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Histoplasmose ÁGUIDA OLIVEIRA DMIV - UFRRJ Definição Micose sistêmica causada pelo fungo termodimórfico Histoplasma capsulatum Descrita pela primeira vez por Samuel Darling, no Panamá, em 1906 (parasitas no interior de histiócitos) Fonte:www.bloodjournal.org/c ontent/123/7/957?sso- checked=true Histoplasmose Importância •Micose sistêmica que acomete animais e homem •Tem lugar em destaque dentre as principais doenças fúngicas no continente americano (antes da AIDS era raramente diagnosticada em humanos) •Zoonose Histoplasmose Epidemiologia •Samuel Darling (1906) – material de necropsia de um adulto de Martinica – novo protozoário •Henrique Lima (1912) – parasita isolado de Darling era um fungo •Emmons (1949) – Isolado de solo •Ajello e Zeidberg (1951) – correlação com solos ricos em excretas de aves e morcegos •Almeida e Lacaz no Brasil (1950) – isolado de pacientes Histoplasmose Epidemiologia Reino: Fungi Filo: Ascomycota Classe: Eurotiomycetes Ordem: Onygenales Família: Onygenaceae Espécie: Histoplasma capsulatum Fonte: www.emedicinehealth.com Histoplasmose Epidemiologia 3 variedades historicamente reconhecidas ❖H. capsulatum var. capsulatum ❖H. capsulatum var. duboisii ❖H. capsulatum var. farciminosum Espécies filogenéticas - desconhecidas Rodrigues et al., 2020. Studies in Micology https://labvet.com.br/a_det_info19_vet.asp?id=23 Epdemiologia Histoplasma capsulatum Fungo Termodimórfico: se apresenta no ambiente sob a forma filamentosa e no organismo do hospedeiro adquire forma de levedura Histoplasmose • Dimorfismo fúngico: morfologia diferente de acordo com condições desenvolvimento • Crescimento micelial entre 22° e 28°C e leveduriforme entre 35°C e 37°C. Em geral, essas formas são reversíveis • A fase micelial ou saprofítica é a forma infectante (geralmente) e está presente no ambiente • A fase leveduriforme ou parasitária é encontrada nos tecidos • Outros: Sporothrix schenckii, Paracoccidioides brasiliensis Epidemiologia Histoplasmose Epidemiologia Filamentosa Textura algodonosa ou finamente pulverulenta, e coloração branca a creme, tornando-se acastanhadas com o passar do tempo, e reverso incolor ou amarelo acastanhado. Fonte:www.microbeworld.org/component/jlibrary Histoplasmose Epidemiologia Na forma filamentosa: •Microconídios (2 a 4 μm de diâmetro) •Os macroconídios (8 a 15 μm de diâmetro) têm parede espessa e inicialmente lisa, depois formam projeções verrucosas ou digitiformes - macroconídios tuberculados Fonte:www.telmeds.org/atlas/micologia Histoplasmose Histoplasmose Fonte:pathologyoutlines.com Fonte: Figueiredo et al., 2016 Histoplasmose Fonte: Acervo pessoal Histoplasmose Epidemiologia Incubado a 37°C – leveduriforme Colônias cremosas, por vezes cerebriforme, lisas, brilhantes e úmidas, branco a creme Fonte:botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/jan2000.html Histoplasmose Epidemiologia VARIEDADES RECONHECIDAS HISTORICAMENTE E GEOGRAFICAMENTE •H. capsulatum var. capsulatum – doença clássica da histoplasmose •H. capsulatum var. duboisii - histoplasmose africana – patógeno humano – micose de pele, mucosas que pode se tornar sistêmica •H. capsulatum var. farciminosum – linfangite epizoótica dos equinos Histoplasmose Epidemiologia •Atualmente relatos indicam que a histoplasmose é comum em gatos e cães •Pode ocorrer em cavalos, murinos, cães, gatos, quirópteros e marsupiais •Morcegos são susceptíveis e participam ativamente da disseminação do fungo •Aves não se infectam devido a alta temperatura corpórea (41° C), porém carreiam o fungo em penas, patas, asas e bicos Histoplasmose Fonte: brasilescola.uol.com.br Epidemiologia Distribuição geográfica da histoplasmose nas américas Fonte: Ferreira e Borges, 2009 • Amplamente distribuída no continente americano, principalmente Venezuela, Colômbia, Peru, Brasil, Argentina e Uruguai • Casos descritos na África e Sudeste asiático • Mais frequente em áreas de clima tropical e temperado Histoplasmose Epidemiologia •Fungo presente: •Florestas e cavernas onde habitam morcegos, galinheiros, telhados de casas abandonadas – ambientes com alta concentração de nitrogênio orgânico e alto pH, úmidos e protegidos do sol Fonte:botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/jan2000.html Histoplasmose Epidemiologia •Surtos (microepidemias) já foram observados no Brasil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Minas Gerais •Grupos de pessoas que passaram por cavernas (com ou sem morcegos), galinheiros, pombais Histoplasmose Fonte: www.turismoindependente.com.br Epidemiologia •Não há predileção por sexo •Os cães jovens com idade inferior a quatro anos especialmente das raças Weimaraner, Pointers e Brittany Spaniels •Animais com hábitos de caça e que andam por locais com predisposição •Gatos em locais por onde circulam aves ou presença de galinheiros •Imunodeficiência parece ser um fator predisponente Histoplasmose Fonte: dogtime.com Fatores de Virulência ❖Termotolerância, ❖Glucanas (α e β) da parede celular e estruturas complementares responsáveis pela adesão aos tecidos dos hospedeiros ❖Produção de melanina ❖Fosfolipases, proteases e elastases ❖Catalase, enzimas que decompõem o peróxido de hidrogênio ❖Dimorfismo Patogenia •Conídios inalados chegam aos alvéolos pulmonares •Cerca de duas semanas depois ocorre o dimorfismo para leveduras •Células mononucleares e macrófagos não as destroem, e estas multiplicam-se no interior delas Fonte:www.revclinesp.es Histoplasmose Patogenia •Linfonodos mediastinais e circulação sanguínea •Focos em outros órgãos e linfonodos (fígado, baço, medula óssea) •Formação de granulomas epitelióides, com células gigantes, forte resposta Th1 e posterior necrose caseosa, que posteriormente fibrosam e calcificam (3 a 4 semanas) Histoplasmose Patogenia Histoplasmose Fonte: anatpat.unicamp.br Patogenia •A imunodepressão parece ser um fator preponderante •Reativação de uma infecção prévia • Histoplasma capsulatum pode ser considerado um dos patógenos oportunistas mais importantes do mundo Histoplasmose Patogenia Fonte: Murray, 2009 Histoplasmose • A principal via de infecção é a inalação de conídios ou esporos em suspensão; • Porém a via oral (ingestão) não deve ser descartada, principalmente para os cães. Lesões, Sinais e Sintomas •Forma assintomática: maioria dos casos •Animais em regiões endêmicas – positivos para histoplasmina •A forma pulmonar pode ser autolimitante ou cursar com : emagrecimento, febre, mucosas pálidas, secreção nasal, tosse, dispnéia e nódulos calcificados no parênquima pulmonar Histoplasmose Lesões, Sinais e Sintomas Histoplasmose felina : •Pulmonar, gastro-intestinal, disseminada A forma pulmonar pode ser aguda ou crônica •Aguda: tosse, taquipneia, dispneia, ruídos pulmonares anormais, febre e forte mal-estar •Crônica: Tosse, dispneia, pneumonia granulomatosa Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Fonte: vetbook.org Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Fonte: todaysveterinarypractice.navc.comFonte: Silva et al., 2013 Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Histoplasmose Medula Óssea: Anemia arregenerativa; Linfonodos: Linfadenopatia periférica ou abdominal; Fígado: Hepatomegalia, icterícia, ascite; Baço: Esplenomegalia; Peritônio: Tumefação de omento, aderência mesentéricas, superfície serosa granular ou nodular; Olhos: Uveíte anterior exsudativa, coriorretinite granulomatosa multifocal, neurite óptica; Sistema Nervoso Central: Ataxia, convulsões; Pele: Nódulos cutâneos e subcutâneos com úlceras ou fístulas; Cavidade Bucal: Úlceras na cavidade bucal e na língua Lesões, Sinais e Sintomas Fonte: Carneiro et al., 2005Lesão nasal de aspecto esponjoso Exame citológico da lesão nasal. Coloração de Giemsa, 1000x Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Fonte: vetbook.org Histoplasmose Fonte: www.vetfolio.com HistoplasmoseFigura - A: lesões ulceradas e nodulares nas junções mucocutâneas palpebral e perioral; B: Lesões em base e palato duro; C: lesão perianal. Fonte: Silveira et al., 2016 Lesões, Sinais, Sintomas Figura - A: Pulmão de coloração pálida com lesões nodulares difusas (seta); B: Hepatomegalia, aumento do padrão lobular e lesões nodulares difusas (seta). Fonte: Silveira et al., 2016 Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Fonte: www.vetfolio.com Histoplasmose Lesões, Sinais e Sintomas Histoplasmose canina •Pulmonar – Benigna •Pulmonar - Sinais inespecíficos e pneumonia granulomatosa: Secreção nasal bilateral sero-sanguinolenta, dispneia, tosse seca, sibilos à auscultação pulmonar, prostração, conjuntivite e discreta desidratação Histoplasmose Lesões, Sinais, Sintomas Fonte: vetbook.org Histoplasmose Lesões, Sinais e Sintomas •Histoplasmose canina Gastro-intestinal Hepatopatia, diarreia com sangue, desidratação e perda de peso, icterícia e ascite Histoplasmose Fonte: anaquevedodicasvet. blogspot.com.br Lesões, Sinais e Sintomas Histoplasmose humana Histoplasmose Fonte: Ferreira e Borges, 2009 Lesões, Sinais, Sintomas Linfangite epizoótica dos equinos Histoplasma capsulatum var. farciminosum Lesões em partes distais dos membros, lábios e pescoço, podendo estender para a laringe e traquéia Histoplasmose •Linfangite epizoótica dos equinos •Fazer diagnóstico diferencial com garrotilho, mormo, esporotricose e linfangite ulcerosa •Europa, Ásia e África, recentemente América do Norte Fonte: jcm.asm.org/content/54/12/2990 Histoplasmose Diagnóstico •Epidemiológico: regiões com população de morcegos, cavernas, fezes de aves •Clínico: sem achados patognomônicos •Complementar o diagnóstico clínico: cultura, citologia, hemograma, broncoscopia e radiografias Histoplasmose Diagnóstico Micológico – padrão Ouro •Exame direto •Cultivo Punção de medula óssea, linfonodos, lavado bronco-alveolar, sangue e biopsias ou swabs cutâneos Os meios de cultivo normalmente utilizados são ágar-Sabouraud dextrose, o ágar-batata e Mycosel® 25° C por 6 a 12 semanas – FATOR LIMITANTE MÁXIMA PRECAUÇÃO Histoplasmose Diagnóstico Cultivo em laboratório de nível 3 de biossegurança Fonte: Barros et al., 2004 Histoplasmose Diagnóstico Macromorfologia filamentosa a 25°C Fonte:www.emedicinehealth.com/histoplasmosis Histoplasmose Diagnóstico Morfologia filamentosa a 25°C Fonte: Almeida et al., 2014 Histoplasmose Diagnóstico •Morfologia •filamentosa a 25°C Fonte:www.imgrum.org Histoplasmose Diagnóstico •Necessário a caracterização do dimorfismo térmico •Ágar infusão de cérebro e coração (BHIA), acrescido ou não de sangue, a 37°C Histoplasmose Fonte: Almeida et al., 2014 Diagnóstico •Citologia •Células ovais unibrotantes com um halo refringente ao redor que corresponde à parede celular, localizadas dentro de macrófagos •Leishmania donovani, Toxoplasma gondii e outros patógenos intracelulares – diagnóstico diferencial Histoplasmose Diagnóstico Histoplasmose Fonte: patclinveterinaria.blogspot.com.brFonte: www.histopatovet.com X Histoplasma capsulatum Leishmania donovani Diagnóstico Citologia Citologia de de aspirado de medula óssea de gato Fonte: http://todaysveterinarypractice.navc.com Histoplasmose Citologia Fonte:hematologyoutlines.com/atlas_topics/52.htmlFonte: vetbook.org Histoplasmose Diagnóstico Citologia Fonte:hematologyoutlines.com/atlas_topics/52.html Histoplasmose Diagnóstico Histopatologia •Giemsa (ou Wright), os fungos mostram uma massa cromática polar, azul e na forma de meia lua • Corados pelo PAS, apresentam-se na cor vermelha •Metenamina de Grocott, na cor negra ou marrom-escura. Diagnóstico Histopatologia Fonte:pathologyoutlines.com/topic/skinnontumorfungiHistoplasma.html Histoplasmose Diagnóstico Histopatologia Histoplasmose Fonte: http://www.imgrum.org Diagnóstico Sorológico •Rápido, específico e sensível •Falso-positivos, devido a reações cruzadas com outros patógenos fúngicos •Falso-negativos em animais imunodeprimidos ou em infecções agudas - A detecção de antígeno é o método sorológico mais útil para o diagnóstico da histoplasmose disseminada em pacientes com AIDS e animais imunodeprimidos •Geralmente é o ELISA indireto •Imunodifusão em gel de ágar e fixação do complemento •Histoplasmina – valor epidemiológico Histoplasmose Diagnóstico Diagnóstico Técnicas moleculares possibilitam um resultado precoce e mais acurado PCR nested, detecta DNAr do agente em amostras clínicas – regiões ITS1 e ITS4 Histoplasmose Tratamento •Itraconazol - mínimo de 4 a 6 meses, até pelo menos 2 meses após o desaparecimento dos sinais clínicos •Fluconazol, cetoconazol •Anfotericina B •Acompanhamento radiográfico para histoplasmose pulmonar •Hemograma completo e bioquímica hepática, principalmente da ALT •Histoplasmose intestinal: difícil tratamento Histoplasmose Tratamento •Anfotericina B, cetoconazol, itraconazol, fluconazol isoladamente e em variadas combinações. Fazer acompanhamento hepático e renal. Histoplasmose Fonte: blog.multifarmas.com.br Prevenção e Controle •Evitar a inalação da poeira contendo excretas de aves e morcegos •Evitar o acesso de animais a estes mesmos locais •Limpeza regular dos locais com potencial para se tornar uma fonte de infecção •Permanência nesses locais para profissionais: luvas, máscaras com filtro HEPA Histoplasmose Fonte: crescendoemcultura.blogspot.com.br Referências Bibliográficas BROOKS, G. F.; CARROLL, K. C. BUTEL, J. S.; MORSE, S. A.; MIETZNER, T. A. Microbiologia Médica. 26 ed. Porto Alegre: McGraw Hill Education. 2014. CRUZ, L. C. H. Micologia Veterinária. 2 ed. Rio de Janeiro: Revinter. 2010. MEIRELES, M.C.A.; NASCENTE, P.S. Micologia Veterinária. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2009. MURRAY, P.; ROSENTHAL, K.; PFALLER, R.. Microbiologia Médica. 7 ed. São Paulo: Elsevier. 2014. SIDRIM, J.J.; ROCHA, M.F. Micologia Médica à Luz de Autores Contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. SILVEIRA, E. et al. Histoplasmose felina disseminada: relato de um caso. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. v.10, n.3, p.207-211, , 2016. TELLES, A. J. et al. Histoplasmose em cães e gatos no Brasil. Science and Animal Health. v.2 n.1 p. 50-66, 2014. Histoplasmose Fim! Caixinha de perguntas e mensagens (pode escrever anônimo) Slide 1: Histoplasmose Slide 2: Definição Slide 3: Importância Slide 4: Epidemiologia Slide 5: Epidemiologia Slide 6: Epidemiologia Slide 7: Epdemiologia Slide 8: Epidemiologia Slide 9: Epidemiologia Slide 10: Epidemiologia Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14: Epidemiologia Slide 15: Epidemiologia Slide 16: Epidemiologia Slide 17: Epidemiologia Slide 18: Epidemiologia Slide 19 Slide 20: Epidemiologia Slide 21: Epidemiologia Slide 22: Fatores de Virulência Slide 23: Patogenia Slide 24: Patogenia Slide 25: Patogenia Slide 26: Patogenia Slide 27: Patogenia Slide 28: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 29: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 30: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 31: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 32: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 33: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 34: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 35 Slide 36: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 37: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 38: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 39: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 40: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 41: Lesões, Sinais e Sintomas Slide 42: Lesões, Sinais, Sintomas Slide 43 Slide 44: Diagnóstico Slide 45: Diagnóstico Slide 46: Diagnóstico Slide 47: Diagnóstico Slide 48: Diagnóstico Slide 49: Diagnóstico Slide 50: Diagnóstico Slide 51: Diagnóstico Slide 52: Diagnóstico Slide 53: Diagnóstico Slide 54 Slide 55: Diagnóstico Slide 56: Diagnóstico Slide 57: Diagnóstico Slide 58: Diagnóstico Slide 59: Diagnóstico Slide 60: Diagnóstico Slide 61: Diagnóstico Slide 62: Tratamento Slide 63: Tratamento Slide 64: Prevençãoe Controle Slide 65: Referências Bibliográficas Slide 66: Fim! 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