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Material Didático Unidade I

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Prévia do material em texto

Ergonomia e Segurança 
do Trabalho
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Alessandro José Nunes da Silva
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Introdução à Ergonomia e 
Segurança no Trabalho
 
 
• Apreender o conceito de segurança e ergonomia, sua origem, objetivos básicos, 
seus precursores e sua evolução.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• Segurança Industrial;
• O Mundo do Trabalho;
• Conceito de Ergonomia; 
• Origem da Ergonomia;
• Os Precursores da Ergonomia;
• A Ergonomia, do Taylorismo até os Dias de Hoje;
• Campos de Atuação para o Profissional da Ergonomia.
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Contextualização
No Brasil, a preocupação com a saúde, segurança e ergonomia nos locais de trabalho 
vem se destacando na sociedade moderna e isso se dá pelo fato de crescer diariamente o 
número de acidentes e doenças relacionadas às atividades produtivas nos mais variados 
campos de trabalho.
Para conhecer mais sobre os dados de acidentes de trabalhos no Brasil. 
Disponível em: https://bityl.co/7VQw
Em meados de 1978, na tentativa de fixar medidas de segurança aplicadas à saúde 
no trabalho na rotina das empresas, foi instituída uma gama de estruturas legais repre-
sentadas especialmente pelo Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e 
pelas Normas Regulamentadoras (NR). Essa foi a maneira encontrada para garantir aos 
trabalhadores um ambiente de trabalho seguro e saudável, com a redução dos riscos 
inerentes ao trabalho (ROSA; QUIRINO, 2017).
A segurança no trabalho surge, então, como um campo que visa subsidiar constantes 
transformações de processos no ambiente de trabalho, no maquinário, nas ferramentas e 
nos produtos que são utilizados nas diferentes atividades laborais no decorrer da história, 
tendo como característica o aumento da qualidade de vida aos trabalhadores durante 
suas jornadas de trabalho.
No território brasileiro, as legislações são relativamente recentes no campo da segurança 
do trabalho e saúde do trabalhador. Até o início do século XX, a economia nacional era 
focada no serviço braçal de escravos e na agricultura, e nessa época já existiam acidentes 
decorrentes do trabalho.
Em 1970, o Brasil era o campeão mundial de acidentes de trabalho e desde então 
começaram os avanços na área que preserva a saúde do trabalhador. Nesse contexto, 
surge a medicina do trabalho, que se destaca por trabalhar em prol da preservação 
da saúde do trabalhador, proporcionando aos empregados aumento das condições de 
saúde nos espaços de trabalho, bem como auxiliando no manejo das consequências de 
adversidades causadas durante o trabalho.
Essa área atende o trabalhador desde o ingresso na empresa, com os exames admis-
sionais, até o término de seu contrato de trabalho, com os exames demissionais, além 
de intervenções que visam empoderar o trabalhador frente aos cuidados com sua saúde 
durante sua vida laboral.
Tavares (2009, p. 16 e 17) destaca que diversos são os fatores que se relacionam à 
implantação de programas de segurança e saúde do trabalho nos espaços organizacio-
nais, dentre eles a autora aponta:
• Aspectos sociais: O ônus pelo acidente do trabalho reflete-se em toda a nação; é 
ela que paga, através da arrecadação de impostos, ao incapacitado ou à família da 
vítima de um acidente fatal o seguro social a que tem direito. É expressivo o número 
8
9
de brasileiros aposentados por invalidez, que ficam à espera apenas do seu irrisório 
salário, quando poderiam estar produzindo e, consequentemente, contribuindo para 
o desenvolvimento do país;
• Aspectos humanos: Embora não se possa representar em números, o aspecto 
humano é o mais importante, pois não há dinheiro que pague o preço de uma 
vida, assim como não há indenização que corresponda ao valor de uma mão, de 
um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em um acidente. Não dá para 
mensurar o significado para os familiares de um indivíduo que saiu para trabalhar 
e não voltou vítima de um acidente de trabalho que poderia ter sido evitado. Outro 
fator não quantificável são os traumas que um acidente acarreta para os compa-
nheiros do acidentado;
• Aspectos econômicos: A queda na produção de uma empresa e da nação como 
um todo, decorrente de acidentes de trabalho, é um aspecto que deve ser conside-
rado, pois, além do custo final dos produtos, o acidente acarreta gastos com aten-
dimento médico, transporte, remédios, indenizações, pensões etc.
A segurança no trabalho e a ergonomia surgem, então, como campos que visam 
subsidiar constantes a segurança e as transformações de processos no meio ambiente 
de trabalho, no maquinário, nas ferramentas e nos produtos que são utilizados nas dife-
rentes atividades laborais no decorrer da história, tendo como característica o aumento 
da qualidade de vida aos trabalhadores durante suas jornadas de trabalho.
Fatos históricos da segurança e ergonomia no Brasil:
• 1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro 
contra o risco profissional; 
• 1923 – Criação da caixa de aposentadorias e pensões para os empregados das 
empresas ferroviárias, marco da Previdência Social; 
• 1930 – Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual MTPS; 
• 1943 – Criada a consolidação das leis do trabalho, CLT, que trata de segurança e 
saúde do trabalho no título II, capítulo V do artigo 154 ao 201; 
• Década de 1960, no curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, 
com o professor Sérgio Penna Kehl, através da abordagem “O Produto e o Homem”;
• 1966 – Criação da fundação Jorge do Duprat Figueiredo de segurança e medicina 
do trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica rela-
cionada à segurança e saúde dos Trabalhadores; 
• Década de 1970, ocorreu com a introdução do ensino de ergonomia no curso de 
Engenharia de Produção, do Programa de Pós-graduação em Engenharia da UFRJ. 
Contou com o professor Itiro Iida como docente e constituiu-se num centro de dis-
seminação de conhecimentos da ergonomia, produzindo várias teses e dissertações 
nessa área de conhecimento;
• Na década de 1970, foi identificada através de estudos relacionados à psicologia 
ergonômica, com ênfase na percepção visual aplicada no estudo do trânsito, no 
curso de Psicologia da USP de Ribeirão Preto, no qual se implantou uma linha de 
pesquisa, coordenada pelos professores Reinier Rozestraten e Paul Stephaneck;
9
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
• Na década de 1970, compreendeu a área de Psicologia do Instituto Superior de 
Estudos e Pesquisas Psicossociais da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, 
o qual foi coordenado pelo professor Franco Lo Presti Seminério e promoveu, em 
1974, o 1º Seminário Brasileiro de Ergonomia, marco fundamental na história da 
ergonomia brasileira. Também coube a esse instituto a implantação do primeiro 
curso de especialização em ergonomia no Brasil, no ano de 1975;
• Na década de 1970, pesquisadores da área de design trouxeram pesquisadores de 
outros países para seminários sobre Ergonomia. Foram convidados professores da 
Europa (entre eles Alain Wisner) e dos EUA;
• 1983, Criação da ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia;
• 1976, com a introdução do ensino de ergonomia no curso de Desenho Industrial 
da Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ, com o professor Karl Heinz 
Bergmiller, lecionando ergonomia para o desenvolvimento de projetos de produtos;
• 1978 – criação das normas regulamentadoras;
• 1990 – elaboração da Norma Regulamentadora nº 17.
Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: https://bityl.co/7WPO
10
11
Segurança Industrial
A história dos acidentes industriais é dolorosa com muitas perdas materiais, ambien-
tais e humanas, mas as oportunidades de ações de prevenção foram desenvolvidas para 
que não ocorressem os acidentes de processo similares, é se apoiou, inicialmente, sobre 
uma concepçãotécnica: o trabalho dos engenheiros permitiu preservar a integridade 
das instalações em situações não habituais (DANIELLOU et al., 2010).
Segundo Daniellou et al. (2010, p. 3): 
Os acidentes de Seveso (1976) e Three Miles Island (1979) levaram a 
reforçar as exigências regulamentares (diretiva Seveso 1 em 1982) e a 
implementar políticas globais de segurança nas empresas de alto risco. 
Esse formalismo foi intensificado com a diretiva Seveso 2 (1996) e com a 
implementação dos Sistemas de Gestão da Segurança. Essas ações técni-
cas e de organização possibilitaram, em certos setores, uma diminuição 
contínua de acidentes ligados ao processo. Mas, em muitas empresas, 
essa melhora marca um patamar, e o reforço dos formalismos não leva a 
uma diminuição das falhas. 
A evolução da segurança ao longo da história precisa ser refletida pelos alunos 
e alunas de segurança e ergonomia, uma vez que são descritos em três patamares: 
1) o técnico, no qual a preocupação se concentrou essencialmente sobre a integridade 
das instalações, máquinas e equipamentos; 2) o dos sistemas de gestão, centrado no 
conjunto de regras que compõem as normas de segurança; 3) e o patamar da atividade 
humana, que se baseia no desenvolvimento dos Fatores Humanos e Organizacionais 
(DANIELLOU et al., 2010).
A construção de uma linha do tempo dos patamares da segurança industrial podemos 
observar na Figura 1.
Engenharia e Qualidade
Integridade das Instalações
Sistema de Gestão
da Segurança
Integração de Fatores
 Humanos e Organizacionais 
da segurança
Técnica
Sistema de Gestão
Atividade Humana
Tempo
Ta
xa
s d
e A
cid
en
te
s
1960 – 1980
1980 – 2000
2000 – ...
Figura 1 – Abordagens sucessivas da segurança industrial 
Fonte: Adaptada de DANIELLOU et al., 2010, p. 3 
No campo preventivo e protetivo, as ações em segurança no meio ambiente de tra-
balho buscam sempre antecipar o previsível e combater o imprevisto. Para isso, é ne-
cessário que os profissionais que atuam na área fiquem atentos, uma vez que as regras 
e os procedimentos formais conseguem preparar os riscos e perigos previstos dentro 
11
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
do sistema, e por isso seu papel é fundamental para enfrentar essas situações. Mas no 
meio ambiente de trabalho vão ocorrer, na produção, situações que não foram anteci-
padas, observadas, identificadas etc. E a resposta do sistema para essas situações vai 
depender dos recursos locais das equipes e do gerenciamento disponível em tempo real 
(DANIELLOU et al., 2010).
As equipes de segurança precisam conhecer a resiliência de um sistema, uma vez 
que têm:
A capacidade de antecipar, de detectar precocemente e de responder 
adequadamente a variações do funcionamento do sistema no que diz res-
peito às condições de referência, visando minimizar seus efeitos sobre a 
estabilidade dinâmica. (DANIELLOU et al., 2010) 
As equipes de segurança e saúde precisam compreender que os trabalhos relacionados 
à segurança sistêmica mostram que essa resistência depende de dois componentes. 
Nesse sentido, Daniellou et al. (2010) apresentam as definições a seguir:
• A segurança normatizada: evitar todos os defeitos ou panes previsíveis pelos for-
malismos, regras, automatismos, medidas e equipamentos de proteção, formações 
com relação aos “comportamentos seguros” e por um gerenciamento que assegure 
o respeito às regras;
• A segurança em ação: capacidade de antecipar, de perceber os disfuncionamentos 
não previstos pela organização e de responder a eles. Ela se baseia nos conheci-
mentos e na experiência humana, na qualidade das iniciativas, no funcionamento 
dos coletivos e das organizações e num gerenciamento atento à realidade das situ-
ações, que favorecem a articulação entre diferentes tipos de conhecimentos úteis 
para a segurança.
Para exemplificar, as equipes de segurança precisam atuar de forma a buscar a pre-
venção e a proteção. Para isso, é preciso que sejam somados os olhares dos profissionais 
para as ações normativas e as atividades na ação do trabalho, conhecer este cenário é 
peça fundamental ao profissional proteger os trabalhadores, conforme podemos observar 
a Figura 2:
+ =
Segurança
Normatizada:
Prever o melhor
possível
Segurança
em Ação:
Presença diante
do imprevisto
Segurança
Industrial
Figura 2 – Os componentes da segurança 
Fonte: Adaptada de DANIELLOU et al.,2010
O Mundo do Trabalho
Um dos principais objetivos no mundo de hoje é a produção máxima com custo mí-
nimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos que buscam de alguma maneira 
12
13
alternativas que possam melhorar seus custos para, eventualmente, alcançar o cresci-
mento quanto para os países desenvolvidos que buscam o controle econômico, deixando 
de lado, muitas vezes, o bem-estar do ser humano, sendo necessário que exista algo que 
possa tratar da sua segurança.
Veja a charge. Disponível em: https://bit.ly/3nfJQow
A partir do exposto, cabe considerar que os conceitos de segurança e ergonomia 
podem e devem atuar em conjunto, como vetor de eficiência nas Organizações, tanto as 
manufatureiras quanto as Empresas Prestadoras de Serviços.
Nesse momento, cabe um esclarecimento: considera-se manufatura de um produto 
quando, durante o processo produtivo, há mudança na característica física do produto. 
Caso contrário, todos os demais “trabalhos” são prestação de serviço: bancos, hospitais, 
escolas, portos e aeroportos etc.
É possível afirmar que não há relevância específica do estudo da ergonomia e da 
segurança do trabalho em um segmento de mercado específico, ou em um trabalho 
específico. Todos os tipos de trabalhos em todos os segmentos de mercado justificam o 
conhecimento, a aplicação e a gestão da ergonomia e da segurança do trabalho.
Nas empresas, como meio de se obter a motivação e o bom resultado (lucro) a partir 
da sustentabilidade do trabalho, e fora do “trabalho”, na vida cotidiana, como política de 
bem-estar pessoal.
Conceito de Ergonomia 
O conceito de Ergonomia está relacionado à concepção do trabalho, de todo tipo de 
trabalho, e remonta à história do homem na Terra – a primeira definição de trabalho 
conhecida está nas Sagradas Escrituras, em Gênesis 3: 17 p, 19:
Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua 
causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do rosto 
comerás teu pão, até que tornes a terra; pois dela foste tomado; pois és 
pó, e ao pó tornarás.
É conclusivo, pois que o trabalho está relacionado à noção geral de sofrimento e pena 
(SOCIEDADE BÍBLIA DO BRASIL, 1995).
Há muitas definições sobre Ergonomia. Vamos apresentar algumas delas.
Segundo Falzon (2009), a International Ergonomics Association (IEA), em 2000, 
adotou uma definição que é referência internacional. Todavia, vamos apresentar a definição 
que antecedeu a definição de 2000, para que o leitor possa compreender a evolução da 
conceituação entre os próprios ergonomistas.
Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial 
no Brasil, o conceito vem sendo continuamente revisto, causando constante ampliação 
do escopo da citada Disciplina.
13
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
A primeira definição de Ergonomia proposta pelo IEA é:
A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus 
meios, métodos e ambientes de trabalho. Seu objetivo é elaborar, com a 
colaboração de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo 
de conhecimentos que, numa perspectiva de aplicação, deve ter como 
finalidade uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos de 
produção e dos ambientes do trabalho e da vida.
A segunda definição de Ergonomia proposta pelo IEA em 2000 é:
A ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica que visa à com-
preensão fundamental das interações entre os seres humanos e outros 
componentes de um sistema, e a profissão que aplica princípios teóricos, 
dados e métodos com o objetivo de otimizar o bem estar das pessoase o 
desempenho global dos sistemas.
Os profissionais que praticam a ergonomia, os ergonomistas, contribuem 
para a planificação, concepção e avaliação das tarefas, empregos, produtos, 
organizações, meios ambientes e sistemas, tendo em vista torná-los compa-
tíveis com as necessidades, capacidades e limites das pessoas.
Note que, conforme apontado anteriormente, é evidente a ampliação do escopo da 
Ergonomia. Se compararmos atentamente as duas definições do IEA, notamos que há 
uma evolução significativa na percepção do conceito de trabalho e de quem o executa 
vindo ao encontro da “Escola das Relações Humanas” e em oposição à “Escola da 
Administração Científica de Taylor”, especificamente, no reconhecimento da força de 
trabalhador (homem) como ser humano.
Nota-se, também, “preocupação” no sentido de adequar harmonicamente a interação 
da força de trabalho humana aos sistemas, de maneira que a especificação do trabalho 
laboral não venha a prejudicar a saúde do homem e, tampouco, venha a comprometer 
sua força de trabalho futura.
Ainda na segunda definição do IEA, o universo da Ergonomia é dividido em três 
dimensões:
• Ergonomia física: está relacionada às características da anatomia humana, da antro-
pometria, da fisiologia e da biomecânica e sua relação com a atividade física. Os tópi-
cos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, 
movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, 
projeto de posto de trabalho, segurança e saúde;
• Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como percepção, me-
mória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres hu-
manos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem estudo da 
carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação 
homem computador, stress e treinamento conforme esses se relacionem a projetos 
envolvendo seres humanos e sistemas;
• Ergonomia organizacional: refere-se à otimização dos sistemas sociotécnicos, in-
cluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes 
incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM – domínio 
14
15
aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em 
grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, 
cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade.
As “áreas de especialização da Ergonomia” propostas pela IEA, segundo Falzon 
(2009), são citadas por autores em todo mundo e, assim, adotadas como referência in-
ternacional. Segundo Falzon (2009), a segunda definição proposta pelo IEA, em 2000, 
esclarece que a palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, 
regras, leis]. Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos 
os aspectos da atividade humana.
Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades 
do trabalho, é preciso que os ergonomistas tenham uma abordagem multidisciplinar de 
todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como 
sociais, organizacionais, ambientais etc.
Contudo, pode-se dizer que a Ergonomia está apoiada em dois pilares fundamentais. 
De um lado, o objetivo centrado nas organizações e sua busca incansável pela eficiência, 
produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade etc. a fim de serem mais compe-
titivas reduzindo custos. De outro, o objetivo centrado no ser humano, considerando-se 
segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, motivação etc.
Sob o enfoque de projeto do trabalho, a Ergonomia é definida por Barnes (2008) 
como o meio de encontrar a mais eficiente combinação entre homem e máquinas, 
equipamentos e materiais no ambiente de trabalho. Ele cita que o objetivo da Ergonomia 
é a adaptação das tarefas ao ambiente de trabalho e às características sensoriais, 
perceptivas, mentais e físicas das pessoas e, como resultado, obtém se, então, melhores 
projetos de equipamentos, sistemas homem-máquina, de produtos de consumo, métodos 
e ambiente de trabalho.
No Brasil, contamos com a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, que 
é uma associação sem fins lucrativos cuja finalidade é o estudo, a prática e a divulgação 
da interação das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando 
suas necessidades, habilidades e limitações.
Origem da Ergonomia
A Ergonomia surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial, em virtude da com-
plexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo planejamento e 
investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos seria inútil se o “operador” 
(soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da Guerra, muitos 
soldados desenvolveram doenças psiquiátricas.
Para amenizar o impacto, tanto de manuseio como da saúde mental dos soldados 
e procurar “manter a produtividade”, grupos multidisciplinares foram mobilizados para 
entrar como “suporte” no cenário da Guerra.
15
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Mais especificamente, a Ergonomia nasceu em 12 de junho de 1949, data em que 
se reuniu, pela primeira vez na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores moti-
vados em discutir essa “nova disciplina” interessada em discutir e formalizar esse novo 
campo de pesquisa multidisciplinar da Ciência, que propunha uma interação harmônica 
entre homens e sistemas.
Todavia, já em meados de 1857, um polonês, Wojciech Jastrzebowski já havia publi-
cado um Artigo sob o título “Ensaios de Ergonomia ou ciência do trabalho, baseada nas 
leis objetivas da ciência sobre a natureza”.
Entretanto, a Ergonomia só veio a adquirir status de Disciplina mais organizada na pri-
meira metade de 1950, com a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra.
Os membros dessa organização, muitos deles pesquisadores, disseminavam seus co-
nhecimentos e propunham a aplicação da Ergonomia na indústria, e não somente na 
área militar, como era difundido até então.
Objetivos Básicos da Ergonomia
Conforme citado, o objetivo da Ergonomia é estudar a interação entre o homem e os 
sistemas, considerando fatores físicos e psicológicos, a fim de obter ganhos em eficiência 
para os sistemas (empresas), bem como a manutenção da saúde por parte dos colabora-
dores, procurando reduzir a fadiga, o estresse, os erros e os acidentes.
Nesse cenário, a eficiência produtiva, bem como a motivação, é consequência direta 
da assertividade dessas ações.
Para o “exercício e aplicação da Ergonomia”, conforme discutido até agora, é preciso 
deixar claro que não é o empenho de apenas um colaborador, ou ainda, a contribuição 
de uma área específica de conhecimento que vai obter resultados esperados.
É preciso contar com grupo multidisciplinar com representantes de várias áreas da 
Organização, como: médico do trabalho, psicólogos dos recursos humanos, técnicos 
da segurança do trabalho, representantes da operação, engenheiros da produção, en-
genheiros do desenvolvimento do produto ou serviço e do processo, profissionais da 
manutenção e demais áreas que possam se fazer necessárias.
E, ainda, além do grupo multidisciplinar, é preciso ter o conhecimento de que, se 
necessário, profissionais de outras áreas de conhecimento devem ser convidados a parti-
cipar dos projetos de Ergonomia, tais como: Psicologia, Anatomia e Fisiologia, Orga-
nização do Trabalho, Design e Métodos de Avaliação e Tecnologia da Informação, 
entre outros.
Os Precursores da Ergonomia
Discorrendo sobre a Ergonomia, é imprescindível citar as definições, a origem, mas 
para um completo entendimento da aplicação da Ergonomia nos dias de hoje não podemos 
deixar passar despercebidos os precursores da Ergonomia.
16
17
Vamos a eles!
Já foi mencionado, nessa seção, que identificamos nas Escrituras da Bíblia a noção 
de trabalho do homem voltado para a sua sobrevivência.
Vimos, também, que a noção de Ergonomia acompanhaa necessidade de trabalho 
que o homem tem, a partir da mais básica, que é caçar para comer. Ainda na Pré-
-história, quando o homem era nômade, precisava caçar para comer e, quando a comida 
começava a faltar em uma determinada região, migrava para outra.
Quando saía para a caça, procurava uma pedra que melhor se encaixasse em sua 
mão a fim de usá-la como arma e auxiliar na caçada.
Nota-se que, desde a Pré-história, ainda que intuitivamente, o homem procura por 
dispositivos que o auxiliem no trabalho. Essa ideia também esteve presente na era da 
produção artesanal que antecedeu a revolução industrial quando os artesãos procuravam 
adaptar as tarefas às necessidades humanas.
Alguns nomes foram muito importantes para a Evolução Histórica Da Ergonomia no 
Mundo, vamos a esses pioneiros na tabela abaixo:
Tabela 1 – Pioneiros históricos da ergonomia
Nome Profi ssão Descrição
Leonardo 
da Vinci
Artista
O Pintor combinou em um mesmo desenho 
o homem inserido no círculo e no quadrado, 
promovendo estudos acerca das dimensões e 
movimentos humanos. Atualmente, o conheci-
mento das formas e medidas do corpo aplicado 
em projetos é denominado antropometria.
Bernard Forest 
de Bélidor
Pesquisador
No fim do século XVII, as substituições dos seres 
humanos por máquinas nos postos de trabalho 
eram iminentes, por isso iniciou pesquisas que 
poderiam construir sistemas para poupar a 
saúde e integridade física dos trabalhadores. 
É exatamente nessa ocasião que se incluem os 
estudos de Bernard com planejamento do tra-
balho e das interfaces na organização do tra-
balho. Promoveu algumas contribuições para a 
engenharia civil e mecânica.
Patissier Médico
No século XIX, o médico observa as doenças 
relacionadas ao trabalho, como o saturnismo 
e a silicose, e promove ações para proteger os 
trabalhadores, como os equipamentos de pro-
teção individual. Para isso preconizou o uso de 
bexigas animais para a proteção respiratória e 
de óculos para proteção dos corpos estranhos. 
Ele recomenda aos ourives levantar a cabeça 
de vez em quando e olhar para o infinito como 
modo de evitar a fadiga visual. Também pre-
coniza proteção dos moinhos e concebe má-
quinas para diminuir o esforço físico, como as 
máquinas de lavar.
17
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Nome Profissão Descrição
Frederick 
Wisnslow Taylor
Engenheiro, adminis-
trador e pesquisador
Taylor estudou e tornou-se Engenheiro Mecânico 
e, no ambiente que conhecia, foi de simples ope-
rário à gerente industrial promovendo estudos 
sistêmicos acerca de como organizar a produção 
e melhorar a sua eficiência. Esses estudos trans-
formaram-se em publicações que preconizavam 
uma maneira sistêmica, científica de analisar o 
trabalho buscando redução de movimentos e 
aumento de eficiência. A essa “maneira científi-
ca” de “organizar o trabalho” deu-se o nome de 
Administração Científica ou Taylorismo.
Jules Amar Fisiologista
Amar descreve os princípios mecânicos gerais 
do corpo humano como uma máquina. Co-
menta sobre a energia humana e os efeitos fi-
siológicos causados pelo trabalho. Com relação 
à interação homem e ambiente ele apresenta 
os resultados dos seus estudos e de outros que 
avaliaram o efeito do trabalho, cognitivos, psi-
cológicos, fisiológicos, sociais e ambientais so-
bre o corpo humano. Aborda as medidas cien-
tíficas do corpo humano, a energia produzida é 
dissipada, e considera o corpo como uma má-
quina em sua relação com o trabalho industrial.
Fonte: Adaptada de SILVA; PASCHOARELLI, 2010
A Inglaterra foi “arrastada” para a Revolução Industrial a partir da formação de uma 
classe burguesa ávida por consumir bens, pelo êxodo dos ingleses do campo para a 
cidade e, ainda, o domínio da tecnologia da máquina a vapor.
Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse que 
mudou a face do mundo.
A onda da “produção de bens” em escala industrial (larga escala) invadiu a Europa 
rapidamente por uma questão de proximidade geográfica e subsequentemente, a América. 
As primeiras fábricas que surgiram nesse cenário eram sujas, escuras, barulhentas e 
perigosas; era o ambiente de trabalho de milhares de pessoas. As fábricas dessa época 
em nada parecem com o ambiente industrial nos moldes que conhecemos hoje em dia.
Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que ti-
nham jornadas de trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, submetidos a 
castigos físicos, sem férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo 
trabalho era feito diariamente.
No final do século XVIII e início do século XIX, surge nos Estados Unidos da América 
um simples operário que revolucionaria a maneira de se produzir bens industrialmente 
(em larga escala), seu nome é Frederick Winslow Taylor. Taylor estudou e tornou-se 
Engenheiro Mecânico e, no ambiente que conhecia, foi de simples operário à gerente 
industrial promovendo estudos sistêmicos acerca de como organizar a produção e me-
lhorar a sua eficiência. Esses estudos transformaram-se em publicações que preconiza-
vam uma maneira sistêmica, científica, de analisar o trabalho buscando redução de mo-
vimentos e aumento de eficiência. A essa “maneira científica” de “organizar o trabalho” 
deu-se o nome de Administração Científica ou Taylorismo.
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Na Europa, mais especificamente na Alemanha e França e países escandinavos em 
meados de 1900, surgiram estudos sobre a fisiologia humana voltada ao trabalho (fisio-
logia do trabalho) e gastos energéticos na tentativa de migrar os conhecimentos sobre 
fisiologia desenvolvidos em laboratório para ambientes extremos tais como: minas de 
carvão, fundições e outras situações onde a energia gasta para realizar o trabalho huma-
no era máxima e o ambiente extremamente agressivo à saúde humana.
Ao redor do mundo, muitos esforços foram mobilizados para realização de estudos 
relacionados sobre os movimentos do corpo como: fadiga muscular, fadiga psicológica, 
aptidão física, postura no trabalho, desenvolvimento de mobiliário, iluminação, ventilação, 
temperatura, ruído, umidade, vibração etc. Todos esses conhecimentos que foram acerca 
da combinação harmônica entre homens e sistemas acumulados em todas as partes do 
planeta foram de grande valor na ocasião da Segunda Guerra Mundial ( 1939-1945) com a 
finalidade de desenvolver projetos e promover a construção de materiais bélicos sofistica-
dos tais como submarinos, tanques, radares, navios, aviões, sistemas contra incêndio etc.
Além do alto custo de cada um desses produtos, o operador (soldado) no manu-
seio dessas “máquinas” era exposto a condições de extrema fadiga física e psicológica. 
Assim, estudos foram promovidos por equipes multidisciplinares a fim de melhorar a 
adaptação do homem ao sistema, ou seja, do soldado às máquinas bélicas no campo de 
batalha. A Ergonomia do pós-guerra, em tempos de paz, era frequentemente ridicula-
rizada por sua “falta de credibilidade” que perdurou até o Departamento de Defesa dos 
EUA desenvolver pesquisas em Universidades e Centros de Pesquisa Especializados.
A Ergonomia, do Taylorismo 
até os Dias de Hoje
Conforme citado anteriormente, o ícone da Administração Científica é o Engenheiro 
americano, Frederick Winslow Taylor ( 1856-1915), todavia, devido à importância de 
seus métodos, vamos conhecê-lo melhor. Taylor começou sua vida profissional como 
simples funcionário de uma empresa metalúrgica americana e chegou, como engenheiro 
mecânico ao nível, do que se conhece de estrutura organizacional nos dias de hoje, dire-
toria industrial tendo passado também pelo Nível Gerencial.
Pelo fato de Taylor iniciar sua vida profissional como simples operário, nessa função, 
teve a oportunidade de vivenciar o que a sociologia do trabalho chama de código de 
trabalho. Código de trabalho é quando os funcionários de um determinado setor de uma 
empresa definem regras próprias quanto ao ritmo de trabalho e, muitas vezes, regras 
próprias para o método de trabalho também.Por isso, mais tarde, Taylor definiu os fun-
cionários de “indolentes”; oportunamente retornaremos a essa afirmação.
Ao receber sua primeira promoção, Taylor, como qualquer líder, inclusive nos dias de 
hoje, passou a ser cobrado por resultados. Como era conhecedor de como o trabalho 
era realizado em sua Empresa, sabia que era vital para seu sucesso profissional orga-
nizar a parte feia, suja e desorganizada da Empresa chamada de produção. Como não 
havia nenhum histórico anterior relacionado a estudos específicos sobre organização da 
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
produção ou eficiência do processo produtivo, Taylor pode realizar, sem nenhum tipo 
de cobrança ou expectativa, seus experimentos acerca do que ele, imaginava ser uma 
empresa organizada e eficiente.
Taylor fez muitos testes como tentativa e erro. O resultado desses testes e observa-
ções fez com que Taylor publicasse sua teoria de organização do trabalho conhecido 
como “Princípios da Administração Científica” que consistia primeiramente na Divisão 
do Trabalho. Taylor pregava que para se obter ganhos de eficiência na produção de todo 
trabalho a ser realizado, esse “trabalho todo” deveria ser dividido em tarefas simples e 
repetitivas e que o funcionário deveria ser treinado nas suas tarefas seguindo rigorosa-
mente a “prescrição da tarefa”.
Naquela época, o funcionário recebia por dia e não havia um vínculo formal de tra-
balho na forma de “emprego” como conhecemos hoje. Antes de seu método, não havia 
nenhuma recomendação da sequência de atividades que deveriam ser feitas ou como essas 
atividades deveriam ser feitas. Cada um fazia, mais ou menos, o que queria da forma que 
queria e com a “carga de trabalho” que achava justa pelo seu ganho diário. Ou seja, um 
funcionário que trabalhava muito ganhava o mesmo dinheiro que um funcionário que 
trabalhava pouco; logo, a realização do trabalho era nivelada por baixo.
E Taylor sabia disso, sabia que havia uma boa parcela de ineficiência aceita pelo for-
mato de trabalho da época. Foi nesse cenário que Taylor, ao dividir o trabalho, impôs 
uma sequência de trabalho, posto a posto de trabalho. Ele definiu que, em cada posto 
de trabalho, as tarefas deveriam ser feitas de maneira simples e repetitivas. Foi uma ma-
neira inteligente de definir um fluxo contínuo de produção além de tentar garantir que o 
trabalho fosse feito, sempre, da mesma maneira e, como consequência, distribuiu a carga 
de trabalho uniformemente entre os operários em cada um dos seus postos der trabalho.
Na prescrição da tarefa dos postos de trabalho, Taylor procurava pensar na tarefa e rever 
os movimentos de maneira a eliminar os movimentos desnecessários a fim de economizar 
tempo e energia. A fim de tornar o trabalho mais eficiente e menos exaustivo ao operário, 
começou a medir o trabalho no tempo, o que mais tarde seria chamado de cronoanálise. 
Além de dividir o trabalho, passou a definir a sequência e fazer a prescrição da tarefa, 
Taylor também imprimiu um ritmo de trabalho na produção com as esteiras móveis. A estei-
ra móvel a que nos referimos, nesse momento, não é a esteira móvel de Ford que foi a 
precursora da produção em massa. A esteira móvel de Ford veio mais tarde.
Taylor teve preocupações relativas à organização da fábrica, bem como à sua efici-
ência, e preocupou-se, também, em organizar o espaço fabril, ordenando os elementos 
(máquinas) de maneira eficiente no meio (fábrica). Após a publicação dos “Princípios da 
Administração Científica”, de Taylor, muitas empresas adotaram seus métodos. Taylor 
foi muito criticado em sua obra, pois se afirmava que ele rebaixava o homem à condição 
de animal. Ele dizia que o estudo do método de trabalho deveria ser executado por uma 
parte da Empresa composta por pessoas que deveriam ter estudado e estar devidamente 
preparadas para isso.
Para ele, jamais deveria ser dada ao simples funcionário a autonomia de decidir o 
que, como e quando fazer. Falava-se, com essa afirmação, que Taylor definia o simples 
funcionário como “acéfalo”, ou pouco dotado de inteligência, e incapaz de tomar de-
cisões racionais. Taylor dizia, também, que o trabalho deveria ter um método definido 
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com ritmo a fim de “impedir” que o funcionário “burlasse intencionalmente” os índices 
de eficiência esperados.
Hoje em dia, poderíamos dizer que Taylor não queria que o simples funcionário “en-
costasse o corpo” e, com essa situação, afirmava-se que ele havia rotulado o simples 
funcionário de indolente ou, se preferir, de vagabundo.
Taylor, para “motivar” seus funcionários, oferecia prêmios para ganhos em produ-
tividade; quem produzisse mais, ganhava mais. Todavia, nem sempre os princípios de 
Taylor eram devidamente empregados. Muitas vezes, o tempo definido para a execução 
da tarefa e o próprio método eram definidos por quem sequer conhecia a fábrica e, as-
sim, impossíveis de ser cumpridos.
Os funcionários sentiam-se oprimidos pela Gerência da Fábrica e, várias vezes, rea-
giam descumprindo as normas (prescrição da tarefa) e danificando, intencionalmente, os 
equipamentos, além de não se sentirem minimamente comprometidos com a qualidade. 
Por se sentirem vítimas de um ambiente absolutamente coercitivo, houve reclamações 
generalizadas por todo o país (EUA), envolvendo inclusive os Sindicatos.
O descontentamento era tão grande que Taylor foi chamado a se explicar no Congresso 
Nacional Americano sob o argumento de que nesse “novo método de trabalho” trabalha-
va-se mais (produzia-se mais) e se ganhava a mesma quantidade em dinheiro, além de ele 
ser coercitivo. Taylor defendeu-se dizendo que, na Administração Científica, o traba lhador 
não trabalhava mais, trabalhava melhor. Como havia uma grande preocupação com a 
economia de energia do trabalhador por meio da racionalização dos movimentos, ele 
trabalhava menos, produzia mais e ainda tinha prêmio relativo ao seu desempenho.
Segundo a Física, toda ação requer uma reação e, como reação à Administração Cien-
tífica de Taylor, ou Taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas, cujo ícone é Elton 
Mayo. Até Mayo, a noção de trabalho era relacionada à pena bem como na Bíblia. E a 
imagem de operário era relacionada a quem não tem vontade, direitos ou, sequer, dores.
Em meados da década de 1920, Mayo promoveu uma pesquisa que revolucionou 
a relação homem x trabalho, na Empresa Western Electric em Hawtorne, EUA. Mayo 
pretendia estudar os efeitos da iluminação na eficiência da fábrica. Separou um grupo 
de trabalhadores da produção e os colocou num ambiente isolado da produção. Nesse 
espaço, não havia a presença do “capataz”, do encarregado ou do supervisor de produção 
como é nos dias de hoje. Muitas vezes, o capataz era coercitivo, a ponto de castigar 
fisicamente o operário. Mayo forneceu iluminação adequada e a produção aumentou e, 
num segundo momento, ele reduziu a iluminação, e a produção continuou a subir.
Esse efeito foi chamado de efeito Hawtorne, e Mayo concluiu que a eficiência na pro-
dução não era explicada ou justificada apenas por fatores físicos; havia o componente 
humano, que deveria ser identificado, reconhecido e valorizado.
Os operários escolhidos para esse estudo receberam atenção especial e, ao saberem 
que estavam sendo filmados, sentiram-se valorizados. Ao contrário da proposta de Taylor, 
na qual o operário era analisado isoladamente, Mayo propôs, a partir do efeito Hawtorne, 
a humanização da produção, criando incentivos morais e psicológicos. Afinal, posto que 
o trabalho é um meio de vida e não de morte, não precisa ser “penoso”.
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
A partir do efeito Hawtorne, surge um novo campo de pesquisa, conhecido como 
Sociologia Industrial e, com ela, os grupos autônomos, com tarefas mais integradas, nos 
moldes da organização do trabalho como conhecemos nos dias de hoje.
Campos de Atuação para 
o Profissional da Ergonomia
Vivemos um momento em que ocorrem muitas transformações no mundo do trabalhocom a constante transformação, humana, ambiental e tecnológica. Por isso, diante das 
novas tecnologias, entre elas a indústria 4.0,  e novos materiais, aplicativos, drones, 
sistemas, big datas etc. como as nanotecnologias – muitas mudanças na legislação, 
que visam à flexibilização de regras e diminuição da ação regulatória do Estado, do 
envelhecimento da população, além da necessidade de inovação visando à maior 
competitividade e a busca por sustentabilidade e responsabilidade social –, a contribuição 
da Ergonomia procura diminuir o impacto nas condições de trabalho atuando em diversos 
campos de interesse das empresas e instituições e do seu corpo administrativo e técnico 
(DONATELLI et al., 2021).
Atenção! Vamos apresentar atividades de trabalho para profissionais com formação 
em ergonomia.
Quadro 1 – Ações e Descrição
Programas de 
prevenção de acidentes 
e agravos relacionados 
ao trabalho
Os ergonomistas e profissionais de saúde das empresas podem favo-
recer o desenho de programas de atenção e vigilância à saúde dos 
trabalhadores mais abrangentes, promovendo ações preventivas e 
protetivas para adoecimentos, acidentes e a segurança industrial. 
Projeto de produtos e 
de sistemas técnicos e 
organizacionais
Os ergonomistas podem participar ativamente em projetos, simu-
lações, contribuindo para o desenho de postos de trabalho (entre 
eles salas de controle), mobiliário, sistemas informatizados, inter-
faces físicas e informatizadas, organização do trabalho e forma-
ção das equipes de trabalho.
Inclusão de pessoas 
com deficiência (PCD) e 
retorno ao trabalho
Os profissionais podem desenvolver e/ou utilizar métodos e téc-
nicas que garantam a efetiva inclusão (ou reinserção/retorno) 
desses trabalhadores, homens e mulheres, em atividades, sem 
colocar em risco sua saúde. Assim, torna-se necessário o conhe-
cimento das condições reais de trabalho, como a abordagem pro-
posta pela ergonomia da atividade.
Programa de formação 
profissionais
Nas universidades, faculdades e cursos técnicos os profissionais 
podem exercer atuação na formação dos profissionais deste cam-
po de trabalho, bem como treinamentos específicos para setores 
que precisam conhecer sobre a temática.
Fonte: Adaptado de DONATELLI et al., 2021
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Engenharia do Trabalho
 https://bit.ly/3zZvpbL
Ergonomia da Atividade - Produção de Conteúdo Sobre o Trabalho Real
 https://bit.ly/3tBzAIs 
 Vídeos
PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller
https://youtu.be/4tmyX-MonUQ
Live CANPAT | Especial PGR
Campanha Nacional de Prevenção de Acidente de Trabalho – Programa de Gerenciamento 
de Risco .
https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q
Lives sobre ergonomia, segurança e cultura no trabalho
 https://bit.ly/3BXcU8u
 Leitura
Livro Engenharia do Trabalho Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto
https://bityl.co/7WNK
Parte VIII. Gestão de Acidentes e Segurança – OIT
 https://bit.ly/399qB81
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https://bit.ly/3tBzAIs
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Referências
ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: <http://www.abergo.
org.br/>. Acesso em: 23/03/2021.
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nº 2010-02, Institut pour une Culture de Sécurité Industrielle, Toulouse, France (ISSN 
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DONATELLI, S. LIMA, F. P. A.; JACKSON FILHO, J. M.; SIMONELLI, A. P. Elemen-
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