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Teoria Funcionalista

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TEORIAS DA
COMUNICAÇÃO
Rafaela Queiroz 
Ferreira Cordeiro
Revisão técnica:
Deivison Moacir Cezar de Campos
Especialista em História contemporânea
Mestre em História Social
Doutor em Ciências da Comunicação
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
T314 Teorias da comunicação / Rafaela Queiroz Ferreira Cordeiro
 [et al.] ; [revisão técnica: Deivison Moacir Cezar de
 Campos]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
 295 p. il. ; 22,5 cm.
 IISBN 978-85-9502-236-2
 1. Comunicação - Teoria. I. Cordeiro, Rafaela Queiroz
 Ferreira. 
CDU 007
TC_Iniciais_Impressa.indd 2 10/11/2017 15:24:31
Teoria Funcionalista
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Apresentar a Teoria Funcionalista dos meios de comunicação de
massa (MCM).
 � Identificar as escolas de pensamento que influenciaram a abordagem
funcionalista dos MCM.
 � Elencar algumas funções dos meios de comunicação de massa.
Introdução
A Teoria Funcionalista tem por objeto de estudo o funcionamento dos 
meios de comunicação de massa (MCM) em sua relação com o conjunto 
da sociedade. Tal abordagem teórica é influenciada pelo positivismo e 
pelo paradigma estrutural-funcionalista. Ela surge como uma possibilidade 
de analisar globalmente os meios de comunicação. E faz isso destacando 
não os efeitos dos meios – que eram o enfoque das teorias anteriores 
da Mass Communication Research –, mas as funções que os veículos 
comunicativos exercem no sistema social.
Neste texto, você vai conhecer melhor a Teoria Funcionalista dos 
meios de comunicação de massa. Também vai conhecer as escolas de 
pensamento que influenciaram essa abordagem sociológica (a positi-
vista e a estrutural-funcionalista). Além disso, irá estudar as funções dos 
MCM inventariadas pelos estudiosos dessa abordagem, tais como as de 
reforço das normas sociais, atribuição de status, disfunção narcotizante, 
conformismo social, entre muitas outras.
A Teoria Funcionalista dos MCM
A teoria sociológica do estrutural-funcionalismo dos meios de comunicação 
de massa também é conhecida como Teoria Funcionalista ou Sociologia 
Funcionalista da Mídia. Ela surge no momento em que se estabelece uma 
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crise doutrinária sobre a pesquisa administrativa da Mass Communication 
Research. Acreditava-se que os estudos sobre os mass media pareciam pouco 
convincentes porque careciam de um modelo teórico geral. Assim, surge 
uma possibilidade teórica de “reverter” essa crise a partir da união entre 
teoria social geral e Mass Communication Research. A Teoria Funcionalista 
apresenta a proposta de analisar globalmente os meios de comunicação. Ou 
seja, o seu objeto de estudo é o conjunto dos meios de comunicação de massa 
e a sua relação com a sociedade. Logo, nessa teoria, se busca explicar quais 
as funções exercidas pelos meios de massa (WOLF, 1999). 
Para Wolf (1999), a Teoria Funcionalista se distancia das teorias anteriores. 
Afinal, o que ela coloca em primeiro plano não são mais os efeitos, mas as 
funções exercidas pelo sistema dos meios de massa na sociedade. É importante 
notar que a abordagem estrutural-funcionalista completa, conforme Wolf, a 
trajetória da pesquisa sobre os meios de massa: no início, os estudos dos MCM 
se voltam para os problemas de manipulação; em seguida, passam a focar 
na persuasão; depois, na influência e, por fim, chegam às funções. Então, 
nessa perspectiva, há o abandono da ideia de um efeito intencional. Isto é, 
de um ato comunicativo que seria objetivamente realizado e subjetivamente 
“perseguido” para se chamar a atenção para as consequências verificáveis 
dos meios sobre a sociedade. Além disso, há outro aspecto importante sobre a 
Teoria Funcionalista dos meios de comunicação: a partir dela, se aborda outro 
contexto comunicativo. Isso ocorre porque, não se voltando para questões do 
tipo político – tais como a campanha eleitoral –, por exemplo, nem para os 
efeitos provocados nos sujeitos, essa teoria sociológica investiga as situações 
comunicativas diárias e comuns. Portanto, uma vez centrada nas funções 
que o sistema comunicativo exerce na sociedade, busca compreender como 
se dão a produção e a veiculação diária das mensagens dos meios de massa.
Dito de outro modo, a Teoria Funcionalista se encontra num espaço es-
pecífico de estudo dos meios em relação ao seu contexto social e nunca des-
vinculada deste. Isso acontece porque essa teoria observa a comunicação a 
partir da sociedade e do seu equilíbrio. Ora, o sistema social, visto como um 
todo, é profundamente marcado pelos componentes dos meios de massa que 
dele fazem parte. Nessa perspectiva, a sociedade é compreendida como um 
organismo vivo. Suas partes (cada uma) desempenham funções de integração 
e manutenção desse mesmo sistema. Portanto, a relação sociedade × MCM 
é colocada em prioridade. Afinal, é na dinâmica do sistema social e no papel 
que as comunicações de massa desempenham nesse mesmo sistema que se 
pode observar o funcionamento desses meios, a produção e a difusão das 
suas mensagens.
Teoria Funcionalista268
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É importante, antes de dar continuidade aos seus estudos sobre o paradigma fun-
cionalista, que você compreenda que a Teoria Hipodérmica, de grande influência 
nos estudos sobre os efeitos dos MCM, estava ligada à psicologia norte-americana 
behaviorista. Esta pressupunha uma relação automática, direta e unilinear entre Estímulo 
(E) e Resposta (R) (E → R). Desse modo, essa teoria mitigava a dimensão subjetiva
de cada sujeito durante a ação comunicativa em favor do caráter manipulável do
indivíduo (SOUSA, 2006).
Escolas de pensamento que influenciaram a Teoria 
Funcionalista dos MCM
A Teoria Funcionalista dos MCM sofreu influência principalmente de dois paradig-
mas filosóficos, a saber, o positivista e o estruturalista-funcionalista. O primeiro 
foi apresentado por Augusto Comte (1798-1857). Ele defendia a necessidade de 
maior rigor científico na construção do conhecimento do campo das humanidades, 
propondo, para isso, o método da ciência natural (como o da física) para essa 
construção (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). O segundo é representado, 
além de pelos estudos do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), pelo 
sociólogo norte-americano Talcott Parsons (1902-1979), que ficou conhecido 
por sua visão de cunho estrutural e funcionalista sobre o conjunto da sociedade.
O positivismo
O positivismo foi uma perspectiva filosófica que marcou os estudos das ci-
ências humanas e sociais a partir da valorização do paradigma da criticidade 
e credibilidade. Ele teve início no século XIX, época em que a humanidade 
perpassava três etapas progressivas – da superstição religiosa à metafísica e à 
teologia – para chegar à ciência positiva. Esta era vista como o ponto ápice do 
progresso humano. Para Comte, o homem é um ser social. Em defesa de um 
estudo científico da sociedade, ele afirma que, assim como existe uma física 
da natureza, é preciso que exista uma física do social. Esta deve se dedicar a 
estudar os fenômenos humanos por meio de métodos, procedimentos e técnicas 
usados pelas ciências da natureza (CHAUÍ, 2013).
Embora essa corrente de pensamento tenha sido concebida há mais de 
dois séculos, sua importância não ficou no passado. Pelo contrário, ela se 
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tornou uma das concepções de pensamento mais poderosas e influentes nas 
ciências humanas por todo o século XX, conforme expõe Chauí (2013). Desse 
modo, a sociologia positivista – iniciada por Comte, mas desenvolvida como 
ciência posteriormente por Émile Durkheim – estuda a sociedade como um 
fato, porque dotada de um caráter factual. Assim, se deve observar o fato 
social como uma coisa à qual se aplicam os procedimentos de análise e síntese 
das ciências naturais. Nessa perspectiva, os indivíduossão analisados como 
elementos ou “átomos sociais”. Além disso, as relações entre os indivíduos 
constituem, por meio da síntese, as instituições sociais, tais como a família, 
o Estado, o trabalho, a religião, etc.
O francês Émile Durkheim propôs o método funcionalista que influenciou a análise 
dos efeitos da comunicação. Para esse sociólogo, é necessário estudar os fenômenos 
sociais como objetos ou coisas, observando assim as maneiras de pensar, agir e sentir 
externas à consciência de cada indivíduo, ou seja, os comportamentos. Ele defendia 
que, para entender um fato social, deve-se procurar um fato social anterior àquele. 
Portanto, o estudo dos fatos sociais precisava ser realizado conforme as necessidades 
do organismo (do conjunto ou do sistema) em que esses mesmos fatos se inserem. 
Dito de outro modo, era necessário investigar primeiramente as funções e as causas 
dos fenômenos sociais antes de explicar quais são os seus efeitos (SOUSA, 2006).
Ainda para o francês, a comunicação é um importante elemento de integração social. 
A título de exemplo, considere sua língua materna. É por meio do seu aprendizado, desde 
o momento em que as pessoas nascem, que elas passam a fazer parte de um “consenso 
lógico”; ou seja, a compartilhar e “enformar” maneiras de pensar, agir e ser. Essa dita 
“consciência coletiva” também é conduzida pela língua. Ela se dá em consonância com 
as instâncias em que é usada, tais como a escola, a mídia, o trabalho, a família, a igreja, etc.
Por fim, Durkheim, conhecido como o fundador da sociologia (positivista) moderna, 
desenvolveu um método sociológico (de análise e síntese). A ideia principal desse 
método era estudar a sociedade por meio de uma ciência racional, crítica e objetiva. 
Assim, ao se chegar a algumas explicações dos fenômenos sociais, talvez fosse possível 
intervir na própria ordem social (na sociedade). 
O paradigma estrutural-funcionalista sobre a 
sociedade (o sistema social)
Desse modo, como afirma Wolf (1999), para o funcionalismo, o equilíbrio 
da sociedade deriva das relações funcionais que os indivíduos assumem no 
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seu conjunto. A sociedade, antes caracterizada como o meio, deixa de sê-lo. 
São os indivíduos que exercem as funções que se tornam o meio para atingir 
os fins sociais e possibilitar a sua sobrevivência. Então os fenômenos sociais 
passam a ser vistos como constituídos por relações de funcionalidade. Estas 
auxiliam na solução de quatro problemas enfrentados por todo sistema (so-
ciedade). São eles:
1. Manter o modelo e controlar as tensões: para que os mecanismos 
de socialização continuem a ativar os modelos culturais interiorizados 
pelos indivíduos sem dificuldades;
2. Adaptar ao ambiente: cada sistema deve se adaptar ao ambiente. Um 
exemplo de função que auxilia na adaptação é a divisão do trabalho, 
pois nesse caso cada um desempenha uma tarefa, já que não lhe é 
possível desempenhar todas; 
3. Perseguir o objetivo: cada sistema envolve vários objetivos a serem al-
cançados, os quais só poderão ser atingidos por meio de esforços coletivos;
4. Integrar (ao sistema): cada parte do sistema deve estar interligada.
Portanto, esses imperativos funcionais ou essas questões funcionais – os 
problemas de manutenção, adaptação, perseguição e integração – deverão ser 
resolvidas pela estrutura social. A estrutura do sistema deve satisfazer esses 
imperativos ou questões por meio da ação social. Esta deverá, por sua vez, 
ser realizada conforme normas e valores sociais. No entanto, é importante 
perceber que, conforme esse paradigma, o sistema social raramente depende 
de um único subsistema para resolver esses imperativos. Há, assim, diversos 
subsistemas que podem auxiliar na solução de um desses imperativos, ou um 
mesmo imperativo pode ser solucionado por mais de um subsistema.
Cada parte da estrutura do sistema social (da sociedade) tem uma função que serve 
para satisfazer uma ou mais das questões ou imperativos funcionais. Por exemplo, 
os MCM têm uma importante função na manutenção da ordem social, uma vez que 
auxiliam no reforço ou no realce de modelos sociais de valores e comportamentos que 
existem na sociedade. Estes, como você sabe, são importantes para manter a ordem do 
modelo e o controle de tensões. Quanto à existência de diversos subsistemas que podem 
solucionar um mesmo imperativo, você pode considerar, a título de exemplo, a esfera da 
comunicação e a esfera policial na manutenção da ordem e na prevenção do conflito.
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Assim, essa abordagem teórica destaca a complexidade da sociedade ou 
do sistema social global – sistema este composto por subsistemas que têm 
funções – em relação com a manutenção do seu equilíbrio (a homeostase). 
Além disso, situa a análise dos MCM como um dos subsistemas que exercem 
funções sociais na sociedade. 
Panorama da Teoria Funcionalista dos MCM: 
teóricos e funções
Para os pesquisadores funcionalistas, os meios de comunicação de massa não 
tinham o poder de modificar as atitudes, os comportamentos e/ou as opiniões 
do público, como teorias anteriores haviam defendido, a exemplo da Teoria 
Hipodérmica. O funcionalismo se tornou, assim, um influente paradigma 
investigativo dos meios de massa e acabou gerando, posteriormente, a Teoria 
das Múltiplas Mediações. Nessa perspectiva, várias condições relativizam 
a influência dos meios de massa, tais como: os grupos sociais, os líderes 
de opinião, os canais de comunicação, os contextos de recepção, etc. Entre 
os autores responsáveis pela difusão e pela fixação desse paradigma, estão 
Lasswell e Lazarsfeld. O primeiro com um modelo funcional para estudar a 
comunicação; o segundo, com um modelo de mediação das mensagens pelos 
líderes de opinião (SOUSA, 2006).
Harold Lasswell 
Harold Lasswell (1902-1978) é um dos principais teóricos funcionalistas dos 
MCM. Com a famosa fórmula de 1948 – Quem diz o que por que canal e com 
que efeito? –, Lasswell (1978) dotou a sociologia funcionalista da mídia de um 
quadro conceitual. Essa abordagem abarcava, até então, uma série de estudos 
esparsos. É a partir daí que surge uma diversidade de setores de pesquisa, tais 
como as de análise do controle, análise do conteúdo, análise das mídias, análise 
da audiência e análise dos efeitos. A análise dos efeitos e a análise do conteúdo 
foram os setores de mais destaque nos estudos que vieram a se desenvolver. É 
importante você saber, contudo, que a preocupação dos EUA com os efeitos 
vem da demanda por pesquisa social, na época anterior à I Guerra Mundial. 
Nesse período, começaram a se desenvolver investigações sobre a influência 
da mídia em crianças e jovens (MATTELART; MATTELART, 1997). 
Teoria Funcionalista272
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Muitas das pesquisas sobre a influência da mídia foram financiadas por instituições 
governamentais, tal como a Fundação Payne. Esse órgão produziu um relatório de 12 
volumes gerado por uma investigação que versava sobre o tema mídia × violência. 
Esses volumes levaram psicólogos, sociólogos e educadores a questionar os efeitos 
do cinema no conhecimento das culturas estrangeiras, nas atitudes geradas quanto 
à violência veiculada e no comportamento “delinquente”. Essas pesquisas, mesmo 
distantes do postulado de Lasswell, já questionavam a existência de um efeito direto 
da mensagem midiática, defendido pela Teoria Hipodérmica (MATTELART; MATTELART, 
1997). Nesse sentido, tinha-se em vista que fatores como idade, classe social, sexo, 
etc. eram diferenças importantes da audiência que interferiam na recepção. 
Para Lasswell (1948 apud MATTELART; MATTELART, 1997), a comu-
nicação desempenha três funções fundamentais na sociedade: (a) a vigilância 
do meio, porque revela o que pode ameaçar ou afetar o sistema de valores de 
uma sociedade ou de uma de suas partes; (b) o estabelecimento de relações 
entre os elementos da sociedade; e (c) a transmissãoda herança social.
Paul Lazarsfeld e Robert Merton
Paul F. Lazarsfeld (1901-1976) e Robert K. Merton (1910-2003) foram dois 
sociólogos importantes para os estudos funcionalistas dos MCM. Eles acres-
centaram às três funções de Lasswell, que você acabou de ver, uma quarta. 
Esta seria relativa à diversão ou entretenimento. Eles ainda apresentaram a 
ideia da atuação de um sistema funcional de comunicação mais complexo. 
Ora, para Merton e Lazarsfeld (2011), existem também disfunções, além de 
funções latentes e manifestas. Ademais, as funções são, na visão deles, 
consequências que contribuem para a adaptação ou o ajuste de um sistema. 
Isso ocorre porque são compreendidas a partir do postulado da unidade fun-
cional da sociedade, em termos de equilíbrio e desequilíbrio, estabilidade e 
instabilidade (MATTELART; MATTELART, 1997). Você vai ver a seguir 
algumas das funções levantadas por eles.
Charles R. Wright
Charles R. Wright (1956-) é um pesquisador que se dedica à análise socioló-
gica da comunicação e aos estudos sociológicos dos meios de comunicação 
273Teoria Funcionalista
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de massa. Além disso, investiga o comportamento dos meios de massa e a 
estrutura social (ANNENBERG SCHOOL FOR COMMUNICATION, c2017). 
No ensaio intitulado “Análise funcional e comunicações de massa” (Functional 
Analysis and Mass Communication), o qual foi apresentado no IV Congresso 
Mundial de Sociologia, Wright (1974) descreve as ligações que existem entre 
os MCM e a sociedade. Você vai ver tais funções a seguir.
Figura 1. Os MCM, conforme discutem Merton e Lazarsfeld (2011), auxiliam na manutenção 
do sistema e, assim, contribuem para o conformismo.
Fonte: YuanDen/Shutterstock.com.
As funções dos meios de comunicação de massa 
Para o paradigma funcionalista, as funções atribuídas aos subsistemas so-
ciais – ou aos “pequenos” sistemas que fazem parte do todo da sociedade/
do sistema social, como os MCM – fazem referência também à ação que 
poderá ser realizada conforme essas mesmas funções. Dito de outro modo, 
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as ações realizadas pelos subsistemas têm consequências que a sociedade ou 
o sistema social global pode ou não observar. No entanto, tais consequências 
podem ser inesperadas ou apresentar um resultado diferente do esperado 
pelo sistema. Existem, assim, funções e disfunções que podem ser diretas 
ou indiretas. Também é possível classificá-las como manifestas (quando 
desejadas e reconhecidas) ou latentes (quando não são reconhecidas nem 
desejadas) (WOLF, 1999). 
No ensaio escrito por Wright, as funções são listadas em relação a quatro 
tipos de fenômenos comunicativos:
 � à existência dos MCM na sociedade;
 � aos modelos de comunicação de cada meio específico (da imprensa, 
do rádio, da TV, etc.); 
 � à ordem em que os MCM operam; e
 � às consequências das atividades comunicativas desenvolvidas pelos 
próprios MCM (WOLF, 1999).
Quando fala em sociedade, Wright aponta duas funções da difusão da 
informação: 
 � a de alerta de ameaças e perigos; e
 � a de fornecimento de instrumentos para se realizar certas atividades 
institucionalizadas na sociedade.
A respeito do indivíduo, o teórico aponta três outras funções, a saber:
 � a de atribuição de posição social, status e prestígio às pessoas e/ou aos 
grupos tomados como alvos de atenção pela mídia, estabelecendo um 
esquema circular de prestígio que entra na atividade social organizada, 
legitimando pessoas, grupos e tendências sociais;
 � o reforço desse prestígio pelos sujeitos que com ele se identificam; e
 � o reforço das normas sociais pelos MCM, tendo em vista que a infor-
mação auxilia no controle social das grandes sociedades.
É importante perceber que as funções são vistas por Wright como conse-
quências das atividades comunicativas realizadas pelos meios de comunicação 
de massa. E, também, que essas funções foram estudadas e desenvolvidas por 
Merton e Lazarsfeld (2011). Inclusive, a respeito da atribuição de status e 
prestígio, eles afirmam que “[...] o público dos mass media aparentemente é 
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adepto da crença circular: se você é importante, estará no foco da atenção da 
massa, e se você está no foco de atenção da massa, então com certeza você é 
realmente importante.” (MERTON; LAZARSFELD, 2011, p. 115-116, grifo 
dos autores).
Sobre o reforço das normas sociais, esses dois autores acrescentam que 
essa confirmação auxilia na denúncia dos desvios à opinião pública. Desse 
modo, ela tem um caráter ético e se liga à moral pública, isto é, ao conjunto 
de normas que corroboram o sistema social. Merton e Lazarsfeld (1948 apud 
WOLF, 1999) também discutem a noção de disfunção. Esta pode se mani-
festar, no tocante do conjunto do sistema, em virtude da informação circular 
livremente, o que pode ameaçar a estrutura da própria sociedade. Por exemplo, 
tratando da dimensão singular do indivíduo, a veiculação de notícias sobre 
perigos, desastres e/ou tensões, isto é, de caráter alarmante, pode provocar 
reações de pânico e medo em vez de vigilância e atenção consciente quanto 
ao que está sendo noticiado. 
Outra disfunção de destaque é a que se associa ao excesso de informação 
veiculada pelos mass media. Esse excesso pode conduzir a um efeito de reclusão 
do indivíduo no seu mundo particular. Com o fechamento do sujeito na sua 
esfera subjetiva das experiências, se torna difícil de exercer qualquer tipo de 
controle sobre ele. Além desse efeito, há o da disfunção narcotizante como 
outra possibilidade diante do excesso de informação. Aqui, esse excesso é 
comparado ao uso de um “narcótico”, caracterizado como função e disfunção. 
O cidadão interessado e informado pode se deleitar com tudo o que sabe, não 
percebendo, contudo, que essa informação e esse interesse não o levam a 
decidir e agir. Segundo Merton e Lazarsfeld (2011, p. 120, grifo dos autores), 
“[...] é fato evidente que os mass media elevaram o nível de informação das 
grandes populações. Sem intenção consciente, porém, o aumento de dosagem 
das comunicações de massa pode estar transformando, inadvertidamente, 
as energias dos homens, levando-os de uma participação ativa a um mero 
conhecimento passivo.”. A partir do que discutem os autores, você poderia 
então se perguntar se essa função/disfunção não levaria as pessoas a terem 
uma preocupação “superficial” diante dos acontecimentos veiculados, não é?
Outra função fundamental defendida por Merton e Lazarsfeld é quanto ao 
conformismo social: “[...] como os mass media são sustentados pelos inte-
resses das grandes firmas que se engrenam no presente sistema econômico e 
social, os media contribuem para a manutenção desse sistema.” (MERTON; 
LAZARSFELD, 2011, p. 120). Dito de outro modo, os acontecimentos no-
ticiados pelos veículos de comunicação continuam a apoiar o status quo do 
sistema social. Ao fazerem isso, deixam de levantar questões importantes 
Teoria Funcionalista276
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acerca do funcionamento e da estrutura do próprio sistema. E isso não diz 
respeito apenas aos acontecimentos construídos pelos meios; mas também, e 
em especial, ao que eles deixam de dizer.
Além das funções que você viu, é indispensável atentar à de entretenimento, apontada 
por Merton e Lazarsfeld (2011). Embora pareça ser muito “básica” e evidente, ela não 
deve residir em um plano secundário. Afinal, a função de divertir é talvez uma das 
mais importantes se você considerar o sistema da indústria cultural do qual os MCM 
fazem parte.
A Teoria dos Usos e Gratificações é uma versão da análise funcionalista, que se 
dedica a explicar os usos dos meios de comunicação e os efeitos satisfatórios (as 
gratificações) deles derivados. Esses são observados como motivos e necessidades 
percebidas pelos membros da audiência. Essa teoria também é conhecida como uma 
versão da perspectiva teórica da “audiência ativa”.Ela tem sido usada no estudo dos 
efeitos dos MCM a partir da ideia de que, qualquer que seja o efeito, este precisa ser 
consistente com a necessidade da audiência (MCQUAIL, 2000).
Algumas considerações finais
Conforme você viu, a perspectiva sociológica do estrutural-funcionalismo 
coloca em primeiro plano o sistema social como um todo, vendo-o no sentido 
global. Já a do positivismo, a partir de uma metodologia trazida pelas ciências 
naturais, destaca uma observação racional e supostamente “factual” dos fenô-
menos sociais. Ambas as concepções foram fundamentais para a elaboração de 
uma abordagem funcionalista sobre os MCM. Elas permitiram que os meios 
de comunicação fossem vistos a partir de relações de funcionalidade dentro do 
sistema global de comunicação e, a partir desse, dentro da sociedade. Por meio 
de algumas funções inventariadas e desenvolvidas pelos teóricos dessa escola, 
277Teoria Funcionalista
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foi possível observar que existe uma integração e uma inter-relação entre os 
meios de comunicação e os subsistemas da sociedade. Como exemplo, você 
pode considerar a relação entre a esfera econômica, que envolve as relações 
capitalistas de trabalho, as quais subsidiam a produção de informação dos 
veículos, e a função de conformismo social.
Desse modo, essa abordagem teórica vai além de representar um dos mo-
mentos fundamentais das pesquisas administrativas da Mass Communication 
Research. Ela constitui um paradigma que se prolonga e continua a influenciar 
os estudos sobre os mass media que se dedicam a analisar suas funções na 
sociedade nos dias atuais (WOLF, 1999).
1. Marque a alternativa correta a 
respeito da Teoria Funcionalista.
a) A Teoria Funcionalista se volta 
para o estudo dos efeitos 
provocados pelos MCM.
b) A Teoria Funcionalista se volta 
para o estudo das relações 
intrínsecas entre os MCM.
c) A Teoria Funcionalista se volta 
para o estudo dos problemas 
de manipulação dos MCM.
d) A Teoria Funcionalista se volta 
para o estudo da persuasão 
ocasionada pelos MCM.
e) A Teoria Funcionalista 
se volta para o estudo 
das funções exercidas na 
sociedade pelos MCM.
2. Marque a alternativa correta a 
respeito do positivismo. 
a) O positivismo, o qual influenciou 
a Teoria Funcionalista dos 
MCM, defende uma análise 
de caráter subjetivo na 
construção do conhecimento.
b) O positivismo, o qual se 
assemelha ao humanismo, 
não influenciou a Teoria 
Funcionalista dos MCM.
c) O positivismo, o qual influenciou 
a Teoria Funcionalista dos 
MCM, defende o método da 
ciência natural na construção 
do conhecimento.
d) O positivismo, o qual toma o 
homem como um ser espiritual, 
não influenciou a Teoria 
Funcionalista dos MCM.
e) O positivismo, o qual influenciou 
a Teoria Funcionalista dos 
MCM, está ultrapassado e 
não apresenta influência 
nos estudos atuais.
3. Marque a alternativa correta 
a respeito do paradigma 
estrutural-funcionalista 
sobre a sociedade. 
a) O paradigma estrutural-
funcionalista defende que 
algumas partes da estrutura 
social exercem funções na 
sociedade e outras não.
b) O paradigma estrutural- 
-funcionalista defende que 
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o sistema social é formado 
por vários subsistemas que 
exercem funções sociais.
c) O paradigma estrutural-
funcionalista defende que o 
equilíbrio ou desequilíbrio social 
se dá por meio de relações 
assumidas individualmente.
d) O paradigma estrutural-
funcionalista defende que os 
fenômenos sociais devem ser 
vistos por meio de relações 
de causa e consequência.
e) O paradigma estrutural-
funcionalista defende que 
cada subsistema se dedica 
a resolver ou a cumprir uma 
única questão funcional.
4. Marque a alternativa correta a 
respeito dos teóricos e/ou das 
funções dos MCM. 
a) As funções atribuídas aos 
subsistemas sociais são ações 
caracterizadas por terem 
consequências esperadas 
pelo sistema social.
b) O entretenimento é uma 
das disfunções da mídia na 
sociedade, conforme discutem 
Lazarsfeld e Merton.
c) Além das funções manifestas, 
caracterizadas como funções 
não reconhecidas, existem 
as latentes, observadas 
como funções desejadas.
d) A função de reforço das normas 
sociais pode ser exercida por 
mais de um subsistema, tal como 
pelos MCM e pela esfera policial.
e) O conformismo social é uma 
das disfunções da mídia na 
sociedade, conforme discutem 
Lazarsfeld e Merton.
5. De acordo com Merton e Lazarsfeld 
(2011), “[...] como os mass media são 
sustentados pelos interesses das 
grandes firmas que se engrenam 
no presente sistema econômico 
e social, os media contribuem 
para a manutenção desse sistema. 
Essa contribuição não se encontra 
apenas na propaganda efetiva do 
produto patrocinado. Surge, mais 
precisamente, da presença típica de 
algum elemento de confirmação 
e aprovação da atual estrutura da 
sociedade em histórias de revistas, 
programas de rádio e colunas 
de jornais. E essa continuada 
reafirmação reforça o dever de 
aceitar.”. Qual das alternativas a 
seguir designa corretamente essa 
função e/ou disfunção? 
a) Entretenimento
b) Reforço das normas sociais
c) Conformismo social
d) Vigilância do meio
e) Atribuição de status
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ANNENBERG SCHOOL FOR COMMUNICATION. Charles R. Wright, Ph.D. Philadelphia: 
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Teoria Funcionalista280
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https://www.asc.upenn.edu/
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