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TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA 01. CONSIDERAÇÕES GERAIS - Trata-se das garantias reais. - Pelas dívidas responde o patrimônio do devedor e não ele pp (Talião). No direito brasileiro, essa ideia encontra-se prevista no art. 391 do CC e 789 do CPC. - De todo modo, na medida em que a responsabilidade se torna patrimonial, aumenta a importância das garantias. Isso porque, se o credor já não mais pode prender o devedor, exige-se um maior número de garantias. - No direito brasileiro, as garantias obrigacionais podem ser reais ou fidejussórias. As garantias reais incidem sobre coisas, a exemplo do penhor e da hipoteca. Já as garantias fidejussórias decorrem de atos de terceiros, a exemplo do aval e da fiança. - As garantias reais são tipificadas no direito das coisas “ direitos reais, de garantia na coisa alheia”. - Grosso modo Direitos reais de garantia correspondem à vinculação do poder do credor sobre um bem pertencente ao devedor, que fica afetado ao cumprimento de uma obrigação. - Caráter acessório, cumprida a obrigação não há razão para se perdurar DIREITO REAL DE GARANTIA x DIREITO REAL DE GOZO E FRUIÇÃO - Nos direitos reais de garantia, o titular está proibido qualquer fruto (utilidades) da coisa. - O titular de um direito real de garantia não pode ficar com a coisa para si. Nesse sentido, nos termos do art. 1.428 do CC, proíbe-se a “cláusula comissória” (permite ao titular de um direito ficar com o bem para si). - Não se confunde a proibição de cláusula comissória com a dação em pagamento. Vale dizer: na dação em pagamento, a iniciativa é do próprio devedor. - O fundamento da proibição de “cláusula comissória” é: (i) garantir o contraditório ao devedor; (ii) proibir enriquecimento sem causa. - Com base na proibição de cláusula comissória, havia quem entendesse que Decreto lei 70/66 seria inconstitucional ao permitir execução extrajudicial das hipotecas do SFH. Contudo ========= O STF no julgamento da constitucionalidade do referido decreto-lei. 07/04/2021, colocou “pá de cal” sobre a matéria, ao julgar o Recurso Extraordinário n. 627.106/PR( em, cjto com o RE 556.520/SP), cuja repercussão geral havia sido reconhecida pelo Plenário Virtual. No julgamento, a Suprema Corte firmou a seguinte tese: “É constitucional, pois foi devidamente recepcionado pela Constituição Federal de 1988, o procedimento de execução extrajudicial, previsto no Decreto-lei nº 70/66” (Tema 249 da Repercussão Geral). Nos termos do voto do Ministro Relator Dias Toffoli: o “procedimento não é realizado de forma aleatória e se submete a efetivo controle judicial, em ao menos uma de suas fases, sendo certo que o devedor é intimado a acompanhá-lo, podendo impugnar, inclusive no âmbito judicial, o desenrolar do procedimento, se irregularidades vierem a ocorrer durante o seu trâmite”. Muito provavelmente a decisão repercutirá no julgamento do Recurso Extraordinário n. 860.631/SP, também com repercussão geral reconhecida, em que se discute a constitucionalidade de dispositivos da Lei n. 9.514/1997. Referida legislação regulamenta a execução extrajudicial de dívidas provenientes de contratos de mútuo garantidos por alienação fiduciária de imóvel. 02. DIREITO REAL DE GARANTIA x PRIVILÉGIO CREDITÍCIO - Os privilégios creditícios encontram-se previstos no art. 83 da Lei de Falências (lei 11.101/05). Até o valor do bem garantidor - O privilégio creditício, diferentemente do direito real de garantia (o qual incide apenas sobre um bem específico), incide sobre todo o patrimônio. 03. EFEITOS DOS DIREITOS DE GARANTIA 1) Preferência; ==. Art. 1422 2) Sequela; -- art. 1419 A sequela consiste no direito de perseguir a coisa onde ela estiver. Justamente pelo vinculo real da coisa sequela significa que o credor poderá perseguir o bem dado em garantia, independentemente de não estar mais nas mãos do devedor originário. 3) Excussão == art. 784, V CPC O direito de excussão é a expressão material do direito de execução na esfera processual. 4) Indivisibilidade da garantia; - art. 1421 Todo direito de garantia é indivisível. Mesmo pago 50% da dívida, não se pode liberar 50% da garantia. Nesse sentido, a remição parcial NÃO exonera parcialmente a garantia real. 5) Sub-rogação indenizatória. Art. 1425, § 1º O credor real se sub-roga na indenização paga pelo segurador (no caso de perda ou deterioração. (v. exceção 1509 2º) ANTICRESE 1506 - Trata-se de direito real de garantia incompleto. Isso porque, a anticrese incide sobre bens frugíferos, consistindo no poder reconhecido ao credor de retirada de frutos. - O credor anticrético poderá retirar os frutos para abater, em primeiro lugar, os juros da dívida e, depois, a dívida em si. - O credor anticrético receberá a coisa, para retirar os frutos. Daí porque, é possível a propositura de ação de prestação de contas do devedor em face do credor. - A anticrese NÃO serve para quitar a dívida, mas apenas para amortizá-la. - O prazo máximo da anticrese é de 15 anos. Extinta a anticrese, se o valor colhido não for suficiente para a quitação da obrigação, a dívida permanece, tornando-se o credor anticrético num credor comum (quirografário). - Havia quem sustentasse que a anticrese seria util se viesse acompanhada da hipoteca. Isso porque, se a anticrese vier junto com a hipoteca, caso o valor colhido na anticrese não seja suficiente para quitar a dívida, o credor deverá se valer da hipoteca. 4
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