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Título QUEIMADOS • Lesão tecidual decorrente de um trauma térmico (mais comum), elétrico, químico ou radioativo • Terceira principal causa de morte externa, se não tiver um manejo adequado • A diferença mais significativa entre queimaduras e outras lesões é que as consequências das queimaduras estão diretamente relacionadas com a extensão da resposta inflamatória para a lesão • Ponto positivo: quando bem conduzido o atendimento, a possibilidade de sobrevida desse paciente é muito boa. EPIDEMIOLOGIA • Crianças até 5 anos: escaldadura – calda quente, gordura fervendo. • Adultos jovens 20 – 40 anos: chamas →Pequenas queimaduras não são nossa maior preocupação e sim os grandes queimados GRANDE QUEIMADO → quando tem mais de 20% de superfície corporal queimada → maior atenção QUEIMADURAS TÉRMICAS FISIOPATOLOGIA • Mediadores inflamatórios → aumento da permeabilidade vascular → regressão em 24 horas • À medida que a superfície sofre o trauma, promove a vasodilatação e perde a permeabilidade vascular. Os vasos perdem a capacidade de reter líquido, ocorrendo um extravasamento de plasma e consequentemente causa o edema. Isso ocorre, devido a alguns mediadores químicos que são liberados durante a queimadura, como a histamina e a bradicinina. • Quando bem conduzido, quando bem acompanhado, quando bem tratado, esse edema, esse extravasamento de líquido, acaba regredindo em 24horas. QUEIMADURA DE 1° GRAU → Acomete somente a epiderme →São queimaduras dolorosas (terminações nervosas) →Tem presença de eritema, ardência e dor →Melhora com cuidados e hidratação da pele →Cicatrização de 3 a 5 dias QUEIMADURA DE 2 GRAU →Acomete a epiderme e a derme →Superficial: Epiderme e derme (preserva anexos) Presença de bolhas (flictemas) Dolorosa, avermelhada e aspecto úmido Epitelização em 15 dias →Profunda: Epiderme e derme (camada reticular) Menos dolorosa, esbranquiçada e aspecto seco Epitelizam em 35 dias QUEIMADURA DE 3 GRAU →Acomete todas as camadas da pele (destruição de tecido gorduroso subcutâneo, vasos mais profundos que irrigam a pele) →Mais grave e mais profunda →Não se repitelizam → ENXERTO →Normalmente são indolores (destrói as terminações nervosas então acaba não gerando dor) *Não tem como o paciente ter uma queimadura de 3º grau, exclusivamente de 3º grau. Queimadura queima por completo, assim, no CENTRO da queimadura é 3º grau, mas nas bordas, nas periferias tem de 2º grau e tem de 1º grau e por essa razão há DOR. O que dói então são as queimaduras periféricas, no centro ali já está totalmente indolor. AVALIAÇÃO DA ÁREA QUEIMADA REGRA DOS NOVE DE WALLACE • Essa regra divide as regiões do corpo por números múltiplos de 9 • O cálculo é feito apenas para queimadura de segundo e terceiro grau • Para cálculo de área queimada irregular utilize a palma da mão do doente junto com os dedos que representam 1% de área corpórea queimada →Cabeça: Inteira (frente e verso) – 9%; Metade – 4.5% →Tórax: Inteiro (frente e verso) – 18%; - Metade – 9% →Abdome: Inteiro (frente e verso) – 18%; Metade – 9% →Braço: Inteiro (frente e verso) – 4,5; Metade – 2,25% →Antebraço: Inteiro (frente e verso) – 4,5; Metade – 2,5% →Membro superior: 9% →Períneo: 1% →Mão: 1% →Perna: Inteira (frente e verso) – 18%; Metade (anterior ou posterior) – 9%; Metade (anterior superior/inferior, posterior superior/inferior) – 4,5% ABORDAGEM PRIMÁRIA 1. PASSO: Afastar vítimas das chamas 2. PASSO: Interrupção da queimadura - Remover roupas - Irrigação da área lesada (solução estéril) - Envolver com lençóis secos e limpos (evitar hipotermia) - Remover acessórios 3. PASSO: ABCDE • Via aérea: - Sempre ofertar O2 suplementar - Avaliar a necessidade de IOT EVIDÊNCIAS DE ENVOLVIMENTO DE VIA AÉREA: →sugerem a intubação ➢ Queimaduras de cervical ou facial ➢ Chamuscamento de cílios e vibrissas nasais ➢ Depósitos de carbono e inflamação aguda e orofaringe (hiperemia) ➢ Escarro carbonado ➢ Rouquidão (agressão nas cordas vocais) ➢ Confusão mental (intoxicação por CO) ➢ História de explosão com queimadura de cabeça e tronco ➢ Carboxi-Hb sérica > 10% (ambiente hospitalar) INDICAÇÕES PARA IOT PRECOCE: ➢ Sinais de obstrução da via aérea ➢ SQC > 40 – 50% ➢ Queimaduras cervicais circunferenciais, faciais extensas e profundas ➢ Queimaduras no interior da boca ➢ Edema significativo ou risco para edema de orofaringe ➢ Dificuldade para deglutir ➢ Rebaixamento do nível de consciência (sugestão e indicação, não necessita esperar o GLASGLOW chegar a 8) ➢ Sinais de comprometimento respiratório ➢ Necessidade de transferência sem profissional qualificado CARBOXIEMOGLOBINA: →Quantidade de hemoglobina que estão ligadas ao monóxido de carbono HB + CO →Hemoglobina é mais ávida ao CO do que ao O2 ➢ <15% pouca repercussão ➢ 20 a 30% cefaleia, náusea ➢ 30 a 40% confusão mental, desorientação ➢ 40 a 60% coma ➢ >60% morte TTO: hiperventilção – FiO2 100% →É necessário intubar o paciente e ofertar muito O2 puro no sangue para tentar desintoxicar esse paciente 4. PASSO: Acesso venoso/sonda vesical • MMSS → MMII → Central • Intraósseo: menores de 6 anos (tuberosidade da tíbia) • Débito: 0,5ml/kg/h a 1 ml/kg/h 5. PASSO: Infusão de cristaloides: >20% superfície corpórea (exceto 1 grau) • *RL – ringer lactato • Parkland 2ml x PESO X SCQ ➔ SCQ – superfície corpórea queimada ➔ Regra dos nove de WALLACE ➔ 24H ➔ Reposição volêmica vigorosa desse paciente é o principal ➔ Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes. 6. PASSO: Verificar possibilidades de unidades de queimaduras →Admissão em unidade específica (>1°grau) • 10% SCQ em menor de 10 anos ou maiores de 50 anos • >20% SCQ nas outras faixas etárias • 3° grau isolada: >5% SCQ • Face, ouvidos, olhos, mãos, pés, genitálias, períneo, pele de grandes articulações • Químicas ou elétricas mais graves (raio) • Lesão por inalação da via aérea • Comorbidades importantes (cardiopata, enfizematose, Dpociticos) • Crianças atendidas em hospitais sem condições • Necessidade sociais, emocionais especiais ou reabilitação prolongada NA SALA DE EMERGÊNCIA • Descompressão gástrica s/n (se apresentar náusea, vômitos, distensão abdominal ou se a queimadura envolver mais de 20% SQC) • Verificar imunização antitetânica se SQC > 10% • Avaliar débito urinário (0,5 a 1 ml/kg/h) • Controle da dor: - Morfina - Benzodiazepínicos: queimaduras de 3° grau AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO PERIFÉRICA SÍNDROME COMPARTIMENTAL • Aumento de pressão dentro do compartimento muscular + diminuição da elasticidade da pele → edema → isquemia → necrose • Pode acontece em traumas importantes e/ou acidentes por cobras • Sinais: - Dor maior que a esperada e desproporcional ao estímulo ou lesão - Dor ao estiramento passivo músculo do afetado - Inchaço tenso do compartimento afetado - Parestesias ou alteração da sensibilidade distal no compartimento afetado • Tratamento: FASCIOTOMIA e ESCAROTOMIA FASCIOTOMIA: • MMSS E MMII • Corta a pele, a aponeurose e a fáscia do músculo, para assim ocorrer a expansão e devolver a circulação impedida pelo edema • Fica aberto até regredir o edema, não tem um tempo determinado • Usa-se compressas, medicações tópicas e enfaixa a perna para não ficar exposto e não ser porta de entrada para infecções • Assim que o edema regredir, vai aproximar as bordas. A cicatrização vai acontecer por segunda intenção ESCAROTOMIA: • Tórax • Não precisa abrir a aponeurose, abre somente a pele • Ajuda na expansibilidade torácica que devido a queimadura a pele perdeu a elasticidade e está impedindo a respiração • Difícil sobrevida CUIDADOSCOM A QUEIMADURA • Desbridamento cirúrgico/limpeza local → curativo oclusivo *Retira o tecido morto/necrótico, faz curativo, deixa ocluído, nas regiões de queimaduras de terceiro grau, e encaminha para um cirurgião plástico. QUEIMADURAS DE 3° GRAU: • Excisão da área queimada • Auto-enxerto (tira a pele de outra região e coloca no local para tentar cobrir as regiões) INFECÇÃO E SEPSE FATORES DE RISCO: • Extremos de idade (idosos e crianças) • SQC > 30% • Bactérias > 100.000 UFC/G – Unidades formadoras de colônia na coloração de gram • Uso prolongado de dispositivos invasivos com o mesmo acesso venoso • Tratamento: - Antibiótico sistêmico - Excisão cirúrgica da área QUEIMADURAS ELÉTRICAS • Acometimento mais significativo de tecidos profundos • Lesões internas são maiores do que as externas • Fragilidade de tecidos: - Nervos (mais sensíveis) - Vasos - Músculos - Pele - Tendão - Ossos • Porta de entrada com lesão de 3° grau • Fonte: - Natural ou cósmica (fulguração ou fumilnação) - Artificiais (eletroplessão) • Sinal de Lightenberg – arboriforme - Paciente sobrevive ao raio - Fulguração • Marca elétrica de Jelinek - Trauma elétrica de energia artificial - Eletroplessão • Piores prognósticos: - > 1.000 volts - Correntes alternadas ABORDAGEM • ABCDE • Maior incidência de PCR: fibrilação ventricular ou assistolia • Monitorização cardiológica nas primeira 24 – 48 horas após ressuscitação • Síndrome compartimental (fasciotomia de urgência) • Mioglobinúria (urina escura – lesão renal/lesão muscular) → reposição volêmica • Catarata: ocorre em 30% dos casos (lesões nervosas) • Complicações neurológicas: ocorrem em até 9 meses TRATAMENTO • *PARLAND começa com 4ml – agressão é maior • SQC • Reposição volêmica • Passar sonda QUEIMADURAS QUÍMICAS • Lesão é progressiva e contínua até reversão dos efeitos da substância • Os acidentes industriais são mais preocupantes – os volumes e as proporções são maiores • Os acidentes domiciliares são os mais comuns • Álcalis são mais lesivos que ácidos *Soda cáustica (álcalis) é muito mais grave por exemplo do que o ácido muriático (ácido). GRAU DA LESÃO • Concentração do agente • Tempo de contato • Quantidade aplicada • Mecanismo de ação - ÁCIDO: coagulação de proteínas - ÁLCALI: liquefação de proteínas • As lesões são sempre de segundo ou terceiro grau • Cuidar da ferida nesse caso vem antes do “A” - a preocupação agora é tirar o agente agressor do contato com a vítima. ABORDAGEM • Afastar do agente químico • Remoção de roupas e utensílios • Inativar substância - Consultar qual agente neutralizante, algumas substâncias não podem ser lavadas com água (sódio elementar e fenol) - Água aquecida (quando permitido)
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