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EA D 5 Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais 1. OBJETIVOS • Identificar tendências da sociedade contemporânea. • Compreender o teor das questões sociais que se apresen- tam para análises e explicações sociológicas. • Cultivar a atitude de pesquisador. 2. CONTEÚDOS • A desigualdade social. • A questão da pobreza. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © Sociologia Geral110 1) Uma das questões sociais que será objeto de suas refle- xões no decorrer da leitura compreensiva é a pobreza. Para que você tenha acesso à linguagem literária sobre a pobreza, temos, no Brasil, a obra clássica de Graciliano Ramos Vidas Secas, que é fundamental e, por essa ra- zão, precisa ser reconhecida. Há, também, o filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, inspirado na obra. Temos, ainda, o filme Morte e vida Severina, de Zelito Viana, que merece ser assistido. 2) O cinema brasileiro recente produziu uma série de fil- mes e documentários que tratam da pobreza. Filmes tão diversos como Notícias de uma guerra particular (1999), Palace II (2000), Cidade de Deus (2002), O invasor (2003), Ônibus 174 (2003), Cidade dos homens (2003), entre ou- tros, e recentemente Falcão, meninos do tráfico (2006), documentário concebido e dirigido por MV Bill e Celso Athayde, moradores de Cidade de Deus. Todos eles são alguns exemplos de obras de ficção ou documentário que acentuaram a presença visual de cidadãos pobres, negros, moradores de favelas e de bairros de periferia no cinema e na televisão brasileiros. Nessa periferia pouco acostumada à exposição, a visibilidade estimulou uma reação crítica contundente. Marcinho VP, persona- gem incógnita do filme de João Salles, Notícias de uma guerra particular, disse aos jornalistas que cobriam sua prisão: “eu sou o monstro que vocês criaram”. A frase revela sensibilidade crítica para o jogo de espelhos que define personalidades mais ou menos estereotipadas e que Guy Debord, cineasta e filósofo francês, definiu como sociedade do espetáculo. Todas essas indicações são fundamentais para complementar o que será abor- dado nesta unidade. 3) Falcão, meninos do tráfico, documentário dirigido pelo rapper MV Bill e por seu empresário, Celso Athayde, exi- bido no programa Fantástico em 19 de março de 2006, indicado anteriormente, chocou o país. Gravado ao lon- go de anos em diversas periferias brasileiras, o docu- mentário foge da expressão limpa, direta e bem acabada Claretiano - Centro Universitário 111© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais que vem caracterizando a produção de filmes sobre o assunto. Vale um empenho para assisti-lo. 4) Sugerimos, também, dois filmes internacionais: Hotel Ruanda, dirigido por Terry George, e Crash – No Limite, dirigido por Paul Haggis. 5) Para aprofundar seus conhecimentos sobre a pobreza e suas relações com a educação sugerimos a leitura da entrevista concedida por István Mézáros à Folha de São Paulo. As suas colocações ampliam nosso campo de re- flexão em torno do tema que será estudado. A entrevis- ta encontra-se disponível no seguinte endereço eletrô- nico: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ ult305u15857.shtml>. Acesso em: 10 jun. 2010). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, foi possível compreendermos como a questão social colocou a sociedade no plano da análise científica. Nesta unidade, considerando que as questões sociais já estavam postas pela sociedade capitalista quando do advento da Sociolo- gia, estaremos diante de velhas e novas questões sociais. Parti- remos de uma questão social que está na origem da organização científica do pensamento social e que continua presente como um desafio para a Sociologia contemporânea: a desigualdade social. Exercitando nossa capacidade de compreensão, lembremo- -nos de que, na Unidade 2, fizemos o registro da preocupação com a pobreza, como desigualdade social, resultante da ignorância e da exploração humanas, constituindo uma das fontes do pensamento sociológico que dá origem ao levantamento social, uma das técnicas de excelência na pesquisa sociológica, também utilizada na Economia. Quando saímos às ruas ou mesmo quando, em casa, ligamos a televisão, notamos entre as pessoas aquelas que se assemelham a uma grande maioria, ou seja, revelam semelhanças entre si e, em contrapartida, deparamo-nos, também, com pessoas que se diferenciam da grande maioria e que constituem uma minoria. As © Sociologia Geral112 diferenças que notamos à primeira vista se vinculam ao vestuário, à condução que utilizam. Existem, porém, outras diferenças que não são tão visíveis, as quais estão ligadas à religião, aos conheci- mentos, ao gênero, à raça, à opção sexual, que provocam a desi- gualdade social. Um olhar mais atento vai nos conduzir a visões de favelas e mansões, de pessoas desnutridas e de pessoas que se alimentam em excesso, de sujeitos analfabetos e aqueles que têm formação escolar completa. Enfim, cada sociedade gera formas de desigual- dades resultantes dos modos de organização social. As desigual- dades assumem características diferenciadas entre si porque se constituem a partir de elementos políticos, econômicos e sociais próprios de cada sociedade. Essas concepções são resultados de estudos sociológicos que tomaram pobreza como objeto de estudo, compreendida como um resultado da ignorância e da exploração humana, ou seja, não mais aceita como um castigo da natureza ou da providência divina. Nas sociedades industriais, a pobreza, como forma de desigualda- de social, já não é considerada um fenômeno natural. A expressão “desigualdade social” é constituída como uma referência a uma condição na qual os membros de uma mesma so- ciedade possuem quantias diferentes de bens, poder ou prestígio. No combate à desigualdade, busca-se a equidade social, ou seja, busca-se o direito de as pessoas participarem da atividade econômica e política, de contarem com os meios de subsistência e o direito de acesso aos serviços públicos que permitam manter um nível adequado de vida. Estamos vivendo na primeira década do século 21, e uma das maiores preocupações da humanidade é a desigualdade que existe em várias partes do mundo. Globalmente, a concentração de rique- za tem aumentado, gerando novos tipos de desigualdade: o conhe- cimento produzido é incorporado apenas por pequenos grupos que passam a ter maior controle dos processos de produção de riqueza. Claretiano - Centro Universitário 113© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais Os Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) demonstram que um dos aspectos mais cruéis da desigualdade é a concentração de pobres nas zonas urbanas, vivendo em favelas. Se considerarmos aqueles que vivem em situação de pobreza extrema, o quadro apresenta-se mais grave, com um número de pobres maior do que as favelas revelam. A situação de desigualdade mundial constitui-se ao longo dos últimos 500 anos com o processo de uma economia mundial. 5. DESIGUALDADE SOCIAL O processo histórico tem revelado como uma tendência mar- cante a diferenciação e a crescente complexidade da sociedade. Da pequena diferenciação social existente nas sociedades tribais, as sociedades foram passando por processos que as levaram a for- mar os mais diferentes grupos que começaram a se distinguir por nacionalidade, por religião, por profissão, por etnia e, de modo mais acentuado, por classe social. O mundo contemporâneo assiste ao resultado desse proces- so histórico de formação de uma civilização complexa e diferencia- da, na qual diversos grupos procuram monopolizar seus privilégios e possibilidades de acesso à produção de bens e aos mecanismos de distribuiçãodesses bens na sociedade. Diante dessas colocações, surge uma pergunta: terá havido, em algum momento da história da humanidade, uma sociedade igualitária? Evidências históricas indicam que as culturas humanas, em todos os tempos e lugares, se organizaram a partir da ideia da dis- tinção, da diferenciação entre grupos sociais. Mesmo naquelas so- ciedades simples, consideradas homogêneas, existiam diferenças de sexo e idade, o que levava à atribuição de diferentes funções, parcelas de poder, determinados direitos e deveres. © Sociologia Geral114 Temos como exemplo o patriarcado, que existiu desde as mais remotas civilizações e que garantia aos homens o poder so- bre a família e seus bens. Bem, se considerarmos que, desde a Antiguidade histórica, as sociedades apresentaram diferentes formas de organização so- cial, nas quais a distribuição de bens era desigual, podemos nos perguntar: por que a pobreza é tão chocante e tão pouco aceitável contemporaneamente? A partir do momento em que foi engendrada a ideia de hu- manidade como conceito capaz de conter todos os seres humanos do planeta, as desigualdades sociais tornaram-se cada vez mais evidentes. Ao defender-se o princípio de que todos têm os mes- mos direitos e são iguais perante a lei, fica cada vez mais difícil justificar as desigualdades sociais. Se todos possuem os mesmos direitos, como podem existir grupos que não têm acesso ao mínimo de bens produzidos pela sociedade? A pertinência e a permanência dessa pergunta indicam a contradição em relação aos valores que defendemos em nossa forma de organização social, e é por essa razão que na sociedade moderna e contemporânea a desigualdade social assume o cará- ter de privilégio de alguns e de injustiça para com outros. É essa nova consciência que torna a riqueza tão incômoda. 6. A QUESTÃO DA POBREZA A pobreza pode ser encarada como uma condição em que a pessoa não pode manter-se sozinha de acordo com o padrão de vida do grupo e, por isso, é incapaz de atingir a eficiência mental e física que lhe permita atuar de maneira útil nesse grupo. Ricos e pobres são sempre encontrados em qualquer lugar no qual um ser humano possa adquirir ou controlar maior quanti- dade de bens do que o outro. Claretiano - Centro Universitário 115© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais Historicamente, a existência simultânea da riqueza e da po- breza somente se constituiu como uma questão social após o apa- recimento de um sistema de trocas e de uma escala de valores. Foi com a expansão do comércio em escala internacional, com a grande acumulação de riqueza e sua distribuição desigual e com o estabelecimento de padrões de vida definidos nos usos e costumes que a pobreza começou a surgir como um problema social. Pela comparação das diferenças de status econômico, os membros de uma sociedade tornaram-se conscientes dessas di- ferenças e passaram a considerar a si próprios e aos outros como ricos e pobres em diferentes graus. Mas em que momento a pobreza passa a ser reconhecida e identificada como um problema social? A partir do momento em que se estabelecem diferenças evi- dentes de status econômico entre os membros de uma sociedade e se fazem comparações e avaliações dessas diferenças, a pobreza passa a ser identificada como um problema; caso contrário, mes- mo a vida sendo muito precária, não há problemas de desigualda- de social na falta de diferenças. Os povos primitivos viveram em um estado de mais ou me- nos privação. A falta de alimentos suficientes e outras necessida- des foram muito comuns. O desconforto e o sofrimento devido a um suprimento inadequado de elementos básicos, mais do que o conforto e bem-estar, foram quase universais até muito recente- mente. Vivenciando as mesmas condições, as pessoas geralmente consideravam seu desconforto um estado natural, muito mais do que um problema que exigisse solução e, portanto, aceitavam-no sem se sentirem injustiçadas. Exceto em casos de extrema priva- ção, a pobreza não era sentida, a não ser pela indignação do indiví- duo diante de sua sorte em comparação com a dos outros. Segundo a visão de Cristina Costa (2005), no mundo moder- no, especialmente nas sociedades ocidentais, a pobreza tomou a © Sociologia Geral116 dianteira entre os problemas sociais, não devido a um aumento da miséria (as condições de vida têm melhorado constantemente), mas por causa do ressentimento. Os fatores que contribuem para o ressentimento profundo contra a pobreza são: a consciência do fracasso, o não conseguir mais do que se tem e o sentimento de injustiça diante da ordem geral das coisas. No texto a seguir, podemos constatar quais são as três for- mas diferentes de pobreza identificadas por John Friedmann e Leonie Sandercock. Os Desvalidos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Numa sociedade complexa, em que a vida se reveste de inúmeras instâncias di- ferentes e na qual existe a consciência de a espécie humana constituir uma tota- lidade, a questão da pobreza se reveste de inúmeros aspectos. John Friedmann e Leonie Sandercock, especialistas em planificação urbana, em artigo intitulado Os desvalidos, publicado em maio de 1995 pelo Correio da Unesco, identificam três diferentes formas de pobreza, além da clássica carência de bens materiais e de recursos à sobrevivência. 1) A despossessão psicológica diz respeito a um sentimento de autodesvalo- rização das populações pobres em relação às ricas, ou de um país pobre em relação a um país rico. 2) A despossessão social, que se manifesta pela completa impossibilidade de parcelas da população terem acesso aos mecanismos de êxito social, de atingirem o mínimo de prestígio e manterem relações sociais estruturadas e permanentes. 3) A despossessão política é outro lado da pobreza contemporânea e diz res- peito à incapacidade de certos grupos sociais terem qualquer participação efetiva na vida pública ou acesso aos mecanismos de interferência e ação política. À medida que se amplia nossa concepção de vida social, a questão da pobreza torna-se aguda e complexa, envolvendo não só a aquisição de bens materiais, mas também o acesso a diversos privilégios sociais, cada vez mais essenciais (COSTA, 2005, p. 251). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Vivemos em uma sociedade mecanizada e informatizada, na qual a pobreza continua resistente aos esforços que os Estados ar- gumentam estar desenvolvendo. A esperança de vida cresce em quase todas as partes do mundo, mas o atendimento à população desvalida continua precário. As favelas multiplicam-se cada vez mais e compõem a paisagem urbana ao lado da criminalidade, da presença da mendicância. Claretiano - Centro Universitário 117© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais Medidas de análise como analfabetismo, renda per capita, índices de nascimento, mortes, desnutrição, educação escolar e dívida externa são cada vez mais utilizadas para classificar regiões e nações. Diante dessas informações, a pobreza deixa de ser uma condição abstrata e torna-se presentificada. Pessoas, países e gru- pos sociais são considerados pobres, não apenas em relação a si próprios ou às suas dificuldades para atingir seus objetivos e me- lhorar sua condição de vida, mas também em relação aos outros grupos ou aos outros países com os quais são comparados. A pobreza passa a existir, também, em função das exigên- cias externas; são padrões globalizados, índices organizados por processos sociais distantes que criam necessidades que se chocam com valores sociais entre pessoas, grupos e nações. Essa concep- ção, em muitos momentos históricos, justificou o colonialismo, o imperialismo. As charges de Angeli, demonstradas na Figura 1 e na Figura 2, expressam a realidade do mundo hegemônico, no qual a diferença de classes é gritante. Segundo o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (1995), notexto O norte, o sul e a utopia, o capi- talismo global causa essa desigualdade social e ela deve continuar aumentando gradativamente. © Sociologia Geral118 Figura 1 A nova ordem mundial. A existência da pobreza como uma desigualdade social é in- dicadora da existência da marginalidade, da exclusão, dos excluí- dos pela pobreza. A presença constante e próxima desses excluí- dos incomoda e deixa-nos constrangidos por várias razões: 1) demonstra a ineficiência administrativa do Estado; 2) indica o crescimento da quantidade de pessoas excluí- das; 3) traz à tona o temor da organização e ação dessa popu- lação; 4) constitui-se em uma evidência do fracasso de uma socie- dade que se crê orientada pelos direitos humanos uni- versais em prol do bem comum. Claretiano - Centro Universitário 119© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais Figura 2 Moradias. Para a Sociologia, a má distribuição da riqueza e da renda e o funcionamento imperfeito das instituições econômicas são fatores importantes que acarretam depressões econômicas e desemprego generalizado. São considerados como os principais responsáveis pelo desajustamento econômico em nossa sociedade. O Brasil é hoje totalmente integrado pela língua, pelas co- municações de massas, pelos transportes e pelo mercado; parte da pobreza que existe é rural, localizada, sobretudo, nos estados do Nordeste e em zonas agrícolas deprimidas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Esse segmento da pobreza no Brasil é constituí- do de pessoas que sobrevivem em uma economia de subsistência, extremamente precária. Em sua maioria, no entanto, a pobreza é urbana, localizada na periferia das grandes cidades, constituída por pessoas, em grande parte, originárias do campo, e é medida pelo fato de que sua integração ao mercado de consumo não tem correspondência com o mercado de trabalho. © Sociologia Geral120 Para o sociólogo brasileiro Simon Schwartzman (2004), qual- quer análise que se faça da sociedade brasileira atual mostra que, ao lado de uma economia moderna, existem milhões de pessoas excluídas de seus benefícios, assim como dos serviços proporcio- nados pelo governo para seus cidadãos. Socialmente, porém, os níveis de exclusão e desigualdade são muito maiores, estando en- tre os piores do mundo. Schwartzman (2004) explica que uma das maneiras de compreender a pobreza é considerá-la como resultado da ação dos seres humanos, sendo resultado das formas como estes pen- sam, interpretam e direcionam a construção da história, da for- ma como aceitam os padrões mínimos de sobrevivência de cada indivíduo presente na sociedade. A pobreza pode ser vista como um fenômeno social decorrente da desigualdade social, visto ser fruto da concentração da riqueza, ou seja, da não distribuição da renda. Essa situação, em vigor no Brasil e no mundo, na atualida- de, precisa ser analisada como parte de um processo econômico e político. No Brasil, a existência da pobreza não ocorre devido à fal- ta de recursos, e sim da desigual distribuição destes, entendendo que o Brasil é um país rico, porém, com um dos maiores índices de desigualdade do mundo. Como no passado, os níveis de pobre- za e exclusão continuam sendo causados por uma combinação de heranças, condições e escolhas de natureza econômica, política e cultural. É ingênuo supor que a pobreza e a desigualdade social poderiam ser eliminadas pela "vontade de alguém". 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Conforme procedemos nas unidades anteriores, vamos no- vamente fazer uma pausa para você fixar os conceitos abordados nesta unidade. Claretiano - Centro Universitário 121© U5 - Sociologia Contemporânea: Velhas e Novas Questões Sociais 1) Como definir a desigualdade social? 2) Como definir a pobreza? 3) Quais são as três diferentes formas de pobreza identifi- cadas por Friedmann e Leonie Sandercock, especialistas em planificação urbana? 8. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTEÚDO DO TEXTO O mundo contemporâneo assiste ao resultado de um longo processo histórico de formação de sociedades complexas. Duran- te o caminho percorrido pela humanidade, foram-se formando grupos diferenciados. Alguns desses grupos tornaram-se privile- giados e procuram monopolizar seus privilégios, as possibilidades de acesso à produção de bens e aos mecanismos de distribuição desses bens. Na sociedade contemporânea, ao contrário da Antiguidade, que tinha a noção de que a sociedade se diferenciava por grupos inconciliáveis, exemplo das castas na Índia, desenvolveu-se a cons- ciência de humanidade, de igualdade reforçada pela expansão mundial do sistema capitalista industrial. Uma vez adotada a ideia de humanidade, conceito que en- globa todas as pessoas do planeta, as desigualdades ficaram per- ceptíveis. Se todos os seres humanos são iguais perante a lei, como justificar as diferenças sociais? A presença da pobreza vai contra os princípios que acredita- mos que deveriam pautar a existência humana: todos possuírem os mesmos direitos. Nesse sentido, a presença da desigualdade social na socie- dade contemporânea assume o caráter de injustiça para muitos e privilégio para poucos, o que evidencia contradição em relação aos valores que defendemos para nossa organização social. © Sociologia Geral122 9. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 – A nova ordem mundial: disponível em: <http://sociologia2cevr.blogspot. com/2007/11/anlise-das-charges.html>. Acesso em: 13 mai. 2010. Figura 2 – Moradias: disponível em: <http://sociologia2cevr.blogspot.com/2007/11/ anlise-das-charges.html>. Acesso em: 13 mai. 2010. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOTTOMORE, T. B. Problemas Sociais. In: ______. Introdução à Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. p. 306-318. COSTA, C. A questão da pobreza. In: ______. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002. p. 255-270. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2002. KOENIG, S. Problemas Sociais. In: ______. Elementos de Sociologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. p. 353-387. SANTOS, B. de S. Pela mão de Alice: o social, o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 1995. SCHWARTZMAN, S. Pobreza, exclusão social e modernidade: uma introdução ao mundo contemporâneo. São Paulo: Augurium, 2004. SINGER, P. Perspectivas de desenvolvimento da América Latina. Novos Estudos Cebrap, n. 44, p. 163-164, mar. 1996.
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