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Ergonomia e Segurança do Trabalho Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho • Apresentar aos alunos informações básicas sobre as obrigações legais, as responsabilidades e as ações que visem à proteção e à prevenção no meio ambiente de trabalho – especial- mente as Normas Regulamentadoras; • Apresentar estudos casos para promover a reflexão. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Regulamentação do Trabalho no Brasil; • Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); • Normas Regulamentadoras (NR); • Organização Internacional do Trabalho (OIT); • Constituição Federal; • Aplicação das Normas Regulamentadoras. UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Contextualização No mundo do trabalho, um dos principais objetivos é a produção máxima com custo mínimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos, que buscam de alguma ma- neira alternativas que possam melhorar os seus custos para, eventualmente, alcançar o crescimento, quanto para os países desenvolvidos, que buscam o controle econômico, mas, muitas vezes, esse interesse deixa de lado o bem-estar do ser humano e, para isso, é necessário que exista algo que possa tratar da sua segurança. Com isso, podemos pensar nos conceitos de Segurança, Saúde do Trabalhador e Ergonomia, que podem e devem atuar em conjunto com um fator imprescindível na redução dos custos: a Tecnologia. Neste contexto globalizado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) na busca de melhoria nas relações e condições formalizou, em 1999, a OIT o conceito de Tra- balho Decente como uma síntese: [...] sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas. O Trabalho De- cente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT (o respeito aos direitos no trabalho, a promoção do emprego, a exten- são da proteção social e o fortalecimento do diálogo social), e condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. (GUIMARÃES, 2012, p. 9) Para ampliar o conhecimento e permitir a ampliação dos olhares, é de suma impor- tância conhecer as informações sobre o Trabalho Decente, por isso selecionados dois espaços de pesquisa: Conheça os dados do Trabalho Decente no Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3xNiTdO Explore a pesquisa Perfil do Trabalho Decente no Brasil conduzida pela Organização Interna- cional do Trabalho (OIT). Disponível em : https://bit.ly/3xPRqIC Para conhecer o mundo do trabalho, é fundamental compreender como se desen- volveu as atividades de trabalho manuais “trabalho de campo”, e quem eram os atores que tomavam as decisões, e qual a remuneração destes trabalhadores – nesse sentido, é importante refletir: Durante as fases do Mercantilismo (Século XV – XVIII), da Revolução Industrial (Século XVIII – XIX) e da Hegemonia do Sistema Financeiro (Século XX), quem são os trabalhadores que realizavam os trabalhos manuais – “trabalho de campo”? Como eram as condições de tra- balho em cada época? Como eram as formas de remuneração desses trabalhadores? 8 9 Regulamentação do Trabalho no Brasil A fim de regulamentar as relações entre empregador e empregado e de conter a exploração do trabalho humano, o Governo brasileiro, a exemplo de outros governos, procurou formalizar as regras de desenvolvimento do trabalho humano em ambientes específicos, com o objetivo de proteger e manter a vida do trabalhador. Existem normas que definem essa relação. Essas normas são conhecidas como Nor- mas Regulamentadoras e advêm da Consolidação das Leis do Trabalho, sancionada pelo então Presidente da República Federativa do Brasil, Getúlio Vargas, em 1943. A atividade de trabalho humana inicia na busca da sua subsistência, em que o homem nômade saía à caça, mas não era remunerado. Quando surge o trabalho remunerado, ou seja, o trabalho humano assalariado, surge também a preocupação com eficiência, competitividade e lucros. Muitas vezes, a pre- ocupação com lucros rouba a cena de tal forma que não há espaço para preocupação com o humano, tampouco com as condições de trabalho, nem se a atividade de trabalho pode gerar risco/perigo para os trabalhadores no meio ambiente de trabalho. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da sociedade, houve a necessidade de formalizar, em forma de Lei, as relações entre empregador e empregado. Assim surge o trabalho assalariado. Para esclarecer o trecho supracitado, é preciso fazer uma viagem no tempo. Nos primeiros séculos da Idade Média, no feudalismo, quando houve uma migração da mão de obra do campo para as cidades, as terras dos feudos, em algumas situações, foram arrendadas e o trabalho humano passou a ser assalariado. Os artesãos e os pequenos comerciantes não moravam dentro dos feudos; moravam fora em comunidades conhecidas como burgos, que deram o nome à classe financeira- mente privilegiada, que ficou conhecida como burguesia. Os habitantes dos burgos passaram a se preocupar em aumentar a área de suas ope- rações e procuraram expandir seus negócios em outros mercados (localidades fora da vizinhança em que então negociavam). A burguesia acumulava riquezas a partir da expansão de suas operações, que era basi- camente o comércio. Nesse cenário, surge a figura dos “detentores dos meios de produ- ção”, que tinham como objetivo principal obter lucros a partir desses meios de produção. A utilização dos meios de produção com o objetivo de gerar lucros (acumular rique- zas) é a definição de Capitalismo. Havia quem detinha os meios de produção e havia também uma franca expansão dos mercados consumidores. Com a “onda do Capitalismo comercial” invadindo o mundo e, ainda, na Inglaterra, uma seara fértil, com a descoberta da bomba hidráulica e da máquina a vapor em um momento em que havia mão de obra disponível, matéria-prima abundante (carvão) e um 9 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho governo com políticas favoráveis, explode a Revolução Industrial, advento que reinven- taria, definitivamente, a face do mundo em termos de consumo e produção. No cenário da Revolução Industrial, os detentores dos meios de produção eram os do- nos de Indústrias, que tinham como maior preocupação o lucro, a acumulação de riquezas, a partir da utilização desses seus meios de produção e da utilização do trabalho humano. O mundo estava em efervescência e a possibilidade de acumular riquezas era “des- lumbrantemente possível”. Foi nesse cenário que, equivocadamente ou não, houve a exploração do trabalho humano na forma de longas jornadas de trabalho, até 18 horas por dia, trabalho feminino e infantil, além de, frequentemente, algumas organizações exporem seus trabalhadores a castigos físicos. Mesmo com a Administração Científica de Taylor, essas questões não foram ameni- zadas. Equivocadamente, muitas pessoas acreditavam que era o taylorismo que empu- nha essa dinâmica ao trabalho. Em resposta ao taylorismo, veio Elton Mayo, com o “Efeito Hawthorne” conforme vimos na unidade anterior. Ao redor do mundo, governos se mobilizaram para, de alguma maneira, impor limi- tes à relação capital trabalho ou empregador empregado, a fim de acabar com a explo- ração do trabalho humano. Na Itália, surge a Carta del Lavoro, no governo de Benito Mussolini. No Brasil, em 1 de maio de 1943, Getúlio Vargas, Presidente da República Federa- tiva do Brasil, sancionou o Decreto-Lei nº 5.452, criando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). É a principal norma legislativa brasileira referente ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual do Trabalho, que tem comoobjetivo principal a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho nela – CLT – previstas. O Decreto-Lei nº 5.452 foi assinado em pleno Estádio de São Januário (Clube de Regatas Vasco da Gama), na cidade do Rio de Janeiro, que estava lotado para a come- moração da assinatura da CLT. A seguir, a transcrição do Art. 1º da CLT: • Art. 1º. Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas. O termo “celetista”, derivado da sigla “CLT”, costuma ser utilizado para denominar o indivíduo que trabalha com registro em Carteira de Trabalho (BRASIL, 1943). Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) O Cap. V do Título II da CLT trata de “Segurança e Medicina do Trabalho”. Normas Regulamentadoras de SST emitidas pelo extinto Ministério do Trabalho vêm sendo 10 11 ampliadas e alteradas ao longo dos anos, ajustando-se às mudanças legais, técnicas, sociais e ao texto constitucional (BRASIL, 1977). No momento atual (2021), as com- petências do Ministério do Trabalho foram transferidas para o Ministério da Economia, que responde pela Inspeção do Trabalho em nosso país (BRASIL, 2019). A seguir, são descritos os itens mais importantes do Capítulo V da CLT (artigos 154 a 201), atualizados, sobre segurança e saúde no trabalho. Tabela 1 Artigo CLT Descrição Importância 157 Define a obrigação de as empresas cumprirem as normas de SST e instruir os empregados quanto às precauções contra acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. Permite que os profissionais de saúde, segurança e ergo- nomia atuem para prevenir e proteger os trabalhadores. 161 Define a possibilidade de interdição de estabelecimento, máquina ou equipamento, pela autoridade trabalhista re- gional, se houver grave e iminente risco para o trabalhador. Permite que os auditores fiscais do trabalho realizem a interdição de situações que podem gerar a morte dos trabalhadores. 162 Define que as empresas são obrigadas a manter ser- viços especializados em segurança e em medicina do trabalho (SESMT). Permite que as empresas contratem os profissionais de saúde e segurança. 163 a 165 Define a obrigação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) nas empresas, de acordo com o número de empregados e o tipo de atividade. Permite ter representantes dos trabalhadores para pro- mover ações de melhorias no meio ambiente de trabalho. 166 e 167 Definem que a empresa é obrigada a fornecer aos em- pregados, gratuitamente, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados ao risco quando não houver proteção completa. Permite o uso de EPI regularizado e gratuito para prote- ção dos trabalhadores. 168 Define a obrigatoriedade do exame médico dos trabalhado- res por conta do empregador, conforme a NR 7, sobre o Pro- grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Permite o controle médico da saúde dos trabalhadores. 169 Exige que o empregador faça a notificação ao INSS das doenças do trabalho comprovadas ou mesmo ainda quando em fase de suspeita. Importante para o controle epidemiológico dos adoeci- mentos relacionados ao trabalho / ocupacional. 184 a 186 Define princípios importantes quanto à segurança na operação de máquinas e equipamentos. Permite ações de proteção de máquinas e equipamentos. 185 Define que reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as máquinas paradas. Permite ações de proteção dos trabalhadores durante as fases de ajustes, manutenção, limpeza etc. 187 e 188 Define ações de proteção nas caldeiras e vasos sob pres- são, que deverão dispor de válvulas e outros dispositivos de segurança. Permite atuação da equipe de segurança para a proteção dos trabalhadores operadores de caldeiras e vasos sob pressão. 189 a 192 Prevê o pagamento de adicionais de insalubridade para trabalhadores expostos a agentes insalubres acima dos limites de tolerância. Permite os profissionais atuarem no campo da higiene do trabalho – riscos físicos, químicos e biológicos. 193 Define o trabalho em condições de periculosidade onde assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o seu salário mensal. Permite o profissional de segurança avaliar as condições periculosas na exposição a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica, tendo sido incluídos os trabalhadores em vigilância armada e aqueles em trabalho com motocicletas 198 Estabelece que não sejam exigidos do empregado servi-ços superiores às suas forças Permitem aos profissionais de saúde, ergonomista e se- gurança ações de prevenção da fadiga. Fonte: BRASIL, 1943 – 1977 11 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Normas Regulamentadoras (NR) No campo da segurança, saúde do trabalhador e ergonomia, a normatização está mui- to presente e, dentre as várias formas de atuação, as mais concretas são as Normas Regu- lamentadoras, que, na linguagem dos profissionais, são conhecidas como NR, cuja função é regulamentar e fornecer orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à Segurança e Medicina do Trabalho no Brasil, que estão contidas no Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do trabalho (CLT) e são relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Foram aprovadas pela Portaria N.º 3.214, 08 de junho de 1978. Ponto importante das NR é que atingem uma parcela do meio ambiente de trabalho, especificamente a obrigatoriedade de todas as empresas brasileiras regidas pela CLT, para a modificação das NRS são necessários a participação tripartites (três lados) espe- cíficas, compostas por representantes do Governo, empregadores e empregados. Uma forma de entender melhor essas alterações é compreendendo muito bem a Clas- sificação das Normas Regulamentadoras. Essa classificação é trazida a nós pela Portaria nº 787 de 27 de Novembro de 2018. Essa Portaria classifica as NR em três categorias: gerais, especiais e setoriais. Vamos entender cada uma delas abaixo: Normas Regulamentadoras Gerais são as normas que regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na Lei sem estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações, equipamentos ou setores e atividades econômicas específicas.” (Art. 3º, §1º.). Ou seja, as NR Gerais são aquelas que estão presentes em todos os setores econômicos do Brasil. • Normas gerais regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na Lei sem estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações, equipamentos ou setores e atividades econômicas específicas. » Exemplo. O item 1.5.3.1.1 da Norma NR 1 descreve que o gerenciamento de riscos ocupacionais deve constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR. E o item 1.5.3.2 descreve como deve se dar a organização deve: a) evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho; b) identificar os peri- gos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c) avaliar os riscos ocupacionais indican- do o nível de risco; d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessi- dade de adoção de medidas de prevenção; e) implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g” do subitem 1.4.1; e f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais. Portanto, a NR 1 deve ser utilizada por todos os setores que envolvem rela- ção de trabalho regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho; • Normas especiais regulamentam a execução do trabalho considerando as ativi- dades, instalações ou equipamentos empregados, sem estarem condicionadas a setores ou atividades econômicas específicas. » Exemplo. O item 12.1.9 da NR 12 descreve que na aplicação da NR e de seus anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos, do processo, a apreciação de riscos e o estado da técnica. Portanto, deve ser utilizada em todos os setores que possuem máquinas e equipamentos que 12 13 oferecem risco de acidentes e adoecimentos dos trabalhadores que envol- vem relaçãode trabalho, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. • Normas setoriais regulamentam a execução do trabalho em setores ou atividades econômicas específicas. » Exemplo. O item 18.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR 18 estabelece dire- trizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. Portanto, deve ser utilizada apenas nos setores na Indústria da Construção que envolvem relação de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 2018). As Normas Regulamentadoras organizam-se conforme exposto a seguir: Tabela 2 Norma Regulamentadora Descrição Classifi cação da NR 1 Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais: O objetivo é estabelecer as disposições gerais e as diretrizes e os requisitos para o gerencia- mento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho – SST. GERAL 2 Inspeção Prévia: foi revogada pela PORTARIA SEPRT nº 915, de 30 de julho de 2019, publicada no DOU de 31/07/2019. REVOGADA 3 Embargo ou Interdição: estabelece as diretrizes para caracterização do grave e iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição. GERAL 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra- balho (SESMT): estabelece os critérios para a organização dos SESMT, de forma a reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais. Para cumprir suas funções, o SESMT deve ter os seguintes profissionais: Médico do Trabalho, Enge- nheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem, em quantidades estabelecidas em função do número de trabalhadores e do grau de risco. GERAL 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): As Empresas privadas e públicas e os Órgãos Governamentais que tenham empregados regidos pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho ficam obrigados a organizar e a manter em funcionamento da CIPA, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemen- te o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. GERAL 6 Equipamento de Proteção Individual (EPI): O EPI – Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estran- geira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. A Em- presa é obrigada a fornecer os EPIs gratuitamente aos empregados. ESPECIAL 7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empre- gadores e Instituições que admitam trabalhadores como empregados. O PCMSO tem o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores. GERAL 8 Edificações: Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nela trabalham. ESPECIAL 13 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Norma Regulamentadora Descrição Classificação da NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Estabelece a obrigato- riedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empregadores e Instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho. GERAL 10 Serviços em Eletricidade: Estabelece os requisitos e as condições mínimas exigi- das para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem com ins- talações elétricas, em suas etapas de projeto, construção, montagem, operação e manutenção, bem como de quaisquer trabalhos realizados em suas proximidades. ESPECIAL 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem, e Manuseio de Materiais: Esta- belece Normas de Segurança para a operação de elevadores, guindastes, trans- portadores industriais e máquinas transportadoras. O armazenamento de ma- teriais deverá obedecer aos requisitos de segurança para cada tipo de material. ESPECIAL 12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: Estabelece os procedi- mentos obrigatórios nos locais destinados a máquinas e a equipamentos, como piso, áreas de circulação, dispositivos de partida e parada, normas sobre proteção de máquinas e equipamentos, bem como manutenção e operação. ESPECIAL 13 Caldeiras e vasos de Pressão: Estabelece os procedimentos obrigatórios nos locais onde se situam as caldeiras de qualquer fonte de energia, projeto, acom- panhamento de operação e manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão, em conformidade com a regulamentação profissio- nal vigente no país. ESPECIAL 14 Fornos: Estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revesti- da com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores. ESPECIAL 15 Atividades e Operações Insalubres: Estabelece os procedimentos obrigatórios, nas atividades ou nas operações insalubres que são executadas acima dos limites de tolerância previstos na Legislação, comprovados por meio de laudo de inspe- ção do local de trabalho. Agentes agressivos: ruído, calor, radiações, pressões, frio, umidade e agentes químicos. ESPECIAL 16 Atividades e Operações Perigosas: Estabelece os procedimentos nas ativida- des exercidas pelos trabalhadores que manuseiam e/ou transportam explosivos ou produtos químicos, classificados como inflamáveis, substâncias radioativas e serviços de operação e manutenção, bem como os trabalhadores em vigilância armada e aqueles em trabalho com motocicletas. ESPECIAL 17 Ergonomia: Estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro- porcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, incluindo os aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de ma- teriais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. GERAL 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: Esta- belece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da construção. SETORIAL 19 Explosivos: Estabelece os procedimentos para manusear, transportar e armaze-nar explosivos de uma forma segura, evitando acidentes. ESPECIAL 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis: Estabelece a definição para líquidos com- bustíveis, líquidos inflamáveis e Gás de Petróleo liquefeito, parâmetros para ar- mazenar, como transportar e como devem ser manuseados pelos trabalhadores. ESPECIAL 14 15 Norma Regulamentadora Descrição Classifi cação da NR 21 Trabalhos a céu aberto: Estabelece os critérios mínimos para os serviços reali- zados a céu aberto, sendo obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, com boa estrutura, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries. ESPECIAL 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Estabelece sobre procedi- mentos de Segurança e Medicina do Trabalho em Minas, determinando que a Empresa adotará métodos e manterá locais de trabalho que proporcionem a seus empregados condições satisfatórias de segurança e saúde aos trabalhadores pro- tegendo o meio ambiente de trabalho. SETORIAL 23 Proteção Contra Incêndios: Estabelece os procedimentos que todas as Empre- sas devem possuir, no tocante à proteção contra incêndio, saídas de emergência para os trabalhadores, equipamentossuficientes para combater o fogo e pessoal treinado no uso correto. ESPECIAL 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: Estabelece crité- rios mínimos, para fins de aplicação de aparelhos sanitários, gabinete sanitário, banheiro, cujas instalações deverão ser separadas por sexo, vestiários, refeitó- rios, cozinhas e alojamentos. ESPECIAL 25 Resíduos Industriais: Estabelece os critérios para a eliminação de resíduos in- dustriais dos locais de trabalho, por meio de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança do trabalhador. ESPECIAL 26 Sinalização de Segurança: Tem por objetivos fixar as cores que devem ser usa- das nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando, delimitan- do e advertindo contra riscos. ESPECIAL 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho . REVOGADA 28 Fiscalização e Penalidades: Estabelece que fiscalização, embargo, interdição e penalidades, no cumprimento das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador, serão efetuadas obedecendo ao disposto nos Decretos-Leis. GERAL 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: Estabelece ações de proteção obri- gatória contra acidentes e doenças profissionais, alcançando as melhores condi- ções possíveis de segurança e saúde dos trabalhadores que exerçam atividades nos portos organizados e nas instalações portuárias de uso privativo e retropor- tuárias, situadas dentro ou fora da área do Porto organizado. SETORIAL 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: Esta norma aplica-se aos traba- lhadores das embarcações comerciais que utilizam no transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas utilizadas na prestação de serviços, seja na navegação marítima de longo curso, na de cabotagem, na navegação interior, de apoio marítimo e portuário, seja em plataformas marítimas e fluviais, quando em deslocamento. SETORIAL 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Ex- ploração Florestal e Aquicultura: Tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho. SETORIAL 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde: Tem por fina- lidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de pro- teção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. SETORIAL 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados: Estabelece os requi- sitos mínimos para a identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores e que interagem direta ou indiretamente nestes espaços. ESPECIAL 15 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Norma Regulamentadora Descrição Classificação da NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Re- paração Naval: Estabelece requisitos mínimos e as medidas de proteção à se- gurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval. SETORIAL 35 Trabalho em Altura: Estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, como o planejamento, a organização e a execução, a fim de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores com atividades executa- das acima de dois metros do nível inferior, onde haja risco de queda. ESPECIAL 36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados: Estabelece os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo huma- no, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho. SETORIAL 37 Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo: Estabelece os requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras. SETORIAL Fonte: BRASIL – Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – ENIT Website da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – ENIT. Disponível em: https://bit.ly/47A3TC1 Organização Internacional do Trabalho (OIT) A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência das Nações Unidas, na sua composição tem estrutura tripartite, na qual representantes de governos, de organi- zações de empregadores e de trabalhadores possam participar na construção de políticas públicas visando oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um tra- balho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. O Brasil tem ratificadas muitas Convenções da OIT, dentre elas destacamos: Idade Mínima de Admissão nos Trabalhos Industriais, Repouso Semanal na Indústria, Proteção à Maternidade, Férias Remuneradas, Inspeção do Trabalho na Indústria e no Comércio, Organização do Serviço de Emprego, Proteção do Salário, Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva, Normas Mínimas da Seguridade Social, Abolição do Trabalho For- çado, Proteção Contra as Radiações, Proteção das Máquinas, Proteção Contra os Riscos da Intoxicação pelo Benzeno, Prevenção e Controle de Riscos Profissionais Causados por Substâncias ou Agentes Cancerígenos, Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações, Seguran- ça e Saúde dos Trabalhadores, Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, Serviços de Saúde do Trabalho, Sobre a Segurança e Saúde na Construção, Segurança no Trabalho com Produtos Químicos, Sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores, Sobre segurança e saúde nas minas, Convenção e Recomendação sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos etc. 16 17 Convenções ratificadas pelo Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3zY70n6 A OIT possui um material didático muito importante no campo da saúde, segurança e er- gonomia no trabalho, esse material está distribuído em uma enciclopédia de quatro volumes: Tabela 3 Volume Descrição do conteúdo I Este volume trata de três temas, o primeiro descreve “O corpo humano” e “Cuidados de saúde”, e é adotada uma abordagem descritiva e médica, disponibilizando informação sobre doenças, sua detecção e prevenção, serviços de medicina do trabalho e atividades de promoção da saúde. O segundo descreve ações sobre a “Gestão e política de saúde e segurança ” e os aspectos legais, éticos e sociais, bem como os recursos educacionais, informativos e institucionais. O terceiro descreve “Ferramentas e abordagens relacionadas com o estudo e aplicação da saúde e seguran- ça no trabalho ”: ergonomia, epidemiologia e estatística, higiene e segurança industrial, bem como controle de riscos em geral. Uma seção é dedicada à toxicologia geral e aplicada à prevenção. II Este volume trata de assuntos “específicos dos riscos e perigos” no meio ambiente de trabalho, portanto, des- creve os riscos sociais, mecânicos, físicos e químicos; métodos de gestão de acidentes e segurança que podem ser encontrados em todo o mundo. Detalha a natureza dos riscos e fornece informações técnicas sobre sua identifi- cação, avaliação e controle. Inclui artigos sobre radiação da qualidade do ar interior, ruído, equipamentos com telas, violência, estresse e outros. Todas as facetas do uso de produtos químicos, armazenamento, transporte, identificação e utilização. III Este volume trata de assuntos do “como realizar as ações ” nos setores industriais e profissionais, portanto, expli- ca “como funcionam as coisas” e “como são controladosos riscos” nos principais setores da indústria. Amplamente ilustrado com diagramas e fotografias, direciona o leitor às operações básicas da indústria, agricultura e serviços, com foco nos riscos, sua prevenção, controle e as consequências. IV Este volume trata de construção de “Guias de profissões” e descreve as atividades de riscos/perigos e as medidas de prevenção. Também possui um “Guia de Produtos Químicos” que apresenta informações básicas sobre a identificação, usos industriais e seus riscos, propriedades químicas, físicas e toxicológicas de mais de 2.000 substâncias químicas, incluindo tabelas de fácil acesso ao leitor. Fonte: Enciclopédia OIT – 20 de fevereiro de 2012 Enciclopédia OIT. Disponível em: https://bit.ly/2T2Rw0G Constituição Federal A legislação de Segurança e Saúde do Trabalhador está consolidada na Constituição Federal que é a atual Carta Magna do Brasil que serve de parâmetro para as demais legislações vigentes no país. Aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, ela foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do presidente José Sarney. A constituição regulou vários campos para a proteção da saúde e segurança dos tra- balhadores e, dentre eles, destacamos: a Saúde, Previdência Social, Meio Ambiente, dos Direitos Sociais e da Seguridade Social, conforme apresentado a seguir: 17 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Tabela 4 Título Capítulo Artigo Descrição Dos Direitos e Garantias Fundamentais Dos Direitos Sociais 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que vi- sem à melhoria de sua condição social [...] XXII – redução dos riscos ine- rentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Da Ordem Social Seguridade Social 195º A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma di- reta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Saúde 196º A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polí- ticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 197º Dispõe que “são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regula- mentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita dire- tamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”. 200º Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos ter- mos da lei: Inciso II: executar as ações de vigilância sanitária e epidemio- lógica, bem como as de saúde do trabalhador; Inciso VIII: colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Previdência Social 201º A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social [...] I - cobertura dos eventos de incapacidade tem- porária ou permanente para o trabalho e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; [...] V - pensão por morte do segurado [...]. 203º A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independen- temente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: [...] III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; Meio Ambiente 225º Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- -se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- -lo para as presentes e futuras gerações. [...] V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Fonte: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988 Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3vV02vW Aplicação das Normas Regulamentadoras Nesse contexto, vamos discorrer sobre a NR-11 (Transporte, Movimentação, Armaze- nagem e Manuseio de Materiais) e a NR-12 (Máquinas e Equipamentos). 18 19 Estudo de caso Norma Regulamentadora 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Para compreender a aplicação da NR 11, será apresentado, a seguir, um acidente fatal decorrente de atividade de movimentação de carga: A atividade, nesse caso, consistia na retirada de uma carreta de cana de cima da carroceria do caminhão com auxílio de um caminhão Munck (figura 1). A tarefa era executada por dois trabalhadores, o operador de Munck e o motorista do caminhão. A primeira carreta foi retirada com sucesso. Na carreta seguinte, o operador posi- ciona o Munck ao lado da carreta (figura 1). O caminhoneiro e o operador sobem na carroceria do caminhão para ajustar a cinta e a corrente no gancho do Munck e na carreta (figura 2). Não existe ponto de fixação que garanta a estabilidade exata na carreta, porém, os trabalhadores têm que colocá-los de forma que garantam a estabilidade. O caminhoneiro fica sobre o caminhão, mas o operador que se deslo- cou para o Munck não o vê. O operador desceu em direção ao local de acionamento do Munck, mas resolveu parar e beber água. Depois, retornou ao comando e acio- na o Munck para levantamento da carreta. O levantamento inicia-se, mas a alça da corrente escapa (Figura 3), ocasionando o deslocamento da carreta que atingiu a cabeça, abdômen e tórax do trabalhador que estava na carroceria do caminhão (Fi- gura 4). O operador do Munck chama pelo motorista. O motorista não responde. O operador do Munck vai à carroceria verificar o que ocorreu e encontra o motorista prensado pela carreta, tenta levantar a carreta, mas não consegue. Em seguida, cor- re no pátio até a portaria solicitando ajuda. Acionaram a ambulância da empresa. A equipe vai para o socorro. Movimentam o Munck e retiram o trabalhador. O tra- balhador é encaminhado para o Pronto-Socorro e, posteriormente, para o hospital, passa por cirurgia, mas não resiste aos ferimentos e vem a óbito (SILVA, 2016a) . Figura 1 – Vista superior das carretas lateral e dos ganchos Fonte: Adaptada de CEREST 19 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Figura 2 – Vista lateral das carretas no momento que escapa o gancho e vista superior das carretas no momento do AT Fonte: Adaptada de CEREST Figura 3 – Ações tomadas adotadas após acidente no gancho (errado e certo) Fonte: CEREST Considerando a NR 11 e os Princípios de Prevenção e Proteção em Movimentação Manual de Cargas, explore a NR para apontar os itens que não foram atendidos. Para ampliar a pesqui- sa, seguem itens importantes apontados pela OIT (HÄKKINEN, 2021): • Garantir que os pontos, as cintas e as correntes sejam conectados ao centro de gravi- dade da peça/carreta; • Fornecer os equipamentos (cintas, correntes) adequados para o içamento; • Planejar todas as etapas do processo: descarregamento, armazenagem, processo e expedição; • Eliminar todas as operações desnecessárias de transporte e manipulação de carga; • Afastar as pessoas do espaço delimitado para transporte e manipulação de carga; • Separar ao máximo as operações de transporte de carga para evitar choques entre as cargas; • Proporcionar espaço suficiente para transporte e manipulação; • Projetar processos de transporte contínuo, evitando pontos de descontinuidade; • Utilizar elementos-padrão na manipulação de materiais; • Conhecer o material a ser manipulado ou transportado; • Manter o peso da carga abaixo da capacidade de trabalho segura; 20 21 • Estabelecer um limite de velocidade suficientemente baixo para garantir um movi- mento seguro; • Evitar a elevação de cargas em alturaacima dos trabalhadores; • Evitar métodos de manipulação que exijam subir ou trabalhar em alturas elevadas; • Colocar proteções nos pontos de perigo; • Transportar e elevar pessoas utilizando somente equipamentos destinados a esse fim; • Manter a estabilidade de equipamentos e cargas; • Proporcionar aos operadores uma boa visibilidade; • Substituir a manipulação e transporte manual por mecanizada e automatizada; • Proporcionar e manter uma comunicação eficaz; • Aplicar os princípios de ergonomia, visando às interfaces humanas com a manipula- ção de material; • Proporcionar capacitação e assessoramento adequados; • Proporcionar aos trabalhadores envolvidos os EPI adequados; • Realizar trabalhos de inspeção e manutenção adequados; • Prever no planejamento as mudanças das condições ambientais, tais como: chuva, vento etc.; • Promover a participação dos trabalhadores nas etapas descritas. Entorno Tarefa Resultado Correto Incorreto Melhorias Organização/Gestão – Projetos – Sistema de Segurança Análise de Segurança Pes soa l Procedimento Ca rg a Equipam ento Figura 4 – Princípio da melhoria contínua na manipulação de materiais Fonte: Adaptada de HÄKKINEN, OIT 2021 Estudo de caso Norma Regulamentadora 12 – Máquinas e Equipamentos Para compreender a aplicação da NR 12, será apresentado, a seguir, um acidente com amputação de dedos durante a operação de máquina guilhotina que corta borracha. Acidente guilhotina – Acidente com amputação de quatro dedos (Figura 1). O Sr. X relata que a guilhotina (Figura 2) pequena estava dando problema há algum tem- po, que estava travando há, pelo menos, quatro meses, a alavanca que comandava a subida e descida da lâmina estava com problema na mola, ao empurrá-la para 21 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho subir, ela enroscava e não parava e vice-versa ao descer, tinha que mexer em um parafuso para parar ou balançar a alavanca para parar a lâmina. A guilhotina foi para manutenção onde permaneceu por dez dias para amolar a lâmina e, consequente- mente, realizar manutenção no pistão da guilhotina. Ao retornar para a empresa, a guilhotina foi instalada por trabalhadores da própria empresa contratante, não havendo mão de obra especializada na instalação. Não havia um controle sistemáti- co (autorização) por parte da empresa para operação da guilhotina, o que é exigido por Lei para operação desse tipo de máquina, que estabelece curso de capacitação para a operação de prensas e outras máquinas perigosas. Nesse novo cenário de funcionamento da máquina, o Sr. X foi trabalhar com a guilhotina. No início da ati- vidade, pegou um pedaço de borracha no chão, na lateral direita, colocou na guilho- tina, segurou a borracha com a mão esquerda e com a mão direita na alavanca para acionar e descer. O trabalhador percebeu que a lâmina estava baixa e que precisava subi-la para melhor encaixar a borracha em baixo da lâmina, quando movimentou a alavanca para subir a mesma desceu prensando sua mão que segurava a borracha. Na tentativa de subir a lâmina, novamente realizou movimento com a alavanca para subir como era de costume e a lâmina baixou ainda mais vindo a cortar o 2°, 3°, 4° e 5° dedos da mão esquerda. Percebeu então que o comando estava invertido e movimentou a alavanca para baixo. Quando a lâmina subiu e ele conseguiu puxar sua mão, visualizou que seus dedos estavam pendurados, refere ter gritado e saído em direção ao escritório, encontrou com seu irmão no caminho (na calçada) que foi chamar o proprietário, outro trabalhador trouxe uma camiseta para enrolar em sua mão, foi levado ao hospital. (SILVA, 2016b) Figura 5 – foto da mão do trabalhador acidentado com os dedos amputados fonte: Acervo do Conteudista Figura 6 – Foto da máquina que gerou o acidente fonte: Acervo do Conteudista 22 23 Considerando a NR 12 e os Princípios de Prevenção e Proteção no uso da Guilhotina, explore a NR para apontar os itens que não foram atendidos, para ampliar a pesquisa segue itens importantes: • Criar barreiras físicas em todas as áreas de acesso às partes móveis da zona de corte ; • Realizar os levantamentos de riscos na empresa para identificar pontos sem proteção nas partes móveis e transmissão de força ; • Adotar medidas que não permitam o ingresso de partes do corpo, tais como: mãos, dedos e pés nas partes móveis ; • Adotar medidas de redundância de segurança no acesso às partes móveis ; • Criar responsáveis pela manutenção ; • Criar sinalizações diferentes para os componentes de acionamento e desligamento e a sua interação ; • Podem-se criar conexões diferentes para o sistema hidráulico para evitar a inversão do sistema de acionamento ; • Capacitar os operadores. 23 UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da Ergonomia e Segurança do Trabalho Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Live CANPAT 09/06/2020 - 9h - especial PGR https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q Canpat 2020 - Especial NR-18 https://youtu.be/c3bZe6awWbA PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller https://youtu.be/4tmyX-MonUQ Cultura de Segurança e sua importância na promoção da saúde e segurança no trabalho https://youtu.be/NoRJUKyKRY0 Leitura Livro Engenharia do Trabalho – Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto https://bit.ly/3jbCyQI 24 25 Referências BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943. ________. Lei Nº 13.844, de 18 de junho de 2019. Estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Disponível em: <http://www.planal- to.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13844.htm>. Acesso em: 28/03/2021. ________. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/ L6514.htm>. Acesso em: 28/03/2021. ________. Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras. Disponíveis em: <ht- tps://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/ sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Escola Nacional da Inspeção do Tra- balho - ENIT.Acesso em: 28/03/2021. _______ _. Portaria Nº 787 de 27 DE Novembro de 2018. Dispõe so- bre as regras de aplicação, interpretação e estruturação das Normas Regula- mentadoras. Disponível em: <https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/ Kujrw0TZC2Mb/content/id/52490706/do1-2018-11-29-portaria-n-787-de-27-de-no- vembro-de-2018-52490318>. Acesso em: 28/03/2021. GUIMARÃES, J. R. S. Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as Unidades da Federação durante a segunda metade da década de 2000. Organização Internacional do Trabalho. Escritório da OIT no Brasil. Brasília: OIT, 2012. 416p. HÄKKINEN, K. Principios de la prevención: Manipulación de materiales y trafico interno. Parte do capítulo “Aplicaciones de la seguridad” da Enciclopedia de Salud e Seguridad en el Trabajo - OIT, 2021, 58.82 pág. Disponível em: <https://www.insst.es/ documents/94886/162520/Cap%C3%ADtulo+58.+Aplicaciones+de+la+seguridad>. Acesso em: 28/03/2021. SILVA, A. J. N. (a). Alerta de segurança para Movimentação de carga em Usi- nas. CEREST Piracicaba, 2016. Disponivel: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/ site/images/Alerta_de_Seguranca_AT_fatal_Movim_de_carga_usina.pdf>. Acesso em: 28/03/2021. ________. (b). Alerta de segurança no setor de borracha. CEREST Piracicaba, 2016. disponivel: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/Alerta_de_Seguranca_ AT_com_guilhotina_no_setor_de_borracha.pdf>. Acesso em: 28/ 03/2021. 25
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