultivar	atitudes	de	pesquisador.
2. CONTEÚDOS
•	 Émile	Durkhein:	regras	do	método	sociológico.
•	 Karl	Marx:	conflitos	na	sociedade	industrial.
•	 Max	Weber:	história,	economia	e	doutrina	religiosa.
•	 O	desenvolvimento	do	pensamento	sociológico	no	Brasil.
© Sociologia Geral60
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Nesta	unidade	de	estudo,	abordaremos	aspectos	relati-
vos	às	concepções	e	aos	conceitos	organizados	a	partir	
de	três	pensadores	que	foram	nomeados	como	clássicos	
da	Sociologia:	Émile	Durkheim,	Karl	Marx	e	Max	Weber.	
Um	dos	conceitos	de	Durkheim	é	o	de	solidariedade me-
cânica.	No	filme	brasileiro	O quatrilho,	de	Fábio	Barreto,	
e	no	filme	estadunidense	A testemunha,	de	Peter	Weir,	
é	possível	conferir	a	presença	da	solidariedade	mecâni-
ca	nas	 comunidades	em	que	 se	passam	as	 respectivas	
histórias.
2)	 O	tema	da	alienação	está	privilegiado	no	segmento	que	
se	refere	ao	pensamento	de	Karl	Marx.	O	filme	Tempos 
Modernos,	de	Charles	Chaplin,	oferece	uma	faceta	mag-
nífica	dessa	temática.
3)	 Para	 ampliar	 as	 perspectivas	 sociológicas,	 há	 o	 filme 
Adeus, Lenin!,	de	Wofganger	Becker,	que	retrata	as	duas	
filosofias	da	Alemanha	Oriental,	antes	e	depois	da	queda	
do	muro	de	Berlim.
4)	 Ainda	no	sentido	de	ampliar	perspectivas	 sociológicas,	
tem-se	 o	 filme	 espanhol	 Segunda-feira ao sol,	 de	 Fer-
nando	 León	 de	 Aranoa,	 que	 apresenta	 o	 cotidiano	 de	
pessoas	desempregadas,	com	seus	dramas	e	sonhos.
5)	 Há	duas	obras	brasileiras	que	traduziram,	na	linguagem	
literária,	muitas	passagens	nas	quais	podemos	observar	
tipos	 de	 ação	 social,	 de	 desencantamento	 do	mundo,	
conceitos	organizados	por	Max	Weber.	São	eles:	Auto da 
compadecida,	peça	de	teatro	escrita	por	Ariano	Suassu-
na,	e	Cidade de Deus,	romance	de	Paulo	Lins.	A	lingua-
gem	 literária	dessas	obras	 converteu-se	em	 linguagem	
cinematográfica:	Cidade de Deus,	filme	dirigido	por	Fer-
nando	Meirelles,	e	Auto da Compadecida,	filme dirigido	
por	Guel	Arraes.
Claretiano - Centro Universitário
61© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
6)	 Além	de	todas	essas	indicações,	pode	ser	interessante,	
também,	 conhecer	 um	 pouco	 da	 biografia	 dos	 pensa-
dores	cujo	pensamento	norteia	o	estudo	deste	Caderno 
de Referência de Conteúdo.	Para	saber	mais	sobre	eles,	
acesse	o	site	indicado.
Émile Durkheim (1858-1917) 
É considerado um dos mais notáveis sociólogos france-
ses. Estudou na École Normale Supérieure, em Paris. 
Publicou várias obras, entre as quais A divisão social do 
trabalho (1893), Montesquieu e Rousseau: précurseurs 
de La Sociologie (s/d), As regras do método sociológi-
co (1895), Educação e sociologia (s/d). Disponível em: 
<http://www.culturabrasil.pro.br/durkheim.htm>. Acesso 
em: 30 jul. 2010).
Karl Heinrich Marx (1818-1883)
No dizer de seu amigo Engels, foi “o homem mais odiado 
e mais caluniado de seu tempo”, banido de um lugar para 
outro por causa de suas ideias libertárias. Estudou inicial-
mente na Universidade de Bonn (Alemanha) e, depois, foi 
para a Universidade de Berlim, onde entrou em contato 
com a obra de Hegel, a quem se opôs com veemência, 
tornando-se o principal crítico do hegelianismo. A sua 
obra O Capital constitui referência necessária no estudo 
da Sociologia. Disponível em: <http://www.comunismo.
com.br/biomarx.html>. Acesso em: 30 jul. 2010).
Max Weber (1864-1920)
Estudou na Universidade de Heidelberg (Alemanha), in-
teressando-se por Direito, História e Economia. Em 1909, 
fundou a Associação Sociológica Alemã. Weber foi con-
siderado um grande renovador das ciências sociais es-
pecificamente na questão metodológica, estabelecendo 
os fundamentos da Sociologia moderna. Escreveu vá-
rias obras, entre as quais estão A ética protestante e o 
espírito do capitalismo (1905) e Economia e Sociedade 
(1910). Disponível em: <http://www.biografiasyvidas.com/
biografia/w/weber_max>. Acesso em: 30 jul. 2010).
© Sociologia Geral62
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
As	unidades	anteriores	tentaram	mostrar	que	o	processo	de	
elaboração	científica	do	pensamento	social	ocidental	é	resultado	
das	transformações	sociais,	políticas,	econômicas	e	históricas	pro-
vocadas	pela	instalação	do	capitalismo	na	Europa.	No	Brasil,	não	
foi	diferente:	a	organização	do	pensamento	social	também	acom-
panhou	as	condições	de	desenvolvimento	do	capitalismo	e	a	inser-
ção	do	país	na	ordem	capitalista	mundial,	como	observaremos	no	
último	tópico	desta	unidade	com	um	breve	retrospecto	do	desen-
volvimento	das	ideias	sociológicas	no	Brasil.
Lembrando	que	os	objetivos	da	Unidade	3	são	levar	às	cons-
tatações	 de	 que,	 anteriormente	 ao	 aparecimento	 da	 Sociologia,	
existiam	indagações	sobre	os	fenômenos	sociais	e	à	compreensão	
de	que	o	advento	da	Sociologia	como	ciência	aplica	um	ponto	de	
vista	científico	à	observação	e	à	explicação	dos	fenômenos	sociais,	
anunciamos	que	a	proposta	desta	unidade	está	vinculada	à	neces-
sidade	de	compreensão	de	que	foi	a	questão	social	que	colocou	a	
sociedade	em	um	plano	de	análise	científica.	Para	isso,	é	preciso	
compreender	a	importância	do	pensamento	clássico	de	Émile	Dur-
kheim,	Karl	Marx	e	Max	Weber.
Dessa	forma,	podemos	partir	do	pressuposto	de	que	a	de-
finição	do	objetivo	de	pesquisa	de	cada	Ciência	Social	decorre	do	
tipo	de	resposta	que	se	dá	à	seguinte	pergunta:	o que torna pos-
sível a organização social das relações entre os seres humanos?
É	a	resposta	a	essa	pergunta	que	interessa	à	Sociologia.	Ela	
envolve	a	visão	científica	do	conhecimento	da	vida	social.	Como	a	
Sociologia	é	uma	ciência	que	não	é	fruto	do	pensamento	de	um	
único	autor,	ela	tem	três	respostas	clássicas:	a	que	foi	elaborada	
por	Émile	Durkheim	(1858-1917),	a	resposta	organizada	por	Max	
Weber	(1864-1920)	e	a	de	Karl	Marx	(1818-1883).
Eles	 são	 considerados	 autores	 clássicos	 da	 Sociologia	 por-
que,	 em	 suas	 obras,	 encontram-se	 os	 elementos	 básicos	 para	 a	
Claretiano - Centro Universitário
63© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
explicação	científica	dos	fenômenos	sociais.	Além	disso,	apresen-
taram	pontos	de	vista	distintos	sobre	a	objetividade	científica	do	
conhecimento	da	vida	social	dos	seres	humanos	e	diferentes	refle-
xões	em	torno	da	sociedade	capitalista.	Elaboraram	conceitos	para	
explicar	a	realidade	que	se	consolidava	historicamente,	exploran-
do	tanto	problemas	teóricos	como	práticos.	Esse	é	o	motivo	pelo	
qual	suas	teorias	se	mantêm	como	referência	quando	se	pensa	a	
sociedade	atual.
Émile	Durkheim	seguiu	a	tradição	do	Positivismo.	Ele	preo-
cupou-se	 em	 estabelecer	 um	método	 e	 definir	 o	 objeto	 da	 So-
ciologia,	 assim	 como	 se	 preocupou	 em	encontrar	 soluções	 para	
a	manutenção	da	ordem	na	sociedade	capitalista	que	surgiu	com	
as	revoluções.	Para	ele,	o	objeto	de	estudo	da	Sociologia	é	o	fato 
social.
Para	Max	Weber,	a	sociedade	pode	ser	compreendida	a	par-
tir	de	um	conjunto	de	ações	individuais	recíprocas.	Por	esse	moti-
vo,	ele	definiu	a	ação social	como	objeto	de	estudo	da	Sociologia.
O	pensamento	de	Karl	Marx	é	fundamentado	em	uma	crítica	
à	sociedade	capitalista,	ficando	em	oposição	ao	Positivismo,	que	
procura	a	preservação	e	a	manutenção	do	sistema	capitalista.	Para	
ele,	são	as	relações sociais de produção	que	condicionam	todo	o	
resto	da	sociedade	e	a	dividem	em	proprietários	e	não	proprietá-
rios	dos	meios	de	produção,	sendo	esta	a	base	da	formação	das	
classes sociais.
Desde	os	primeiros	momentos	da	organização	da	Sociologia	
como	 ciência,	 os	 pensadores	 depararam-se	 com	 as	 dificuldades	
de	lidar	com	a	tensão	entre	observar	a	sociedade	como	uma	es-
trutura	com	poder	de	coerção	e	de	determinação	sobre	as	ações	
individuais	ou	observaro	indivíduo	como	agente	criador	e	trans-
formador	da	vida	coletiva.	Para	demarcar	a	tensão	entre	indivíduo	
e	sociedade,	a	teoria	sociológica	dos	clássicos	orientou-se	por	di-
ferentes	perspectivas.
© Sociologia Geral64
Émile	Durkheim	tomou	como	ponto	de	partida	a	existência	
plena	de	uma	vida	 coletiva	 gerida	 acima	e	 fora	das	mentes	dos	
indivíduos.	Caso	em	que	o	peso	da	sociedade	sobre	os	indivíduos	
indica	a	preponderância	de	uma	consciência	coletiva.	Max	Weber,	
por	outro	 lado,	 tomou	a	ação	 individual	 como	ponto	de	partida	
para	a	compreensão	da	realidade	social.	Nesse	caso,	a	ênfase	foi	
atribuída	 à	 capacidade	 dos	 indivíduos	 de	 forjar	 a	 sociedade	 ba-
seando-se	nas	relações	de	uns	com	os	outros.	Há,	ainda,	a	teoria	
de	Karl	Marx,	que	indicou	que	caráter	coercitivo	por	parte	da	so-
ciedade	não	 se	manifesta	 indistintamente	 sobre	 todos	os	 indiví-
duos,	e,	sim,	de	uma	parte	da	sociedade	sobre	a	outra;	em	outras	
palavras,	de	uma	classe	social	sobre	as	outras.
As	 sociologias	 de	 Émile	 Durkheim	 e	 Karl	Marx	 partem	 do	
pensamento	de	que	só	é	possível	compreender	as	relações	sociais	
se	compreendermos	a	sociedade	que	obriga	os	 indivíduos	a	agir	
de	acordo	com	forças	estranhas	às	suas	vontades.	A	sociologia	de	
Max	Weber	parte	da	 ideia	de	que	a	 sociedade	é	o	 resultado	de	
uma	inesgotável	rede	de	interações	interindividuais.
Para	 compreendermos	 melhor	 esse	 assunto,	 apresentare-
mos,	nos	três	itens	a	seguir,	a	seleção	de	alguns	conceitos	desses	
autores,	chamando	a	atenção	para	o	fato	de	que	se	trata	de	ideias	
introdutórias	ao	pensamento	e	à	obra	dos	clássicos	da	Sociologia.
5. ÉMILE DURKHEIM: AS REGRAS DO MÉTODO SO-
CIOLÓGICO
O	grande	empenho	de	Durkheim	voltou-se	para	conferir	à	
Sociologia	o	status	científico.	Com	esse	objetivo,	ele	organizou	as	
regras	do	método	sociológico	indicando	como	deveria	ser	a	abor-
dagem	dos	problemas	sociais	e	quais	regras	deveriam	ser	seguidas	
na	análise	de	tais	problemas.
A	objetividade	e	a	identidade	na	análise	da	vida	social	foram	
questões	fundamentais	na	sua	proposição	do	método	sociológico.
Claretiano - Centro Universitário
65© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
Para	Durkheim,	a	sociedade	não	é	a	"simples	soma	de	indiví-
duos";	ela	constitui	um	sistema	que	representa	uma	determinada	
realidade	com	características	próprias.	É	fato	que	não	há	o	coletivo	
se	consciências	individuais	não	existirem,	porém,	apenas	essa	con-
dição	não	garante	a	vida	social.	É	preciso	que	as	consciências	este-
jam	associadas,	combinadas	e	combinadas	de	modo	determinado.	
Ao	 tentar	 delimitar	 o	 campo	 de	 estudo	 da	 Sociologia,	 ele	
constata	que	a	ideia	de social	é	aplicada	a	quase	todos	os	fenôme-
nos	que	se	passam	no	interior	da	sociedade.	A	partir	dessa	ideia,	
Durkheim	estabeleceu	qual	tipo	de	fato	mereceria	a	qualificação	
de	social.	À	Sociologia	como	ciência,	caberia,	então,	ocupar-se	da-
queles	fatos	que	apresentassem	as	características	específicas	para	
serem	considerados	fatos sociais.
Para	Durkheim,	os	 fatos	sociais	consistem	em	maneiras	de	
agir,	de	pensar	e	de	sentir,	exteriores ao	indivíduo,	dotadas	de	um	
poder	de	coerção	em	virtude	do	qual	lhe	é	imposto.	O	fato	social	
é	geral na	extensão	de	uma	sociedade,	apresentando	uma	exis-
tência	própria	independente	das	manifestações	que	se	possa	ter	
(DURKHEIM,	1996).
Segundo	essas	concepções,	ao	viver	em	sociedade,	os	seres	
humanos	deparam-se	com	regras	de	conduta	que	não	foram	por	
eles	criadas,	mas	que	devem	ser	aceitas	e	seguidas	por	todos,	pois,	
sem	essas	regras,	a	sociedade	não	existiria.
Durkheim	apresenta	 três	características	que	distinguem	os	
fatos	sociais:	a	coerção social,	a	exterioridade e	a	generalidade.
A	coerção social	está	ligada	à	força	que	os	fatos	sociais	exer-
cem	sobre	os	indivíduos	e	que	os	levam	a	conformar-se	às	regras	
da	sociedade	em	que	vivem,	independentemente	de	sua	escolha	
ou	vontade.	Quer	tenha	ou	não	consciência	da	coerção	que	atua	
sobre	si,	 levando-o	a	comportar-se	de	determinada	forma,	ela	é	
uma	realidade	na	vida	do	indivíduo.	Durkheim	considerava	a	edu-
cação	 –	 formal	 e	 informal	 –	 como	 um	 elemento	 importante	 na	
conformação	dos	indivíduos	à	sociedade.	
© Sociologia Geral66
A	segunda	característica	refere-se	à	exterioridade,	ou	seja,	
os	fatos	sociais	existem	e	atuam	sobre	os	indivíduos	independen-
temente	de	sua	vontade	ou	de	sua	adesão.	As	regras	sociais,	os	
costumes	e	as	 leis	 já	existem,	 são	anteriores	ao	nascimento	das	
pessoas	e	são	impostas	por	mecanismos	de	coerção:	a	educação	é	
um	desses	mecanismos.
A	generalidade	 é	 a	 terceira	 característica	 apresentada	por	
Durkheim:	 é	 social	 todo	 fato	 que	 é	 geral,	 que	 se	 aplica	 a	 todos	
os	indivíduos,	ou	à	maioria	deles.	Na generalidade,	encontra-se	a	
natureza coletiva	dos	fatos	sociais,	seu	estado	comum	ao	grupo.	
Durkheim	 considerava	 a	 generalidade	 como	 elemento	 essencial	
do	fato	social.
Para	explicitar	o	que	é	um	fato	social,	Durkheim toma	a	edu-
cação como	exemplo.	Cabe	à	educação	–	entendida	como	um	pro-
cesso	em	seu	sentido	amplo,	não	apenas	a	educação	formal	–	a	
importante	tarefa	da	conformação	dos	indivíduos	à	sociedade	em	
que	vivem.	As	regras	devem	ser	aprendidas,	internalizadas	e	trans-
formadas	em	hábitos	de	conduta.	Toda	sociedade	tem	de	educar	
os	indivíduos	para	que	aprendam	as	regras	necessárias	à	organiza-
ção	da	vida	social.
Durkheim registra	que	a	definição	do	que	é	fato	social	pode	
ser	confirmada	por	meio	de	uma	experiência	característica:	bas-
ta	observar	 a	maneira	pela	qual	 as	 crianças	 são	educadas.	 Toda	
educação	ou socialização	consiste	em	um	esforço	contínuo	para	
impor	às	crianças	maneiras	de	ver,	de	sentir	e	de	agir,	às	quais	elas	
não	chegariam	espontaneamente.	A	pressão	que	sofre	a	criança	é	
a	própria	pressão	do	meio	social	tendendo	a	moldá-la	à	sua	ima-
gem,	pressão	da	qual	os	familiares	e	os	professores	são	alguns	dos	
representantes	e	intermediários.
No	decorrer	de	nossas	vidas,	ideias,	sentimentos	e	aquisição	
de	hábitos	que	não	possuímos	quando	nascemos	e	que	são	consi-
derados	essenciais	para	a	vida	em	sociedade	são	transmitidos	pe-
las	gerações	adultas	por	meio	do	processo	de	educação	ou	sociali-
Claretiano - Centro Universitário
67© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
zação.	É	à	sociedade	como	coletividade	que	cabem	a	organização,	
o	 condicionamento	 e	 o	 controle	 das	 ações	 individuais.	 Existem	
costumes,	regras	e	normas	que	devem	ser	obrigatoriamente	trans-
mitidos	para	a	preservação	da	coesão social.	Se	isso	não	ocorrer,	
as	crianças	não	saberão	como	viver	em	meio	aos	adultos	quando	
crescerem.
Todo	esforço	 intelectual	de	Durkheim	foi	voltado	para	a	de-
monstração	 de	 que	 os	 fatos	 sociais	 têm	 vida	 própria	 e	 indepen-
dem	do	que	pensa	e	do	que	faz	cada	 indivíduo.	Embora	cada	um	
tenha	seu	próprio	modo	de	ver	as	coisas,	de	se	comportar,	tenha	
sua	própria	consciência	 individual,	é	possível	notar	no	 interior	de	
toda	e	qualquer	sociedade	formas	padronizadas	de	pensamento	e	
de	conduta.	Essas	formas	padronizadas	foram	denominadas	por	ele	
de	consciência coletiva.	Segundo	seu	pensamento,	a	combinação	
das	consciências	 individuais	corresponde	à	consciência	coletiva.	A	
organização	social	somente	é	possível	graças	à	consciência	coletiva.
Para	Durkheim,	a	Sociologia	deveria	comparar	as	sociedades	
e,	para	isso,	era	necessário	constituir	um	parâmetro	de	observa-
ção	experimental.	Guiado	por	esse	procedimento,	ele	estabeleceu	
a	passagem	da	solidariedade mecânica	para	a	solidariedade or-
gânica	 como	o	motor	de	transformação	de	todas	as	sociedades.	
Apresentaremos,	a	seguir,	a	diferença	existente	entre	a	solidarie-
dade	mecânica	e	solidariedade	orgânica.
Caracteres que distinguem a solidariedade mecânica, ou por 
similitude, e a solidariedade orgânica, ou a solidariedade 
devida à divisão do trabalho –––––––––––––––––––––––––––
1) A primeira liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermediá-
rio. Na segunda, ele depende da sociedade,porque depende das partes que 
a compõem.
2) A primeira corresponde a um conjunto de crenças mais ou menos organizado 
e de sentimentos comuns a todos os membros do grupo: é o tipo coletivo. A 
segunda corresponde a uma sociedade com um sistema de funções diferen-
tes e especiais, em que relações definidas as unem.
3) A primeira só pode ser forte, na medida em que as ideias e as tendências 
comuns a todos os membros da sociedade ultrapassam em número e inten-
sidade as pertencentes pessoalmente a cada um deles. Propomos chamar 
© Sociologia Geral68
esta de solidariedade mecânica. A palavra não significa que ela seja produ-
zida por meios mecânicos e artificialmente. Só a denominamos assim por 
analogia com a coesão, que une entre si os elementos dos corpos brutos, em 
oposição à que faz a unidade dos corpos vivos. Nas sociedades onde essa 
solidariedade é muito desenvolvida, o indivíduo não se pertence.
Acontece diferentemente com a solidariedade produzida pela divisão do tra-
balho; ela supõe que os indivíduos difiram uns dos outros. Ela só é possível 
se cada um tiver uma esfera de ação que lhe for própria. Com efeito, por um 
lado, cada qual depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais 
dividido for o trabalho; e, por outro lado, a atividade de cada qual é tanto mais 
pessoal quanto mais especializada. Aqui, portanto, a individualidade do todo 
aumenta ao mesmo tempo em que as partes; a sociedade torna-se mais 
capaz de mover-se conjuntamente, ao mesmo tempo em que cada um dos 
seus elementos tem mais movimentos próprios. Propomos chamar orgânica 
à solidariedade devida à divisão do trabalho (DURKHEIM, 2002).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para	 ampliar	 nossa	 compreensão	 sobre	 os	 significados	 de	
solidariedade mecânica	 e	 de	 solidariedade orgânica,	 a	 autora	
Cristina	Costa (2005)	oferece-nos	uma	explicação.	A	solidariedade 
mecânica	predominou	nas	sociedades	pré-capitalistas,	nas	quais	
os	indivíduos	se	identificavam	por	meio	da	família,	da	religião,	da	
tradição	e	dos	costumes,	permanecendo,	em	geral,	 independen-
tes	e	autônomos	em	relação	à	divisão	do	trabalho	social. A cons-
ciência	coletiva	exerce	aqui	todo	seu	poder	de	coerção	sobre	os	
indivíduos.	A	solidariedade orgânica	é	típica	das	sociedades	capi-
talistas,	em	que,	pela	acelerada	divisão	do	trabalho	social,	os	in-
divíduos	se	tornam	independentes.	Essa	independência	garante	a	
união	social	em	lugar	dos	costumes,	das	tradições	ou	das	relações	
sociais	 estreitas,	 como	 ocorre	 nas	 sociedades	 contemporâneas.	
Nas	 sociedades	 capitalistas,	 a	 consciência	 coletiva	afrouxa-se	ao	
mesmo	tempo	em	que	os	indivíduos	se	tornam	mutuamente	de-
pendentes,	cada	qual	se	especializando	em	uma	atividade	e	ten-
dendo	a	desenvolver	maior	autonomia	pessoal.	
Durkheim	é	 considerado	um	clássico	da	Sociologia	porque	
seus	estudos	constituíram	um	conjunto	de	pressupostos	teóricos	
e	metodológicos	sobre	a	sociedade	que	originaram	um	objeto	de	
estudo	próprio	e	os	meios	adequados	para	interpretá-lo.	Trata-se	
de	um	conjunto	de	conceitos	e	técnicas	de	pesquisa	tão	relevantes	
Claretiano - Centro Universitário
69© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
que	transformam	seus	estudos	em	constante	objeto	de	interesse	
da	Sociologia	contemporânea.
6. KARL MARX: CONFLITOS NA SOCIEDADE INDUSTRIAL
Afirmamos,	anteriormente,	que	o	pensamento	sociológico,	
em	seu	desenvolvimento,	se	fundamentou	em	diferentes	teorias,	
cada	uma	delas	abordando	níveis	diferentes	das	realidades.	Apre-
sentamos,	 também,	 algumas	 concepções	 de	 Émile	 Durkheim	 e,	
neste	momento,	 trataremos	de	 ideias	de	Karl	Marx,	organizador	
da	 corrente	 revolucionária	 do	 pensamento	 social	 expressa	 pelo	
materialismo histórico.
Trata-se	de	um	dos	pensamentos	sociais	mais	difíceis	de	ser	
explicado	ou	sintetizado,	pois	Marx	escreveu	muito	e	suas	ideias	
desdobram-se	em	várias	correntes	de	pensamento.
Parte	dessa	dificuldade	em	referir-se	a	Marx	diz	respeito	ao	
destino	póstumo	no	qual	uma	determinada	interpretação	de	sua	
doutrina	se	transformou	na	"ideologia	oficial"	do	Estado	russo,	da	
Europa	oriental	e	do	Estado	chinês.	São	doutrinas	oficiais	que	pre-
tenderam	oferecer	uma	 interpretação	autêntica	do	pensamento	
de	Marx.	 São	 doutrinas	 simplificadoras	 e	 exageradas,	 ensinadas	
sob	a	forma	de	catecismo.
Mesmo	considerando	a	desintegração	da	União	Soviética	na	
década	de	1990,	o	que	garante	uma	retomada	das	ideias	de	Marx,	
permanecem	as	dificuldades	relacionadas	ao	fato	de	ter	sido	um	
autor	que	escreveu	muito	e,	ao	escrever	muito,	nem	sempre	afir-
mou	a	mesma	coisa	sobre	o	mesmo	tema.	Por	essa	razão,	é	preciso	
levar	em	conta	os	períodos	em	que	escreveu	suas	obras,	ou	seja,	
os	estudos	da	juventude	que	foram	publicados	enquanto	Marx	era	
vivo	e	os	outros	que	só	foram	publicados	depois	de	sua	morte.
O Capital	é	considerado	sua	obra-prima,	centro	de	seu	pen-
samento.	Qualquer	pretensão	de	 resumir	O Capital	 em	algumas	
páginas	constitui	um	despropósito	diante	de	tudo	que	Marx	pen-
© Sociologia Geral70
sou,	e	podemos	afirmar	que	seu	pensamento	traduz	uma	interpre-
tação	do	caráter	contraditório	da	sociedade	capitalista.
Em	seus	escritos,	ele	procurou	analisar	o	funcionamento	do	
capitalismo	e	prever	sua	evolução.	Contudo,	seu	esforço	científico	
foi	concentrado	na	demonstração	científica	da	evolução	do	regime	
capitalista,	inevitável,	segundo	sua	opinião.
Para	entender	o	capitalismo,	Marx escreveu	obras	de	Filoso-
fia,	de	Economia	e	de	Sociologia.	Para	a	Sociologia,	interessaram	
as	contradições	básicas	da	sociedade	capitalista	e	as	possibilidades	
de	sua	superação	por	ele	apontadas.
Informação complementar –––––––––––––––––––––––––––––
Marx manteve-se sempre atualizado e se aborrecia com o que pensavam aque-
les que se diziam seus seguidores: os marxistas. Além disso, considerava tolice 
o que era praticado em seu nome. Em uma passagem, seu companheiro Engels 
conta que certa vez ele pilheriou: “O que é certo é que eu – Marx – não sou mar-
xista” (KONDER, 1976, p. 183).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No	momento	 em	que	o	Positivismo	 se	 preocupava	 com	a	
manutenção	 da	 ordem	 capitalista,	 o	 socialismo	 científico	 que,	
atualmente,	à	revelia	de	Marx,	é	conhecido	como	marxismo,	ela-
borava	uma	crítica	radical	ao	capitalismo	evidenciando	seus	anta-
gonismos	e	suas	contradições.
Segundo	Marx,	para	viver,	os	seres	humanos	precisam	trans-
formar	 a	 natureza:	 comer,	 construir	 abrigos,	 produzir	 utensílios.	
Por	essa	razão,	o	estudo	de	qualquer	sociedade	deveria	partir	das	
relações	sociais	que	se	estabelecem	para	utilizar	os	meios	de	pro-
dução	e	transformar	a	natureza.	Esse	tipo	de	relações	é	chamado	
por	Marx	de	relações sociais de produção.
As	relações sociais de produção	constituem	a	base	de	toda	
estrutura	social.	São	elas	que	definem	os	dois	grupos	da	sociedade	
capitalista:	de	um	lado,	os	trabalhadores,	aqueles	que	nada	pos-
suem	além	do	corpo	e	da	disposição	para	o	trabalho,	também	cha-
mados	de	proletários ou	operários;	do	outro,	os	capitalistas,	que	
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71© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
possuem	os	meios de produção	 necessários	para	 transformar	 a	
natureza	e	produzir	mercadorias.
Na	 sociedade	 capitalista,	 a	 produção	 só	 se	 realiza	 porque	
trabalhadores	e	capitalistas entram	em	relação social.	O	capitalis-
ta	paga	um	salário	ao	trabalhador	e,	no	final	da	produção,	fica	com	
o	lucro,	valor	a	mais	que	não	retorna	ao	operário,	sendo	apropria-
do	pelo	capitalista	como	valor	incorporado	à	mercadoria.	
Para	Marx,	definir	o	salário	como	valor	da	força	de	trabalho	
é	uma	coisa.	Outra	coisa	é	quanto	o	trabalho	rende	ao	capitalis-
ta.	Marx	chama	esse	valor	excedente	produzido	pelo	operário	de	
mais-valia.
Mais-valia –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quando o trabalhador se aluga, ele vende sua força de trabalho, não apenas pelo 
tempo que leva para produzir o valor de seus salários, mas pelaextensão de todo 
um dia de trabalho. Se um dia de trabalho for de dez horas, e o tempo necessário 
para produzir o valor de seu salário for igual a seis horas, então sobram quatro 
horas durante as quais o trabalhador não está trabalhando para si, mas para seu 
patrão. Às seis horas Marx chama de tempo de trabalho necessário e às quatro 
horas, tempo de trabalho excedente. Deste modo, do valor do produto total de 
dez horas de trabalho, seis décimos correspondem ao salário, quatro décimos 
são iguais à mais-valia, a qual fica em poder do patrão e constitui seu lucro (HU-
BERMAN, 1986, p. 212-232).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
É	essa	forma	de	relação	entre	capitalista	e	trabalhadores	que	
leva	à	exploração	do	trabalhador	pelo	capitalista	e	que	gera	o	con-
flito	entre	essas	classes	sociais.
O	conflito	dá-se	pela	oposição	e	antagonismo	entre	os	inte-
resses	inconciliáveis	das	classes	sociais.	De	um	lado,	temos	o	capi-
talista,	que	deseja	manter	seu	direito	à	propriedade	dos	meios	de	
produção,	à	comercialização	dos	produtos	e	à	exploração	do	tra-
balho	do	operário.	Além	disso,	ele	pode	reduzir	salários	e	ampliar	
a	 jornada	de	 trabalho.	Do	outro	 lado,	 temos	o	 trabalhador,	que 
procura	diminuir	 os	 efeitos	da	 exploração	 ao	 lutar	 por	menores	
jornadas	de	trabalho,	melhores	salários	e	participação	nos	lucros.
© Sociologia Geral72
Em	contrapartida,	 as	 relações	entre	essas	duas	 classes	 so-
ciais	também	são	complementares,	pois	uma	só	existe	em	relação	
à	outra:	existem	proprietários	porque	existem	despossuídos	cuja	
única	propriedade	é	a	força	de	trabalho,	que	precisam	vender	para	
garantir	a	sobrevivência.
Destacamos,	a	seguir,	uma	passagem	do	Manifesto Comunis-
ta,	escrito	por	Marx	e	Engels,	em	que	se	encontram	alguns	prin-
cípios	 sobre	 as	 classes	 sociais.	Devemos	 ressaltar	 que	o	 alemão	
Friedrich	Engels	(1820-1895)	era	um	economista	político	e	revolu-
cionário	que	foi	o	grande	interlocutor	intelectual	e	amigo	de	Marx	
a	partir	de	1844.
O Manifesto Comunista –––––––––––––––––––––––––––––––
A História de toda a sociedade que existiu até agora é a História da luta de clas-
ses.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação 
e assalariado; resumindo, opressor e oprimido, em constante oposição um ao 
outro, mantiveram ininterruptamente uma luta, às vezes oculta, às vezes aberta. 
Uma luta que todas as vezes terminou ou em uma reconstituição revolucionária 
da sociedade em geral, ou na ruína comum das classes rivais.
Nos primeiros tempos da História, por quase toda parte, encontramos uma dispo-
sição complexa da sociedade, em várias classes, uma variação de níveis sociais. 
Na Roma antiga, temos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos. Na Idade Mé-
dia, senhores feudais, vassalos, chefes de corporação, assalariados, aprendizes, 
servos. Em quase todas estas classes, mais uma vez, graduações secundárias.
A sociedade burguesa moderna que brotou das ruínas da sociedade feudal, não 
aboliu os antagonismos das classes. Estabeleceu novas classes, novas condi-
ções de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas.
Contudo, a nossa época, a época da burguesia, possui uma característica dis-
tintiva: simplificou os antagonismos de classe. A sociedade como um todo está 
cada vez mais dividindo-se em dois grandes campos hostis, em duas grandes 
classes que se confrontam frente a frente: burguesia e proletariado (MARX; EN-
GELS, 1996, p. 9-10).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Encerramos	esta	apresentação	de	alguns	dos	 conceitos	do	
socialismo	científico,	ou	marxismo,	destacando	a	ideia	de	aliena-
ção,	que	é	fundamental	para	a	compreensão	da	exploração	eco-
nômica	do	capitalista	sobre	o	trabalhador	segundo	a	perspectiva	
de	Marx.
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73© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
Para	responder	à	pergunta	“o	que	é	alienação?”,	Wanderley	
Codo	(1992)	começa	afirmando	que	alienação	é	ser	e	não	ser,	ao	
mesmo	tempo,	no	mesmo	momento.
A	 palavra	 “alienação”	 adquiriu	 vários	 significados	 ao	 lon-
go	dos	tempos.	Atualmente,	ela	circula	no	meio	comercial	com	o	
sentido	 jurídico	de	transferência	ou	venda	de	um	bem.	O	termo	
é	usado	quando	se	compra	um	carro,	por	exemplo,	mediante	um	
empréstimo.	A	partir	daí,	enquanto	a	dívida	do	empréstimo	não	
for	paga,	o	veículo	será	um	bem	alienado:	o	carro	ou	qualquer	ou-
tro	bem	que	esteja	na	mesma	condição	é	da	pessoa	e,	ao	mesmo	
tempo,	não	é.
A	loucura	das	pessoas,	por	muito	tempo,	foi	entendida	como	
se	elas	estivessem	tomadas	por	espíritos,	ou	seja,	alguém	invadiu	
o	sujeito	para	representá-lo.	Nessas	circunstâncias,	o	diagnóstico	
era	de	"alienação	mental"	e	a	pessoa	considerada	uma	alienada.	
Segundo	essa	concepção,	a	pessoa	 louca	é	alguém	que	não	per-
tence	mais	a	si	mesma.	Aqui	a	palavra	“alienação”	também	signifi-
ca	ser	e	não	ser.	Pela	mesma	razão,	é	pensamento	corrente	que	as	
drogas	alucinógenas	são	alienantes,	porque	provocam	no	usuário	
a	sensação	de	estar	"fora	de	si",	a	sensação	de	ser	e	não	ser.
Em	Cristina	Costa	(2005),	encontramos	a	explicação	de	que	
o	sentido	de	alienação	tomado	por	Marx	tem	suas	bases	no	pen-
sador	francês	Jean	Jacques	Rousseau	(1712-1778),	que	atribuiu	ao	
termo	a	ideia	de	privação,	de	exclusão	ou	falta,	e	nos	pensadores	
alemães	Hegel	(1770-1831)	e	Feuerbach	(1804-1872),	que	utilizam	
essa	palavra	com	o	sentido	de	desumanização	e	injustiça.
Entendendo	que	o	ser	humano	se	separa	de	si	mesmo	pela	
alienação,	como	explicar	que	o	trabalho	é	uma	trilha	que	o	leva	a	
ser	e	não	ser,	conforme	propõe	Marx	quando	afirma	que,	no	siste-
ma	capitalista,	o	trabalhador	está	separado	do	objeto	que	ajudou	
a	 fabricar	porque	esse	objeto	 se	 transforma	em	mercadoria,	 vai	
para	o	mercado	e	passa	a	dominar	o	trabalhador,	ou	seja,	o	traba-
lhador	aliena-se	daquilo	que	produziu?
© Sociologia Geral74
Para	Marx,	na	sociedade	capitalista	o	trabalho	provoca	uma	
ruptura,	uma	cisão,	uma	separação	entre	o	produtor	e	o	produto;	
o	trabalhador	produz	o	que	não	consome	e	consome	o	que	não	
produz;	o	trabalho	transforma-se	em	mercadoria,	passa	a	valer	a	
quantidade	de	trabalho	injetado	na	natureza	e	não	mais	a	qualida-
de	de	trabalho.	
O	 exemplo	 que	 retiramos	 do	 texto	 de	 Wanderley	 Codo	
(1992)	 nos	 dá	 uma	dimensão	do	 que	 seja	 alienação	 para	Marx.	
Acompanhe.
Alienação na produção, alienação no consumo –––––––––––
Na fabricação de um refrigerante se utiliza cerca de dez operários. O primeiro 
coloca as garrafas em uma máquina de lavagem que, sozinha, faz circular a 
água e dispõe as garrafas em posição vertical na esteira, que se movimenta. Os 
vasilhames passam por um tubo, onde recebem o xarope básico que compõe o 
refrigerante. A esteira segue e um esguicho põe a água. Dois ou três operários 
acompanham o processo, para que não ocorra incidentes. Observando algum 
problema o operário deverá apertar o botão que interrompe o funcionamento. Em 
seguida, a garrafa passa por outra máquina que coloca a tampa. Há operários 
para recarregar o xarope, a água e as tampas, há, também, operários para retirar 
as garrafas da esteira e colocá-las nas caixas e mais dois ou três para carregar 
as caixas até o caminhão que fará a entrega.
Pronto, está produzido o refrigerante.
Em primeiro lugar, o trabalho é dividido, cada um realiza uma tarefa e nenhum 
produz o produto inteiro. Eis um aspecto da produção alienada: a produção é 
totalmente coletivizada, vários operários contribuem, mas nenhum domina o pro-
cesso de produção. Outro aspecto, os operários não sabem como se faz o produ-
to, apenas alguns engenheiros químicos, muitas vezes, de outros países, sabem 
quais os ingredientes que compõem o refrigerante. Os operários produzem, mas 
não têm a mínima idéia de como se produz o produto que fazem.
Graças à alienação, somos, também, levados a ver o consumo como algo desli-
gado da produção. O ato do consumo aparece como algo mágico, solto no ar. Se-
parar a produção do consumo é parte do próprio processode alienação. Quando 
consumimos, mas não produzimos o próprio produto, estamos fechando o ciclo 
de alienação. O consumidor que não produziu é tão alienado quanto o produtor 
que não consumiu (CODO, 1992, p. 34-46).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Assim,	a	história	da	humanidade	é,	para	Marx,	a	história	da	
luta de classes,	da	luta	constante	entre	interesses	que	se	opõem,	
embora	esse	conflito	nem	sempre	se	manifeste	de	 forma	decla-
rada.	 Para	 ele,	 os	 antagonismos	 e	 as	 oposições	 entre	 as	 classes	
sociais	estão	subjacentes	a	toda	relação	social.
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75© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
7. MAX WEBER: HISTÓRIA, ECONOMIA E DOUTRINA 
RELIGIOSA
Os	pensadores	 franceses	 do	 século	 19	 desenvolveram	 seu	
pensamento	 social	 influenciados	 pelo	 positivismo.	 A	 França	 e,	
também,	a	Inglaterra	respiravam	os	ares	do	desenvolvimento	in-
dustrial,	da	expansão	marítima	e	comercial	e	do	contato	com	ou-
tras	 culturas.	 Essas	 condições,	 associadas	 ao	 sucesso	 alcançado	
pelas	ciências	físicas	e	biológicas,	 impulsionadas	pela	 indústria	e	
pelo	 desenvolvimento	 tecnológico,	 conduziram	 seus	pensadores	
a	um	esforço	interpretativo	da	diversidade	social	e	fizeram	que	a	
Sociologia	organizada	na	França	apresentasse	adaptação	da	meto-
dologia	e	dos	princípios	dessas	ciências	à	realidade	social.	
Embora	próxima	da	França	e	da	Inglaterra,	com	a	Alemanha	
não	ocorreu	o	mesmo,	uma	vez	que	seu	pensamento	social	se	or-
ganiza	sob	outras	influências,	como	a	História	e	a	Antropologia.
Em	comparação	com	outras	nações	europeias,	a	unificação	
alemã	deu-se	tardiamente,	o	que	provocou	um	atraso	de	seu	in-
gresso	na	corrida	 industrial.	Esse	descompasso	elevou	no	país	o	
interesse	pela	História	como	ciência	explicativa	da	integração,	or-
ganizadora	da	memória	e	do	nacionalismo.	Foram	condições	que	
conduziram	o	pensamento	alemão	rumo	à	busca	da	diversidade,	
ao	contrário	do	pensamento	social	francês	e	inglês,	que	se	voltou	
para	a	busca	da	universalidade.
É	 nesse	 contexto	 que	Max	Weber,	 pensador	 alemão	 com	
formação	 histórica	 consistente,	 se	 oporá	 ao	 método	 positivista	
de	Durkheim,	segundo	o	qual	uma	sociedade	é	mais	do	que	uma	
soma	de	indivíduos;	há	normas,	regras,	leis,	instituições	e	valores	
estabelecidos	que	 constituem	o	 social.	 Por	 sua	 vez,	Max	Weber	
toma	os	fenômenos	sociais	tendo	como	base	a	história	e	a	subjeti-
vidade	dos	indivíduos.
Assim,	a	oposição	entre	as	ideias	de	Weber	e	Durkheim	dá-se	
porque,	para	o	Positivismo,	a	história	é	um	processo	universal.	A	his-
© Sociologia Geral76
tória	particular	de	cada	sociedade	desaparece,	os	indivíduos	são	ab-
sorvidos	pelas	forças	sociais	impositivas.	Enfim,	o	Positivismo	anula	
a	importância	dos	processos	históricos	particulares	e	valoriza	a	lei	da	
evolução,	a	generalização	e	a	comparação,	capaz	de	aproximar	socie-
dades	humanas	de	todos	os	tempos	e	lugares.
Para	Weber,	 a	 pesquisa	 histórica	 é	 essencial	 para	 a	 com-
preensão	das	sociedades.	Para	ele,	é	a	pesquisa	baseada	em	fon-
tes	documentais	e	no	esforço	de	interpretá-las	que	permite	a	com-
preensão	das	diferenças	sociais.	Por	essa	razão,	o	conhecimento	
histórico	 torna-se	um	poderoso	 instrumento	para	a	Sociologia	e	
para	as	demais	Ciências	Sociais.	Além	disso,	ele	respeita	aspectos	
particulares	e	específicos	da	 formação	histórica	e	social	de	cada	
sociedade.
Ao	 sistematizar	 a	 sociologia	 alemã,	Weber	 consegue	 com-
binar	a	perspectiva histórica,	que	respeita	as	particularidades	de	
cada	sociedade,	e	a	perspectiva sociológica,	que	ressalta	elemen-
tos	mais	gerais	de	cada	fase	do	processo	histórico.
Enquanto	para	a	Sociologia	positivista	de	Durkheim	é	a	or-
dem social	que	submete	os	indivíduos	como	força	exterior	a	eles,	
para	a	Sociologia	compreensiva	de	Weber,	ao	contrário,	cada	sujei-
to	age	levado	por	um	motivo	que	pode	ser	oferecido	por	interes-
ses racionais ou	pela	emotividade.
Desse	modo,	cabe	à	Sociologia	a	tarefa	de	descobrir	os	pos-
síveis	sentidos	das	ações	humanas	presentes	na	realidade	social.	O	
sentido	é	expressão	da	motivação	individual,	e	o	caráter	social	da	
ação	individual	decorre	da	interdependência	dos	indivíduos,	con-
forme	explica	Weber.
É	o	indivíduo	que,	mediante	sua	motivação	e	os	valores	so-
ciais,	atribui	o	sentido	da	ação	social	que	constitui,	para	o	tipo	de	
Sociologia	desenvolvido	por	Weber,	o	dado	 central,	 aquele	que,	
para	ela,	é	constitutivo.
Mas	o	que	é	uma	ação	social?
Claretiano - Centro Universitário
77© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
Weber	define	a	ação	social	como	objeto	de	estudo	da	Socio-
logia.	Ela	é	toda	ação	que	o	indivíduo	faz	ao	se	orientar	pela	ação	
de	outros	 indivíduos.	Existe	uma	ação	social quando	o	 indivíduo	
estabelece	algum	tipo	de	comunicação	com	os	demais	indivíduos	
a	partir	de	suas	próprias	ações.
Assim,	o	ponto	de	partida	da	teoria	sociológica	weberiana	é	
a	investigação	da	ação	social,	conduta	humana	dotada	de	sentido,	
conduta	dotada	de	uma	justificativa	elaborada	subjetivamente.
Weber	distingue	quatro	tipos	de	ação	social:
•	 A	ação	racional	com	relação	a	um	objetivo.
•	 A	ação	racional	com	relação	a	valores.
•	 A	ação	afetiva	ou	emocional.
•	 A	ação	tradicional.
A	ação racional com relação a um objetivo	é	definida	pelo	
fato	que	o	indivíduo	concebe	seu	objetivo	com	base	em	seus	co-
nhecimentos	e	combina	os	meios	possíveis	para	atingi-lo.	Ela	é	de-
terminada	por	expectativas	no	comportamento	tanto	de	objetos	
do	mundo	exterior	 como	de	outros	 seres	humanos.	Além	disso,	
utiliza	essas	expectativas	como	condições	ou	meios	para	alcançar	
os	fins	próprios,	racionalmente	avaliados	e	buscados.	Portanto,	a	
ação	racional	com	relação	a	um	objetivo	corresponde,	por	exem-
plo,	à	ação	do	engenheiro	ao	construir	um	edifício,	ou	à	ação	do	
professor	em	uma	sala	de	aula.
Já	a	ação racional com relação a um valor	corresponde	ao	in-
divíduo	que	age	racionalmente	para	permanecer	fiel	à	sua	ideia	de	
honra.	Ela	é	determinada	pela	crença	consciente	no	valor	–	ético,	
estético,	religioso	ou	de	qualquer	outra	forma	–	próprio	e	absoluto	
de	uma	determinada	conduta	e	independente	de	êxito.	Respeito,	
virgindade,	honestidade,	solidariedade	e	honra	são	exemplos	de	
valores	sociais	;	assim,	a	ação	do	capitão	que	afunda	com	seu	navio	
é	uma	ação	racional,	porque	seria	desonroso	abandonar	o	navio	
que	afunda.
© Sociologia Geral78
A	ação emocional	ou	afetiva é	aquela	que	é	ditada	pelo	esta-
do	de	consciência	ou	humor	do	indivíduo.	Nesse	caso,	a	ação	é	de-
finida	pela	reação	emocional,	e	não	em	relação	a	um	objetivo	ou	a	
um	sistema	de	valores.	É	uma	ação	social	especialmente	emotiva,	
determinada	por	afetos	e	independente	de	êxito.	É,	por	exemplo,	
o	soco	dado	pelo	jogador	de	futebol	que	perdeu	o	controle	duran-
te	a	partida.
A	ação tradicional	é	aquela	estabelecida	pelas	crenças,	pelos	
hábitos	e	pelos	costumes.	Para	agir	de	acordo	com	a	tradição,	o	
sujeito	não	precisa	estabelecer	um	objetivo	ou	conceber	um	valor,	
nem	precisa	ser	 impelido	por	uma	emoção;	ele	apenas	obedece	
aos	reflexos	que	interiorizou.	Trata-se	de	uma	ação	social determi-
nada	por	um	costume	arraigado.
Antes	de	apresentar	a	própria	definição	de	Weber	para	os	
tipos	de	ação	social,	é	necessário	destacar	duas	questões.	A	pri-
meira	é	que	da	ação	social	pode	decorrer	uma	relação social.	Por	
relação social,	 deve-se	 entender	 uma	 conduta	 de	 vários	 indiví-
duos,	referida	reciprocamente	conforme	seu	conteúdo	significati-
vo	orientando-se	por	essa	reciprocidade.	A	relação	social	consiste	
na	probabilidade	de	que	se	agirá	socialmente	com	sentido.
A	segunda	questão	é	que,	raras	vezes,	a	ação	social	está	ex-
clusivamente	orientada	por	uma	ou	outra	de	 suas	modalidades.	
São	tipos	conceituais	puros,	construídos	para	fins	de	pesquisa	so-
ciológica,	em	relação	aos	quais	a	ação	real	se	aproxima	mais	ou	
menos	ou	dos	quais	resulta	de	uma	mescla,	o	que	é	mais	frequen-
te	(WEBER,	1991).
As	 próprias	 palavras	 de	 Weber	 (1991)	 sãoinsubstituíveis	
para	a	definição	das	formas	de	ação	social.	
1)	 Age	 racionalmente	 com	 relação	 a	 um	 objetivo	 aquele	
que	orienta	sua	ação	conforme	o	fim,	os	meios	e	as	con-
sequências	implicadas	e,	nisso,	avalia	racionalmente	os	
meios	relativamente	aos	fins,	os	fins	com	relação	às	con-
sequências	 implicadas	e	os	diferentes	fins	entre	si;	em	
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79© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
todo	caso,	pois	é	aquele	que	não	age	nem	afetivamente,	
nem	com	relação	à	tradição.
2)	 A	conduta	estritamente	afetiva	está,	igualmente,	não	só	
na	fronteira	como,	muitas	vezes,	mais	além	daquilo	que	
é	orientado	com	sentido;	pode	ser	uma	reação	sem	limi-
tes	a	um	estímulo	extraordinário,	fora	do	cotidiano,	cujo	
sentido	da	ação	não	reside	no	resultado.
3)	 A	 ação	 orientada	 racionalmente	 com	 relação	 a	 valo-
res	distingue-se	da	afetiva	pela	elaboração	consciente;	
orienta-se	de	modo	consequentemente	planejado.	Aqui	
o	sentido	da	ação	também	não	reside	no	resultado,	no	
que	já	se	encontra	fora	dela,	mas	na	própria	ação	em	sua	
peculiaridade.
4)	 A	ação	estritamente	tradicional	–	da	mesma	forma	que	a	
imitação	puramente	reativa	–	está	plenamente	na	 fron-
teira	do	que	se	pode	propriamente	chamar	de	uma	ação	
com	sentido.	Isso	porque,	muitas	vezes,	não	passa	de	uma	
reação	opaca	a	estímulos	habituais.	A	vinculação	ao	hábi-
to	pode	se	manter	consciente	em	diferentes	graus	e	sen-
tidos;	nesse	caso,	esse	tipo	se	aproxima	da	ação	afetiva.	
Embora	 existam	 inúmeros	 conceitos	 sociológicos	 funda-
mentais,	em	Weber,	destacaremos	apenas	alguns,	tais	como:	tipo	
ideal,	burocracia,	dominação,	poder,	carisma,	autoridade,	discipli-
na,	classe,	estamento,	casta,	partido,	capitalismo,	política,	econo-
mia,	seita	e	religião.	E,	para	nos	aprofundarmos	a	esses	conceitos,	
tomaremos	como	última	referência	um	de	seus	estudos	mais	co-
nhecidos	e	importantes:	A ética protestante e o espírito do capi-
talismo, escrita	em	1905.	Nessa	obra,	ele	procura	 relacionar,	de	
modo	compreensivo,	um	pensamento	religioso	com	uma	atitude	a	
respeito	da	ação	social.
Weber	lançou-se	em	busca	das	origens	da	visão	racional	de	
mundo	e	do	espírito	do	capitalismo	e	partiu	de	um	estudo	com-
parado	da	história,	da	economia	e	da	história	das	doutrinas	reli-
giosas.	O	sentido	teórico	de	seu	estudo	está	em	expor	as	relações	
entre	religião	e	sociedade	para	desvendar	sob	quais	circunstâncias	
se	erigiu	a	ética	capitalista.
© Sociologia Geral80
A	escolha	desse	objeto	de	estudo	justifica-se	à	medida	que	
a	 humanidade,	 no	 processo	 de	 construção	 da	 sociedade,	 parte	
de	períodos	ancestrais	dominados	pela	magia	e	pelo	natural	para	
avançar	até	o	domínio	da	razão.	Esse	processo,	que	culmina	com	a	
consolidação	do	capitalismo,	é	considerado	por	Weber	um	proces-
so	de	desencantamento do mundo.
Para	 ressaltar	as	diferenças	e	as	especificidades	da	ética	e	
da	moral	criadas	pelas	religiões,	ele	estudou	as	religiões	mundiais	
–	cinco	religiões	ou	sistemas	determinados	religiosamente,	de	re-
gulamentação	de	vida,	que	conseguiram	reunir	à	sua	volta	multi-
dões	de	crentes.	A	ética	 religiosa	confuciana,	hinduísta,	budista,	
cristã	e	islâmica	pertencem	à	categoria	de	religiões	mundiais	–	as-
sim	afirmou	Weber	quando	escreveu	sobre	a	ética	econômica	das	
religiões	mundiais	 e	 explicou	 que	 "a	 expressão	 ética	 econômica	
refere-se	aos	impulsos	práticos	de	ação	que	se	encontram	nos	con-
textos	psicológicos	e	pragmáticos	das	religiões"	(WEBER,	1974,	p.	
309).
A	tese	defendida	na	obra	A ética protestante e o espírito do 
capitalismo	é	a	de	que	há	uma	adequação	do	espírito	de	um	cer-
to	protestantismo,	ou	seja,	o	espírito	de	um	certo	protestantismo	
ajusta-se	à	adoção	de	uma	determinada	atitude	em	relação	à	ativi-
dade	econômica,	que	é	adequada	ao	espírito	do	capitalismo.
Essa	tese	é	a	resposta	a	uma	pergunta	fundamental	no	pen-
samento	do	autor	e	que	está	no	seu	livro	sobre	a	ética	protestante:	
a	que	encadeamento	de	circunstâncias	devemos	atribuir	o	surgi-
mento,	na	civilização	ocidental,	e	unicamente	nesta	civilização,	de	
fenômenos	culturais	que	se	 revestiram	de	significado	e	de	valor	
universais?
Para	 compor	 as	 ideias	 expressas	 em	A ética protestante e 
o espírito do capitalismo,	Weber	 formula	uma	questão	estatísti-
ca:	na	Europa,	os	principais	homens	de	negócio	e	donos	de	capi-
tal	e	os	operários	mais	disciplinados	eram	protestantes.	A	partir	
dessa	constatação,	ele	formula	a	hipótese	de	que	o	fator	funda-
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81© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
mental	para	a	acumulação	capitalista	nos	primórdios	foi	o	modelo	
de	comportamento:	a	ética	voltada	para	a	aquisição	de	dinheiro,	
combinada	com	a	privação	do	prazer	derivado	da	riqueza	do	pro-
testantismo	ascético.
Embora	os	estudos	de	Weber	fossem	centrados	no	protes-
tantismo	 ascético	 calvinista,	metodista,	 pietista	 e	 batista,	 foi	 no	
protestantismo	calvinista	que	ele	encontrou	uma	ética,	normas	de	
comportamento	e	visão	de	mundo	mais	compatíveis	com	a	con-
duta	racional,	necessária	para	a	sociedade	capitalista.	A	preguiça	
e	a	perda	de	tempo	são	pecados	graves.	O	tempo	é	valioso	e	deve	
ser	utilizado	para	a	realização	de	trabalhos	para	a	glória	de	Deus.	A	
acumulação	de	riquezas	adquire	um	valor	moral,	sendo	condená-
vel	apenas	quando	leva	à	luxúria.	
Weber	descobre,	também,	que	os	valores	do	protestantismo	
–	como	a	disciplina	ascética,	a	poupança,	a	austeridade,	a	vocação,	
o	dever	e	a	propensão	ao	trabalho	–	atuam	de	maneira	decisiva	
sobre	 os	 indivíduos.	No	 seio	 das	 famílias	 protestantes,	 os	 filhos	
eram	criados	para	o	ensino	especializado	e	para	o	trabalho	fabril,	
optando	 sempre	 por	 atividades	mais	 adequadas	 à	 obtenção	 do	
lucro,	preferindo	o	cálculo	e	os	 técnicos	ao	estudo	humanístico.	
Weber	ainda	aponta	a	 formação	de	uma	nova	mentalidade,	um	
ethos –	conjunto	dos	costumes	e	hábitos	fundamentais	–	propício	
ao	capitalismo,	em	flagrante	oposição	ao	alheamento	e	à	atitude	
contemplativa	 do	 catolicismo	 voltado	 para	 a	 oração,	 sacrifício	 e	
renúncia	da	vida	(COSTA,	2005).
Treinados	para	a	disciplina	rígida	do	trabalho	fabril,	os	seres	
humanos	modernos	têm	uma	nova	visão	do	mundo	calcada	nos	
princípios	éticos	da	doutrina	calvinista.	No	entanto,	esses	princí-
pios	deixaram	de	estar	ligados	ao	calvinismo	porque	foram	incor-
porados	pelas	sociedades	em	geral.	Além	disso,	eles	também	se	
tornaram	independentes	de	credo	religioso	e	passaram	a	determi-
nar	a	conduta	de	todos	nas	sociedades	modernas.
© Sociologia Geral82
8. DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO SOCIOLÓ-
GICO NO BRASIL
Desde	 que	 iniciamos	 nossos	 estudos	 de	 Sociologia,	 tenta-
mos	conduzir	algumas	reflexões	em	torno	do	desenvolvimento	do	
pensamento	social	ocidental.
Tratamos	 a	 organização	 do	 pensamento	 sociológico	 como	
fruto	de	um	processo	que	se	fundamenta	nas	condições	históricas,	
políticas,	econômicas	e	sociais	do	capitalismo,	que	tem	início	na	
Europa	do	século	14	e	se	 implanta	no	século	19,	quando	o	pen-
samento	social	passa	a	ser	elaborado	cientificamente.	Nesse	mo-
mento,	a	sociedade	torna-se	objeto	de	pesquisa.
Abordamos	a	Sociologia	 como	uma	ciência	que	 tem	como	
questão	básica	buscar	a	resposta	para	a	seguinte	pergunta:	o	que	
torna	possível	a	organização	social	das	relações	entre	os	seres	hu-
manos?
Constatamos	que,	por	ser	fruto	do	pensamento	de	vários	au-
tores,	ela	tem	três	respostas	clássicas	para	essa	questão:	a	de	Émi-
le	Durkheim,	a	de	Max	Weber	e	a	de	Karl	Marx,	os	quais	são	consi-
derados	autores	clássicos	da	Sociologia,	porque,	em	suas	obras,	se	
encontram	os	elementos	básicos	para	a	explicação	científica	dos	
fenômenos	sociais.
Daqui	para	 frente,	 faremos	uma	breve	abordagem	sobre	o	
pensamento	sociológico	brasileiro	 ,que	também	acompanhou	as	
condições	 de	 desenvolvimento	 do	 capitalismo	 e	 da	 inserção	 do	
país	na	ordem	capitalista	mundial.
No	Brasil	e	na	América	Latina,	o	desenvolvimento	das	ideias	
sociais	 reflete	as	relaçõescoloniais	com	a	Europa	e	o	avanço	do	
capitalismo	dependente.
A	 produção	 sociológica	 brasileira	 acompanhou	 a	 transição	
de	uma	sociedade	de	base	agrária	para	uma	sociedade	na	qual	a	
burguesia	industrial	adquire	primazia.
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83© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
Do	século	19	em	diante,	a	burguesia	brasileira	vai	adquirindo	
primazia	no	sentido	de	conduzir	as	direções	econômicas,	políticas	
e	culturais,	segundo	as	quais	se	organizam	as	interações	sociais	na	
cidade	e	no	campo,	na	agricultura	e	no	comércio,	no	governo	e	na	
educação.
No	final	do	século	19,	a	modernização	do	país	passa	a	ser	im-
portante	para	a	burguesia	emergente.	Ela	necessitava	de	um	saber	
mais	pragmático,	que	não	estivesse	vinculado	à	herança	colonial.	
Por	 essa	 razão,	 organiza	 um	movimento	para	modificar	 a	 socie-
dade	e	a	cultura	e	orienta	o	pensamento	social.	Nesse	momento,	
surgem	estudos	históricos,	críticas	literárias	e	análises	com	caráter	
sociológico	como	Os Sertões,	de	Euclides	da	Cunha.
Mas	a	sociologia	como	conhecimento	sistemático	e	metódi-
co	da	sociedade	surge	no	Brasil	na	década	de	1930,	com	a	funda-
ção	da	Universidade	de	São	Paulo-USP.	A	partir	desse	período,	a	
sociologia	brasileira	instituiu-se	como	uma	forma	criadora	e	nova	
de	refletir	sobre	as	questões	sociais.	No	decorrer	dos	anos,	a	So-
ciologia	transforma-se	em	uma	disciplina	capaz	de	elaborar	novas	
explicações	sobre	a	realidade	brasileira,	capaz	de	refletir	sobre	os	
problemas	e	produzir	explicações.
Despontam	os	intelectuais	da	“geração	de	1930”:	Caio	Prado	
Júnior,	Gilberto	Freyre,	Sérgio	Buarque	de	Hollanda	e	Fernando	de	
Azevedo.
Acompanhando	o	 incremento	da	 industrialização,	o	desen-
volvimento	da	Sociologia	brasileira	ganha	grande	 impulso	com	a	
fundação	da	Escola	Livre	de	Sociologia	e	Política,	em	São	Paulo,	no	
ano	de	1933.
Tanto	a	Escola	Livre	de	Sociologia	como	a	USP	convidaram	
professores	do	exterior	para	 formar	profissionais	de	ciências	so-
ciais.	Vieram	Donald	Pierson,	Radcliffe-Brown,	Lévi-Strauss,	Geor-
ges	 Gurvitch,	 Roger	 Bastide,	 Paul	 Arbousse-Bastide	 e	 Fernand	
Braudel.	Dadas	essas	condições,	formou-se	um	grupo	de	sociólo-
gos	que	desenvolveu	pesquisa	a	partir	da	década	de	1950:	Flores-
tan	Fernandes,	Maria	Isaura	Pereira	de	Queiroz,	Antonio	Candido	
de	Mello	e	Souza	e	Gilda	de	Mello	e	Souza.
© Sociologia Geral84
Assim,	a	década	de	1950	foi	marcada	pelo	pensamento	so-
ciológico	 de	 Florestan	 Fernandes	 e	 Celso	 Furtado,	 responsáveis	
por	duas	correntes	de	pensamento	social	de	repercussões	muito	
consistentes	 nas	 pesquisas	 sociais	 brasileiras.	 Temos,	 também,	
nessa	mesma	década,	a	participação	de	Darcy	Ribeiro,	que,	como	
os	demais	intelectuais	de	sua	época,	procurou	unir	a	teoria	à	práti-
ca,	adaptando	modelos	científicos	à	realidade	brasileira.
Entre	as	décadas	de	1940	e	1960,	a	Sociologia	brasileira	pro-
duziu	pesquisas	denunciando	as	desigualdades	 sociais	e	as	 rela-
ções	de	domínio	e	opressão,	tanto	internas	quanto	externas.
Em	dezembro	de	1968,	com	a	decretação	do	Ato	Institucio-
nal	n.	5	(A	I–5),	os	principais	nomes	da	Sociologia	no	Brasil	foram	
sumariamente	aposentados	ou	exilados	e	 impedidos	de	publicar	
seus	trabalhos	no	país.	Dentre	eles,	estavam	Florestan	Fernandes	
e	Celso	Furtado.
A	partir	de	1980,	com	o	início	da	abertura	política,	as	Ciências	
Sociais,	de	modo	amplo,	adquiriram	grande	prestígio	e	a	Sociolo-
gia,	de	modo	específico,	tomou	novos	rumos,	tornando-se	cada	vez	
mais	interdisciplinar	e	plural,	multiplicando	seus	objetos	de	estudo	
em	função	da	própria	realidade	cada	vez	mais	diversificada.
Em	um	mundo	que	se	globaliza,	a	Sociologia	brasileira	cons-
titui	como	uma	de	suas	preocupações	a	 redefinição	do	conceito	
de	dependência,	divisão	internacional	do	trabalho	e	globalização.	
Com	essa	temática,	dois	respeitados	nomes	fazem-se	presentes:	o	
professor	Milton	Santos	e	o	professor	Octavio	Ianni.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos	novamente	fazer	uma	pausa	para	você	fixar	os	con-
ceitos	abordados	nesta	unidade.	Essa	fase	é	importante	para	que	
você	possa	retomar	algumas	informações	que	não	tenham	ficado	
tão	claras.	Agora	é	só	testar	seus	conhecimentos!
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85© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos, Perspectivas
1)	 Por	que	Durkheim	é	importante	para	a	Sociologia?
2)	 Por	que	Marx	é	importante	para	a	Sociologia?	
3)	 Por	que	Weber	é	importante	para	a	Sociologia?
4)	 Como	se	deu	a	evolução	do	pensamento	sociológico	no	
Brasil?
10. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO
Nesta	unidade,	tratamos	de	algumas	questões	alusivas	aos	
três	modos	de	explicar	a	organização	social	que	Émile	Durkheim,	
Karl	Marx	e	Max	Weber,	pensadores	considerados	clássicos	da	So-
ciologia,	apresentam.
Durkheim	definiu	que	o	objeto	de	estudo	da	Sociologia	é	o	
fato social	que	pode	ser	reconhecível	pelo	poder	de	coerção	que	
exerce	sobre	os	 indivíduos.	Segundo	as	palavras	do	autor,	o	fato	
social	também	pode	ser	definido	pela	sua	difusão	no	interior	do	
grupo,	desde	que	se	tenha	o	cuidado	de	acrescentar	como	caracte-
rística	que	ele	existe	independentemente	das	formas	individuais,	
pois	o	comportamento	que	existe	exteriormente	às	consciências	
individuais	só	se	generaliza	impondo-se	a	estas.
A	Sociologia	de	Marx	é	a	Sociologia	da	luta de classes.	Como	
estudioso	do	capitalismo	de	seu	tempo	propôs:	a	sociedade	atual	
é	antagônica;	as	classes sociais são	os	principais	atores	do	capita-
lismo	em	particular	e	da	história	em	geral.
Uma	classe	social	é	um	grupo	que	ocupa	um	lugar	determi-
nado	no	processo	de	produção.	No	capitalismo,	só	existem	duas	
fontes	de	renda;	só	existem	duas	classes:	a	burguesia	capitalista,	
isto	é,	todos	aqueles	que	se	apropriam	de	uma	parte	da	mais-valia,	
e	o	proletariado,	constituído	por	aqueles	que	possuem	apenas	sua	
força	de	trabalho.
De	acordo	com	essa	concepção,	a	organização	da	sociedade	
é	um	sistema	de	equilíbrio	precário,	porque	depende	dos	interes-
ses	de	classes,	que	são	conflitantes.	Na	concepção	marxista,	a	or-
© Sociologia Geral86
ganização	social	é	encarada	como	um	processo,	pois	os	conflitos	
entre	 as	 classes	manifestos	 ou	 latentes	 são	 fatores	 de	 contínua	
transformação	das	 relações	 sociais	 entre	os	 seres	 humanos.	 Em	
decorrência	dessa	concepção,	na	corrente	de	pensamento	marxis-
ta,	as	relações	de	classes	sociais	constituem	o	objeto	de	estudo	da	
Sociologia.
Max	Weber,	por	sua	vez,	também	deu	uma	significativa	con-
tribuição	no	desenvolvimento	da	Sociologia.	Seus	estudos	abriram	
os	 espaços	 para	 as	 particularidades	 históricas	 das	 sociedades	 e	
para	a	descoberta	de	novos	significados	para	a	subjetividade	na	
ação	social.
Ao	contrário	de	Durkheim,	para	quem	o	ponto	de	partida	da	
Sociologia	estava	nas	entidades	coletivas,	 instituições	ou	grupos,	
seu	objeto	de	pesquisa	é	a	ação social,	conduta	humana	dotada	
de	sentido.
Na	teoria	de	Weber,	o	indivíduo	é	que	tem	significado	e	es-
pecificidades,	é	ele	que	atribui	sentido	à	sua	ação	social.
Para	a	Sociologia	positivista,	é	a	ordem	social	que	submete	
os	indivíduos	pela	força	exterior.	Para	a	teoria	weberiana,	não	exis-
te	oposição	entre	 indivíduo	e	 sociedade;	em	outras	palavras,	 as	
normas	e	regras	sociais	tornam-se	concretas	quando	se	manifes-
tam	em	cada	indivíduo,	que	age	levado	por	um	motivo	que	pode	
ser	dado	por	interesses	racionais,	pela	emoção	ou	pela	tradição.
O	motivo	presente	na	ação	social	é	que	permite	o	reconheci-
mento	de	seu	sentido,	que	é	social	quando	o	indivíduo	age	consi-
derando	a	reação	ou	resposta	de	outros	indivíduos.	O	fato	de	agir	
levando	em	consideração	o	outro	atribui	o	caráter	 social	à	ação	
humana,	por	mais	individual	que	seja	seu	sentido.	Portanto,	para	
Weber,	os	acontecimentos	que	 integram	o	social	se	originam	no	
indivíduo.
Embora	 a	 apresentação	dos	 autores	 clássicos	 seja	 restrita,	
ela	nos	dá	a	dimensão	de	que	os	pensadores	que	a	Sociologia	no-
Claretiano - Centro Universitário
87© U3 - Sociologia: Concepções, Conceitos,Perspectivas
meia	como	seus	clássicos	procuraram	compreender	a	 sociedade	
de	seu	tempo	e,	para	isso,	elaboraram	conceitos	como:	fato	social,	
ação	social,	classe	social,	dentre	outros.
Embora	chegassem	a	explicações	diferenciadas,	dependen-
do	do	que	estabeleceram	como	central	–	o	indivíduo,	a	sociedade	
ou	a	relação	entre	ambos	–,	eles	estavam	interessados	nas	relações	
entre	indivíduo	e	sociedade	no	mundo	moderno.	As	divergências	
entre	as	explicações	que	esses	autores	ofereceram	indicam	a	com-
plexidade	e	a	diversidade	das	questões	colocadas	pelas	condições	
da	vida	em	sociedade	no	mundo	moderno.
Quanto	 ao	 Brasil,	 a	 Sociologia	 organiza-se	 como	 conheci-
mento	sistemático	e	metódico	da	sociedade	na	década	de	1930,	
quando	se	 instituiu	como	uma	forma	criadora	e	nova	de	refletir	
sobre	as	questões	sociais.	Com	o	passar	do	tempo,	ela	se	transfor-
ma	em	uma	disciplina	capaz	de	elaborar	novas	explicações	sobre	
a	realidade	brasileira,	capaz	de	refletir	sobre	os	problemas	e	pro-
duzir	explicações.
O	debate	entre	as	teorias	é	característico	da	Sociologia.	Ele	
amplia	e	diversifica	a	nossa	compreensão	da	sociedade.	A	partir	
dos	conceitos	 sociológicos,	 tanto	daqueles	que	vimos	nesta	uni-
dade,	quanto	de	outros	que	estão	elaborados	nas	inúmeras	obras	
dos	autores	citados,	podemos	observar	diferentes	dimensões	dos	
fenômenos	sociais	da	vida	cotidiana	e,	assim,	abordá-los	de	uma	
nova	maneira.
Desse	modo,	de	posse	dos	conceitos	apresentados	na	uni-
dade,	passamos	a	ter	condições	de	nos	distanciarmos	um	pouco	
mais	do	senso	comum	e	caminharmos	um	passo	à	frente	rumo	ao	
campo	da	ciência.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nestas	 indicações	de	 leituras,	não	se	está	privilegiado	este	
ou	aquele	texto;	são	obras	relativas	ao	pensamento	clássico,	que	
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devem	ser	pesquisadas	e	cujo	estudo	se	desenvolverá	com	base	
no	olhar	e	na	seleção	de	cada	um,	na	medida	de	sua	curiosidade	
ou	de	sua	necessidade.
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