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HANSENIASE

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Nadielson Abas | Enfermagem, UNCISAL
CONCEITOS INICIAIS
Fonte: Google fotos.
A hanseníase é uma doença crônica,
infecto contagiosa, cujo agente
etiológico é o Mycobacterium leprae,
um bacilo álcool-ácido resistente,
fracamente gram-positivo, que infecta os
nervos periféricos e, mais
especificamente, as células de
Schwann. A doença acomete
principalmente os nervos superficiais da
pele e troncos nervosos periféricos
(localizados na face, pescoço, terço médio
do braço e abaixo do cotovelo e dos
joelhos), mas também pode afetar os
olhos e órgãos internos (mucosas,
testículos, ossos, baço, fígado, etc.). Se
não tratada na forma inicial, a doença
quase sempre evolui, torna-se
transmissível e pode atingir pessoas
de qualquer sexo ou idade, inclusive
crianças e idosos. Essa evolução ocorre,
em geral, de forma lenta e progressiva,
podendo levar a incapacidades físicas.
A hanseníase é uma doença de
notificação compulsória e de investigação
obrigatória. Os casos diagnosticados
devem ser notificados, utilizando-se a
ficha de Notificação/Investigação, do
Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan)
Os pacientes diagnosticados com
hanseníase têm direito a tratamento
gratuito com a poliquimioterapia
(PQT-OMS), disponível em qualquer
unidade de saúde. O tratamento
interrompe a transmissão em poucos dias
e cura a doença.
Obs: Toda criança que tem o diagnóstico
tem ,obrigatoriamente, um caso índice na
família.
A investigação epidemiológica de
contatos consiste em:
● Anamnese dirigida aos sinais e
sintomas da hanseníase; Exame
dermatoneurológico de todos os
contatos dos casos novos,
independente da classificação
operacional;
● Vacinação BCG para os contatos
sem presença de sinais e sintomas
de hanseníase no momento da
avaliação.
É importante ressaltar que a aplicação da
vacina não previne o desenvolvimento da
doença, mas é utilizada com o propósito
de estimular a resposta imune celular:
● < 1 ano de idade, já vacinados:
não revacinar; 1 ano de idade,
sem cicatriz ou com uma cicatriz
de BCG: aplicar uma dose;
● 2 cicatrizes de BCG: não
revacinar;
● Cicatriz vacinal incerta: aplicar
uma dose independentemente da
idade.
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Nadielson Abas | Enfermagem, UNCISAL
TRANSMISSÃO
A transmissão ocorre quando uma
pessoa com hanseníase, na forma
infectante da doença, sem tratamento,
elimina o bacilo para o meio exterior,
infectando outras pessoas suscetíveis,
ou seja, com maior probabilidade de
adoecer. A forma de eliminação do
bacilo pelo doente são as vias aéreas
superiores (por meio do espirro, tosse ou
fala), e não pelos objetos utilizados pelo
paciente. Estima-se que a maioria da
população possua defesa natural
(imunidade) contra o M. leprae. Portanto,
a maior parte das pessoas que entraram
em contato com o bacilo não adoeceram.
É sabido que a susceptibilidade ao M.
leprae possui influência genética. Assim,
familiares de pessoas com hanseníase
possuem maior chance de adoecer.
Obs: Pode ocorrer transmissão via
contato com a pele lesionada. Contudo,
para que isso ocorra é necessário uma
solução de continuidade, ou seja o outro
também precisa estar ferido e em contato
diretamente por um tempo prolongado.
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA
Hanseníase indeterminada: A
hanseníase indeterminada é a forma
inicial da doença, caracterizada por
manchas hipocrômicas ou
eritemato-hipocrômicas com
hipoestesia. Geralmente, são poucas
lesões, com bordas bem ou mal definidas.
Hanseníase tuberculóide: As lesões da
hanseníase tuberculóide podem
apresentar aspecto papuloso ou
tuberoso, agrupando-se em placas de
tamanhos variados e com boa
delimitação. Pode apresentar também
lesões circuncidadas ou anulares,
assimétricas, quase sempre únicas ou
pouco numerosas. A hipoestesia ou
anestesia é precoce e sempre ocorre.
Hanseníase dimorfa/borderline :As
lesões são infiltradas e a cor varia do
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Nadielson Abas | Enfermagem, UNCISAL
eritema à coloração ferrugínea. Lesões
anulares com borda interna nítida e
externa apagada são frequentemente
encontradas. Apresenta distribuição
assimétrica e a infiltração em um único
lóbulo auricular sela o diagnóstico. Além
disso, podem existir lesões com
características de ambas as
apresentações. O comprometimento dos
nervos é assimétrico e a instabilidade
imunológica faz com que esses pacientes
apresentem episódios reacionais
frequentemente.
Hanseníase virchowiana: A hanseníase
virchowiana é caracterizada por lesões
cutâneas eritemato infiltradas, com limites
externos pouco nítidos; tubérculos e
nódulos ocorrem com frequência.
Geralmente, são simétricas e localizam-se
em praticamente todo o corpo. As
infiltrações na face produzem a fácies
leonina; ocorre madarose bilateral. A
anestesia é tardia; é comum polineurite
simétrica. A hanseníase virchowiana
apresenta algumas variedades como a
forma difusa, conhecida como hanseníase
de Lúcio, diferenciada pela ausência das
lesões características da hanseníase. O
tegumento apresenta uma única
infiltração, a pele com aspecto luzidio com
perda dos pelos e alterações sensitivas.
Nesses pacientes, foram descritas lesões
necróticas de surgimento súbito. A outra
forma é a histoide, que é caracterizada
por lesões que lembram dermatofibromas.
Fonte: Google fotos.
DIAGNÓSTICOS
O diagnóstico de hanseníase deve ser
baseado na história de evolução da
lesão, epidemiologia e no exame físico.
Em algumas situações, os exames
subsidiários (baciloscopia e biópsia de
pele) podem ser necessários para auxiliar
o diagnóstico, porém sempre devemos
considerar as limitações desses
exames, valorizando essencialmente os
achados clínicos encontrados. Principais
achados:
● Manchas (brancas, avermelhadas,
acastanhadas ou amarronzadas)
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e/ou área (s) da pele com
alteração da sensibilidade
térmica (ao calor e frio) e/ou
dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);
● Comprometimento do (s) nervo
(s) periférico (s) – geralmente
espessamento (engrossamento) –,
associado a alterações sensitivas
e/ou motoras e/ou autonômicas;
● Áreas com diminuição dos pelos
e do suor;
● Sensação de formigamento e/ou
fisgadas, principalmente em
mãos e pés;
● Diminuição ou ausência da
sensibilidade e/ou da força
muscular na face, e/ou nas mãos
e/ou nos pés;
● Caroços (nódulos) no corpo, em
alguns casos avermelhados e
dolorosos.
O Ministério da Saúde do Brasil definiu
como caso de hanseníase o indivíduo que
apresente um ou mais dos seguintes
sinais cardinais e que necessita de
tratamento poliquimioterápico:
1. lesão(ões) e/ou área(s) da pele
com alteração da sensibilidade
térmica e/ ou dolorosa e/ou tátil; ou
2. espessamento de nervo periférico,
associado a alterações sensitivas
e/ou motoras e/ou autonômicas;
ou
3. presença de bacilos M. leprae,
confirmada na baciloscopia de
esfregaço intradérmico ou na
biópsia de pele.
Diagnóstico Clinico: O diagnóstico
clínico é realizado através do exame físico
onde procede-se uma avaliação
dermatoneurológica, buscando-se
identificar sinais clínicos da doença.
Antes, porém, de dar-se início ao exame
físico, deve-se fazer a anamnese
colhendo informações sobre a sua história
clínica, ou seja, presença de sinais e
sintomas dermatoneurológicos
característicos da doença e sua história
epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte
de infecção.
Diagnóstico dermatológico: A avaliação
dermatológica visa identificar as lesões de
pele próprias da hanseníase, pesquisando
a sensibilidade nas mesmas. A alteração
de sensibilidade nas lesões de pele é uma
característica típica da hanseníase. Deve
ser feita uma inspeção de toda a
superfície corporal, no sentido
crânio-caudal, seguimento por
seguimento, procurando identificar as
áreas acometidas por lesões de pele. As
áreas onde as lesões ocorrem com maior
frequência são: face, orelhas, nádegas,
braços, pernas e costas, mas elas podem
ocorrer, também, na mucosa nasal.
Devem ser realizadas as seguintes
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pesquisas de sensibilidade nas lesões de
pele: térmica, dolorosa, e tátil, que se
complementam.
Avaliação Neurológica: O processo
inflamatório desses nervos (neurite) é um
aspecto importante da hanseníase.
Clinicamente, a neurite pode ser
silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou
pode ser evidente, aguda, acompanhada
de dor intensa, hipersensibilidade, edema,
perda de sensibilidade e paralisia dos
músculos. No estágio inicial da doença, a
neurite hansênica não apresenta um dano
neural demonstrável, contudo, sem
tratamento adequado freqüentemente, a
neurite torna-se crônica e evolui,
passando a evidenciar o
comprometimento dos nervos periféricos:
a perda da capacidade de suar (anidrose),
a perda de pelos (alopecia), a perda das
sensibilidades térmica, dolorosa e tátil, e a
paralisia muscular.
Diagnóstico Laboratorial: A baciloscopia
é o exame microscópico onde se observa
o Mycobacterium leprae, diretamente nos
esfregaços de raspados intradérmicos das
lesões hansênicas ou de outros locais de
coleta selecionados: lóbulos auriculares
e/ou cotovelos, e lesão quando houver. É
um apoio para o diagnóstico e também
serve como um dos critérios de
confirmação de recidiva quando
comparado ao resultado no momento do
diagnóstico e da cura. Por nem sempre
evidenciar o Mycobacterium leprae nas
lesões hansênicas ou em outros locais de
coleta, a baciloscopia negativa não afasta
o diagnóstico da hanseníase.
Mesmo sendo a baciloscopia um dos
parâmetros integrantes da definição de
caso, ratifica-se que o diagnóstico da
hanseníase é clínico. Quando a
baciloscopia estiver disponível e for
realizada, não se deve esperar o
resultado para iniciar o tratamento do
paciente. O tratamento é iniciado
imediatamente após o diagnóstico de
hanseníase e a classificação do paciente
em pauci ou multibacilar baseado no
número de lesões de pele.
Diagnóstico Diferencial: A hanseníase
pode ser confundida com outras doenças
de pele e com outras doenças
neurológicas que apresentam sinais e
sintomas semelhantes aos seus. Portanto,
deve ser feito diagnóstico diferencial em
relação a essas doenças.
A principal diferença entre a hanseníase e
outras doenças dermatológicas é que as
lesões de pele da hanseníase sempre
apresentam alteração de sensibilidade. As
demais doenças não apresentam essa
alteração.
REAÇÕES HANSÊNICAS
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Nadielson Abas | Enfermagem, UNCISAL
São complicações inflamatórias agudas
que se apresentam como emergências
médicas, sendo a principal causa de
morbidade e incapacidade neurológica,
podendo surgir antes, durante ou depois
do tratamento poliquimioterápico.
Geralmente seguem fatores
desencadeantes, como o próprio início do
poliquimioterápico, reexposição a fontes
bacilíferas, infecções, vacinação,
gravidez, uso de medicamentos iodados,
estresse físico e emocional.
● A Reação Tipo 1 ou Reação
Reversa caracteriza-se por
exacerbação de lesões
preexistentes, por meio de
hiperestesia, eritema, edema e
posterior descamação.
● A Reação Tipo 2, também
chamada de eritema nodoso
hansênico (ENH) ocorre nas
formas Virchowiana e
Dimorfa-Virchowiana, com maior
frequência após o início do
tratamento (aproximadamente
após 6 meses). Caracteriza-se por
nódulos eritematosos, dolorosos,
que podem ulcerar e evoluir com
necrose e acometer todo o
tegumento.
TRATAMENTO
O tratamento da hanseníase é realizado
através da associação de medicamentos
(poliquimioterapia – PQT) conhecidos
como Rifampicina, Dapsona e
Clofazimina. Deve-se iniciar o tratamento
já na primeira consulta, após a definição
do diagnóstico, se não houver
contraindicações formais. O paciente PB
receberá uma dose mensal
supervisionada de 600 mg de
Rifampicina, e tomará 100 mg de
Dapsona diariamente (em casa). O tempo
de tratamento é de 6 meses (6 cartelas).
O paciente MB receberá uma dose
mensal supervisionada de 600 mg de
Rifampicina, 100 mg de Dapsona e de
300 mg de Clofazimina. Em casa, o
paciente tomará 100 mg de Dapsona e 50
mg de Clofazimina diariamente. O tempo
de tratamento é de 12 meses (12
cartelas).
Fonte: Google fotos.

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