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1 COMUNICAÇÃO E OUTRAS FERRAMENTAS PARA A SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA 1 SUMÁRIO 1. 1. VISÃO GERAL ..................................................................................................... 3 1.1 Comunicação .................................................................................................... 4 1.2 Histórico dos Principais Marcos Ligados à Sustentabilidade ...................... 5 1.3 Sustentabilidade ............................................................................................... 9 1.4 Triple Bottom Line .......................................................................................... 11 2 COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE ........................................................ 13 2.1 Comunicar a Sustentabilidade em Três Dimensões .................................... 14 2.1.1 Comunicação da Sustentabilidade ................................................................. 16 2.1.2 Comunicação para a Sustentabilidade ........................................................... 17 2.1.3 Sustentabilidade da Comunicação ................................................................. 18 2.2 O Papel do Comunicador ............................................................................... 19 3 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA ............................................................ 22 3.1 Case Ambev ..................................................................................................... 24 3.2 Case Braskem .................................................................................................. 25 3.3 Case Alcoa........................................................................................................ 26 3.4 Case Votorantim Cimentos ............................................................................... 27 3.5 Case O Boticário ............................................................................................... 28 3.6 Case Natura ...................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. VISÃO GERAL Para Pinochet (2014), a comunicação é considerada algo extremamente complexo, visto que existem, atualmente, várias formas e recursos tecnológicos para a realização dessa atividade. Devido à troca de mensagens, informações e consequente troca de experiências, grandes descobertas científicas foram realizadas. Sendo assim, o processo de comunicação é também o responsável por grandes avanços tecnológicos. De acordo com o guia de inovação da CEBDS (2015), a rapidez com que a tecnologia evolui, reduz as distâncias, aperfeiçoa os processos e transforma comportamentos ao proporcionar acesso à informação de uma forma nunca antes alcançada. Torna o dia a dia em casa e no trabalho mais prático e exige adaptação contínua. Grandes ou pequenas empresas, passam a desenvolver seus produtos, serviços e processos com vistas a essa nova sociedade, mais mutável e mais exigente. A longevidade das organizações exige que seu desenvolvimento seja sustentável e a sociedade exige inovação. Adotar o olhar da sustentabilidade nos departamentos torna-se, então, uma questão de sobrevivência. Para Souza et al (2010) um aspecto essencial da mudança que se percebe é a transformação da visão de um mundo-máquina para a visão do mundo como um sistema vivo. Como um sistema vivo, ele não pode ser rigidamente controlado por meio de intervenção direta. Mas, pode ser influenciado pela transmissão de orientações e emissão de impulsos. Esse novo estilo de administração induz à gestão ambiental associada à ideia de solução dos problemas ecológicos e ambientais da organização. Questões de sustentabilidade e gestão de recursos naturais surgiram globalmente devido aos problemas que as nações começaram a enfrentar com referência à produção de bens oriundos de recursos naturais escassos. A inserção da sustentabilidade nos modelos de gestão corporativa tem sido foco de interesse para atender a uma demanda imposta pela sociedade, que exige empresas socialmente responsáveis, interage com organizações que sejam éticas, tenham boa imagem institucional no mercado e atuem de forma ecologicamente responsável. Empresas passaram a incorporar a sustentabilidade em seu plano estratégico, trazendo em seus relatórios as questões ambientais, adotando sistemas de gestão 4 ambiental e investindo em procedimentos que possam reduzir os impactos ao meio ambiente. a) Comunicação Juski (2015) apresenta que, embora a reação espontânea de todos seja considerar o ato de se comunicar a conversa entre duas pessoas, ou seja, o diálogo entre emissor e receptor, não se pode definir apenas essa situação como comunicação. Outra tendência é achar que o objeto da comunicação são os seus “produtos”, ou seja, os produtos dos meios de comunicação, como programas de rádio, TV, cinema, entre outros. A comunicação não designa qualquer tipo de relação, mas, sim, aquela em que haja elementos coletivos, que se destacam de um fundo de isolamento. É imprescindível a intenção de romper esse isolamento e, por fim, carrega a ideia de uma realização em comum. A comunicação aparece como um produto social, indicando um processo bem delimitado no tempo, e não se confunde com a convivialidade, é necessário um compartilhamento para que ela se constitua enquanto tal, reforçando a ideia da intenção da relação, da troca e/ou do compartilhamento com o outro. “ O termo ‘comunicação’ refere-se ao processo de compartilhar um mesmo objeto de consciência, ele exprime a relação entre consciências.” Luiz Martino “ A comunicação é um processo social básico de produção e compartilhamento de sentido através da materialização de formas simbólicas.” Vera França 5 b) Histórico dos Principais Marcos Ligados à Sustentabilidade Historicamente, há vários marcos científicos e midiáticos que contribuíram para o aumento das questões voltadas para a questão da sustentabilidade. Esses foram reunidos no quadro abaixo. Quadro 1: Resumo dos marcos numa perspectiva histórica e cronológica DICA! Assista ao vídeo “Processo de Comunicação” disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_C3AmzKpJbQ 6 7 8 Fonte: Adaptada de Souza, Gobe, Rizzo, Santos, Silva, Aguiar, Gabrielli, Bacha, Albuquerque, Reis, Ceroni, Pasquale e Lage, 2010. 9 c) Sustentabilidade Juski (2015) sintetizou algumas definições apresentadas por diferentes autores acerca do conceito de sustentabilidade, como mostra a Figura 1. Figura 1 - Síntesedas principais concepções de sustentabilidade Fonte: Juski, 2015. Todas as distintas concepções de sustentabilidade carregam uma essência em comum: a preocupação com as gerações futuras e a mudança da relação de exploração homem-natureza para uma relação equivalente e harmônica do homem com o meio ambiente. Adotar uma perspectiva sustentável é reconhecer que não há uma única direção e modelo a ser seguido. O que existe é uma transição para a sustentabilidade e ações que convergem para a essência de ser sustentável, assim como formatar todas as ações segundo os três pilares da sustentabilidade: Prudência ecológica; Justiça social; 10 Viabilidade econômica. O guia de inovação da CEBDS (2015), apresenta o método criado nos anos 50 pelo ex-seminarista católico dinamarquês Ian Larson para o entendimento da sustentabilidade, chamado Modelo das Seis Dimensões, como mostra a Figura 2. O conceito entende que a sustentabilidade é formada por seis esferas que interagem e complementam-se: Esfera econômica; Esfera ambiental; Esfera social; Esfera cultural; Esfera política; Esfera espiritual. Figura 2: As seis dimensões da sustentabilidade Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 11 A dimensão espiritual não está ligada à religião, mas sim à individualidade. Cada uma das outras cinco dimensões existem pessoas, responsáveis pela operação das instituições e que formam um organismo vivo que exige o equilíbrio para que o sistema funcione como um todo. O conceito de sustentabilidade foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos anos 80, quando a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento formalizou o conceito de “desenvolvimento sustentável”: As necessidades da geração atual devem ser satisfeitas sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades. 2. d) Triple Bottom Line Nos anos 90, o sociólogo inglês John Elkington, decodificou o conceito de sustentabilidade com o conceito do Triple Bottom Line - Pessoas, Lucro e Planeta, Figura 3. Ele determina que as empresas devem buscar o equilíbrio entre três pilares: Econômico (Profit); Social (People); Ambiental (Planet). 1. SUGESTÃO DE LEITURA ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. PFLEEGER Shari L. Software engineering: theory and practice. 2 New Jersey: Prentice Hall; 2001. LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis: Vozes, 2001. 12 Figura 3: Triple Bottom Line Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. Para uma organização ser sustentável é preciso: Gerar renda e lucro, mas considerando regras de transparência e retorno integrado ao desenvolvimento da sociedade onde está inserida. Desenvolver atividades que considerem o menor impacto ambiental para seu desenvolvimento. Usar menos recursos naturais, não poluir e, com as tecnologias atuais, se apoiar em melhorias ambientais. Priorizar pessoas, com práticas que estimulem o desenvolvimento interno, com olhar para os colaboradores, e também externo considerando clientes, consumidores, vizinhos, instituições sociais e todo tecido social onde a companhia está presente. 13 2) COMUNICAÇÃO E SUSTENTABILIDADE Em outubro de 2008, o CEBDS realizou com cerca de 25 empresas associadas a pesquisa “Comunicação e Sustentabilidade: O que sua organização pensa e faz nesta área?”. Os resultados revelaram dados importantes e indicou tendências em Comunicação da Sustentabilidade e Comunicação para a Sustentabilidade. Para 100% dos respondentes, as empresas brasileiras precisam estar mais atentas ao desafio de comunicar a relação de seu negócio com a sustentabilidade. Das companhias entrevistadas, 30% usam guias e manuais de comunicação, redigidos internamente ou por terceiros, para orientar a divulgação de conteúdos relacionados à sustentabilidade, e 100% sentem a necessidade de uma publicação adequada à realidade corporativa brasileira. Os resultados estão apresentados na Figura 4. Figura 4: Pesquisa Comunicação e Sustentabilidade: O que sua organização pensa e faz nesta área? 14 Fonte: Guia de comunicação e sustentabilidade CEBDS, 2009. a) Comunicar a Sustentabilidade em Três Dimensões De acordo com o guia de comunicação e sustentabilidade da CEBDS (2009) a sustentabilidade, na atual era da informação globalizada e compartilhada em tempo real, não pode representar um paliativo para campanhas e ações de “esverdeamento” da imagem empresarial, diante das críticas crescentes e públicas. Muito pelo contrário, a sustentabilidade pode ser um direcionamento para as empresas, um caminho para a atuação ética, coerente, rentável e justa, que, por si, potencialize relacionamentos, gere percepção e ganhos em imagem e reputação, contando com essencial suporte das estratégias e ferramentas de comunicação. A escolha pela sustentabilidade deve estar explícita nas campanhas e nas mensagens- chave, ou seja, no posicionamento de cada empresa A comunicação e a sustentabilidade se relacionam em três dimensões, como apresentado na Figura 5: Comunicação DA Sustentabilidade Comunicação PARA A Sustentabilidade Sustentabilidade DA Comunicação “ A comunicação sustentável gera valor agregado para a empresa, pois passa a ser mais um fator de reconhecimento e valorização desta perante seus públicos de relacionamento ” Fernando Almeida 2. SUGESTÃO DE LEITURA UNEP – United Nations Environment Programme. Communicating sustainability: how to produce public campaigns. 2005. 15 Figura 5: As três dimensões da comunicação. Fonte: Guia de comunicação e sustentabilidade CEBDS, 2009. As três dimensões ajudam a entender que o mais importante é a coerência entre a realidade da empresa e o que ela comunica. Figura 6: Relação das três dimensões da comunicação. Fonte: Guia de comunicação e sustentabilidade CEBDS, 2009. 16 i) Comunicação da sustentabilidade O guia de comunicação e sustentabilidade da CEBDS (2009) apresenta que as empresas brasileiras se encontram em diferentes estágios de absorção, entendimento e incorporação do conceito de sustentabilidade e implementação da gestão sustentável. A publicação espontânea de relatórios de sustentabilidade as destaca em relação a outros países. Os relatórios de sustentabilidade são documentos gerados pelas empresas, nos quais elas declaram todo o seu desempenho econômico bem como seus impactos no meio ambiente e relação social onde operam em um determinado período. Espera- se que os relatórios contenham tanto as informações positivas quanto as negativas. A transparência deve ser a mais forte marca de um relatório de sustentabilidade, tão importante quanto “o que relatar” é “como relatar”. Outro indicador é a evolução das empresas brasileiras que vêm aderindo ao modelo de relatório de sustentabilidade GRI (Global Reporting Initiative). ATENÇÃO!! Comunicar exageradamente o que a empresa faz ou, pior, comunicar o que a empresa não faz pode ser prejudicial à reputação. FIQUE LIGADO!! Global Reporting Initiative [GRI] – Organização não governamental internacional, com sede em Amsterdã, Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo. 17 Dicas para comunicar a sustentabilidade: Pesquisar e monitorar os elementos componentes da sustentabilidade e seus impactos nos negócios da empresa, na concorrência e no mercado; Sensibilizar, mobilizar e engajar o público interno da empresa, os públicos derelacionamento e a sociedade em geral, com base nos valores, nos princípios e nas práticas sustentáveis da empresa; Fortalecer a cultura interna, com base nos valores e nas premissas da sustentabilidade da empresa; Fomentar a construção de uma identidade e da marca da empresa pautadas na sustentabilidade e com bases em atitudes reais e coerentes; Disseminar os valores (institucionais) e promover os produtos/serviços (comerciais/promocionais) tomando a sustentabilidade como fator de geração de valor agregado, desde que pautada em posturas e atitudes coerentes. Regra de ouro da comunicação da sustentabilidade: A AÇÃO VEM ANTES DA COMUNICAÇÃO. As ações e os programas de sustentabilidade das empresas precisam estar maduros, gerar resultados, oferecer continuidade e relevância. Nunca o contrário. ii) Comunicação para a sustentabilidade Algumas empresas atingem o estágio da gestão sustentável conhecido como Liderança Social. Para essas empresas, comunicar a sustentabilidade é também parte do processo de sustentabilidade, na medida em que a empresa assume seu papel de influenciadora de sua cadeia de valor e de seus públicos de interesse. Dicas na hora de comunicar para promover a sustentabilidade no setor da sua empresa ou, se possível, para além dele: Observar, observar e observar antes de agir; Colocar-se no lugar do ouvinte; Incluir públicos diversos como audiência das suas comunicações; Usar diferentes linguagens para as mensagens que deseja transmitir; 18 Apoiar-se em diferentes meios de comunicação: Web, rádios, mídias sociais, lideranças comunitárias, eventos diferentes, dinâmicas sociais, reunião de stakeholders, entre outros; Criar peças de comunicação atraentes; Contar histórias, usar o bom humor, mostrar exemplos motivadores; Diferenciar quais são as mensagens-chave que multiplicam e as que servem apenas para a sua empresa. Divulgue as que multiplicam, pois estimulam a transformação. Os estilos da comunicação têm de ser positivos e desenvolvidos de acordo com os diferentes contextos culturais e circunstâncias dos mercados e comunidades onde as empresas estão operando. Comunicar PARA a sustentabilidade é: Dividir aprendizados; Promover a educação sobre o tema; Incluir novos atores; Não manter o foco apenas na empresa, ampliando-o para os interesses gerais. iii) Sustentabilidade da comunicação Pode se pensar a Sustentabilidade da Comunicação como sendo o processo de as empresas comunicarem COM sustentabilidade. É a execução das estratégias de comunicação por meio de táticas e processos responsáveis, verdadeiros, éticos e que deixem a menor pegada ecológica possível. Pense a comunicação, também, como Triple Bottom Line, na esfera econômica, ambiental e social. Dicas para comunicar com sustentabilidade: Use bicicletas para entregas, em vez de motos. Se não for possível, faça os roteiros com os motoqueiros, para economizar e emitir menos carbono; Organize reuniões fora da empresa em um dia só, para usar melhor o tempo, os táxis ou saídas de carro. Espalhe a ideia para as pessoas com quem vai se encontrar; Imprima cada vez menos, use a Web para tudo. Relatórios podem ser feitos em hotsites; apresentações também. Folders? Eletrônicos. Confie na 19 integração das pessoas com a tecnologia e estimule esse comportamento, que economiza dinheiro e gera menos impacto; Se for imprimir, escolha formatos que otimizem o papel na hora do corte; Reduza a emissão de gases causadores do efeito estufa; Gere menos resíduos sólidos e líquidos, inclusive na linha de produção dos fornecedores; Use racionalmente a água e a energia em todos os processos gerados pela comunicação; Escolha ecofontes – usam menos tinta na impressão; Use colas, tintas e solventes à base de água para montar seus produtos; Use somente materiais (brindes, presentes, papel, pastas, embalagens, sacolas, lápis, canetas etc.) produzidos por ONGs ou cooperativas de comércio justo; Analise o descarte de materiais de campanhas internas; Valorize as ideias de toda a equipe; Abra espaço para a diversificação de gêneros, minorias étnicas e para a manifestação da diversidade cultural traz uma riqueza inestimável à comunicação; Garanta que os meios não sejam discriminatórios dentro da empresa. Defenda a publicação do mesmo conteúdo na newsletter eletrônica e no jornal mural da área de produção. Todos precisam ter acesso. A inclusão digital ainda é um processo em algumas empresas; Divulgue bons exemplos e melhores práticas, assim como as boas ideias e sugestões dos funcionários. b) O Papel do Comunicador Em empresas que buscam a sustentabilidade, para o comunicador ou outras funções, o ideal é desenvolver: Liderança Poder de influência e convencimento sobre os públicos estratégicos da empresa Planejamento de táticas e ações Estratégia e organização 20 Flexibilidade Além de ações como mostra a Figura 7: Figura 7 – O papel do comunicador Fonte: Guia de comunicação e sustentabilidade CEBDS, 2009. QUANDO O PROFISSIONAL VAI AO TRABALHO, O INDIVÍDUO NÃO FICA EM CASA O comunicador deve: Buscar a diversidade: racial, cultural e de gênero – ela traz uma riqueza inestimável ao trabalho; Executar suas funções e ações dentro das leis, regulamentações e recomendações dos órgãos reguladores e/ou representativos das atividades de comunicação; Não privilegiar determinados públicos, em detrimento de outros, na cessão de informações; Trabalhar com a ética acima de tudo; Ler, ler e ler. Um cidadão informado é um profissional mais crítico; Desenvolver uma boa metodologia de rede de relacionamento; Reduzir sua pegada ecológica. 21 FIQUE LIGADO!! Pegada Ecológica: a tradução, em hectares (ha), da extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar. 22 3) SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA O mapa da Figura 8 posiciona a comunicação no caminho entre a governança corporativa e o valor sustentável gerado. Figura 8: Mapa da Sustentabilidade Corporativa Fonte: Guia de comunicação e sustentabilidade CEBDS, 2009. O guia de inovação da CEBDS (2015) traz algumas recomendações e dicas sugeridas para a atuação dos departamentos das organizações a partir da visão do desenvolvimento sustentável. ENGAJE AS LIDERANÇAS: O engajamento dos times na busca de pensar de forma sustentável é premissa para a organização viver a sustentabilidade. Faça reuniões periódicas com a área de Sustentabilidade para alinhar a estratégia do negócio em conjunto, faça reuniões com as lideranças de diferentes áreas para entender quais são os desafios que precisam ser vencidos e estimular a criação de soluções baseadas no desenvolvimento sustentável do grupo. Eleve a inovação sustentável ao patamar de modelo de negócio. 23 PLANEJE: Mapeie as diretrizes de sustentabilidade já definidas e avalie se estão sendo praticadas ou podem ser melhor aplicadas. Avalie o que deve ser criado ou adaptado e o que só deve ser praticado. Grande parte das organizações já possuem diretrizes definidas, mas ficam na gaveta. CICLO DE VIDA: Adote um modelo sistemático de avaliação de ciclo de vida de produtos. Uma correta avaliação considera sempre a reciclagem, mas pense além, priorizando o desenvolvimento de produtos mais duráveis. EDUQUE: Avalie seu time do ponto de vista da sustentabilidade, se está preparado para atuar de forma atrelada ao desenvolvimento sustentável. Capacite as pessoas e garanta a aderência às práticas de inovação sustentáveis. Lembre-se que inovação e sustentabilidade evoluem de forma muito rápida, então é importante mantê-losatualizados com um modelo sistemático de capacitação e participação em workshops e seminários. PRÁTICAS AMBIENTAIS: No desenvolvimento de um novo produto ou serviço, avalie o uso de energia, água, emissão de gases e geração e destinação de resíduos. Busque sempre a neutralização de carbono de forma sistemática. Lembre- se da importância de divulgar avanços nos processos industriais para que outras organizações também possam atuar de forma consciente no uso de recursos naturais e impacto ambiental. BIODIVERSIDADE: A escolha de insumos é fundamental para garantir a sustentabilidade de produtos. Explore a biodiversidade ao máximo. O Brasil é um dos países mais ricos nesse sentido e, quanto melhor forem explorados os recursos naturais, menor o impacto ambiental e mais rico seu produto se torna. FINANCIE A INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL: Invista! Faça financiamentos com recursos próprios ou captados ou compartilhados, mas não deixe de investir. Instituições financeiras públicas e privadas possuem linhas de financiamento para a atuação das empresas dentro da visão do desenvolvimento sustentável. O governo brasileiro também estimula o investimento em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica com a Lei do Bem. A lei concede incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento, mas ainda é pouco utilizada pelas empresas. TECNOLOGIA: Novas ferramentas tecnológicas voltadas à otimização de recursos impactam diretamente nos indicadores ambientais do processo produtivo de empresas de todos os setores. 24 INSUMOS: Cabe à área de Inovação buscar continuamente o uso de insumos mais sustentáveis, considerando toda a cadeia de fornecedores. Estimule o departamento a desenvolver insumos mais sustentáveis. CULTURA: Motive a cultura da inovação junto aos profissionais com foco no desenvolvimento sustentável. Isso traz competitividade, ganho de mercado e longevidade para o negócio, além de agregar valor à marca. Estimule a contribuição de colaboradores com a criação de comitês, sistemas integrados de informações, programas de incentivo, mecanismos de feedback, canais para sugestões e eventos. ALÉM DE INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO DOS COLABORADORES POR DIFERENTES CANAIS, PREMIE AS MELHORES IDEIAS a) Case Ambev Desde 2011, a Ambev reúne projetos de incentivo à reciclagem que permeiam as esferas social, ambiental e econômica da sustentabilidade na plataforma Ambev Recicla. Em 2012, a companhia fez um grande avanço nesse âmbito, com o lançamento da primeira garrafa PET 100% reciclada do Brasil. A tecnologia pioneira entrou no mercado por meio de uma das marcas mais importantes do portfólio da empresa, o Guaraná Antarctica, estendendo-se posteriormente para outros produtos. Atualmente, 43% do Guaraná Antarctica, Soda Antarctica de 1,5 litro, 2 litros e 2,5 litros e da versão H2OH! são envasados com PET 100% reciclada e a meta é expandir a garrafa PET 100% reciclada para todo o portfólio da Ambev. Figura 9 - Resultados Ambev Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 25 b) Case Braskem Em 2010, a Braskem lançou no mercado um polietileno fabricado com matéria-prima renovável e 100% reciclável. O pioneirismo foi fruto da combinação de inovação e sustentabilidade, somados ao investimento de cerca de US$ 290 milhões. O Plástico Verde é produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar, enquanto o tradicional utiliza fonte fóssil, como petróleo ou gás natural. O produto mais sustentável mantém a competitividade, apresentando as mesmas características e desempenho para aplicação do polietileno tradicional e podendo ser normalmente reciclado e/ou reutilizado inúmeras vezes. O diferencial é que obtém balanço ambiental positivo, já que, durante o processo, a fotossíntese da cana-de-açúcar é responsável por capturar e fixar gás carbônico da atmosfera, colaborando para a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa. Enquanto a produção de uma tonelada de polietileno tradicional emite 2 toneladas de CO2 na atmosfera, o polietileno verde captura 2,15 toneladas de CO2. A sustentabilidade envolve toda a cadeia, desde os fornecedores, que devem seguir os princípios de respeito à biodiversidade e boas práticas ambientais propostos no “Código de Conduta para Fornecedores de Etanol” e os consumidores podem identificar os produtos que utilizam o Plástico Verde através do selo I’m Green, ambos desenvolvidos pela Braskem. Figura 10: Resultados Braskem. Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 26 c) Case Alcoa A produção de uma tonelada de alumínio gera, em média, quatro toneladas de resíduos de bauxita. Visando dar um destino correto aos resíduos de sua operação, a Alcoa, líder global em produção de alumínio, desde 2010 trabalha em parceria com universidades para dar ao insumo uma destinação ambientalmente adequada e viável. O resíduo da bauxita é um desafio mundial para as indústrias de alumínio, já que precisa de tratamento para ser armazenado sem prejudicar o meio ambiente. Por outro lado, o insumo pode ser aproveitado pelo setor cimenteiro, que hoje é responsável por 5% do CO2 emitido no planeta, tem como meta duplicar a produção e reduzir suas emissões em 44% até o ano de 2050. Diante deste cenário, a Alcoa já investiu mais de R$1 milhão em parcerias com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli). A primeira busca viabilizar a utilização de bauxita como matéria-prima na produção de clínquer, componente mais predominante e que mais emite CO2 do cimento Portland, substituindo fontes naturais não renováveis. A segunda trabalha na adição desses resíduos em cimentos compostos, em substituição ao clínquer. Figura 11: Resultados Alcoa. Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 27 d) Case Votorantim Cimentos A Votorantim Cimentos abriu mão de patente depois de investir em inovação por mais de uma década para substituição de clínquer no cimento, elemento responsável por 90% das emissões de Gases de Efeito Estufa do setor. O objetivo da decisão é estimular o mercado a adotar a inovação. O projeto iniciou para atender à demanda por cimento das usinas hidroelétricas de Jirau e Santo Antônio e tinha como desafio superar dificuldades como a distância dos empreendimentos em relação às unidades produtivas existentes, carência de fornecedores e de mão-de obra qualificada, escassez de calcário e outros insumos e a localização em plena região amazônica. Foi instalada uma fábrica de cimento pozolânico, em Porto Velho, viabilizada a partir da introdução de inovações de domínio da calcinação de argila para produção de pozolana, material que substitui 35% do clínquer presente no cimento por pozolana artificial, produzida a partir de argila disponível na região. Foi necessário também o desenvolvimento de um forno para queima da pozolana e de um desenho customizado da planta produtiva, visando otimização do processo produtivo e redução de seus impactos ambientais. O cimento pozolânico tem alta alcalinidade, menor porosidade e gera menor liberação de calor, sendo mais resistente e de maior durabilidade. A fábrica segue o princípio de contínuo incentivo à inovação promovido pela companhia em busca de eficiência, redução de emissões de GEE e desenvolvimento de soluções para redução dos impactos socioambientais de suas operações. Figura 12: Resultados Votorantim Cimentos. Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 28 e) Case O Boticário O eau de parfum Lilly Essence, lançado em 2006 pela marca O Boticário, ganhou nova embalagem em 2014, seguindo o posicionamento do Grupo Boticário de oferecer produtos inovadores desenvolvidos com as melhores práticas de sustentabilidade, com o compromisso de minimizar riscos e impactos sociais e ambientais ao longo de todo o ciclo de vida de seus produtos. Uma equipe interna e multidisciplinar pesquisouo comportamento dos consumidores da fragrância e idealizou um novo design que facilitasse seu manuseio. A quantidade de componentes utilizados na embalagem foi reduzida de oito para seis e a válvula com rosca e tampa foi excluída, mantendo apenas a borrifadora que, além de visualmente atrativa, utiliza um sistema on/off capaz de evitar vazamentos. Para diminuir a quantidade de papel, as informações explicativas do Lilly, que antes chegavam ao consumidor em um folheto encartado, agora aparecem impressas no cartucho. O resultado é um produto com impacto ambiental significativamente reduzido, sem perder suas características de luxo e sofisticação. Figura 13: Resultados O Boticário. Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 29 f) Case Natura A Natura busca reforçar sua identidade, marca e performance através da inovação tecnológica associada à dimensão de sustentabilidade. Nos últimos cinco anos, a companhia passou a adotar o conceito de ecodesign definido pela norma ISO 14006: “Integração dos aspectos ambientais na concepção e desenvolvimento de produtos, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais adversos ao longo do ciclo de vida do produto”. Com base nesse conceito, a companhia desenvolveu novas diretrizes e ferramentas de ecodesign que servem como suporte para a inovação em diversas frentes. Aplicando os princípios de ecodesign, as equipes vêm desenvolvendo novos produtos destacando atributos de sustentabilidade, em embalagens e formulações, diferenciando os produtos Natura em consonância com seus compromissos corporativos. Como exemplo de aplicação dessa metodologia, as linhas de perfumes usam exclusivamente álcool orgânico, produzido sem agrotóxico e adubos de síntese, e incluem 18 óleos essenciais da biodiversidade brasileira produzidos de forma sustentável. Além disso, a Natura lançou em 2015 as primeiras embalagens de perfumes produzidas no Brasil com vidro reciclado pós-consumo. A tecnologia, que vinha sendo estudada desde 2006, poupa a extração de matéria-prima virgem e, consequentemente o gasto em transporte e energia, reduz resíduos e emissões de gases de efeito estufa e incentiva a reciclagem. Além disso, o uso de material reciclado pós-consumo nas embalagens é uma das metas da nova Visão de Sustentabilidade da Natura. Inicialmente, o vidro reciclado foi incorporado a partir de 2015 numa média de 20% da massa dos frascos de algumas marcas de grande representatividade da empresa, como: Natura Humor, Kaiak clássico, Essencial masculino clássico e Natura Ekos Frescor. A expectativa é que ao longo dos próximos anos o material vá sendo introduzido em outras marcas e um dos desafios é que, até 2020, seja utilizado no mínimo 10% de material reciclado pós-consumo na massa total das embalagens Natura no Brasil. 30 Figura 14: Resultados Natura. Fonte: Guia de Inovação CEBDS, 2015. 31 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEBDS. Guia de Comunicação e Sustentabilidade. Rio de Janeiro. 2009. CEBDS. Guia de Inovação: Como inserir a sustentabilidade em seus processos. Rio de Janeiro. 2015. JUSKI, Juliane do Rocio. Um estudo sobre o papel da comunicação para a sustentabilidade no contexto organizacional. Dissertação Metrado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015. 144 p. PINOCHET, Luis. Tecnologia da informação e comunicação. Rio de Janeiro. 1ª Edição. Elsevier, 2014. SOUZA, Ana Luiza; GOBE, Antônio Carlos; RIZZO, Esmeralda; SANTOS, Jorgina; SILVA, José Maurício; AGUIAR, Leonel; GABRIELLI, Lourdes; BACHA, Maria de Lourdes; ALBUQUERQUE, Maria Elisa; REIS, Mariza; CERONI, Mary; PASQUALE, Perrotti; LAGE, Sandrine. Comunicação e sustentabilidade: Conceitos, contextos e experiências. Rio de Janeiro. E-papers, 2010.
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