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1 DISFUNÇÕES CINESIOLÓGICAS E BIOMECÂNICAS DA COLUNA VERTEBRAL 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2. CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL ........................... 4 2.1 Músculos da Coluna ....................................................................................... 9 2.2 Biomecânica da Coluna Vertebral ................................................................ 16 2.3 Biomecânicas os Movimentos e a Cinesiologia............................................ 22 2.4 Biomecânica da Coluna Lombar .................................................................. 25 3. A COLUNA VERTEBRAL - O QUE VOCÊ PRECISA SABER ............................ 28 3.1 Doenças da Coluna Vertebral ...................................................................... 31 3.2 Principais Disfunções Posturais ................................................................... 32 3.3 Principais Disfunções Causadoras de Lombalgia ........................................ 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO A coluna vertebral se estende desde a base do crânio até a extremidade caudal do tronco. É constituída de 33 ou 34 vértebras superpostas e intercaladas por discos intervertebrais. As vértebras sacras soldam-se entre si, constituindo um único osso sacro, assim como as coccígeas, que formam o cóccix. A pelve é a base da coluna é onde os membros inferiores se articulam. Superiormente, articula-se com o osso occipital e inferiormente, com o Ilíaco. É dividida em quatro regiões: Cervical, Torácica, Lombar e Sacrococcígea. A coluna vertebral apresenta três funções básicas: Suporte Proteção da medula espinhal no canal vertebral. Movimento, as vértebras articuladas entre si oferecem toda mobilidade da coluna vertebral. A função primária da coluna vertebral é mecânica: proporcionar ao corpo certa rigidez longitudinal, permitindo movimento entre suas partes. Secundariamente, constitui uma base firme para sustentação de estruturas anatômicas como costelas e músculos abdominais, permitindo a manutenção de cavidades corporais com forma e tamanho relativamente constantes, além de envolver a medula espinha. O movimento entre duas vértebras envolve sempre três articulações: o disco intervertebral, na frente, e as duas articulações facetarias atrás. Esses movimentos são muito limitados, mas a soma da pequena mobilidade de cada segmento faz com que a coluna como um todo possa mover-se amplamente em todas as direções. As disfunções da coluna vertebral formam um grupo de patologias que atinge a humanidade. Diz-se que 90% da população sofrem ou sofrerão com algum problema de coluna. 4 CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL Figura 1 Fonte: Google A coluna é um complexo que apresenta seis graus de liberdade, realizando os movimentos de: Flexão, extensão, inclinação lateral direita, inclinação lateral esquerda, rotação direita, rotação esquerda. Os tecidos Moles (músculos, ligamentos, cápsulas, tendões, discos) são eles que dão a flexibilidade para coluna vertebral. A coluna é o eixo central do corpo. Movimentos das Vértebras Flexão (Inclinação anterior) Deslizamento. Compressão Tensão Extensão (inclinação posterior) Deslizamento Compressão Tensão Inclinação Lateral (Direita e Esquerda). Deslizamento Inclinação Compressão Tensão Rotação: 5 Cervical: Rotação do mesmo lado. Torácica: Rotação do lado oposto. 4ºLombar: Rotação do lado oposto. 5ºLombar: Rotação do mesmo lado. Rotação (Direita e Esquerda) Deslizamento Compressão Tensão Inclinação Curvaturas Fisiológicas. A coluna apresenta várias curvaturas consideradas fisiológicas. Lordose Cervical: convexidade voltada ,anteriormente. Cifose Torácica: convexidade voltada, posteriormente. Lordose Lombar: convexidade, voltada anteriormente. Cifose Sacral: convexidade voltada, posteriormente. Todo ser apresenta uma curvatura lateral meio acentuada sendo normal de 5º a 10º, se essa curvatura ultrapassar essa média considerada normal já é uma curvatura Patológica. Escoliose Figura 2 Fonte: Google 6 A escoliose é um desvio da coluna vertebral para a esquerda ou direita, resultando em um formato de "S". É um desvio da coluna no plano frontal acompanhado de uma rotação e de uma gibosidade (corresponde a uma latero-flexão vertebral). A escoliose é uma deformidade vertebral de diversas origens. Os seres humanos Brevilinos (pessoas com estatura baixa) apresentam maior mobilidade na coluna vertebral, 94% apresentam curvaturas mais acentuadas. Os longilíneos (pessoas com estatura alta) apresentam menor mobilidade na coluna vertebral, 96% apresentam curvaturas menos acentuadas. Discos Intervertebrais Figura 3 Fonte: Google Entre um corpo vertebral e outro, servindo como um amortecedor anatômico perfeito encontramos os Discos Intervertebrais. O disco intervertebral é formado por duas partes: uma central o núcleo pulposo e uma parte periférica o anel fibroso. O núcleo pulposo tem aspecto gelatinoso, constituído por polissacarídeos e 88% de água. O núcleo não é inervado nem vascularizado. O anel fibroso é constituído por uma sucessão de camadas concêntricas, cuja obliquidade é cruzada quando se passa de uma camada para outra. Contata-se que na periferia do anel, as fibras são verticais e vão se horizontalizando à medida que se aproximam do núcleo. O núcleo pulposo tem como características a hidrofílica, ou seja, há a tendência em absorção de água, sobretudo com a diminuição das pressões exercidas sobre o 7 disco. Assim é que, deitado e em repouso, há um aumento da espessura do disco enquanto que, em carga, este disco tende a achatar-se. O anel fibroso do disco aprisiona o núcleo enquanto que, disco lesado faz com que o núcleo escape pelas rachaduras do anel. O disco comporta-se da seguinte forma nos movimentais: em compressão axial, o núcleo tem tendência a espalhar-se lateralmente. Em alongamento axial, há a tendência de retorno da sustância gelatinosa. Em flexão, o núcleo migra para trás. Em extensão, para frente. Em inclinação lateral, para o lado oposto e, em rotação, o núcleo é comprimido e esmagado e tende a infiltrar-se por todas as falhas do sistema do anel fibroso. Biomecânica do Disco Intervertebral Figura 4 Fonte: Google 8 Flexão (Inclinação anterior) Deslizamento. Compressãona porção anterior do disco (anel fibroso) deslocamento do núcleo para o lado oposto da inclinação, Tensão na porção posterior do disco. Desabitação (afastamento das facetas articulares). Os tecidos moles da porção anterior implicam no movimento. Extensão (inclinação posterior) Deslizamento Compressão na porção posterior do disco (anel fibroso) deslocamento do núcleo para o lado oposto da inclinação. Tensão na porção anterior do disco. Pequena imbricação (aproximação das facetas articulares). Os tecidos moles da porção posterior implicam no movimento. Hiperextensão Deslizamento Compressão na porção posterior do disco (anel fibroso) deslocamento do núcleo para o lado oposto da inclinação. Tensão na porção anterior do disco. Imbricação (aproximação das facetas articulares). Toque das estruturas ósseas, (processos espinhosos e facetas articulares). Os tecidos moles da porção posterior implicam no movimento. Inclinação Lateral (Direita e Esquerda) Deslizamento Compressão na porção lateral do disco (anel fibroso) deslocamento do núcleo para o lado oposto da inclinação. Tensão na porção oposta da inclinação. Rotação Cervical: Rotação do mesmo lado. Torácica: Rotação do lado oposto. 9 4ºLombar: Rotação do lado oposto. 5ºLombar: Rotação do mesmo lado. Desabituação afastamento das facetas articulares na porção oposta da inclinação. Imbricação aproximação das facetas articulares na porção da inclinação. Os tecidos moles do lado oposto limitam o movimento. Rotação (Direita e Esquerda) Deslizamento Compressão na porção do movimento. Tensão na porção oposta a rotação. Desabituação as facetas articulares se afastam. Inclinação vertebral no lado da rotação. Os tecidos moles do lado oposto limitam o movimento. 1.1. Músculos da Coluna Figura 5 Fonte: Google 10 Músculos Posteriores Camada Profunda (Paravertebrais) Os músculos paravertebrais (semi-espinhais, multifidos, rotadores, interespinhais, intertransversários) atuam na cadeia posterior do tronco de forma estática, tendo a função principal de manter o tronco ereto durante todo o tempo que estamos em pé ou sentados.Os músculos paravertebrais são músculos lordosantes puxam a coluna para a frente. Músculos Posteriores Camada Profunda (Eretores) Os músculos Eretores (iliocostais, longuíssimos do tórax e Espinhais) atuam na cadeia posterior do tronco de forma dinâmica, tendo função principalmente de manter a coluna nos movimentos. Músculos Antero - laterais (Abdominais) O grupo dos abdominais (reto do abdome, oblíquos superior e inferior, transveso do abdome) atua na cadeia anterior do tronco são os músculos unicamente dinâmicos do tronco, responsáveis pelo movimento e estabilidade, sendo importante mantê-los fortalecidos e resistentes (parte superior, inferior e oblíquos). Músculos Adicionais. Os músculos adicionais são os músculos Íliopsosas e o Quadrado Lombar. Principais Ligamentos da Coluna Vertebral: Ligamento Amarelo: Limita a flexão. Ligamento Interespinhais e supra-espinhais: Limita a flexão. Ligamento Intertransversários: Limita a flexão lateral contralateral. Ligamento Longitudinal anterior: Limita a extensão ou lordose excessiva das regiões cervical e lombar. Ligamento Longitudinal posterior: Limita a flexão, reforça o anel fibroso posteriormente. Cápsula das articulações dos processos articulares: Fortalece e suporta a articulação dos processos articulares. 11 Medula Espinhal e Meninges Anatomia. Sistema Nervoso Central: Cérebro e Medula Espinhal, a medula espinhal tem origem no crânio e se estende até o final do canal vertebral. O sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges que são classificadas como três: dura-máter, aracnóide e pia-máter. Dura-máter: É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos. É formada por dois folhetos: um externo e um interno. Aracnóide: É uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas. A aracnóide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo que contem líquor. Pia-máter:É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. Sistema Nervoso Periférico: É formado pelas raízes nervosas, são elas as responsáveis por levar e trazer todas as informações e conduzem para o SNC. As raízes nervosas inervão os órgãos e músculos. Qualquer movimento na coluna vertebral gera uma tensão na Raiz Nervosa oposta ao movimento. Problemas na coluna podem estar relacionados com alguns órgãos, por causa das raízes nervosas que inervão aquele órgão, no seu trajeto esta havendo alguma compressão. 12 Biomecânica da Medula Espinhal Flexão (inclinação anterior) Aumento do canal vertebral A medula é alongada no lado do movimento. Tensão nas raízes nervosas oposta ao movimento. Extensão (inclinação posterior) Diminuição do canal vertebral Medula espinhal relaxada. Tensão nas Raízes nervosas oposta ao movimento. Inclinação Lateral (Direita e Esquerda) Lado da inclinação, medula espinhal relaxada. Lado oposto da inclinação, medula espinha alongada. Tensão nas Raízes Nervosas oposta ao movimento Rotação (Direita e Esquerda) Lado da inclinação, medula espinhal relaxada. Lado oposto da inclinação, medula espinha alongada. Tensão nas Raízes Nervosas oposta ao movimento A cintura Pélvica e as Articulações Sacrilíacas A cintura pélvica éformado pela união dos ossos, ílio, ísquio e púbis. Os ossos ilíacos direito e esquerdo articulam-se anteriormente um com um outro na sínfise púbica e posteriormente com o sacro por meio das articulações sacroiliacas. Ocorre uma leve movimentação nessas três articulações para atenuar as forças à medida que elas são transmitidas através da região pélvica, mas a pelve basicamente funciona como uma unidade em cadeia fechada. A cintura pélvica apresenta quatro articulações; sacroiliaca, sínfise púbica e sacrococcígea. 13 Alinhamento Pélvico Para determinar o alinhamento pélvico normal na posição ereta podem-se adotar dois planos de referência: Vista lateralmente, uma linha vertical deve coincidir com a sínfise púbica e as espinhas ilíacas antero-superiores. Uma linha horizontal deve coincidir a espinha ilíaca antero-superior e a espinha ilíaca postero-superior. Biomecânica da Pelve Figura 6 Fonte: Google A pelve é o elo de ligação entre a coluna e os membros inferiores. O movimento da pelve causa o movimento das articulações dos quadris e da coluna lombar. A musculatura do quadril causa o movimento pélvico por meio da ação reversa. Os músculos flexores do quadril causam uma inclinação pélvica anterior; os músculos extensores do quadril, uma inclinação pélvica posterior, e os músculos abdutores e adutores causam uma inclinação pélvica lateral. Os músculos rotadores causam a rotação pélvica. Para prevenir a movimentação pélvica excessiva quando o fêmur se move na articulação do quadril, a pelve precisa ser estabilizada pelos músculos abdominais, eretor da espinha, multifido e quadrado lombar. Inclinação pélvica anterior (Anteroversão) As espinhas ilíacas antero-superiores da pelve movem-se nas direções anterior e inferior e, desse modo, se aproximam da face anterior do fêmur à medida que a pelve roda para frente em torno do eixo transverso das articulações do quadril.Isso resulta em flexão do quadril e aumento da extensão lombar da coluna. 14 -Os músculos que causam esse movimento são os flexores do quadril (Iliopsoas, Reto femoral, Sartório e Tensor da Fáscia Lata) e extensores da coluna. Inclinação Pélvica Posterior (Retroversão) As espinhas ilíacas póstero-superiores da pelve movem-se posteriormente e inferiormente, aproximando-se assim da face posterior do fêmur à medida que a pelve roda para trás em torno do eixo das articulações dos quadris. Isso resulta em extensão do quadril e flexão da coluna lombar. -Os músculos que causam esse movimento são os extensores do quadril (Reto do abdome e oblíquos externo e interno, Glúteo máximo, Glúteo médio, Isquiotibiais) e flexores do tronco. Inclinação Pélvica Lateral O movimento pélvico no plano frontal resulta em movimentos opostos em cada articulação do quadril. O movimento pélvico é definido pelo que está ocorrendo na crista ilíaca da pelve do lado oposto ao membro que está se apoiando o peso (ou seja, o lado da pelve que está se movendo). Quando a pelve se eleva, isso é chamado elevação do quadril; quando se abaixa, é chamado queda do quadril ou da pelve. No lado que está elevado, ocorre adução do quadril; no lado que está abaixado, ocorre abdução do quadril. Quando se está em pé a coluna lombar flexiona lateralmente em direção ao lado da pelve elevada. Os músculos que promovem a inclinação pélvica lateral incluem o quadrado lombar no lado da pelve elevada e a tração muscular reversa do glúteo médio no lado da pelve abaixada. Rotação Pélvica A rotação ocorre em torno de um membro inferior que está fixado no solo. O membro inferior sem apoio balança para a frente ou para trás com a pelve. Quando o lado da pelve que não está apoiado se move para frente, isso é chamado Rotação anterior da pelve. O tronco roda simultaneamente na direção oposta, enquanto o fêmur sobre o lado estabilizado roda internamente. Quando o lado da pelve sem apoio se move para trás, isso é chamado Rotação posterior, o fêmur sobre o lado estabilizado roda externamente, ao mesmo tempo em que o tronco roda na direção oposta. 15 Esse movimento é realizado pelo músculo Iliopsoas. Alterações Posturais da Pelve Alteração Postural em anteroversão pélvica A pelve inclina-se para frente diminuindo o ângulo entre a pelve e a coxa anteriormente, resultando em flexão da articulação do quadril, assim a coluna inferior irá se arquear para frente criando um aumento na curvatura para frente (lordose) da coluna lombar. Sendo que esta alteração pode ocorrer pela fraqueza dos músculos abdominais (retos e oblíquos). Alteração Postural de inclinação pélvica lateral A pelve se inclina lateralmente e um lado fica mais alto que o outro assim as curvaturas da coluna lombar ficam com uma convexidade em direção ao lado baixo (escoliose), desta forma a perna do mesmo lado fica em “adução postural” e a posição do quadril faz com que uma perna fique aparentemente mais longa que a outra. Essa alteração postural pode ser provocada pela retração unilateral do tensor da fáscia lata e bandailiotibial, que provocará inclinação para o lado da retração, e/ou pela fraqueza dos abdutores do quadril e glúteo médio de um lado que farão com que a pelve se incline para baixo e para o lado mais baixo. Alteração postural de rotação pélvica A hemipelve em relação ao lado oposto, pode ser provocada pela contratura do músculo iliopsoas, e geralmente acompanha uma inclinação pélvica lateral para frente, do lado em que o quadril está alto. Cintura Pélvica – Músculos Motores e Estabilizadores da Pelve. Músculos Intrínsecos. Os músculos Intrínsecos do assoalho pélvico são compostos pelos Diafragmas Urogenital e Pélvico, esses músculos fecham inferiormente a pelve óssea. Os músculos intrapélvicos são os músculos obturador interno e piriforme que recobrem a parede óssea da cavidade pélvica, esses músculos apresentam atividades involuntárias (reflexas) e atividades voluntárias como o controle da micção, da defecação, da nidação, dos esfíncteres vesicais e anais durante tosse e espirro além de sustentar as vísceras intrapélvicas. 16 1.2. Biomecânica da Coluna Vertebral Biomecânica, a aplicação dos princípios mecânicos nas funções do corpo humano, nos ajuda a entender como os componentes da coluna vertebral, ossos e partes moles, contribuem, individualmente e juntos, para manter a estabilidade da coluna vertebral e, também, como, as doenças degenerativas, traumas, tumores podem interferir na estabilidade da coluna. As principais funções da coluna vertebral são proteger a medula espinal e raízes espinhais, prover movimento ao tronco e manter a posição ortostática (de pé) alinhada e equilibrada. A unidade funcional da coluna vertebral (Figura a seguir), composta pelo corpo vertebral, arco posterior (apófises espinhosas e transversas), disco intervertebral, ligamentos e músculos de duas vértebras adjacente é a estrutura fundamental para manter a estabilidade e movimento da coluna vertebral. Figura 7: Unidade Funcional da Coluna vertebral Fonte: Google A unidade funcional da coluna vertebral executa vários movimentos isolados e integrados (Figura a seguir). Os discos e ligamentos contribuem, estruturalmente, na realização do movimento, mas tem uma segunda função, também muito importante. Agem como informantes do sistema nervoso central, funcionando como sensores de 17 ajustes dos movimentos, controlando o grau de atividade muscular e a coordenação fina de cada tarefa motora. Figura 8: Movimentos da coluna vertebral Fonte: Google A estabilidade da coluna vertebral é o requisito básico para proteger as estruturas nervosas e prevenir a deterioração mecânica precoce dos componentes da coluna vertebral. Para ficarmos em pé, há necessidade que a linha de gravidade se projete entre nossos pés e a coluna vertebral é muito importante neste processo de equilíbrio (Figura a seguir), pois é o eixo rígido de suporte do tronco e abdômen. 18 Figura 9: Relação entre Coluna Vertebral e Linha de Equilíbrio Fonte: Google Instabilidade vertebral é o aumento do grau de movimento em um ou mais segmentos e pode estar associada com a ocorrência de dor local ou irradiada para os membros. A instabilidade pode ser avaliada por uma radiografia dinâmica da coluna vertebral (Figura a seguir). Figura 10: Movimento de Flexão, Posição neutra e Extensão da coluna cervical Fonte: Google 19 A estabilidade da coluna vertebral depende de três sistemas 1. Passivo a. Arquitetura vertebral e densidade mineral óssea b. Discos intervertebrais c. Facetas articulares d. Ligamentos e. Curvas fisiológicas da coluna 2. Músculos e tendões 3. Controle do sistema nervoso central Figura 11: Sistema Integrado Controle Estabilidade Coluna Vertebral Fonte: Google A manutenção passiva da estabilidade depende da integridade das estruturas envolvidas: osso, disco intervertebral e ligamentos. Os músculos formam o sistema ativo de manutenção da estabilidade, agindo de forma dinâmica durante a execução dos movimentos. O sistema nervoso central recebe e processa as informações periféricas, fazendo os ajustes necessários para manter a estabilidade. A perda da densidade mineral óssea, vista na osteopenia ou osteoporose, pode levar à instabilidade, porque os ossos, enfraquecidos, não conseguem suportar as cargas geradas pelas atividades diárias. Também, as lesões degenerativas ou traumáticas dos ossos e das outras estruturas podem causar instabilidade. 20 A instabilidade degenerativa, que pode acometer discos e articulações interapofisárias, é considerada uma das principais causas de dor na coluna vertebral. No entanto, a avaliação da instabilidade aindaé difícil nos ambientes clínicos e pelas imagens. As avaliações por imagem: radiografias, tomografias e ressonância magnética são exames estáticos, que mostram as alterações estruturais, mas não mostram a relação da instabilidade com a dor. Assim, a avaliação clínica da dor: tipo, local, fatores de melhora e piora e da condição funcional do paciente associada à avaliação por imagem é determinante para o diagnóstico mais acurado de cada caso. A coluna vertebral, na posição de pé, durante as atividades regulares suporta até duas vezes o peso corporal. Durante a elevação de um peso do chão, esta sobrecarga pode chegar até a cinco vezes o peso do corpo. As pressões geradas dentro do disco intervertebral durante a realização das atividades de vida diária podem ser vistas na Figura a seguir. Considera-se a pressão intradiscal igual a 100%, quando a pessoa está de pé. As demais variações nas diferentes posições são dadas em relação a esta medida. Figura 12: Pressão intradiscal (porcentagem) de acordo com a posição e atividade realizada Fonte: Google A pressão intradiscal na posição em pé é menor que na posição sentada (Figura a seguir). Observar, também, que manter o tronco ereto na posição sentada diminui a 21 pressão intradiscal. Uma boa orientação, para dminuir a pressão intradiscal é sentar com apoio nas costas, mantendo o tronco ereto. Figura 13: Pressão intradiscal em pé, deitada e sentada com e sem tronco ereto Fonte: Google Uma dica muito importante, para manter a saúde e estabilidade da coluna vertebral é aprender como fazer a inclinação anterior do tronco e como levantar um peso do chão. Recomendações 1. Se puder evitar, não levante um objeto pesado e grande do chão, esta atitude protege sua coluna lombar. 2. Tome sempre cuidado quando for inclinar o seu tronco para frente, procure fazer o movimento de forma lenta e controlada. 3. Procure não fazer o movimento de rotação do tronco associado com a inclinação anterior ou posterior. 4. Mas, se você tiver mesmo que levantar um objeto de altura mais baixa, NUNCA INCLINE O TRONCO para frente com as pernas estendidas, sempre faça uma flexão com as pernas (Figura a seguir). 22 Figura 14: Movimento certo e errado para levantar um peso do chão Fonte: Google Lembrar sempre que a inclinação anterior do tronco associada com peso levantado causa uma enorme pressão dentro do disco intervertebral e acarreta sérios riscos de lesão. Além disso, manter uma coluna estável sem dores e limitações depende de uma boa condição muscular. Músculos fortes são importantes para manter a flexibilidade, o movimento e a estabilidade, principalmente pelo seu papel de informante do sistema nervoso central. Além disso, manter uma coluna estável sem dores e limitações depende de uma boa condição muscular. Músculos fortes são importantes para manter a flexibilidade, o movimento e a estabilidade, principalmente pelo seu papel de informante do sistema nervoso central. 1.3. Biomecânicas os Movimentos e a Cinesiologia A biomecânica lida com os movimentos e a cinesiologia, considerando a anatomia em relação aos movimentos do corpo. O conhecimento sobre a biomecânica é importante para a compreensão do desenvolvimento e para o tratamento das deformidades vertebrais. A translação e o movimento linear ocorrem sobre um único eixo, mas a rotação ocorre sobre o eixo longo de uma estrutura ou sobre seu centro de rotação. Na coluna 23 vertebral, frequentemente, esses movimentos são associados, por exemplo: movimentos laterais de coluna são acompanhados de um movimento rotacional. Já quando ocorre falha nos mecanismos estabilizadores da coluna, ocorrerão possíveis deformidades vertebrais levando a alterações do eixo e comprimento da coluna vertebral. Movimentos da coluna vertebral Figura 15 Fonte: Google Os movimentos da coluna são, em geral, o somatório de pequenos movimentos de vértebras adjacentes, resultando em ampla extensão da mobilidade da coluna como um todo. Flexão A flexão da coluna requer o relaxamento do ligamento longitudinal anterior e o estiramento dos ligamentos supraespinhal, infraespinhal e ligamento posterior. Na flexão, a cabeça e o tronco movem-se em direção anterior. Na parte superior das costas, a coluna normalmente se curva convexamente para trás. A flexão aumenta essa curva, resultando em um arredondamento da parte superior das costas. Em virtude do tamanho dos corpos vertebrais e da presença das costelas, ela será reduzida no segmento torácico da coluna. A flexão, pela inclinação da cabeça para frente, geralmente resulta apenas em retificação da coluna cervical. Semelhantemente, na região lombar, a coluna curva-se convexamente para frente, retificando-se, e a região mostra-se plana. 24 Extensão A extensão da coluna estira o ligamento longitudinal anterior e relaxa os ligamentos posteriores. Na extensão da coluna, a cabeça e o tronco movem-se em direção posterior. Seria uma flexão posterior. No pescoço e região lombar, a extensão resulta em um aumento nas curvaturas normais à medida que a coluna vertebral dobra-se para trás. Já na região torácica superior e média ela resulta em uma diminuição da curva normal e retificação da coluna, de vez que esta parte não se dobra para trás onde a grande inclinação dos processos espinhosos bloqueia o movimento.Flexão lateral A flexão lateral não é um movimento puro, pois ocorre em concordância com elementos de rotação em alguns segmentos da coluna. O alcance deste movimento é limitado pelos ligamentos circunjacentes. Pode ser à direita ou à esquerda. É o mais limitado dos movimentos cervicais, ampliando-se quando conjugada a rotação de cabeça. É máxima no segmento lombar da coluna e reduzida no segmento torácico. Rotação Resulta da soma de pequenas torções entre vértebras adjacentes, permitidas por seus discos intervertebrais e a natureza das respectivas articulações sinoviais. Em movimentos combinados a rotação amplia-se. No segmento cervical, ela é máxima quando combinada com flexão lateral. Existe na região torácica, mas é mínima na lombar. 25 1.4. Biomecânica da Coluna Lombar Figura 15 Fonte: Google A função primária da coluna vertebral é mecânica: proporcionar ao corpo certa rigidez longitudinal, permitindo movimento entre suas partes. Secundariamente, constitui uma base firme para sustentação de estruturas anatômicas como costelas e músculos abdominais, permitindo a manutenção de cavidades corporais com forma e tamanho relativamente constantes, além de envolver a medula espinhal (Vasconcelos, 2004). O movimento entre duas vértebras envolve sempre três articulações: o disco intervertebral, na frente, e as duas articulações facetárias atrás. Esses movimentos são muito limitados, mas a soma da pequena mobilidade de cada segmento faz com que a coluna como um todo possa mover-se amplamente em todas as direções (Abreu, 2009). Movimentos Articulares da Coluna Lombar A coluna lombar em sua amplitude movimento normal realiza movimentos de (Hoppenfeld, 1987): • Flexão lombar; • Extensão lombar; • Inclinação lateral à direita; • Inclinação lateral à esquerda. 26 O movimento de flexão da coluna lombar ocorre no plano sagital. O músculo retoabdominal é o flexor primário do tronco, auxiliado pelos músculos oblíquo interno e externo do abdômen. Durante esse movimento a vértebra superior desliza anteriormente e o núcleo pulposo do disco intervertebral se desloca posteriormente, tensionando as fibras posteriores do anel fibroso. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 90° (Hoppenfeld, 1987). Movimento de Flexão da Coluna Verbal O movimento de extensão da coluna lombar ocorre no plano sagital. Os extensoresdo tronco são os músculos eretores da espinha, que incluem o iliocostal torácico, o longuíssimo dorsal, o espinhal torácico e o iliocostal lombar. Durante esse movimento a vértebra superior desliza posteriormente e o núcleo pulposo do disco intervertebral se desloca anteriormente, tensionando as fibras anteriores do anel fibroso. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 35° (Hoppenfeld, 1987). Movimento de Extensão da Coluna Lombar O movimento de Inclinação lateral direita e esquerda da coluna lombar (figura 24) ocorre no plano frontal. Os músculos principais desse movimento são os oblíquos, interno e externo do abdome e o quadrado lombar do lado do movimento. Durante esse movimento a vértebra superior se inclina para o lado da concavidade, o núcleo pulposo se desloca levemente para o lado da convexidade. A amplitude articular de movimento normal vai de 0° a 40° (Hoppenfeld, 1987). Movimento e Inclinação Lateral Direita e Esquerda Os principais movimentos, amplitudes articulares normais e músculos envolvidos na biomecânica da coluna lombar. • Flexão: A vértebra superior desliza anteriormente e o núcleo pulposo se desloca posteriormente, amplitude articular de 0° a 90°. Músculos envolvidos: Reto abdominal (principal), Oblíquo interno e externo do abdômen (acessórios). • Extensão: A vértebra superior desliza posteriormente e o núcleo pulposo se desloca anteriormente, amplitude articular de 0° a 35°. Músculos envolvidos: Eretos da espinha (iliocostal torácico, longuíssimo dorsal, espinhal torácico e lombar). • Inclinação lateral: A vértebra superior se inclina para o lado da concavidade, o núcleo pulposo se desloca para o lado de convexidade, amplitude articular de 0 a 40°. 27 Músculos envolvidos: Oblíquo interno e eterno do abdome, Quadrado do lado do movimento. Biomecânica da Postura Reta A postura ereta (em pé) é um posicionamento altamente fatigante, adotado pelos indivíduos em grande parte de sua jornada diária de vida. Se a coluna lombar permanece numa posição estática ereta por um longo período de tempo, os músculos do tronco começam a sofrer fadiga, a altura do disco intravertebral é reduzida e há uma tendência natural da coluna lombar no sentido da extensão (Hamill e Kuntzen, 1999). Esse posicionamento impõe sobre os discos intervertebrais lombares uma carga de aproximadamente 60% do peso corporal do indivíduo (figura 26). Na posição ereta, grande parte do peso do corpo incide sobre a junção lombossacra, sendo essa sobrecarga tanto maior quanto mais obeso for o indivíduo. Muitas vezes, o indivíduo de pé exerce uma força com a musculatura dos membros superiores que pode levar ao aumento da pressão intra-abdominal e ao aumento de lesões intradiscais (Valiati, 2009). Biomecânica da Postura Sentada A postura sentada requer menor gasto de energia e impõe menor carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Porém, eleva para 70% a carga de peso do indivíduo sobre a coluna. Sentar sem suporte é como ficar em pé, já que ocorre maior atividade na região torácica e pouca atividade nos músculos abdominais e psoas (Hamill e Kuntzen, 1999). A posição sentada produz uma retificação acentuada da lordose lombar e provoca uma tensão nos ligamentos da porção posterior, bem como das fibras posteriores dos discos intervertebrais. Desse modo, o disco, a nível lombar, é deslocado e submetido à deformação. Já na porção anterior, os discos se encontram esmagados e essa compressão pode desencadear efeitos nocivos (Maffat e Vickery, 2002). 28 A COLUNA VERTEBRAL - O QUE VOCÊ PRECISA SABER Figura 16 Fonte: Google Figura 17 Fonte: Google 29 O que os movimentos de correr, saltar e levantar a cabeça tem em comum? Todos são proporcionados graças à coluna vertebral e suas 33 vértebras. Essa estrutura é a grande responsável pela sustentação do corpo humano. Elas começam na base do crânio e se estendem até a região pélvica. Por isso, são constituídas por cinco regiões distintas, cada qual com uma finalidade. Conheça um pouco mais de sua relevância, além das principais disfunções provocadas pela má postura. Figura 18 Fonte: Google O que é coluna vertebral? A coluna vertebral é a estrutura responsável pela sustentação do corpo humano. Graças a ela é possível manter-se de pé como um bípede. A coluna é constituída por várias terminações nervosas que garantem a comunicação entre os sistemas nervosos central e periférico. Coluna Vertebral Anatomia Isso só pode ser possibilitado graças à medula espinhal, localizada no canal medular e responsável pelo pleno funcionamento da coluna vertebral. Além do mais, tal estrutura é composta por uma complexa cadeia de tecidos moles que contribuem para a sua flexibilidade, incluindo músculos, ligamentos, tendões, discos e cápsulas. Conheça a seguir as principais funções dessa estrutura. Coluna vertebral função Essa sustentação do corpo humano proporcionada pela coluna vertebral se dá graças às suas 33 vértebras. Veja coluna vertebral fotos. Cada qual com uma função 30 distinta e primordial para a manutenção da postura corporal de um indivíduo. Essas vértebras, por sua vez, são interligadas por articulações diversas. Quais são os segmentos da coluna vertebral As 33 vértebras presentes em sua estrutura podem ser divididas em cinco segmentações distintas. Coluna cervical, constituída por 7 vértebras. Coluna dorsal, a maior de todas, já que corresponde à 12 vértebras. Coluna lombar, formada por 5 vértebras e, por fim, as vértebras sacrais e coccígea, que são formadas respectivamente por 5 e 4 vértebras fundidas. Esses dois últimos tipos de vértebras localizadas na região pélvica de uma pessoa são as duas únicas regiões que não proporcionam flexibilidade à coluna vertebral, já que são imóveis. Por isso é correto afirmar que apenas 75% da coluna vertebral desempenha a reconhecida maleabilidade da estrutura. Quais são as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral Como não podia ser diferente, as curvaturas encontradas por toda disposição da coluna se baseiam nas cinco segmentações vertebrais. Veja na coluna vertebral desenho. A primeira, conhecida como lordose cervical, se refere a uma concavidade anterior que surge a partir do crânio. Na região torácica, a partir da oitava vértebra, forma-se a curvatura do tipo cifose torácica, a maior dentre todas regiões da coluna. Já na coluna vertebral lombar se encontra a área com maiores queixas de dor na coluna. Afinal, é a segmentação mais exigida e, portanto, a mais comprometida por sobrepesos. A curvatura que se forma na região lombar é conhecida pelo seu formato côncavo superior. As regiões seguintes (sacral e coccígea) são compostas por vértebras fundidas, que restringem a movimentação da região pélvica. A curvatura aqui é conhecida como cifose sacrococcígea. Quais são os ossos que constituem a coluna vertebral No total são 33 ossos que formam a coluna vertebral. Com exceção da primeira e da segunda vértebra, todos eles são constituídos por 7 elementos que o distinguem. Corpo, processo espinhoso transverso e articular, lâminas, pedículos e forame vertebral. 31 Entre cada vértebra, localizam-se os discos intervertebrais. Essas estruturas gelatinosas proporcionam o pleno funcionamento da coluna vertebral, já que desempenham a função de amortecimento e mobilidade. 1.5. Doenças da Coluna Vertebral Figura 19 Fonte: Google Existe uma grande variação de disfunções e doenças da coluna torácica, cervical, etc. Muitas vezes essas desordens são causadas por má postura acumulada com a idade, desordens essas que, geralmente, estão associadas a intermináveis repetições. De forma geral proporcionam dor na coluna torácica e lombar, entre outros sintomas. A cifose, a lordose, a escoliose e ahérnia de disco são as que possuem maior incidência. A primeira se refere a um desvio anormal da coluna vertebral. Isso comumente pode causar uma coluna torta, já que a parte superior das costas se encontra mais arredondada do que o normal. Por falar em coluna vertebral torta, a lordose é outro tipo de disfunção. Nesse caso ela é causada pela curvatura excessiva da coluna. A escoliose também está associada à coluna torta, já que essa se apresenta em formato de “s” ou “c”, dependendo de cada caso. Já a hérnia de disco é provocada pela posição anormal do disco intervertebral que, por sua vez, causa a compressão nervosa da coluna vertebral. 32 É válido salientar que no decorrer da vida é muito raro uma pessoa manter a posição da coluna vertebral normal. Sobretudo pessoas que passam muito tempo em funções que exigem de esforço, ou até mesmo trabalhadores que, regularmente, se mantém sentados por muitas horas. 1.6. Principais Disfunções Posturais As disfunções da coluna vertebral formam um grupo de patologias que atinge a humanidade. Diz-se que 90% da população sofrem ou sofrerão com algum problema de coluna. Cifoses: Figura 20 Fonte: Google A hipercifose é um aumento anormal da concavidade posterior da coluna vertebral, que é a cifose dorsal. Também é chamada, popularmente, de corcunda. Vista lateralmente, a coluna forma um C. A cabeça está para baixo, em flexão; os ombros estão caídos e para frente, e os braços virados para dentro. Este desvio postural é o mais comum de todos, primeiro porque a força da gravidade atua sobre nós e, em segundo lugar, porque quase todas as nossas 33 atividades são desenvolvidas a frente do nosso corpo, em postura de flexão. Assim, a musculatura posterior vai ficando enfraquecida. Este tipo de postura causa, com o tempo, um verdadeiro desvio da estrutura vertebral, não só puramente vertebral, mas também instalado, podendo levar a disfunções de outras estruturas. Daremos uma explicação mais didática: digamos que uma pessoa fica sentada por um bom período de seu tempo. Com essa postura, há uma tendência de encurtamento da musculatura anterior e flexora da coluna, enquanto que a musculatura posterior e extensora da coluna tende a enfraquecer e contraturar, principalmente no nível de paravertebrais. Vai ocorrendo um desequilíbrio gradual dessas musculaturas com o passar do tempo, o que faz com que as articulações não se encontrem mais na posição normal. Isto acontece porque os músculos, que deveriam dividir a carga com a articulação, estão em desequilíbrio. Assim, temos que os desequilíbrios musculares são causadores de um tipo de incongruência, ou seja, de um desarranjo no movimento articular. Por consequência, uma região da articulação pode sofrer uma pressão maior e tender a sofrer um desgaste, o que provocará um processo de artrose. Os músculos e tendões ficam mais predispostos às lesões, do tipo tendinites e bursites. A hipercifose da coluna torácica pode provocar uma diminuição do espaço da região abdominal, ocasionando uma compressão dos órgãos internos e diminuindo a expansão máxima do diafragma, por falta de espaço. Assim, temos várias consequências para a pessoa que permanece em má postura, sentada por horas. Ela apresentará uma menor capacidade pulmonar, sua respiração será mais apical e menos diafragmática, o que gerará uma menor oxigenação sanguínea e cerebral, levando o indivíduo a se cansar mais facilmente e a render menos nas suas atividades da vida diária e no trabalho. De uma maneira geral, acabamos de demonstrar o quanto um simples desvio postural pode desencadear outros distúrbios, não só da própria coluna, mas o quanto pode afetar outros sistemas do nosso organismo. 34 Hiperlordose: Figura 21 Fonte: Google É uma alteração postural que acontece no nível da coluna lombar, que acentua a curvatura normal fisiológica já existente. Na região lombar, o quadril estará muito inclinado para frente, o que chamamos de anteversão da pelve. A inclinação da pelve leva a uma acentuação maior da curvatura lombar. Os músculos abdominais se apresentarão flácidos e, em consequência, o abdômen é mais pronunciado. Escoliose: Figura 22 Fonte: Google 35 A escoliose é a curvatura lateral em relação ao fio de prumo da coluna vertebral. A sua diferença, em relação às outras curvaturas, é que não se trata de um aumento de uma curvatura fisiologicamente normal. Na verdade, ela é uma curva que se instala onde antes era reto. Sua causa pode ser por um problema estrutural (neste caso, há rotação das vértebras) ou não estrutural (sem rotação das vértebras). A sua maior causa (pelo menos na maioria das vezes) dá-se pela má postura, mas também pode ser congênita ou adquirida. Doenças ou lesões também podem ocasioná-la. Temos, também, as escolioses idiopáticas, cuja causa não se conhece. Faz parte da constituição do indivíduo e a criança, geralmente, nasce com ela, piorando com o passar dos anos. Essa forma de escoliose tem um fundo genético e acomete mais as meninas. Outra forma também ocorre quando uma perna é maior que a outra (discrepância entre os membros), ocorrendo um desvio lateral da coluna, de maneira compensatória. Nesses casos, uma palmilha corretiva pode ser suficiente para corrigir, antes que a deformidade se torne estruturada. Mas, em casos de escoliose muito acentuada e progressiva, a intervenção cirúrgica ou o uso de coletes podem ser necessários. Nas escolioses estruturais temos uma rotação fixa dos corpos vertebrais, sendo totalmente visível em radiografias. Quando essas curvaturas são detectadas na infância e/ou adolescência, seu tratamento e/ou reversão são mais fáceis, sendo tratadas com técnicas posturais. Quanto à classificação, as escolioses podem ser: • Primárias: quando há uma curvatura única, colocando a coluna em um formato da letra “C” na visão posterior; • Secundárias: quando há uma segunda curvatura lateral, geralmente compensatória da curvatura primária, formando a letra “S” na visão posterior. Em relação à nomenclatura das escolioses, há certa divergência, pois alguns consideram que o nome se dá pelo lado em que se encontra a convexidade da curvatura, enquanto outras escolas pregam que o nome se dá pelo lado da concavidade. Ex: escoliose idiopática torácica Direita (convexa para o lado direito). 36 1.7. Principais Disfunções Causadoras de Lombalgia • Disfunções mecânicas As disfunções mecânicas constituem a forma mais comum de lombalgias. Nesse tipo de alteração normalmente o quadro de dor é desencadeado por desequilíbrios musculares e há hipertonia e espasmos musculares presentes (Antônio, 2002). Geralmente a dor fica limitada a região lombar, raramente se irradiando para as coxas. Pode se manifestar subitamente pela manhã, quando o paciente levanta-se da cama, dando a sensação de que a coluna “saiu do lugar” ou surgir após movimentos bruscos da coluna, sobretudo em flexão (Cecin, 2000). O episódio doloroso é agudo, durando entre cinco e sete dias. Após esse período, os sintomas desaparecem. Em alguns casos, as crises se repetem em períodos de tempos alternados e quando os fatores precipitantes persistem a lombalgia pode tornar-se crônica (Cecin, 2000). • Hérnia de disco lombar Figura 23 Fonte: Google A hérnia discal é o processo de protusão do núcleo do disco intervertebral através de rupturas em suas fibras. Pode causar compressão das raízes nervosas no canal vertebral ou gerar processos inflamatórios com alto poder lesivo às estruturas 37 nervosas. A hérnia de disco surge como resultado de diversos pequenos traumas na coluna que lesam progressivamente as estruturas do disco intervertebral, ou pode acontecer como consequência de um único trauma maior (Freire, 2004). Há várias situaçõesque, isoladas ou associadas, podem favorecer o surgimento da hérnia discal: movimentos repetitivos inadequados (levantamento de peso, alterações posturais), traumatismos (esforço exagerado, movimentos bruscos ou acidentes que atingem a coluna), excesso de peso, sedentarismo e ansiedade (Cecin, 2000). O quadro sintomático da hérnia de disco é uma forte dor aguda na coluna lombar, que pode irradiar em direção à perna e pés. Além da dor, o paciente pode se queixar de formigamento e redução da força na perna afetada. A coluna pode ficar rígida, a curva lordótica lombar normal pode desaparecer, o espasmo muscular pode ser proeminente e a dor exacerbar-se na extensão da coluna e ser aliviada em flexão lenta. A parestesia e a perda sensorial com fraqueza motora e a diminuição de reflexos são evidências de distúrbios neurológicos causados pela hérnia discal. Pode haver dor durante a palpação sobre o nervo femoral na virilha ou sobre o nervo ciático na panturrilha, coxa ou glúteos (Freire, 2004). Às hérnias discais lombares mais frequentes estão localizadas entre a quarta e a quinta vértebra lombar e a quinta vértebra lombar e a primeira sacra que são os pontos de maior estresse e mobilidade da coluna vertebral. Pode haver irradiação para os dermátomos correspondentes às raízes nervosas afetadas (ciatalgia) (Freire, 2004). A partir da ruptura do disco intervertebral, a coluna passa a ter uma instabilidade segmentar progressiva. Com o rompimento da estrutura discal, o disco tende a extruir do espaço intervertebral ou pode perder o seu poder de retenção hídrica gerando um processo de desidratação progressiva. Esse processo reduz a estrutura discal, ocasionando uma maior aproximação entre os corpos vertebrais adjacentes. Este mecanismo de pinçamento discal determina a formação do disco doloroso, que ocasiona crises álgicas lombares periódicas (Freire, 2004). Com o pinçamento discal estabelece-se uma desestruturação completa das vértebras e uma degeneração progressiva de todos os elementos que a cercam. A reação de defesa a esse fenômeno de desmoronamento da coluna vertebral é realizada por meio da formação de osteófitos, que têm a finalidade de aumentar a base de sustentação vertebral, visando à melhor estabilidade do segmento lesado. As 38 dores, que se manifestam periodicamente, são decorrentes dos processos inflamatórios cíclicos concernentes à evolução do dano vertebral (Cecin, 2000). Cada crise de dor gera uma contratura da musculatura paravertebral, cujo objetivo é imobilizar o segmento lesado. As contraturas musculares podem ser ofensivas (desenvolvem-se a partir da lesão discal instalada e a sua repetição é danosa à coluna lombar) ou defensivas (ocorrem durante os movimentos vertebrais para proteção das estruturas da coluna) (Freire, 2004). Após se estabelecer uma lesão numa das curvas da coluna vertebral, as outras, consequentemente, mudam a sua posição do eixo. Isso ocorre porque há uma relação íntima entre os segmentos da coluna. Se houver o desenvolvimento de uma hiperlordose lombar, acarretará num aumento da cifose dorsal e na retificação da coluna cervical (Freire, 2004). Os principais tipos de hérnia de disco são (Sena, 2009): • Hérnia de disco protusa: nesse tipo de hérnia há envolvimento apenas do anel fibroso, que migra posteriormente, ocasiona compressão e dor. Geralmente o tratamento é conservador com anti-inflamatórios, relaxantes musculares, eventualmente colete lombossacral e fisioterapia. • Hérnia de disco extrusa: neste tipo de hérnia há envolvimento do anel fibroso e núcleo pulposo, que migram posteriormente, ocasionando uma compressão intensa, provocando dor mais epicrítica e em maior tempo. Neste tipo de hérnia o tratamento é geralmente conservador com anti-inflamatórios, relaxantes musculares, colete lombossacral e fisioterapia. • Hérnia de disco sequestrada: neste outro tipo há um rompimento deste disco e este material rompido, migra para dentro do canal medular, que além da compressão provoca inflamação importante e compressão contínua. O paciente apresenta posição antálgica inclinando a coluna vertebral. Nesse caso a melhora só é possível com uma intervenção cirúrgica. Representam a minoria das hérnias. 39 • Estreitamento do canal raquidiano Figura 24 Fonte: Google O estreitamento do canal raquidiano leva a isquemia radicular e ao aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano, que não flui normalmente pela cauda equina. O quadro clínico é de dor lombar, às vezes, noturna, ciatalgia de intensidade moderada que melhora ao sentar. Acompanha-se usualmente por dor na panturrilha e claudicação. • Doenças reumáticas inflamatórias Figura 25 Fonte: Google 40 As doenças reumáticas inflamatórias como as espondilites anquilosantes, sacroileítes, artrites psoriáticas, entre outras, podem causar dores lombares com características peculiares: normalmente são exacerbadas no período matinal, persistindo por até três horas após o indivíduo se levantar. À tarde, o paciente está completamente normal. O paciente pode referir dor nos calcanhares, dor esternal e poliartrite. A dor não ultrapassa o joelho e alterna-se entre os membros inferiores (um dia em uma coxa, outro em outra) (Cecin, 2000). 41 1. REFERÊNCIAS HOMSI, C, J, F. REFLEXOES SOBRE AS BASES CONCEITUAIS QUE FUNDAMENTAM A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DA LOMBALGIA NA GESTAÇÃO. REV LATINO ENFERMAGEM. SÃO PAULO, 2001. KNOPLICH J. VIVA BEM COM A COLUNA QUE VOCÊ TEM. SÃO PAULO: IBRASA; 1987. MAKOFSY, W..COLUNA VERTEBRAL: TERAPIA MANUAL. EDITORA: GUANABARA KOOGAN S.A.SÉRIEPHYSIO/FISIOTERAPIA PRÁTICA, 2006. PARIZOTTO, Z. A. M; ESTUDO DAS ATITUDES POSTURAIS EM ESCOLARES INDÍGENAS DA RESERVA DE DOURADOS – MS. DOURADOS – MS, BRASIL, 2007. SATO, E. I.; GUIAS DE MEDICINA AMBULATORIAL E HOSPITALAR – UNIFESP /ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA: REUMATOLOGIA. SÃO PAULO: MANOLE, 2004. SEIXAS, G. “PORTAL AMAZÔNIA” 2015, DISPONÍVEL EM: HTTP://PORTALAMAZONIA.COM/NOTICIASDETALHE/ESPORTE/DIA-DO-INDIO-CONHECA-10- ESPORTES-TRADICIONAISINDIGENAS/?CHASH=900353730BD0007C24205206B897312D. SIEPER J, ET AL. 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