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1 A)Quatro a seis FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM VISUAL E TEORIA DA COR 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co- nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de pu- blicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cul- tura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecno- lógica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cur- sos de qualidade. 3 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1. O REAL, O ABSTRATO E O SIMBÓLICO: os diversos caminhos das artes visuais ....................................................................................................... 4 1.1 Pontos, traços e texturas: linhas que criam mundos ................... 9 1.1.1 Pontos , pontinhos e pontões: o elemento fundamental ...... 9 1.1.2 Linhas para todos os lados: o grafismo visual ................ 10 1.1.3 Da linha ao plano: a lição de Kandinsky .............................. 14 1.1.4 E possivel tocar? As texturas táteis e as texturas visuais .. 15 2. SISTEMAS DE COR ..................................................................... 17 2.1 Sistema RGB ............................................................................... 18 2.2 Sistema CMYK ............................................................................. 19 2.3 Como escolher um sistema de cor adequado ................................. 21 3. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DA COR ............................ 22 3.1 Matiz, luminosidade e saturação .................................................. 22 3.2 Cores complementares ................................................................ 24 3.2.1 Cores análogas ..................................................................... 25 3.2.2 Paleta monocromática ........................................................... 26 4. A COR COMO ELEMENTO SIMBÓLICO ..................................... 27 5. A COR NO PROCESSO GRÁFICO ............................................. 29 5.1 Cores CMYK ................................................................................ 30 5.2 Cores especiais ............................................................................ 30 6. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 34 4 1. O REAL, O ABSTRATO E O SIMBÓLICO: os diversos caminhos das artes visuais A ideia central deste tópico consiste em mostrar três modos de representar o mundo: o real, o abstrato e o simbólico, -o que significa que cada artista escolhe um caminho dentro das artes visuais. Vamos fazer um passeio por três períodos da história da arte: o da arte renascentista, o da arte abstrata e o da pop art. vamos considerar que a arte representa o mundo e que podemos representar uma mesma imagem de diversas maneiras. De um lado, o artista escolhe seu modo de representar o mundo, definindo seu estilo artístico e sua técnica; de outro lado, o público realiza leituras e interpretações diferentes ao apreciar a obra de arte daquele artista, com base na sua percepção visual e no seu gosto. Assim, há, por exemplo, pessoas que preferem as pinturas figurativas e não gostam das pinturas abstratas. Admitir que, em cada época e em cada geração, modificam-se os gostos do público e os modos pelos quais os artistas produzem permite-nos concordar com Ernest H. Gombrich (1909-2001), que, em seu livro Arte e ilusão, escreve: "as nossas reações e o nosso gosto devem, necessariamente, diferir das reações e do gosto das gerações passadas" (Gombrich, 2007, p. 51). Essa mudança do gosto nos revela que, na produção artística, cada obra de arte é criada em função de um contexto histórico e social. Nesse sentido, a leitura e a percepção de uma obra produzida no Renascimento por Leonardo da Vinci (1452 -1519) diferem tanto da recepção da arte abstrata produzida por Wassiliy Kandinsky (1866-1944) quanto da pintura de Andy Warho l (1928-1987) da escola da pop art (arte pop). Devemos ter em mente que os artistas, para representarem o mundo e criarem suas obras, utilizam os elementos da linguagem visual, considerando as possibilidades técnicas e de materiais que o momento histórico e social permite, de modo a desenvolver um estilo artístico próprio. Na busca de um estilo próprio, o conhecimento da linguagem visual e de sua gramática é essencial para diferentes profissionais que utilizam a criatividade em seu trabalho. Nesse sentido, o processo de criação e seus 5 recursos técnicos e visuais possibilitam diversos caminhos e escolhas tanto para os artistas quanto para os profissionais que desejam utilizar os fundamentos da linguagem visual para elaborar uma mensagem visual e comunicá-la de modo eficaz. Ao retomar o tema central deste tópico, Dondis (2000, p. 85), em seu livro Sintaxe da linguagem visual, classifica a anatomia da mensagem visual em três níveis: o repre-sentacional, o abstrato e o simbólico. O domínio de cada um desses níveis resulta no grau da chamada inteligência visual. Agora, co meçamos nosso estudo com o detalhamento de cada nível, com o objetivo de entender o que caracteriza cada um deles e a relação que guardam entre si. O primeiro nível é o representacional : aqui, podemos dizer que a mensagem visual é concreta e real e que seu entendimento se baseia na experiência do cotidiano visual. O segundo nível é o abstrato, que trata da mensagem visual pura, cuja comp reensão está condicionada ao estudo dos elementos que a co nstituem . O terceiro é o nível simbólico: nesse caso, a mensagem visual é formada por sistemas de símbolos , e seu entendimento associa a forma e o conteúdo da imagem em questão (Dondis, 2000, p. 85-105) . De acordo com Dondis (2000), o nível mais elementar é o representacional( figurativo) e o mais complexo é o abstrato. A composição representacional trata de modelos concretos e reais, enquanto a composição abstrata valoriza a gramática visual e seus elementos básicos: ► o ponto, ► a linha e o; ► plano. Neste nível do desenvolvimento do alfabetismo visual, o mais importante não é o tema, mas a mensagem visual pura ou seja, a subestrutura da composição. A diferença entre o representacional e o abstrato também é apresentada por Wong (2001) em seus estudos sobre a forma. Para esse autor, temos dois tipos de formas, as figurativas e as abstratas: "uma forma figurativa pode ser apresentada com realismo fotográfico ou com algum grau de abstração - contanto que não seja tão abstrataa ponto de tornar o tema irreconhecível. Se o tema não pode ser identificado, a forma é não figurativa" (Wong, 2001, p. 146 ). 6 Assim, por exemplo, a MonaLisa de Leonardo da Vinci (Imagem1 ), obra produzid a em óleo sobre madeira, entre 1503 e 1506, é figurativa. Imagem: 1 Monalisa (La Joconde), de Leonardo da Vinci Como exemplo de produção abstrata, apresentamos a primeira aquarela abstrata, do russo Kandinsky (Imagem 2 ) , primeiro artista a expor uma pintura sem nenhum objeto reconhecível. Essa obra ajusta-se à definição de Wong: "uma forma abstrata não tem um tema reconhecível. [ ... ] Uma forma abstrata expressa a sensibilidade do desenhista com relação a formatos, cores e composição, sem depender de elementos reconhecíveis" (Wong, 2001, p. 148) . Segundo o próprio artista, "a obra de arte já não deveria depender de condições externas, como o modelo da natureza. Em vez disso, o que determina a gênese do quadro era a voz interior do artista” (Kandinsky, citado por Becks-Malorny, 2007, p. 55) . 7 Imagem: 2 Primeira aquarela abstrata de Wassily Kandinky Ao teorizar sobre a arte abstrata, Gombrich (1999, p. 570) menciona que o termo abstrato não foi uma escolha adequada, pois a denominação melhor seria não objetiva ou não figurativa , tendo em vista que a importância da arte abstrata está associada a outros períodos da história da arte, como o expressionismo e o cubismo. No caso do cubismo, os artistas pretendiam reformular a representação e, com isso, resolver o paradoxo da pintura, que consistia em representar um objeto que tem profundidade em uma superfície plana, sem utilizar o recurso ilusionista da perspectiva. A solução foi representar os objetos por seus fragmentos. Por essa razão, os temas escolhidos pelos artistas são familiares: guitarras, garrafas, fruteiras, et c., como fez o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), na obra Violino e uvas, de 1912 (Imagem 3) 8 Imagem: 3 Violino e uvas, de Pablo Picasso Ao analisar o tipo de composição visual adotada pelos artistas cubistas, Gombrich explica que, em alguns aspectos, o modo de representação cubista retoma as composições egípcias " em que um objeto era desenhado a partir do ângulo em que a sua forma característica se destacava como o máximo de clareza" (Gombrich, 1999, p.574). A imagem 4 exibe a representação de O jardim de Nebamun, em que as árvores são percebidas com maior clareza, considerando o desenho da vista frontal, e não da vista superior. Misturam-se em um mesmo plano os objetos observados em diferentes ângulos: a piscina está representada na vista superior, e as árvores estão representadas na vista frontal. 9 Imagem: 4 O jardim de Nebamun 1.1 Pontos, traços e texturas: linhas que criam mundos Conforme vimos anteriormente, Dondis (2000) nos explica que a linguagem visual é constituída de uma gramática própria e que os elementos da linguagem visual são como os elementos da linguagem escrita. Por exemplo, para escrevermos em português, é necessário que dominemos a estrutura da língua, as regras gramaticais e a sintaxe textual, para que, assim, as letras formem palavras, orações e textos. Para Dondis (2000), a linguagem visual também é um texto que pode ser lido e analisado. 1.1.1 Pontos , pontinhos e pontões: o elemento fundamental O ponto, do qual tratamos neste item, é o elemento básico e primordial do código visual. Contudo, iniciamos por perguntar: o que é um ponto? Podemos representar o ponto de muitas maneiras. Na geometria, ele pode ser representado como a união de duas retas, pelas coordenada s x, y e z de um sistema; assim , temos o ponto em seu aspecto teórico-conceituai. Conforme Christian Leborg (2013, p. 10), o ponto é um elemento que não se pode ver 10 nem sentir: é um "lugar sem área". Para Frederick Malins (1988, p. 12), o ponto define posições e tensões no plano e no espaço . Para entendermos essa natureza do ponto, basta lembrarmos que, quando desejamos indicar em um mapa um ponto de interesse, muito provavelmente o fazemos com uma cruz ou algum outro sinal gráfico - essa marcação pode ser considerada um ponto. Além dessa natureza conceitual, temos o que chamamos de ponto gráfico, que se constitui como um sinal gráfico. Conforme explica Wong (2001,p.45), os elementos básicos da linguagem visual (ponto, linha e plano) são conceituais, mas, no momento em que se tornam visíveis, passam a ser considerados formas, ou seja, apresentam materialidade e são representados por algum tipo de sinal ou marca. Para esse autor, uma forma é um ponto quando tem pequena dimensão em relação à moldura, considerando que "a pequenez, evidentemente, é relativa. Uma forma pode parecer razoavelmente grande quando confinada em uma moldura de referência diminuta, porém a mesma forma pode parecer muito pequena quando inserida em uma moldura de referência bem maior" (Wong, 2001, p. 45). Outro autor que se dedica a estudar os elementos da linguagem visual é Kandinsky, que, em seu livro Ponto e linha sobre plano, contribuição à análise dos elementos da pintura, elabora uma teoria das formas em que postula a correspondência entre os elementos: o ponto e a linha, em um plano. Segundo ele, "ponto e linha são os dois elementos básicos necessários a toda composição pictórica, suficientes para o desenho" (Kandinsky, 2005, p. XXI). Ao definir a pintura e o desenho, Malins (1988, p. 12) os considera como uma série de marcações realizadas com diversos meios ou técnicas, como grafite, tintas e canetas, entre outros. Para o autor, são marcas que produzem sinais visíveis e, de todas as marcas que podemos criar, o ponto é a mais sensível. 1.1.2 Linhas para todos os lados: o grafismo visual Se pedíssemos para alguém fazer o desenho de uma folha, como essa pessoa o faria? É muito provável que, primeiramente, desenhasse o contorn o da folha, que seria feito com uma linha formada por partes retas e 11 curvas que, assim, definiria a forma básica da folha, como vemos na imagem 5. Conceitualmente, a linha pode ser compreendida como uma série de pontos. Além disso, para a geometria, a linha reta é um elemento infinito, enquanto o traço, definido por um início e um fim, seria um segmento de reta. Conforme Ellen Lupton e Jennifer C. Phillips (2014, p. 16), "a linha é uma série infinita de pontos. Imagem: 5 Ilustração: foto da flor e desenho do contorno Entendida geometricamente, tem comprimento, mas não largura. É a conexão entre dois pontos ou o trajeto de um ponto em movimento”. Para além do seu sentido conceitual, temos, como no caso do ponto, a linha gráfica, que apresenta um comprimento, mas também uma espessura ou, como escreve Wong (2001), uma forma que define sua materialidade, ou seja, os diferentes tipos de materiais (canetas, lápis, pincéis, programas gráficos, por exemplo) que criam distintas formas de linhas com texturas e espessuras próprias. 12 As classificações da linha se baseiam em seu movimento: reta, curva, em zique-zague, contínua, interrompida, aberta e fechada, entre inúmeras possibilidades. Imagem: 6 Diferentes tipos de traçados Por sua extensão, a linha podeser curta ou longa; e por sua espessura, estreita ou larga. Não analisaremos a fundo os tipos de linhas propostos por gomes e Machado (2006), mas fazemos aqui apenas uma pequena descrição de sua classificação: Linha de constelação – nesse caso como vimos na teoria de Malins, o agrupamento dos pontos cria a sensação de fechamento da forma. Aqui, o ponto cria a ilusão de definir um contorno, como, no exemplo, a figura de um círculo. Apesar de os autores a considerarem um tipo de linha, sua forma se dá pelo agrupamento de pontos. Linha de circunscrição - vamos recordar o exemplo da flor na imagem 5 . A linha externa da figura é uma linha de circunscrição, ou seja, ela define o contorno da figura, mas não estabe le ce o que é a figura e o que é o fundo, o que será definido pela inclusão de uma textura ou de uma cor. 13 Linha de configuração - há a "silhueta" da figura. Ela estabelece que a figura é a parte que recebe a cor, enquanto o fundo é a parte branca, ou seja, define um dentro e um fora, mas mostra apenas a parte externa do objeto. Linha de formação -para os autores, esse tipo de linha se caracteriza quando incluímos mais informações sobre o o bjeto representado, como cor, brilho ou textura dos materiais. No entanto, nesse caso, consideramos que já não se trata propriamente de uma linha , mas de outros elementos da linguagem visual, como vemos na sequência do livro. Linha de hachura - as hachuras são formadas por linhas paralelas e que se constituem como uma maneira de preencher uma forma ou criar efeitos de sombra, como os limites das linhas acabarem no contorno, mesmo no caso de ele não estar presente, ou seja, as hachuras definem a forma e, por isso, voltaremos a falar delas em outro momento. Traços de ruskinagem - esse nome foi dado em homenagem ao escritor e desenhista londrino John Ruskin (1819-1900). Para Gomes e Machado (2006) , esse tipo de linha é traçada de maneira gestual , para valorizar a luz, a sombra e os meios-tons da forma. Outro modo de analisar o elemento visual linha em uma composição é o seu uso. Assim, ao analisar a linha, Malins (1988, p. 26-45) destaca que sua função pode se dar como um elemento estruturador da forma. Ela não está completamente visível , mas sua presença é implícita ou sua natureza é expressiva. Conforme a artista polonesa radicada no Brasil Fayga Ostrower (1920- 2001 ) , em seu livro Universos da arte (2004), as linhas não têm uma existência real no espaço, mas são uma abstração: sem dúvida, percebemos a linha do horizonte, assim como também percebemos linhas em figuras humanas ou em rostos . Mas fisicamente, essas linhas não existem. A pele de um rosto, por exemplo, não é composta de linhas. Quando alteramos nosso ponto de observação, elas desaparecem e dão lugar a outras linhas, tão incorpóreas quanto as primeiras. (Ostrower, 2004, p. 55-56) 14 Ostrower (2004) também chama a atenção para a diferenciação entre dois estilos de composição: as lineares e as pictóricas. As primeiras se baseiam na linha como elemento principal, ou seja, a linha estrutura o desenho e a pintura; nela, o contorno ou as hachuras são os elementos principais. 1.1.3 Da linha ao plano: a lição de Kandinsky Para Kandinsky (2005 ), o ponto que se torna linha abre possibilidades de criação e de composição , resultantes da linha e de suas tipologias. A linha produzida pelo ponto se desdobra em tipos-fontes de formas, como é o caso das linhas retas geométricas: horizontal, diagonal e vertical. Das três posições de uma linha em relação a um plano, a linha diagonal se revela na capacidade de constituir uma forma circular (uma superfície) por meio da sua rotação. Kandinsky utiliza esse mesmo princípio da obtenção do círculo para classificar os ângulos que derivam das linhas. Para o autor ( Kandinsky, 2005), cada tipo-fonte de linha, pela soma de suas tensões, resulta em três tipos de ângulos: agudo, reto e obtuso. A teoria das formas do autor se baseia no ordenamento dos elementos, no qual a correspondência entre eles está subordinada ao ordenamento, um a vez que os elementos são o material da arte. A teoria da forma pode ser entendida como um sistema construtivo, um a vez que o plano deriva da linha, a qual é resultante do ponto. Kandinsky também diferencia os conceitos de construção e de composição. A construção trata da combinação racional dos elementos, é uma o rganização, e a composição "é a subordinação interiorm e nte conform e a finalidade dos elementos isolados e da construção para o fim pictórico concreto" (Kandinsky, 2005, p. 29) . Assim, para Kandinsky (2005), pontos e linhas formam a composição, apoiados por um plano original, que é definido por dois pares de linhas horizontais e verticais. Para Ostrower, os planos, denominados por ela como superfícies, podem se apresentar de duas maneiras: fechadas ou abertas. As superfícies fechadas são "reguladas pelas margens, e as abertas pela articulação da área interior. Mais autônomas, as superfícies fechadas podem mover-se mais 15 facilmente do que as abertas, que são freadas na faixa do contorno", embora, "na realidade, ao invés de superfícies totalmente fechadas ou totalmente abertas, lidamos com uma infinidade de combinações intermediárias e com ênfases variáveis" (Ostrower, 2004, p. 63). As formas fechadas delimitadas pelo contorno (linhas contínuas e fechadas) criam um espaço interior e um espaço exterior. Essas formas definem um espaço positivo e um espaço negativo. 1.1.4 E possivel tocar? As texturas táteis e as texturas visuais O que vem a ser a textura? Já ouvimos alguém se referir a um material como macio, liso ou áspero – isso é uma textura. Para compreendermos melhor esse conceito e entendermos como ele se enquadra nos elementos da linguagem visual, vamos realizar um pequeno exercício de memória e imaginação. Vamos pensar em um tronco de árvore: quando passamos a mão em sua superfície , esta nos parece lisa ou rugosa (áspera) ? Ainda com essa mesma ideia, pensemos em um tecido como o cetim: a sensação causada ao se passar a mão nessa superfície é a mesma? Provavelmente, a maioria das pessoas responderá que o tecido é liso e que o tronco da árvore é áspero. A essa sensação tátil denominamos textura, característica que está relacionada ao sentido do tato, e com a qual podemos perceber a rugosidade ou maciez de uma superfície. Além da percepção tátil , a textura cria uma percepção visual: ao considerarmos as imagens em nossa memória, sabemos, mesmo sem tocar, que o tronco de árvore é mais áspero do que o tecido, pois a nossa aprendizagem sensorial nos fornece elementos para realizar essa a nálise. Assim, podemos entender que a textura é uma característica real dos objetos que nos cercam e que sua percepção nos auxilia a descrever e a caracterizar a superfície deles. Para os artistas, a representação das superfícies de diferentes materiais constitui um problema, uma vez que, por meio do desenho, é possível dar a impressão de diferentes tipos de superfícies e materiais, como pele, tecidos, metais, vidros e madeira . Classificamos como textura tátil a que é percebida 16 pelo tato, e ela pode ser natural (tronco de árvore, pedras, folhas, pele, cabe los, entre outros) ou artificial (metais polidos, tecidos, papéis, plásticos etc.) Por sua vez, a textura visualou gráfica, que se caracteriza como um elemento de preenchimento da superfície, pode ser utilizada para tentar imitar texturas naturais e artificiais, como na Figura, na qual o holandês Willem Kalf (1619 -1693) criou um a natureza morta com diversos materiais, como vidro, tecidos e metais; ou para imitar a natureza, como na pintura Lebre jovem, do alemão Albrecht Dürer (1471-1528) , como mostra a imagem 7. Imagem: 7 17 Imagem: 8 Lebre jovem, de Albrecht Durer 2. SISTEMAS DE COR A cor é a percepção produzida pela ação da luz nos objetos em determinadas terminações nervosas do nosso olho (Silveira, 2011). Por isso, a luz é a base para entendermos toda a estrutura dos sistemas de cores. Como há duas formas de percebemos a luz (por meio da emissão ou da reflexão desta em deteminado objeto), também temos dois sistemas cromáticos. Quer ver um exemplo disso? Apague a luz do seu quarto à noite. Todos os objetos que desapareceram são aqueles que refletem luz, e só são visíveis quando rebatem a luz que vem de outro lugar. Como exemplo, podemos indicar os livros, os quadros, as roupas e os móveis. Porém, é provável que alguns objetos do seu quarto continuem visíveis, como é o caso da tela do seu computador ou do seu celular, que são objetos que emitem luz. No campo do design e da publicidade, na maioria das vezes que se trabalha com a luz emitida, utiliza-se o sistema RGB. Já para os objetos que não 18 emitem luz, utiliza-se normalamnete o sistema CMYK. Explicaremos mais detalhes nitidamente cada um deles a seguir. 2.1 Sistema RGB Esse é o sistema de cor encontrado em objetos que emitem luz, como monitores de comptador, telas de celular e projetores. Nesses casos, as três cores básicas, ou seja, aquelas que dão origem a todas as outras, são o vermelho (red), o verde (green) e o azul (blue). A sigla para denominar esse sistema é, portanto, RGB, formada pelas iniciais das cores básicas em inglês. Esse sistema também é conhecido como sistema de cor-luz ou síntese aditiva. Perguntas & respostas Por que essas são as três cores básicas? De acordo com Young e Helmholtz (citados por Silveira, 2011), nossa retina possui três espécies de células sensíveis à luz (conhecidas como cones). Cada uma delas é sensível a uma das cores do RGB: vermelho, verde ou azul. Todas as cores são vistas pelo resultado da mistura desses três estímulos em diferentes intensidades. Se os três tipos de cones são estimulados ao máximo e ao mesmo tempo, eles produzem a sensação de branco. Conforme é possivel perceber, todas as cores que enxergamos são resultado da mistura de luzes vermelhas, verdes e azuis, em diferentes graus de inntensidade. Quando essa intensidade da soma das três cores atinge seu grau máximo, forma-se a luz branca. Observe, na imagem 9, uma representação desse sistema. Nela você poderá perceber que os três círculos maiores são formados pelas cores básicas (vermelho, verde e azul), também conhecidas como cores primárias. À medida que o vermelho e o azul se encontram, eles formam uma cor secundária: o magenta. As outras cores secundárias são o amarelo (mistura da luz vermelha com a verde) e o ciano (mistura da luz verde com a azul). No centro, no encontro dos três círculos de luz, temos o branco. 19 Imagem: 9 Funcionamento do sistema RGB: Síntese aditiva Como já mencionamos, esse sistema também é chamado de síntese aditiva porque as cores acabam se formando pela adição de luz. Se não há luz, a cor formada é o preto. Conforme são adicionadas as três luzes básicas, são formadas outras cores até atingir, no nível máximo de todas elas, o branco. 2.2 Sistema CMYK Esse é o sistema que normalmente utilizamos quando estamos projetando objetos que não emitem luz, como anúncios impressos, fôlderes, embalagens, brindes, uniformes, fachadas e ambientes. Nesses casos, a cor é vista através da luz que esses objetos refletem. Nesse processo de rebatimento, tudo acaba se invertendo, de modo que o sistema CMYK acaba tendo características opostas ao RGB. A complexidade do porquê ocorre essa oposição entre dois á alta; contudo, não é tão pertinente, para a finalidade dos nossos estudos, aprofundar essa questão. O que realmente importa para a prática do design e da publicidade é conhecer as consequências dessa inversão. Vamos a elas, então. 20 A primeira diferença entre os dois sistemas é que as primárias de um são as secundárias do outro. Em outras palavras, no sistema CMYK, o ciano (Cyan), o magenta (Magenta) e o amarelo (YELLOW), secundárias no sistema RGB, passam a ser as cores básicas. Como é possível perceber, a três primeiras letras da sigla CMYK correspondem aos nomes dessas cores em inglês. A letra K, por sua vez, representa a cor preta(Black). A inicial B, nesse caso, não foi utilizada para não confundir com o azul (Blue) do sistema RGB. Na imagem 10 , podemos ver uma representação do sistema CMYK. Observe que os círculos maiores representam as cores básicas ciano, magenta e amarelo. À medida que um círculo se mistura ao outro, formam-se as cores secundárias azul (ciano+ magenta), verde (ciano+amarelo) e vermelho (magenta + amarelo), que era as cores primárias no sistema RGB. Outra diferença está na percepção da mistura das três cores primárias e na ausência de cor. No CMYK, o preto passa a representar a soma das cores, enquanto o branco revela a ausência de cor – ou seja, acontece o oposto do sistema RGB. Imagem: 10 Funcionamento do sistema CMYK: síntese subtrativa 21 Esse sistema também é chamado de síntese subtrativa, já que as cores são formadas pela subtração da luz. Voltemos para o exemplo do quarto escuro: imagine que você tem um livro de capa azul em cima da mesa. Quando você acender a luz do quarto, enxergará esse livro e a cor de sua capa. Contudo, a luz do quarto é branca, o que tornaria a capa do livro branca se ela tivesse refletido toda a luz. Isso quer dizer que os pigmentos presentes nessa capa absorveram (ou subtraíram) as luzes verde e vermelha, refletindo somente a luz azul. Por isso chamamos esse sistema de síntse subtrativa, pois as cores que enxergamos nos objetos que refeltem luz são formadas apenas pelas cores que refletiram, enquanto outras cores foram sutraídas da luz brnaca que incidiu sobre eles. Perguntas & respostas Mas se é possível obter o preto com a mistura das três cores básicas, porque o sistema CMYK também conta com uma cor preta extra? Embora, na teoria, seja possível fazer o preto a partir das três cores, na prática, o sistema fica mais flexível e versátil se já conytar com uma cor preta pronta. É possível obter o preto sem precisar misturar três cores durante a impressão, assim como é mais fácil fazer tons escuros adicionando a tinta preta diretamente. Porém, a presença do preto no sistema não o torna uma cor primária – trata-se apenas de um atalho, uma forma de facilitar seu uso durante os processos de impressão. 2.3 Como escolher um sistema de cor adequado Existem basicamente dois cuidados a serem tomados diante dessa diferença entre os sistemas de cor nos materiais publicitários: 1- É preciso atentar para qual tipo de mídia o projeto será desenvolvido, a fim de se selecionar o sistema de cor correto. 2- É preciso tomar cuidado na hora de converter as cores de um sistema para outro, visto que há limitações técnicas que fazem com que os dois não sejam completamente correspondentes entre si.22 Em outras palavras, antes de se iniciar um projeto, deve-se entender se as mídias principais nas quais ele será veiculado emitem ou refletem luz. Nesse sentido, projetos para internet, televisão, projeções em ambientes etc, devem ser realizados em sistema RGB, enquanto projetos impressos, como anúncios de revistas ou jornal, panfletos, fôlderes, embalagens, brindes, uniformes, banners e fachadas, devem ser desenvolviddos em sistema CMYK. Outra questão muito importante é que a conversão entre os dois sistemas não é completamente equivalentye. Converter um arquivo de um software gráfico que esteja em CMYK para RGB provavelmente não provocará muitas alterações nas cores, já que praticamente todas as cores CMYK existem também no RGB. Porém, no processo contrário, corre-se grande risco de as cores mudarem. Sistema RGB consegue reproduzir cores muito mais vivas que o CMYK, principalmente os azuis, rosas e laranjas. Essas cores mais viva ficam severamente mais apagadas quando convertidas para CMYK. 3. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DA COR Neste tópico, analisaremos algund termos e conceitos importantes para a compreensão e a aplicação das cores em projetos de design e publicidade. 3.1 Matiz, luminosidade e saturação A matiz, também conhecida como tom ou tonalidade, é a propriedade que define a cor dentro do círclo cromático. É os mais próximo do que poderíamos chamar de cor pura. Quando mudamos a cor do vermelho para o amarelo, nós estamos alterando sua matiz. Já a luminosidade, também conhecida como valor tonal ou brilho, está relacionada à mistura de branco ou preto em uma matiz. À medida que adicionamos o branco, os tons vão ficando mais claros; à medida que adicionamos o preto, os tons vão ficando mais escuros. 23 No círculo cromático da imagem 11, é possível visualizar como esses dois conceitos funcionam. Conforme se seleciona cores em torno do círculo, o que se está escolhendo, na verdade, são matizes: o verde, o laranja, o amarelo e assim por diante. Esse círculo conta com apenas 12 matizes, mas é possível fazer várias outras divisões com mais cores. Quanto à luminosidade, perceba que dentro do círculo há sete camadas com variações da mesma matiz. A quarta camada, a do meio, é justamente a matiz pura, sem adição de branco ou preto. À medida que partimos para o centro do círculo, estamos alterando sua luminosidade acrescentando branco, ou seja, criando tons claros; se nos afastamos do centro, estamos adicionando preto, ou seja, criando tons escuros. Imagem: 11 Por fim, outro conceito relevante é o de saturação, que pode ser entendido como a definição de o quando a matiz é pura. Quando se aumenta a saturação, as cores se tornam mais vivas; conforme ela diminui, as cores ficam mais apagadas, aproximanndo-se do cinza. 24 3.2 Cores complementares Cores complementares são as matizes que se encontram em extremidades opostas do círculo cromático. Imagem: 12 Cores complementares Para Silveira(2011), essa combinação de cores é muito marcante, pois as opostas competem por atenção e criam uma dualidade na percepção que se torna dinâmica. Essa dinamicidade cria um conforto visual baseado em sua complementaridade. Contudo, não é recomendado utilizar essa combinação para textos, pois elas provocam um cntraste que gera tanto estresse quanto repouso na visão, o que não promove o movimento necessário para a leitura. Na imagem 12, há algumas sugestões de cores complementares que podem ser utilizadas. 25 Imagem: 12 Certamente, nem sempre o contraste forte provocado pelas cores complementares é a melhor opção para a paleta cromática de uma peça gráfica. Ás vezes, é preciso soluções visuais com cores menos impactantes, como é o caso das cores análogas ou das paletas monocromáticas que veremos a seguir. 3.2.1 Cores análogas As cores análogas são as matizes que são próximas ou vizinhas no círculo cromático, à uma angulação máxima de 90°. Para Silveira (2011), o uso de core análogas é muito comum, pois elas causam grande sensação de conforto visual e psicológico. Os olhos tendem a reconhecê-las como possuidors de grande similaridade, o que promove uma composição harmoniosa. 26 Imagem: 13 3.2.2 Paleta monocromática O esquema de combinação de cores monocromático é formado a partir de uma única matiz do círculo cromático, que forma as demais cores a partir da adição de branco ou preto, ou seja, alterando sua luminosidade ou valor tonal. Observe um exemplo disso na imagem 14. Imagem: 14 Para Silveira (2011, p.141), trata-se de uma, paleta tranquila, isto é, que não causa stress fisiológico. O resultado é considerado fácil de compreender, 27 levando rapidamente o observador ao estado de tranquilidade e segurança com a boa interpretação. Por outro lado, esta mesma tranquilidade pode se tornar entendiante a longo prazo. É importante perceber, portanto, que a escolha entre esses três tipos de paletas apresenta consequência para o tipo de comunicação visual que estamos pretendendo. Ordenando da mais contrastante e chamativa para amais sutil e discreta, temos as cores complementares, as cores análogas e, por fim, as paletas monocromáticas. Também é importante notar que essas são as coombinações muito usuais de cores, embora não sejam necessariamente as únicas – é possível tentar outras possibilidades além delas. Uma combinação muito utilizada é a de cores complementares ou análogas com suas variações monocromáticas. 4. A COR COMO ELEMENTO SIMBÓLICO A cor, como qualquer outro elemento do nosso cotidiano, também carrega vários significados simbólicos. Como afirma Silveira (2011, p. 131), nós não vemos "a cor isoladamente, mas sim ligada a objetos. Esses objetos trazem uma história de construção de significados, que por sua vez ficam atrelados às suas cores". Portanto, os significados que as cores carregam não são arbitrários, mas fruto de séculos de construção cultural e histórica dentro de cada sociedade e grupo social. Dito isso, os significados que as cores têm atualmente não são os mesmos de décadas atrás, da mesma forma que os significados atribuídos por diferentes sociedades e culturas não serão exatamente os mesmos. Logo, ao mesmo tempo que podemos explorar e utilizar os significados que as cores têm para transmitir mensagens, também estamos reforçando esses significados ao fazer isso. De acordo com Silveira (2011, p. 132), "os significados são construídos no uso, coletivamente, isso significa então que, cada vez que uma mulher se casa com um vestido branco de noiva, está reforçando o significado de 'pureza' da cor branca, aplicada ao seu vestido". Da mesma forma, os comunicadores tendem a reforçar e perpetuar os significados que as cores têm ao reproduzi-las da mesma forma que elas costumam ser aplicadas. Um exemplo cristalino é o da divisão de tons de rosa e de azul para diferenciar produtos encarados como "para meninas" e "para 28 meninos", respectivamente. Esses significados são construídos socialmente, fruto de uma visão que busca impor e segregar o que são coisas adequadas e recomendadas para meninas/mulheres ou adequadas e recomendadas para meninos/homens. Sempre que criamos produtos e campanhas utilizando essa separação por cores, nós estamos reforçando essa divisão. Se queremos buscar uma sociedade mais igualitária, na qual mulheres e homens tenham maior liberdadede escolha, é preciso ser mais crítico e cuidadoso na escolha das cores. O exemplo do cor-de-rosa e do azul para dividir gêneros é um caso muito forte, que revela significados óbvios para grande parte das pesssoas. No entanto, existem casos nos quais o rosa será utilizado para transmitir ouras mensagens, o que também pode ocorrer com o azul. O que precisa ficar claro é que a mensagem de um anúncio ou o uso de determinada cor depende de inúmeros fatores, como a fonte da mensagem (fotos, textos, tipografias) e o contexto do receptor (idade, cultura, grupo social). É com essa ressalva em mente que deve-se utilizar o quadro 1, no qual apresentamos os principais significados culturais das cores Cor Exemplos de significados Vermelho Paixão, perigo, raiva, amor, sexo, poder e outros sentimentos fortes. Proibido, alegria, infância, luxo, festa, sangue, fogo e calor. Azul Calma, frieza, serenidade, instrospeccção, sabedoria, solidão, espaço, verdade, beleza, cálculo e gelidez. Infinito, paz, sonho, fidelidade, amor, fé, frescura, água, realeza e aristocracia. Verde Natureza, sorte, renovação, oxigênio, dinheiro, cura, emprego, fertilidade, sucesso, saúde e harmonia. Destino, fortuna, acaso, esperança, hogiene, saúde, juventude, permissão, liberdade, estranheza, acidez e veneno. Amarelo Luz, calor, prosperidade, riqueza, alegria, energia, doença, loucura, mentira, traição, declínio, melancolia, outono. 29 Branco Pureza, castidade, virgidade, inocência, higiene, limpeza, frio, estéril, simplicidade, discrição, paz, abedoria, belhice, aristocracia, monarquia e divino. Preto Morte, falta, pecado, desonestidade, tristeza, solidão, melancolia, austeridade, renúncia, religião, elegância, modernidade e autoridade. turquesa Exaltação, generosidade, riqueza e expansividade. Marrom Terra, madeira, solidez, estabilidade e calor Prateado Luar, alquimia, poderes espirituais, intelecto, harmonia e consciência de si (espelhos). Dourado Sol, dinheiro, preciosidade, ostentação, segurança e abundância. Quadro: 1 Uma divisão importante na hora de comunicar mensagens é a separação entre cores quentes (amarelo, laranjas e vemelhos) e cores frias (azuis e cianos). As primeiras, como o nome já demonstra, sugerem a sensação de calor, atividade, movimento, dinamismo. Já as segundas são mais frescas, monótonas e calmas. 5. A COR NO PROCESSO GRÁFICO No processo de impressão gráfica, há duas formas diferentes de lidar com as cores básicas para se produzir as demais cores existentes. O primeiro é utilizar o CMYK diretamente no equipamento que estiver produzindo a impressão. O segundo é utilizar cores especiais (também conhecidas como spot colors), que são preparadas antes e colocadas já prontas na impressora. 30 5.1 Cores CMYK O processo CMYK – quando usado diretamente no equipamento – é o mais comumente utilizado nas impressoras domésticas, nas impressoras de copiadoras e nas gráficas digitais, além de ser amplamente utilizado em gráficas de maior porte. Perguntas & respostas Como o sistema CMYK funciona? Para imprimir as cores primárias e secundárias, é relativamente fácil de entender. Se a cor a ser impressa for a primária magenta, basta o mecanismo imprimir a tinta magenta chapada no papel. Se a cor for a secundária verde, basta imprimir as tintas amarelo e ciano também chapadas. Conforme é possível perceber, combinando-se diferentes proporções de cada cor básica, são impressas todas as outras. Quando eu olho para um rosa-claro impresso em CMYK, não vejo pontinhos pequenos de magenta, mas uma cor homogênea. Por quê? Isso ocorre porque as retículas são pontos bem pequenos, que só podem ser vistos na ampliação da impressão. A olho nu, a visão mistura as retículas, as cores chapadas e o branco do papel, fazendo com que enxerguemos apenas a cor final do resultado. Se você tiver curiosidade de ver esse processo em funcionamento, basta comprar um conta-fio, que é uma lupa utilizada em gráficas. Com ela, você coseguirá perceber que a maioria das cores impressas são, na verdade, misturas CMYK cheias de retículas. 5.2 Cores especiais As cores especiais ainda respeitam o princípio das cores primárias (ciano, magenta e amarelo), ou seja, não há como fugir disso no processo de impressão. A diferença é que as tintas são misturadas antes para formar as cores que serão 31 necesárias para o projeto. Logo, em muitos casos, não haverá a presença de retículas na impressão com cores especiais. Por exemplo, no processo CMYK, o laranja é formado pelo amarelo (Y:100)impresso com uma retícula de magenta(M:50), utilizando, portanto, duas tintas. Nas cores especiais, as tintas amarelo e magenta serão misturadas antes, formando uma tinta laranja, e a impressão será feita sem retícula, com apenas uma tinta já na cor final que se pretende imprimir. Para organizar esse sistema de tintas, existem catálogos que apresentam as cores disponíveis e as fórmulas para produzi-las. O mais conhecido e utilizado é o sistema Pantone (Imagem:15). Imagem: 15 Há várias questões a serem consideradas na hora de se escolher entre as cores CMYK, as cores Pantone ou uma combinação das duas. Algumas das vantagens e desvantagens da utilização de cores especiais serão apresentadas a seguir. 32 Vantagens do uso de cores especiais ► Melhor qualidade na reprodução das cores pela não utilização de retículas. Mesmo pequenas, as retículas ainda interferem um pouco nas cores, deixando-as "mais sujas" e irregulares. Um marrom impresso em Pantone sempre será mais liso e uniforme que um impresso em CMYK. ► Maior variedade e qualidade de cores que o processo CMYK (que é limitado e não consegue reproduzir tons muito saturados e vivos). ► Possibilidade de cores com acabamentos especiais, como dourado, prateado, metalizado e neon. ► Possibilidade de redução de custos se utilizada para substituir cores CMYK que gastam muitas tintas. Por exemplo, enquanto um marrom no processo CMYK utiliza as quatro tintas (ciano, magenta, amarelo e preto), no processo com cores especiais usa-se apenas uma tinta marrom preparada previamente. Em vários contextos de impressão, o custo da produção depende do número de tintas utilizado. Desvantagens do uso de cores especiais ► Projetos com muitas cores diferentes terão alto custo, pois para cada cor será necessário preparar uma tinta específica. ► Os sistemas de impressão digitais, geralmente usados em impressoras domésticas, copiadoras e gráficas digitais, não aceitam cores especiais. Em suma, as cores especiais serão utilizadas principalmente quando houver baixo número de cores em um projeto gráfico uma ou duas, no máximo (além de suas variações reticuladas); quando forem necessárias mais qualidade e fidelidade em uma cor específica; e/ou quando for necessária alguma cor com 33 propriedades diferentes, como neon, dourado, prateado ou cores mais vivas – as quais a impressão CMYK não consegue reproduzir adequadamente. 34 6. REFERÊNCIAS: DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: M. Fontes, 2000. GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão: um estudo da psicologia da representação pictórica . São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. GOMES,L. A . V. de N.; MACHADO, C. G. da S. Design: experimentos em desenho. Porto Alegre : Ed. UniRitter, 2006. KANDINSKY, W. Ponto e linha sobre plano: contribuição à análise dos elementos da pintura. São Paulo: M. Fontes, 2005. MALINS, F. Para entender la pintura: los elementos de la composición. Madri: Hermann Blume, 1988. OSTROWER, F. Universos da arte. Rio de Janeiro: Camp us, 2004. SILVEIRA, L. M. Introdução à teoria da cor. Curitiba: Ed. Da UTFPR, 2011. WONG, W. Princípios de forma e desenho. São Paulo: M . Fontes, 2001.
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