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Os jardins e paisagens no Brasil Apresentação O Brasil é um país composto de inúmeras belezas naturais, possibilitando a visualização de diferentes e exuberantes paisagens. As diferenciações climáticas entre as regiões ainda nos brindam com uma grande variedade de espécies. Conhecer as paisagens e jardins brasileiros é uma grande oportunidade de crescimento de repertório paisagístico, principalmente quando temos um dos grandes nomes do paisagismo mundial em nossa pátria, Burle Marx: "Não se faz, cria-se um jardim. E, como em toda criação artística, deve-se trabalhar com os elementos, formas, cores, ritmo e volume, cheios e vazios. Daí, minha ideia do que deveria e poderia ser um jardim, do ponto de vista estético, vindo da pintura abstrata. Na criação de meus jardins, a planta toma um valor puramente plástico, pela cor, textura, forma e volume. Muitas vezes, também, encaro a planta como uma escultura, um volume lançado no espaço. Para melhor compreendê-la sob este aspecto, basta mudarmos de ponto de observação, a fim de melhor sentir as formas variadas de seus perfis". Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá desfrutar de alguns tópicos de destaque dos jardins e paisagens no Brasil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os jardins e as paisagens brasileiras.• Diferenciar características das paisagens e jardins brasileiros de acordo com as regiões.• Projetar jardins e paisagens adaptáveis às realidades climáticas locais.• Infográfico Veja no infográfico as vegetações que caracterizam cada microclima brasileiro. Conteúdo do livro A história do paisagismo no Brasil começa a ganhar força durante o século XVIII, período no qual surgem os primeiros jardins projetados. Ao longo do tempo, as relações entre o ambiente construído e os espaços abertos passaram por diversas transformações, acompanhando os acontecimentos culturais e históricos do país. Além disso, a grande extensão territorial do país faz com que cada região possua uma paisagem característica, adaptada ao clima local. No capítulo Os jardins e paisagens no Brasil, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você será apresentado a um breve histórico do paisagismo brasileiro. Serão identificadas as características específicas dos jardins de cada região. Você compreenderá as formas de adaptação de um projeto de paisagismo às realidades bioclimáticas locais. Boa leitura. PAISAGISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar os jardins e as paisagens brasileiras. > Diferenciar características das paisagens e jardins brasileiros de acordo com as regiões. > Projetar jardins e paisagens adaptáveis às realidades climáticas locais. Introdução O Brasil é o quinto maior país do mundo e, ao longo de sua extensão territorial, é possível encontrar seis regiões climáticas bastante distintas, o que torna sua paisagem natural bastante diversificada. Além disso, as transformações histó- ricas, políticas e econômicas ao longo dos séculos moldaram as culturas locais e contribuíram para as expressões artísticas nos mais variados campos, como a arquitetura e o paisagismo. Neste capítulo, você conhecerá os jardins e paisagens do país ao longo do tempo e de acordo com as regiões climáticas. Além disso, será apresentado a estratégias para adaptar os projetos paisagísticos às realidades locais. Histórico do paisagismo no Brasil O paisagismo é o braço da arquitetura que trata das relações entre o ambiente construído e os espaços abertos, seja por meio de jardins, parques ou projetos de paisagens urbanas, como calçadas e perfis viários. Nesse sentido, mesmo que por vezes de maneira não explícita, o paisagismo e a arquitetura andam lado a lado. Os jardins e paisagens no Brasil Anna Carolina Manfroi Galinatti No Brasil, o desenho urbano iniciou-se com a importação de padrões de cidades europeias trazidos pelos colonizadores, que criavam cidades à semelhança dos padrões que lhes eram familiares na metrópole. Enquanto os holandeses exploravam uma cidade cortada por canais em Recife, os portu- gueses buscavam se adaptar à topografia de regiões como o Rio de Janeiro. No entanto, os parques e as espécies vegetais com os quais os coloniza- dores estavam acostumados no Hemisfério Norte não eram tão facilmente transpostos ao Novo Mundo como os traçados reguladores de cidades. As árvores e plantas que abundavam do outro lado do Atlântico nem sempre se mostravam adaptadas ao clima brasileiro. Em grande parte pela dificuldade na compreensão e valorização da fauna local, o paisagismo brasileiro desenvolveu-se tardiamente, com os primeiros jardins projetados surgindo em torno do século XVIII. Foi apenas no início do século seguinte que Dom João VI criou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para estudar e cultivar espécies vegetais adaptadas ao clima da colônia. Segundo Alessandra Teixeira Silva (2006), um dos exemplos seminais do paisagismo brasileiro é o Passeio Público do Rio de Janeiro, resultado de um aterramento realizado em 1783 para criação do primeiro jardim público do Brasil. Na Figura 1, você pode ver o portão de acesso ao parque, em estilo neoclássico. O parque foi encomendado pelo vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa ao mestre Valentim da Fonseca e Silva, que utilizou um traçado geométrico rigoroso, inspirado nos jardins tradicionais franceses. Figura 1. Passeio Público, Rio de Janeiro. Fonte: Passeio Público (2013, documento on-line). Os jardins e paisagens no Brasil2 Já no século XIX, Dom Pedro I coordenou a construção de jardins no Rio de Janeiro, então capital do Império, com projetos do francês Auguste Marie Glaziou, que tornou-se Diretor Geral de Matas e Jardins. Durante esse período, foram implantados o Campo de Santana e a Quinta da Boa Vista, ambos no Rio de Janeiro, onde iniciou-se a tradição do uso de árvores com flores nos jardins brasileiros. As primeiras expressões de paisagismo originalmente brasileiras surgiram junto com as vanguardas modernas que despontaram no Brasil nas primeiras décadas do século XX em praticamente todas as expressões artísticas, da poesia à arquitetura. Se nas artes plásticas e na literatura a Semana de Arte de 1922 é o episódio que definiu uma geração, para a arquitetura e para o paisagismo apenas na década seguinte tornou-se possível a identificação de um conjunto de características e personagens capazes de constituir uma vanguarda. De acordo com Silvio Soares Macedo (2003), no projeto para o edifício do Ministério da Educação e Saúde (MES) de 1936, a configuração arquitetônica de um edifício-quadra permitiu o desenho de um jardim com formas até então pouco usuais nos espaços paisagísticos. O projeto dos jardins, realizado por Roberto Burle Marx, foi “[...] estruturado por canteiros de formas rocambólicas, utilizando- -se do movimento e da cor no desenho dos pisos, executados no tradicional mosaico português e plantas tropicais” (MACEDO, 2003, documento on-line). Esse projeto inaugurou, segundo Macedo (2003), uma série de projetos de alto nível realizados por Burle Marx, que acabaram por torná-lo conhecido mundialmente como expoente de um paisagismo tropical moderno que percorreu o mundo na metade do século XX, em conjunto com a arquitetura moderna brasileira, que teve seu auge de reconhecimento também nesse período. Macedo (2003) divide o paisagismo brasileiro em três períodos: � os primórdios, que surgem no projeto do MES e vão até os anos 1950; � a expansão, nas décadas da metade do século XX; � a consolidação, que vai dos anos 1960 até o final dos 1980. A seguir, você conhecerá um pouco sobre cada um desses períodos. Primórdios — 1936–1950 Este foi um período de difusão do paisagismo em consonância com a arqui- tetura moderna. Durante essas décadas, os arquitetos modernos trataram os jardins como parte complementar das composições arquitetônicas. Um Os jardins e paisagens no Brasil 3 dos exemplos mais importantes dessa integração éo parque da Pampulha (Figura 2), em Belo Horizonte, com jardins projetados por Roberto Burle Marx e edifícios de Oscar Niemeyer em torno de uma lagoa na capital mineira. Figura 2. Igreja da Pampulha, Belo Horizonte. Fonte: Panorama Pampulha (2012, documento on-line). Expansão — 1950–1960 Com o modernismo já enraizado e aceito no Brasil, as encomendas públicas e privadas de projetos modernos abundaram. Foi nesses anos que surgiu o primeiro parque urbano verdadeiramente modernista do Brasil, o parque do Ibirapuera, em São Paulo, projetado por Otávio Teixeira Mendes, com edifícios de Oscar Niemeyer. Na Figura 3, você pode ver uma foto aérea do parque, descrito por Macedo (2003, documento on-line) como um “[...] híbrido formal entre a visão bucólica do passado e a simplicidade modernista”. Figura 3. Parque do Ibirapuera, São Paulo. Fonte: Parque... (2008, documento on-line). Os jardins e paisagens no Brasil4 Consolidação — 1960–1989 Na última fase do paisagismo moderno brasileiro, o caráter pitoresco e figu- rativo foi abandonado em definitivo, dando lugar à valorização da interação e do lazer como atributos importantes dos jardins. Projetos desse período, como o parque das Pedreiras, em Curitiba, onde está a Ópera de Arame (Figura 4), demonstram a importância dada aos projetos de parques e jardins. Figura 4. Ópera de Arame, Curitiba. Fonte: Opera... (2010, documento on-line). Como você viu, o paisagismo esteve presente ao longo da história bra- sileira, adaptando-se às mudanças nas cidades e na sociedade, passando de uma cópia dos projetos europeus até desenvolver-se em uma expressão artística original que se transforma constantemente. A seguir, você verá como o paisagismo se adapta aos distintos climas do país. Características das paisagens e jardins brasileiros por região O Brasil se estende desde o paralelo 3 a norte da Linha do Equador até o 33 sul, consideravelmente abaixo do trópico de capricórnio. Por esse motivo, o clima brasileiro compreende uma faixa bastante ampla, que vai do semiárido do Nordeste até o frio úmido do Sul. Os jardins e paisagens no Brasil 5 Como você deve saber, as espécies vegetais são adaptadas ao meio em que estão inseridas. Uma planta que prospera no clima quente e úmido da floresta amazônica provavelmente não aguentaria os fortes ventos gelados do pampa gaúcho, assim como uma vegetação bem adaptada ao clima seco da caatinga não se desenvolveria plenamente nos banhados do pantanal. Essas diferentes zonas são o que chamamos de biomas. Um bioma é uma comunidade grande e estável de vegetais e animais cujos limites estão intimamente vinculados ao clima. Idealmente, os biomas são definidos por vegetação madura natural; entretanto, a maioria dos biomas da Terra já foi afetada pelas atividades humanas, e muitas outras estão apresentando taxas aceleradas de alteração que podem produzir drásticas alterações na biosfera ainda nessa geração (CHRISTOPHERSON, 2017, p. 594). Ao longo do país, é possível identificar seis diferentes biomas: � Amazônia, compreendendo a floresta amazônica; � Caatinga, na região do semiárido do nordeste; � Cerrado, que compreende a região central do Brasil; � Pantanal, no centro oeste; � Mata Atlântica, que ocupa grande parte do litoral leste brasileiro; � Pampa, na fronteira com Argentina e Uruguai. A seguir, vamos conhecer características de cada uma dessas zonas. Amazônia A Amazônia é uma floresta tropical fluvial, caraterizada pela precipitação abundante e clima quente. Esse bioma compreende uma grande biodiversi- dade tanto vegetal quanto animal, com densidade vegetal considerável. De acordo com Christopherson (2017, p. 604), “[...] a estrutura em camadas da floresta pluvial reflete intensa competição por luz solar e espaço entre as numerosas espécies de árvores e outras plantas”. Na Figura 5, você pode ver uma seção de floresta desse tipo, mostrando como as diferentes espécies se adaptaram ao clima para crescer. Os jardins e paisagens no Brasil6 Figura 5. Seção de floresta tropical fluvial. Fonte: Christopherson (2017, p. 604). Caatinga Esse bioma é encontrado nas regiões tropicais onde a precipitação é pequena e inconstante, com períodos de estiagem combinados com curtos períodos de chuvas fortes. A vegetação dessa região é caraterizada por espécies semi- decíduas, que perdem suas folhas nas estações mais secas. A Figura 6 exibe uma paisagem desse bioma. Figura 6. Caatinga. Fonte: Caatinga... (2014, documento on-line). Os jardins e paisagens no Brasil 7 Cerrado Esse bioma é uma espécie de savana tropical, caracterizado por "[...] gran- des extensões de campo, interrompido por árvores e arbustos esparsos" (CHRISTOPHERSON, 2017, p. 603). No Brasil, ocorre na região central, explorada pela pecuária. Sua vegetação nativa responde à situação de transição entre floresta tropical e zona árida: Os arbustos e árvores do bioma de savana são adaptados à seca, à pastagem de herbívoros grandes e a incêndios. A maioria das espécies é xerofítica, isto é, resistente a secas, com várias adaptações que as auxiliam a conservar a umidade durante a estação seca: folhas pequenas e grossas; casca áspera; ou folhas com superfície cerosa ou peluda (CHRISTOPHERSON, 2017, p. 603). A Figura 7 retrata o parque Sarah Kubitschek, em Brasília, que utiliza vegetação típica do Cerrado em um projeto paisagístico moderno. Figura 7. Parque Sarah Kubitschek, Brasília. Fonte: Parque... (2015, documento on-line). Pantanal O Pantanal é uma das maiores regiões de terras úmidas de água doce do mundo, com vegetação e fauna características, estendendo-se por grande parte da região oeste do Brasil. Trata-se de uma zona classificada como savana tropical — como o cerrado — com a diferença de apresentar alta umidade e porções de banhados alagados (Figura 8). Os jardins e paisagens no Brasil8 Figura 8. Pantanal. Fonte: Pantanal (2014, documento on-line). Mata Atlântica Esse bioma se estende por quase toda a costa leste do Brasil, indo do Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Trata-se de uma floresta tropical com zonas bastante distintas, desde planícies até regiões montanhosas. Por sua extensão considerável, possui grande heterogeneidade em sua flora, que varia de acordo com a elevação e a latitude. A Figura 9 mostra o jardim do BNDES, no Rio de Janeiro, projetado por Roberto Burle Marx, utilizando vegetação nativa e adaptada ao bioma Mata Atlântica. Figura 9. Jardim do BNDES, Rio de Janeiro. Fonte: Boechat (2016, documento on-line). Os jardins e paisagens no Brasil 9 Pampa Esse bioma é um campo de latitude média, conhecido como o mais modi- ficado pela ação humana, devido à facilidade no manejo de pastagens e plantações. Caracteriza-se por um relvado baixo de gramíneas com poucas árvores, geralmente perto de cursos d'água. No Brasil, é possível encontrá-lo no extremo sul, na fronteira com Uruguai e Argentina, países onde o pampa é predominante. A Figura 10 retrata uma paisagem típica desse bioma. Figura 10. Pampa. Fonte: Bioma Pampa (2018, documento on-line). Agora que você conhece os diferentes biomas brasileiros, chegou a hora de ver como os paisagistas criaram jardins com espécies adaptadas a essas regiões sem deixar de lado a qualidade espacial. Jardins e paisagens adaptáveis às realidades climáticas locais Como você viu anteriormente, a farta extensão territorial do Brasil engloba diversas características climáticas diferentes. Portanto, ao elaborar um pro- jeto de jardim é preciso levar em consideração informações de temperatura, umidade, índices pluviométricos e espécies vegetais nativas de cada região. A vegetação é, sem dúvida, o principal elemento a ser considerado na composição paisagística. Mas você sabia que seu uso pode ir muito além do contemplativo? Em regiões quentes, por exemplo, as massas vegetais podem conferir conforto aos espaços, mesmo os abertos. As árvores de grande porte, por exemplo, promovem sombra, bem-vinda em jardins detodas as zonas climáticas do país. Como as sombras garante aos usuários períodos maiores de permanência ao ar livre, são implantadas em praças e parques (Figura 11). Os jardins e paisagens no Brasil10 Figura 11. Espaços sombreados trazem conforto aos usuários. Fonte: Banheiro Público (2015, documento on-line). Além da sombra, as massas vegetais podem baixar a sensação térmica dos usuários nas regiões quentes. Espaços de estar e recreação circunda- dos de vegetação tendem a apresentar temperaturas mais amenas, pois a vegetação intercepta a luz solar, refletindo ou absorvendo boa parte dos raios. De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (1997, p. 112), "[...] em locais arborizados, a vegetação pode interceptar entre 60 e 90% da radiação solar, causando uma redução substancial da temperatura da superfície do solo". Mas cuidado: em regiões frias e de vento intenso, como o Pampa, o ex- cesso de vegetação próximo aos ambientes de estar pode não ser vantajoso, já que o vento pode vir a atrapalhar as atividades e trazer desconforto aos usuários. Já em regiões em que a vegetação nativa se caracteriza por perder suas folhas nas épocas mais quentes (como a Caatinga), é preciso contar com outros recursos para a promoção de sombra e filtro de luz solar, como os mais diversos tipos de cobertura, que você verá a seguir. Além da vegetação, os projetos paisagísticos também são compostos por elementos construídos não vegetais, como coberturas, pavimentações, espe- lhos d'água, iluminação, mobiliário, entre outros. Esses elementos também devem ser dispostos conforme as condições climáticas das diferentes regiões. A seguir, você poderá conferir alguns desses elementos e suas aplicações em diferentes tipos de climas. Os jardins e paisagens no Brasil 11 Coberturas As coberturas são elementos construídos no paisagismo, cuja principal função é o abrigo contra sol e/ou chuva. Em função disso, são utilizadas em prati- camente todas as zonas climáticas do país. As coberturas podem funcionar de diversas maneiras. A conhecida marquise do Ibirapuera (Figura 12), por exemplo, é uma das coberturas mais famosas do Brasil. Foi projetada por Oscar Niemeyer, em concreto armado. A cobertura é responsável por interligar os edifícios do Parque do Ibirapuera, de forma que os usuários possam transitar entre eles, protegidos tanto do Sol quanto da chuva. Figura 12. Marquise do Ibirapuera, São Paulo. Fonte: Marquise do Ibirapuera (2008, documento on-line). Há diversos outros tipos de cobertura. As pérgulas, por exemplo, são um elemento construído que serve para filtrar a luz solar, podendo ou não ser coberto. Esse elemento normalmente é utilizado em regiões de clima ameno, onde esse filtro é suficiente para amenizar parte dos raios solares, permitindo a passagem de outros sem perda de conforto por parte dos usuários. Em espaços de estar abertos, ainda é possível utilizar coberturas versáteis, como ombrelones e toldos, que podem ser abertos ou fechados de acordo com a necessidade, sob Sol ou chuva. Esse tipo de cobertura é adaptado de acordo com as condições climáticas do dia. Conheça um pouco mais sobre os edifícios e a marquise do Parque do Ibirapuera no artigo “Clássicos da Arquitetura: As Arquiteturas do Parque Ibirapuera / Oscar Niemeyer” (PEREIRA, 2018), publicado no portal especializado em arquitetura ArchDaily. Os jardins e paisagens no Brasil12 Espelhos d’água Elemento bastante utilizado em regiões de clima seco, consiste numa super- fície contínua de água, normalmente de baixa profundidade, localizada em pontos estratégicos do projeto paisagístico. Nesse tipo de clima, a umidade relativa do ar é muito baixa, o que pode trazer desconfortos. Por isso, o es- pelho d'água é responsável por elevar a umidade, além de ser um elemento de contemplação muito apreciado. Outra vantagem é reduzir a temperatura do microclima onde se insere e, por isso, não é tão indicado em regiões úmidas ou frias. Entretanto, essa característica o torna bastante eficiente para amenizar o efeito das chamadas ilhas de calor nos espaços urbanos densamente edificados (Figura 13). Figura 13. Espelho d'água. Fonte: Parque Redenção (2015, documento on-line). Mobiliário e iluminação Esses elementos são essenciais no paisagismo recreativo, isto é, aquele em que os usuários executam funções ativas. É preciso considerar materiais que sejam resistentes ao clima da região em que são implementados. Em regiões litorâneas, por exemplo, evita-se o uso de metais como o ferro, optando-se sempre por alumínio ou madeira, já que a maresia acelera o processo de oxidação e deterioração. As regiões muito úmidas também não recebem bem esse tipo de material. Já em regiões quentes, o ferro possui resistência maior. Os jardins e paisagens no Brasil 13 Entretanto, os elementos do mobiliário que ficam expostos à luz solar direta podem superaquecer e oferecer desconforto aos usuários. Materiais como PVC e concreto funcionam bem em praticamente todas as zonas climáticas do país. Como você pode perceber, é preciso ter domínio do clima da região não apenas para a escolha da vegetação como também para o projeto dos elemen- tos não construídos que compõem o projeto paisagístico. O equilíbrio entre os elementos vegetais e os construídos, devidamente adaptados ao clima e geografia locais, são responsáveis por um projeto paisagístico bem-sucedido. O Brasil é um país de vasta extensão territorial. Nosso paisagismo, que desde a colonização até o início do período moderno era projetado primor- dialmente nas regiões sudeste e litorâneas, passou a adentrar as outras regiões do país, precisando considerar cada característica climática. Para isso, foi preciso compreender as principais zonas climáticas do Brasil e entender como os elementos paisagísticos vegetais e não vegetais podem se adaptar à geografia, fundamentando um paisagismo que equilibra beleza, conforto e sustentabilidade. Referências BANHEIRO público (Parque da Redenção, Porto Alegre, Brasil). In: WIKIPÉDIA, 2015. Dis- ponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Banheiro_p%C3%BAblico_(Par- que_da_Reden%C3%A7%C3%A3o,_Porto_Alegre,_Brasil)_.JPG. Acesso em: 8 jan. 2021. BIOMA pampa. In: WIKIPÉDIA, 2018. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Bioma_pampa.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. BOECHAT, J. P. Jardins do BNDES RJ. Paisagens Urbanas, 21 jan. 2016. Disponível em: https://uffpaisagismo.wordpress.com/2016/01/21/jardins-do-bndes-rj/. Acesso em: 8 jan. 2021. CAATINGA_Xiquexique no Rio Grande do Norte. In: WIKIPÉDIA, 2014. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Caatinga_Xiquexique_pedras_02.JPG. Acesso em: 8 jan. 2021. CHRISTOPHERSON, R. W. Geossistemas: uma introdução à geografia física. Porto Alegre: Bookman, 2017. LAMBERTS, R.; DUTRA, L; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. São Paulo: PW, 1997. MACEDO, S. S. O Paisagismo moderno brasileiro — além de Burle Max. Paisagem e Debate, n. 1, 2003. Disponível em: https://www.fau.usp.br/depprojeto/gdpa/paisagens/ artigos/2003SilvioM-Burle.pdf. Acesso em 8 jan. 2021. MARQUISE do Parque do Ibirapuera. In: WIKIPÉDIA, 2008. Disponível em: https://com- mons.wikimedia.org/wiki/File:Marquise_do_parque_do_ibirapuera.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. OPERA de arame. In: WIKIPÉDIA, 2010. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Opera_de_arame_(4969669863).jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. Os jardins e paisagens no Brasil14 PANORAMA Pampulha. In: WIKIPÉDIA, 2012. Disponível em: https://commons.wikimedia. org/wiki/File:Panorama_Pampulha.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. PANTANAL, Mato Grosso, Brasil. In: WIKIPÉDIA, 2014. Disponível em: https://commons. wikimedia.org/wiki/File:Pantanal,_Mato_Grosso,_Brasil.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. PARQUE da Cidade — Brasília, DF. In: WIKIPÉDIA, 2015. Disponível em: https://commons. wikimedia.org/wiki/File:Parque_da_Cidade_-_Bras%C3%ADlia,_DF_-_panoramio_(5). jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. PARQUE do Ibirapueravisto do céu. In: WIKIPÉDIA, 2008. Disponível em: https://com- mons.wikimedia.org/wiki/File:Parque_do_ibirapuera_visto_do_c%C3%A9u.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. PARQUE Redenção. In: WIKIPÉDIA, 2015. Disponível em: https://commons.wikimedia. org/wiki/File:Parque_Reden%C3%A7%C3%A3o.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. PASSEIO Público — Portão. In: WIKIPÉDIA, 2013. Disponível em: https://commons.wikime- dia.org/wiki/File:Passeio_P%C3%BAblico_-_Port%C3%A3o.jpg. Acesso em: 8 jan. 2021. SILVA, A. T. Evolução histórico-cultural e paisagística das praças Dr. Augusto Silva e Leonardo Venerando Pereira. 2006. 238 p. Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia) — Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006. Disponível em: http://repositorio. ufla.br/handle/1/34202?locale=en. Acesso em 8 jan. 2021. Leitura recomendada PEREIRA, M. Clássicos da Arquitetura: As Arquiteturas do Parque Ibirapuera / Oscar Nie- meyer. ArchDaily, 20 jul. 2018. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/898302/ classicos-da-arquitetura-as-arquiteturas-do-parque-ibirapuera-oscar-niemeyer. Acesso em 8 jan. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Os jardins e paisagens no Brasil 15 Dica do professor O Brasil é um país de território muito extenso. Muitos geógrafos consideram-o como um país continental. Esta extensão, tanto longitudinal quanto transversal ao globo terrestre, transitando entre trópicos, faz com que hajam muitas diferenciações nas paisagens, tornando o paisagismo uma tarefa muito diversificada em cada região. Mas quais são estas diferenciações? Como são chamadas? O que há de diferente entre cada uma destas regiões que condicionam tanto a vida das espécies? Veja na dica do professor. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1e5b825a05fb39ac5b2f747026d7ad4c Na prática Cada jardim deve ser planejado e projetado de acordo com os usuários e as condições do local em que será implantado. Veja, na prática, como podemos nos preparar para fazer bons projetos, de acordo com as vegetações e suas características peculiares. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Da paisagem como jardim: Olinda e Ouro Preto, de Marcelo Almeida Oliveira Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Projeto de extensão desenvolve jardins do Cerrado Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.127/3697 https://noticias.unb.br/112-extensao-e-comunidade/3040-projeto-de-extensao-desenvolve-jardins-do-cerrado