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Livro Didático Digital
Uroanálise 
e Líquidos 
Corpóreos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CAROLINA GALVÃO SARZEDAS
AUTORIA
Carolina Galvão Sarzedas
Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e 
doutorado em Ciências. Tenho experiência técnico-profissional na área 
de bioquímica e biologia molecular há mais de 18 anos. Minha formação 
acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela ciência e pela 
educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica 
quanto na produção de materiais didáticos para grandes empresas de 
educação. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Infecções do Trato Urinário (ITU) .......................................................... 12
Sintomas ................................................................................................................................................ 13
Distúrbios Miccionais ................................................................................................. 13
Alterações das Características da Urina ..................................................... 15
Dor ........................................................................................................................................... 15
Febre ..................................................................................................................................... 16
Genitopatias ..................................................................................................................... 16
Hipertensão Arterial .................................................................................................... 16
Tumores .............................................................................................................................. 17
Infecções Mais Comuns ............................................................................................................. 17
Classificação ....................................................................................................................................... 19
Uretrite ................................................................................................................................. 19
Cistite ................................................................................................................................... 20
Pielonefrite Aguda ...................................................................................................... 20
Doenças Renais ............................................................................................23
Doenças Glomerulares ...............................................................................................................23
Doenças Tubulares .........................................................................................................................26
Doenças Intersticiais .....................................................................................................................27
Marcadores Proteicos da Função Renal ............................................ 31
Ureia .......................................................................................................................................................... 31
Valores Normais ............................................................................................................32
Determinação Laboratorial ...................................................................................32
Creatinina ..............................................................................................................................................32
Valores Normais ............................................................................................................33
Determinação Laboratorial ...................................................................................33
Depuração Endógena da Creatinina (DEC) ..................................................................34
Albuminúria..........................................................................................................................................34
Determinação Laboratorial ...................................................................................35
Depuração da Inulina e Quelatos Marcados ...............................................................35
Uso de Radioisótopos .............................................................................................. 36
Proteinúria ............................................................................................................................................ 36
Valores Normais ............................................................................................................37
Determinação Laboratorial ...................................................................................37
Dismorfismo Eritrocitário ............................................................................................................37
Determinação Laboratorial ...................................................................................37
Lipocalina Associada à Gelatinase de Neutrófilos- NGAL ............................... 38
Determinação Laboratorial .................................................................................. 38
Cistatina C ............................................................................................................................................ 38
Molécula-1 de Lesão Renal (KIM-1) ................................................................................... 39
Interleucina 18 (IL-18) ................................................................................................ 39
Análise Fecal ................................................................................................. 41
Consistência Fecal ..........................................................................................................................42
Odor ...........................................................................................................................................................43
Forma .......................................................................................................................................................43
Massa ou Quantidade ..................................................................................................................43
Exames de Fezes ............................................................................................................................43Tipos de Exame .............................................................................................................44
Métodos de Análise ....................................................................................................45
9
UNIDADE
03
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que as doenças renais são alterações que afetam tanto 
a estrutura quanto a função renal? E que possuem múltiplas causas e 
fatores de risco? São doenças que muitas vezes possuem uma evolução 
assintomática, só sendo diagnosticada quando as funções renais já estão 
muito afetadas.
 Muitos metabólitos, como ureia e creatinina, são usados como 
biomarcadores das funções renais, tendo suas concentrações no 
organismo medidas para diagnóstico e controle de tratamento no caso 
de doenças no trato urinário. 
A análise da urina e das fezes são os exames de rotina mais 
solicitados por serem pouco invasivos e fornecerem uma gama de 
informações acerca do funcionamento do organismo. Entendeu como 
é importante saber mais sobre funções renais? Ao longo desta unidade 
letiva você vai mergulhar neste universo!
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo àUnidade 3. Nosso objetivo é auxiliar 
você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Apontar as infecções mais comuns do trato urinário.
2. Identificar as principais doenças renais, seus sintomas e 
diagnósticos.
3. Definir a importância dos biomarcadores no diagnóstico de 
doenças renais.
4. Explicar as principais doenças diagnosticadas por exames de 
fezes.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
12
Infecções do Trato Urinário (ITU)
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender um 
pouco mais sobre as ITU, sua ocorrência, diagnóstico 
e tratamento. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
A vida humana depende do bom funcionamento dos rins, pois 
sua principal função é filtrar todo o sangue para remover os resíduos 
“indesejáveis” e tóxicos. Com isso, podemos supor que os rins estão 
expostos, de maneira constante, a substâncias nocivas ao organismo.
As infecções do trato urinário (ITU) estão entre os quatro tipos de 
infecções hospitalares mais frequentes, tendo como característica a 
invasão de microrganismos em qualquer tecido da via urinária. As ITU, 
também conhecidas como infecção urinária, são mais comuns na bexiga 
e na uretra. 
Figura 1 – Representação do aparelho urinário
Fonte: Freepík
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
13
A bactéria Escherichia coli (E. coli) é responsável pela maior parte 
dos casos de infecção urinária. O local de ocorrência da infecção vai 
influenciar diretamente no tipo, nas causas e nos sintomas. 
EXEMPLO
Cistite (infecção na bexiga), uretrite (infecção na uretra), pielonefrite 
(infecção nos rins) e infecção nos ureteres.
Sintomas
Podemos dizer que as infecções de ordem urológica são compostas 
por sinais e sintomas que podem ser agrupados em sete “síndromes”: 
distúrbios miccionais, alterações nas características da urina, dor, febre, 
genitopatias, hipertensão arterial e tumores.
Distúrbios Miccionais
Precisam ser muito estudados e caracterizados antes do diagnóstico.
Disúria: dor ao urinar. Pode ser causada por infecção urinária, 
processos obstrutivos ou inflamatórios na uretra e /ou na bexiga. Se a dor 
for ao início da micção, pode ser indício de acometimento uretral, se for ao 
final (estrangúria), sua origem é vesical. 
Polaciúria: micções com intervalos menores do que o habitual, 
porém associada a volumes menores do que o habitual também.
Anúria: ausência total de urina. A verdadeira decorre de sofrimento 
pré-renal ou renal.
Oligúria: diminuição da diurese, podendo ser consequência 
da menor ingestão de líquido, da formação de edemas, de estados 
hipovolêmicos ou da intoxicação endógena. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
14
NOTA:
O termo anúria obstrutiva é empregado em casos em 
que a urina está impossibilitada de atingir a bexiga, sendo 
necessário remover o que está causando a obstrução 
ou fazer uma derivação do fluxo urinário acima do local 
obstruído.
Poliúria: o aumento da diurese ocorre em diabete mellitus, 
diminuição do ADH, mobilização de edemas ou até por desobstrução 
aguda das vias excretoras.
Esforço: o processo de micção é espontâneo e confortável. A 
necessidade de esforço reflete uma possível causa inflamatória, obstrutiva, 
infecciosa ou neurogênica.
Alteração do jato: geralmente acompanha o aumento do esforço 
miccional.
Urgência: desejo súbito e urgente de urinar.
Retenção urinária: incapacidade de eliminar a urina acumulada na 
bexiga. 
EXEMPLO
Em crianças, a retenção pode ser indício de problemas neurológicos, 
válvula de uretra posterior (meninos) ou ureterocele (meninas). Em adultos 
do sexo masculino pode indicar problemas uretroprostáticos, em adultos 
do sexo feminino pode indicar doenças neurológicas ou inflamatórias/
infecciosas. O uso de descongestionantes nasais, antigripais ou dilatadores 
de pupila devem ser questionados.
Nictúria ou noctúria: micção noturna. Um adulto normal não deve 
acordar mais de duas vezes por noite para urinar. É importante observar 
se a nictúria vem acompanhada de polaciúria diurna. 
Incontinência: a perda involuntária de urina pode ser contínua ou 
intermitente, relacionada ou não com o esforço abdominal. Na maior parte 
dos casos, é consequência da incompetência esfincteriana, mas também 
pode ter relação com a retenção por transbordamento. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
15
Pneumatúria: emissão de gases pelo trato urinário, principalmente 
ao urinar. Pode ocorrer em diabéticos e em casos de comunicações 
anormais entre trato digestivo e urinário. 
Enurese: a micção ocorre de maneira involuntária e inconsciente, 
mas não pode ser confundida com incontinência. Até 3 ou 4 anos de 
idade, é considerada normal. Pode ser diurna ou noturna. 
Paraurese: incapacidade de urinar em ambientes estranhos ou na 
frente de pessoas.
Alterações das Características da Urina
A urina tem cor amarelo-citrina, odor característico e aspecto 
límpido. Em algumas enfermidades, estas propriedades podem ser 
modificadas. 
Coloração: podem alterar a cor da urina medicamentos como 
ampicilina, rifampicina e antissépticos urinários e produtos do metabolismo 
normal, como pigmentos biliares. Se a urina estiver muito concentrada 
pode induzir a erros de interpretação. Hematúrias (sangue na urina) de 
origem renal (glomerulonefrite difusa aguda) são predominantes na 
infância, enquanto as de causa urológica (cálculos e tumores), no adulto. 
Turbidez: a precipitação de cristais, em decorrência da ação de 
organismos desdobradores de ureia, pode deixar a urina turva, mesmo em 
uma urina normal. Por isso, após sua emissão, a urina deve ser analisada 
de imediato.
Espuma: se estiver espumando em excesso, pode-se suspeitar de 
proteinúria, que pode ser consequência de alta ingestão de proteínas na 
dieta ou perdas decorrentes de doenças nefrológicas.
Dor
A dor no trato geniturinário está associada à inflamação ou obstrução, 
e costuma ser muito intensa. A dor pode ser intermitente (decorrente de 
processo obstrutivo) ou contínua (decorrente de inflamação). E ainda 
precisa ser classificada quanto à localização, irradiação e à fatores 
desencadeantes de melhora ou piora.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
16
Febre
A febre geralmente é intensa, se inicia subitamente e pode vir 
acompanhada de tremores e calafrios. Ocorre em processos infecciosos 
que estejam acometendo qualquer parte do sistema geniturinário, como 
por exemplo, em prostatite, epididimite e pielonefrite. 
Quando há suspeita de que a febre seja por causa de uma infecção 
urinária, é recomendado que a coleta de urina seja realizada antes de 
se iniciar o uso de algum medicamento, pois quando a infecção vem 
associada à obstruçãodo trato urinário, pode refletir bacteremia, de 
maneira a evoluir para um quadro séptico. 
NOTA:
Na infância, a febre pode refletir o acometimento do trato 
urinário superior e deve receber atenção especial pelo risco 
imediato de bacteremia e de choque, ou pelo tardio de 
cicatrizes renais. 
Genitopatias
As más formações podem ocorrem em ambos os sexos, porém são 
mais frequentes em meninos, sendo as mais comuns as hipospádias e a 
fimose. 
As lesões genitais em adultos são consequências da transmissão 
sexual, sendo importante um exame clínico acompanhado de um 
levantamento sobre os hábitos do paciente e de seus parceiros, assim 
como o tempo de aparecimento e de evolução da lesão. 
Hipertensão Arterial
Geralmente, atinge os portadores de hipertensão renovascular e de 
feocromocitoma. A doença renovascular é a elevação da pressão arterial 
decorrente de oclusão parcial ou completa de uma ou mais artérias renais 
ou de seus ramos. É responsável por menos de 2% de todos os casos de 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
17
hipertensão, e é uma causa comum de hipertensão curável. Em muitos 
casos, é assintomática.
A feocromocitoma está localizada nas adrenais. É um tumor 
secretor de catecolaminas das células cromafins, causando hipertensão 
paroxística ou persistente. Seu diagnóstico se dá através da medida dos 
produtos das catecolaminas no sangue ou na urina. 
IMPORTANTE:
Célula cromafim é uma célula neuroendócrina encontrada 
na medula da glândula suprarrenal e em outros gânglios do 
sistema nervoso simpático. 
Tumores
A presença de tumores tem grande importância na clínica médica, 
sejam eles abdominais ou genitais. Os mais frequentes em adultos são os 
cânceres renais, hidronefrose e os cistos. 
Infecções Mais Comuns
Como já citado anteriormente, as ITU são divididas em infecções do 
trato superior e inferior. As ITU superiores abrangem os rins (pielonefrite), 
e as ITU inferiores incluem a bexiga (cistite), uretra (uretrite, geralmente 
causada por DST) e próstata (prostatite, causada por bactéria e por DST).
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
18
Figura 2 – Exemplo das principais ITU
Fonte: MD Saúde.
As bactérias aeróbicas gram-negativas entéricas são as maiores 
causadoras de cistites e pielonefrites, mas também podemos encontrar 
patógenos não bacterianos, como fungos, micobactérias, vírus e parasitas, 
que geralmente afetam pacientes imunodeprimidos com diabetes, 
obstrução ou anormalidades estruturais do trato urinário, ou que se 
submeteram de maneira recente a cirurgias do trato urinário. 
As ITU podem ser classificadas em complicadas e não complicadas.
Complicadas: ocorrem independente de sexo e idade. É 
considerada complicada quando a paciente está grávida, é criança ou 
tem anormalidade estrutural ou obstrução do aparelho urinário, ou algum 
outro problema como diabetes não controlado, doença renal crônica ou 
é imunossuprimido, e ainda, se passou por alguma cirurgia recente do 
aparelho urinário.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
19
Não complicadas: a cistite e a pielonefrite ocorrem em mulheres 
adultas na pré-menopausa, que não apresentem anormalidade estrutural 
ou funcional do trato urinário e que não estejam grávidas e nem possuam 
nenhuma comorbidade que possa agravar o quadro. 
SAIBA MAIS:
Alguns especialistas consideram as ITU problemas simples, 
mesmo que afetem pacientes diabéticos ou mulheres 
na pós-menopausa. As ITU raras, porém de tratamento 
simples, acometem homens entre 15 e 50 anos, que tem 
por hábito fazer sexo anal sem preservativo, ou naqueles 
em que o pênis não foi circuncisado.
Classificação
Uretrite
É uma infecção que ocorre na uretra e pode ser causada por 
bactérias, vírus, protozoários ou fungos. As causas mais comuns em 
ambos os sexos são os patógenos sexualmente transmissíveis como 
Chlamydia trachomatis (clamídia), Neisseria gonorrhoeae (gonorreia), 
Trichomonas vaginalis (tricomoníase) e herpes simples. O principal sintoma 
em mulheres é a disúria, e, em homens, a secreção uretral, que pode se 
purulenta, mucosa ou esbranquiçada. 
Figura 3 – À esquerda, uma próstata normal; à direita, uma próstata com uretrite
Fonte: Prostaat.
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20
Cistite
É a infecção que acomete a bexiga, muito comum em mulheres e 
geralmente é precedia por relação sexual. Não é complicada quando em 
mulheres. Em homens, pode ser resultado de infecção ascendente da 
uretra ou próstata ou é secundária à instrumentação uretral. É considerada 
complicada. A prostatite bacteriana crônica costuma ser a causa mais 
comum de cistite reincidente. 
O início da cistite se dá de modo súbito, com polaciúria, urgência 
e ardor, ou com micção em pequenos volumes e dolorosa. São comuns, 
ainda, noctúria com dor suprapúbica e dor na lombar inferior.
Figura 4 – Bexiga normal e bexiga com cistite
Fonte: Educa Mais Brasil (2019).
Pielonefrite Aguda
A pielonefrite aguda é uma infecção do parênquima renal. Em 
95% dos casos, a causa é a ascensão das bactérias pelo trato urinário e 
cerca de 20% das bacteremias adquiridas em mulheres é consequência 
da pielonefrite. Em homens com o trato urinário normal, a pielonefrite é 
incomum. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
21
Em homens, a pielonefrite ocorre devido a algum defeito funcional 
ou anatômico, enquanto na maioria das mulheres com a infecção, estes 
defeitos não são apresentados.
Os sintomas da pielonefrite aguda e da cistite são os mesmos; 
contudo, na pielonefrite, os sintomas incluem vômitos, náuseas, calafrios, 
febre e dor no flanco. O lado renal infectado pode estar dolorido e, em 
algumas vezes, é possível ser palpado.
Figura 5 – À esquerda, a representação de um rim saudável; à direita, um rim com 
pielonefrite
Fonte: Deposit Photos.
NOTA:
Todos os casos apresentados anteriormente são 
diagnosticados por meio de exame de urina, e em alguns 
casos, com o uso de urocultura. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
22
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Vamos resumir 
os pontos mais importantes. As ITU podem ser agrupadas 
em 7 síndromes: distúrbios miccionais (disúria, polaciúria, 
anúria, oligúria, poliúria, esforço, alteração do jato, urgência, 
retenção urinária, nictúria, incontinência, pneumatúria, 
enurese e paraurese), alterações nas características 
da urina (coloração, turbidez e espuma), dor (associada 
à inflamação ou obstrução, e costuma ser muito 
intensa), febre (intensa, se inicia subitamente e pode vir 
acompanhada de tremores e calafrios), genitopatias (lesões 
genitais; em adultos são consequências de transmissão 
sexual), hipertensão arterial (atinge os portadores de 
hipertensão renovascular e de feocromocitoma) e tumores 
(os mais frequentes em adultos são os cânceres renais, 
hidronefrosee e os cistos). 
Dentre as infecções mais comuns temos as superiores 
(abrangem os rins) e as inferiores (incluem bexiga, uretra 
e próstata), e podem ser classificadas em complicadas e 
não complicadas. Exemplos de ITU mais comuns: uretrite 
(ocorre na uretra), cistite (ocorre na bexiga) e pielonefrite 
(infecção do parênquima renal).
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
23
Doenças Renais
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá identificar e tratar as 
doenças renais. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Vimos anteriormente que os rins têm como função principal a 
filtração do sangue para a remoção de substâncias nocivas do organismo. 
Sendo um lugar em contato direto com as toxinas, qualquer doença no 
organismo pode prejudicar sua função, gerando anormalidades urinárias. 
A doença renal pode ser classificada como glomerular, tubular ou 
intersticial, dependendo da área do rim afetada. As mais comuns serão 
descritas a seguir.
Doenças Glomerulares
A maioria das doenças glomerulares têm base imunológica, além 
de serem causadas como consequência da exposição a produtos tóxicos 
que afetam os túbulos, síndrome nefrótica, entre outros.Glomerunefrite: é um processo inflamatório que está associado 
com a presença de proteínas, cilindros e sangue na urina. Pode ser de 
vários tipos diferentes e sua condição pode evoluir de glomerulonefrite 
crônica para síndrome nefrótica e daí para insuficiência renal. 
Glomerulonefrite aguda pós-estreptocócica: ocorre em crianças 
e jovens adultos e tem como característica o aparecimento rápido de 
sintomas de danos à membrana glomerular, entre eles: hipertensão 
arterial, fadiga, febre, dor em torno dos olhos, hematúria e oligúria, 
seguidos por infecções respiratórias. No exame de urina detectam-se 
proteinúria, oligúria, cilindros hialinos, granulares e hemáticos, hematúria, 
glóbulos brancos e hemácias disformes. 
Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP): possui 
prognóstico pobre, porém é a forma mais grave da doença, podendo 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
24
evoluir para insuficiência renal. Seu diagnóstico laboratorial assemelha-
se ao da glomerulonefrite, entretanto, com o agravamento da doença, 
ocorre diminuição da taxa de filtração glomerular com a consequente 
elevação dos níveis proteicos. 
Síndrome de Goodpasture: doença autoimune caracterizada pela 
rápida destruição dos rins e hemorragia dos pulmões. Ocorre alterações 
morfológicas dos glomérulos. É desencadeada quando o próprio sistema 
imune ataca o antígeno Goodpasture encontrado no rim e no pulmão. 
Os sintomas pulmonares são hemoptise, dispneia e hematúria. Na urina 
são detectados proteinúria, hematúria e cilindros hemáticos que podem 
progredir para glomerulonefrite crônica e insuficiência renal. 
Granulomatose de Wegener: também é uma doença autoimune, 
com sintomas semelhantes à síndrome de Goodpasture. Caracteriza-se 
pela inflamação dos vasos sanguíneos do rim e do sistema respiratório, 
produzindo granulomas. 
Glomerulonefrite membranosa: tem como principal característica 
o espessamento da membrana basal glomerular, havendo tendência a 
trombose e síndrome nefrótica. Está associada à hepatite B, neoplasias, 
sífilis secundária, lúpus eritematoso sistêmicos e tratamentos com ouro e 
mercúrio. O exame de urina tem-se elevada proteinúria e hematúria. 
Glomerulonefrite crônica: acontece de acordo com a quantidade 
e a duração de danos ocorridos ao glomérulo. Alguns sintomas incluem 
oligúria, edema, anemia, fadiga e hipertensão arterial. Os exames 
laboratoriais apresentam muitas variedades de cilindros, proteinúria, 
glicosúria e hematúria. 
Síndrome nefrótica: em sua fase aguda pode ocorrer complicações 
circulatórias e choques que reduzem a pressão arterial e o fluxo sanguíneo 
para o rim, podendo evoluir para a insuficiência renal crônica. Tem 
como quadro baixos níveis de albumina, altos níveis de lipídeos, intensa 
proteinúria e edema. Os exames indicam células epiteliais tubulares 
renais, lipídeos na urina, intensa proteinúria, cilindros epiteliais, graxos, 
céreos e hematúria microscópica. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
25
Glomerulosclerose segmentar focal: grande parte dos néfrons 
permanecem normais, comprometendo apenas algumas partes do 
glomérulo. Associa-se ao abuso de analgésicos, heroína e em portadores 
de HIV. Os sintomas são semelhantes aos da síndrome nefrótica, com 
alterações mínimas nos podócitos lesados. No exame encontra-se 
hematúria e proteinúria.
SAIBA MAIS:
Os podócitos são células do epitélio renal responsáveis por 
formar um importante componente da barreira de filtração 
glomerular, restringindo a passagem de proteínas do 
sangue para a urina. E ainda contribuem para a seletividade 
de tamanho e mantêm a superfície de filtração massiva. 
Glomerulonefrite membranoproliferativa – GNMP: pode ser 
diferenciado em tipo 1 e 2. 
Tipo 1: apresenta espessamento das paredes capilares causado 
pelo aumento da celularidade subendotelial do mesângio (área intersticial 
da cápsula de Bowman). 
Tipo 2: apresenta densos depósitos na membrana basal do glomérulo. 
Diagnosticado mais comumente em crianças, não apresentando bom 
prognóstico. Os exames normalmente apresentam proteinúria, hematúria 
e diminuição dos níveis de complemento no sangue, e ainda podem estar 
relacionadas com doenças autoimunes, infecções e neoplasias. 
Síndrome de Alport: acomete a membrana basal glomerular. É 
uma doença hereditária em que os homens são mais afetados do que 
as mulheres. Os sintomas variam de sintomas leves a doenças renais 
graves. Seus portadores podem apresentar hematúria e anormalidades 
na audição e na visão. 
Nefropatia por imunoglobulina (NIgA): é uma doença renal comum 
causada por depósitos de imunoglobulina que provocam inflamações e 
lesões nos glomérulos renais, com progressão ao longo dos anos. Os 
doentes apresentam níveis séricos aumentados de IgA como resultado da 
infecção de mucosas. Normalmente, acomete crianças e adultos jovens. 
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26
Não tem cura, porém possui tratamento preventivo contra insuficiência 
renal. O paciente pode permanecer assintomático por muito tempo e 
apresentar hematúria macroscópica. 
Doença de lesão mínima (necrose lipídica): tem como característica 
causar poucas alterações celulares no glomérulo, porém ocorre aumento 
da filtração de proteínas porque os podócitos estão menos organizados. 
O prognóstico geralmente é bom. Normalmente ocorre em crianças. 
Apresentam edema, proteinúria intensa e hematúria.
Nefropatia diabética: causa mais comum de doença renal terminal. 
Níveis de glicemia mal controlados podem estar associados à deposição 
de proteínas glicosiladas que causam danos aos glomérulos. A progressão 
da doença renal pode ser diminuída com controle da hipertensão arterial 
e cuidados na dieta.
Doenças Tubulares
As doenças tubulares apresentam-se de duas formas: às que 
afetam diretamente os túbulos renais e às que afetam os túbulos renais de 
maneira indireta, por uma causa hereditária ou um distúrbio metabólico. 
A seguir conheça as principais doenças tubulares. 
Necrose tubular aguda (NTA): condição que mata as células 
tubulares. Uma vez removida a causa da NTA, as células tubulares se 
recuperam.
NOTA:
As células tubulares reabsorvem 99% da água e concentram 
os sais e os metabólitos enquanto transportam a urina para 
os ureteres.
Glicosúria renal: é resultado de um defeito adquirido ou hereditário 
isolado do transporte da glicose, na qual ocorre a presença de glicose na 
urina sem haver hiperglicemia. 
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27
Diabetes insipidus nefrogênico: os túbulos renais não respondem 
ao ADH, sendo incapazes de reabsorverem a água filtrada do organismo. 
Com isso, os rins acabam produzindo grande volume de urina diluída. 
Geralmente é hereditário, porém pode ser causado por medicamentos ou 
distúrbios que afetem os rins.
Síndrome de Falconi: é um distúrbio raro que resulta em 
quantidades excessivas de bicarbonato, fosfatos, glicose, potássio, ácido 
úrico e aminoácidos sendo excretados na urina. Sua causa pode ser 
hereditária ou por exposição a certos medicamentos, como antirretrovirais 
e quimioterápicos.
SAIBA MAIS:
Outras doenças tubulares: 
 • Síndrome de Bartter.
 • Síndrome de Gitelman.
 • Cistinúria.
 • Doença de Hartnup.
 • Raquitismo hipofosfatêmico.
 • Síndrome de Liddle.
 • Pseudo-hipoaldosteronismo tipo I.
Doenças Intersticiais
São doenças que têm como característica afetar o interstício e 
os túbulos renais (por causa da sua proximidade), sendo chamadas de 
doenças tubulointersticiais.
É frequente encontrarmos condições infecciosas e inflamatórias, 
sendo que as ITU, que podem envolver tanto o trato urinário superior 
quanto o inferior, são as mais comuns.
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28
Uma condição facilmente encontrada é a cistite (infecção da 
bexiga), que pode progredir para uma ITU superior e mais grave caso 
não seja tratada. Tem como sintomas o aumento na frequência da urina e 
ardor. Quando analisada em laboratório, esta urina apresentaleucócitos e 
bactérias, geralmente acompanhadas de hematúria e proteinúria, podendo 
ainda ter seu pH modificado, diminuído se a infecção for bacteriana ou 
aumentado se associado à infecção por fungos (candidíase). 
A seguir listaremos algumas doenças intersticiais mais encontradas. 
Litíase renal ou cálculos renais: os cálculos podem se formar no 
cálice da pelve renal, nos ureteres e na bexiga, podendo variar de forma e 
tamanho, causando dor no paciente que pode refletir da parte inferior das 
costas às pernas. Os menores podem ser eliminados pela urina, enquanto 
os maiores podem causar obstrução urinária ao paciente. Atualmente, 
para a remoção dos cálculos usa-se litotripsia, para que posteriormente 
possam ser eliminados na urina ou em algum procedimento cirúrgico. 
DEFINIÇÃO:
Litotripsia é um procedimento no qual ondas de choque 
de alta energia quebram pedras na parte superior do trato 
urinário em pedaços menores. 
O pH, a estase urinária (urina estagnada) e a concentração química 
são os fatores que levam à formação tanto de cristais na urina quanto de 
cálculos. A urina do paciente com suspeita de cálculos ou em processo 
de eliminação é caracterizada por hematúria microscópica ou irritação 
dos tecidos causada pelo deslocamento do cálculo.
Pielonefrite aguda: é a infecção do trato urinário superior. Pode ser 
aguda ou crônica e ocorrer refluxo de urina da bexiga para os ureteres e 
cálculos renais. Pode apresentar frequência urinária diminuída, ardor e dor 
na região baixa das costas. Os resultados do exame de urina (realiza-se 
cultura de urina e hemocultura) são semelhantes aos da cistite, sendo 
acrescida a presença de cilindros leucocitários. 
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29
Pielonefrite crônica: é considerada a forma mais grave das 
pielonefrites, com resultados permanentes nos túbulos renais, podendo 
progredir para insuficiência renal crônica. No início, seus sintomas 
são semelhantes à forma aguda, o resultado dos exames também é 
semelhante, mas com a progressão da doença aparecem cilindros 
granulosos, céreos e largos; diminui a concentração renal e ocorre 
aumento da hematúria e proteinúria. 
Nefrite intersticial aguda: é uma inflamação do interstício renal 
seguida por inflamação dos túbulos renais. Rapidamente aparecem 
sintomas relacionados à disfunção renal, febre, erupções cutâneas, e ainda, 
diminuição na capacidade de concentração renal e possível diminuição 
da taxa de filtração glomerular, oligúria e edema. O diagnóstico pode ser 
confirmado através da realização da coloração diferencial do aumento 
de eosinófilos. Os exames apresentam resultados semelhantes aos da 
pielonefrite, sendo que na nefrite intersticial aguda não há bactérias. 
Insuficiência renal: resulta de uma doença original, podendo ser 
aguda ou crônica. Sua fase terminal caracteriza-se por grave diminuição da 
taxa de filtração glomerular, desequilíbrio eletrolítico, falha na capacidade 
de concentração renal, elevação contínua do nitrogênio da ureia e da 
creatinina sérica, entre outros. Os sintomas e resultados dos exames 
variam enormemente, e por isso podemos dizer que são o agravamento e 
acentuamento de todas as patologias citadas até aqui.
SAIBA MAIS:
Para mais informações acerca das patologias renais, acesse 
o Manual MSD. 
RESUMINDO:
E então? Vamos fazer uma pequena revisão sobre as 
doenças renais? As doenças renais podem ser classificadas 
como glomerular, tubular ou intersticial, dependendo da 
área do rim afetada. 
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https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-do-trato-urin%C3%A1rio-itus
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-trato-urin%C3%A1rio-itus/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-do-trato-urin%C3%A1rio-itus
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As doenças glomerulares são: glomerulonefrite, glomerulonefrite 
aguda pós-estreptocócica, glomerulonefrite rapidamente 
progressiva, síndrome de Goodpasture, granulomatose de Wegener, 
glomerulonefrite membranosa, glomerulonefrite crônica, síndrome 
nefrótica, glomerulosclerose segmentar focal, glomerulonefrite 
membranoproliferativa, síndrome de Alport, nefropatia por imunoglobulina, 
doença de lesão mínima, nefropatia diabética. 
As principais doenças tubulares são: necrose tubular aguda, 
glicosúria renal, Diabetes Insipidus Nefrogênico, síndrome de Falconi, 
síndrome de Bartter, síndrome de Gitelman, cistinúria, doença de 
Hartnup, raquitismo hipofosfatêmico, síndrome de Liddle e Pseudo-
hipoaldosteronismo tipo I. 
As principais doenças intersticiais são: litíase renal ou cálculos 
renais, pielonefrite aguda, pielonefrite crônica, nefrite intersticial aguda e 
insuficiência renal. 
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31
Marcadores Proteicos da Função Renal
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá definir a importância 
dos biomarcadores no diagnóstico de doenças renais. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!.
Um correto e rápido trabalho laboratorial é crucial no processo de 
diagnóstico de doenças renais, uma vez que grande parte só se manifesta 
quando mais de 50% da função renal já está comprometida. 
Um dos principais alvos de pesquisas na área de sistema renal têm 
sido o desenvolvimento de novos biomarcadores para que um diagnóstico 
precoce seja possível, com estratificação dos riscos e prognóstico de 
lesão renal.
A seguir descreveremos alguns biomarcadores muito utilizados 
atualmente no diagnóstico de doenças renais. 
Ureia
Para predizer a filtração glomerular, medir a ureia pode não ser uma 
boa opção, até porque outros fatores podem alterar os valores séricos da 
ureia, sem necessariamente significar alguma relação com a função renal. 
EXEMPLO
Como exemplo, podemos citar a taxa de produção hepática, 
desidratação, trauma, dieta, insuficiência cardíaca congestiva, infecções, 
entre outros.
Se compararmos os níveis plasmáticos de ureia e creatinina 
decorrentes de insuficiência renal, podemos dizer que alterações na 
ureia são mais precoces para o diagnóstico. Contudo, a principal utilidade 
clínica da ureia é ser usada para determinar a relação ureia–creatinina 
sérica, pois quedas abruptas na taxa de filtração glomerular (TFG) podem 
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32
indicar diferentes estados patológicos, assim como diferenciar azotemia 
pré e pós-renal.
DEFINIÇÃO:
Azotemia: alteração bioquímica que se caracteriza pelas 
altas concentrações no sangue, plasma ou no soro de 
produtos nitrogenados, como creatinina, ureia, proteína e 
ácido úrico, de maneira a interferir na FG podendo levar a 
danos renais.
Valores Normais
Quadro 1 – Relação ureia–creatinina
CONDIÇÕES NORMAIS 30
Em casos de desidratação, 
insuficiência cardíaca congestiva, 
uso inadequado de diuréticos 
intravenosos ou estados febris 
prolongados.
> 40-50
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
Determinação Laboratorial
Técnicas enzimáticas colorimétricas: uso da enzima urease, que 
degrada a ureia em íons, amônio e CO2. O amônio é quantificado através 
de um processo analítico e há monitoramento da variação cromática para 
que os valores de ureia sejam determinados.
Métodos de química seca: análise química que não necessita de 
água. Tem por objetivo aumentar a eficiência e reduzir a quantidade de 
amostra usada.
Creatinina
Baseado na produção e liberação de creatinina pelo músculo, 
podemos sugerir que esta relação se mantém em um equilíbrio constante. 
Lembrando que a produção de creatinina é proporcional ao consumo de 
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33
carne vermelha e à massa muscular do indivíduo, e tem como variáveis, o 
sexo, a idade e a etnia, sendo que algumas condições que levam a perda 
de massa muscular também precisam ser consideradas.
Os valores aumentados de creatinina ocorrem na desidratação,hipertireoidismo, insuficiência cardíaca congestiva, necrose tubular aguda, 
choque, glomerulonefrite e doença renal policística, enquanto valores 
reduzidos são observados em quadros de leucemia, paralisia, anemia e 
distrofia muscular. 
Valores Normais
O valor adotado pela maioria dos laboratórios é de 1,3 mg/dl, porém 
quando um valor acima é detectado, já está ocorrendo uma diminuição 
em torno de 50-60% da TFG. 
Em mulheres e idosos, devido à menor quantidade de massa 
muscular, mesmo com TFG diminuída, é possível observar valores dentro 
dos intervalos de referência, mostrando que há um descompasso entre 
o real estado funcional do indivíduo e a detecção de níveis alterados de 
creatinina. Estes fatos apresentados traduzem a dificuldade de diagnóstico 
e tratamento através da medida da creatinina.
Determinação Laboratorial
Reação de Jaffé: metodologia mais utilizada. A creatinina, em meio 
alcalino, reage com picrato formando um complexo de cor vermelho-
alaranjado. Outros cromógenos presentes no plasma podem interferir na 
reação.
Espectrometria de massa por diluição isotópica (ID-MS): método 
desenvolvido para diminuir os erros de calibração. O Instituto Nacional 
de Padrões e Tecnologia oferece uma referência da quantidade exata de 
creatinina em material humano. Com o uso desta padronização, foram 
desenvolvidas novas equações para a estimativa da TFG empregando a 
creatinina calibrada no cálculo. 
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34
Depuração Endógena da Creatinina (DEC)
Também conhecida por clearence de creatinina, é capaz de 
monitorar a progressão da doença renal. Utiliza urina de 24 horas e é uma 
opção mais fidedigna se comparada às medidas de níveis de creatinina 
plasmática. 
EXPLICANDO MELHOR:
Teste de depuração: mede a taxa em que os rins conseguem 
remover uma substância filtrável do sangue.
A DEC tem como limitação a coleta inadequada de urina, assim 
como o aumento da depuração extrarrenal da creatinina na doença renal 
crônica avançada, ambos podendo levar a diagnósticos equivocados.
Albuminúria
Assim como em doenças renais, a albumina é o 
principal componente da proteína urinária. Recomen-
da-se a quantificação de albuminúria ao invés de pro-
teína total. Dados recentes mostram uma associação 
entre o desenvolvimento de doença renal crônica e a 
quantidade de albumina na urina, recomendando que 
a classificação da doença renal seja feita por nível de 
albuminúria e TFG.
DEFINIÇÃO:
A albuminúria pode ser definida como a presença de 30 a 
300mg de albumina em amostra de urina de 24 horas, ou 
taxa de excreção de 20 a 200mg de albumina por minuto, 
ou ainda, 30 a 300mg de albumina por grama de creatinina 
em amostra isolada. 
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35
O acompanhamento de pacientes com diabetes mellitus, 
hipertensos ou com pré-eclâmpsia tem sido realizado através da medida 
da albumina urinária. Sua elevação deve ser confirmada em pelo menos 2 
de 3 coletas dentro de um período de 3 a 6 meses. Toda essa preocupação 
se fundamenta no fato de que uma intervenção clínica precoce pode 
preservar a capacidade de filtração glomerular. 
A interpretação dos resultados deve ser feita com cuidado, uma vez 
que algumas situações clínicas podem levar à albuminúria transitória. 
EXEMPLO
Um exemplo de albuminúria transitória seria hiperglicemia, 
obesidade mórbida, atividade física intensa, febre, processo infeccioso 
urinário e insuficiência cardíaca.
Determinação Laboratorial
A nefelometria é um método analítico de laboratório que se baseia 
na diminuição da intensidade pela difração da luz. Já a turbidimetria é 
uma técnica analítica baseada no método de espectrofotometria capaz 
de medir a turbidez de uma amostra. 
As duas técnicas tendem a subestimar o real valor da albumina, 
por isso a Cromatografia Líquida de Alta Performance (HPLC) apresenta 
um alto custo e é um procedimento complexo, porém continua sendo a 
maneira mais eficaz de medir a quantidade de albumina.
Depuração da Inulina e Quelatos 
Marcados
A inulina é um polissacarídeo de peso molecular em torno de 5.000 
Da. É fisiologicamente inerte, filtrada pelos glomérulos, não é sintetizada, 
reabsorvida ou secretada pelos túbulos, sendo então considerada uma 
substância ideal para medir a TFG.
A inulina é considerada “padrão ouro” quanto aos métodos de 
depuração, contudo, é um método demorado e invasivo, que atualmente 
é limitado à pesquisa experimental.
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A administração de radiofármacos tem sido viabilizada para avaliar 
a TFG, pois possui grande precisão, com uso de pequenas e não tóxicas 
quantidades de radioisótopos (123I-iodotalamato, quelante 51Cr-EDTA e 
99mTc-DTPA).
Uso de Radioisótopos
125I-iodotalamato: teste considerado simples, muito eficiente e 
reprodutível, realizado com uma única injeção subcutânea. Pode tanto ser 
realizado em pacientes doentes renais leves ou avançados quanto em 
crianças saudáveis.
Quelante 51Cr-EDTA: é o radiofármaco usado na depuração 
plasmática na rotina clínica para a determinação da TFG, pois tem 
depuração semelhante à da inulina e é quantificado no cintilador. Sugere-
se o uso em pacientes com suspeita de lesão renal, mesmo aqueles em 
que a DEC e concentração de creatinina estão normais.
99mTc-DTPA: permite menor exposição à radiação, possui 
eliminação exclusivamente renal, tem meia vida longa e decai por 
transição isomérica, o que dificulta em partes, o seu uso. 
Para o uso de marcadores radioativos, é preciso avaliar a exposição 
do paciente e dos profissionais técnicos envolvidos, além de exigir 
do laboratório uma licença para o seu manuseio expedida por órgãos 
reguladores e um destino para os resíduos radioativos. Todos estes fatores 
apresentados tornam o uso de marcadores complexo e de alto custo. 
Proteinúria
A proteinúria é consequência de uma diminuição na reabsorção 
tubular ou um aumento da quantidade de proteínas no FG.
A proteína total excretada na urina varia entre 20 e 150mg/dia, 
sendo que metade corresponde à albumina e o restante é de proteína 
Tamm-Horsfall (um constituinte dos cilindros urinários).
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Valores Normais
Os valores de referência dependem do tipo de amostra utilizada, 
sendo <300 mg/24 horas ou <200 mg/g de creatinina.
Determinação Laboratorial
A avaliação da proteinúria pode ser realizada com o uso de 
amostra de urina de 24 horas ou em amostra isolada normalizada pela 
creatinina urinária. Sua detecção é realizada através de diversos métodos 
quantitativos, como os colorimétricos (uso de azul de Coomassie, 
molibdato de pirogalol vermelho, entre outros). 
IMPORTANTE:
Um método recomendado por estar menos sujeito à erros 
de coleta é a relação proteínas totais/creatinina. 
A urina da manhã também pode ser avaliada através do uso de 
urofitas, porém podem apresentar resultados divergentes em análises 
quantitativas, pois as fitas são específicas para detecção de albumina e 
não de proteínas totais.
Dismorfismo Eritrocitário
A discriminação entre hematúria de causas glomerulares de não 
glomerulares é bem difícil na prática clínica. O uso de dismorfismo 
eritrocitário tem suas vantagens por ser de baixa complexidade, custo 
reduzido e por não ser invasivo, contudo, a análise das hemácias no 
microscópio é subjetiva e possui baixa sensibilidade na detecção de lesão 
glomerular. 
Determinação Laboratorial
A técnica usada para diferenciar hematúria glomerular (as hemácias 
estão dismórficas devido à deformidade sofrida ao passar pela membrana 
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38
glomerular lesada) da extraglomerular (as hemácias estão isomórficas, 
como na forma sanguínea) é a microscopia de contraste de fase. 
Lipocalina Associada à Gelatinase de 
Neutrófilos- NGAL
NGAL é uma proteína de 25kDa de peso molecular, com 178 
aminoácidos em sua composição. É expressa pelos neutrófilos e células 
epiteliais, incluindo células do túbulorenal proximal. 
Alguns estudos mostram a eficiência da NGAL em detectar de 
maneira precoce a ocorrência de insuficiência renal aguda em associação 
a várias situações clínicas (cirurgia cardiopulmonar by pass e cirurgia 
cardíaca). 
Determinação Laboratorial
Existe no mercado conjuntos de diagnósticos que fazem a 
determinação de NGAL urinário e plasmático. A concentração plasmática 
inclui a produção de NGAL em outros órgãos que não os rins, enquanto a 
dosagem urinária transmite mais fidelidade à produção renal da proteína. 
Ainda é um marcador que emerge na detecção de insuficiência renal 
aguda e carente de novos estudos que confirmem sua utilidade na prática. 
Cistatina C
A cistatina C é uma proteína pequena (122 aminoácidos e 13 kDa) 
encontrada em fluidos biológicos como líquido seminal, cefalorraquidiano 
e soro. Seus níveis séricos não são afetados pela idade nem pela 
quantidade de massa muscular, e é facilmente filtrada através da 
membrana glomerular, sendo reabsorvida no túbulo proximal em uma 
proporção significativa e, depois catabolizada quase que totalmente, 
não sendo excretada na urina, o que a torna interessante para ser usada 
como marcador bioquímico para avaliar a filtração glomerular. Porém, a 
dosagem laboratorial da cistatina C ainda precisa de padronização e seu 
custo ainda é elevado.
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Molécula-1 de Lesão Renal (KIM-1)
É uma glicoproteína transmembrana que em insuficiência renal aguda 
possui produção regulada pelo túbulo renal proximal. As concentrações 
de KIM-1 são mais elevadas em insuficiência renal aguda isquêmica do 
que na doença renal crônica, sendo considerada um biomarcador para 
toxicidade tubular proximal sensível e com alta especificidade. 
Interleucina 18 (IL-18)
É uma citocina utilizada como marcador precoce de lesão renal 
aguda, é mediadora de inflamação e liberada no túbulo proximal. 
Se compararmos a relação entre albumina, creatinina urinária e 
marcadores de lesão tubular, podemos mostrar que a IL-18, assim como 
o KIM-1, são específicos para o túbulo proximal e têm sido implicados na 
lesão de isquemia-reperfusão renal.
RESUMINDO:
E então, vamos passar rapidamente pelos pontos 
principais? Relembraremos os principais biomarcadores e 
como ocorre o diagnóstico laboratorial. 
Ureia: técnicas enzimáticas colorimétricas (uso de uréase) e 
métodos de química seca. 
Creatinina: reação de Jaffé e espectrometria de massa por diluição 
isotópica (ID-MS). Depuração endógena da creatinina (DEC). 
Albuminúria: nefelometria, nurbidimetria e Cromatografia Líquida 
de Alta Performance (HPLC). 
Depuração da inulina e quelatos marcados: 125I-iodotalamato, 
Quelante 51Cr-EDTA e 99mTc-DTPA. 
Proteinúria: métodos quantitativos colorimétricos (azul de 
Coomassie, molibdato de pirogalol vermelho, entre outros). 
Dismosfismo eritrocitário: microscopia de contraste de fase.
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Lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos (NGAL): 
marcador emergente na detecção de insuficiência renal aguda, ainda 
carente de novos estudos que confirmem sua utilidade na prática. 
Cistatina C, Molécula-1 de lesão renal (KIM-1) e Interleucina 18 (IL-
18).
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Análise Fecal
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá explicar as principais 
doenças diagnosticadas por exame de fezes. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
O exame parasitológico de fezes tem por finalidade analisar dores 
de estômago, confirmar suspeita de algum parasita que possa ter se 
instalado no sistema digestório, e ainda pesquisa de sangue oculto, com 
o objetivo de detectar males intestinais e até tumores.
Figura 6 – Ilustração de exame de fezes
Fonte: LabVW Laboratório.
Antes de iniciarmos nosso capítulo sobre análise fecal, precisamos 
relembrar rapidamente a origem e a composição das fezes, falando um 
pouco sobre o sistema digestório.
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42
REVISANDO 
O sistema ou aparelho digestório humano é composto pelos 
seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, intestino delgado, intestino 
grosso e ânus. O alimento ingerido é fragmentado pela mastigação e 
deglutido sob a ação dos músculos da faringe. 
No estômago, o bolo alimentar é misturado ao suco gástrico e 
umedecido pelo muco secretado pela parede estomacal, transformando-
se em uma pasta ácida denominada quimo. Em seguida, o quimo passa 
para o duodeno (intestino delgado), em que enzimas finalizarão o processo 
digestivo. Assim que são liberados, os produtos finais da digestão 
(aminoácidos, glicose, vitaminas hidrossolúveis e sais minerais) vão sendo 
absorvidos pelas células do intestino delgado. Depois de o organismo 
absorver todos os resíduos úteis, os restos alimentares são enviados ao 
intestino grosso, ainda com grande quantidade de sais e água, que serão 
absorvidos nesta etapa. 
As fezes são liberadas pelo ânus, praticamente secas, com cor 
característica devido à presença de pigmentos provenientes da bile 
(acastanhada).
O reto é um compartimento que começa no fim do intestino grosso 
e termina no ânus; geralmente está vazio, pois as fezes se armazenam 
no cólon descendente antes de chegarem ao reto. Quando o cólon 
descendente se enche de fezes, elas passam para o reto e em seguinte 
há a necessidade de evacuar os intestinos através do ânus. 
Consistência Fecal
Normalmente, as fezes são sólidas e apresentam 75% de água 
na sua composição. Quando a quantidade de água varia, percebemos 
variação na consistência. As fezes com 80% de água são consideradas 
moles e com 90% são fezes líquidas. Diarreias graves podem ter 100% de 
água.
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Odor
O odor pode variar do fisiológico ao pútrido, dependendo da 
alimentação, estado de saúde e fermentações intestinais.
Forma
A forma é definida pelo esfíncter anal que é cilíndrico, porém vai 
depender muito da sua consistência. Em casos de diarreia, não se define 
forma.
Massa ou Quantidade
Uma alimentação regular gera em torno de 100 a 150g de fezes 
por dia, mas se a quantidade de alimentos for excessiva, aumentará a 
quantidade de fezes gerada. 
A maior parte das fazes é formada por bactérias (vivas e mortas), o 
restante é muco, fibras, celulose, sais e outros materiais que não foram 
digeridos.
Exames de Fezes
As análises fecais são solicitadas com o objetivo de detectar e 
identificar parasitas, bactérias patogênicas, sangramento gastrintestinal, 
e ainda, distúrbios dos ductos biliares e hepáticos. As análises são 
consideradas de rotina e podem ser microscópicas, macroscópicas e 
bioquímicas. 
Diferentes recomendações são exigidas para cada finalidade de 
exame: dosagem da gordura das fezes, pesquisa de sangue oculto, ovos 
e parasitas, estudo das funções digestivas e coprocultura. 
DEFINIÇÃO:
Coprocultura é o exame bacteriológico das fezes muito 
utilizado em casos de gastroenterite adulta.
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Tipos de Exame
Protoparasitológico (PPF)
 • Pesquisa de helmintos e protozoários nas fezes.
 • O paciente precisa evacuar em um recipiente limpo e seco; transferir 
uma parte das fezes para o frasco coletor, não ultrapassando a 
medida de meio frasco. Não é indicado o uso de supositórios ou 
laxantes.
 • Recomenda-se colher amostras em 3 dias diferentes. 
 • Orienta-se que o paciente tenha o cuidado em não contaminar 
as fezes com água contendo desinfetantes químicos, ou misturar 
com urina. 
 • Não é problema a coleta das fezes com diarreia, sangue, pus ou 
muco.
Pesquisa de sangue oculto 
 • O paciente realiza durante 3 dias uma dieta sem carnes e derivados, 
alimentos coloridos e que contenham alta atividade de peroxidase 
(beterraba, espinafre, brócolis, melão, maçã, couve-flor, banana, 
nabo e rabanete). 
 • Orienta-se a não usar medicamentos como anti-inflamatórios 
corticoides, ferro, aspirina e vitamina C.
 • Recomenda-se o cuidadoao escovar os dentes, a fim de evitar 
sangramento da gengiva. 
 • Evitar a coleta em caso de sangramento nasal ou hemorroidal.
 • No terceiro dia da dieta preparatória, colher uma amostra das 
fezes.
Cultura de fezes (Coprocultura)
 • A amostra é coletada em recipiente contendo o meio de transporte 
Cary Blair.
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 • A ponta do swab deve ser introduzida nas fezes frescas e colocada 
no meio de Cary Blair.
 • Não pode usar laxante para a coleta, nem refrigerar a amostra.
Pesquisa de Isospora e Cryptosporidium
 • Pede que uma porção das fezes recém-emitidas seja colocada 
em um frasco coletor.
 • Não ultrapassar metade do frasco.
 • Não usar laxantes e supositórios.
Pesquisa de gordura
 • Pede que uma porção das fezes recém-emitidas seja colocada 
em um frasco coletor.
 • Não ultrapassar metade do frasco.
 • Não usar laxantes e supositórios.
 • Após o uso de metamucil ou contraste radiológico deve-se 
aguardar uma semana a realização do exame.
 • Conservar a amostra sob refrigeração até o envio ao laboratório.
Pesquisa de Enterobius vermiculares (oxiúros)
 • Realizar a coleta pela manhã sem realizar higiene anal antes.
 • Pressiona-se várias vezes uma fita adesiva no ânus e na região 
perianal. 
 • Posteriormente, esta fita deve ser cuidadosamente esticada sobre 
uma lâmina, evitando a formação de bolhas e pregas.
 • Fazer a identificação devida do paciente e levar ao laboratório.
Métodos de Análise
A Escala de Bristol não é exatamente um método de análise 
laboratorial, mas sim uma escala médica que classifica a forma das fezes 
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humanas em 7 categorias. A permanência das fezes no cólon é que 
determina a forma e a consistência destas.
Figura 7 – Escala de Bristol
Fonte: Doce Limão.
Os tipos 1 e 2 indicam obstipação ou constipação intestinal. Os 
tipos 3 e 4 estão mais fáceis de passar na defecação e são consideradas 
amostras ótimas. Os tipos 5, 6 e 7 indicam tendência a urgência ou diarreia. 
Método direto: exame das fezes pelo microscópio, ente lâmina e 
lamínula. A diluição da amostra tem que estar de maneira que dê para ler 
as letras de um jornal através do preparado. 
Com as fezes preservadas detectam-se cistos de protozoários e de 
ovos e larvas de helmintos. A pesquisa de trofozoítos deve ser realizada 
em fezes frescas e não preservadas. 
Método de concentração de fezes: é um método que facilita o 
encontro de parasitas, pois diminui a matéria fecal na preparação. Os três 
métodos principais são: 
Sedimentação – os parasitos são concentrados no sedimento por 
gravidade ou centrifugação.
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Flutuação – os parasitos flutuam ou são condensados em um 
sedimento com o uso de uma solução de densidade diferente da sua.
Migração – larvas vivas migram para fora do material fecal e são 
coletadas no fundo de um funil.
Método de concentração por sedimentação espontânea (método 
de Hoffmann): o uso desse método é recomendado para a pesquisa de 
ovos pesados, como os de Shistosoma mansoni, podendo revelar ovos 
e larvas de outros helmintos. Não é o método ideal para a pesquisa de 
cistos, mas estes podem ser observados se a amostra for corada. 
Método de concentração por flutuação: usa-se centrifugação 
como forma de lavar o material fecal e em seguida suspende-se em 
líquido de densidade determinada. Podem ser encontrados Schistosoma, 
larvas de Strongyloides e cistos de protozoários.
Método de concentração por migração: método que se baseia na 
migração de larvas de Strongyloides stercoralis através do material fecal 
até atingir a água. Como a larva não tem sustentação, ela sedimenta no 
fundo do recipiente. 
Método de Faust: esse método faz uso de sulfato de zinco e tem 
como fundamento a propriedade de certos ovos de helmintos de flutuarem 
na superfície de uma solução de alta densidade e de aderirem ao vidro. 
É um procedimento simples, porém eficiente, indicado para a pesquisa 
de ovos como os de ancilostomídeos, que possuem baixa densidade 
específica. Até o momento foram descritas várias modificações, e hoje 
esse método serve tanto para fezes frescas como conservadas em MIF 
ou formalina.
Merthiolate-Iodo-Formol (MIF): método de centrífugo-
sedimentação em um sistema éter-mertiolate. Usa-se para a pesquisa de 
larvas, ovos de helmintos e cistos de protozoários. 
Esfregaço fecal espesso em celofane para diagnóstico de 
esquistossomoses intestinais (técnica de Kato-Katz): é uma técnica 
eficiente nos diagnósticos de esquistossomoses e helmintos intestinais. A 
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técnica não é conveniente para examinar larvas, cistos ou ovos de certos 
parasitas intestinas.
Método de Willis (método da solução saturada de cloreto de 
sódio): é um método fundamentado na flutuação de ovos de helmintos e 
cistos de protozoários em uma solução saturada de NaCl em água a 30%. 
Devido à sua possibilidade de contaminação, é um método de pouco uso, 
substituído pelo método de sedimentação de Ritchie.
Método de Ritchie (método de formol-éter): método que 
concentra cistos de protozoário, ovos e larvas de helmintos, e também é 
útil para coccídeos. 
Método de Baermann: método seletivo de larvas e não específico 
(podem ser encontrados cistos e ovos de outros parasitos), que se baseia 
no hidro-termo-tropismo das larvas pela ação da gravidade. Tem indicação 
para a pesquisa de larvas de Ancilostomideos e Strongyloides stercorales.
Método de Rugai: simplificou o método de Baermann utilizando 
a própria latinha como receptáculo para as fezes e um cálice de 
sedimentação, em vez de funil. Indicado para a pesquisa de larvas de 
Strongyloides stercorales e de Ancilostomideos.
Métodos de contagem de ovos nas fezes: usa-se a contagem de 
ovos para avaliar a intensidade da infecção por helmintos (apresentam 
liberação constante). Também pode ser usado para a contagem de ovos 
de Ascaris lumbricóides e de Trichuris trichiura. O método é limitado pela 
dieta e pelo sistema imunológico do hospedeiro, sendo realizado apenas 
de maneira estimada para verificar o sucesso ou não de um tratamento e 
o papel da infecção na doença.
Preparações salinas: pesquisa-se a presença de cistos, ovos e 
larvas e, quando presentes, há motilidade dos trofozoítas, contudo, sem 
estabelecer um diagnóstico específico. Serve apenas como orientação. 
As fezes deverão ser fixadas e um esfregaço fecal corado deverá ser 
preparado. Para a pesquisa de ovos, o exame direto a fresco sem 
coloração pode gerar bons resultados, mas para o exame de cistos e de 
larvas é necessário preparar um esfregaço corado, para que um estudo 
das características morfológicas das diferentes espécies possa ser feito. 
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Método do esfregaço de espesso de celofane (Kato e Miura): 
um pedaço de celofane substitui a lamínula de vidro. É recomendado 
para inquéritos coprológicos por ser rápida e simples a preparação dos 
esfregaços fecais e pelo baixo custo na pesquisa de ovos de helmintos.
Método da eclosão: é uma das técnicas consideradas das mais 
sensíveis para diagnosticar esquistossomíase e que são indispensáveis 
para avaliação da cura após o tratamento. 
Método da fita (Método de Graham): uma fita adesiva é colocada 
ao fundo de um tubo de ensaio com a parte colante voltada para fora. A 
prega anal do paciente é então aberta e assim é encostada diversas vezes 
a parte colante naquela região perianal. A fita adesiva é então colocada 
em lâmina e observada em microscópio. São métodos muito úteis na 
detecção de ovos de Enterobius vermicularis e Taenia.
SAIBA MAIS:
Para saber mais, acesse o Guia Prático para o Controle das 
geo-helmintíases
RESUMINDO:
E então, gostou do que vimos? Aprendeu mesmo, tudinho? 
Só para termos certeza, vamos resumir tudo o que vimos 
neste capítulo.
O exame parasitológico analisa dores de estômago, confirma 
suspeitas de parasita no sistemadigestório e pesquisa sangue oculto. As 
fezes são sólidas e apresentam 75% de água na sua composição. Fezes 
com 80% de água são consideradas moles e com 90% são líquidas, 
diarreias graves podem ter 100% de água. O odor varia do fisiológico ao 
pútrido. A forma é definida pelo esfíncter anal. A alimentação regular gera 
em torno de 100 a 150g de fezes por dia.
Análises fecais são solicitadas para detectar e identificar parasitas, 
bactérias patogênicas, sangramento gastrintestinal, distúrbios dos ductos 
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https://www.docelimao.com.br/site/desintoxicante/principios/2905-como-esta-o-seu-coco.html
https://www.docelimao.com.br/site/desintoxicante/principios/2905-como-esta-o-seu-coco.html
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biliares e hepáticos. As análises são consideradas de rotina e podem ser 
microscópicas, macroscópicas e bioquímicas. 
Os tipos de exame de fezes são: protoparasitológico (PPF), pesquisa 
de sangue oculto, cultura de fezes (coprocultura), pesquisa de Isospora 
e Cryptosporidium, pesquisa de gordura e de oxiúros. E seus métodos 
de análise são: direto, concentração de fezes, Faust, MIF, Willis, Ritchie, 
Baermann, contagem de ovos nas fezes, preparações salinas, eclosão, 
preparações perianais. 
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REFERÊNCIAS
CURSOS APRENDIZ. Métodos para o exame parasitológico de fezes. 
Cursos Aprendiz, 2018. Disponível em: https://www.cursosaprendiz.com.
br/metodos-para-o-exame-parasitologico-de-fezes. Acesso em: 14 set. 
2021.
DUSSE, L. M. A et al. Biomarcadores da função renal: do que 
dispomos atualmente? Revista Brasileira de Análises Clínicas – RBAC, 
2017. 
Disponível em: http://www.rbac.org.br/wp-content/
uploads/2017/06/RBAC-1-2017-ref.-427.pdf. Acesso em: 14 set. 2021.
GONÇALVES, F. B. et al. Uroanálise e fluidos corporais. São Paulo: 
Técnica do Brasil, 2015.
NARDOZZA JÚNIOR, A.; ZERATTI FILHO, M.; DOS REIS, R. B. Urologia 
fundamental. São Paulo: Planmark, 2010. 
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Exame de fezes. São Paulo: Secretaria 
da Saúde, [s. d.]. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
secretarias/upload/saude/arquivos/assistencialaboratorial/Coleta_
Laboratorial_Cap3.pdf. Acesso em: 14 set. 2021.
SHAH, A. P. Avaliação do paciente renal. Manual MSD, 2019.
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	Interleucina 18 (IL-18)
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	Consistência Fecal
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	Massa ou Quantidade
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	Métodos de Análise

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