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Prévia do material em texto

Libras
Clélia Maria Ignatius Nogueira 
Marília Ignatius Nogueira Carneiro 
Beatriz Ignatius Nogueira
A Faculdade Efi caz nasceu com o objetivo de promover a formação consciente 
dos cidadãos de seus direitos e deveres sociais, primando pela cidadania e soli-
dariedade humana.
Nossa tarefa é trabalhar em nossos alunos habilidades e capacidades, para que 
sejam cidadãos capazes de enfrentar as difi culdades cotidianas. Em nossos cursos 
buscamos a excelência educacional, seja por sua preocupação perante o avanço da 
ciência, da tecnologia, ou perante os anseios da sociedade moderna e democrática.
A Faculdade Efi caz se propõe a ser uma mediadora na transmissão dos conheci-
mentos já produzidos pela humanidade; ponte na articulação destes conhecimentos 
com os novos, produzidos a partir das experiências vivenciadas pelos discentes que 
é a construção do seu próprio saber e ainda: promover a integração destes conheci-
mentos pela mobilização de competências já construídas, por sua ampliação e pela 
construção de novas competências.
Portanto, entendemos que a nossa fi nalidade é formar profi ssionais com com-
petências e habilidades para atuar no contexto complexo e contraditório da eco-
nomia global, das políticas e das mudanças sociais, que afetam diretamente a vida 
cotidiana, o trabalho e as formas de organização e qualifi cação profi ssional.
Ao ingressar na Faculdade Efi caz, os alunos terão a chance não apenas de 
estudar uma nova profi ssão, ou aprimorá-la, mas também de ampliar sua visão de 
mundo a partir do acesso à cultura e ao conhecimento. Isto, com certeza, tornando
-os cidadãos mais ativos e mais plurais neste mundo globalizado em que vivemos, 
assim como os torna mais bem preparados para o mercado de trabalho.
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LIBRAS
Clélia Maria Ignatius Nogueira; Marilia Ignatius Nogueira Carneiro; 
Beatriz Ignatius Nogueira.
Você certamente deve estar se perguntando por que estudar a Língua Brasileira de 
Sinais, a Libras. Afi nal, esta é a língua dos surdos brasileiros e provavelmente você nem 
conhece ninguém surdo! 
Outra coisa que você provavelmente não sabe é que atualmente existem no Brasil 
cerca de 5.7000.000 pessoas surdas e que, segundo dados do MEC - Ministério 
da Educação, em 2001, existiam 50 mil estudantes surdos matriculados no Ensino 
Fundamental, a maioria deles em classes comuns, em escolas inclusivas. Apesar dessa 
grande quantidade de alunos surdos matriculados no ensino regular, poucos conseguem 
sucesso, principalmente por que a principal maneira de ensinar ainda é a explicação 
oral e daí o surdo não entende nada, por causa da difi culdade de comunicação entre 
professores e alunos. 
Este dado de 2001 é importante porque foi esta constatação que deu origem a 
diversas ações do Ministério da Educação do Brasil, mudando, radicalmente e para 
melhor, a educação do surdo brasileiro. Assim, tentando mudar essa realidade de 
fracasso educacional que os alunos surdos viviam, o Governo Federal adotou diversas 
medidas, dentre elas o Decreto Federal nº 5626 de 22 de dezembro de 2005, que 
tornou obrigatório o ensino de Libras - Língua Brasileira de Sinais - em todos os cursos 
de formação de professores e também de fonoaudiologia do Brasil, além de se constituir 
em disciplina optativa dos demais cursos.
É por isso que você está tendo esta disciplina, que tem como objetivo proporcionar o 
estudo sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, bem como refl etir sobre a surdez, a 
cultura, as identidades surdas e a Educação de Surdos na realidade brasileira, pensando 
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na inclusão social e educacional do surdo.
A surdez pode ser caracterizada de duas maneiras distintas: seguindo o modelo 
médico, em que ela é vista como uma defi ciência, uma limitaçãode natureza patológica, 
com a criança sendo rotulada por aquilo que não é capaz de fazer. Ao adotarmos a 
concepção socioantropológica da surdez, entendida agora não mais como uma patologia, 
mas como uma diferença linguística, a criança surda passa a ser encarada a partir de suas 
possibilidades, que poderão ser mais ou menos aproveitadas em função da educação 
que lhe for ofertada.
Assim, compreender os surdos e a surdez nesse viés educacional é fundamental 
para o futuro professor, pois este é o profi ssional que estará mais próximo da família no 
momento dela lidar com a educação da criança surda e, orientar esta família.
Além disso, agora já pensando no surdo adulto, que pode e deve exercer sua cidadania, 
é importante que qualquer profi ssional esteja minimamente capacitado para atendê-lo.
Desta forma, procuramos atender prioritariamente a três grandes objetivos: 
proporcionar a constituição de uma imagem positiva da surdez e dos surdos; favorecer a 
inclusão educacional e social do surdo e promover a difusão da Libras.
Para atingir estes objetivos, este livro se organiza em três unidades. Na Unidade I, 
apresentaremos a Libras – Língua Brasileira de Sinais, em seus aspectos geral e sintático. 
A Unidade II será destinada, basicamente, à apresentação de vocabulário específi co que 
lhe permita uma comunicação funcional com o surdo, em sua área de atuação profi ssional. 
Apresentaremos também nesta segunda unidade, os profi ssionais da Libras, a saber, o 
tradutor intérprete de Língua de Sinais (TILS) e o professor de Libras, que, de acordo com 
o Decreto 5626 deve ser, prioritariamente surdo. Na Unidade III trataremos de sensibilizar 
e conscientizar você dos aspectos sociais e antropológicos da surdez, ao discutirmos as 
concepções de surdez; as diferentes fi losofi as educacionais, a cultura e as identidades 
surdas, a história da educação de surdos e ainda apresentaremos algumas leis e políticas 
públicas relacionadas à educação de surdos, fi nalizando com uma desconstrução de 
alguns mitos e crenças sobre a surdez e os surdos. Nas conclusões, além de fazermos 
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Ouma retomada dos assuntos abordados nas unidades I, II e III, faremos uma discussão a 
respeito da inclusão educacional e social do surdo. 
Faremos estas discussões sustentadas não apenas em nossa formação acadêmica, 
mas particularmente, em nossa experiência de vida. Pelo nosso sobrenome, você já deve 
ter percebido que nós três somos parentes! É verdade. Somos mãe (Clélia) e fi lhas (Marília 
e Beatriz). A mãe é ouvinte e as fi lhas são surdas e nós vivenciamos um período muito 
difícil na vida do surdo brasileiro. Um período em que os professores não aprendiam a se 
comunicar com seus alunos e mais, os próprios surdos eram proibidos de usar a Libras!
Esse período foi muito difícil e isso acontecia porque as pessoas, incluídas aí os 
professores e a família, acreditavam que aprender falar oralmente era a única forma 
do surdo - que naquela época era designado por defi ciente auditivo – se integrar à 
sociedade. Atualmente, muita coisa mudou. Até a maneira de se referir aos surdos e esta 
experiência que nos credencia a discutir esses temas tão delicados com você. 
Finalizamos esta apresentação com uma frase atribuída ao surdo francês Ferdinand 
Berthier, que viveu no século XIX e é considerado um dos mais brilhantes exemplos de 
sucesso de um surdo, um dos fundadores da primeira associação de surdos, a “Societété 
Centrale des Sourds Muets de Paris”, que extraímos do livro de Gesser (2009): “O que 
importa a surdez da orelha, quando a mente ouve? A verdadeira surdez, a incurável 
surdez é a da mente” (FERDINAND BERTHIER, surdo francês, 1854).
Abram suas mentes e bons estudos!
S
U
M
Á
R
IO
UNIDADE 1: CONSTRUINDO VOCABULÁRIO 11
Introdução .............................................................................................13
Léxico de Unidades Semânticas: alfabeto, números e pronomes ............15
Números ...............................................................................................18
Algarismos e Numerais................................................................................. 18
Números quantitativos .................................................................................. 19
Números ordinais ......................................................................................... 19
PRONOMES................................................................................................ 20
Pronomes Pessoais ..................................................................................... 20
Pronomes Possessivos ................................................................................ 22
Pronomes Demonstrativos ........................................................................... 23
Léxico de Unidades Semânticas: saudações cotidianas; 
cores; calendário, tempo .......................................................................23
IDENTIFICAÇÃO PESSOAL .......................................................................... 23
CALENDÁRIO ........................................................................................29
LÉXICO DE UNIDADES SEMÂNTICAS: DEFICIÊNCIAS, PROFISSÕES, 
ESCOLA, EDUCAÇÃO E ECONOMIA ....................................................44
EDUCAÇÃO: ESCOLA – NÍVEIS DE ENSINO - ESPAÇO FÍSICO –
DISCIPLINAS – MATERIAL ECOLAR .......................................................54
TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS – TILS .........................63
O MERCADO DE TRABALHO PARA AS PESSOAS SURDAS ..................72
Algumas ideias sobre o capitalismo .............................................................. 73
Contextualizando a surdez ..................................................................... 76
Professor de Libras: reserva de mercado para surdos? .................................79
Construindo Vocabulário 
UNIDADE 1
ObjEtIVOs DE AprENDIzAgEm
•	 Possibilitar a constituição de uma imagem positiva da surdez e do surdo;
•	 Estabelecer um vocabulário suficiente para a comunicação funcional com o 
surdo em sua futura atuação profissional;
•	 Favorecer a comunicação, a interação e o atendimento ao surdo;
•	 Favorecer o processo de inclusão da pessoa surda;
•	 Compreender a atuação do tradutor intérprete de língua de sinais (TILS);
•	 Discutir o mercado de trabalho do TILS e dos surdos.
plANO DE EstUDO
Serão abordados os seguintes tópicos:
•	 Léxico de Unidades Semânticas: alfabeto, números e pronomes
•	 Léxico de Unidades Semânticas: saudações cotidianas; cores; 
calendário e tempo
•	 Léxico de Unidades Semânticas: deficiências, profissões, 
educação, escola e economia
•	 Intérpretes tradutores de línguas de sinais
•	 O mercado de trabalho para as pessoas surdas
Clélia Maria Ignatius Nogueira; Marilia Ignatius Nogueira Carneiro; 
Beatriz Ignatius Nogueira
13
libras
INTRODUÇÃO
Nesta segunda unidade, conforme anunciamos na apresentação deste livro, é destina-
da à construção de vocabulário específico para sua área de atuação. Nas conclusões, 
faremos uma discussão a respeito de como entendemos sua atuação como professor, 
parceiro da família e como é possível favorecer a inclusão do cidadão surdo, qualquer 
que seja seu campo de atuação profissional. Reafirmamos que fazemos estas discus-
sões sustentadas não apenas em nossa formação acadêmica, mas particularmente, em 
nossa experiência de vida.
Também apresentaremos nesta Unidade o papel do tradutor intérprete de sinais, particu-
larmente na educação e também discutiremos sua relação com o surdo, particularmente 
no que se refere ao mercado de trabalho.
Para a construção do vocabulário, apresentaremos aqui, fotos com setas indicando os 
movimentos, todavia, você pode encontrar esses sinais (pelo menos a maioria deles) em 
qualquer dos dicionários virtuais disponíveis. Essa consulta é importante, porque nesses 
dicionários virtuais os sinais apresentam-se com movimento. Recomendamos o endere-
ço <www.acessobrasil.org/libras>.
As unidades semânticas abordadas nesta Unidade II: Alfabeto, Números, Cores, 
Saudações Cotidianas, Calendário e Tempo, Deficiências, Profissões, Escola, Educação 
e Economia.
14
libras
No que se refere aos aspectos gramaticais, apresentaremos os Pronomes pessoais, 
possessivos e demonstrativos.
Assim, a exemplo da Unidade I, esta segunda unidade também se organiza em cinco 
seções, a saber:
Seção 1: Léxico de Unidades Semânticas: alfabeto, números e pronomes.
Seção 2: Léxico de Unidades Semânticas: saudações cotidianas; cores; calendário, 
tempo.
Seção 3: Léxico de Unidades Semânticas: deficiências, profissões, educação, escola e 
economia.
Seção 4: Intérpretes tradutores de línguas de sinais.
Seção 5: O mercado de trabalho para as pessoas surdas.
É muito importante que o(a) futuro(a) professor(a) aprenda a língua de sinais para aprimo-
rar a comunicação com seus alunos, assim como, os demais profissionais, para facilitar a 
inclusão e o atendimento do cidadão surdo. Destaca-se que a Libras é a língua oficial do 
Brasil e assim, utilizá-la não significa nenhum tipo de concessão, ao contrário, o surdo tem 
esse direito. É fato que isto pode ser viabilizado por intermédio da atuação do intérprete 
15
libras
de Libras, entretanto, ainda há escassez de profissionais que atuem como intérpretes e, 
assim, nos diferentes segmentos profissionais os surdos não recebem um atendimento 
digno, evidenciando a falta de ética e o desrespeito à pessoa com deficiência. O seu 
comprometimento com esta disciplina reflete o tipo de profissional que você pretende ser!
LÉXICO DE UNIDADES SEMÂNTICAS: ALFABETO, 
NÚMEROS E PRONOMES
Na Unidade I, quando abordamos os parâmetros da Libras, especificamente ao tratarmos 
da Configuração de Mãos (CM), apresentamos alguns sinais do alfabeto manual ou digital 
e discutimos a questão da soletração e da datilologia. Apresentamos o alfabeto completo 
agora.
O alfabeto manual
 A B Ç C 
16
libras
 D E F G 
 H I 
 J K L 
 M N O P 
 Q R S T 
17
libras
 U V X W 
 Z
Pontuações
^ ` ´ ~ 
. : ; ? 
! ...
18
libras
NÚMEROS
Algarismos e Numerais
 0 1 2 3 
 4 5 6 7
 8 9
 10
19
libras
Números quantitativos
Existe uma diferença na maneira de representar os números até 4. Os sinais para quan-
tidade; algarismos e números ordinais são diferentes. De 5 para cima são os mesmos 
sinais.
Quantidade / Quanto
 1 2 3 4
Números ordinais
Faça o sinal do algarismo com movimento, por exemplo, “1” balançando para cima e para 
baixo.
20
libras
 Primeiro Segundo Terceiro Quarto 
 Quinto Sexto
PRONOMES
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais são sinalizados apontando com o dedo indicador. Quando 
a pessoa que fala aponta para si olhando para quem fala, esse sinal significa eu. Se a 
apontação e o olhar são dirigidos ao interlocutor o sinal indica tu ou você. Se, por outro 
lado, a apontação é dirigida para outra pessoa que não está na conversa ou para um 
lugar qualquer do espaço próximo ao emissor, o que se está sinalizando é ele ou ela.
21
libras
 Vocês quatro Vocês três Vocês dois
 Só você Nós dois Nós três Nós quatro
 Del@ Seu
 Del@ Seu
22
libras
Pronomes Possessivos
Os pronomes possessivos são sinalizados com a configuração de mão em P e obe-
decem aos mesmos princípios da expressão dos pronomes pessoais na Libras, devendo 
sempre, o emissor dirigir seu olhar para o seu interlocutor.
 Meu Tudo / Todos ou Tudo / todos 
 Nosso (dois dedos “SS”) Nós (um dedo) El@s
 Você Eu El@
23
libras
Pronomes Demonstrativos
 Lá Essa Esta Aqui
LÉXICO DE UNIDADES SEMÂNTICAS: SAUDAÇÕES 
COTIDIANAS; CORES; CALENDÁRIO, TEMPO
IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
 Sinal Nome Idade
24
libras
Exemplo – SINAL, Idade e NOME
Sinal: M na bochecha 30 Idade
Nome – Soletre M-A-R-I-L-I-A
SAUDAÇÕES – Exemplo: primeiro dia na sala de aula
 Encontrar Saudades
25
libras
 Por favor / Dá Licença Lembrar Eu
 Tudo Bem Oi 
 Desculpe Banheiro Beber água
 Tchau Prazer (Conhecer + Gostar)
26
libras
 Bom Dia Ou
Bom Dia
Boa tarde
Boa Noite
Boa Madrugada
27
libras
 Conhecer Obrigado De nada
CORES
 Cores = Cor - Vários Escuro
 Verde Claro
 Verde Prata Cinza Roxo
28
libras
 Dourado/Ouro Vermelho Amarelo
 Marrom Bege Azul
 Rosa Bordô/ Vinho Azul
 Branco ou Branco
 Preto Laranja
29
libras
CALENDÁRIO
Aprendendo os sinais de Calendário
Calendário
 Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira 
30
libras
 Sexta-feira Sábado Domingo
 Um dia Dois dias
 Três dia Quatro dias
 Anteontem Todos os dias
31
libras
 Todos os dias Amanhã
 Hoje Ontem
 Semana que vem Semana passada
 Semana Duas semanas Três semanas Quatro semanas
32
libras
Para mais de cinco semanas, deve-se usar o sinal do número mais o sinal de “semana”, 
por exemplo, 5 + semana, observe o exemplo.
 Cinco semanas
 40 semanas
 Mês que vem Mês passado
 Um mês Dois meses Três meses Quatro meses
33
libras
Cinco Meses Cinco + meses
ou
A partir de 6 meses, deve sinalizar dois sinais, 6 + mês
Ano Ano que vem
Ano que vem
34
libras
Meses
Janeiro
ou
Fevereiro
Março – MRÇ ou Março
Abril Maio Junho
Junho Julho
35
libras
SetembroAgosto Outubro
Dezembro
ou
Novembro
Datas comemorativas
Aniversário
36
libras
JANEIRO
Ano Novo
Champanhe (ano novo)
FEVEREIRO
Carnaval
37
librasMARÇO
Dia da Mulher
ABRIL
Páscoa (Ovo + Coelho)
Dia de Tiradentes Dia do Índio
38
libras
MAIO
Dia das Mães
Dia do Trabalho
JUNHO
Dia dos Namorados
39
libras
JULHO
Férias
AGOSTO
Dia dos Pais
SETEMBRO
Dia da Independência
40
libras
Dia dos Surdos
Dia da árvore
OUTUBRO
Dia das Crianças
41
libras
Dia do Professor
NOVEMBRO
Dia de Finados
DEZEMBRO
Natal
42
libras
Horas
Utilizamos sinais diferentes para horas, quando significa horas determinadas, ou seja, o 
horário, por exemplo, duas horas da tarde e horas no sentido de duração, por exemplo, 
a operação durou duas horas.
Horário / Que horas são Duração de horas
Exemplos de duração de horas:
Uma hora Duas horas Três horas Quatros horas
43
libras
Exemplo de hora marcada (relógio)
9:00 “Nove em ponto” 9:30 (Nove e Meia)
3 : 4 5
3 : 1 9
5: 35
44
libras
LÉXICO DE UNIDADES SEMÂNTICAS: DEFICIÊNCIAS, 
PROFISSÕES, ESCOLA, EDUCAÇÃO E ECONOMIA
Nesta seção 3, nosso objetivo é exclusivamente fornecer vocabulário para uma comu-
nicação funcional com o surdo em suas futuras atividades profissionais. Foi pensando 
na sua formação que selecionamos as unidades semânticas aqui apresentadas. Não 
se esqueça da nossa recomendação: procure sites em que você possa visualizar esses 
sinais, com movimento!
DEFICIÊNCIAS
Lei Deficiência Cadeira de rodas
Amputado Autista Cego
45
libras
Síndrome de Down Deficiência Intelectual Deficiência Visual
Surdo (surdez)
46
libras
PROFISSÕES
Profissão TrabalhoProfissional
Gerente RepórterFaxineira
Bailarina
ou
Intérprete
Vigia GuardaAuxiliar de Produção
47
libras
Fotógrafo Empresário Operário Ajudante
Monitor InstrutorContabilidade
Motorista de Ambulância = Carro + sirene
Padeiro
48
libras
Piloto de avião Táxi
Motorista de ônibus
Fonoaudiologia Pintor
Artista plásticaAdministrador Diretor
49
libras
Comprador Educador
Ano que vem Ano que vem Ano que vem
Professor TelefonistaAuxiliar de Enfermagem
SecretáriaCoordenador
50
libras
FuncionárioEmpregador
Policial Médico Fisioterapeuta Chefe
Engenharia Civil Arquitetura Dentista Pedreiro
Advogado Faxineir@Enfermeira
51
libras
ECONOMIA
Dinheiro Administrar Imposto
Poupança Juros
Porcentagem Crédito Divida Fiador
ou
Parcelar À vista Mil Empréstimo
52
libras
Cartão Magnético Cheque Reais Centavos
Nossa moeda, o Real
Um real Dois reais Três reais Quatro reais
Cinco reais Seis reais Sete reais Oito reais
Nove reais Dez reais
53
libras
Mil
Um mil Dois mil Três mil Quatro mil
Nove mil Dez mil
54
libras
EDUCAÇÃO: ESCOLA – NÍVEIS DE ENSINO - ESPAÇO 
FÍSICO –DISCIPLINAS – MATERIAL ECOLAR
ALUNO ESTUDARESCOLA
FACULDADE UNIVERSIDADEESTUDANTE
DOUTORADO MESTRADO P Ó S - G R A D U A Ç Ã O
1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU
55
libras
1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU
SÉRIE
1ª SÉRIE 2ª SÉRIE 3ª SÉRIE
4ª SÉRIE 5ª SÉRIE 6ª SÉRIE
56
libras
7ª SÉRIE 8ª SÉRIE 9ª SÉRIE REUNIÃO
REPROVAÇÃOAPROVAÇÃO
PROVACERTIFICADO
CURSOFORMATURA NOTA
57
libras
REDAÇÃOVESTIBULAR
ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
COMPUTAÇÃOLABORATÓRIO
SALA DE AULA
BIBLIOTECA
58
libras
DISCIPLINAS
DISCIPLINA INGLÊS FRANCÊS
ESPANHOLFILOSOFIA
ESTUDOS RELIGIOSOS PORTUGUÊS
EDUCAÇÃO ARTIÍTICAQUÍMICA
59
libras
EDUCAÇÃO FÍSICA HISTÓRIA
ou
SOCIOLOGIA
GEOGRAFIA CIÊNCIAS
BIOLOGIA MATEMÁTICA
ADIÇÃO MULTIPLICAÇÃO DIVISÃO SUBTRAÇÃO
60
libras
SOMA (CALCULAR)DESCONTO
MATERIAL ESCOLAR
MOCHILAUNIFORME
TESOURAAPONTADOR
RÉGUACOLA
61
libras
LÁPISLÁPIS DE COR
LIVRO / REVISTA
CANETACADERNO
62
libras
PROFISSÕES
INSTRUTOR DE LIBRASMONITOR DIRETORIA
INTÉRPRETECHEFE PROFESSORA
FAXINEIRA SECRETÁRIA F O N O A U D I Ó L O G A
ASSISTENTE SOCIAL PSICÓLOGA
63
libras
TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS 
– TILS
Como consequência de muita luta da comunidade surda, a Libras foi reconhecida como 
língua oficial em nosso país (BRASIL, 2002). Esse reconhecimento legal veio acompa-
nhado da garantia de outros direitos, dentre eles o de que os surdos tenham o acompa-
nhamento de um tradutor intérprete de Língua de Sinais (TILS) em diferentes situações, 
dentre elas, na educação.
Com a presença desse profissional, o TILS, no interior das salas de aula, novas relações 
são estabelecidas, sendo algumas delas até mesmo reconstruídas. Dentre elas, destaca-
mos: TILS e alunos surdos, TILS e professores, TILS e alunos ouvintes e TILS e saberes. 
Não podemos deixar de considerar também as relações que, com o TILS, possivelmente 
são repensadas, reconstruídas: alunos surdos e professores ouvintes, alunos surdos e 
alunos ouvintes. Nesses últimos casos, qual seria a influência desse profissional no re-
lacionamento com os demais sujeitos ouvintes? Trata-se, portanto, de um vasto campo 
ainda insuficientemente investigado.
Desta forma, para completar a descrição do modelo atual de inclusão dos surdos brasileiros, 
resta comentar a presença do TILS nas escolas e na sociedade em geral, que é fundamental 
para a inserção das pessoas com surdez usuárias da Língua de Sinais.
64
libras
O intérprete deve conhecer com profundidade, cientificidade e criticidade sua profissão, 
a área em que atua, as implicações da surdez, as pessoas com surdez, a Libras, os 
diversos ambientes de sua atuação a fim de que, de posse desses conhecimentos, seja 
capaz de atuar de maneira adequada em cada uma das situações que envolvem a tradu-
ção, a interpretação e a ética profissional.
O ideal é que o professor conheça a Libras, mesmo com a presença de intérpretes. Não 
sendo viável que toda aula seja realizada em Libras, deve-se procurar uma comunicação, 
mesmo que funcional, entre o professor e o aluno. Além disso, o TILS geralmente não 
domina todo o conteúdo de todas as disciplinas e é preciso ter certeza de que o que está 
sendo interpretado e repassado aos surdos é o que está de fato sendo dito pelo professor.
A presença do TILS em uma sala de aula possui inúmeros aspectos positivos, dentre os 
quais destacamos:
• O aluno sente-se mais seguro e com chances de compreender e ser compreendido;
• A aula e demais procedimentos educativos ficam menos exaustivos e mais produ-
tivos quando a comunicação entre professor e aluno é facilitada;
• O professor conta com mais informações para estabelecer seu contato com o 
aluno, de maneira a adaptar sua prática pedagógica para atender o surdo;
65
libras
• A Libras passa a ser mais divulgada e utilizada de maneira mais adequada;
• O aluno surdo tem melhores condições de seguir as orientações educacionais, fa-
vorecendo, inclusive, seu relacionamento com seus familiares, quando, por exem-
plo, nas tarefas domiciliares.
Entretanto, também podemos mencionar alguns aspectos desfavoráveis à presença do 
TILS na sala de aula e na escola em geral:
• O intérprete pode não conseguir explicar os conteúdos disciplinares da mesma 
maneira que o professor;
• O aluno não interage com o professor porque está atento ao TILS e, desta for-
ma, não estabelece uma relação de confiança com seu professor, indispensável 
para o sucesso de qualquer ação educativa;
• A interação do aluno surdo com seus colegas fica prejudicada;
• Os demais alunos podem se distrair olhando para o intérprete;
• O professor pode sentir-se constrangido em estar sendo interpretado;
• O professor não interage diretamente com o aluno.
66
libras
Assim, os professores precisam conhecer e usar a Língua de Sinais, entretanto, deve-
se considerar que a simples adoção dessa língua não é suficiente para uma educação 
adequada. Os professores precisam se conscientizar de que mais do que a utilização de 
uma língua, os alunos com surdez precisam ser compreendidos em sua totalidade, o que 
inclui sua identidade e cultura.
Afinal, apenas garantir a presença de TILS (que é o que a maioria das pessoas reivindi-
ca) não significa, absolutamente, que os surdos estão recebendo uma educação com 
qualidade equivalente à recebida por seus pares ouvintes. Assim, como o professor deve 
procederno atendimento a um aluno surdo?
No que se refere especificamente à conduta em sala de aula, o professor deve cuidar 
para que o seu aluno surdo:
• Sinta-se aceito e tenha a segurança necessária para participar de todas as ativi-
dades da aula;
• Tenha as condições mínimas necessárias para garantir sua autonomia;
• Possa desenvolver suas aptidões e adquirir os conhecimentos inerentes à sua 
disciplina.
67
libras
Ao atuar em sala de aula lembrar-se sempre de não ficar de costas e nem de lado quan-
do estiver falando; de preparar os coleguinhas para receber o aluno surdo naturalmente, 
estimulando-os para que sempre falem com ele. Outra atitude que deve ser destacada é 
que, mesmo havendo a presença de intérpretes na sala, o professor, ao falar, deve diri-
gir-se diretamente ao aluno surdo, usando frases curtas, porém com estrutura completa 
e com o apoio da escrita; falar com o aluno mais pausadamente, porém sem excesso 
e sem destacar as sílabas. O falar deve ser claro, em um tom de voz normal, com boa 
pronúncia; verificar se o Aparelho de Amplificação Sonora Individual está ligado, o AASI 
reforça pistas e referências.
Outros cuidados essenciais que o professor precisa ter são: verificar se o surdo está 
atento, pois este precisa “ler” os lábios para entender, no contexto da situação, todas 
as informações veiculadas; chamar sempre sua atenção por meio de um gesto conven-
cional ou de um sinal; colocar o aluno surdo nas primeiras carteiras das fileiras laterais 
ou colocar a turma toda em semicírculo e, procurar sempre utilizar todos os recursos 
que facilitem sua compreensão. Quanto à posição do intérprete, o ideal seria que este 
pudesse se colocar sempre de frente ao aluno surdo, atrás do professor. Como isto nem 
sempre é possível, o intérprete deve ficar de frente para o aluno, mas de tal forma que 
possa enxergar o professor e o quadro. Só como última opção o intérprete deve se sentar 
ao lado do aluno surdo.
68
libras
Ainda quanto à comunicação, o professor deve sempre utilizar a língua escrita e, se pos-
sível, a Libras; estimulando o aluno surdo a se expressar oralmente, por meio da escrita 
ou de sinais, cumprimentando-o pelos sucessos alcançados ou pelo esforço; procurar 
colocar o surdo a par de tudo o que acontece na comunidade escolar e interrogar e pedir 
sua ajuda, para que ele possa sentir-se um membro ativo e participante; dar-lhes oportu-
nidades para ler, escrever no quadro e levar recado a outros professores como os demais 
colegas; ficar atento para que participem das atividades extraclasse.
Na ação pedagógica cotidiana, o professor deve utilizar vocabulário e comandos simples 
e claros nos exercícios; não modificar vocabulário, comandos, instruções e questões 
na hora da avaliação; avaliar o aluno surdo pela mensagem-comunicação que passa e 
não somente pela linguagem que expressa ou pela perfeição estrutural de suas frases; 
solicitar ajuda dos professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado – 
AEE (detalhamos melhor este atendimento na próxima unidade) sempre que necessário 
e, principalmente, procurar obter informações atualizadas sobre a educação de surdos.
No que se refere a ações pedagógicas de caráter geral, deve ser dado destaque ao fato de 
que a escola precisa da participação da família se quiser ter êxito na educação de sujeitos 
surdos, portanto, é fundamental incluir a família em todo processo educativo.
No que se refere especificamente ao trabalho com a Língua Portuguesa, os professores 
69
libras
precisam ter a clareza de que apesar de ler (ver o significante, a letra), os surdos muitas 
vezes não sabem o significado daquilo que leram e assim, é importante estar atento para 
utilizar vocabulário alternativo quando eles não entenderem o que estão lendo, traduzir, 
trocar, simplificar a forma da mensagem; resumir sempre, o assunto (conteúdo dado) no 
quadro de giz, com os dados essenciais, em frases curtas. Uma boa atitude é sentar-se 
ao lado deles, decodificando com eles a mensagem de uma frase, de um texto, utilizan-
do recursos visuais e dicionário ou, ainda, ler a frase ou a redação dos alunos junto com 
eles, para que possam complementar com sinais, dramatizações, mímica e desenhos o 
pensamento mal expresso. Outro cuidado necessário é com a utilização de sinônimos 
(explicá-los aos alunos) e destacar o verbo das frases, ensinando-lhes o significado para 
que possam entender instruções e executá-las.
Quanto à própria maneira de se comunicar, o professor deve prestar muita atenção ao 
utilizar linguagem figurada e gírias, porque precisará explicar o significado; lembrando-se 
sempre que a língua portuguesa é uma língua estrangeira para o surdo. Enfim, o profes-
sor deve utilizar sempre que possível, os serviços de intérpretes, não se esquecendo, 
todavia, que a responsabilidade pela aprendizagem do educando surdo é dele, professor 
e nunca do intérprete.
Entende-se que sendo o tradutor e intérprete uma pessoa com capacidade e opiniões 
próprias, não é coerente exigir que este adote uma postura absolutamente neutra, como 
70
libras
se sua atividade fosse apenas uma atividade mecânica. Mas o fato de ter uma opinião 
própria sobre um assunto não dá a esse profissional o direito de interferir em uma situa-
ção concreta em que está atuando quando não for chamado a intervir.
Segundo o código de ética da atuação do profissional tradutor e intérprete – que é parte 
integrante do Regimento Interno do Departamento Nacional de Intérpretes da Feneis –, 
cabe a esse profissional agir com sigilo, discrição, distância e fidelidade à mensagem 
interpretada, à intenção e ao espírito do locutor da mensagem. Essa postura profissional 
exige ética, disciplina e uma clara consciência de seu papel. Assim sendo, o TILS deve 
ter uma estabilidade emocional muito grande e todo aquele que almeja assumir essa fun-
ção precisa ter consciência dessas condições e buscar formas de desenvolvê-la.
Entende-se como postura ética uma atitude solidária, pela qual os intérpretes/tradutores 
lutam pelo respeito às pessoas com surdez, assim como por qualquer outra pessoa. 
Existem várias áreas de atuação desses profissionais de Libras e Língua Portuguesa 
que merecem ser objeto de reflexão de todos os que atuam com pessoas com surdez 
usuárias da Libras.
A atuação do tradutor/intérprete envolve ações que vão além da mera interpretação. Ele 
medeia a comunicação entre professores e alunos; entre profissionais da saúde e seus 
pacientes; entre pacientes e seus familiares, entre surdos e advogados; entre os surdos 
71
libras
e demais pessoas da comunidade em todo o âmbito da convivência social e, até mesmo, 
atua como confidente e conselheiro deste surdo. Assim, o professor precisa, também, 
procurar se informar como é a atuação deste profissional em situações que saem do 
ambiente escolar, pois o aspecto emocional do aluno pode afetar sua aprendizagem.
Outra atitude importantíssima que o professor deve adotar e por isso a destacamos é co-
laborar o máximo possível com os intérpretes e com os professores que atuam no AEE. 
O trabalho conjunto de todos os envolvidos na educação do aluno surdo.
O mais importante para um trabalho efetivo é aceitar o aluno surdo como sujeito 
surdo; ajudá-lo a pensar e a raciocinar, não lhe dar soluções prontas; não superproteger; 
procurar tratar o aluno como qualquer outro, sem discriminação ou distinção. Acreditar, 
de fato, na potencialidade do aluno.
72
libras
O MERCADO DE TRABALHO PARA AS PESSOAS 
SURDAS
Esta seção é uma adaptação do artigo intitulado “As pessoas surdas e o mercado de 
trabalho” de autoria de Marília Ignatius Nogueira Carneiro e apresentado para a discipli-
na “Trabalho, Educação e Práticas Pedagógicas” do Programa de Pós-Graduação em 
Educação, PPE, da Universidade Estadual de Maringá, UEM e ministrada pela prof.ª Dra. 
Maria Terezinha Bellanda Galuch e destaca o relacionamento entre a sociedade e a edu-cação, no que se refere à preparação para o trabalho e também procura mostrar como a 
economia capitalista reforça a diferença entre as classes alta, média e baixa, o preconcei-
to em relação às etnias, gênero e, principalmente, em relação às deficiências.
Iniciamos com uma fundamentação teórica, trazendo o pensamento de filósofos e pen-
sadores que ressaltavam e criticavam a manufatura, a desigualdade e o preconceito. 
Comparando as pessoas com deficiências, com pessoas com baixa renda, discutimos o 
mercado de trabalho para os surdos e intérprete de Libras, sustentados em estudos teó-
ricos da área dos Estudos Surdos1, mas principalmente nas experiências pessoais como 
pessoa surda de uma das autoras deste livro. O que relatamos aqui não são hipóteses, 
1 Os Estudos Surdos constituem um campo investigativo que têm suas raízes nos Estudos Culturais, 
pois enfatizam as questões das culturas, das políticas, das identidades, dos processos de formação 
dos povos surdos, das práticas pedagógicas, das diferenças e das relações de poderes e saberes 
surdos.
73
libras
são histórias reais que ocorreram, e continuam ocorrendo, muita concorrência e discus-
sões por causa da vaga de professor de Libras, disputada por ouvintes e surdos, do mer-
cado para o Tradutor e Intérprete de Libras - TIL e também para atuação em empresas.
Skilar (1998), um dos principais representantes dos Estudos Surdos no Brasil, destaca 
que há um forte preconceito em relação aos surdos sinalizadores pelos ouvintes, pois 
entendem que se os surdos não falam, todas as imagens negativas em relação a um 
sujeito ficam também grudadas no surdo, inclusive a de que é impossível de desenvolver 
uma profissão: “Ser falante é também ser branco, homem, profissional, letrado, civilizado, 
etc. Ser surdo, portanto significa não falar, não ser profissional, não ser letrado ser surdo
-mudo e não ser humano” (SKLIAR, 1998, p.21).
Por outro lado, a educação atual, a legislação e mesmo a Constituição de nosso país, 
se fundamentam no princípio de igualdade entre todos os homens, igualdade esta, ain-
da distante de ser alcançada pelos surdos, no que se refere à educação, igualdade de 
oportunidades de trabalho e, principalmente, de confiança em suas possibilidades frente 
a essas áreas de atuação.
Algumas ideias sobre o capitalismo
De maneira geral, podemos resumir a economia de sobrevivência assim: trocamos nosso 
trabalho pelas coisas que precisamos diariamente para viver. Isto é feito pelo salário que 
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recebemos pelo nosso trabalho na produção de algum bem para a vida social, seja este 
bem o produto final de uma fábrica, um atendimento médico, uma orientação econômica, 
uma atuação como jogador profissional, ou aulas.
Na economia capitalista, a mercadoria, os bens, aquilo que a gente “troca” é o ponto prin-
cipal e as condições de produção da mercadoria se transformaram ao longo da história, 
conforme exemplifica Marx (1998):
Decompondo o ofício manual, especializando as ferramentas, formando os trabalhadores 
parciais, grupando-os e combinando-os num mecanismo único, a divisão manufatureira 
do trabalho cria a subdivisão qualitativa e a proporcionalidade quantitativa dos processos 
sociais e, com isso, desenvolve ao mesmo tempo nova força produtiva social do trabalho. 
A divisão manufatureira do trabalho, nas bases históricas dadas, só poderia surgir sob for-
ma especificamente capitalista. Como forma capitalista do processo social de produção, é 
apenas um método especial de produzir mais valia relativa ou de expandir o valor do capital, 
o que se chama de riqueza social (MARX, 1998, p.417).
Com o aperfeiçoamento das condições de produção, do estabelecimento do comér-
cio entre países, com a descoberta de novos produtos para serem produzidos, criando 
novas necessidades aos consumidores, começou-se a se pensar em reduzir custos, 
aumentar os lucros, para que a sociedade capitalista ficasse cada vez mais forte. Isto foi 
conseguido com ajuda da tecnologia e ficou bem claro com a Revolução Industrial.
A ciência e a tecnologia colocada à serviço da economia desde a Revolução Industrial 
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fortaleceu a sociedade capitalista, não apenas no que se refere às formas de produção, 
mas também, na vida social, contribuindo para o estabelecimento de classes entre os 
cidadãos: Classe Alta, Classe Média e Classe Baixa e, também, entre os países, em sub-
desenvolvido e desenvolvido, ou países do Primeiro Mundo, Segundo Mundo e Terceiro 
Mundo.
Isto porque, agora, não basta querer trabalhar, é preciso também, estar preparado para 
este trabalho, estar “instrumentalizado”, ou seja, a divisão já se estabelece antes mesmo 
de se iniciar o trabalho, mas na oferta de vagas. Segundo Marx (1998, p.424), “na ma-
nufatura, o ponto de partida para revolucionar o modo de produção é a força de trabalho, 
na indústria moderna, o instrumental de trabalho”.
Trazendo esta discussão para as pessoas surdas, por ainda não termos uma educação 
que prepare essas pessoas para atuação em diferentes profissões e, mesmo quando o 
surdo, por mérito próprio, depois de muito esforço, e com grande apoio de sua família 
consegue se formar como engenheiro, dentista, psicólogo, por causa do preconceito 
existente na sociedade eles não conseguem trabalho. Assim, durante muito tempo, os 
surdos só conseguiam - e ainda hoje isto continua -, trabalhar em “linhas de produção”, 
em trabalhos repetitivos e mecânicos. Só atualmente, surgiu a possibilidade de instru-
mentalizar o surdo para uma profissão mais bem remunerada em uma sociedade capi-
talista, a de professor de Libras. Entretanto, mesmo com o amparo legal para que esta 
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função seja destinada preferencialmente aos surdos, os ouvintes disputam essas vagas 
e, novamente, em função do preconceito, acabam ganhando, pois se entende que um 
professor ouvinte pode desempenhar melhor suas funções.
Contextualizando a surdez
Na década de 1980, as discussões sobre qual seria a melhor abordagem para a educa-
ção de surdos percorria todo o Brasil, evidenciando que, além das questões didático-pe-
dagógicas, o grande embate estava nas concepções acerca da surdez. Para os defen-
sores do Oralismo, a surdez era vista como uma deficiência, quase que uma patologia 
que necessitava ser “normalizada”. A concepção de surdez, subjacente à Comunicação 
Total, era de uma marca, com significações sociais. Para o Bilinguismo, a surdez é muito 
mais uma diferença do que deficiência. É, no entender de Skliar (1998), uma “experiência 
visual”. Proliferavam, nesta época, eventos acadêmicos, trabalhos acadêmicos, mono-
grafias, dissertações e teses apresentavam propostas e experiências.
Também somente a partir da década de 1980 é que foi entendida a necessidade de 
reconhecer o verdadeiro valor da cultura e da linguagem surda para o desenvolvimento 
cognitivo e da identidade dos surdos, isto porque nesta década foram iniciadas as dis-
cussões sobre bilinguismo no Brasil, o que foi caracterizado por Sá (1998), como uma 
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“Virada linguística”. Foram os linguistas, professores e estudantes de Letras (graduandos 
e pós-graduandos), isto é, os membros da academia, que introduziram novos paradig-
mas para a Educação de Surdos, por meio da realização de eventos com apresentação 
de pesquisas de acadêmicos, monografias, dissertações e teses contendo propostas e 
relatando experiências.
Os surdos, que tanto padeceram no oralismo, seja por identidade, luta, rebeldia, reden-
ção ou libertação, rapidamente levantaram a bandeira pela Educação Bilíngue, proposta 
pela academia, tornando-se seus defensores, exigindo mudanças educacionais e a ofi-
cialização da sua língua, o que aconteceu em 2002.
Atualmente, a surdez não é mais entendida como uma doença ou como uma deficiência 
que torna o surdo alguém inferior ao ouvinte. Hoje, o surdo é entendido como diferente do 
ouvinte, porque todos os seus mecanismos de processamento da informaçãoe todas as 
formas de compreender o mundo se constroem como experiência visual. Isso tem como 
consequência uma maneira especial de processamento cognitivo (como os surdos pen-
sam, aprendem etc.). Os surdos se orientam a partir da visão, mesmo quando possuem 
restos auditivos ou usam aparelhos.
Assim, a definição mais atual para a surdez é a de “experiência visual”, isto é, as expe-
riências vivenciadas pelos surdos são muito mais experiências de visão do que de não 
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audição. O surdo é então a pessoa que compreende e interage com o mundo por meio 
de experiências visuais manifestando sua cultura pelo uso da língua de sinais. Como as 
representações simbólicas do mundo dependem dos canais sensoriais, a experiência 
visual está presente em todos os tipos de representações e produções dos surdos.
O bilinguismo entende a surdez como diferença linguística, e não como uma deficiência 
a ser normalizada mediante a reabilitação como o oralismo. E assim, os surdos constitui-
riam uma comunidade particular, com cultura e língua próprias.
Para os bilinguistas a “problemática global do surdo” é “intimamente dependente de seu 
desenvolvimento linguístico” e “só mesmo o respeito à língua de sinais conduzirá a um maior 
sucesso educacional e social do surdo” (FERREIRA-BRITO, 1995, p.16).
A educação dos surdos no Brasil mudou muito depois da adoção do bilinguismo como 
abordagem educacional, mas principalmente porque mudou a concepção das pessoas 
sobre a surdez. As mudanças ficam claras tanto na Lei 10.436, de 2002, conhecida 
como a Lei da Libras, porque reconhece esta língua como língua oficial do Brasil e es-
tabelece as condições para uma escola ser bilíngue (garantindo o TIL em sala de aula 
e, consequentemente, abrindo mercado para ouvintes fluentes em Libras) e no Decreto 
5626 de 2005 que, entre outras coisas, diz que o estudo da língua brasileira de sinais é 
obrigatório para os cursos de pedagogia, fonoaudiologia e todas as licenciaturas. Com 
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esta obrigatoriedade, é aberto um novo mercado de trabalho: o de professor de Libras, 
que no Decreto consta como sendo de atuação preferencial para surdos. Este cargo, 
porém, passou a ser alvo de disputa entre ouvintes e surdos.
Professor de Libras: reserva de mercado para surdos?
Para os surdos, as opções de trabalho disponíveis são, em geral, de auxiliares para várias 
funções, professor de Libras, instrutor, promotor de vendas, entregador, linha de produção, 
pedreiros, marceneiros, serventes, zeladores e outras vagas que não utilize telefone ou 
tenha atendimento ao público. Pode-se ver que, dentre as opções possíveis, a carreira uni-
versitária, como professor de Libras é a mais atraente, mais bem remunerada e a que ofe-
rece melhor status social. A maioria das pessoas surdas que concluem cursos superiores 
forma-se em Pedagogia ou em outras licenciaturas e só conseguiam trabalho nas escolas 
especializadas que, na maioria, estão sendo fechadas em função da proposta inclusiva.
Consideramos que pode até haver uma parceria entre professores surdos e ouvintes, 
por exemplo, os ouvintes podem trabalhar a parte teórica, sobre os aspectos sintáticos 
e morfológicos da Libras, os professores ouvintes que devem ministrar aulas sobre in-
terpretação e mesmo tradução em Libras, mas a prática desta língua, esta pertence aos 
professores surdos.
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Dizer que pode haver parceria entre surdos e ouvintes no ensino de Libras não significa 
dizer que os surdos não são capazes de ministrar a parte referente aos aspectos linguís-
ticos da Libras. Ao contrário, se o surdo tem o curso de Licenciatura Letras/Libras, não 
apenas ele conhece os aspectos teóricos em igualdade de condições com o ouvinte, 
como é capaz de apresentar exemplos, mais ricos, em função de sua experiência visual. 
Por exemplo, existe uma parte muito importante da Libras, que são os classificadores, 
que dependem basicamente da “experiência visual” e, assim, os surdos, agora pela pró-
pria condição, possuem melhores condições de ensinar e exemplificar.
De acordo com Nogueira, Carneiro e Nogueira (2012), o classificador é um poderoso auxi-
liar da língua de sinais para determinar as especificidades e “dar vida” a uma ideia ou a um 
conceito ou signos visuais. Dito de outra forma, os classificadores representam a forma e o 
tamanho dos referentes, características dos movimentos dos seres em um evento, função 
de um objeto, com a função de descrever o referente dos nomes, adjetivos, advérbios de 
modo, verbos e locativos. Para as línguas de sinais, a descrição, a reprodução da forma, 
do movimento e da relação espacial do que se quer enunciar são fundamentais, porque 
tornam mais claros e compreensíveis seu significado. Essa é a principal função dos classi-
ficadores em Libras e é por isso que eles são tão importantes em Libras.
Os classificadores são icônicos pela semelhança entre a sua forma ou o tamanho do objeto 
a ser referido, e, muitos podem ser criados no decorrer de uma conversa, como se tratasse 
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de um “neologismo”. Entretanto, como para essa “criação” devem ser obedecidos não ape-
nas os parâmetros da Libras, mas as regras morfológicas para a criação de novos sinais, 
os classificadores apesar de serem icônicos não podem ser considerados como mímica.
Ainda segundo Nogueira, Carneiro e Nogueira (2012), a denominação de classificadores 
(CLs) para essa categoria gramatical da Libras foi atribuída pela comunidade de linguistas 
por comparar suas funções com as dos classificadores da língua oral. Entretanto, os 
pesquisadores surdos, entendem que essa estrutura gramatical da Libras ainda está à 
procura de uma definição mais adequada, para nomeá-la de acordo com as perspectivas 
viso-espaciais.
Além disso, mesmo conhecendo muito sobre a Libras, a maioria dos ouvintes possui 
uma “autocensura” quanto ao uso do corpo e das expressões faciais. Nossa experiência 
e observação de professores ouvintes, bem como de intérpretes em atuação, com pou-
cas exceções, é “inativo”, utilizando pouco os classificadores e as expressões faciais/
corporais.
Se um surdo, e mesmo um ouvinte que conhece profundamente os surdos, vivencia a 
comunidade surda, observa, à distância algumas pessoas falando em Libras, é possível 
identificar quem é surdo e quem é ouvinte, pela falta de dinamicidade dos movimentos 
e pobreza das expressões faciais. Se as aulas de Libras forem ministradas por ouvintes, 
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esta dificuldade pode ser acentuada, já que, conviver com surdos (no caso, o professor 
de Libras) é uma das principais ações que podem favorecer a libertação da “autocensura” 
em relação ao uso das componentes não manuais. Este fato tem as mesmas significa-
ções na comunicação em sinais que se o professor surdo não fala muito bem oralmente 
e não utiliza bem a prosódia e as entonações da Língua Portuguesa. Mesmo oralizado, 
o surdo apresenta “sotaques”, como se fosse estrangeiro. Assim também é o professor 
ouvinte. Ele não é um “nativo” da língua, ele é como estrangeiro, que tem a Libras como 
sua segunda língua.
Não defendemos que todos os surdos fluentes em Libras, apenas por serem “nativos” 
são considerados aptos ao cargo de “professor”. Para isto, o surdo precisa ter conhe-
cimento profundo da língua de sinais como L1, comprovada mediante a graduação em 
Letras/Libras. Precisa ser avaliado em provas de conhecimentos sobre a Libras, em pro-
va didática em que demonstre conhecimentos de metodologias adaptadas para o ensino 
aos alunos ouvintes.
Além disso, nem todo surdo possui vocação para professor, e muitos, optam por outras 
profissões. Entretanto, as Licenciaturas em Letras/Libras ofertadas atualmente nas ins-
tituições públicas brasileiras (16 cursos distribuídos por todas as regiões brasileiras, na 
modalidade semipresencial) são totalmente ofertados em Libras, fato que, por si só, se 
constitui em grande atrativo para os surdos, que até este momento de suaescolarização 
padeceram com a dificuldade de comunicação. Poderem cursar uma universidade, em 
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um curso em que a maioria dos professores é fluente em libras, conviver com professo-
res surdos que cursaram mestrado e doutorado, além de ter todo o material de estudo, 
as avaliações, os avisos, as mensagens, tudo em sua língua é um sonho realizado. 
Portanto, o curso de Letras/Libras é realmente atraente para os surdos e assim, quase 
todos se encaminham para esta profissão, o que é uma razão a mais para se pensar no 
mercado de trabalho.
Durante a realização do 1º Encontro Nacional de Professores de Libras no Ensino 
Superior, ocorrido em Fortaleza, de 16 a 18 de outubro de 2013, houve uma discussão 
entre professores surdos e ouvintes dos estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil, 
com acusações de que as universidades públicas desses estados abriram concursos, 
mas não consideraram a recomendação do Decreto Federal 5626 de 2005, de que seria 
dada preferência aos professores surdos e assim, mesmo tendo candidatos surdos ha-
bilitados prestando concurso, a maior parte dos professores efetivados são ouvintes. Os 
surdos recorreram ao Ministério Público, que até agora ainda não se pronunciou.
Já aconteceu, também, de instituições que estabeleceram em seu edital de abertura de 
concurso, a preferência para candidatos surdos, mas não apareceram concorrentes e 
a vaga ter ficado com um ouvinte. Aí, nada há a ser feito e está correto. Então, de novo, 
nossa defesa é que a vaga seja preferencialmente para os professores surdos e não 
exclusivamente.
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Outro ponto que é fundamental destacar é que a contribuição dos ouvintes fluentes em 
Libras é fundamental para o desenvolvimento, a educação, a vida social do surdo, na 
condição de intérpretes.
O intérprete tem tido uma importância valiosa nas interações entre surdos e ouvintes. Na 
maioria dos casos, os intérpretes têm contato com a língua de sinais a partir dos laços 
familiares da convivência social com vizinhos e amigos surdos (ocorrendo geralmente em 
espaços escolares e religiosos). No Brasil ainda não há tradição na profissão ou formação 
específica para esses profissionais, da mesma forma que há para intérpretes de língua 
orais de prestígio como, por exemplo, intérprete de língua inglesa e francesa (GESSER, 
2009, p.47).
Todavia, sabemos que as universidades, empresas, instituições de saúde, de educação, 
órgãos de atendimento à população ainda não têm efetivado a contratação de intérpre-
tes, o que diminui a oferta de vagar para os ouvintes. São poucas instituições públicas 
que abriram concursos para Intérpretes de Libras. Reis (2006) ressalta a importância dos 
intérpretes:
Em relação ao surdo, é importante ressaltar suas conquistas, como garantias individuais e o 
pleno exercício da cidadania, mediante o respaldo legal na Lei nº 10.436, de 24 de abril de 
2002, nesta é reconhecida o Estatuto da Língua de Sinais como língua oficial da comunidade 
surda. Considerando os preceitos legais, constatamos que o empregador deva favorecer o 
profissional surdo com um (uma) intérprete, a fim de favorecer sua comunicação, como tam-
bém o respeito a sua diferença lingüística. Portanto, as empresas ou locais de trabalho que 
tenham surdos como funcionários precisam propiciar as reais condições de inclusão social. 
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Situação de luta, visto que cada vez mais sofremos com um sistema produtivo que aumenta 
as desigualdades sociais, eleva a concentração do poder econômico, como também a exclu-
são social, que além de gerar desemprego, dissemina a idéia do individualismo, ou seja, “cada 
um por si” (REIS, 2006, p.73).
Também temos muitos pesquisadores, principalmente da área da Linguística que realizaram 
estudos e publicaram os livros sobre a Libras. Estes livros permitem a difusão da Libras, 
permitem o aprofundamento dos estudos sobre a sintaxe e a morfologia da Libras, conceitu-
am profundamente sobre metodologia de educação aos surdos, favorecem os direitos dos 
surdos, enfim, são fundamentais para que nós, os surdos, possamos também nos apro-
fundar. Enfim, as parcerias, as contribuições dos ouvintes são muito importantes para nós, 
não estamos decretando “guerra” aos ouvintes. Estamos apenas querendo defender nosso 
ponto de vista sobre o respeito ao que está estabelecido nos documentos legais acerca da 
preferência ao professor surdo.
Vejamos, é impossível aos surdos pegarem os lugares de ouvintes para adquirir o cargo 
de intérprete de Libras/Português falado, portanto, no mesmo campo de conhecimento, 
o domínio da Libras, estamos em desvantagem. Pensamos que os ouvintes deveriam 
ser intérpretes, tradutores, pesquisadores de Libras, e nós, os surdos, atuaríamos como 
professores. Seria mais justo, pois o ouvinte tem acesso às duas profissões e nós não. 
Outra coisa que também precisa ser estabelecida é que os ouvintes estão recorrendo 
à vaga de professor de Libras para ingressar como docente no ensino superior, porque 
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este concurso é mais fácil para eles, do que concorrer à área de Linguística, por exemplo, 
porque para ser professor de Libras, ainda não se está exigindo os títulos de mestrado e 
de doutorado que são exigidos para as demais áreas.
Uma professora ouvinte de Libras justificava sua inscrição no concurso assim: “Amo os sur-
dos e quero ajudar, conheço Libras, mas não tenho dom para ser intérprete e sim professor 
universitário para dar aula de Libras aos alunos ouvintes, sei que os surdos precisam deste 
cargo de professor porque é boa oportunidade para o futuro, mas não briguem comigo 
porque o dom é meu destino”. Fiquei surpresa com essas frases “de efeito”. É o dom que 
destina o seu trabalho? E o profissionalismo? E a ética?
A maioria das Instituições de Ensino Superior que são obrigadas a contratar professores 
de Libras em função do Decreto 5626, preferem professores ouvintes, por entenderem 
que é mais fácil, tanto para “dar aulas” a outros ouvintes, quanto para a convivência 
no ambiente de trabalho. O desconhecimento da capacidade do professor surdo em 
ministrar aulas faz com que as pessoas pensem que seria necessário ter um intérprete 
presente na sala de aula. Isto aumentaria os custos e, assim, as instituições particulares 
preferem contratar o professor ouvinte. Muitos intérpretes até reclamam quando o profes-
sor surdo não quer a presença de intérpretes, dizendo que o surdo está cerceando seu 
acesso ao trabalho. Mas o professor surdo sabe que é capaz e, além disso, na sala de 
aula ele é a pessoa com a qual seus alunos devem se relacionar.
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Mas na aula de Libras não é o único local de estudo em que se fala outra língua e não 
existe a presença de intérpretes. Por exemplo, um centro de idiomas tem professor de 
inglês ou outro idioma, fala e escreve puramente na língua estrangeira, dificilmente uti-
liza português escrito ou oral, principalmente para facilitar a imersão do aluno em um 
ambiente linguístico que favorece a aprendizagem do novo idioma e também, para não 
misturarem a gramática das duas línguas. No caso da Libras, o professor surdo utiliza a 
leitura labial ou a escrita para compreender a dúvida dos alunos e, se não for oralizado, 
escreve no quadro a resposta que não for possível ser compreendida em Libras. O fato 
é que o professor surdo consegue administrar e gerenciar sua ação pedagógica com os 
alunos ouvintes.
A pesquisadora surda, Karin Strobel, uma das sete doutoras surdas brasileiras registra 
muito bem esta situação, quando pede que os espaços conquistados pelos surdos se-
jam respeitados:
Respeitar os espaços conquistados pelos sujeitos surdos enquanto estão em produção 
cultural, por exemplo: tem muitos sujeitos ouvintes que querem “competir” com os surdos 
e assim fazem com que o povo surdo suspeite dos mesmos, devido à longa história de 
opressão de lutas de relações de poderes para conquistarem seus espaços. Tem muitos 
ouvintesque aproveitam dos espaços conquistados pelos surdos para ensinar a língua de 
sinais e outras coisas, alegando que têm direitos iguais... Mas onde estão os direitos de 
igualdade enquanto na sociedade os sujeitos ouvintes geralmente são mais preferidos que 
os surdos? Isto acontece nas maiorias de empresas, nas universidades, nas instituições 
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ou até mesmo em igrejas, que preferem profissionais ouvintes para não ter de contratar 
intérpretes de libras para os professores surdos. Também pela barreira de comunicação 
é difícil conseguir contatos via telefone, por exemplo. No futuro, quando a sociedade tiver 
uma representação sem estereótipos e mais positiva em nível de igualdade entre surdos 
e ouvintes, se olharem o povo surdo como diferença cultural, e não como deficientes, daí 
não teriam esta “guerra cultural” entre eles (STROBEL, 2008, p.111).
O embate entre professores de Libras ouvintes e surdos, que discutimos nesta seção, 
infelizmente, não é o único em que os surdos enfrentam a “supremacia” dos ouvintes. O 
não respeito aos espaços conquistados, ou mesmo ao sujeito surdo é uma constante. 
Por exemplo, alguns ouvintes assumem o cargo de ser representante de um ministério 
ou pastoral, dependendo da Igreja, destinados aos surdos. Até bem recentemente, até 
mesmo as associações de surdos eram presididas por ouvintes.
Não queremos excluir os ouvintes. Eles são importantes e precisamos deles não apenas 
como intérpretes, mas também como parceiros, conselheiros, companheiros de luta. 
Mas é preciso entender que nós, surdos, também podemos assumir responsabilidades, 
podemos ser “senhores” de nossos destinos, podemos dirigir nossas vidas, seja de ma-
neira individual, seja coletivamente. O representante dos índios junto ao governo deveria 
ser negro? O presidente de uma associação vegetariana poderia ser uma pessoa carní-
vora? O presidente da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, deve ser um engenheiro 
civil? E, a associação dos intérpretes de Libras, deve ter como presidente um surdo?
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O que estamos defendendo é que existem espaços definidos. Não são espaços exclu-
dentes, ao contrário, muito se espera da parceria entre as pessoas diferentes, desde que 
as diferenças sejam respeitadas, conforme salienta Perlin (1998, p.72), “importa salientar 
as diferenças das pessoas. Respeitá-las como surdas, índias, nômades, negras, bran-
cas... Importa deixar os surdos construírem sua identidade, assinalarem suas fronteiras em 
posição mais solidária do que crítica”.
Os surdos não querem mais continuar sofrendo a opressão da maioria ouvinte. Entendemos 
que esse polêmico “domínio dos ouvintes” é agravado pela economia capitalista, pela ideia 
do livre mercado, com todos correndo em busca de melhores salários e de facilidades. 
Esta mesma filosofia capitalista também restringe as possibilidades do mercado de traba-
lho para os surdos.
Klein (1998, p.77) analisa que o mercado tem ideia preconceituosa sobre as possibilida-
des de trabalho dos surdos, e nesta busca pela eficiência e lucratividade, do capitalismo, 
restringem as ofertas de vagas aos surdos aos cargos de corte e costura, marcenaria, 
informática, auxiliar de serviços gerais. Isto, quando ele consegue emprego e não é im-
pelido a uma marginalidade indesejada, vendendo adesivos e chaveiros nos sinaleiros e 
terminais de ônibus.
Além da dificuldade de se conseguir boas carreiras profissionais, os surdos enfrentam 
muita discriminação em seus trabalhos nas empresas. Conheço uma surda que sofre 
“gozações” do gerente, até com a oferta de “prêmios desagradáveis”, por exemplo, o de 
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funcionária “mais quietinha” porque ela não conversa com ninguém. Ora, não existe ne-
nhum intérprete na empresa, nem uma proposta de ensino de Libras para os funcionários 
ouvintes. Como ela vai se comunicar? Essa surda se sente como um “animalzinho” por 
ganhar o prêmio. Assim, entendo que as empresas precisam receber informações sobre 
surdez, cultura, língua, também devem realizar os cursos de Libras para os funcionários, 
pois somente desta forma estaremos enfrentando as barreiras e aprimorando a inclusão 
social.
Porém, mais importante de tudo, é acreditar no potencial do surdo e respeitar os espaços 
tão duramente conquistados. É esta a principal mensagem que este artigo traz para a 
reflexão de todos, em particular dos ouvintes que pretendem ser professores de Libras.
SAIBA MAIS
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Os estudos linguísticos salientaram a variação linguística em Libras. É “multiculturalismo”, 
isto é, são várias culturas familiares e sociais diferentes, o local, o tempo, a educação, 
tudo isto influencia e pode alterar um sinal ou uma palavra. Isto é chamado de variação 
linguística.
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Precisamos entender que, da mesma forma que acontece com as línguas orais, as di-
ferenças regionais influenciam também nos sinais da Libras. O Brasil é um país grande, 
com diferentes dialetos, de maneira que os diálogos, as maneiras de se expressar, são 
diferentes. Assim, a comunidade surda de determinada região recebe influências que 
refletem nos sinais utilizados, sendo comum a variação linguística. Também não podemos 
esquecer da história da Libras, que por ter sido proibida durante muitos anos, teve difi-
culdades em estabelecer uma unidade nacional, o que só após o reconhecimento desta 
língua como um idioma nacional vem sendo construída. O mais importante: faça o sinal 
como você aprendeu. Se não existe ainda um sinal para o que você quer representar, 
um surdo pode criar (batizar) um sinal ou criar um provisório, utilizando os classificadores. 
Exemplos:
Morango
Sinal em SP Sinal em MS
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Sinal no PR
Caneta
Sinal no RJ Sinal no PR e em SP
Verde
Sinal em SP Sinal no PR e outros Sinal em alguns locais do PR
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Mãe
Sinal em MSSinal no PR e outros
INDICAÇÃO DE LEITURA
A nossa Dica de Leitura é o livro: Tenho um aluno surdo, e 
agora?, organizado por Cristina Broglia Feitosa de Lacerda e 
Lara ferreira dos Santos. Publicado pela Editora da Universidade 
Federal de São Carlos, com primeira reimpressão em 2013, 
este livro foi vencedor do Prêmio Jabuti de 2014, na categoria 
educação. O objetivo principal do livro é oferecer um conheci-
mento inicial sobre a educação de surdos e a Libras, buscando 
subsidiar a atuação do professor da educação básica junto a 
alunos surdos. Todavia, as discussões e o conhecimento partilhado atendem às deman-
das de qualquer profissional que atue com sujeitos surdos. Certamente este é um texto 
que vai colaborar com sua formação profissional, porém, mais do que conhecimentos e 
técnicas, ele vai causar uma mudança, para melhor, em seus valores éticos e sociais.
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REFLITA!
Com relação à educação, devemos sempre considerar que esse espaço perten-
ce ao professor e ao aluno e que a liderança neste processo é exercida pelo pro-
fessor, sendo o aluno de sua inteira responsabilidade. Assim, é absolutamente 
necessário entender que o TILS é apenas um mediador da comunicação e não o 
responsável pelos processos de ensino e de aprendizagem do aluno surdo. Os 
papéis do professor e do TILS são absolutamente diferentes e precisam ser devi-
damente distinguidos e respeitados. Considerando este fato, como você encara 
a presença da disciplina de Libras em sua grade curricular? Reflita a respeito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade II, você teve a oportunidade de conhecer um vocabulário mínimo para 
sua futura atuação profissional. Você também teve orientações sobre a importância de 
consultar dicionários virtuais que complementem este material, apresentando o sinal com 
movimento.
Abordamos, também, nesta Unidade II, quais as atribuições do tradutor intérprete de 
Libras – TILS, no atendimento educacional aos surdos.
Todavia, se o professor é fluente em Libras, ele é a pessoa mais habilitada para interagir 
com seus alunos usuários da Língua de Sinais. Uma vezque o professor possua uma 
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comunicação efetiva nessa língua não existe a barreira da comunicação, mas mesmo 
assim, o TILS será necessário, pois não é viável, em função da maioria dos alunos serem 
ouvintes, que a aula seja inteiramente ministrada em Libras.
No caso dos demais profissionais, se a comunicação com o surdo não se efetivar, a atu-
ação do TILS pode favorecer, seja ele um profissional ou um familiar, entretanto, esta pos-
sibilidade nem sempre está ao alcance de todos e assim, um conhecimento mínimo da 
Libras seria de muita utilidade. Mesmo que isso não se efetive, o profissional deve se valer 
de todos os recursos disponíveis, como a mímica, a escrita ou o desenho, de maneira a 
se comunicar com o surdo, respeitando este cidadão e promovendo a inclusão social.
No que se refere à educação, deve ficar claro que não cabe ao TILS a responsabilidade 
pelo ensino do aluno surdo, nem o acompanhamento de seu processo educativo, sen-
do de fundamental importância que professor e alunos desenvolvam entre si interações 
sociais e habilidades comunicativas de forma direta e evitando-se sempre que o surdo 
dependa totalmente do intérprete.
Conforme já comentamos anteriormente, você decide a qualidade do profissional e do 
ser humano que pretende ser!
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ATIVIDADES
1) Identifique os sinais, crie frases e sinalize em Libras, de preferência, defronte a um 
espelho.
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Por exemplo – na sequência 3: Dia das mães – Sempre compro presente para mamãe.
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2) Identifique os sinais, crie frases e pratique em Libras.
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3) Considerando o que você estudou nesta Unidade II, estabeleça os limites de atua-
ção do professor e do TILS.
4) Considerando o que você estudou nas seções 4 e 5 desta Unidade, estabeleça os 
limites de atuação entre o professor de Libras surdo e o TILS.
5) Analise os sinais que foram apresentados nas diferentes unidades semânticas desta 
unidade e destaque quais são os mais icônicos e quais são os mais arbitrários (por 
unidade semântica). Apresente alguns exemplos para ilustrar sua resposta.

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