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XITO
ISBN 978-65-5821-178-5
9 786558 211785
Código Logístico
I000935
Oratória e técnicas 
de apresentação 
Fabiano Caxito
IESDE BRASIL
2022
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2022 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. 
Imagem da capa: GekaDe/Shutterstock - samui/Shutterstock - Singleline/shutterstock 
Fabiano Caxito Mestre em Administração Estratégica pela Universidade 
Nove de Julho (Uninove). Na área da administração, é 
MBA em Recursos Humanos pela Fundação Instituto 
de Administração (FIA); MBA em Economia e Finanças 
e em Gestão de Equipes e Liderança, ambos pela 
Faculdade Dynamus de Campinas (Fadyc). É pós-
graduado em Business Intelligence, Big Data e Analytics 
pela Universidade Anhanguera, e em Coaching pela 
UniBF. Na área da educação, é pós-graduado em Língua 
Portuguesa: redação e oratória pela Universidade 
São Francisco; em Educação Financeira, em Educação 
Corporativa e em Tecnologias e Educação a Distância 
pela Faculdade UniBF. Na área de ciências sociais, é 
pós-graduado em Filosofia pela Universidade Estácio 
de Sá; em Antropologia e em Sociologia Política e 
Urbana pela UniBF; e em Ciências Políticas pela 
Fadyc. É graduado em Administração Financeira pela 
Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Graduado 
em Gerontologia pelo Centro Universitário Estácio. 
É licenciado em Filosofia pela Faculdade Mozarteum 
de São Paulo e em Pedagogia pela FaBras. Atuou nas 
áreas comerciais, de logística e de recrutamento e 
seleção, bem como no treinamento e desenvolvimento 
em diversas empresas de distribuição de produtos de 
consumo. Foi coordenador de cursos de pós-graduação 
lato sensu. Atualmente, é consultor empresarial, 
professor universitário e influenciador digital.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Importância da escuta ativa na comunicação 9
1.1 Conceitos de comunicação: falar e escutar 10
1.2 Canais de comunicação 15
1.3 Ouvir e escutar 19
1.4 Importância da escuta ativa 22
1.5 Como desenvolver a escuta ativa 27
2 Oratória 35
2.1 Conceitos básicos da oratória 36
2.2 Retórica e argumentação 40
2.3 Oralidade 45
2.4 Dicção 48
2.5 Ferramentas da voz 52
2.6 Comunicação verbal e não verbal 54
3 Preparação da Apresentação 63
3.1 Definição do tema e do conteúdo 64
3.2 Roteiros da apresentação 69
3.3 Como usar o storytelling 75
3.4 Tipos, recursos e ferramentas de apresentação 80
3.5 Construção dos slides 82
4 A apresentação 93
4.1 Vestuário e recursos visuais 94
4.2 Postura e linguagem corporal durante a apresentação 99
4.3 Construindo empatia com o público 104
4.4 Planejamento e improviso 109
 Resolução das atividades 116
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gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
A capacidade de se comunicar de forma eficiente é 
fundamental para que o indivíduo possa atingir seus objetivos 
nas diversas áreas de sua vida, seja no ambiente profissional, 
social ou educacional. No mundo contemporâneo, marcado 
pela centralidade da informação e da comunicação, a 
capacidade de usar as técnicas e ferramentas da oratória é 
uma competência cada vez mais exigida e importante.
Porém, a oratória não se resume apenas a um conjunto 
de técnicas usadas por palestrantes, professores e 
apresentadores para realizar um discurso voltado a um 
grande público. Exercemos a arte da oratória em diversos 
momentos do cotidiano, a cada vez que participamos de uma 
conversa ou de uma interação social. 
Por isso, o primeiro capítulo da obra apresenta os conceitos 
básicos do processo de comunicação e descreve os papéis 
desempenhados pelos participantes, pois a comunicação é 
um processo de troca e comunhão no qual os interlocutores 
podem desempenhar tanto o papel de emissores quanto de 
receptores das mensagens e informações.
Nos processos de comunicação, tão fundamental como a 
capacidade de falar ou de se expressar é a competência de 
escutar. A diferença entre os conceitos de ouvir e escutar 
assim como a importância de desenvolver a capacidade da 
escuta ativa também são abordadas no primeiro capítulo. 
Oratória e retórica são conceitos relacionados que serão 
tratados no segundo capítulo da obra. Enquanto a oratória 
está relacionada às ferramentas e técnicas usadas durante 
o discurso, o conceito de retórica descreve a relevância da 
estrutura lógica e formal dessa fala, essenciais para que as 
ideias, conceitos e opiniões do orador possam ser transmitidas 
de maneira a serem entendidas pelos interlocutores. O capitulo 
também discute o valor da oralidade desde os primeiros anos 
da infância e o papel da educação no desenvolvimento da 
capacidade de o indivíduo se expressar oralmente.
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Oratória e técnicas de apresentação
A voz é um importante instrumento nos processos de comunicação e, 
especialmente, na oratória. Por isso, técnicas de uso da voz – entonação, ritmo, 
altura, volume, rapidez e dicção – serão apresentadas na parte final do capitulo. 
O terceiro capítulo é dedicado ao processo de planejamento, organização 
e preparação de uma apresentação, um discurso ou uma aula, para que 
o orador possa atingir seus objetivos. Será indicado um passo a passo do 
planejamento, definição do tema e estruturação do roteiro do discurso, bem 
como o entendimento da infraestrutura do local, o tempo disponível e o 
contexto no qual a apresentação ocorrerá. 
O discurso pode ser estruturado de diversas formas, tais como discursos 
argumentativos, narrativos ou expositivos, a depender do contexto, tema 
e objetivos do orador. O discurso narrativo, em especial o do storytelling, 
será analisado de forma aprofundada, pela importância desse tipo de 
estrutura nos discursos realizados nos mais diversos tipos de contextos, 
porque o uso de histórias ajuda na construção de uma relação de empatia 
que engaja e motiva a plateia. 
Também serão estudados no terceiro capítulo os programas e softwares que 
podem ser usados para realizar a apresentação dos dados e informações que 
o orador pretende transmitir, com ênfase na construção de slides e do uso de 
recursos visuais, ferramentas fundamentais para o sucesso de uma apresentação.
O último capitulo é dedicado a discutir o momento da apresentação e do 
discurso e abordar temas como a preparação do orador e a adequação do 
vestuário ao contexto no qual a apresentação ocorre, mas também o uso da 
comunicação verbal e não verbal como elementos fundamentais da oratória. 
O estabelecimento de uma relação de empatia e confiança entre o orador e 
o público guarda relação direta com a coerência entre os diversos tipos de 
comunicação utilizados pelo orador em seu discurso. 
Ao final desta obra, espera-se que o leitor tenha a capacidade de entender 
a importância da oratória e da capacidade de comunicação em sua vida e 
possa usar as ferramentas, metodologias e conhecimentos adquiridos para 
realizar apresentaçõesde alta qualidade.
Importância da escuta ativa na comunicação 9
1
Importância da escuta 
ativa na comunicação
Quando se discutem os processos de comunicação e o desenvolvi-
mento de competências relacionadas à comunicação, é comum que o 
foco seja direcionado à capacidade de oratória, à retórica, à argumenta-
ção e à competência de falar em público e fazer apresentações.
Porém, a comunicação é um processo de troca e comunhão no qual 
os interlocutores podem desempenhar tanto o papel de emissores quan-
to de receptores das mensagens e informações. Assim, tão importante 
quanto a capacidade de saber falar, é a capacidade de saber escutar.
Na primeira parte do capítulo, são discutidos os conceitos fundamen-
tais do processo de comunicação, que tem como pilares tanto o falar 
quanto o escutar. Emissor, receptor, meio, canal, mensagem, códigos e 
ruídos são alguns dos conceitos discutidos.
Já a segunda parte do capítulo tem por objetivo discutir em profundi-
dade os canais de comunicação, desde o desenvolvimento da linguagem, 
nos primórdios da civilização humana, até os canais digitais, que têm trans-
formado os processos de comunicação na sociedade contemporânea.
Ouvir e escutar são conceitos complementares, mas diferentes. A ter-
ceira parte do capítulo é dedicada a esclarecer cada um desses conceitos 
e mostrar como – mais do que audição – a capacidade de escuta é fun-
damental para que a comunicação ocorra. A importância da escuta ativa, 
nos mais diversos contextos nos quais os indivíduos estão inseridos em 
seu cotidiano, é o tema da quarta parte do capítulo, que aprofunda os 
conceitos discutidos na parte anterior.
Por fim, a última parte do capítulo apresenta exercícios e exemplos 
práticos de como desenvolver a escuta ativa, competência fundamental 
para aqueles que buscam melhorar sua capacidade de comunicação.
10 Oratória e técnicas de apresentação
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• conhecer os conceitos relacionados à comunicação no contexto 
pessoal, acadêmico e profissional;
• entender os canais de comunicação e como são usados para os 
diversos tipos de comunicação;
• diferenciar os conceitos de ouvir e escutar;
• reconhecer a importância da escuta ativa nos processos de comu-
nicação e nos relacionamentos estabelecidos nos grupos sociais;
• conhecer ferramentas e exercícios para desenvolver a escuta ativa.
Objetivos de aprendizagem
1.1 Conceitos de comunicação: falar e escutar 
Vídeo
Vivemos a era da comunicação!
Essa frase é repetida frequentemente em diversos contextos, prin-
cipalmente para demonstrar a centralidade da comunicação no mundo 
contemporâneo. O desenvolvimento das tecnologias da informação e 
da comunicação – com destaque para a internet – tornou a comunica-
ção um dos pilares da cultura e da sociedade contemporânea.
Porém, como destaca Ribeiro (2021), a capacidade de comunicação 
foi fundamental para o desenvolvimento da sociedade humana, pois 
possibilitou que os indivíduos dos primeiros grupos humanos, que 
ainda dependiam da caça e da coleta de alimentos, pudessem com-
partilhar informações e estabelecer relações fundamentais para a so-
brevivência do grupo.
Para que se possa compreender a importância da comunicação, 
é preciso entender o significado do termo comunicar. Segundo Nöth 
(2011), essa é uma palavra de origem latina, que tem em sua raiz a 
ideia de comum, comunidade. Comunicar é algo que se faz com outra 
pessoa, em uma relação de dualidade e troca.
Nöth (2011, p. 86) também afirma que a palavra se relaciona com a 
ideia de mudança, troca e reciprocidade, e nesse sentido destaca:
Todos estes sentidos são bem compatíveis ou estreitamente rela-
cionados com o sentido da palavra comunicação, pois comunica-
ção é um ‘fazer comum’, que implica ‘participação’, ‘convivência’ 
Importância da escuta ativa na comunicação 11
e ‘convívio’, comunicação tem a haver com intercâmbio social e 
troca de informação e pode levar a mudanças do pensamento ou 
do conhecimento.
Salgado e Mattos (2020) explicam que as palavras comunicar e co-
mungar apresentam origens semelhantes. Ambas expressam a ideia de 
dividir, compartilhar, fazer junto. Segundo os autores, durante o perío-
do da Idade Média, nos mosteiros os monges se reuniam para a refei-
ção da noite. Neste momento, praticavam o ato de comungar, ou seja, 
repartiam entre si o pão. A ação de se reunir com o objetivo de realizar 
a comunhão era chamada de comunicação.
As duas acepções da palavra, apontadas por Nöth (2011) e Salgado e 
Mattos (2020), são sintetizadas na explicação de Silva (2011), para quem a 
palavra comunicar expressa tanto o sentido de comum – ou seja, aquele 
que pertence a todos – como o sentido de troca, de participação em uma 
relação em que se dá algo em troca de receber um benefício.
É a partir dessas origens que foi construído o sentido atual da pa-
lavra comunicação, relacionado a falar, ouvir, escutar, compartilhar e 
discutir ideias, conceitos, conhecimentos e opiniões. Segundo Kotler e 
Armstrong (2014) o processo de comunicação apresenta uma série de 
etapas e características específicas, como mostra a Figura 1:
Figura 1
Elementos no processo de comunicação
Emissor
Feedback Resposta
Ruído
MensagemCodificador
Meio
Decodificador Receptor
po
ko
ta
/S
hu
tte
rs
to
ck
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Kotler; Armstrong, 2014.
O processo se inicia quando um indivíduo deseja emitir uma men-
sagem a outro indivíduo ou grupo de indivíduos, que desempenham o 
papel de receptores. Por exemplo, o emissor pode ser um palestrante, 
um professor, um vendedor ou uma pessoa que transmite informa-
ções ou expõe suas ideias a uma ou mais pessoas.
12 Oratória e técnicas de apresentação
Já os receptores podem ser a audiência da palestra, os alunos de 
uma aula, um cliente de uma empresa ou qualquer indivíduo que este-
ja recebendo a mensagem emitida.
Para que a mensagem possa ser transmitida, é utilizado um processo 
de codificação. A língua de um determinado povo ou cultura é um exem-
plo de um código utilizado na transmissão de uma mensagem. Diversos 
tipos de códigos podem ser usados para transmitir uma mensagem. A Li-
bras (Língua Brasileira de Sinais) é um exemplo de um código usado na 
comunicação. Os símbolos matemáticos, a notação musical, os símbolos 
utilizados em placas ou mesmo os emojis usados na comunicação estabe-
lecida em sites e aplicativos de comunicação são códigos que podem ser 
usados no processo de transmissão de uma mensagem.
A mensagem é transmitida do emissor para o receptor através de 
um meio ou canal de comunicação. Esse meio pode ser a fala direta – 
que ocorre na interação física entre emissor e receptor – ou utilizar 
algum suporte que possibilite a transmissão da mensagem.
Textos impressos em jornais, livros ou revistas; canais de transmis-
são de voz, como o rádio, telefone e aplicativos de mensagens; ou de 
transmissão de imagens, como a televisão, o cinema, a internet e os 
aplicativos de comunicação por vídeo são exemplos de canais de co-
municação que podem ser utilizados na transmissão da mensagem. A 
Figura 2 mostra uma linha do tempo com as datas de desenvolvimento 
de alguns dos mais utilizados meios de comunicação:
1 ic
on
de
si
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/S
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2 s
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1 2
4 5
6
3
Figura 2
Linha do tempo dos meios de comunicação
7
8
Imprensa de 
Gutenberg: 1436
Primeiro Telefone 
celular: 1973
Popularização da internet: 
década de 1990
Fundação do 
primeiro jornal: 1631
Primeiro Computador: 
1951
Mídias sociais: década 
de 2000
Rádio: 1906
Televisão: 1927
Os emojis são símbolos, 
ideogramas ou pictogra-
mas utilizados princi-
palmente redes sociais 
para transmitir uma ideia,palavra ou frase. Apesar 
de terem se popularizado 
na internet, os emojis se 
tornaram cada vez mais 
populares e passaram a 
ser utilizados também em 
outros meios de comuni-
cação. Na animação Emoji: 
O Filme, os símbolos 
ganham vida e mostram a 
relação entre sua perso-
nalidade e os significados 
que representam.
Direção: Tony Leondis. Estados 
Unidos: Sony Pictures Animation/
Columbia Pictures, 2017.
Filme
Importância da escuta ativa na comunicação 13
Fonte: Elaborada pelo autor.
Para que a mensagem seja entendida, o receptor precisa enten-
der o código utilizado e saber decodificar as informações contidas na 
mensagem. Um dos principais problemas observados no processo de 
comunicação é a falta de entendimento ou o entendimento incorreto 
da mensagem, causada pela decodificação incorreta, seja pela falta de 
conhecimento do código utilizado pelo emissor, seja por diferenças no 
uso do código.
Segundo Treasure (2011), durante o processo de codificação e de-
codificação da mensagem, diversos filtros podem prejudicar o entendi-
mento do conteúdo, como mostra a Figura 3:
Figura 3
Filtros da comunicação
1 B
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ic
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2 A
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1
4
2
5
3
6
Cultura
Atitudes
Idioma
Expectativas
Crenças
Intenções
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Treasure, 2011.
Cada indivíduo apresenta características culturais diferentes, o que 
tanto tem a ver com o país, região ou grupo social do qual faz parte e 
em que se desenvolveu, quanto se relaciona com seu nível de escolari-
dade, interesses, hábitos culturais e sociais.
Assim, uma mensagem que pode ser facilmente interpretada por 
um determinado indivíduo pode não ser totalmente compreendida por 
outro indivíduo que não faz parte da mesma cultura. Por exemplo, uma 
pessoa que tem como hábito cultural assistir partidas de futebol fre-
quentemente pode, ao emitir uma mensagem, utilizar uma referência 
ao esporte. Se o emissor não compartilha o mesmo hábito, pode não 
entender a referência utilizada, o que leva a uma compreensão equivo-
cada da mensagem.
14 Oratória e técnicas de apresentação
O idioma é um dos principais filtros da comunicação. Eventuais 
problemas na decodificação de mensagens por questões de idioma, 
porém, não ocorrem apenas quando a língua do emissor não é com-
preendida pelo receptor. Gírias, termos técnicos, regionalismos e neo-
logismos usados pelo emissor também podem não ser totalmente 
entendidos pelo receptor.
Nas empresas e instituições, é comum que cada organização ou de-
partamento utilize termos, siglas, palavras criadas pelo próprio grupo 
de colaboradores. Uma pessoa que não faz parte do grupo ou da pro-
fissão pode não compreender os termos usados.
Nos grupos sociais, gírias e expressões específicas são usadas como 
forma de identificar os membros do grupo, ao mesmo tempo que ex-
clui quem não entende os significados das palavras e, portanto, não faz 
parte do grupo.
As crenças são outro importante filtro da comunicação, de acordo 
com Treasure (2011). Sejam religiosas, políticas, esportivas ou culturais, 
as crenças estão relacionadas aos valores do indivíduo, assim, ao ser 
impactado por uma mensagem que se choca com suas crenças, o indi-
víduo pode se sentir atingido ou até ofendido, o que dificulta o processo 
de decodificação da mensagem. Essa característica pode ser observada 
nas discussões sobre política estabelecidas nas redes sociais, nas quais 
cada um dos lados defende suas crenças sem se permitir entender as 
ideias e argumentos de seus interlocutores.
Os filtros da comunicação que Treasure (2011) chama de Atitudes, 
Expectativas e Intenções expressam o relacionamento estabelecido en-
tre os interlocutores em um processo de comunicação.
O indivíduo pode adotar uma atitude mais aberta e colaborativa du-
rante a comunicação, a depender de suas expectativas a respeito do 
tema, dos objetivos do interlocutor e da relação entre os participantes. 
Suas intenções no processo de comunicação – por exemplo, convencer 
o interlocutor, discordar das ideias ou defender seus pontos de vista 
– também influenciam as atitudes e posturas que adota durante o pro-
cesso de comunicação.
Os filtros da comunicação podem ser relacionados com o conceito 
dos ruídos, um dos elementos do processo de comunicação do modelo 
O vídeo Julian Treasure: 
5 maneiras de escutar 
melhor, do canal TED, traz 
uma instrutiva palestra 
proferida por Julian 
Treasure, especialista 
em comunicação, que 
apresenta os filtros da 
comunicação e mostra 
como esses filtros inter-
ferem no entendimento 
da mensagem, é possível 
aprender a se comunicar 
melhor. O vídeo está em 
inglês, mas é possível 
ativar as legendas para 
melhor compreensão.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=cSohjlYQI2A. 
Acesso em: 25 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=cSohjlYQI2A
https://www.youtube.com/watch?v=cSohjlYQI2A
https://www.youtube.com/watch?v=cSohjlYQI2A
Importância da escuta ativa na comunicação 15
desenvolvido por Kotler e Armstrong (2014). Os ruídos são todo e qual-
quer tipo de interferência que pode atrapalhar o processo de comuni-
cação, como um simples barulho que atrapalha a audição do receptor, 
ou um filtro que dificulta o entendimento da mensagem.
No modelo Kotler e Armstrong (2014), o emissor espera, do recep-
tor, algum tipo de resposta ou feedback, que pode ser a transmissão 
de uma nova mensagem, uma reação ou a tomada de uma ação es-
pecífica. A partir dessa resposta se estabelece um diálogo, no qual o 
receptor assume o papel de emissor, transmitindo sua mensagem, em 
um processo contínuo de troca e comunhão.
1.2 Canais de comunicação 
Vídeo
O processo de comunicação que ocorre entre um emissor e um ou 
mais receptores é estabelecido em um canal ou meio de comunicação. 
Cunha, Cruz e Bizelli (2018) explicam que os canais de comunicação po-
dem ser qualquer tipo de meio que possibilite a transmissão de dados, 
informações ou conhecimentos entre pessoas, grupos, instituições ou 
culturas. Já Parry (2017) classifica os canais de comunicação em três 
diferentes grupos, que mostraremos na Figura 4:
1 B
es
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/S
hu
tte
rs
to
ck
1
2
3
Visual: 
• Componentes visuais
• Signos
• Imagens
• Desenhos
• Gráficos
Auditivo: 
• Som é predominante
• Volume
• Tonalidade
• Vocabulário
• Ruídos
• Discursos
• Conversas
• Discussões.
Sinestésico: 
• Comunicação não verbal
• Sentimentos
• Emoções
Figura 4
Tipos de canais de comunicação
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Parry, 2017.
16 Oratória e técnicas de apresentação
Nos canais de comunicação auditivos, a forma sonora é predomi-
nante; a música, o rádio, o podcast e os audiolivros são exemplos de ca-
nais de comunicação que usam o som como principal ferramenta para a 
transmissão de informação. Para Cunha, Cruz e Bizelli (2018), a fala é o 
mais básico dos meios de comunicação, sendo a comunicação verbal um 
dos pilares do desenvolvimento da civilização humana. Assim, os seres hu-
manos conseguem perceber muitas nuances na fala de outros indivíduos.
Além da própria informação transmitida, também são usados volu-
me, tonalidade, vocabulário, velocidade e altura da voz para dar sen-
tido e contexto ao processo de comunicação. Forma e conteúdo se 
completam na comunicação verbal.
As interjeições características da fala de alguns estados brasileiros, 
como o uai do mineiro, o tchê do gaúcho ou a égua do paraense, são 
exemplos de que a forma como as palavras são faladas muda total-
mente o sentido da comunicação.
Os canais de comunicação visuais e sinestésicos, apontados no mo-
delo de Parry (2017), estão relacionados à comunicação não verbal,que 
representa uma parte significativa dos processos de comunicação.
Um canal de comunicação visual ocorre quando se usa, de for-
ma predominante, os componentes visuais, tais como desenhos, fer-
ramentas gráficas, imagens, cores, movimento, símbolos e signos. 
São exemplos de meios ou canais de comunicação visual as produ-
ções artísticas como a pintura e a escultura, o cinema, o teatro, a 
televisão e a imprensa.
Já os canais de comunicação sinestésicos, segundo explicam Cam-
pos e Hildebrand (2022), estão ligados à comunicação interpessoal, ca-
racterística das conversas, reuniões ou encontros físicos, e envolvem 
gestos, linguagem corporal, sinais físicos e emoções para expressar as 
informações que se deseja transmitir.
Os tipos de canais de comunicação apontados por Parry (2017) não 
são excludentes, pois o nome de cada tipo representa a forma de co-
municação predominante. Assim, canais visuais, como o cinema e a 
televisão, também utilizam elementos sonoros no processo de comuni-
cação, assim como a comunicação não verbal inclui elementos visuais.
Em um divertido vídeo, o 
comediante Paulo Araújo 
explica os diversos signi-
ficados da interjeição uai, 
típica do sotaque mineiro. 
De acordo com o tom, o 
volume, a velocidade e 
a posição da interjeição 
na frase, o sentido pode 
mudar completamente.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=4Go36zKZ9l8. Acesso em: 
25 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=4Go36zKZ9l8
https://www.youtube.com/watch?v=4Go36zKZ9l8
https://www.youtube.com/watch?v=4Go36zKZ9l8
Importância da escuta ativa na comunicação 17
Segundo o autor, alguns desses canais são unidirecionais, em que os 
indivíduos desempenham um papel definido no processo de comunica-
ção: o emissor transmite a informação, enquanto o receptor apenas a re-
cebe. Palestra e filmes de cinema são exemplos de canais unidirecionais.
Outros canais são bidirecionais, ou seja, possibilitam que os indiví-
duos desempenhem tanto o papel de emissor quanto de receptor. Nes-
se tipo de canal, a comunicação entre os indivíduos se configura como 
um diálogo, no qual as visões, crenças, ideias e pensamentos de cada 
indivíduo podem ser expressos durante o processo de comunicação.
Como exemplo dos canais bidirecionais, podem ser citadas a con-
versa pessoal, uma ligação telefônica ou as redes sociais baseadas na 
internet. Sobre o processo de comunicação estabelecido virtualmente 
nas redes sociais, Rodrigues Júnior e Véras (2019, p. 150) destacam:
As interações sociais que ocorrem na Internet (em weblogs, fo-
tologs, blogs, grupos de discussão, comunidades virtuais e redes 
sociais) buscam conectar pessoas e proporcionar a comunicação 
entre elas, permitindo a instauração da dialogicidade. A constru-
ção do diálogo acontece em ambientes colaborativos em que os 
personagens demonstram interesse pelo discurso do outro, per-
mitem a transparência e constroem novos conhecimentos.
Ainda segundo os autores, alguns canais são unidirecionais, como 
a televisão e o rádio. Nesse tipo de canal as comunicações apresentam 
uma característica de monólogo: somente o emissor expressa suas 
ideias. Mesmo que existam formas de capturar ou coletar as percep-
ções e ideias dos receptores da mensagem, essa interação não ocorre 
de forma imediata.
A evolução dos meios de comunicação acompanhou tanto o desen-
volvimento da sociedade quanto os avanços tecnológicos que criaram 
formas de comunicação, que não substituíram totalmente os meios já 
estabelecidos, mas possibilitaram novas formas de estabelecer proces-
sos comunicativos.
Cada novo canal de comunicação criado proporciona melhorias e a 
evolução da capacidade humana de comunicar suas ideias, crenças e 
conhecimentos. A Figura 5 mostra uma linha do tempo do desenvolvi-
mento dos diversos meios de comunicação, destacando as principais 
características de cada canal:
18 Oratória e técnicas de apresentação
GRÁFICA: 
Desenhos/
Pinturas/
Placas
ORAL: 
Sermões/
Discursos/
Teatro
ESCRITA: 
Manuscritos/
Cartas/
Cartazes
IMPRESSA: 
Livros/
Jornais/
Revistas
AUDITIVA: 
Rádio/
Telefone/
Gravação
VISUAL: 
Cinema/TV/
Fotografia
DIGITAL: 
Web/
Multimídia
Figura 5
A evolução dos meios de comunicação
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Parry, 2017.
Os canais de comunicação digital, como a internet, as redes sociais, 
os sites de streaming de áudio (tais como Spotify e Deezer) e de vídeo 
(como Youtube e Netflix), aplicativos de mensagens (WhatsApp e Tele-
gram) e plataformas de reuniões online (Zoom, Teams, Skype e Google 
Meet) transformaram os processos de comunicação, tanto no contexto 
social quanto profissional e educacional.
A quarentena causada pela COVID-19, a partir do ano de 2020, ace-
lerou ainda mais o processo de adoção desses canais de comunicação, 
exigindo das pessoas uma profunda adaptação dos seus processos de co-
municação. Nas empresas, reuniões e apresentações, antes presenciais, 
precisaram ser realizadas on-line, com uma dinâmica de organização to-
talmente diferente do modelo conhecido e praticado pelos profissionais.
Na educação, professores precisaram reformular totalmente suas 
metodologias de ensino e a forma de organização de suas aulas. Pas-
qualeto, Domingos e Rios (2021, p. 3) descrevem, a partir de sua pró-
pria experiência como docentes, o complexo processo de adaptação ao 
modelo de educação on-line durante a pandemia:
Fomos forçados a viver um novo momento na educação. Da noite 
para o dia, professores, sem o preparo técnico ou emocional ne-
cessário, foram obrigados a ministrar aulas por plataformas di-
gitais. Sem nenhum precedente, a pandemia mudou a forma da 
comunicação e de relacionamento, na educação não foi diferente.
Importância da escuta ativa na comunicação 19
Como destacam os autores, a necessidade de adaptação das me-
todologias, dinâmicas e processos avaliativos representou um grande 
desafio para os professores.
Como professor, minha primeira experiência com a Educação à 
Distância foi no ano de 2007, quando desenvolvi meu primeiro con-
teúdo para uma disciplina de graduação EAD. Naquele momento, ao 
assistir aos vídeos de minhas aulas, percebi que as técnicas de apre-
sentação e de oratória que utilizava nas salas de aula não eram ade-
quadas ao modelo da Educação à Distância. A partir dessa experiência 
senti a necessidade de buscar desenvolver competências relacionadas 
à oratória, à comunicação não verbal durante as apresentações, ao de-
senvolvimento de materiais visuais, a melhorar aspectos relacionados 
à voz, como dicção, tonalidade, volume e velocidade. Essas compe-
tências foram fundamentais para a minha carreira como professor e, 
durante a quarentena da pandemia da COVID-19, foram fundamentais 
para manter a qualidade de minhas aulas.
Exemplo
Como aprendizados proporcionados pela pandemia, Pasqualeto, 
Domingos e Rios (2021) afirmam que o momento mostrou a impor-
tância do desenvolvimento contínuo dos docentes, da adoção de uma 
postura aberta à mudança e ao aprendizado e da comunicação entre 
professores e alunos para o processo de ensino-aprendizagem.
1.3 Ouvir e escutar 
Vídeo
Apesar de frequentemente serem usadas como palavras sinônimas, 
ouvir e escutar apresentam significados diferentes, especialmente no 
contexto da comunicação.
Ouvir é um processo fisiológico e mecânico, relacionado à captação, 
pelas estruturas do ouvido humano, das ondas sonoras de qualquer 
natureza, como um barulho, uma música ou uma conversa. Segundo 
Menezes (2008), o sentido da audição se desenvolve ainda durante a 
gestação, entre o quarto e o quinto mês, período em que o feto já per-
cebe sons e reage a estímulos sonoros.
Para o autor, após o nascimento, é a partir da audição que o bebê es-
tabelece os primeiros vínculos com o mundo. A visão ainda não está total-
mente desenvolvida, mas o bebê percebe características da voz humana 
– como timbre, altura, volume e tonalidade – bem como ruídos externos.
20 Oratória e técnicas de apresentação
Durante o seu desenvolvimento, acriança identifica sons que reme-
tem a situações que se repetem em seu cotidiano, como a voz dos pais, 
os ruídos da casa e os sons específicos de sua rotina, como o barulho 
da água do banho e a música de ninar. Assim, o som o ajuda a se situar 
no tempo e no espaço.
Treasure (2011) destaca que essa relação do tempo com a sonoridade 
nos acompanha durante toda a vida. Sons relaxantes, como as ondas do 
mar, apresentam ciclos de repetição que se aproximam dos ciclos fisioló-
gicos, como o da respiração e dos batimentos cardíacos. Esse tipo de som 
possibilita que o indivíduo entre em sintonia com o ambiente que o cerca, 
o que proporciona uma sensação de paz e tranquilidade.
Ainda segundo o autor, o som também influencia a motivação, o 
estado de espírito e as emoções das pessoas. A música tem um grande 
poder de mudar a forma como as pessoas se sentem em um determi-
nado momento. As músicas aceleradas e intensas ouvidas nas acade-
mias de ginástica ou em eventos esportivos aumentam a excitação e o 
desejo de se movimentar. As músicas alegres e motivadoras tocadas 
durante o Carnaval convidam à festa e à dança.
Já a música clássica, para Treasure (2011), leva a um momento de 
calma e reflexão. As baladas românticas colocam as emoções à flor da 
pele. Os gritos de guerra e hinos cantados nos estádios esportivos e 
eventos populares criam um sentimento de pertencimento e orgulho, 
que leva muitos às lágrimas.
Por outro lado, sons estridentes, em alto volume, que surgem de 
forma abrupta, como os barulhos de uma obra, um equipamento ou 
máquina, o escapamento de um carro ou uma buzina – característicos 
da vida nas cidades – causam instabilidade, insegurança e desconforto.
Treasure (2011) dá o nome de esquizofonia a essa cacofonia que 
nos cerca cotidianamente, que gera estresse e diminui a capacidade 
de concentração e de comunicação. Já Sapucaia (2021, p. 72) conceitua 
a esquizofonia como a construção de uma paisagem sonora, em cons-
tante transição e mudança:
a esquizofonia pode ser desassociada desse perfil de loucura 
e pensada enquanto máquina produtora de sentido [...] assu-
mimos o som em suas variantes, não apenas como um objeto 
sonoro isolado, mas também em meio a essas múltiplas possi-
bilidades que existem no caos, no dia a dia de cada ser ouvinte.
Importância da escuta ativa na comunicação 21
No mundo contemporâneo é cada vez mais comum que, para fugir 
do caos sonoro, muitas pessoas utilizem fones de ouvido para ouvi-
rem suas músicas, podcasts e audiolivros. Essa característica é pos-
sível de ser identificada ao se observar as pessoas nos transportes 
públicos ou mesmo nas ruas.
Para Treasure (2011) essa é uma realidade preocupante, pois cada 
pessoa passa a viver em sua pequena bolha sonora, alheia aos sons 
externos e fechadas ao diálogo, à comunicação ou à conversa. Para o 
autor, estamos perdendo nossa capacidade de ouvir e, principalmen-
te, de escutar. O especialista americano, em seu livro Sound Business, 
lançado em 2011, chega a essa conclusão ao analisar os impactos das 
tecnologias da comunicação, especialmente os celulares, sobre o com-
portamento das pessoas.
Porém, um dos mais destacados intelectuais brasileiros, Rubem Al-
ves (1999, p. 65), chegou à conclusão semelhante duas décadas antes, 
em um belíssimo poema intitulado Escutatória. Com sua forma simples 
e direta de filosofar, Rubem Alves já inicia seu texto com a constatação 
da pouca relevância que a capacidade de ouvir, e principalmente de 
escutar, tem em nossa sociedade:
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi 
anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender 
a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que 
ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil.
As conclusões a que chegam Rubem Alves (de que ninguém quer 
aprender a ouvir, e de que escutar é complicado e sutil) e Julian Treasu-
re (de que estamos perdendo a nossa capacidade de escutar) mostram 
a profunda diferença entre o conceito de ouvir e de escutar.
Enquanto ouvir é um processo fisiológico, que ocorre de forma auto-
mática, mas que afeta os indivíduos tanto física quanto psicologicamen-
te, escutar é um processo cognitivo, que exige esforço e concentração.
Como aponta Marcondes Filho (2011), a escuta, no processo de co-
municação, depende da capacidade de o indivíduo se abrir para rece-
ber, entender, aceitar ou refutar as ideias, opiniões, crenças e valores 
do outro, respeitando a alteridade que existe entre os indivíduos.
22 Oratória e técnicas de apresentação
Já Braga (2012) considera que ao se abrir para escutar o outro, o indi-
víduo passa por um processo de mudança, pois aceita o diferente, aco-
lhe o novo e conhece outras formas de enxergar o mundo. Para o autor, 
a verdadeira comunicação está na escuta, pois a mensagem transmitida 
pelo emissor só atinge seu objetivo de comunicar algo se o receptor não 
apenas ouve, mas escuta e compreende aquilo que foi comunicado.
A escuta, no processo de comunicação, não se resume apenas à 
captação dos sinais sonoros pelo aparelho auditivo e pela decodifica-
ção das informações. A escuta exige um trabalho de interpretação dos 
sentidos e nuances da comunicação e envolve tanto o que está sendo 
dito quanto os aspectos relacionados ao tom, velocidade, altura e volu-
me da voz, além da comunicação não verbal do emissor.
Para Braga (2012, p. 31), o processo de escutar não pode ser com-
parado como uma chave ou interruptor que o receptor pode ligar ou 
desligar, alternando imediatamente entre um estado de escuta ativa ou 
outro de simples audição. Como destaca o autor:
Podemos estar dispostos a nos modificar em presença da alte-
ridade – mas nem sempre conseguimos efetivamente sintonizar 
de modo fino as proposições. Entendemos e não entendemos. 
Acolhemos e resistimos. Se observarmos ao redor, em sim-
ples consulta às práticas sociais, é inevitável constatar que há 
graus de escuta, variações complexas na disponibilidade e no 
acolhimento.
Pereira (2012) complementa a afirmação de Braga sobre a alternância 
entre posturas de acolhimento e resistência durante a comunicação e des-
taca que a escuta possibilita o entendimento e a construção de sentidos e 
interpretações sobre as relações que o indivíduo estabelece com o outro, 
com diferentes culturas e formas diversas de se enxergar o mundo.
1.4 Importância da escuta ativa 
Vídeo
Escutar é um processo complexo, que envolve aspectos fisiológicos 
relacionados à audição, aspectos ambientais como o local e o contex-
to no qual a comunicação ocorre e aspectos relacionados ao próprio 
processo de comunicação, como o meio ou canal na qual ocorre e a 
capacidade de o receptor compreender e decodificar as linguagens e 
sinais utilizados pelo emissor.
Importância da escuta ativa na comunicação 23
Envolve também, como apontam Braga (2012) e Marcondes Filho 
(2011), a predisposição e a abertura do receptor ao processo comuni-
cativo. Ou seja, mais do que apenas ouvir a comunicação, o receptor 
concentra sua atenção naquilo que está sendo comunicado e empreen-
de esforços cognitivos para receber, decodificar, entender e acolher a 
mensagem comunicada.
Nesse contexto, surge o conceito de escuta ativa, que, segundo Gi-
menez e Taborda (2018, p. 209),
é um processo por meio do qual se deixa a outra pessoa saber que 
você está prestando atenção, busca estimular as pessoas a ouvirem 
umas às outras, provocando a expressão das emoções. Oportuniza 
o entendimento e a amenização dos conflitos, pois considera de ex-
trema relevância a linguagem e corporal e falada. Aqui pode-se falar 
em reciprocidade, uma vez que existem pessoas que estão de fato 
comprometidas no processo de ouvir, existe atenção, o que leva os 
indivíduos a estarem conectados e comprometidos.
O ato de escutar de forma ativa pressupõe que o receptor da men-
sagem busca diminuir os possíveis entraves e obstáculos que possam 
surgir durante o processo de comunicação. Durante a escuta ativa,o 
receptor deve procurar entender e aceitar as diferenças culturais e de 
crenças em relação aos demais participantes do processo de comuni-
cação, bem como identificar se suas atitudes, expectativas e intenções 
estão impedindo ou dificultando o entendimento da mensagem.
Gimenez e Taborda (2018) destacam que na escuta ativa o receptor 
não busca entender apenas a mensagem transmitida, mas também as 
emoções e sentimentos implícitos e o contexto geral que originou a 
comunicação e no qual ela ocorre.
Assim, o processo de escuta ativa vai além do simples escutar; envolve 
também a postura e a atitude do receptor, que deve buscar encorajar seu 
interlocutor, deixando-o à vontade e incentivando a comunicação.
A escuta ativa pode ser usada em diversos contextos nos quais ocor-
rem processos de comunicação que envolvem a interlocução e o diálogo 
entre os participantes, como no contexto social, profissional e educacional.
Arruda e Vidal (2020, p. 38) destacam a importância da escuta ativa 
na resolução de conflitos, tanto os que ocorrem nas esferas sociais ou 
profissionais, quanto aqueles que se transformam em litígios e ações 
jurídicas. Na mediação de conflitos, segundo os autores, a escuta ativa 
24 Oratória e técnicas de apresentação
é uma das mais importantes ferramentas na busca do consenso entre 
as partes em litígio:
Pela escuta empática e pela escuta ativa, por exemplo, podem 
ser buscados os componentes de uma relação de apoio e re-
forço a um método de resolução pacífica de conflitos em casos 
mais difíceis de rupturas e má comunicação, em uma “cultura de 
guerra”, que permeia tanto nossa linguagem quanto os relacio-
namentos – e assim promover a sua regeneração.
No ambiente profissional, seja nas relações que se estabelecem 
entre os diversos colaboradores que compõem uma empresa, seja na 
relação desta com outras organizações, instituições e indivíduos exter-
nos, a comunicação apresenta um papel fundamental. É por meio de 
uma comunicação de qualidade que a empresa desenvolve suas ativi-
dades de forma eficiente e eficaz, entendendo as demandas, desejos e 
opiniões de seus colaboradores, clientes e consumidores.
Porém, devido à própria forma de organização das empresas, em 
geral baseadas em uma estrutura piramidal e hierárquica, na qual as 
decisões são tomadas pelos gestores posicionados nos mais altos es-
calões da estrutura, a comunicação costuma ser descendente e orien-
tativa. As decisões tomadas são meramente informadas aos escalões 
inferiores, no formato de ordens, orientações ou determinações a se-
rem seguidas, sem levar em consideração as opiniões, conhecimentos, 
informações e visões dos colaboradores.
Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) identificam esse tipo de comu-
nicação centralizada e dominada pela empresa também na comunica-
ção de marketing tradicional, na qual as organizações comunicavam 
ao mercado informações sobre seus produtos e serviços sem levar em 
consideração a voz do consumidor.
Porém, no mundo contemporâneo, as inovações e o desenvolvimento 
de tecnologias da informação e da comunicação transformaram profun-
damente os processos de comunicação no ambiente organizacional e de 
negócios. Para Sólio (2010), as organizações que otimizam seus processos 
de escuta aumentam sua capacidade de atingir seus objetivos.
A comunicação que ocorre dentro da empresa, entre os colabora-
dores de diversos níveis hierárquicos e das diferentes áreas da empre-
sa, precisa levar em consideração não apenas os aspectos objetivos e 
técnicos a serem transmitidos, mas também questões subjetivas como 
Importância da escuta ativa na comunicação 25
relacionamento, motivação, respeito às diferenças e gerenciamento de 
situações de conflito.
Além do fluxo de comunicação descendente, precisam ser desen-
volvidos canais de comunicação ascendentes e transversais que pos-
sibilitem que os conhecimentos e opiniões dos colaboradores sejam 
compartilhados tanto com os superiores hierárquicos quanto com as 
demais áreas da empresa.
Os colaboradores que atuam na linha de frente da empresa, em 
contato direto com clientes, fornecedores e o mercado, precisam ter a 
competência de exercer a escuta ativa em cada oportunidade de inte-
ração que ocorra no cotidiano de suas atividades.
Da mesma forma, gestores precisam estar preparados para exercer 
a escuta ativa nas suas relações com a equipe, para capturar e orga-
nizar informações relevantes que possam ser transmitidas aos níveis 
hierárquicos superiores, para direcionar as estratégias da empresa em 
relação ao mercado.
Para Sólio (2010) a competência da escuta ativa não pode ser sim-
plesmente implantada, como um programa ou um evento específico. 
As competências e capacidades relacionadas à escuta ativa devem fa-
zer parte da cultura empresarial e precisam existir canais e processos 
claros e bem definidos que possibilitem que a comunicação ocorra em 
todos os sentidos da estrutura.
Já acerca da relação da empresa com o mercado, Kotler, Kartajaya 
e Setiawan (2017) apontam que o desenvolvimento de tecnologias de 
comunicação, em especial a internet e as redes sociais, transformaram 
totalmente a comunicação da empresa com o cliente.
A comunicação de marketing, antes um monólogo no qual apenas a 
voz da empresa era ouvida, passou a ser um diálogo, no qual o cliente 
tem espaço para expor suas opiniões, crenças, desejos e demandas. A 
empresa precisa usar a escuta ativa em relação às redes sociais e ao 
ambiente virtual para tanto identificar oportunidades, como quando 
os clientes elogiam seus produtos ou sugerem melhorias, quanto para 
lidar com os problemas, críticas e avaliações negativas divulgadas pelos 
clientes nos canais digitais de comunicação.
Outro contexto no qual a escuta ativa se apresenta como uma ferra-
menta fundamental na melhoria dos processos de comunicação é a edu-
O conceito da pedagogia 
da escuta na educação foi 
desenvolvido a partir da 
experiência implantada 
pelo professor Loris Mala-
guzzi na escola infantil da 
cidade de Reggio Emilia, 
na Itália, considerada um 
referencial em termos de 
qualidade da educação. 
O livro de Carla Rinaldi 
e traduzido por Vania 
Cury, Diálogos com Reggio 
Emilia: escutar, investigar 
e aprender, relata as ex-
periências desenvolvidas 
na cidade e relata como 
o conceito da pedagogia 
da escuta se tornou fun-
damental para entender 
e enfrentar os desafios 
da educação no mundo 
contemporâneo.
RINALDI, C. São Paulo: Paz & Terra, 
2012.
Livro
26 Oratória e técnicas de apresentação
cação. Segundo Pimenta (2018) os professores, além dos conhecimentos 
específicos de sua área de atuação, precisam desenvolver competências 
relacionadas à comunicação, tanto aquelas ligadas à oratória, quanto as 
de escuta ativa. É por meio da escuta ativa que o professor pode enten-
der a diversidade de experiências, vivências, capacidades e potencialida-
des de seus alunos, seja na pedagogia (o ensino direcionado à formação 
das crianças) seja na andragogia (a educação de adultos).
No contexto da pedagogia, Wilmsen, Ramos e Maciel (2021) desta-
cam que cada criança entende, percebe e interpreta as informações e 
mensagens emitidas pelo professor no processo de educação de forma 
própria e individual. Para os autores (2021, p. 302), as crianças são “pro-
tagonistas dos processos de conhecer”, de modo que os verbos mais 
presentes na prática pedagógica – falar, explicar ou transmitir – passam 
a ser substituídos por escutar. Os autores denominam esse novo olhar 
para o trabalho da educação de pedagogia da escuta.
A pedagogia da escuta é uma abordagem fundamentada na ideia de 
que o processo da educação não se configura como uma transmissão 
de conhecimentos, e sim como uma construção de sentidos a partir do 
diálogo mediado pelo professor. Para Machado e Barbosa (2018), por 
exemplo, seria com base na relação com o aluno, na escuta e no diálogo 
que os professores colaborariam para que as crianças construíssem seu 
saber. Para isso, segundo os autores, a formação docentepara atuar na 
Educação Infantil deveria preparar melhor o profissional para utilizar a 
escuta ativa como ferramenta pedagógica nesta etapa do ensino.
Porém, como destacam os autores, a formação de professores que 
atuam na educação infantil nem sempre prepara o profissional para 
utilizar a escuta ativa como ferramenta pedagógica.
Já na andragogia, o uso da escuta ativa se torna ainda mais fundamen-
tal no processo de ensino-aprendizagem. Como explica Carvalho (2017), 
o ensino de adultos não é baseado apenas na transmissão do conheci-
mento e do saber do professor. No decorrer de sua vida, o aluno já acu-
mulou experiências, informações, vivências e conhecimentos que podem 
ser compartilhados tanto com o professor quanto com os demais alunos.
A aprendizagem, no contexto da andragogia, não é baseada na 
transmissão, memorização e assimilação de conteúdos, mas na cons-
trução de saberes complexos que possibilitem o entendimento do con-
texto no qual o adulto está inserido.
Importância da escuta ativa na comunicação 27
Assim, mais do que proporcionar uma melhoria no processo de en-
sino-aprendizagem, a escuta ativa é um dos pilares da educação de 
adultos, pois possibilita entender e compartilhar os conhecimentos de 
cada aluno e, a partir deles, construir novos conhecimentos na turma. 
Nesse sentido, o professor passa a ter um papel de tutor dos processos 
de comunicação que se estabelecem no ambiente de ensino, seja ele 
físico ou virtual.
1.5 Como desenvolver a escuta ativa 
Vídeo
No processo de comunicação, saber escutar é uma competência tão 
importante quanto saber falar bem. Mas, como destaca Rubem Alves 
(1999), existem diversos cursos sobre oratória, sobre como falar em 
público, sobre como fazer apresentações ou sobre como usar a retóri-
ca, mas quase nenhum material sobre como desenvolver a competên-
cia de escutar.
Sapucaia (2021) afirma que as pessoas estão frequentemente envol-
vidas em uma paisagem sonora, composta por sons, ruídos, conversas, 
músicas e barulhos que não podem deixar de ouvir, pois o aparelho 
auditivo humano capta esses sinais de forma indistinta.
Como explica Meneghello (2017), mesmo que o aparelho auditivo 
do ser humano registre qualquer som do meio ambiente no qual está 
inserido, os sons que fazem parte da paisagem sonora e que não apre-
sentam nenhum significado específico são descartados pelo cérebro. 
De acordo com Treasure (2011), o cérebro desenvolveu uma série de 
mecanismos para definir os sons que são relevantes e que devem ser 
escutados, como mostra a Figura 6:
1 S
to
ck
Ap
pe
al
/S
hu
tte
rs
to
ck
 -
 2 s
M
ar
tia
l R
ed
/
Sh
ut
te
rs
to
ck
 - 
3 8
ic
on
s/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Figura 6
Mecanismos de seleção de sons
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Treasure, 2011.
Reconhecimento 
de padrões
1
Diferenciação
2
Filtros
3
28 Oratória e técnicas de apresentação
Ao se tomar consciência de como ocorre o processo de seleção do 
que está sendo ouvido e sobre as diferenças entre ouvir e escutar, é 
possível desenvolver formas de melhorar a competência da escuta.
O mecanismo de reconhecimento de padrões permite ao cérebro 
identificar sons específicos, mesmo que estejam envolvidos por outros 
barulhos ou ruídos. Por exemplo, mesmo em um ambiente barulhen-
to, como uma festa ou um evento, se o nome da pessoa for citado, o 
cérebro identifica esse padrão e direciona a atenção para identificar de 
onde veio a mensagem.
Esse mecanismo também possibilita que se identifique a voz de pes-
soas conhecidas ou uma música com apenas algumas notas musicais. 
O reconhecimento de padrões possibilita que o cérebro, mesmo que 
esteja recebendo outros sinais sonoros, possa se manter em alerta 
para identificar sons relevantes.
O mecanismo de diferenciação atua de forma conjunta com o me-
canismo de reconhecimento de padrões. Sons repetitivos ou monóto-
nos são identificados pelo cérebro e, apesar de continuarem ativando 
o aparelho auditivo, são desligados pelo cérebro.
Vamos fazer uma pequena experiência para demonstrar como funcio-
na esse processo. Pare de fazer qualquer movimento que gere algum 
som ou ruído. Feche seus olhos e comece a identificar os diversos 
sons triviais que podem ser ouvidos neste momento. Talvez o seu 
computador tenha um leve som de interferências elétricas; o motor do 
ar-condicionado, do ventilador ou da geladeira pode estar fazendo um 
barulho repetitivo e monótono. Você consegue ouvir pessoas falando, 
carros passando, o som de algum animal? Se prestar bem atenção, 
pode até mesmo ouvir alguns sons de seu corpo, como sua respira-
ção. Quantos desses sons você estava realmente ouvindo antes de 
começarmos esse exercício? Quantos você só percebeu depois que 
começou a prestar atenção?
Na prática
Esse pequeno exercício mostra como o cérebro lida com a grande 
quantidade de sons triviais que cercam os indivíduos e que poderiam 
tirar completamente sua atenção e concentração.
O terceiro mecanismo de seleção de sons, apontado por Treasure 
(2011) são os filtros da comunicação, já discutidos na primeira parte deste 
capítulo. A mensagem transmitida pelo emissor, ao passar pelos filtros do 
receptor, pode ser compreendida de forma completamente diferente.
Importância da escuta ativa na comunicação 29
Um exemplo disso pode ocorrer durante uma conversa, quando uma 
pessoa fala uma palavra que o interlocutor não conhece, fazendo com que 
ele leve alguns instantes para processar e tentar entender o sentido dessa 
palavra dentro do contexto da conversa. Durante esse momento, o cére-
bro do interlocutor para de prestar atenção ao que está sendo dito, o que 
leva a perda da linha de raciocínio e de compreensão da fala.
Esse tipo de problema na comunicação é muito comum quando os 
interlocutores do processo de comunicação apresentam diferenças 
culturais, de linguagem e de conhecimento específico sobre o tema.
Uma forma de entender como os filtros da comunicação influenciam os 
processos de comunicação é buscar, durante uma conversa, mudar sua 
atitude em relação a um determinado filtro. Por exemplo, se você começa 
a conversa com uma atitude de desconfiança em relação ao interlocutor, 
tente adotar uma nova postura de confiança. Se sua expectativa inicial é 
de que a conversa será difícil ou conflituosa, tente mudar sua expectativa 
para uma postura de acolhimento e empatia. Se o interlocutor fala algo que 
se choca com suas crenças e sua primeira reação é discutir, busque adotar 
uma postura de respeito à alteridade e às diferenças.
Na prática
Outro exercício para melhorar a capacidade de escuta é buscar o 
silêncio. O mundo contemporâneo é ruidoso e cheio de sons que inva-
dem cada momento da vida do indivíduo. Pereira (2020) destaca a im-
portância de resgatar os espaços e momentos de silêncio no cotidiano, 
como forma de reequilibrar a capacidade de audição.
Busque um ambiente silencioso ou, se possível, totalmente isolado de 
sons externos. Desligue seus aparelhos eletrônicos e durante alguns 
minutos busque se manter em silêncio. O objetivo não é meditar ou 
evitar pensar em algo, mas sim experimentar o silêncio. Provavelmente 
seu cérebro continuará ouvindo sons do ambiente, e se não for possível 
encontrar o silêncio absoluto, tente ao máximo se desligar dos sons 
externos. Crie o hábito de realizar esse exercício pelo menos uma vez 
por dia.
Na prática
Além de ajudar a recalibrar o aparelho auditivo, o exercício possi-
bilita perceber a importância do silêncio no processo de comunicação. 
Durante uma conversa é fundamental manter o silêncio quando o inter-
locutor está falando. É comum, em processos de comunicação, que os 
30 Oratória e técnicas de apresentação
interlocutores invadam o espaço de fala do outro, sem deixar que este 
conclua seu raciocínio. Pessoas mais tímidas, ao participarem de pro-
cessos de comunicação com pessoas que as interrompem frequente-
mente, tendem a se calar e evitar emitir suas opiniões e considerações.
Manter o silêncio também possibilita descobriros interesses, as-
suntos prediletos, pontos de vista e opiniões do interlocutor. O uso de 
perguntas direcionadas possibilita o exercício da escuta ativa. Ao per-
ceber o interesse e respeito do espaço de fala, o interlocutor se sente 
motivado a transmitir ainda mais informações.
O mundo contemporâneo é ruidoso e os indivíduos estão cons-
tantemente cercados por uma paisagem sonora, que o ouvido capta 
de forma indistinta, como uma grande massa de ruídos e barulhos. 
Para Cardoso (2014, p. 72) “Os sons constroem o mundo para o ho-
mem. Por que não dizer, auxiliam a criar o próprio homem. Os fluxos 
de ruídos passam pelo ‘ser’ e deixam nele o conhecimento, a expe-
riência, o sentido.”
Se é impossível fugir desta massa sonora, Treasure (2011) acredita 
que se deve entender cada um desses sons e ruídos que fazem parte 
da paisagem sonora. Uma forma de exercitar essa capacidade é tentar 
identificar, no ambiente em que se está, os ruídos, sons, barulhos, mú-
sicas e vozes ouvidos.
Em um ambiente ruidoso, com muitas pessoas e diferentes sons, tais 
como um restaurante, bar ou mesmo em uma rua movimentada, tente 
identificar cada um dos sons que compõem a massa sonora. Preste 
atenção nas vozes ouvidas, depois tente isolar cada uma delas e com-
preender o que está sendo dito. Identifique outros sons, como talheres 
tocando os pratos, cadeiras sendo arrastadas ou a música ambiente, 
caso esteja em um restaurante. A cada som identificado, tente ouvi-lo 
de forma isolada, e perceba quais detalhes desse som você não havia 
percebido antes. Em seguida, volte a ouvir a massa sonora de forma 
indistinta e identifique outro som, repetindo o processo.
Na prática
Esse exercício que acabamos de ver ajuda a desenvolver, durante 
o processo de comunicação, a capacidade de identificar as diversas in-
formações transmitidas pelo interlocutor. Além de prestar atenção ao 
que está sendo falado, a escuta ativa também envolve a identificação 
de mensagens transmitidas por aspectos da fala e da voz, e principal-
mente, pela comunicação não verbal.
Importância da escuta ativa na comunicação 31
Outro exercício para melhorar a capacidade de ouvir e escutar é 
identificar novos significados nos diversos sons que fazem parte do co-
tidiano. Alguns deles disparam gatilhos mentais e emocionais, como 
uma música que remete a um momento importante da vida poder res-
gatar memórias e gerar emoções. Já outros passam desapercebidos.
Porém, mesmo os sons banais do cotidiano podem ser importantes 
e gerar sensações ou estados de espírito específicos. O som da água 
fervendo para fazer o café da manhã, ou o som do televisor ligado, 
mesmo que não se esteja assistindo a um programa, são exemplos de 
sons banais que embutem significados e sensações reconfortantes ou, 
por outro lado, desconfortáveis.
No processo de escuta, exercitar a capacidade de buscar novas for-
mas de ouvir os sons cotidianos ajuda a desenvolver a capacidade de 
identificar significados e sentidos ocultos na mensagem transmitida 
pelo emissor, como a escolha das palavras, a entonação do discurso ou 
mesmo o contexto e momento escolhidos para a comunicação.
Os exercícios propostos são apenas alguns exemplos de como se 
desenvolver a capacidade de escuta e exercitar a escuta ativa, atitudes 
fundamentais para que se possa melhorar a capacidade de comunica-
ção. Porém, a competência da escuta, assim como qualquer tipo de ca-
pacidade que se deseja desenvolver, depende de esforço e constância 
de propósito. A melhor forma de desenvolver a capacidade de escutar 
é praticando a escuta em qualquer oportunidade que surja.
O músico Aaron Attaboy 
McAvoy percebeu que sua 
máquina de lavar roupas 
produzia um som ritmado 
ao realizar o processo 
de lavagem. Usando o 
som como base rítmica, 
o músico grava diversas 
músicas, acompanhando 
a máquina com sua gui-
tarra. Em um dos vídeos 
mais populares de seu 
canal, The Devil Went Down 
To Georgia White Trash 
Washing Machine Cover, 
conta com mais de 11 
milhões de visualizações.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=u1hnBv12-
uk. Acesso em: 25 ago. 2022.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No mundo contemporâneo, os indivíduos estão constantemente cer-
cados por uma cacofonia ruidosa. Para conviver neste mundo ruidoso, as 
pessoas se isolam em bolhas sonoras com seus fones de ouvidos e smar-
tphones. As tecnologias da informação e da comunicação, se por um lado 
facilitaram a comunicação entre pessoas, empresas, organizações, socie-
dades e culturas, por outro lado tornaram a comunicação fragmentada.
Neste contexto, desenvolver a capacidade de escutar de forma ativa e 
empática se torna uma competência fundamental para a convivência nos 
mais diversos ambientes, como o social, profissional e educacional. 
https://www.youtube.com/watch?v=u1hnBv12-uk
https://www.youtube.com/watch?v=u1hnBv12-uk
https://www.youtube.com/watch?v=u1hnBv12-uk
32 Oratória e técnicas de apresentação
ATIVIDADES
Atividade 1
Explique os elementos que fazem parte do processo de 
comunicação.
Atividade 2
Cite, explique e dê exemplos dos tipos de canais de comunicação.
Atividade 3
Qual é a diferença entre canais de comunicação unidirecionais e 
bidirecionais?
REFERÊNCIAS
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https://www.redalyc.org/pdf/1430/143024819003.pdf
https://www.pucsp.br/educ/downloads/Imaginacao_no_jogo.pdf
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https://docplayer.com.br/60938342-Os-sons-das-megalopoles-e-a-loucura-do-homem-contemporaneo-indicios-para-a-cura-pelo-silencio.html
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Importância da escuta ativa na comunicação 33
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34 Oratória e técnicas de apresentação
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Oratória 35
2
Oratória
A primeira parte deste capítulo aborda os conceitos principais da ora-
tória, e mostra a sua importância como competência que possibilita ao 
indivíduo desenvolver todo o seu potencial. Por outro lado, a experiência 
de falar em público é uma das mais temidas pelas pessoas. Medo, ansie-
dade, estresse e até mesmo sintomas físicos são algumas das emoções 
que podem levar uma pessoa à paralisia frente a uma plateia. 
Assim, o desenvolvimento da competência da oratória é fundamental 
para que o indivíduo esteja preparado para usar as oportunidades de fa-
lar em público da melhor forma. 
Já a segunda parte do capítulo é dedicada a explicar o conceito da retó-
rica, intimamente relacionado à oratória. Enquanto a retórica se relaciona 
à construção do conteúdo do discurso e das estratégias usadas para que 
o orador possa atingir seus objetivos, a oratória trata das ferramentas, 
competências e práticas necessárias para que a apresentação transmita 
as informações, conhecimentos, emoções e motivações do discurso.
A terceira parte do capítulo aborda a importância da oralidade no 
 processo de comunicação e mostra como, no modelo educacional adota-
do no Brasil, o foco está direcionado ao aprendizado da linguagem escri-
ta, o que faz com que as competências relacionadas à fala e à oralidade 
sejam, muitas vezes, relegadas a um segundo plano. A língua falada está 
em constante evolução e, assim, a oralidade se torna cada vez mais funda-
mental para que os indivíduos possam conviver em sociedade. 
Por fim, na última parte do capítulo, o tema é a voz, ferramenta fun-
damental da oratória. As técnicas de uso da voz, como entonação, ritmo, 
altura, volume, rapidez e dicção serão abordadas, com exemplos práticos 
de sua utilização pelos oradores.
36 Oratória e técnicas de apresentação
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• conhecer os conceitos básicos da oratória e seu uso em situações 
diversas;
• compreender os conceitos de retórica e seu uso nas áreas da 
 comunicação;
• compreender os conceitos e o desenvolvimento da oralidade, da 
capacidade de se expressar verbalmente, dos regionalismos e 
neologismos;
• conhecer as técnicas de dicção na comunicação oral;
• discutir sobre o uso da voz na comunicação e na oratória;
• assimilar os conceitos de comunicação verbal e não verbal.
Objetivos de aprendizagem
2.1 Conceitos básicos da oratória 
Vídeo
A capacidade de falar, conversar, convencer e se comunicar repre-
senta uma das principais competências no mundo contemporâneo, 
tanto em contextos sociais, quanto educacionais e profissionais. A 
oratória é um dos temas mais abordados no contexto da formação 
de competências comportamentais em profissionais dos mais varia-
dos ramos de atuação. 
Centenas de livros, cursos de extensão, palestras e treinamentos 
são disponibilizados por instituições de ensino, tendo como foco o de-
senvolvimento da oratória. 
A palavra oratória, no contexto atual, muitas vezes remete à ideia de 
uma apresentação de uma pessoa para um determinado público, seja 
em um ambiente físico, em que o orador ocupa um púlpito, palco ou 
um local de destaque, e fale para a uma plateia, usando um microfone 
e slides projetados em uma tela, seja em um canal de comunicação 
como a televisão ou uma plataforma de streaming. 
Mas a arte da oratória não se restringe apenas a esse tipo de inte-
ração ou comunicação, ela está presente em grande parte das intera-
ções sociais que ocorrem entre os membros de uma sociedade. Como 
Oratória 37
apontava o Abade Trublet, já no ano de 1735: “Os homens estão em 
sociedade uns com os outros apenas pela comunicação mútua de seus 
pensamentos. A palavra, modificada de uma infinidade de maneiras, 
pela expressão do rosto, pelo gesto, pelos diferentes tons da voz, é o 
meio dessa comunicação” (Trublet, 1735. In: Caxito, 2009, p. 85).
A capacidade de se expressar de forma clara e objetiva não é 
 necessária apenas para os profissionais que precisam constantemente 
realizar exposições orais ou apresentações, como professores, pales-
trantes, treinadores ou políticos. Qualquer pessoa que queira partici-
par ativamente de seu grupo social, seja no trabalho, na comunidade 
ou na escola, precisa conhecer os conceitos e técnicas da oratória. 
Porém, falar em público é um dos grandes medos das pessoas. 
Como afirmam Marinho et. al (2019), esse temor está ligado a inse-
guranças com relação à imagem, à capacidade de se expressar, à 
percepção negativa da própria voz e ao receio de julgamento pela 
plateia. Assim, muitas pessoas evitam o ato de falar em público ou 
de fazer uma apresentação. 
Em uma pesquisa realizada com alunos de cursos superiores, os auto-
res identificaram que, quando se veem obrigados a realizar apresentações, 
muitos alunos apresentam sintomas como ansiedade, estresse, esqueci-
mento do conteúdo e diversos sintomas físicos, como suor e tremores. 
A oratória é conceituada por Portugal; Germinari (2010), como a 
 capacidade de usar o discurso e a fala para argumentar, com o ob-
jetivo de convencer outras pessoas. Já Moreira (2020, p. 2) define a 
oratória como:
a arte de falar em público, primeiro, porque a oratória é com-
posta de métodos de comunicação e linguagens (verbais e não 
verbais), segundo, porque envolve nesse processo a persuasão 
como um ponto central, e persuadir-se a si mesmo ou alguém, é 
um desafio, uma arte quase teatral, cheia de entonação, expres-
são, articulação, postura e empatia.
O fato de que muitos autores definem a oratória como uma arte 
pode levar à crença de que falar em público é um dom, uma capacidade 
que algumas pessoas apresentam de forma inata. 
Porém, como qualquer competência, a capacidade de falar bem em 
público pode ser aprendida. O conceito de competência, segundo Chia-
venato (2020) é composto por três pilares, como mostra a Figura 1:
38 Oratória e técnicas de apresentação
Conhecimento: 
Saber
• informações
• formação
• treinamento
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Chiavenato, 2020.
Habilidade:
Saber fazer 
• capacidade de realizar
• prática
• experiência
Atitude: 
Fazer acontecer
• realizar
• motivação
• comportamento
Ma
xim
 Ku
lik
ov
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Figura 1
Os pilares da competência
Relacionando o conceito da competência com a oratória, é 
 possível desenvolver os conhecimentos sobre o conjunto de 
 técnicas que podem ser utilizadas para realizar um discurso ou 
apresentação, por meio de cursos, livros, materiais de ensino e 
treinamentos. Já a habilidade será conquistada com a prática. 
Quanto mais oportunidades e experiência o indivíduo tiver, me-
lhor será sua capacidade de se expressar bem no contexto de uma 
apresentação. Mas para desenvolver essa habilidade, é preciso ter 
a atitude de querer realizar apresentações, sair de sua zona de 
conforto, enfrentar os medos e aprender. 
A importância da oratória não é um fenômeno contemporâneo. 
Desde as primeiras civilizações humanas, a capacidade de expor 
ideias e convencer sempre foi fundamental para aqueles que 
 buscavam se destacar entre os demais membros do grupo social. 
Ao longo dos séculos, a arte da oratória, suas técnicas, ferra-
mentas e os canais de comunicação utilizados evoluíram. O estudo 
da oratória sempre foi uma parte importante de diversas áreas do 
saber, como a filosofia, a política e a educação. No mundo contem-
porâneo, o uso da oratória pode ser relacionado a quatro objetivos 
principais, como mostra a Figura 2:
Oratória 39
Estimular a imaginação e 
a criatividade.
Possibilitar o 
entendimento e a 
compreensão.
Inspirar a determinação 
e incentivar a ação.
Despertar ou aumentar a 
motivação e a paixão por 
um tema.
Figura 2
Objetivos da oratória 
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Fonte: Elaborada pelo autor.
A estrutura do discurso realizado pelo orador depende do 
 objetivo que se pretende. Um discurso que busca estimular a criati-
vidade pode usar termos ligados a imaginação, a cenários positivos 
e idealizados. Já um discurso feito durante um treinamento ou aula 
pode ter o objetivo de promover o entendimento de um conceito 
ou ideia. Assim, usará uma linguagem descritiva e objetiva, com 
exemplos e explicações. Um discurso motivacional usa palavras 
positivas, um tom de voz animado e uma dinâmica agitada para 
 aumentar o interesse por um tema. Um discurso que busca inspi-
rar a determinação usará uma linguagem imperativa e orientativa, 
com palavras de ordem que incentivam a ação.
Os conceitos e técnicas da oratória estão presentes nas con-
versas entabuladas entre dois interlocutores, seja em uma reunião 
de trabalho ou social, em uma ligação, ou em qualquer oportu-
nidade na qual uma pessoa expõe suas ideias, crenças, valores, 
 conhecimentos e experiências; conta uma história, tenta convencer 
alguém ou procura argumentar sobre um tema, situação ou evento. 
40 Oratória e técnicas de apresentação
Esses discursos eram realizados na principal praça da cidade – 
 chamada de ágora – e era com base neles que leis, políticas e ações 
administrativas da cidade eram definidas. A cidade de Atenas se tornou 
um grande centro de estudo da oratória e da retórica. 
É nesse contexto que surgem os primeiros estudos sobre as técnicas 
da retórica e da oratória. Surgem também professores especializados em 
desenvolver, nos cidadãos e nos jovens das famílias mais ricas, a capaci-
dade de se expressar em público, competência que passou a ser consi-
derada como fundamental para a vida dos indivíduos. Conhecidos como 
sofistas, esses professores eram mestres na arte da retórica e da oratória. 
Segundo Almeida et. al (2018), a capacidade de argumentação 
dos sofistas mais destacados, como Protágoras e Górgias, era tão 
 desenvolvida que eles poderiam convencer a audiência a chegar a uma 
 conclusão falsa ou errada, mesmo usando argumentos formalmente 
válidos, a partir de fatos verdadeiros. O termo sofista passou a ter um 
sentido negativo, como alguém que usa sua capacidade de oratória 
para ludibriar o público. Como destacam Almeida et. al (2018, p. 3):
os sofistas foram intensamente criticados por filósofos da época, 
tais como Sócrates, e perderam gradativamente o prestígio, 
sendo no século XIX incorporadas concepções a esse respeito de 
maneira a deslegitimar o trabalho dos mestres da retórica e da 
oratória, gerando uma espécie de preconceito histórico.
Aristóteles (2019), um dos principais filósofos gregos, dedicou uma de 
suas principais obras à arte da oratória e da retórica. Composta por três li-
vros, a obra sobreviveu aos séculos e ainda hoje é leitura fundamental para 
aqueles que buscam conhecer os conceitos fundamentais da oratória.
No primeiro livro da obra, o filósofo se debruça sobre a estrutura 
do discurso, tomando como ponto de vista o emissor da mensagem. 
Faz uma crítica aos sofistas, que concentravam seus ensinamentos 
nos meios de persuasão e convencimento, sem levar em consideração 
 outros elementos da oratória. 
Segundo Yamin (2016), Aristóteles propõe que existem três gêneros 
diferentes de discurso, cada um deles com estruturas, formas e objeti-
vos distintos, como mostra a Figura 3:
Um exemplo da oratória 
judiciária, o vídeo Tribunal 
do Júri defesa criminal por 
Rodrigo Stochiero. Medo. 
Legítima defesa, do canal 
Rodrigo Stochiero, mostra 
o discurso de um advoga-
do no tribunal do júri da 
cidade de Campo Grande, 
no ano de 2019. Diversas 
técnicas de oratória, como 
o uso de modulações da 
voz e comunicação não 
verbal, são usados pelo 
orador para defender a 
sua tese.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=5boy-
2TPfiwo&t=123s. Acesso em: 24 
ago. 2022.
Vídeo
O vídeo Discurso de posse 
do presidente Kennedy - 
editado e legendado em 
português, do canal 
Marcos Marinho, traz o 
discurso de posse do 35º 
presidente americano. 
Realizado no ano de 1961, 
o discurso marca um 
momento no qual o mun-
do passava por tensões 
políticas, causadas pela 
guerra fria entre os EUA 
e a URSS. Kennedy fala 
de forma apaixonada, 
conclamando os cidadãos 
americanos a se unir para 
incentivar o crescimento 
do país. Sua frase mais 
significativa mostra 
esse objetivo: “Por isso, 
meus compatriotas, não 
perguntem o que seu país 
pode fazer por vocês, mas 
o que vocês podem fazer 
pelo seu país”.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=h-
O7G78ftPg. Acesso em: 24 ago. 
2022. 
Vídeo
2.2 Retórica e argumentação 
Vídeo
Os conceitos de oratória e retórica são intimamente relacionados. 
A retórica está relacionada à arte de construir argumentos sólidos, que 
usem a lógica e estruturas claras e bem referenciadas, que incluem 
 tanto aspectos emocionais quanto racionais. 
A oratória pode ser entendida como a arte de falar bem em público, 
ou seja, o uso de técnicas, ferramentas e competências relacionadas 
à capacidade de comunicação verbal e não verbal para realizar um 
 discurso eloquente, que transmita de forma adequada a informação à 
plateia. Já a retórica pode ser entendida como a arte de falar bem, seja 
qual for o contexto no qual ocorre o processo de comunicação. 
Esses dois conceitos são complementares, pois um discurso com boa 
retórica, ou seja, bem construído, com referenciais teóricos sólidos e estru-
tura lógica, mas que seja apresentado por alguém que não tenha a com-
petência da oratória, pode não alcançar o objetivo de convencer a plateia. 
Por outro lado, um bom orador, que saiba utilizar bem as técnicas 
de apresentação, mas que faz um discurso vazio e sem sentido, pode 
até iludir uma parte da plateia, mas não conseguirá convencer aqueles 
que tem a capacidade de analisar o conteúdo da fala. 
O estudo e a prática da retórica e da oratória como uma arte ou técnica 
estão presentes na história humana desde o desenvolvimento das primei-
ras civilizações. Segundo Portugal; Germinari (2010), a retórica e a oratória 
já eram ensinadas nas civilizações gregas e romanas na Idade Antiga. Nes-
sas sociedades, eram consideradas competências fundamentais para a 
formação do cidadão, habilitando-o a assumir posições na gestão pública.
Por volta do século V a.C., o modelo de governo adotado na cidade-
-estado de Atenas era baseado, segundo Barth et. al (2021), no poder 
da elite aristocrática. O fortalecimento do poder econômico das classes 
ligadas ao comércio levou ao surgimento de uma nova forma de gover-
no: a democracia. Nessa nova forma, todos os indivíduos considerados 
como cidadãos atenienses tinham o direito de expressar suas ideias, 
propostas e convicções sobre a gestão da cidade. 
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
Oratória 41
Esses discursos eram realizados na principal praça da cidade – 
 chamada de ágora – e era com base neles que leis, políticas e ações 
administrativas da cidade eram definidas. A cidade de Atenas se tornou 
um grande centro de estudo da oratória e da retórica. 
É nesse contexto que surgem os primeiros estudos sobre as técnicas 
da retórica e da oratória. Surgem também professores especializados em 
desenvolver, nos cidadãos e nos jovens das famílias mais ricas, a capaci-
dade de se expressar em público, competência que passou a ser consi-
derada como fundamental para a vida dos indivíduos. Conhecidos como 
sofistas, esses professores eram mestres na arte da retórica e da oratória. 
Segundo Almeida et. al (2018), a capacidade de argumentação 
dos sofistas mais destacados, como Protágoras e Górgias, era tão 
 desenvolvida que eles poderiam convencer a audiência a chegar auma 
 conclusão falsa ou errada, mesmo usando argumentos formalmente 
válidos, a partir de fatos verdadeiros. O termo sofista passou a ter um 
sentido negativo, como alguém que usa sua capacidade de oratória 
para ludibriar o público. Como destacam Almeida et. al (2018, p. 3):
os sofistas foram intensamente criticados por filósofos da época, 
tais como Sócrates, e perderam gradativamente o prestígio, 
sendo no século XIX incorporadas concepções a esse respeito de 
maneira a deslegitimar o trabalho dos mestres da retórica e da 
oratória, gerando uma espécie de preconceito histórico.
Aristóteles (2019), um dos principais filósofos gregos, dedicou uma de 
suas principais obras à arte da oratória e da retórica. Composta por três li-
vros, a obra sobreviveu aos séculos e ainda hoje é leitura fundamental para 
aqueles que buscam conhecer os conceitos fundamentais da oratória.
No primeiro livro da obra, o filósofo se debruça sobre a estrutura 
do discurso, tomando como ponto de vista o emissor da mensagem. 
Faz uma crítica aos sofistas, que concentravam seus ensinamentos 
nos meios de persuasão e convencimento, sem levar em consideração 
 outros elementos da oratória. 
Segundo Yamin (2016), Aristóteles propõe que existem três gêneros 
diferentes de discurso, cada um deles com estruturas, formas e objeti-
vos distintos, como mostra a Figura 3:
Um exemplo da oratória 
judiciária, o vídeo Tribunal 
do Júri defesa criminal por 
Rodrigo Stochiero. Medo. 
Legítima defesa, do canal 
Rodrigo Stochiero, mostra 
o discurso de um advoga-
do no tribunal do júri da 
cidade de Campo Grande, 
no ano de 2019. Diversas 
técnicas de oratória, como 
o uso de modulações da 
voz e comunicação não 
verbal, são usados pelo 
orador para defender a 
sua tese.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=5boy-
2TPfiwo&t=123s. Acesso em: 24 
ago. 2022.
Vídeo
O vídeo Discurso de posse 
do presidente Kennedy - 
editado e legendado em 
português, do canal 
Marcos Marinho, traz o 
discurso de posse do 35º 
presidente americano. 
Realizado no ano de 1961, 
o discurso marca um 
momento no qual o mun-
do passava por tensões 
políticas, causadas pela 
guerra fria entre os EUA 
e a URSS. Kennedy fala 
de forma apaixonada, 
conclamando os cidadãos 
americanos a se unir para 
incentivar o crescimento 
do país. Sua frase mais 
significativa mostra 
esse objetivo: “Por isso, 
meus compatriotas, não 
perguntem o que seu país 
pode fazer por vocês, mas 
o que vocês podem fazer 
pelo seu país”.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=h-
O7G78ftPg. Acesso em: 24 ago. 
2022. 
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=5boy2TPfiwo&t=123s
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
https://www.youtube.com/watch?v=h-O7G78ftPg
42 Oratória e técnicas de apresentação
Figura 3
Os gêneros do discurso
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Aristóteles, 2019.
Judiciário Deliberativo Epidíctico 
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O discurso judiciário  é aquele usado nos tribunais, tendo como 
objetivo principal a acusação ou defesa de um determinado cidadão ou 
indivíduo. É, ainda hoje, um dos mais destacados ramos da oratória e 
da retórica, sendo utilizado por advogados, promotores e juízes. 
Já o discurso deliberativo era usado – no período no qual o filósofo 
escreve sua obra – nas discussões desenvolvidas na Assembleia ou 
 Senado, com o objetivo de convencer os demais cidadãos da cidade. 
É a base da oratória hoje utilizada por políticos, que usam discursos 
inflamados e emocionais para convencer a população de suas ideias. 
Por fim, o discurso epidíctico – segundo Guedes (2014) – era utiliza-
do nas discussões pessoais ou públicas, nas quais o orador usa elogios, 
censura, críticas e exemplos para apresentar suas ideias e fazer com 
que o público analise, reflita, ou mude de opinião sobre um tema. É a 
base da oratória usada por líderes religiosos ou comunitários. 
No contexto atual, além dos tipos ou gêneros de oratória descritos 
por Aristóteles, pode se identificar um quarto tipo: a chamada oratória 
pedagógica, como mostra a Figura 4:
Figura 4
Principais tipos de oratória
Fonte: Elaborada pelo autor.
Oratória 
política
Oratória 
religiosa
Oratória 
forense
Oratória 
pedagógica 
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A oratória pedagógica tem por objetivo o desenvolvimento das 
ações e estratégias de ensino-aprendizagem. Tradicionalmente, ela era 
 desenvolvida em salas de aulas presenciais ou palestras, mas, com o 
Uma das mais atuantes 
ativistas ambientais da 
atualidade, Greta Thun-
berg coloca diversas emo-
ções, como raiva, angústia 
e indignação em suas 
falas. O vídeo Discurso na 
íntegra de Greta Thunberg 
nas Nações Unidas, do 
canal ONU News, traz o 
discurso realizado por ela 
na abertura da Cúpula so-
bre Ação Climática, no ano 
de 2019. A jovem, com 
apenas 16 anos na época, 
usa os recursos da orató-
ria para criticar políticos, 
empresários e capitalistas 
pelos impactos negativos 
da ação humana sobre o 
meio ambiente.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=mbnRv81s_9Q. Acesso 
em: 24 ago. 2022. 
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=mbnRv81s_9Q
https://www.youtube.com/watch?v=mbnRv81s_9Q
https://www.youtube.com/watch?v=mbnRv81s_9Q
Oratória 43
 desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, a 
 oratória pedagógica – assim como os demais tipos de oratória – passou 
por uma profunda transformação, e pode usar meios de comunicação 
como transmissões ao vivo via streaming, vídeos pré-gravados, áudios 
e outras plataformas. 
O segundo livro da obra de Aristóteles é dedicado a discutir a retórica 
a partir do ponto de vista do receptor da mensagem. Segundo Silva (2010) 
o filósofo mostra como as emoções, sentimentos e motivações do indiví-
duo interferem no entendimento do discurso e da mensagem. As diversas 
emoções detalhadas por Aristóteles são apresentadas no Quadro 1:
Quadro 1
As emoções da plateia 
Emoção Características Como pode ser usada pelo orador
Ira Dor, vexame, insatisfação
Criar sensação de vingança. Incitar ação contra 
um adversário. 
Calma Paz, prosperidade, justiça
Pacificar a plateia, colocar os ouvintes em estado 
de bem-estar.
Amizade Amor, empatia, lealdade
Fazer com que a plateia entre em sintonia uns 
com os outros.
Inimizade Benefício próprio, cólera
Incitar a plateia contra uma pessoa ou grupo de 
pessoas.
Temor Medo, perigo, perturbação
Levar a plateia a acreditar que algo muito ruim 
pode acontecer.
Confiança Certeza, tranquilidade, paz
Mostrar que os riscos e situações negativas estão 
sob controle.
Vergonha Perturbação, constrangimento
Julgar. Mostrar que ações negativas geram 
 consequências.
Desvergonha Desprezo, insensibilidade
Incitar o preconceito contra pessoas ou grupos 
sociais.
Amabilidade Piedade, empatia, gratidão
Motivar a postura de ajuda ao próximo. Incentivar 
a empatia.
Piedade Pena, compaixão
Motivar a postura de ajuda àqueles que sofrem 
uma injustiça. 
Indignação Revolta, sensação de injustiça
Unir contra situação ou pessoa que adota uma 
postura injusta.
Inveja Ambição, injustiça, comparação
Criar imagem de que alguém não merece a 
 posição que alcançou. Incitar a plateia contra 
uma pessoa de destaque.
Emulação Competitividade, disputa
Mostrar que todos podem alcançar seus 
 objetivos, comparar a situação de cada um com 
um modelo ou pessoa bem-sucedida. 
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Aristóteles, 2019.
44 Oratória e técnicas de apresentação
É possível observar as diversas emoções e as estratégias de 
 construção de discurso apontadas por Aristóteles nos oradores 
 contemporâneos. Emoções como ira,inimizade, temor e desvergonha 
são bastante exploradas por políticos, especialmente aqueles que ado-
tam posturas mais radicais e extremas.
Calma, amizade, confiança, amabilidade e piedade são emoções que os 
oradores religiosos utilizam com frequência em seus discursos. Já oradores 
que representam grupos sociais, comunitários ou culturais usam a indig-
nação nos discursos. A emulação é a base dos discursos de autoajuda e de 
motivação. 
O terceiro livro da obra de Aristóteles dedica-se à retórica, tendo 
como foco a estrutura do discurso e a mensagem. O filósofo aborda a 
importância da clareza de ideias, da correta dicção e uso da voz, ritmo e 
das técnicas da oratória para que o discurso atinja seus objetivos. 
Para Aristóteles (2019), o discurso é dividido em três diferentes 
elementos. O ethos está relacionado à figura do orador, seu conhe-
cimento e sua capacidade de transmitir credibilidade e gerar empatia 
na plateia. No mundo contemporâneo, o ethos pode ser relacionado à 
marca pessoal construída pelo orador. Um professor, em geral, trans-
mite credibilidade ao público, pois seu discurso está sedimentado em 
um sólido referencial teórico e seu conhecimento é reconhecido pelos 
órgãos e institutos que o credenciaram a atuar na profissão.
Por outro lado, oradores que realizam discursos políticos nem 
 sempre transmitem total credibilidade ao público, e suas motivações, 
dados e argumentos podem ser questionados por parte da plateia. 
O segundo elemento do discurso é o páthos, que para Galinari 
(2011), está relacionado ao conteúdo subjetivo, emocional e motivacio-
nal do discurso, que deve não apenas convencer a plateia, mas desper-
tar sentimentos como compaixão, medo, empatia ou paixão, levando-a 
a tomar uma ação efetiva. 
Por fim, o logos é um último elemento do discurso, segundo Aris-
tóteles (2019), e está relacionado aos referenciais teóricos, à base de 
conhecimento e à estrutura lógica do discurso. Os pontos a serem de-
fendidos ou questionados pelo discurso devem ser claros e apresen-
tados em uma sequência lógica, para que a plateia possa entender o 
encadeamento das ideias. 
Obra fundamental para 
o estudo da oratória, o 
livro Retórica é escrito por 
ninguém menos que Aris-
tóteles, um dos principais 
filósofos gregos e discípulo 
de Platão. Apesar de não 
ser um orador, Aristóteles 
faz uma profunda análise 
dos componentes do 
discurso e das técnicas da 
oratória. Traz conceitos 
fundamentais sobre o tema, 
e se mantém uma leitura 
atualizada e relevante no 
mundo contemporâneo. 
ARISTÓTELES. 1 ed. São Paulo: 
Edipro, 2019.
Livro
Oratória 45
2.3 Oralidade 
O acelerado desenvolvimento das tecnologias da informação e da 
comunicação, especialmente a internet, as redes sociais e os aplicativos 
de mensagens instantâneas, transformou os processos de comunica-
ção nos diversos contextos do cotidiano dos indivíduos, como o profis-
sional, social e educacional. 
A facilidade com que as informações são geradas, transmitidas e 
compartilhadas impactou a própria forma como as pessoas se comu-
nicam. Uma das características que podem ser observadas, nesse con-
texto, é uma valorização da fala e da oralidade. 
Vídeos postados em canais da internet e podcasts substituíram os 
jornais impressos. Mensagens de áudio ocuparam o espaço de cartas 
e dos e-mails. Audiolivros são cada vez mais utilizados por alunos e 
pessoas que buscam aprender novas competências. 
Como destaca Furst (2017), a linguagem usada nas comunicações 
cotidianas é predominantemente oral. Seja na escola, no trabalho ou 
em situações sociais, os indivíduos constantemente se encontram em 
situações nas quais precisam realizar apresentações, defender suas 
opiniões e convicções frente a um público ou a um grupo, apresentar 
trabalhos, resultados, participar de entrevistas ou de reuniões.
Em todos esses contextos, a oralidade ocupa um papel central no 
 processo de comunicação. A oralidade e a palavra falada antecedem 
a escrita; é a partir da comunicação oral que se desenvolveu a escrita. 
Furst (2017) destaca o fato de que, das cerca de quase três mil línguas 
faladas atualmente no mundo, apenas uma centena conta com um pa-
drão de escrita e gramática organizada a ponto de possibilitar o desen-
volvimento de uma literatura.
Durante a leitura de um texto, ele é traduzido para a comunicação 
oral, e mesmo ao ler um texto sem vocalizá-lo, a pessoa “ouve” as pala-
vras em sua mente, transformando os sinais gráficos da escrita em som.
Apesar do papel central da oralidade na comunicação, o processo 
educacional brasileiro é baseado no desenvolvimento da linguagem e 
da comunicação escrita. Como destacam Nogueira; Faria (2013, p. 1):
Vídeo
Para o filósofo, as três partes ou elementos do discurso precisam 
ser coesos e bem relacionados, para que o orador atinja seus objetivos.
46 Oratória e técnicas de apresentação
Mesmo com as atuais discussões acerca da necessidade de se 
reavaliar o processo de ensino e aprendizagem de Língua Por-
tuguesa decorre há vários decênios, as unidades escolares per-
sistem em desenvolver as aulas de Língua Portuguesa pautadas 
essencialmente na produção escrita, desincentivando a expres-
são oral do aluno, condição de irrefutável relevância para sua 
interação social.
A própria forma como o meio acadêmico se refere aos processos 
de aprendizagem da linguagem remetem à centralidade da comuni-
cação escrita na educação. Como destacam Oliveira; Silva (2021), os 
termos alfabetização e letramento embutem em si o conceito de que 
para aprender a linguagem, é preciso dominar e conhecer os símbolos, 
letras, regras e a gramática da língua escrita. Ou seja, ser alfabetizado 
ou ser letrado é aprender a codificar a comunicação oral em escrita e, 
também, saber decodificar um texto. 
Para Furst (2017), a valorização da oralidade no ensino tem ganhado 
mais destaque nos últimos anos, especialmente a partir da publicação 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que orientam o desen-
volvimento dos conteúdos e metodologias a serem desenvolvidos 
pelas escolas. O documento reafirma a importância do desenvolvi-
mento de todas as modalidades da comunicação como ocorrem nos 
contextos cotidianos do aluno, tendo a oralidade e a escuta tanta 
 importância quanto a escrita e a leitura: 
Dada a importância da linguagem na mediação do conhecimento, 
é atribuição de todas as áreas, e não só da de Língua Portu-
guesa, o trabalho com a escrita e a oralidade do aluno no que 
for essencial ao tratamento dos conteúdos. [...] O exercício 
do diálogo na explicitação, contraposição e argumentação de 
ideias é fundamental na aprendizagem da cooperação e no 
 desenvolvimento de atitudes de confiança, de capacidade para 
interagir e de respeito ao outro. (BRASIL, 1998, p. 41)
O ensino da oralidade no contexto escolar embute ainda outro 
 desafio. Enquanto as regras da língua escrita, mais formais e rígidas, 
evoluem de forma lenta e controlada pelos acordos ortográficos e ou-
tras normas, a língua falada está em constante mutação e evolução. 
Gírias, novos termos e neologismos são constantemente criados e pas-
sam a ser usados por grupos, parcelas da população ou até mesmo 
pela totalidade dos falantes da língua. 
Oratória 47
Boudens (2017) analisa o impacto da internet e das redes sociais 
sobre a linguagem falada pelos jovens alunos dos ensinos básico e 
 fundamental. Segundo a autora, os nativos digitais – isto é, os indiví-
duos que nasceram após a popularização da internet e dos telefones 
celulares – aprenderam a se comunicar a partir das interações com o 
meio digital. Para a autora, é um novo dialeto que surge: o internetês.
Assim, a comunicação oral desses indivíduos é marcada por carac-
terísticas relacionadas ao meio digital. Como explicam Sousa; Lima 
(2020), o internetês é repleto de termos em outras línguas, frases e 
palavras abreviadas, siglas, uso de sinais de pontuação repetidos, gírias 
e símbolos. Esses últimos surgem, são usados, se tornam recorrentes e 
– coma mesma rapidez – deixam de ser utilizados. A língua falada, que 
historicamente sempre evoluiu e mudou, passou a ser ainda mais viva. 
Além de mudar a forma como os indivíduos se comunicam 
 oralmente, o internetês também é cada vez mais utilizado na linguagem 
escrita. Empresas usam frases com as características desse novo diale-
to em suas comunicações de marketing, como forma de estabelecer 
um vínculo emocional com os jovens. Blogs, sites e livros voltados a 
esse público passam a transcrever, para os textos, a forma de falar e de 
construir frases típicas da internet. 
Até mesmo nas salas de aula e nos planos de ensino 
dos professores, a linguagem formal começa a passar por 
 transformações. Para Boudens (2017, p. 1896): 
essa linguagem, em virtude de apresentar estruturas diferentes 
da língua portuguesa na variedade culta, ainda divide opiniões 
no cenário educacional: alguns professores defendem que ela 
atrapalha e que prejudica a escrita dos alunos, enquanto outros 
julgam pertinente reconhecer o valor linguístico dela. De fato, 
não se pode negar o uso dessa linguagem e muito menos fingir 
que ela não existe. Apenas tecer críticas negativas ao “internetês” 
não vai fazê-lo deixar de ser utilizado.
A constante evolução da linguagem falada mostra a importância da 
oralidade nos diversos contextos da vida cotidiana. O desenvolvimento 
da capacidade de se expressar oralmente é fundamental para que os 
indivíduos possam atuar em sociedade e ocupar espaços sociais, pro-
fissionais e educacionais.
No vídeo Rodrigo Maia 
fala sobre o internetês, 
a língua da internet, do 
canal Record News, o 
professor de português 
Rodrigo Maia fala sobre 
a influência da internet 
e das redes sociais no 
 desenvolvimento de 
novas palavras e formas 
de alfabetização de 
crianças e adolescentes. 
O professor mostra 
exemplos de mensa-
gens, palavras e frases 
usadas nos aplicativos de 
mensagens e aborda a 
adequação da linguagem 
com o contexto no qual 
está sendo utilizada.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=pCVAgXE5_cE. Acesso 
em: 24 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=pCVAgXE5_cE
https://www.youtube.com/watch?v=pCVAgXE5_cE
https://www.youtube.com/watch?v=pCVAgXE5_cE
48 Oratória e técnicas de apresentação
2.4 Dicção
Vídeo
Um importante elemento da oratória é a dicção, que pode ser 
 conceituada como a forma com que o indivíduo articula e pronuncia 
as palavras durante a fala. Segundo Behlau, Pontes e Moreti (2018), a 
dicção está relacionada tanto a fatores físicos, como a saúde e as es-
truturas dos órgãos fonadores, quanto a fatores culturais, regionais e 
educacionais, como sotaques, desenvolvimento da oralidade, extensão 
do vocabulário e conhecimento da língua. Fatores psicológicos, como 
estresse, ansiedade, raiva ou tristeza também podem afetar, de forma 
temporária, a dicção de uma pessoa. 
Do ponto de vista físico, diversos órgãos estão relacionados à dicção. 
Lábios e língua são os mais diretamente relacionados à capacidade de 
fala, mas outras estruturas, como a arcada dentária e o palato, podem 
interferir na dicção. 
Por exemplo, uma afta, ou seja, uma ferida na língua ou nas 
 bochechas, segundo Boraks (2009), pode mudar completamente a 
 dicção de algumas palavras. Da mesma forma, o uso de um aparelho 
ortodôntico ou a retirada de um dente podem interferir na capacidade 
do indivíduo pronunciar corretamente determinadas sílabas. 
Já do ponto de vista cultural ou regional, como explica Hoepfner 
(2018), o desenvolvimento da fala e da oralidade, na criança, é marcado 
por fatores como o sotaque e o nível de desenvolvimento do vocabu-
lário. No sotaque dos nativos do estado de Minas Gerais, por exemplo, 
muitas palavras, letras e sílabas são aglutinadas, formando novas pala-
vras ou excluindo sílabas ou terminações. O sotaque do Estado de São 
Paulo, principalmente nas cidades do interior, é marcado pelo uso da 
consoante “R” de forma arrastada, enquanto no Rio de Janeiro é a con-
soante “S” que ganha destaque. 
Os sotaques brasileiros são tão claramente definidos que po-
dem ser identificados até mesmo por sistemas de informações e 
inteligências artificiais. Tostes et. al (2021) desenvolveram um apli-
cativo que consegue identificar, a partir de áudios, a região na qual 
o falante foi educado. 
Oratória 49
De acordo com Lima (2018), problemas de dicção, principalmente 
aqueles relacionados à fatores físicos, podem surgir logo nos primeiros 
anos do desenvolvimento da oralidade na criança. Se não forem adequa-
damente tratados, podem gerar problemas de fala na idade adulta que, 
para serem sanados, dependerão de muito mais esforço e dedicação. 
Muitos indivíduos não têm consciência de seus problemas de dicção, 
principalmente aqueles relacionados a fatores culturais, pois convi-
vem com pessoas que apresentam as mesmas características de fala. 
 Somente quando são colocados em uma situação na qual precisam exer-
citar a oratória, como uma apresentação, uma palestra ou a gravação de 
um vídeo, que percebem os impactos dos problemas de dicção sobre a 
capacidade de transmitir adequadamente uma mensagem.
Dentre os problemas mais comuns de dicção, Santos; Oliveira (2016) 
citam a inversão de letras (como a troca da letra “R” pela letra “L” em 
 problema/ploblema), a inclusão de letras, sílabas ou fonemas nas palavras 
(como nós/nois, advogado/adevogado), a omissão de letras (em especial 
da letra “S” como indicadora do plural no final da palavra) e a pronúncia 
equivocada de determinadas palavras, como mostra o Quadro 2:
Quadro 2
Palavras pronunciadas na oralidade.
Como são pronunciadas Pronúncia de acordo com a norma padrão
Asterístico Asterisco
Beneficiente Beneficente
Bicabornato Bicarbonato
Célebro Cérebro 
Estrupo Estupro 
Indiota Idiota 
Iorgute Iogurte 
Menas Menos 
Metereologia Meteorologia
Mortandela Mortadela 
Previlégio Privilégio
Seje  Seja 
Sombrancelha Sobrancelha 
Tauba Tábua 
Trabisseiro Travesseiro 
Fonte: Elaborado pelo autor.
50 Oratória e técnicas de apresentação
A boa dicção é fundamental para a comunicação, especialmente 
na oratória, pois possibilita que os interlocutores compreendam a 
 mensagem e ajuda na construção da imagem pessoal do orador, ao 
transmitir segurança, boa cultura e credibilidade. 
Alguns exercícios e treinamentos podem ser utilizados para melhorar 
a dicção. Gravar a própria voz fazendo um discurso, lendo um texto ou 
falando normalmente durante uma conversa possibilita identificar e to-
mar consciência dos possíveis problemas de fala e de pronúncia. 
A partir dos problemas identificados na fala, é possível utilizar 
exercícios específicos para melhorar a dicção. Caso se identifique, por 
exemplo, um problema de pronúncia de determinadas palavras, um 
sotaque exagerado que dificulte a compreensão das palavras ou o uso 
de uma muleta verbal (a repetição de palavras ou expressões, como 
“né”, “assim”, “tipo”), a pessoa pode tentar refazer o discurso tomando 
o cuidado de evitar esses problemas.
Atuo como treinador e palestrante desde o ano de 2000 e como 
 professor universitário desde 2005. Sou nascido em Minas Gerais 
e, por ter vivido em vários estados diferentes, considerava que meu 
sotaque mineiro não era muito perceptível. Ao gravar minha primeira 
videoaula, no ano de 2007, percebi como usava com muita frequência 
a aglutinação de palavras e sílabas e a omissão de letras, típicas do 
sotaque mineiro. Também percebi o uso exagerado da muleta verbal 
“né”, no final de cada frase. A partir dessa experiência, busquei um 
fonoaudiólogo para melhorar minha dicção, ainda hoje o sotaque é 
perceptível, mas melhorei muito a pronúncia das palavras.
Exemplo
O uso de exercícios conhecidos como trava línguas é uma ótima for-
ma de melhorar a dicção e a pronúncia das palavras. Esse tipo de exercí-
cio, composto de frases que utilizam fonemas difíceis de serem falados 
rapidamente, possibilita desenvolver a capacidade de articulação da 
fala. São exemplos de exercíciostrava línguas:
 • Atrás da pia tem um prato, um pinto e um gato. Pinga a pia, para 
o prato, pia o pinto e mia o gato.
 • A vaca malhada foi molhada por outra vaca molhada e malhada.
 • O veio Veiga vende aveia.
 • Seja sua sucessão de sucessos sucessivos.
 • O princípio principal do príncipe principiava principalmente no 
princípio principesco da princesa.
Oratória 51
A prática da leitura em voz alta, articulando bem as palavras e as 
consoantes, é outra ferramenta que ajuda na melhoria da dicção. Essa 
leitura pode ser feita de forma mais lenta, para que cada palavra seja 
lida de forma correta, evitando aglutinações ou erros de pronúncia. 
A leitura também ajuda na melhoria do vocabulário, tornando a fala 
mais rica e expressiva. 
Questões de postura e de respiração também podem interferir na 
dicção. A correta respiração, principalmente em palestras e apresen-
tações, é fundamental para manter o ritmo, a prosódia, o volume e 
o timbre da voz. Ao ficar ansiosa, durante a fala, a pessoa pode ficar 
 ofegante e realizar paradas e cortes inadequados nas frases. 
A respiração também está ligada a questões posturais. A posição do 
orador pode ter grande impacto sobre o controle da respiração e da voz. 
Ao ficar em pé, é possível controlar melhor o diafragma, o que possibilita 
usar a voz de forma mais firme e segura. Ao se sentar, o orador perde sua 
liberdade de movimentos e tem sua respiração dificultada. Uma postura 
ereta, ao se sentar, pode ajudar a manter o controle da respiração.
Os exercícios recomendados devem ser realizados com frequência 
e regularidade, como forma de melhorar a dicção e a pronúncia das 
 palavras. Já nos momentos que antecedem uma apresentação ou 
 discurso, outros exercícios podem ajudar o orador a relaxar e se 
 concentrar. O relaxamento da voz pode ser feito com a repetição 
de palavras, a emissão de ruídos que forcem a vibração das cordas 
 vocais. Um exemplo desse tipo de exercício é fechar as narinas usan-
do os dedos e, ao mesmo tempo, emitir um som semelhante a um 
zumbido de um inseto, durante alguns segundos. A vibração causa-
da pelo som na boca, língua e garganta ajuda a relaxar as estruturas 
dos órgãos fonadores. 
Outro exercício recomendado por fonoaudiólogos é fazer 
 movimentos faciais, como caretas, abrir e fechar a boca de forma 
 exagerada e falar trava línguas ou frases complexas e rimas. Esse 
 exercício destrava os músculos usados na pronúncia e ajuda na arti-
culação da fala. Realizar gargarejos apenas com água também ajuda a 
limpar a garganta e preparar as cordas vocais para o exercício da fala. 
Pessoas que farão apresentações ou discursos com frequência, 
como professores, treinadores, palestrantes, advogados ou políticos, 
podem buscar a ajuda de um profissional da fala, como um treinador 
52 Oratória e técnicas de apresentação
vocal ou um fonoaudiólogo. É um investimento seguro para aqueles 
que querem desenvolver tanto sua capacidade de oratória quanto me-
lhorar o uso da voz. 
2.5 Ferramentas da voz 
Vídeo
Na oratória, a competência de usar a voz da forma adequada a cada 
momento do discurso é fundamental. Treasure (2011) afirma que a voz 
é um poderoso instrumento quando se pretende expor ideias, valores, 
posições, com o objetivo de convencer uma ou mais pessoas. Para o 
autor, uma série de ferramentas possibilita o uso da voz de forma mais 
efetiva nos processos de comunicação, especialmente na oratória, 
como mostra a Figura 5:
Figura 5
As ferramentas da voz
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Treasure, 2011.
ProsódiaTimbreRegistro Ritmo Volume
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O registro está relacionado aos tipos de vozes, tais como falsete (um 
registro de voz mais agudo) e baixo (o registro mais grave). No can-
to lírico, segundo Cruz e Loureiro (2020) as vozes são classificadas em 
diversos tipos: baixo, barítono e tenor, mais comumente observadas 
em homens; e soprano, mezzo e contralto, geralmente encontradas em 
vozes femininas. O falsete é um registro ainda mais agudo, que normal-
mente é usado durante breves momentos, no canto e na fala.
O registro é uma característica específica da voz de cada pessoa, mas 
pode ser trabalhado com exercícios de fonoaudiologia. Novaes (2022) 
 explica que é possível, com o treinamento adequado, alternar entre aquilo 
que chama de voz de cabeça, que gera um som mais leve e brilhante, e a 
voz de peito, que tem um registro mais denso e em geral mais grave. 
Para a autora, a voz de cabeça, por ser usada mais frequentemen-
te na fala, é mais natural. Já a voz de peito é chamada pela autora de 
voz fingida, pois transmite a impressão de ser empostada e forçada. 
Oratória 53
Já para Treasure (2011), no contexto da oratória, vozes mais graves 
 transmitem mais segurança, e passam uma sensação de credibilidade, 
poder e autoridade, envolvendo a plateia, enquanto vozes mais agudas 
podem transmitir fragilidade e insegurança. 
Outra ferramenta da voz é o timbre, que está relacionado à 
 percepção da voz do orador pelo ouvinte. Pereira (2012) compara o 
timbre da voz à cor de um objeto e explica que o timbre transmite a 
emoção do orador. Através da modulação da voz, entonação, dicção e 
pronúncia de consoantes e vogais, o timbre pode transmitir emoções 
como tristeza, alegria, raiva e medo. Treasure (2011) afirma que os 
 ouvintes preferem vozes ricas, suaves e carregadas de emoção.
A próxima ferramenta da voz, segundo Treasure (2011), é a prosódia, 
o que o autor chama de melodia da voz. De acordo com Silveira (2018), 
a prosódia é uma parte do estudo da gramática relacionada ao uso da 
 entonação, acento, ritmo, intensidade e duração durante a fala. Um orador 
que sabe usar a prosódia faz um discurso melodioso, em que alterna o tom 
da voz, destaca palavras e fonemas específicos para chamar a atenção para 
um ponto ou ideia, acelera ou retarda o ritmo, aumenta e diminui a intensi-
dade, de acordo com o texto e a impressão que deseja passar. 
Na oratória, o contrário da prosódia é o discurso monotônico, ou seja, 
quando o orador usa sempre o mesmo tom, ritmo, altura e intensidade 
durante o discurso. Discursos monótonos são cansativos e pouco interes-
santes. A constância do ritmo e da altura da voz, sem as variações trazidas 
pela prosódia, diminuem o interesse da plateia e distraem a atenção. 
O ritmo é uma ferramenta que pode ser usada, durante o discurso, 
para destacar ideias centrais que o orador deseja salientar. Um rit-
mo de fala mais rápido e acelerado traz uma sensação de empolga-
ção e anima a plateia. Por outro lado, como destaca Treasure (2011), 
as pausas e o silêncio dão peso a uma afirmação e criam espaços no 
 discurso para que a plateia possa refletir sobre um determinado ponto. 
Assim como ocorre com a prosódia, o orador deve variar o ritmo de sua 
fala para criar um dinamismo na apresentação. Uma fala sempre acelerada, 
como a utilizada pelos locutores de corridas de cavalo, pode ser engraçada 
e interessante por alguns minutos, mas é cansativa e não possibilita que a 
plateia compreenda e reflita sobre o que está sendo dito. Por outro lado, 
uma fala arrastada e lenta pode dispersar a atenção da plateia. 
Um dos mais conhecidos 
e premiados atores ameri-
canos, Morgan Freeman 
emprega sua voz grave e 
melodiosa como narrador 
de documentários. A 
profundidade do registro 
da voz do ator transmite 
serenidade e seriedade 
à narração, por isso, 
Freeman é constante-
mente convidado para 
atuar como apresenta-
dor de programas que 
abordam temas religiosos 
ou filosóficos, como no 
vídeo Trailer: A História de 
Deus, do canal National 
Geographic Brasil, que 
traz uma prévia de um 
documentário produzido 
pelo canal.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=P8T_
RqcwgBE. Acesso em: 24 ago. 2022.
Vídeo
Martin Luther King Jr. foi 
um dos mais destacados 
líderes do movimento 
de luta pelos diretos 
civis nos EUA. No vídeo 
Eutenho um discurso de 
sonho de Martin Luther 
King .Jr HD (subtitulado) 
(Remasterizado) é possível 
observarmos a prosódia 
de King, uma das razões 
da qualidade do discurso, 
que alterna pausas e 
silêncios com momentos 
de grande intensidade 
vocal. 
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=vP4iY1TtS3s. Acesso em: 
24 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=P8T_RqcwgBE
https://www.youtube.com/watch?v=P8T_RqcwgBE
https://www.youtube.com/watch?v=P8T_RqcwgBE
https://www.youtube.com/watch?v=vP4iY1TtS3s
https://www.youtube.com/watch?v=vP4iY1TtS3s
https://www.youtube.com/watch?v=vP4iY1TtS3s
54 Oratória e técnicas de apresentação
Já o volume está relacionado à altura ou quantidade de decibéis 
 alcançados pela voz. Locutores que trabalham em lojas de varejo ou 
 supermercados, ou em festas como rodeios e exposições, costumam 
falar em voz alta, mesmo usando aparelhos amplificadores da voz, 
como microfones e caixas de som. Aumentar o volume da voz em uma 
determinada frase ou momento pode chamar a atenção da plateia, 
destacar uma ideia ou gerar comoção. Porém, um discurso falado total-
mente em alto volume, quase aos gritos, é irritante e cansativo. 
Por outro lado, abaixar o volume da voz ao fazer uma pergunta ou 
afirmação, principalmente se este momento é seguido de uma pequena 
pausa ou silêncio, pode dar peso e levar a plateia a refletir sobre o que 
está sendo dito. 
A capacidade de utilizar as diversas ferramentas da voz não trans-
forma, isoladamente, um indivíduo em um bom orador. Outros ele-
mentos, como a retórica, o conhecimento do tema, a capacidade de 
 estabelecer uma relação de empatia com a plateia e a comunicação 
não verbal também são fundamentais na oratória. Mas a voz, como 
instrumento, é fundamental para que o orador possa usar o discurso 
para atingir seus objetivos. 
2.6 Comunicação verbal e não verbal
Vídeo
Nos processos de comunicação, diversos tipos de linguagens podem 
ser usados na transmissão da mensagem do emissor para o receptor. 
 Segundo Parry (2017), a depender do tipo de canal de comunicação 
utilizado (auditivo, visual ou sinestésico), o orador pode utilizar de for-
ma mais intensa linguagens baseadas na fala, no uso de sinais ou na 
comunicação não verbal. 
A comunicação não verbal é composta por posturas, gestos, 
 expressões faciais e movimentos corporais que podem ser usados de for-
ma isolada ou em conjunto com a linguagem falada como forma de me-
lhorar a comunicação e transmitir informações diversas ao interlocutor. 
Segundo Mantovani; Ribeiro (2018), a leitura das mensagens e infor-
mações transmitidas pela linguagem corporal possibilita captar uma 
série de informações sobre as emoções, reações e interações que ocor-
rem durante a interlocução. 
Considerada um dos 
maiores clássicos da 
 música, Bohemian 
 Rhapsody, composta 
por Freedie Mercury 
e interpretada pela 
banda inglesa Queen, 
tem diversos segmentos 
com estruturas musicais 
diferentes. Em cada um 
dos momentos da música, 
Mercury muda o timbre 
e a emoção transmiti-
da pela voz: na parte 
inicial, o timbre é suave 
e delicado; na segunda 
parte, o timbre usado é 
carregado de ansiedade e 
conflito; na terceira parte. 
a voz transmite raiva e 
enfrentamento; e na parte 
final, o timbre volta a ser 
melodioso e sereno.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=fJ9rUzIMcZQ. Acesso em: 
24 ago. 2022.
Música
https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ
https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ
https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ
Oratória 55
Um dos mais importantes cientistas da história humana, Charles 
Darwin identificou a importância da comunicação não verbal tanto entre 
os animais quanto na sociedade humana. Em sua obra A expressão das 
emoções no homem e nos animais – publicada originalmente em 1872 – 
Darwin (2009) demonstra que uma parte significativa da comunicação 
estabelecida entre os indivíduos de uma espécie é baseada em gestos, 
sinais, posturas, expressões e movimentos. Como destacam Murini; Lu-
quetti; Bento (2018, p.14): 
Analisa-se que o processo de comunicação face a face é com-
posto por 55% de mensagens corporais (linguagem do corpo), 
38% de expressões vocais (tom de voz) e 7% de palavras faladas 
(conteúdo). Mensagens não-verbais são ponderadas mais fran-
cas que as demais. A maior parte desses sinais são considera-
dos de difícil domínio, pois são emitidos de forma involuntária 
e inconsciente. São sinais indicativos de personalidade, status e 
nível de receptividade dos comunicadores, considerados fontes 
importantes de informações [...].
O uso da comunicação não verbal é aprendido pelo indivíduo até 
mesmo antes do desenvolvimento da comunicação verbal. Por isso, 
segundo Nogueira; Faria (2013), pode ocorrer de forma inconsciente, 
durante o processo de comunicação, transmitindo informações que 
podem estar desalinhadas com o discurso falado. 
A percepção da discrepância entre a mensagem oral e a comuni-
cação não verbal pode fazer o interlocutor se sentir desconfortável 
ou inseguro com o que está sendo dito, mesmo que isso ocorra de 
forma subliminar. 
De forma complementar, Gois; Nogueira; Vieira (2011) salientam 
que a comunicação não verbal pode expor as verdadeiras intenções 
do emissor, o que, dependendo do contexto em que ocorre a comu-
nicação, pode favorecer ou, ao contrário, dificultar o entendimento.
A comunicação não verbal também pode ser usada de forma 
consciente pelo emissor, para reforçar ideias, destacar pontos, 
mostrar emoções ou criar motivação e credibilidade. Diversas ca-
tegorias de características compõem a comunicação não verbal, 
como mostra a Figura 6: 
56 Oratória e técnicas de apresentação
Proxêmica
Aparência física
Cinésica
Ambiente
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Figura 6
Características da comunicação não verbal
Fonte: Elaborada pelo autor.
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A comunicação proxêmica é definida por Mantovani; Ribeiro (2018, 
p. 5-6) como o estudo do uso do espaço pelos interlocutores durante o 
processo de comunicação. A característica proxêmica da comunicação 
não verbal está relacionada à distância adotada pelos interlocutores 
 durante o processo de comunicação. Os autores relacionam a distância 
ao nível de intimidade dos interlocutores e a classificam em quatro tipos: 
a) Distância íntima (0-50) ocorre contato físico através de pequenos 
movimentos; a visão, o cheiro e o calor do corpo são perceptíveis; 
b) Distância pessoal (50-120 cm), não há contato corporal; o calor e 
o odor do outro não são perceptíveis; c) Distância social (120- 360 
cm), não há contato físico e o tom de voz é normal; d) Distância 
pública (acima de 360) refere-se àquela mantida nas conferências 
e comícios, a voz pode ser alta e o contato visual opcional.
A aparência física é uma importante característica da comunicação 
não verbal. O tipo de roupa, acessórios, cabelo e outras características 
físicas podem transmitir diversas informações, como confiança, conhe-
cimento, segurança ou, por outro lado, ansiedade e despreparo para o 
momento.
É importante salientar que não se pode afirmar que exista um tipo 
de aparência ou de vestuário corretos. É a adequação do vestuário 
ao ambiente e ao contexto no qual a comunicação ocorre que pode 
 influenciar as percepções dos interlocutores. 
Motta; Oliveira (2021) analisaram o vestuário adotado por profissio-
nais que trabalharam no regime de home office durante o período de 
quarentena da pandemia causada pelo COVID-19. 
Doutor em filosofia, Mario 
Sérgio Cortella se tornou 
um dos mais conhecidos 
palestrantes brasileiros 
nos últimos anos. Além da 
qualidade de seu discurso 
e de suas argumentações, 
Cortella é um excelente 
orador, usando as diver-
sas ferramentas da voz 
com maestria. Sua voz 
grave e calma gera empa-
tia e transmite confiança. 
O palestrante usa com 
bastante frequência as 
modulações de volume, 
em conjunto com pausas, 
para destacar os pontos 
centrais de seus discur-sos. No vídeo Mario Sergio 
Cortella - Minha maior 
gafe em uma palestra foi..., 
do canal Canal Cortella, 
mostra que – mesmo com 
toda sua experiência – ele 
ainda comete erros e 
gafes durante seus discur-
sos, o que mostra que a 
competência da oratória 
precisa ser constante-
mente desenvolvida.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=QlW4RHkqVPU. Acesso 
em: 24 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=QlW4RHkqVPU
https://www.youtube.com/watch?v=QlW4RHkqVPU
https://www.youtube.com/watch?v=QlW4RHkqVPU
Oratória 57
Segundo os autores, o uso de roupas confortáveis, incluindo 
 pijamas, durante o período de trabalho, influenciam a autoimagem, a 
construção da imagem do profissional no grupo social formado pelos 
colaboradores, além de impactar a produtividade do trabalhador. 
 Mesmo em uma situação na qual a interação social é limitada, como 
durante a quarentena, a aparência física e o vestuário são importantes 
elementos da comunicação não verbal dos profissionais. 
O ambiente no qual ocorre a comunicação também transmite 
 importantes informações não verbais. Essa característica da 
 comunicação é utilizada por prestadores de serviços como forma de 
tangibilizar a qualidade de seu trabalho. O escritório de um advogado, 
o consultório de um profissional médico ou o ambiente de trabalho 
de um mecânico informam a seus clientes importantes aspectos sobre 
o profissional, como sua competência, nível de qualidade, sucesso e 
credibilidade. 
A comunicação cinésica está relacionada aos movimentos do 
 corpo e à postura adotada pelos interlocutores durante o processo de 
comunicação. Como explicam Nogueira; Faria (2013), o uso de gestos 
e posturas durante a fala carrega um forte fator cultural. Um exemplo 
é o uso dos movimentos das mãos durante a fala na cultura italiana. 
Schimidt; Silva (2012) apontam que os gestos e movimentos usados 
na comunicação são específicos de cada cultura ou povo. Um mesmo 
gesto pode ter diferentes significados em culturas diversas. Segundo os 
autores, os sinais não verbais emitidos durante a comunicação devem 
ser analisados a partir do contexto no qual são usados. 
Segundo Silva (2018) os gestos realizados durante o processo de 
comunicação podem ser classificados em cinco diferentes tipos. Os 
emblemas são movimentos e gestos que têm um significado e podem 
substituir diretamente uma palavra ou uma expressão, como os gestos 
que representam o “não” ou o “sim” feitos com a movimentação da 
 cabeça e o “ok” com o a mão fechada e o polegar levantado. 
Os emblemas são conhecidos pelos membros de um determinado 
grupo social e por isso, podem ser usados na comunicação entre eles. 
São usados de forma consciente, com a intenção de complementar ou 
substituir a comunicação verbal.
Uma das mais belas e 
divertidas animações 
do estúdio Pixar, o filme 
Wall-e demonstra como a 
comunicação não verbal 
pode transmitir informa-
ções, ideias, sentimentos 
e emoções. No filme, o 
simpático robô Wall-e tem 
sua pacata e organizada 
vida transformada pela 
chegada, em seu planeta, 
da simpática robô Eve. Os 
dois autômatos são opos-
tos: Eve é uma moderna 
máquina de design limpo 
e minimalista e Wall-e 
é um enferrujado robô, 
cujos movimentos e per-
sonalidade são inspiradas 
no personagem Carlitos, 
de Charles Chaplin. Em 
quase uma hora de 
filme, não há qualquer 
tipo de comunicação 
verbal, porém, usando 
apenas gestos mecâni-
cos os robôs expressam 
sentimentos como medo, 
ansiedade, raiva, alegria e 
principalmente, amor.
Direção: Andrew Stanton. Estados 
Unidos: Pixar Films, 2008.
Filme
58 Oratória e técnicas de apresentação
Figura 7
Emoções básicas transmitidas pela expressão facial.
Va
le
ry
 S
id
el
ny
ko
v/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Segundo Gonçalves; Peppi (2019), o entendimento do significado des-
sas microexpressões, segundo os autores, é uma importante ferramenta 
utilizada na área das investigações criminais, pois podem ajudar na análi-
se da veracidade das informações prestadas por um entrevistado.
Como se pode observar, a comunicação não verbal é composta de 
diversos tipos de sinais, relacionados à forma como as pessoas se com-
portam, se movem e se interrelacionam durante o processo de comu-
nicação. É uma forma complexa e rica de comunicação, que tanto pode 
substituir quanto pode enriquecer a comunicação verbal. 
O conhecimento de como os gestos, movimentos e, principalmente, 
expressões faciais são usados para expressar sentimentos e emoções, 
bem como possibilitam transmitir mensagens, é fundamental para que 
se possa tanto utilizar essas ferramentas para melhorar a comunicação, 
quanto identificar, nos interlocutores de uma comunicação, informa-
ções que estejam sendo transmitidas pelo corpo.
Com mais de cinco 
 milhões de inscritos 
e quase 400 milhões 
de visualizações em 
seus vídeos, o canal do 
youtube Metaforando 
é um grande sucesso, 
e aborda a análise da 
comunicação não verbal 
e, principalmente, das 
microexpres sões faciais. 
Nos vídeos, o especialista 
em comunicação não 
verbal Vitor Santos analisa 
entrevistas, depoimentos 
e discursos de pessoas 
conhecidas, identificando 
a comunicação não verbal 
e as expressões faciais.
Disponível em: https://www.
youtube.com/c/Metaforando/
featured. Acesso em: 24 ago. 2022. 
Dica
Como falar de um tema 
complexo, como a saúde 
pública, usando um 
extenso banco de dados, 
 composto por estatísticas 
de mais de uma centena 
de países, coletados 
durante séculos, e ainda 
assim tornar a apresenta-
ção interessante e diverti-
da? Nesse vídeo, Os meus 
dados vão mudar a vossa 
mentalidade, o especialista 
em saúde pública Hans 
Rosling usa o ritmo e a 
prosódia para criar uma 
fascinante experiência de 
oratória. Entre os minutos 
15m00s e 16m00s do ví-
deo, Rosling acelera a fala, 
simulando uma corrida, 
o que leva a plateia a 
participar ativamente do 
discurso.
Disponível em: https://www.ted.
com/talks/hans_rosling_let_
my_dataset_change_your_
mindset?language=pt. Acesso em: 
25 jul. 2022.
Vídeo
Já os gestos ilustradores são usados para enfatizar uma comuni-
cação verbal, dando destaque a uma palavra ou expressão, como, por 
exemplo, o gesto de apontar o dedo para o interlocutor durante uma 
altercação ou discussão, ou o gesto de abrir os braços para mostrar o 
 tamanho ou a dimensão de um objeto a que o emissor está se referindo. 
Os gestos reguladores são usados para controlar ou direcionar o 
processo de comunicação, como gestos utilizados para pedir que um 
 interlocutor que está um pouco mais exaltado em uma conversa se 
 acalme, ou o ato de levantar o braço para pedir o espaço de fala em um 
diálogo. 
As expressões de afeto são, em geral, utilizadas com pessoas íntimas 
ou com as quais se tem algum nível de relacionamento, como o toque 
no braço durante a fala ou passar a mão pelos cabelos do interlocutor. 
Por fim, os gestos adaptadores são gestos involuntários que não têm 
função de comunicação. São exemplos desse tipo os gestos esfregar os 
olhos quando se está cansado, bocejar, ou passar a mão pelos cabelos. 
A movimentação pode transmitir, durante o processo de comunicação, 
 informações importantes sobre os sentimentos e emoções dos interlocutores. 
Pessoas exaltadas ou nervosas tendem a gesticular de forma mais enfática, 
enquanto pessoas seguras e calmas usam gestos mais lentos e contidos. 
Farsani; Rodrigues (2021) destacam a importância do contato visual 
como uma ferramenta de comunicação não verbal. A depender da forma 
que for estabelecido, pode transmitir tanto confiança e credibilidade, 
quanto, ao contrário, desafio e enfrentamento. Palestrantes, professores 
e vendedores são exemplos de profissionais que podem usar o contato 
visual como forma de estabelecer vínculos com seus interlocutores. 
A expressão facial é outro importante instrumento da comunicação 
não verbal. As expressões podem ser controladas pelo emissor, de 
 forma a transmitir um determinado estado de espírito ou emoção, 
como alegria ou motivação. 
Porém,como mostram Gonçalves; Peppi (2019), podem ser identificadas 
diversas microexpressões que são realizadas pelos indivíduos, durante o 
processo de comunicação, de forma não consciente. As emoções básicas 
transmitidas pelas microexpressões são apresentadas na Figura 7:
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
Oratória 59
Figura 7
Emoções básicas transmitidas pela expressão facial.
Va
le
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 S
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el
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ko
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Sh
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te
rs
to
ck
Segundo Gonçalves; Peppi (2019), o entendimento do significado des-
sas microexpressões, segundo os autores, é uma importante ferramenta 
utilizada na área das investigações criminais, pois podem ajudar na análi-
se da veracidade das informações prestadas por um entrevistado.
Como se pode observar, a comunicação não verbal é composta de 
diversos tipos de sinais, relacionados à forma como as pessoas se com-
portam, se movem e se interrelacionam durante o processo de comu-
nicação. É uma forma complexa e rica de comunicação, que tanto pode 
substituir quanto pode enriquecer a comunicação verbal. 
O conhecimento de como os gestos, movimentos e, principalmente, 
expressões faciais são usados para expressar sentimentos e emoções, 
bem como possibilitam transmitir mensagens, é fundamental para que 
se possa tanto utilizar essas ferramentas para melhorar a comunicação, 
quanto identificar, nos interlocutores de uma comunicação, informa-
ções que estejam sendo transmitidas pelo corpo.
Com mais de cinco 
 milhões de inscritos 
e quase 400 milhões 
de visualizações em 
seus vídeos, o canal do 
youtube Metaforando 
é um grande sucesso, 
e aborda a análise da 
comunicação não verbal 
e, principalmente, das 
microexpres sões faciais. 
Nos vídeos, o especialista 
em comunicação não 
verbal Vitor Santos analisa 
entrevistas, depoimentos 
e discursos de pessoas 
conhecidas, identificando 
a comunicação não verbal 
e as expressões faciais.
Disponível em: https://www.
youtube.com/c/Metaforando/
featured. Acesso em: 24 ago. 2022. 
Dica
Como falar de um tema 
complexo, como a saúde 
pública, usando um 
extenso banco de dados, 
 composto por estatísticas 
de mais de uma centena 
de países, coletados 
durante séculos, e ainda 
assim tornar a apresenta-
ção interessante e diverti-
da? Nesse vídeo, Os meus 
dados vão mudar a vossa 
mentalidade, o especialista 
em saúde pública Hans 
Rosling usa o ritmo e a 
prosódia para criar uma 
fascinante experiência de 
oratória. Entre os minutos 
15m00s e 16m00s do ví-
deo, Rosling acelera a fala, 
simulando uma corrida, 
o que leva a plateia a 
participar ativamente do 
discurso.
Disponível em: https://www.ted.
com/talks/hans_rosling_let_
my_dataset_change_your_
mindset?language=pt. Acesso em: 
25 jul. 2022.
Vídeo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A quantidade de cursos, treinamentos, livros, materiais, vídeos e expe-
riências educacionais tendo como tema a oratória mostra a importância 
do tema no mundo contemporâneo. 
Saber se comunicar, conversar, convencer, influenciar e principal-
mente fazer apresentações ou discursos, é uma das competências mais 
desejadas tanto no mercado de trabalho, quanto no ambiente escolar e, 
também, na sociedade.
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.youtube.com/c/Metaforando/featured
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_let_my_dataset_change_your_mindset?language=pt
60 Oratória e técnicas de apresentação
ATIVIDADES
Atividade 1
Explique a diferença entre os conceitos de oratória e retórica.
Atividade 2
Cite os principais tipos de oratória utilizados atualmente.
Atividade 3
Explique o conceito da comunicação proxêmica.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: http://www.filologia.org.br/xxi_cnlf/cnlf/tomo2/0139.pdf. Acesso em: 24 
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ago. 2022.
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_SA3_ID4978_10092018115712.pdf
https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_SA3_ID4978_10092018115712.pdf
http://app.fiepr.org.br/revistacientifica/index.php/inovamais/article/view/637
http://app.fiepr.org.br/revistacientifica/index.php/inovamais/article/view/637
http://www.filologia.org.br/xxi_cnlf/cnlf/tomo2/0139.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf
Oratória 61
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Curitiba: Editora Atlas, 2020.
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https://www.scielo.br/j/codas/a/h5YK3qBbgqY7pQnbJxHWQrP/?format=pdf&lang=pt
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https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/2337/2882
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https://revistas.ufrj.br/index.php/Aisthe/article/download/11934/8621
https://revistas.ufrj.br/index.php/Aisthe/article/download/11934/8621
https://www.fclar.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/StrictoSensu/LinguisticaeLinguaPortuguesa/x_selin_cade
https://www.fclar.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/StrictoSensu/LinguisticaeLinguaPortuguesa/x_selin_cade
https://docplayer.com.br/190455623-Pesquisa-e-formacao-de-professores-em-computacao-na-modalidade-educacao-a-distancia-ead-conquistas-e-perspectivas.html
https://docplayer.com.br/190455623-Pesquisa-e-formacao-de-professores-em-computacao-na-modalidade-educacao-a-distancia-ead-conquistas-e-perspectivas.html
https://www.sba.org.br/open_journal_systems/index.php/sbai/article/view/2768/2311
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https://revistas.pucsp.br/PoliEtica/article/download/31406/24011
https://revistas.pucsp.br/PoliEtica/article/download/31406/24011
Preparação da Apresentação 63
3
Preparação da Apresentação
Para que uma apresentação, um discurso ou uma aula possam ser reali-
zados de forma a possibilitar que o orador atinja seus objetivos, é fundamen-
tal que a preparação dos materiais, conteúdos, informações e recursos de 
apresentação sejam desenvolvidos com a melhor qualidade possível. Este ca-
pítulo tem o objetivo de discutir as etapas necessárias para se construir uma 
apresentação bem estruturada que ajude o orador durante o seu discurso.
Na primeira parte do capítulo, serão apresentados os passos do plane-
jamento da apresentação, que engloba a definição do tema, o levantamen-
to das informações, o entendimento da infraestrutura do local, o tempo 
disponível e o contexto no qual a apresentação ocorrerá. A segunda parte 
do capítulo é dedicada a discutir a criação do roteiro da apresentação, 
que inclui a definição do tipo de discurso a ser usado – argumentativo, 
narrativo ou expositivo – e a linguagem que o orador utilizará.
O uso do discurso narrativo – e em especial do chamado storytelling – 
será aprofundado na terceira parte do capítulo, a qual mostra como o uso 
de histórias ajuda na construção de uma relação de empatia que engaja 
e motiva a plateia. A quarta parte do capítulo apresenta diversos progra-
mas, aplicativos e sistemas que podem ser usados para desenvolver os 
materiais de apresentação que darão suporte ao discurso.
Por fim, na última parte do capítulo, o tema é a construção dos slides e 
a definição da comunicação visual do conteúdo, ferramentas fundamen-
tais para o sucesso de uma apresentação.
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• acompanhar o processo de planejamento da apresentação, a defi-
nição do tema a ser abordado e a escolha dos conteúdos;
• assimilar os roteiros de apresentação;
• conceituar o storytelling e compreender o seu uso nas apresentações;
• conhecer os diversos tipos de apresentação em público, os recursos 
audiovisuais e as principais ferramentas usadas em apresentações;
• conhecer ferramentas para a construção dos slides e materiais 
 visuais de apresentação.
Objetivos de aprendizagem
64 Oratória e técnicas de apresentação
3.1 Definição do tema e do conteúdo 
Vídeo Fazer uma palestra, uma apresentação, uma aula ou uma reunião. 
Diversos podem ser os motivos que levam uma pessoa a usar a arte e 
as técnicas da oratória, mas seja qual for a motivação, a preparação do 
orador deve ser feita de forma organizada, mesmo que o tempo dispo-
nível seja escasso.
Uma apresentação feita em uma reunião com os membros de uma 
empresa pode ter como objetivo demonstrar os resultados de um 
determinado período, ou justificar o fato de uma meta não ter sido 
alcançada. Já uma apresentação feita para um cliente pode ter como 
objetivo realizar uma venda ou fechar um contrato.
No ambiente escolar, um professor pode definir como objetivo 
de uma aula que os alunos aprendam um determinado conceito ou 
 desenvolvam uma certa competência. Já os alunos, quando precisam 
realizar uma apresentação de um trabalho, têm como objetivo mostrar 
as pesquisas, leituras, informações e conclusões a que chegaram.
Um advogado pode usar um discurso para acusar um réu ou para 
defender um acusado. Um político pode tanto usar o palanque para 
expor suas ideias, defender um projeto, acusar um adversário quanto 
para se defender de uma acusação.
No contexto social, as pessoas fazem discursos em momentos 
 comemorativos, em apresentações frente a comunidade ou participa-
ções em uma reunião de condôminos, por exemplo. Podem se apre-
sentar em uma igreja, para ler os livros sagrados de sua religião, ou 
fazer um discurso exortando a ética e a moral de sua crença.
Em cada um desses exemplos, os objetivos, o contexto, o público, 
os recursos e o tempo de fala são diferentes. Por isso, é fundamental 
desenvolver um planejamento detalhado, que orientará cada um dos 
passos da preparação de uma apresentação, como mostra a Figura 1:
Figura 1
Passos da preparação da apresentação
Definir 
objetivo
Criar o 
slogan
Entender a 
estrutura
Estabelecer 
a duração
Conhecer a 
plateia
Validar as 
informações
Ra
sh
ad
 A
sh
ur
/S
hu
tte
rs
to
ck
Fonte: Elaborada pelo autor.
Preparação da Apresentação 65
Para tangibilizar os conceitos e passos da preparação de uma apre-
sentação discutidos neste capítulo, serão usados dois exemplos:
Caso 1: Um gestor comercial precisa apresentar os resultados da 
 implantação de um novo projeto baseado em um produto inovador, 
alinhado às estratégias da empresa.
Caso 2: Um professor que precisa desenvolver uma aula para uma 
 turma de alunos do 7º ano do ensino fundamental II.
O planejamento de uma apresentação se inicia com um levanta-
mento de diversas informações sobre o contexto no qual o discurso 
ocorrerá. O primeiro questionamento a ser feito é qual o objetivo da 
apresentação. O que o orador espera alcançar ou atingir ao final do 
discurso? Que ação, atitude ou conclusão espera que a plateia adote a 
partir das ideias e informações transmitidas?
O objetivo deste momento é definir os pontos e ideais principais 
que a audiência deve compreender, e como essas ideias ajudam ou 
trazem algum tipo de benefício para os participantes. O orador pode 
também definir que emoções, sentimentos ou motivações pretende 
que o público sinta durante o discurso.
A correta definição do tema é o ponto de partida sobre o qual será 
construída toda a apresentação,pois é a partir dele que serão definidos 
o tipo de linguagem a ser utilizado, os recursos, o tempo de fala e a 
estrutura do discurso. Uma forma de deixar claro o tema de um discur-
so, tanto para orientar o orador no planejamento quanto para que o 
público entenda e relembre o conteúdo, é transformar o ponto central 
da fala em um mote ou slogan, isto é, uma frase curta e sonora que seja 
de fácil entendimento ou lembrança, por exemplo:
Caso 1: O principal objetivo da palestra do gestor é fazer com que a 
equipe entenda o novo projeto e compreenda quais serão as etapas da 
implantação. É necessário também gerar motivação nos colaborado-
res, para que eles estejam engajados e dispostos a sair de sua zona 
de conforto. Assim, ficou definido como slogan de sua apresentação a 
frase “Juntos vamos revolucionar nosso mercado”.
Caso 2: O professor definiu dois conceitos centrais que os alunos 
 precisam aprender ao final da aula. Os alunos precisam compreender 
dois fatores: como esses conceitos se relacionam com o conteúdo geral 
da disciplina e como eles podem afetar sua vida cotidiana e seu futu-
ro profissional. Para resumir os pontos principais, foi definida a frase 
“Ligando os pontos entre a teoria e a prática”.
66 Oratória e técnicas de apresentação
A próxima etapa do planejamento é definir as condições nas quais a 
palestra ocorrerá. Envolve itens como o local no qual será feita a apre-
sentação, espaço físico disponível para atividades, recursos e equipa-
mentos disponíveis e tempo disponível.
O uso de recursos, ferramentas, metodologias e materiais de 
 suporte depende do tipo de evento e local de realização. Por exemplo, 
uma sala de aula de uma escola apresenta um espaço físico limitado, 
em geral com alguns recursos já instalados – como lousas, televisores 
ou aparelhos de projeção de slides – mas em geral, não é necessário 
utilizar equipamentos para ampliar a voz do professor. Por outro lado, 
em um auditório com espaço para uma plateia numerosa o orador 
 precisará utilizar um microfone.
Pode parecer um detalhe simples, mas dependendo do tipo de apa-
relho utilizado, o orador precisará fazer adaptações em sua dinâmica 
de fala e movimentação. Caso haja um púlpito no local, a movimenta-
ção ficará restrita, o que dificultará o uso da linguagem não verbal. O 
tipo de microfone utilizado (com fio ou sem fio) também pode limitar o 
espaço a ser usado pelo orador, bem como dificultar sua gesticulação.
A disponibilidade de equipamentos e a infraestrutura do local são 
fundamentais para a definição do roteiro e da metodologia utilizada 
na apresentação. Se não há um equipamento de projeção de imagens, 
o orador não poderá utilizar slides ou programas de apresentação. Se 
o local conta com cadeiras fixas, como em um auditório, o orador não 
poderá incluir em seu roteiro a aplicação de dinâmicas nas quais os 
participantes precisem se deslocar.
O tempo é outro fator determinante para a definição da estrutu-
ra da apresentação. Apresentações longas, com mais de uma hora de 
 duração, precisam ser dinâmicas, contar com momentos de descontra-
ção e de participação do público, além de utilizar recursos visuais para 
manter sua atenção. Já apresentações mais curtas, com menos de 30 
minutos, podem ter uma estrutura mais linear e contar com menos 
recursos visuais ou didáticos.
É preciso levar em consideração, no cálculo do tempo, o nível de 
interação que o orador estabelecerá com a plateia. Em uma reunião 
anterior, é necessário definir um momento específico para a resolução 
de dúvidas que podem surgir durante a apresentação, bem como um 
Um dos mais conhecidos 
eventos de palestras, 
o TED conta tanto com 
edições globais – que 
reúnem palestrantes de 
todo o mundo – quanto 
edições locais em diversos 
países do mundo. O 
conceito do evento é que 
as palestras tenham no 
máximo 18 minutos, o 
que é uma forma de ga-
rantir que as elas sejam 
relevantes e ao mesmo 
tempo dinâmicas. Alguns 
dos mais relevantes 
especialistas globais em 
suas respectivas áreas já 
realizaram palestras nas 
edições do evento. Em 
seu site oficial, as pales-
tras contam com legendas 
em dezenas de línguas, 
inclusive em português.
Disponível em: https://www.ted.
com/. Acesso em: 02 ago. 2022.
Site
https://www.ted.com/
https://www.ted.com/
Preparação da Apresentação 67
período mais extenso – preferencialmente ao final – para que as infor-
mações e propostas sejam analisadas e discutidas.
Em uma palestra, o orador pode usar todo o tempo disponível 
em seu discurso, ou pode reservar um pequeno período ao final da 
apresentação para responder perguntas e esclarecer dúvidas, coleta-
das pelos organizadores durante a fala e selecionadas com base na 
relevância e na adequação. Já perguntas mais específicas podem ser 
 respondidas após o final do evento.
Em uma aula, o professor precisar reservar um percentual de 
 tempo maior para a interação com os alunos durante a explanação 
do conteúdo, bem como momentos de esclarecimento de dúvidas e 
 espaços para que os alunos opinem e debatam os conceitos discutidos.
No contexto das apresentações e aulas realizadas virtualmente, por 
meio de plataformas de reuniões ou de educação à distância, a divi-
são de tempo entre os momentos de fala do apresentador, respostas 
e esclarecimento de dúvidas e espaços de comentários é diferente do 
que ocorre em eventos nos quais há a interação física.
Uma das dificuldades encontradas pelos professores dos mais 
 variados níveis educacionais durante o período da Pandemia de 
 Covid-19 – entre 2020 e 2021 – foi a adaptação do conteúdo das aulas 
com relação ao tempo disponível, pois as aulas de turmas presenciais 
passaram a ser realizadas pelas plataformas de reuniões ou por vídeo 
aulas, muitas vezes sem a devida preparação para isso.
Um conteúdo que em uma sala de aula presencial ocupava todo 
o período da aula, devido justamente à intensa interação dos alunos, 
se mostrava, muitas vezes, insuficiente para ocupar o tempo de aula 
nas plataformas virtuais. Essa insuficiência do conteúdo em preencher 
todo o tempo disponível também era causada pela interação entre os 
alunos, a diferença é que nos ambientes virtuais os alunos interagiam 
muito menos.
Além da questão do tempo, outro desafio que a pandemia trouxe 
para os professores que precisaram, de uma hora para outra, adaptar 
suas metodologias de ensino para a educação à distância, foi a falta de 
feedback e de percepção do nível de atenção e de entendimento dos 
alunos em relação ao conteúdo apresentado. Para exemplificar essa 
questão da organização do tempo, seja em uma apresentação no meio 
corporativo ou em uma sala de aula, temos os dois casos a seguir:
68 Oratória e técnicas de apresentação
Caso 1: A apresentação do gerente será realizada na sala de reuniões 
da empresa com a presença de uma equipe de 30 colaborares, além de 
três membros da diretoria da empresa. A sala conta com um equipa-
mento de projeção de slides em uma tela apropriada, além de uma lousa 
branca, na qual o gestor pode fazer anotações durante a fala. Apesar de 
contar com equipamento de som e microfone, o gestor definiu que não 
utilizará o recurso, para que sua mobilidade não seja prejudicada. Cada 
participante tem a sua disposição uma cadeira e uma mesa individual, 
que podem ser movimentadas no espaço para criar mesas maiores 
com vários participantes, formando um grupo. O gestor dispõe de duas 
horas para realizar a apresentação, por isso, definiu que dedicará cerca 
de 60% do tempo à apresentação e 40% do tempo para sanar dúvidas e 
desenvolver uma dinâmica de grupo na qual os participantes discutirão 
os pontos centrais do projeto.
Caso 2: O professor tem a sua disposição uma sala de aula com capa-
cidade para 40 alunos, que conta com uma grande lousa na parte da 
frente do espaço. A sala conta com um televisor que pode ser usado 
tanto para apresentar slides, quanto para reproduzir filmes e áudios. O 
aparelho está conectado à internet e pode ser usado para acessar sitese fazer pesquisas. Os alunos se sentam em cadeiras do tipo universi-
tária, que contam com uma prancheta fixa que possibilita aos alunos 
apoiarem seus cadernos. As cadeiras podem ser movimentadas, mas a 
sala não conta com mesas. A aula terá duração de 01h40min e o profes-
sor pretende usar os últimos trinta minutos para que os alunos realizem 
um trabalho em grupo.
Conhecer a audiência é um dos pontos mais importantes do 
 processo de preparação da apresentação. Quando a apresentação é 
realizada para os membros de uma equipe, os participantes de um 
 grupo social, ou os alunos de um curso, o apresentador pode ter aces-
so a uma grande quantidade de informações sobre os participantes, 
o que facilita tanto a definição das informações relevantes, quanto as 
motivações e comportamentos do grupo.
Porém, nem sempre o apresentador tem a possibilidade de conhe-
cer em profundidade sua plateia, como em eventos públicos, palestras 
abertas realizadas para uma grande quantidade de pessoas, discur-
sos realizados por líderes políticos, sociais ou religiosos, bem como as 
apresentações realizadas virtualmente em plataformas abertas, como 
sites de streaming ou redes sociais. Nesse contexto, o apresentador 
pode tentar identificar características gerais de sua plateia, com base 
nos dados demográficos disponíveis.
Preparação da Apresentação 69
Além de aspectos demográficos da plateia – como média de idade, 
nível de escolaridade, crenças, cultura e comportamentos gerais – é 
importante também identificar aspectos mais específicos, relaciona-
dos ao conteúdo e ao contexto no qual o discurso vai ocorrer. O nível 
de conhecimento da plateia sobre o assunto, as crenças, opiniões e 
valores que expressam, as restrições sobre aspectos relacionados ao 
tema, dúvidas, medos e anseios relacionados ao contexto são aspectos 
 fundamentais para que o planejamento do discurso possa ser adequa-
do e o orador atinja seus objetivos.
Como profissional de treinamento, uma das áreas em que atuo com 
mais frequência é o desenvolvimento de equipes comerciais. Treinar 
uma equipe de vendas é um grande desafio. Em geral, vendedores mais 
experientes não gostam de participar de palestras e treinamentos. Por 
outro lado, vendedores que atuam há pouco tempo na área estão aber-
tos a conhecer conceitos básicos sobre o mercado e o processo de 
vendas. Assim, como treinador, preciso equilibrar temas mais básicos, 
para que os vendedores novos possam acompanhar, com temas mais 
densos, de forma a manter o interesse dos mais experientes.
Exemplo
Dependendo do contexto no qual o evento ocorre, os participantes 
podem estar presentes por obrigação, como por exemplo, uma aula de 
um curso no qual estão matriculados, ou um treinamento dado em uma 
empresa do qual os funcionários são obrigados a participar. Já em pales-
tras abertas, o currículo e o nome do palestrante – bem como o conteúdo 
divulgado – podem atrair pessoas interessadas. Assim, ajustar o discurso à 
plateia é um dos pontos fundamentais de uma apresentação.
3.2 Roteiros da apresentação 
Vídeo Para que uma apresentação seja bem estruturada e aborde todos 
os pontos considerados importantes pelo orador, é fundamental que 
se escreva um roteiro que oriente o desenvolvimento dos materiais de 
apoio e dos slides a serem utilizados no momento da apresentação.
Após o tema, o conteúdo, o contexto, local de apresentação e públi-
co-alvo serem definidos, o roteiro possibilita que o orador possa esco-
lher o tipo de estrutura de discurso, as informações, fatos e ideias que 
serão apresentados, e qual a melhor forma de atingir seu propósito.
70 Oratória e técnicas de apresentação
Um erro recorrente entre oradores pouco experientes é tratar de 
uma grande quantidade de temas e ideias durante uma apresentação. 
O roteiro deve ter poucos ou, se possível, apenas um ponto principal, 
que deve ser definido durante a preparação para a apresentação – 
 discutida na parte anterior deste capítulo – e que será a base sobre a 
qual o orador vai definir pontos importantes do roteiro, como o tipo de 
estrutura de discurso a ser utilizado. Henriques (2019), apresenta três 
diferentes tipos de estrutura do discurso, como mostra a Figura 2:
Figura 2
Tipos de estrutura do discurso
yu
t5
48
/S
hu
tte
rs
to
ck
Expositiva Narrativa Argumentativa
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Henriques, 2019.
O discurso argumentativo, também chamado de persuasivo, é uti-
lizado quando o orador busca mostrar seus pontos de vista, ideias, 
crenças ou valores, com o objetivo de convencer a plateia a tomar uma 
determinada ação ou comportamento.
Líderes empresariais, comunitários, religiosos ou políticos, juristas e pes-
soas que defendem uma ideia, em geral, utilizam essa estrutura de discurso 
em suas apresentações. Normalmente não há utilização de qualquer tipo 
de suporte visual em suas falas, e mesmo assim, eles conseguem transmitir 
suas ideias, convencer a plateia e mudar comportamentos e ações.
Esse tipo de discurso também é utilizado, no contexto empresarial, 
por vendedores e gestores que precisam convencer seus interlocuto-
res a seguir um determinado plano de ação. No contexto social, é usa-
do quando se faz um pedido de casamento ou se busca convencer o 
grupo social a realizar uma atividade.
O uso de recursos de apoio não é tão necessário no discur-
so argumentativo, apesar de ser possível utilizar recursos visuais, 
 principalmente para apresentar fatos e dados que apoiem a linha de 
 argumentação do orador. Para que alcance seu objetivo, ao defender 
seus argumentos, o orador precisa estar bem-preparado, com dados 
sólidos que embasem suas ideias para que possa enfrentar qualquer 
tipo de questionamento feito pela plateia.
Preparação da Apresentação 71
O roteiro de uma palestra que usa o discurso argumentativo é 
 dividido em três partes, que devem ficar claras para a plateia durante a 
 apresentação. A primeira parte é chamada de introdução, e ocorre quan-
do o apresentador expõe a ideia central do texto, chamada de tese.
A palestra de Simon Sinek 1 (2010) será utilizada como exemplo para 
ilustrar a importância do roteiro em uma palestra. Na fala do pales-
trante, a tese ou ideia central que será discutida está apresentada no 
primeiro minuto da fala e pode ser resumida na frase inicial e na frase 
final dessa parte: “Como você explica quando as coisas não saem como 
previsto? Ou melhor, como você explica quando os outros são capazes 
de alcançar coisas que parecem desafiar todas as suposições? Há algo 
mais em jogo aqui. ”
A segunda parte do discurso argumentativo, chamado de desenvol-
vimento, é na qual o orador vai apresentar sua visão, seus conhecimen-
tos, fatos e dados que embasam sua opinião e como o tema impacta 
a plateia. O orador pode também apresentar argumentos contrários 
à sua ideia ou ponto de vista, e rebater cada um desses argumentos.
Na palestra de Sinek, o desenvolvimento ocupa toda a parte cen-
tral do vídeo, do minuto 2:00 até o minuto 16:00. Nessa parte, o ora-
dor defende a ideia de que os líderes que realmente inspiram a ação 
são aqueles que tem um propósito, ou seja, aqueles que transmitem 
a seus seguidores uma razão ou um porquê de tomar uma determi-
nada ação. Sinek (2010) explica o conceito do círculo dourado: todos 
os líderes sabem o que fazer; apenas alguns sabem como fazer; mas 
apenas os líderes inspiradores sabem o porquê, o motivo e o propó-
sito de se fazer algo.
O discurso argumentativo se encerra com a chamada conclusão, na 
qual se apresenta uma nova forma de se pensar, um novo ponto de 
vista sobre o tema. Na palestra de Sinek (2010), a conclusão ocupa os 
40 segundos finais da fala:
Sejam eles indivíduos ou organizações, nós seguimos aqueles 
que lideram, não porque temos de seguir, mas porque quere-
mos seguir. Seguimos aqueles que lideram, não por eles, mas 
por nós mesmos. E esses que começam com “por que” possuem 
a habilidade de inspirar aqueles a sua volta ou encontrar aqueles 
que os inspiram.
A palestra podeser 
assistida na íntegra no 
link a seguir; o vídeo está 
em inglês, mas é possível 
ativar as legendas para 
melhor compreensão.
Disponível em: https://www.
ted.com/talks/simon_sinek_
how_great_leaders_inspire_
action?language=pt. Acesso em: 
02 ago. 2022.
1
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt
https://www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt
72 Oratória e técnicas de apresentação
É possível também usar argumentos que apelem a crenças e 
 aspectos emocionais que sensibilizem a plateia. Porém, em geral, os 
discursos argumentativos são mais objetivos e racionais. Por outro 
lado, os discursos narrativos têm como um de seus principais recur-
sos o uso das emoções. É baseado em histórias, fábulas ou metáforas 
utilizadas para apresentar uma ideia, conquistar a atenção ou con-
vencer a plateia.
O discurso narrativo pode ser utilizado nos mais diversos contextos 
nos quais ocorre uma apresentação. Um político pode contar sua histó-
ria de vida como forma de ganhar a simpatia e o voto dos eleitores. Um 
líder religioso usa passagens históricas como metáforas para mostrar a 
importância dos valores que defende.
Um professor pode contar histórias nas quais os conceitos centrais de 
seu conteúdo estejam presentes. Juristas usam o discurso narrativo para 
construir a linha do tempo de uma defesa ou acusação. A estrutura do 
discurso narrativo é composta de algumas partes, mostradas na Figura 3:
Co
lo
rli
fe
/S
hu
tte
rs
to
ck
Enredo Narrador Personagens Tempo Espaço
Fonte: Elaborada pelo autor.
Figura 3
Estrutura do discurso narrativo
O enredo é a história a ser contada, que pode embutir um aprendi-
zado, um conhecimento ou um ponto de vista que o orador pretende 
transmitir. O discurso pode ser narrado em primeira pessoa, quando o 
orador é o próprio personagem da história. Já quando conta uma histó-
ria sobre outras pessoas, o discurso é em terceira pessoa.
Os personagens geralmente são apresentados na primeira parte 
do roteiro, e podem incluir protagonistas, que são aqueles sobre os 
quais o enredo se concentra; antagonistas, que têm a função de re-
presentar o rival ou oponente dos protagonistas; e os personagens 
secundários ou coadjuvantes, que ajudam na construção da história. 
Um roteiro narrativo também precisa esclarecer o tempo e o espaço 
nos quais a história acontece.
Preparação da Apresentação 73
Durante séculos, professores desenvolveram suas aulas usando 
apenas a lousa e o giz. Esse é um exemplo da estrutura expositiva. 
Nesse tipo de discurso, o orador precisa apresentar ou explicar um 
ou mais conceitos, informações ou conhecimentos, com o objetivo de 
 desenvolver na plateia um novo conhecimento ou uma competência. A 
exposição pode ser utilizada, também, em apresentações nas quais o 
orador dá orientações, apresenta projetos, explica uma ação ou ocor-
rência e transmite algum tipo de conhecimento.
Nesse tipo de discurso, o uso de recursos visuais – como gráficos, 
imagens, esquemas, imagens e textos – tem um papel fundamental. 
Quanto mais informações são transmitidas durante a palestra, mais 
importante é o uso dos recursos visuais. Os discursos expositivos apre-
sentam uma estrutura organizada em três partes: introdução, na qual o 
tema é apresentado; desenvolvimento, em que os dados, informações 
e conceitos são apresentados; e conclusão, na qual o orador mostra a 
importância dos conceitos discutidos.
O discurso pode ser totalmente objetivo, com a simples apresenta-
ção dos fatos e dados, sem que o orador faça considerações ou juízos 
de valor; ou pode incluir elementos subjetivos, como opiniões e pontos 
de vista do orador.
A escolha do tipo de estrutura do discurso também orienta o tipo 
de linguagem a ser utilizado pelo orador. O conhecimento sobre o 
 público também ajuda a definir a linguagem. O nível de profundidade e 
 conhecimentos dos participantes sobre o tema é um exemplo de como 
o conhecimento sobre a plateia interfere no planejamento do discurso.
Se a plateia tem pouco ou nenhum conhecimento sobre os concei-
tos, o orador precisará explicar, de forma didática, o significado das 
palavras, termos e expressões utilizadas, bem como relacionar esses 
conceitos a outros que podem ser entendidos pelos ouvintes.
O orador pode usar metáforas baseadas em um assunto conhecido pela 
plateia, por exemplo: para explicar a importância do trabalho em equipe e 
da sinergia entre as competências de cada colaborador durante um projeto, 
o orador pode usar como metáfora uma equipe esportiva vitoriosa.
Por outro lado, se a plateia já tem um bom conhecimento sobre os 
conceitos a serem discutidos, o orador não deve se alongar na explica-
ção de termos básicos ou conceitos simples, pois pode gerar desinte-
resse na equipe.
74 Oratória e técnicas de apresentação
Outro ponto relacionado à linguagem a ser utilizada é o compri-
mento das frases e parágrafos a serem falados pelo orador. Em uma 
apresentação, especialmente aquelas de maior duração, frases muito 
rebuscadas e parágrafos longos, cheios de comentários paralelos ou 
divagações, podem prejudicar o entendimento da plateia.
Um exemplo de como a linguagem rebuscada pode mudar 
 completamente a forma de uma frase são as descrições de comidas relati-
vamente comuns presentes em cardápios de restaurantes de alto padrão. 
Em ambientes assim, um simples bolo de chocolate pode ser apresenta-
do como: “Experiência sublime com refinados grãos de cacau banhados, 
apresentados sobre massa fofa e aveludada de farinhas especiais.”
Em uma palestra, o orador pode simplesmente dizer o seguinte: 
“ viajei ao exterior para conhecer outras culturas”. No entanto, caso 
queira passar a mesma mensagem de forma mais rebuscada, pode 
afirmar: “realizei uma turnê por diversos países em que pude viven-
ciar, de forma prática, as diversidades e especificidades de cada povo 
e cultura, o que me possibilita ter uma visão ampla e holística das rela-
ções que ocorrem no seio de cada sociedade.”
O roteiro pode prever momentos de interação com a plateia, para 
que o orador possa entender o nível de compreensão sobre o que está 
sendo apresentado. Também deve prever o uso de recursos de apoio, 
como slides, áudios, vídeos e inserções de conteúdo.
A forma de abordagem que será dada ao conteúdo é outro ponto 
a ser definido no roteiro, sendo que o tema pode ser apresentado de 
duas formas: em tópicos, com cada assunto sendo abordado separa-
damente; ou por uma estrutura lógica, na qual os diversos argumentos 
e informações são relacionados de forma a sustentar a tese principal.
O orador também pode usar uma organização temporal e cronoló-
gica do conteúdo, que é um tipo de recurso muito utilizado em discur-
sos narrativos. O uso de perguntas que façam a plateia se questionar e 
interagir com o orador é uma forma interessante de abordar o conteú-
do, mas que exige que o apresentador conte com informações sólidas 
e tenha a segurança necessária para defender suas convicções.
A abordagem do roteiro pode apresentar o problema e, a partir de 
informações e análises, eliminar todas as possíveis argumentações 
 contrárias ou, por outro lado, apresentar uma solução para o problema, 
e em seguida mostrar os pontos negativos dessa solução.
Preparação da Apresentação 75
Seja qual for a abordagem utilizada, o roteiro deve prever um 
 encerramento que cause impacto sobre a plateia, que pode ser tanto 
o desejo de conhecer mais sobre o assunto e buscar novos conteúdos 
sobre o tema, como tomar uma ação específica – comprar um produ-
to, mudar uma opinião, votar em uma pessoa ou se engajar em um 
 movimento. Assim, o encerramento deve contar com uma chamada 
para ação, ou seja, uma frase ou imagem que remeta ao tema principal 
e motive a plateia, por exemplo:
Caso 1: Como a apresentação a ser feitapelo gerente contará com uma 
grande quantidade de dados, informações, processos e metas a serem 
atingidas, o orador optou por utilizar, na primeira parte de seu discurso, 
a estrutura expositiva. Porém, um dos objetivos da apresentação é moti-
var os colaboradores a se engajar no projeto. Por isso, na segunda parte 
do discurso, o gerente decidiu usar uma estrutura narrativa, mostrando 
a história de crescimento da empresa e como ela se imagina no futuro, 
após a implantação do projeto
Caso 2: O professor pretende desenvolver no grupo de alunos a capa-
cidade de relacionar os conteúdos de sua aula com a vida cotidiana 
no contexto profissional. Assim, decidiu usar uma estrutura narrativa, 
na qual usará um personagem fictício, um ex-aluno que se tornou um 
profissional, para mostrar como ele usa os conhecimentos em seu 
trabalho.
Um roteiro bem definido deixa claro para o orador qual a principal ideia 
a ser desenvolvida, o tipo de discurso a ser utilizado, as informações ne-
cessárias para defender suas opiniões e convicções, os recursos de apoio 
que são coerentes com a apresentação, a linguagem adequada para se 
comunicar com a plateia e a forma como as informações serão apresenta-
das. Assim, o roteiro orienta não só a organização dos materiais a serem 
utilizados na apresentação, como a própria preparação do orador.
3.3 Como usar o storytelling 
Vídeo As pessoas gostam de contar e de ouvir histórias, sejam os mitos e 
lendas repassados de geração a geração que foram responsáveis pela 
criação da cultura humana, sejam os contos de fadas e as histórias in-
fantis contadas pelos pais e depois transformadas em livros e em filmes 
que se tornaram marcos da cultura contemporânea, ou os personagens 
criados pelas empresas para representar seus valores e seus produtos.
76 Oratória e técnicas de apresentação
As histórias facilitam a comunicação entre as pessoas e estão 
 presentes nos processos de comunicação e de educação dos mais 
 variados povos. Contadores de histórias, ou seja, indivíduos que 
 dominam a capacidade de prender a atenção da plateia, estabelecer 
uma relação de empatia com o público e usar o discurso narrativo de 
forma cativante sempre se destacaram na história da sociedade.
O termo storytelling é formado por duas palavras em inglês: story, 
que significa história; e telling, que vem do verbo to tell, que significa 
contar. Assim, o termo pode ser traduzido como “contando histórias”. 
Borges, Gois e Tatto (2011, p. 110) explicam mais detalhadamente o 
conceito desse termo da língua inglesa:
No conceito de narrativa no qual se insere a abordagem Story-
telling o narrador reapresenta um conhecimento já existente, 
 reconfigurando o modo como é contado, descrito e apresentado, 
acrescentando aspectos subjetivos que tornem o fato narrado 
uma linguagem contextualizada, agradável e simples, procuran-
do aproximar os interlocutores.
Seja nos contos de fadas, seja em um complexo enredo de um 
 romance, as histórias apresentam alguns elementos em comum que 
podem ser usados na construção de uma apresentação. Personagens 
principais, protagonistas e antagonistas, coadjuvantes, um conflito a 
ser resolvido, uma jornada de crescimento ou descoberta, finalizados 
por um momento em que cada personagem conhece seu destino são 
alguns elementos que podem ser encontrados nos mais diversos tipos 
de história.
O conceito da jornada do herói foi desenvolvido por Joseph Campbell 
(2004), na década de 1940, em seu livro O Herói de Mil Faces. O autor 
analisou mitos e histórias de diversas culturas diferentes ao longo do 
desenvolvimento da civilização humana, e identificou diversos pontos 
em comum, pontos esses que ele denominou de jornada do herói.
A estrutura do roteiro narrativo é composta pela apresentação, na 
qual o contexto e os personagens são apresentados; desenvolvimento, 
quando a história é contada; clímax ou ponto central, no qual ocorre 
um fato importante que vai colocar o personagem principal em uma 
situação de risco ou mudança; e desfecho, em que o destino de cada 
personagem é apresentado e se apresenta uma moral da história, um 
aprendizado ou vitória do personagem principal. O Quadro 1 mostra as 
diversas fases da jornada do herói.
No inglês, a palavra history 
apresenta o sentido 
de algo que aconteceu 
realmente no passado, 
como a história da 
civilização. Já o termo 
story pode ser entendido 
como algo inventado, com 
personagens ou situações 
fictícias, ou mesmo com 
personagens reais, mas 
em situações fictícias ou 
adaptadas de situações 
reais. No português, essa 
diferenciação não existe, e 
apesar de existir a palavra 
estória, que tem o mesmo 
sentido de story, ela não 
é aceita pelas normas da 
língua.
Curiosidade
Preparação da Apresentação 77
Quadro 1
A jornada do herói, de acordo com Campbell
Primeiro ato - apresentação
Mundo comum Conhecemos o herói em seu mundo cotidiano e ordinário, uma pessoa comum.
Chamado à aventura Algo impele o nosso herói na direção de uma BUSCA, uma JORNADA ou uma AVENTURA.
Recusa do chamado O herói reluta em empreender a jornada.
Encontro com o mentor O herói recebe um conselho, item ou ajuda de um MENTOR.
Travessia do primeiro 
limiar
O herói diante do PONTO SEM RETORNO, o portal que leva ao mundo oculto. O herói 
atravessa o portal, cai e é arrebatado, transportado ou transformado. O herói deixa seu 
mundo e se aventura no mundo desconhecido.
Segundo ato - conflitos
Testes, aliados e 
 inimigos
O herói tem que enfrentar TESTES, que vão QUALIFICÁ-LO como digno de vencer.
Aproximação da caver-
na oculta
De posse da ARMA MÁGICA, o herói se aproxima do COVIL DO INIMIGO.
Provação Suprema O embate com o antagonista.
Recompensa O herói conquista sua vitória e o prêmio.
Terceiro ato - resolução
Caminho de volta O herói inicia a jornada de volta para casa.
Ressurreição O herói é revivido por poderes sobrenaturais.
Provação Suprema O embate com o antagonista.
Retorno com o elixir O herói emerge do mundo inferior com a solução mágica.
Fonte: Ricón (2006, p.1)
A estrutura geral da jornada do herói pode ser encontrada nos 
 mitos gregos e helênicos, como na história dos doze trabalhos de 
 Hércules, bem como em Ilíada de Homero (2013), escrita no século IX 
a. C. e considerada a primeira obra de literatura da civilização. Pode ser 
identificada também nas histórias religiosas, como a de Jesus e a de 
Buda: ambos vivem os primeiros anos de vida como pessoas comuns, 
até receberem um chamado divino. Passam por provações e sofrimen-
tos, combatem antagonistas e retornam com uma mensagem divina.
A jornada do herói também está presente nos grandes clássicos da 
literatura, como em Dom Quixote, de Miguel de Cervantes; Cem anos de 
Solidão, de Gabriel Garcia Marquez; e nos brasileiros Dom Casmurro, de 
Machado de Assis; e O Cortiço, de Aluísio de Azevedo.
78 Oratória e técnicas de apresentação
O cinema e a televisão usam de forma intensa a jornada do herói 
em suas histórias. Na saga do Homem de Ferro, depois de passar por 
um conflito que quase tira sua vida, um jovem gênio inconsequente se 
transforma em um herói apoiado por um grupo de aliados e se sacrifi-
ca para salvar a humanidade, ao enfrentar seu maior inimigo. Na série 
de filmes Matrix, o jovem programador descobre que vive uma simula-
ção da realidade e se torna o salvador da humanidade ao combater as 
máquinas, que nesse futuro são os inimigos dos seres humanos.
Na série de livros e filmes, Harry Potter é um menino órfão e 
 pobre que descobre ser uma lenda em um mundo cercado de 
magia e bruxaria e combate seu antagonista em uma luta de vida 
ou morte. Já na série Stranger Things, garotos comuns descobrem 
um mundo invertido e se transformam em heróis ao combater 
forças ocultas.
O mais completo exemplo do uso da jornada do herói em uma 
obra ficcional é a série de filmes Star Wars, tanto na história da saga 
 original quanto em sua sequência. Jovens que cresceram com uma vida 
comum em um planeta distante (Luke Skywalker e Rey) recebem umchamado para a aventura quando são encontrados pelos Jedis, guerrei-
ros que lutam pela liberdade. Ao saírem de seus planetas, transpõem 
um limiar e suas vidas passam por um ponto sem retorno, e a par-
tir daí encontram e são treinados por seus mentores (Yoda e Luke 
 Skywalker, respectivamente). Conhecem seus aliados e enfrentam 
seus antagonistas (Darth Vader, no caso de Luke, e Kylo Ren, no caso 
de Rey). Passam por provações, perdem pessoas próximas e aliados 
e, ao final de sua saga, encontram o elixir mágico (a força) com a qual 
 vencem seus inimigos e salvam a galáxia.
O uso do storytelling é bastante consolidado na oratória. Líderes 
religiosos, comunitários, políticos e professores utilizam as histórias 
de forma bastante intensa em seus discursos, tanto para facilitar o 
entendimento de suas ideias, quanto para estabelecer uma relação 
empática com a plateia.
No contexto da educação, o storytelling como metodologia de 
 ensino é muito usado, principalmente na pedagogia. Como destacam 
Custódio e Fagundes (2022), pode também ser usado na transmissão 
de conteúdos complexos ligados às mais diversas áreas do saber e 
nos variados níveis educacionais. As autoras apontam que, no contex-
In
na
 M
ar
ch
en
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hu
tte
rs
to
ck
Para saber mais sobre 
a jornada do herói e 
visualizar todas as etapas 
de forma mais ilustrativa 
e completa, recomenda-
mos o vídeo O que faz um 
herói? - Matthew Winkler, 
do canal TED-Ed.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=Hhk4N9A0oCA. Acesso 
em: 26 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=Hhk4N9A0oCA
https://www.youtube.com/watch?v=Hhk4N9A0oCA
https://www.youtube.com/watch?v=Hhk4N9A0oCA
Preparação da Apresentação 79
to da transformação da educação de presencial para a digital, virtual 
e à distância, o uso de narrativas baseadas em histórias aumentam o 
 engajamento dos estudantes com os conteúdos.
O conceito de storytelling é muito discutido atualmente, espe-
cialmente no contexto das mídias digitais e do marketing. Empresas 
 buscam construir laços afetivos com seus clientes por meio de histó-
rias sobre seus fundadores e sobre si mesmas, sejam elas verdadeiras, 
 sejam simples criações de profissionais publicitários.
O storytelling pode ser utilizado, como ferramenta de comunicação, 
mesmo em contextos nos quais o foco é apresentar uma série de dados 
e informações a um público com pouco conhecimento sobre os concei-
tos discutidos. Nesse contexto, Pagani, Schneider e Raupp (2021, p.8) 
apresentam como exemplo o uso do storytelling na divulgação de dados 
sobre as finanças pública e contas do governo. Segundo os autores:
A mera disponibilização de dados, informações e documentos 
não informará ao cidadão a motivação para as ações no âmbi-
to da administração pública [...]. Um recurso útil, neste ponto, 
é o storytelling, pois ele auxilia na transformação da linguagem 
 técnica – predominante na administração pública –em lingua-
gem comum e acessível ao cidadão.
Como explica Martinez (2022), o desenvolvimento das mais diversas 
mídias, no decorrer da história humana, esteve ligado ao ato de contar 
histórias. A criação da escrita teve como um de seus objetivos o registro 
dos mitos e lendas de cada povo; o teatro, por sua vez, foi desenvolvi-
do para contar histórias. A invenção da imprensa foi catapultada pela 
 publicação de livros que contavam histórias reais ou imaginadas.
O rádio teve, como um de seus principais produtos nos primeiros 
anos de sua criação, as novelas e histórias encenadas por rádio atores. 
Muitas dessas histórias foram transpostas para o cinema e posterior-
mente, para a televisão. Mesmo atualmente, com a imensa diversida-
de de mídias digitais e conteúdos disponíveis, a contação de histórias 
ainda ocupa um importante papel na cultura. Os videogames usam 
complexos enredos e histórias para engajar os jogadores nas jornadas 
propostas nos jogos.
Pela capacidade de transmitir ideias, conhecimentos, engajar e 
 motivar pessoas, o storytelling é uma ferramenta importante durante 
uma apresentação, como forma de criar empatia e gerar na plateia a 
ação desejada pelo orador.
Se passando no território 
da antiga Las Vegas no 
ano de 2281, após uma 
grande guerra nuclear, 
o jogo Fallout New Vegas 
coloca o jogador em um 
cenário pós-apocalíptico 
repleto de desafios, que 
vão desde facções de 
humanos que o atacam 
ao primeiro sinal até cria-
turas mutadas pela radia-
ção. Utilizando a principal 
característica dos jogos, 
que é a interatividade 
com a narrativa contada, 
as ações e decisões 
tomadas pelo jogador irão 
influenciar diretamente o 
destino de personagens, 
organizações e até mes-
mo de cidades inteiras.
Direção: Josh Sawyer. EUA: Obsidian 
Entertainament, 2010.
Jogo
80 Oratória e técnicas de apresentação
3.4 Tipos, recursos e ferramentas 
de apresentação Vídeo
O uso de recursos visuais, como gráficos, textos e animações projeta-
dos em uma tela, se tornou cada vez mais presente nas apresentações, 
discursos, aulas e palestras, especialmente devido ao desenvolvimen-
to tecnológico que possibilitou a criação de aparelhos de projeção de 
 imagens e a criação de programas e aplicativos de criação de slides.
É importante salientar que, apesar dos recursos e ferramentas de 
apresentação possibilitarem que o discurso fique mais rico e ajudarem 
a plateia a entender e fixar os conceitos e ideias, é o conteúdo apresen-
tado pelo orador que realmente importa para a plateia. Como desta-
cam Galvão e Adas (2020, p.80):
Uma ideia apoiada em uma boa história pode ser transmitida 
com propriedade por meio do discurso. No entanto, mesmo 
 considerando que essa boa história, por si só, seja absoluta-
mente capaz de encantar as mais exigentes audiências, não 
dá para negar que um bom suporte visual pode enaltecê-lo 
ainda mais.
O uso de recursos e ferramentas de apresentação depende de uma 
série de características do contexto no qual o discurso será realiza-
do, que podem ser identificadas durante o processo de planejamento 
da apresentação. Questões como espaço físico disponível, tamanho 
da plateia, tempo, existência de infraestrutura e equipamentos vão 
 influenciar a escolha e o uso de recursos durante o discurso.
Os softwares ou programas de apresentações são ferramentas 
 digitais que permitem o desenvolvimento de apresentações visuais que 
podem ser usadas nos mais diversos contextos, como apoio para aulas, 
apresentações, palestras ou discursos. Existem diversos programas e 
aplicativos que podem ser usados pelo orador. Os principais serão 
apresentados a seguir:
PowerPoint
O PowerPoint é um programa desenvolvido pela empresa Microsoft e 
disponibilizado no pacote de aplicativos Windows, presente em cerca de 
90% dos computadores utilizados no mundo, segundo Feres e Silva (2018). 
Preparação da Apresentação 81
Devido a essa alta participação no mercado, o PowerPoint se tornou a 
mais conhecida e utilizada ferramenta de preparação de apresentações.
Esse programa se tornou tão importante no contexto das apresen-
tações empresariais que existem agências especializadas no desen-
volvimento de slides para empresas, palestrantes e professores. Em 
seu livro Superapresentações: como vender ideias e conquistar audiências, 
Galvão e Adas (2020) abordam diversos recursos disponibilizados pela 
ferramenta para desenvolver boas apresentações.
Segundo os autores, um erro comum cometido por quem desenvol-
ve os slides de uma apresentação é começar o trabalho diretamente no 
programa PowerPoint. Antes de começar a criar os slides, é fundamen-
tal que o orador desenvolva o planejamento da apresentação e defina 
o roteiro e a estrutura do discurso.
O roteiro define as informações, frases, dados, gráficos ou imagens 
necessários para dar sustentação ao conteúdo. Assim, é mais fácil defi-
nir a comunicação visual da apresentação.
Impress (BrOffice)
O BrOffice, também conhecido como LibreOffice, é um pacote de 
aplicativos gratuitos, compatíveis com uma série de sistemas operacio-nais, que dispõe de programas de edição de texto, planilhas de cálculo 
e de criação e apresentação de slides. O Impress, aplicativo específico 
para apresentações, é bastante semelhante ao do aplicativo Power-
Point, da Microsoft, com os mesmos conceitos de criação de slides e 
edição de imagens e de textos, bem como ferramentas de animação. 
Apesar de não contar com todos os recursos do PowerPoint, ainda é 
uma ótima opção para quem precisa desenvolver apresentações mas 
não pode investir em aplicativos ou sistemas pagos.
Canva
O Canva é uma ferramenta online e gratuita, bastante popular pela fa-
cilidade de uso e pela qualidade dos gráficos e modelos de apresentação. 
Essa plataforma utiliza o mesmo conceito de criação de slides e edição 
de imagens disponível no PowerPoint, mas além da montagem de slides, 
oferece também recursos de criação gráfica e de edição de imagens, pos-
sibilitando o desenvolvimento de diversos tipos de peças gráficas, como 
apresentações, infográficos, banners e materiais de divulgação.
Caso queira saber um 
pouco mais sobre o 
BrOffice, ou até mesmo 
realizar o download do 
programa, acesse o site 
oficial.
Disponível em: https://pt-br.
libreoffice.org/descubra/impress/. 
Acesso em: 26 ago. 2022.
Site
Caso queira experimentar 
o Canva e conhecer mais 
as funções disponíveis, 
acesse o site oficial e faça 
um teste.
Disponível em: https://www.
canva.com/pt_br/. Acesso em: 26 
ago. 2022
Site
https://pt-br.libreoffice.org/descubra/impress/
https://pt-br.libreoffice.org/descubra/impress/
https://www.canva.com/pt_br/
https://www.canva.com/pt_br/
82 Oratória e técnicas de apresentação
O Canva está disponível em duas versões: uma paga e com recur-
sos mais completos; e uma versão gratuita, que ainda assim é bastante 
completa e disponibiliza diversos modelos de apresentações.
Prezi
Diferentemente dos aplicativos citados, o Prezi apresenta um 
 conceito diferente de apresentação. As informações, gráficos, imagens 
e textos são dispostos em uma área de trabalho, e a visualização é feita 
com a aplicação de zoom, que aumenta cada um dos slides para que a 
visualização deles seja mais fácil. Assim, o Prezi possibilita que a apre-
sentação seja feita de forma sequencial ou não linear, como podemos 
ver em algumas apresentações disponíveis na plataforma. 2
O conceito de expandir e reduzir os slides durante a apresentação 
traz dinamismo ao discurso, e potencializa o engajamento da plateia. 
O espaço da área de trabalho se assemelha a uma grande lousa, o que 
permite ao orador uma ampla liberdade criativa.
Os slides não precisam ser construídos sempre com a mesma estru-
tura. Imagens, gráficos e textos são distribuídos pelo espaço de acor-
do com a criatividade do orador e os objetivos que pretende alcançar, 
 inclusive com o uso de linhas de raciocínio e argumentações paralelas.
Os diversos programas, aplicativos e ferramentas que podem ser 
utilizados como apoio visual para o discurso trazem uma série de 
 vantagens para o orador. Se bem utilizados, tornam a apresentação 
mais dinâmica e motivadora, ajudando no engajamento do público. 
 Porém, é sempre importante lembrar que qualquer tipo de recurso 
 visual será sempre um apoio. A qualidade, a coerência e a credibilidade 
do conteúdo devem ser o ponto central do discurso.
3.5 Construção dos slides 
Vídeo
Diversos programas e aplicativos de criação de apresentações, 
como o PowerPoint, o Impress e o Canva, são baseados no conceito 
de slides sequenciais como forma de estruturar a apresentação. Como 
qualquer ferramenta, é preciso que se conheça bem o programa esco-
lhido, para que se possa usá-lo corretamente.
Para visualizar um exem-
plo de uma apresentação 
na plataforma Prezi, basta 
acessar o link a seguir.
Disponível em: https://prezi.com/
p/9pean4a81caf/collaboration-
world-bee-day-prezi/. Acesso em: 
26 ago. 2022.
2
https://prezi.com/p/9pean4a81caf/collaboration-world-bee-day-prezi/
https://prezi.com/p/9pean4a81caf/collaboration-world-bee-day-prezi/
https://prezi.com/p/9pean4a81caf/collaboration-world-bee-day-prezi/
Preparação da Apresentação 83
Ao criar uma apresentação, é preciso escolher cuidadosamente os 
elementos gráficos e textuais que comporão cada um dos slides. Quan-
do o espectador vê um slide com um longo parágrafo de texto, sua rea-
ção imediata é ler o que está escrito. Durante esse processo, desvia sua 
atenção do que está sendo falado pelo orador, o que pode prejudicar o 
seu entendimento da mensagem.
Os programas de criação de apresentações também contam com di-
versos recursos de transição e animação que, se usados em excesso ou 
de forma desconectada com o conteúdo, cansam a plateia e desviam 
sua atenção.
Slides com excesso de informações, pouco claros e inadequados 
não prejudicam apenas a comunicação, podem também gerar gra-
ves prejuízos e até mesmo desastres. Hertz (2014) aponta que um 
 slide confuso e cheio de informações complexas pode ter sido uma 
das possíveis causas do acidente com o ônibus espacial Columbia, da 
 National Aeronautics and Space Administration  (NASA) no ano de 2003, 
que causou a morte de sete tripulantes.
O slide 3 , além de contar com uma grande quantidade de informações, 
usa frases complexas e confusas, e usa uma estrutura de tópicos e subtó-
picos que parece indicar que algumas informações são mais importantes 
do que outras. Porém, como indica Kestenbaum (2008, tradução nossa), 
a informação mais importante, que foi a causa do desastre, está coloca-
da no quarto nível de subtópicos, em uma fonte menor que as demais li-
nhas: “pequenas variações na energia total (acima do nível de penetração) 
 podem causar danos significativos à proteção”. 4
O slide utilizado pela NASA é um bom exemplo de como as fer-
ramentas de design e de estruturação do texto, disponibilizadas 
pelo PowerPoint, podem ser usadas de forma errada. Por outro 
lado, o uso adequado da ferramenta pode trazer grandes benefí-
cios para o apresentador.
Galvão e Adas (2020) apresentam uma série de orientações a serem 
seguidas durante o processo de construção dos slides, tendo como 
base o roteiro desenvolvido pelo orador durante o processo de plane-
jamento da apresentação.
O primeiro passo é definir o tamanho dos slides. Os programas 
 utilizados oferecem a possibilidade de usar slides de diferentes dimen-
sões e relações entre a largura e altura, e a escolha do mais adequa-
Para saber mais sobre 
o desastre do ônibus 
espacial Columbia, e para 
ver o famigerado slide 
problemático, acesse o 
link a seguir.
Disponível em: https://noticias.
r7.com/tecnologia-e-ciencia/
fotos/a-historia-da-apresentacao-
de-power-point-que-matou-sete-
pessoas-12082020. Acesso em: 02 
ago. 2022.
3
Em inglês, o trecho origi-
nal é: “minor variations in 
total energy (above pe-
netration level) can cause 
significant tile damage”.
4
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/fotos/a-historia-da-apresentacao-de-power-point-que-matou-sete-pessoas-12082020
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/fotos/a-historia-da-apresentacao-de-power-point-que-matou-sete-pessoas-12082020
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/fotos/a-historia-da-apresentacao-de-power-point-que-matou-sete-pessoas-12082020
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/fotos/a-historia-da-apresentacao-de-power-point-que-matou-sete-pessoas-12082020
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/fotos/a-historia-da-apresentacao-de-power-point-que-matou-sete-pessoas-12082020
84 Oratória e técnicas de apresentação
do depende do equipamento de projeção que será utilizado. Alguns 
 permitem o uso de diversas dimensões diferentes. Outros usam ape-
nas um tipo de relação largura versus altura. As dimensões mais utiliza-
das são apresentadas na Figura 4:
Figura 4
Tipos de dimensões de slides
Dimensão 4 x 3 Dimensão 16 x 9
Imagem e informação 
em equílibrio e sintonia
Fonte: Elaborada pelo autor.
As medidas das dimensões se referem à relação entre a largura 
versus a altura do slide, logo, na dimensão 4 × 3, o slidetem quatro 
unidades de medida de largura por três unidades de medida de altu-
ra. Conhecer os equipamentos que serão usados na apresentação é 
fundamental, pois o aparelho pode redimensionar automaticamente a 
medida do slide, desconfigurando e distorcendo as imagens.
O próximo passo é hierarquizar as informações que fazem parte do ro-
teiro. Algumas palavras e frases são títulos de temas ou partes da apresen-
tação, já outras representam ideias centrais, que precisam ser destacadas; 
enquanto as demais são secundárias, usadas para explicar e aprofundar 
uma ideia central. Mesmo dentro de cada frase, uma palavra pode ser 
mais importante, resumindo o contexto geral da ideia a ser transmitida.
A hierarquização facilita o processo de construção dos slides, 
pois orienta a estrutura a ser usada, as palavras a serem destaca-
das e a relação entre as ideias. Permite que sejam escolhidas ima-
gens que representem a ideia central ou que sirvam de metáfora 
para a mensagem.
O tamanho, a cor e o tipo das fontes utilizadas também causam um 
grande impacto visual, podendo facilitar ou, ao contrário, dificultar a 
legibilidade e a compreensão do conteúdo. A Figura 5 mostra um slide 
que exemplifica tanto a hierarquização quanto o uso das fontes para 
organizar as informações.
Ne
w 
Af
ric
a/
Sh
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to
ck
Preparação da Apresentação 85
Figura 5
Exemplo de hierarquização e escolha de fontes
Slide sem hierarquia e com 
fonte inadequada
Slide com hierarquia e com 
fonte adequada
Fonte: Elaborada pelo autor.
O uso de fontes e cores diferentes para destacar os títulos, bem 
como a hierarquização das informações em vários níveis, facilita a 
 compreensão da imagem. Galvão e Adas (2020) destacam a importân-
cia da escolha das fontes mais adequadas para a apresentação. Além 
da questão da legibilidade das fontes durante a projeção, detalhes 
como o alinhamento das fontes com os demais elementos do slide, o 
uso de tamanhos e cores diferentes para dar destaque a ideias e pa-
lavras, tal qual a escolha de uma fonte coerente com a mensagem são 
aspectos importantes na construção de uma apresentação.
Os slides também precisam apresentar um equilíbrio entre a quan-
tidade de texto e de imagens. O uso excessivo de textos pode deixar o 
slide confuso. As imagens devem ser escolhidas de forma a represen-
tar a ideia central apresentada no slide, sem, contudo, se sobrepor ao 
texto. A Figura 6 mostra a diferença entre um slide equilibrado e outro 
com excesso de informações:
Figura 6
Equilíbrio entre texto e imagem
sh
in
sh
ila
/S
hu
tte
rs
to
ck
Slide com excesso de informação e desequilibrado Imagem e informação em equilíbrio e sintonia
O Brasil é líder 
mundial no mercado 
de perfumes
Fonte: Elaborada pelo autor.
2009
 7,3 bi
2010 
9,7 bi
86 Oratória e técnicas de apresentação
No segundo slide da Figura 8, a informação principal está destaca-
da, e as informações complementares podem ser dadas pelo orador 
durante a palestra. Assim, o público não se distrai lendo as informações 
escritas no slide. A imagem é coerente com a mensagem transmitida, 
sendo que os dados do gráfico de crescimento foram incorporados à 
imagem e se encontram em sintonia com o contexto.
O uso de gráficos em slides é um ponto de atenção. Dependendo da 
quantidade de dados apresentados no slide, a visualização pode ficar 
confusa e não transmitir a ideia central. Assim, sempre que possível, o 
ideal é simplificar os gráficos, usando as informações principais e in-
corporando os dados aos demais elementos do slide, como mostra a 
Figura 7:
Figura 7
O uso de gráficos nos slides
1 2
EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE DE CAMINHÕES X VEÍCULOS 
FABRICADOS NO BRASIL EM RELAÇÃO AO ANO BASE 2020
Gráfico com excesso de dados
100%
ano
2002
ano
2010
ano
2006
ano
2014
ano
2004
ano
2012
ano
2008
ano
2016
ano
2018
ano
2003
ano
2011
ano
2007
ano
2015
ano
2005
ano
2013
ano
2009
ano
2017
ano
2019
114%
114% 165% 151%
196%
240%
188%
278%
327%
274%
205%
148% 133%
168% 176%
183%
208%
103%
130% 144% 147%
173% 87% 177%
107%109%195%
127%
193%
108%
89%
121%
154% 166%
 Caminhões TT veículos
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EUA
43%
CHINA
37% 50% 13%
BRASIL
14%62%24%
32% 25%
3
45
PESO DOS MODAIS DE TRANSPORTE
Dados incorporados a imagem
Fonte: Elaborada pelo autor.
O uso de figuras que remetem a cada um dos tipos de transpor-
tes utilizados (ferroviário, rodoviário e marítimo) dá ao segundo slide 
um aspecto lúdico que desperta a atenção da plateia. Facilita também 
a compreensão da diferença do peso de cada tipo de transporte nos 
 diversos países.
Os slides são um material de apoio ao discurso, que têm como 
principal característica ser um recurso visual. Por isso, as imagens 
 representam um papel central na construção dos slides. Elas precisam 
ser coerentes com o conteúdo e apresentar uma unidade visual que 
faça com que a plateia compreenda a mensagem transmitida.
Cada um dos slides precisa se relacionar com os demais, construin-
do uma linha de raciocínio que facilita a compreensão dos conceitos 
discutidos, como mostra a Figura 8:
Preparação da Apresentação 87
Figura 8
Unidade visual dos slides em uma apresentação
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Sequência de slides incoerente e sem 
identidade visual definida
Sequência de slides coerente e com 
identidade visual clara e definida
Fonte: Elaborada pelo autor.
Galvão e Adas (2020) apontam que diversos tipos de imagens e de 
 comunicação visual podem ser usados na construção dos slides, de 
forma a criar uma identidade visual para apresentação. O tipo mais 
comum e mais fácil de ser desenvolvido usa apenas textos.
Porém, como destacam os autores, deve-se evitar usar somente um 
tipo de fonte, com apenas um tamanho. A tipografia permite diversos 
recursos visuais, como o deslocamento dos textos, uso de fontes e cores 
diferentes, que criam um ritmo visual, como mostra a Figura 9:
Figura 9
Sequência de slides compostos apenas por textos.
Fonte: Elaborada pelo autor.
88 Oratória e técnicas de apresentação
O uso de formas geométricas é uma outra maneira simples de 
 organizar o conteúdo e criar uma unidade visual, que exige pouco co-
nhecimento de design e dos recursos da ferramenta. As figuras e formas 
geométricas podem tanto estar isoladas, quanto combinadas com textos, 
imagens ou desenhos. A localização das formas no espaço do slide permi-
te criar referências visuais, quando colocadas sempre na mesma posição, 
ou um sentido de movimento, quando localizadas em pontos diferentes 
do slide. A Figura 10 mostra um exemplo desse tipo de slide:
Figura 10
Sequência de slides com formas geométricas
Fonte: Elaborada pelo autor.
Imagens que cobrem totalmente o slide são um recurso simples que 
causa grande impacto visual. As imagens devem ser escolhidas de forma cri-
teriosa, para representar os conceitos discutidos e criar uma unidade visual.
Um fator importante é usar imagens que não tenham restrição quan-
to a direitos autorais, especialmente em apresentações feitas para gran-
des públicos. É possível definir, nos buscadores de imagens na internet, 
filtros que apresentem apenas aquelas com direitos livres. Outras ferra-
mentas são os bancos de imagens que disponibilizam imagens gratuitas.
Neste tipo de slide, o uso de textos é bastante restrito, se resumindo a fra-
ses ou palavras, para que o slide não fique poluído, como mostra a Figura 11:
Figura 11
Sequência de slides com fotos cobrindo todo o slide.
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Fonte: Elaborada pelo autor.
EscutatóriaEscutatóriaEscutar é Escutar é 
intençãointenção
Pessoas gostam Pessoas gostam 
de falarde falar
Preparação da Apresentação 89
Outra formade usar as imagens e fotos é cobrir apenas parcialmen-
te o slide, combinando-as com formas geométricas que mantenham 
a unidade visual, ao mesmo tempo que se pode incluir textos mais 
 longos e outras informações, como mostra a Figura 12.
Figura 12
Sequência de slides com imagens parciais combinadas com textos.
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ckPromoção
O que 
atrai um 
consumidor 
que recebe 
milhares de 
ofertas todos 
os dias?
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ckSegmentação
Como atender 
a segmentos 
de mercado se 
a definição de 
grupos sociais 
é cada vez mais 
complexa?
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to
ckAgilidade
Como 
proporcionar 
agilidade a 
um Shopper 
acostumado 
a receber em 
casa em pouco 
tempo?
Fonte: Elaborada pelo autor.
Ícones e símbolos também podem ser usados de forma dinâmica 
para gerar apresentações impactantes e visualmente integradas. Os 
ícones são tipos de figuras facilmente encontradas nos buscadores da 
internet e estão disponíveis gratuitamente nos bancos de imagens. A 
apresentação se torna leve e lúdica, o que atrai a atenção da plateia. A 
Figura 13 mostra um exemplo desse tipo de slide.
Figura 13
Sequência de slides com ícones ou sinais gráficos
Fonte: Elaborada pelo autor.
Outro recurso visual que deixa a apresentação lúdica e divertida 
são os desenhos, que podem tanto cobrir todo o espaço do slide 
– como o que ocorre com as fotos – quanto podem ser usados de 
90 Oratória e técnicas de apresentação
forma combinada com textos e figuras geométricas. As imagens a 
seguir mostram dois tipos diferentes de desenhos usados em uma 
apresentação. Na Figura 14, são usados desenhos vetoriais, que 
criam uma sensação de terceira dimensão pela disposição dos ele-
mentos no espaço:
Figura 14
Sequência de slides com imagens vetoriais
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ckESTOCAGEMESTOCAGEM
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ckROTEIRIZAÇÃOROTEIRIZAÇÃO
M
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ckT.I. APLICADA À T.I. APLICADA À 
LOGÍSTICALOGÍSTICA
Fonte: Elaborada pelo autor.
Já a Figura 15 usa desenhos estilizados, do tipo conhecido como 
cartum, o que deixa a apresentação bastante divertida e envolvente. A 
grande quantidade de imagens desse tipo disponíveis representa uma 
vantagem, pois possibilita o uso da criatividade do orador na monta-
gem dos slides. Por outro lado, embute um risco: os slides podem ficar 
poluídos e confusos.
Figura 15
Sequência de slides com desenhos
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Fonte: Elaborada pelo autor.
Outro ponto que precisa ser considerado na criação do material 
de apoio para a apresentação é a quantidade de slides a serem usa-
dos. Existe um mito de que o orador deve preparar um slide para cada 
 minuto da apresentação. Porém, na prática, um slide pode ser expli-
cado em poucos segundos, enquanto outros levam diversos minutos 
para serem abordados. É possível até que toda a apresentação seja 
feita com apenas um slide.
Existem aplicativos especí-
ficos que utilizam imagens 
do tipo cartum para 
produção de desenhos e 
slides, com milhares de 
figuras disponíveis. Dentre 
elas, destacamos duas 
plataformas:
Powtoon: https://www.powtoon.
com/.
VideoScribe: https://www.
videoscribe.co/en/.
Acessos em: 26 ago. 2022.
Site
NecessidadesNecessidades
ConflitoConflito
Novo olhar Novo olhar 
Resultados positivosResultados positivos
SentimentosSentimentos
Novo pensarNovo pensar
Necessidades básicasNecessidades básicas
https://www.powtoon.com/
https://www.powtoon.com/
https://www.videoscribe.co/en/
https://www.videoscribe.co/en/
Preparação da Apresentação 91
Segundo Galvão e Adas (2020), uma forma de definir a quantidade 
de slides é testar a apresentação. Após transformar o roteiro em uma 
sequência de slides, o orador deve realizar a apresentação da mes-
ma forma como será feita para a plateia. Esse teste pode ser grava-
do – tanto em vídeo quanto em áudio – com o objetivo de calcular se 
a quantidade de slides está adequada ao tempo disponível, bem com 
identificar slides confusos ou que podem ser melhorados. O ensaio 
também é uma forma eficiente de ajustar o conteúdo, melhorar o 
 discurso e desenvolver ideias de comunicação não verbal que podem 
ser usadas durante a apresentação.
Outro ponto que precisa ser considerado na criação do material 
de apoio para a apresentação é a quantidade de slides a serem usa-
dos. Existe um mito de que o orador deve preparar um slide para cada 
 minuto da apresentação. Porém, na prática, um slide pode ser expli-
cado em poucos segundos, enquanto outros levam diversos minutos 
para serem abordados. É possível até que toda a apresentação seja 
feita com apenas um slide.
Existem aplicativos especí-
ficos que utilizam imagens 
do tipo cartum para 
produção de desenhos e 
slides, com milhares de 
figuras disponíveis. Dentre 
elas, destacamos duas 
plataformas:
Powtoon: https://www.powtoon.
com/.
VideoScribe: https://www.
videoscribe.co/en/.
Acessos em: 26 ago. 2022.
Site
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim como ocorre com qualquer processo de comunicação, uma 
 palestra, discurso ou aula será interessante se o tema e o conteúdo 
 gerarem interesse na plateia. A audiência quer entender o motivo pelo 
qual o conteúdo apresentado é interessante, e como esse conhecimento 
pode impactar sua vida. Assim, definir claramente a estrutura da apre-
sentação, o tipo de discurso a ser utilizado, criar um roteiro que engaje 
a plateia e usar recursos de apoio adequados aumenta de forma signi-
ficativa a possibilidade de o orador alcançar seus objetivos ao final da 
apresentação.
ATIVIDADES
Atividade 1
A definição do tema do discurso é uma importante etapa do 
planejamento da apresentação. Portanto, explique a importância 
desse passo.
Atividade 2
Explique a diferença entre o discurso argumentativo, o discurso 
narrativo e o discurso expositivo.
https://www.powtoon.com/
https://www.powtoon.com/
https://www.videoscribe.co/en/
https://www.videoscribe.co/en/
92 Oratória e técnicas de apresentação
Atividade 3
Explique por que o uso do storytelling pelos oradores pode ajudar 
a estabelecer empatia com o público.
REFERÊNCIAS
BORGES, W. J.; GOIS, P. H.; TATTO, L. Storytelling e estratégia: a cognição como forma de 
integração. Revista Saber Acadêmico, n. 11, jun. 2011. Disponível em: http://uniesp.edu.br/
sites/_biblioteca/revistas/20180403120715.pdf. Acesso em: 26 ago. 2022.
CAMPBELL, J. Herói de Mil Faces, Cidade da Guatemala: Fundación Cholsamj, 2004.
CUSTÓDIO, C. R. S. N.; FAGUNDES, M. A. Storytelling e as tecnologias de informação 
durante a condução de aulas remotas síncronas em um curso de Biomedicina – Relato de 
experiência. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Matemática (RBECM), v. 5, p. 228-232, 
2022. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rbecm/article/view/13213/114116334. 
Acesso em: 26 ago. 2022.
FERES, M. V. C.; SILVA, L. A. PARA ALÉM DO DEBATE WINDOWS x LINUX: efeito de aprisionamento 
e propriedade intelectual do software. Revista de Propriedade Intelectual Direito Contemporâneo 
e Constituição (PIDCC), v. 12, n. 3, p. 22-45, out. 2018. Disponível em: https://www.researchgate.
net/publication/328557124_PARA_ALEM_DO_DEBATE_WINDOWS_X_LINUX_EFEITO_DE_
APRISIONAMENTO_E_PROPRIEDADE. Acesso em: 26 ago. 2022.
GALVÃO, J.; ADAS, E. Superapresentações: como vender ideias e conquistar audiências. São 
Paulo: Panda Books, 2020.
HENRIQUES, C. C. Estilística e discurso: estudos produtivos sobre texto e expressividade. Rio 
de Janeiro: Alta Books, 2019.
HERTZ, N. De olhos bem abertos: Como tomar decisões inteligentes em um mundo confuso. 
Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2014.
HOMERO. Ilíada. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2013.
KESTENBAUM, N. Obrigado pela informação que você não me deu! Rio de Janeiro: Elsevier 
Brasil, 2008.
MARTINEZ, M. Jornada do herói: a estrutura narrativa mítica na construção de histórias de 
vida em jornalismo. Rio de Janeiro:Digitaliza Conteúdo, 2022.
RICÓN, L. E. A jornada do herói mitológico. In: 2º SIMPOSIO DE RPG & EDUCAÇÃO. Anais [...] 
São Paulo, mar. 2006. Disponível em: http://hosted.zeh.com.br/misc/senac/4semestre/prj/
jornada.pdf. Acesso em: 26 ago. 2022.
SINEK, S. Como os grandes líderes inspiram à ação. Ted Talks, 2010. Disponível em: https://
www.ted.com/talks/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action?language=pt. Acesso 
em: 02 ago. 2022.
PAGANI, C.; SCHNEIDER, W. A.; RAUPP, F. Apresentação de informações em portais de 
transparência uma proposta baseada em storytelling e linha do tempo. In: 8º ENCONTRO 
BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Anais [...] Brasília, nov. 2021. Disponível: https://
sbap.org.br/ebap/index.php/home/article/view/125/4. Acesso em: 26 ago. 2022.
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180403120715.pdf
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180403120715.pdf
http://seer.upf.br/index.php/rbecm/article/view/13213/114116334
https://www.researchgate.net/publication/328557124_PARA_ALEM_DO_DEBATE_WINDOWS_X_LINUX_EFEITO_DE_APR
https://www.researchgate.net/publication/328557124_PARA_ALEM_DO_DEBATE_WINDOWS_X_LINUX_EFEITO_DE_APR
https://www.researchgate.net/publication/328557124_PARA_ALEM_DO_DEBATE_WINDOWS_X_LINUX_EFEITO_DE_APR
http://hosted.zeh.com.br/misc/senac/4semestre/prj/jornada.pdf
http://hosted.zeh.com.br/misc/senac/4semestre/prj/jornada.pdf
https://sbap.org.br/ebap/index.php/home/article/view/125/4
https://sbap.org.br/ebap/index.php/home/article/view/125/4
A apresentação 93
4
A apresentação
Reunir os conhecimentos e competências, realizar estudos e trei-
namentos e desenvolver o planejamento de uma palestra são passos 
fundamentais para o sucesso de um orador. 
Porém, é no momento da apresentação que toda essa elaboração 
será colocada em prática. Assim, por mais que o orador esteja bem-
-preparado, é preciso levar em consideração alguns pontos centrais na 
hora de realizar a palestra. 
Na primeira parte do capítulo, o tema é a importância da adequação 
do vestuário e da apresentação pessoal do palestrante. O tipo de pal-
co, o microfone e os equipamentos a serem utilizados, a possibilidade 
de a palestra ser gravada ou transmitida para um público mais amplo 
são pontos a serem considerados pelo palestrante na hora de definir 
a forma como se vestirá para o evento. Outro aspecto a ser tratado 
é a questão da higiene e dos cuidados pessoais, especialmente para 
oradores que realizam apresentações com frequência, como acontece 
com professores. 
A segunda parte do capítulo é dedicada a discutir a postura e mo-
vimentação na construção da comunicação não verbal, ferramenta im-
portante na comunicação e na construção da relação de empatia com 
a plateia. 
O estabelecimento de um vínculo empático entre o orador e a pla-
teia é discutido na terceira parte do capitulo. Tendo como base teórica 
os três elementos da retórica aristotélica – ethos, páthos e logos –, são 
apresentadas as diversas ferramentas e ações que podem ser adota-
das pelo orador para construir essa conexão com o público. 
Por fim, na última parte do capítulo, o tema é a capacidade de o ora-
dor lidar com situações inesperadas, que fogem de seu planejamento, 
e o uso do improviso durante o discurso. 
94 Oratória e técnicas de apresentação
res do evento que define o tipo de roupa a ser utilizado pelos pales-
trantes. É importante também entender como o público estará vestido. 
Por exemplo, pense em um evento empresarial que ocorrerá no 
hotel de uma cidade do litoral, tendo como público os colaboradores 
da empresa. Provavelmente, o público estará vestido com roupas mais 
informais, adequadas ao local e ao clima. Nesse contexto, a roupa do 
palestrante pode também ser mais informal. 
A segunda pergunta que o orador deve se fazer é se sua palestra 
será filmada. Algumas cores não são adequadas para eventos que se-
rão transmitidos ou gravadas. Roupas brancas podem refletir muito a 
luz, borrando a figura do orador na gravação. Roupas pretas – espe-
cialmente em um palco com fundo escuro – podem causar um efeito 
contrário, diminuindo o destaque do orador. Roupas com desenhos 
pequenos, listras ou padrões repetidos podem causar problemas de 
definição da imagem. 
O uso de microfones é outro ponto de atenção para o orador. Mi-
crofones do tipo auricular ou headset, por ficarem próximos ao rosto, 
podem gerar ruídos, sobretudo no caso de mulheres, devido ao uso de 
brincos ou correntes. Microfones sem fio, em geral, exigem que a uni-
dade de bateria seja colocada em um bolso ou na cintura. Portanto, é 
preciso ter o cuidado de usar roupas que suportem esse equipamento. 
Já os microfones de mão não apresentam tantas limitações técni-
cas. Por outro lado, podem atrapalhar a movimentação e a gesticula-
ção do orador.
Acessórios, joias, relógios e bijuterias devem ser escolhidos com cui-
dado, pois, como supracitado, podem gerar barulhos captados pelos 
microfones, bem como reflexos e brilhos que podem prejudi-
car a gravação das imagens. 
A última pergunta que o orador deve fazer 
para definir sua forma de se vestir, conforme 
Anderson (2016), é como será o palco. Um 
palco grande dá espaço para o orador se 
movimentar e andar, mas, ao mesmo 
tempo, pode fazer com que a figura do 
apresentador se torne pequena. Nesse 
sentido, roupas de cores mais claras e 
vibrantes podem destacar a figura do 
CEO do mais conhecido 
evento de palestras do 
mundo, o Ted Talks, Chris 
Anderson apresenta em 
seu livro, TED Talks: o guia 
oficial do TED para falar 
em público, uma série de 
dicas e orientações sobre 
como planejar e realizar 
uma palestra. Com a 
autoridade de quem já 
foi responsável pela or-
ganização de milhares de 
apresentações, algumas 
delas entre as mais assis-
tidas das plataformas de 
vídeo, Anderson oferece 
um verdadeiro manual 
de como realizar uma 
palestra de alto nível. 
ANDERSON, C. Rio de Janeiro: 
Intrínseca, 2016.
Livro
A importância da ves-
timenta na construção 
da imagem é o tema da 
surpreendente palestra A 
aparência não é tudo. Acre-
ditem em mim, sou modelo. 
A apresentadora, que 
também é uma modelo, 
Cameron Russell, entra 
no palco com um vestido 
justo e curto, o que 
causa um grande impacto 
visual. Porém, durante a 
palestra, troca de roupa, 
vestindo uma saia e uma 
blusa confortáveis, mos-
trando como uma simples 
mudança de roupa pode 
mudar totalmente a 
percepção das pessoas 
a respeito de um orador. 
A modelo aborda como a 
imagem e os padrões de 
beleza ocupam um papel 
importante na cultura 
contemporânea. O vídeo 
está em inglês, mas é 
possível ativar as legendas 
em português.
Disponível em: https://www. 
ted.com/talks/cameronru 
sselllooksarente 
verythingbelieveme 
imamodel?language=pt. Acesso 
em: 08 ago. 2022.
Vídeo
Figura 1
Microfone tipo headset
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• entender a importância da adequação do vestuário e dos tipos de 
recursos visuais utilizados conforme o tema e o tipo de público;
• notar a importância da postura e da comunicação não verbal du-
rante a apresentação;
• compreender a importância de conhecer e entender a plateia para 
construir relacionamento e empatia com o público;
• entender a possibilidade de adaptar o planejamento e improvisar 
ao longo da apresentação em público, diante de situações cons-
trangedoras ou imprevisíveis.
Objetivos de aprendizagem
4.1 Vestuário e recursos visuais 
Vídeo A primeira impressão é a que fica!
O dito popular faz sentido em diversas situações sociais e é prin-
cipalmente verdadeiro quando se refere a um palestrante, orador ou 
professor que se apresenta pela primeira vez a uma plateia.
A aparência pessoal e a forma como o apresentador se veste refle-
tem pontos importantes de sua imagem e fazem parte de sua comuni-
cação não verbal. Por isso, é preciso que haja coerência entre a forma 
como o orador se mostra e o conteúdo de sua mensagem. Roupas, 
acessórios, sapatos e cabelo constroem uma imagem que funciona 
como um suporte e um validadorda mensagem transmitida. 
O primeiro ponto a se destacar é que não há uma forma correta ou 
errada de se vestir. Depende do contexto, do conteúdo, do local onde 
ocorre a palestra e de seu público. Imagine uma apresentação desen-
volvida por uma marca de roupas para skatistas na qual o palestrante 
está vestido com um terno. Ou uma palestra em um banco ou uma 
empresa ligada à administração pública na qual seu representante está 
vestido de bermuda e camiseta. 
Chris Anderson, criador de um dos mais importantes eventos de pa-
lestras do mundo, o Ted Talks, explica que o orador deve fazer alguns 
questionamentos que irão direcionar a escolha do figurino. Segundo 
Anderson (2016), o principal questionamento é saber se há um dress 
code, ou seja, um guia de orientação desenvolvidos pelos organizado-
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
res do evento que define o tipo de roupa a ser utilizado pelos pales-
trantes. É importante também entender como o público estará vestido. 
Por exemplo, pense em um evento empresarial que ocorrerá no 
hotel de uma cidade do litoral, tendo como público os colaboradores 
da empresa. Provavelmente, o público estará vestido com roupas mais 
informais, adequadas ao local e ao clima. Nesse contexto, a roupa do 
palestrante pode também ser mais informal. 
A segunda pergunta que o orador deve se fazer é se sua palestra 
será filmada. Algumas cores não são adequadas para eventos que se-
rão transmitidos ou gravadas. Roupas brancas podem refletir muito a 
luz, borrando a figura do orador na gravação. Roupas pretas – espe-
cialmente em um palco com fundo escuro – podem causar um efeito 
contrário, diminuindo o destaque do orador. Roupas com desenhos 
pequenos, listras ou padrões repetidos podem causar problemas de 
definição da imagem. 
O uso de microfones é outro ponto de atenção para o orador. Mi-
crofones do tipo auricular ou headset, por ficarem próximos ao rosto, 
podem gerar ruídos, sobretudo no caso de mulheres, devido ao uso de 
brincos ou correntes. Microfones sem fio, em geral, exigem que a uni-
dade de bateria seja colocada em um bolso ou na cintura. Portanto, é 
preciso ter o cuidado de usar roupas que suportem esse equipamento. 
Já os microfones de mão não apresentam tantas limitações técni-
cas. Por outro lado, podem atrapalhar a movimentação e a gesticula-
ção do orador.
Acessórios, joias, relógios e bijuterias devem ser escolhidos com cui-
dado, pois, como supracitado, podem gerar barulhos captados pelos 
microfones, bem como reflexos e brilhos que podem prejudi-
car a gravação das imagens. 
A última pergunta que o orador deve fazer 
para definir sua forma de se vestir, conforme 
Anderson (2016), é como será o palco. Um 
palco grande dá espaço para o orador se 
movimentar e andar, mas, ao mesmo 
tempo, pode fazer com que a figura do 
apresentador se torne pequena. Nesse 
sentido, roupas de cores mais claras e 
vibrantes podem destacar a figura do 
CEO do mais conhecido 
evento de palestras do 
mundo, o Ted Talks, Chris 
Anderson apresenta em 
seu livro, TED Talks: o guia 
oficial do TED para falar 
em público, uma série de 
dicas e orientações sobre 
como planejar e realizar 
uma palestra. Com a 
autoridade de quem já 
foi responsável pela or-
ganização de milhares de 
apresentações, algumas 
delas entre as mais assis-
tidas das plataformas de 
vídeo, Anderson oferece 
um verdadeiro manual 
de como realizar uma 
palestra de alto nível. 
ANDERSON, C. Rio de Janeiro: 
Intrínseca, 2016.
Livro
A importância da ves-
timenta na construção 
da imagem é o tema da 
surpreendente palestra A 
aparência não é tudo. Acre-
ditem em mim, sou modelo. 
A apresentadora, que 
também é uma modelo, 
Cameron Russell, entra 
no palco com um vestido 
justo e curto, o que 
causa um grande impacto 
visual. Porém, durante a 
palestra, troca de roupa, 
vestindo uma saia e uma 
blusa confortáveis, mos-
trando como uma simples 
mudança de roupa pode 
mudar totalmente a 
percepção das pessoas 
a respeito de um orador. 
A modelo aborda como a 
imagem e os padrões de 
beleza ocupam um papel 
importante na cultura 
contemporânea. O vídeo 
está em inglês, mas é 
possível ativar as legendas 
em português.
Disponível em: https://www. 
ted.com/talks/cameronru 
sselllooksarente 
verythingbelieveme 
imamodel?language=pt. Acesso 
em: 08 ago. 2022.
Vídeo
Figura 1
Microfone tipo headset
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A apresentaçãoA apresentação 9595
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
https://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt
orador. Por outro lado, um púlpito limita a movimentação do orador e 
faz com que suas roupas não sejam totalmente visualizadas. 
O uso de cores fortes e vibrantes, assim como estampas e padrões, de-
pende da imagem pessoal e da mensagem que o orador quer transmitir, 
todavia cores neutras e tons pasteis transmitem mais seriedade e 
credibilidade.
As roupas precisam ser confortáveis e ajustadas ao corpo, porém deve-
-se evitar roupas muito justas, que possam atrapalhar os movimentos e até 
mesmo a respiração. Roupas muito largas, apesar de confortáveis, podem 
parecer ainda maiores quando vistas a distância, sob a luz dos holofotes. 
Assim, o orador tem de escolher roupas com as quais se sinta confortável.
A escolha dos sapatos deve privilegiar o conforto e a estabilidade, espe-
cialmente em palestras longas ou palcos grandes, nos quais o palestran-
te pode se movimentar. Essa é uma orientação especialmente importante 
para mulheres, pois o uso de sapatos com salto alto pode causar desequilí-
brio durante a palestra, caso o palco tenha uma superfície irregular ou caso 
a palestrante não tenha o costume de utilizar esse tipo de sapato com muita 
frequência. Uma boa base de apoio dá ao palestrante segurança, ajuda na 
respiração, na atenção e na projeção da voz. 
Apesar das orientações gerais sobre as roupas, é fundamental que o 
apresentador mantenha a sua própria imagem e estilo pessoal. Tentar co-
piar pessoas ou oradores famosos pode diminuir a credibilidade, ao pas-
sar a impressão de que a pessoa tenta ser outra.
Atenção especial deve ser dada às condições nas quais se encon-
tram as roupas. Peças sujas, amarrotadas ou manchadas passam 
a impressão de desleixo e podem levar a plateia a concluir que o 
palestrante não dá a devida importância à apresentação. 
Por esse motivo, é essencial que o orador, se possível, tenha 
uma opção de troca de roupa, caso ocorra algum acidente, como 
manchas causadas por bebidas ou alimentos, muito comuns em 
eventos que contam com coffee breaks, lanches ou refeições. 
Seja em grandes palcos com telões que reproduzem a imagem 
do palestrante em tempo real, em palestras realizadas em espa-
ços menores, reuniões ou até mesmo em aulas, a atenção da pla-
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96 Oratória e técnicas de apresentaçãoOratória e técnicas de apresentação
A apresentação 97
teia irá se concentrar principalmente no rosto do orador. Por isso, a higiene 
é um dos mais importantes elementos da imagem pessoal. 
O cabelo deve estar limpo e arrumado, independentemente do tipo de 
corte ou penteado utilizado.No caso dos homens, a barba precisa estar 
bem cuidada, ainda mais se o apresentador usa barba comprida. As unhas 
devem estar limpas e bem-feitas, principalmente se o orador utiliza micro-
fone de mão, pois esta passa a ser a parte mais visível do palestrante. Da 
mesma forma, é imprescindível ter cuidado com a maquiagem, que tem de 
ser, preferencialmente, discreta e condizente com as roupas e acessórios 
utilizados. 
Caso utilize roupas claras, é preciso ter cuidado com manchas de trans-
piração que possam marcar a camisa. A forte iluminação utilizada em even-
tos faz com que o palco seja mais quente do que o restante do espaço no 
qual o evento ocorre. Assim, pessoas que costumam transpirar em excesso 
devem escolher roupas que não fiquem marcadas com o suor.
A preocupação com a higiene é relevante, sobretudo para os pro-
fessores. Uma palestra é um evento específico, para o qual o orador 
tem tempo para se preparar e pensar em detalhes. Já para o professor, 
o ato de falar em público é diário, diversas vezes ao dia, e cada sala de 
aula é uma plateia diferente. 
Nas aulas matutinas, recomenda-se que o professor tome cuidado com 
o cabelo e garanta que as roupas estejam passadas e alinhadas. Após os 
intervalos e refeições, é preciso verificar se não há manchas nas roupas ou 
migalhas de alimentos no rosto. 
Nas aulas noturnas, deve-se ter cuidado redobrado com a aparência das 
roupas, principalmente no caso de professores que desenvolvem outras ati-
vidades profissionais durante o dia. Ao final de um dia de trabalho, depois 
de diversas refeições e deslocamentos pela cidade, há uma grande probabi-
lidade de que as roupas estejam amassadas ou sujas.
Um dos mais conhecidos e respeitados empresários, reconhecido como 
um excepcional palestrante, Steve Jobs, usava sempre a mesma roupa em 
suas palestras: uma calça jeans, tênis brancos e uma camiseta preta de 
mangas longas, como mostra a Figura 2.
98 Oratória e técnicas de apresentação
Porém, em uma de suas marcantes apresentações, usa algumas 
caixas plásticas e miniaturas para demonstrar a evolução do desen-
volvimento econômico e o crescimento populacional global. Com estes 
simples recursos, o médico realiza uma palestra extremamente lúdica 
e educativa. Transmitindo sua mensagem de forma clara e estabele-
cendo uma profunda relação de empatia com o público. 
Anderson (2016) cita diversos outros tipos de recursos e formatos de 
palestras e discursos que podem ser utilizados e traz alguns exemplos, 
como Bill Gates, que, para abordar como a malária ainda é um problema 
em muitos países, soltou no palco uma nuvem de mosquitos 1 . 
Outros tipos de recursos citados pelo autor são telas panorâmicas, uso 
de sons e aromas, óculos 3D distribuídos para a plateia, entrevistas pre-
senciais ou por meio de ferramentas virtuais, poesias, música e dança. 
Hans Rosling se destacava 
por sua criatividade ao 
realizar suas palestras. 
Nascido na Suécia, sua 
fala em inglês era extre-
mamente carregada de 
sotaque e, algumas vezes, 
de difícil compreensão 
para suas plateias nos 
EUA. Assim, usava com 
bastante frequência 
recursos visuais para fa-
cilitar o entendimento de 
suas palestras. No vídeo 
Crescimento da população 
global, caixa a caixa, ele 
usa objetos como caixas 
e miniaturas de forma bri-
lhante em uma divertida 
e instrutiva palestra. O ví-
deo está em inglês, mas é 
possível ativar as legendas 
em português.
Disponível em: https://www.ted.
com/talks/hans_rosling_global_
population_growth_box_by_
box?subtitle=pt-br. Acesso em: 08 
ago. 2022.
Vídeo
Para ver a famosa apre-
sentação em que Gates 
solta no palco mosquitos 
que não estão infectados 
com malária, basta aces-
sar o link a seguir.
Disponível em: https://www.
ted.com/talks/bill_gates_
mosquitos_malaria_and_
education?language=pt-br. Acesso 
em: 22 ago. 2022.
1
Figura 2
O figurino de Steve Jobs
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Estátua de cera de Jobs no museu Madame Tussauds, em São Francisco, nos EUA.
Sua imagem se tornou um ícone reconhecido tanto pelos entusias-
tas de tecnologia quanto pelo público em geral. Em uma entrevista, 
Jobs explicou sua escolha pela roupa neutra: eram os produtos que 
deveriam chamar a atenção do público, não sua aparência.
O uso de recursos visuais durante uma apresentação vai além dos 
projetores de slides ou vídeos. Existem diversas formas de ilustrar uma 
ideia ou as informações apresentadas pela palestra. O uso de objetos 
físicos ou dinâmicas com a participação do público, por não serem prá-
ticas tão comum nas palestras e apresentações, podem ser uma forma 
de surpreender a plateia e fixar o conceito discutido. 
Hans Rosling (1948-2017), renomado médico sanitarista e professor 
de saúde internacional, ao sentir a necessidade de apresentar informa-
ções extremamente complexas sobre saúde pública, as quais envolviam 
a evolução – durante décadas – de dados de áreas diversas, como renda, 
taxas de natalidade e mortalidade, educação e estrutura sanitária, de-
senvolveu um sistema de computador chamado Gapminder, que facilita 
a visualização de dados estatísticos. Com essa ferramenta, Rosling apre-
sentou palestras memoráveis em eventos globais.
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_global_population_growth_box_by_box?subtitle=pt-br
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_global_population_growth_box_by_box?subtitle=pt-br
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_global_population_growth_box_by_box?subtitle=pt-br
https://www.ted.com/talks/hans_rosling_global_population_growth_box_by_box?subtitle=pt-br
https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
A apresentação 99
Porém, em uma de suas marcantes apresentações, usa algumas 
caixas plásticas e miniaturas para demonstrar a evolução do desen-
volvimento econômico e o crescimento populacional global. Com estes 
simples recursos, o médico realiza uma palestra extremamente lúdica 
e educativa. Transmitindo sua mensagem de forma clara e estabele-
cendo uma profunda relação de empatia com o público. 
Anderson (2016) cita diversos outros tipos de recursos e formatos de 
palestras e discursos que podem ser utilizados e traz alguns exemplos, 
como Bill Gates, que, para abordar como a malária ainda é um problema 
em muitos países, soltou no palco uma nuvem de mosquitos 1 . 
Outros tipos de recursos citados pelo autor são telas panorâmicas, uso 
de sons e aromas, óculos 3D distribuídos para a plateia, entrevistas pre-
senciais ou por meio de ferramentas virtuais, poesias, música e dança. 
Hans Rosling se destacava 
por sua criatividade ao 
realizar suas palestras. 
Nascido na Suécia, sua 
fala em inglês era extre-
mamente carregada de 
sotaque e, algumas vezes, 
de difícil compreensão 
para suas plateias nos 
EUA. Assim, usava com 
bastante frequência 
recursos visuais para fa-
cilitar o entendimento de 
suas palestras. No vídeo 
Crescimento da população 
global, caixa a caixa, ele 
usa objetos como caixas 
e miniaturas de forma bri-
lhante em uma divertida 
e instrutiva palestra. O ví-
deo está em inglês, mas é 
possível ativar as legendas 
em português.
Disponível em: https://www.ted.
com/talks/hans_rosling_global_
population_growth_box_by_
box?subtitle=pt-br. Acesso em: 08 
ago. 2022.
Vídeo
Para ver a famosa apre-
sentação em que Gates 
solta no palco mosquitos 
que não estão infectados 
com malária, basta aces-
sar o link a seguir.
Disponível em: https://www.
ted.com/talks/bill_gates_
mosquitos_malaria_and_
education?language=pt-br. Acesso 
em: 22 ago. 2022.
1
4.2 Postura e linguagem corporal 
durante a apresentação Vídeo
A linguagem corporal ou não verbal representa notável parcela das 
mensagens e informações transmitidas nos processos de comunica-
ção. No contexto da oratória e dasapresentações, torna-se ainda mais 
importante, porque a plateia consegue perceber, na comunicação não 
verbal do orador, aspectos como segurança, confiança e tranquilidade, 
que ajudam não só na construção de uma relação de empatia, mas 
também no aumento da credibilidade do palestrante. 
Algumas atitudes simples relacionadas à postura corporal podem 
ajudar o orador a transmitir as mensagens adequadas a plateia. Em 
seguida, algumas dessas posturas serão apresentadas e comentadas.
Gesticulação
Os gestos e a movimentação de braços e mãos são os instrumentos 
mais expressivos da comunicação não verbal. No entanto, esses gestos 
precisam ser naturais e alinhados com a mensagem e a comunicação 
verbal. Conforme Weil e Tompakow (2017), o desalinhamento entre 
o que está sendo dito é rapidamente percebido pelos interlocutores 
de uma conversa ou membros de uma plateia. Os gestos devem ser 
usados para destacar pontos importantes, enfatizar informações e opi-
niões ou ilustrar o conteúdo da mensagem. A gesticulação não pode 
ser confundida com inquietação ou nervosismo. 
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https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
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https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
https://www.ted.com/talks/bill_gates_mosquitos_malaria_and_education?language=pt-br
100 Oratória e técnicas de apresentação
Se o orador já tem o hábito de gesticular durante sua fala normal, 
consegue usar bem os gestos durante a palestra. Já pessoas que nor-
malmente não utilizam com tanta intensidade os gestos no cotidiano 
podem apresentar certa dificuldade de usá-los adequadamente duran-
te a palestra, ou exagerando demais a movimentação, ou, ao contrário, 
mantendo braços e mãos rígidos junto ao corpo. Por isso, é importante 
que o orador entenda sua forma de se movimentar durante a fala e use 
de forma natural durante a apresentação.
Uma boa ferramenta para que o orador tome consciência de sua 
forma de movimentação é gravar suas palestras, de modo a entender 
como seus gestos se relacionam com cada momento de sua fala.
Movimentos exagerados
A gesticulação é um importante instrumen-
to de comunicação. Porém, movimentação 
das mãos e braços de maneira muito ampla, 
principalmente com as mãos acima da cabe-
ça, denotam que o orador busca exagerar a 
importância do que está falando, ainda mais 
se a movimentação é realizada em momentos 
nos quais dados e informações estão sendo 
transmitidas. 
Os movimentos exagerados podem também passar a impressão de 
agressividade e, por isso, intimidar a plateia, levando-a a se sentir coa-
gida. O recomendado é que os gestos realizados com as mãos e os 
braços ocupem o espaço à frente do orador, tendo como limite inferior 
a linha da cintura, e limite superior a linha dos olhos.
Cruzar os braços
Uma postura que deve ser evitada é cruzar as pernas ou os bra-
ços durante a fala. Weil e Tompakow (2017) defendem que adotar uma 
postura com os braços cruzados em frente ao corpo durante uma con-
versa pode significar proteção, discordância ou insegurança. Em uma 
palestra, a plateia pode interpretar a postura defensiva, mostrando 
que o orador não está seguro de suas ideias ou se sente ameaçado 
pela plateia. 
A psicóloga Amy Cuddy, 
no vídeo A nossa lingua-
gem corporal modela quem 
somos, fala da importância 
da consciência corporal 
e a forma como usamos 
os movimentos e gestos 
durante a comunicação. 
Cuddy mostra que a 
postura corporal influen-
cia na predisposição, 
motivação e no estado de 
espirito da pessoa. Uma 
de suas dicas é que, antes 
de um evento que irá 
exigir muito da linguagem 
corporal, a pessoa deve 
adotar durante cerca de 
dois minutos uma pos-
tura a que ela chama de 
“mulher-maravilha”, que 
aumenta a segurança e 
a confiança. O vídeo está 
em inglês, mas é possível 
ativar legendas.
Disponível em: https://www.
ted.com/talks/amy_cuddy_
your_body_language_
may_shape_who_you_are/
transcript?language=pt. Acesso em: 
08 ago. 2022.
Vídeo
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https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are/transcript?language=pt
https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are/transcript?language=pt
https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are/transcript?language=pt
https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are/transcript?language=pt
https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are/transcript?language=pt
A apresentação 101
O gesto pode ser usado em momentos específicos, para chamar a 
atenção para um ponto da fala, por exemplo, quando o orador quer 
demonstrar indignação ou criticar uma ideia ou comportamento adota-
do por outras pessoas. A postura ideal é manter as costas eretas, cabe-
ça erguida, olhando em direção à plateia, com peito aberto e braços 
livres para gesticular quando for necessário.
Mãos travadas
Essa é outra postura que dificulta a movimentação e a gesticula-
ção. Na comunicação não verbal, as mãos travadas pode apresentar o 
sentido de submissão, ou insegurança. Na palestra, revela que o ora-
dor está se sentindo desconfortável e busca conter os movimentos dos 
braços para não demonstrar o nervosismo. 
Outra forma de travar os movimentos das mãos é colocá-la nos 
bolsos. Esta postura limita ainda mais o movimento das mãos e, 
caso o palco permita a movimentação, pode inclusive dificultar ou 
impedir o deslocamento do orador. Complica também a expressivi-
dade e possivelmente gera desconfiança e falta de empatia na plateia.
Gestos repetitivos
Coçar a cabeça, arrumar a roupa, apertar as mãos, passar a mão no 
rosto. Todos esses gestos podem ser feitos durante uma palestra. To-
davia, se forem realizados de forma repetida, demonstram para a pla-
teia que o orador está nervoso e não se sente seguro sobre o que está 
dizendo. Algumas pessoas apresentam gestos repetitivos mesmo em 
momentos em que não estão se comunicando. Porém, em uma apre-
sentação, é necessário tomar cuidado redobrado com esses tipos de 
gestos, pois geram extremo desconforto na plateia.
Virar de costas para a audiência
É uma postura que pode causar na plateia uma impressão bastante 
negativa em relação ao orador. Pode ocorrer principalmente em pal-
cos nos quais a projeção dos slides ou dos recursos visuais é feita na 
parede do fundo, atrás da posição do orador. 
Ao virar as costas para ler o que está sendo projetado, a plateia 
pode se sentir desrespeitada, considerando que o orador não se im-
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102 Oratória e técnicas de apresentação
porta com ela, sobretudo se a postura for adotada com frequência e 
durante longos períodos. O rosto do palestrante é um dos pontos que 
mais chamam a atenção dos espectadores. 
Caso o orador precise olhar os slides para se relembrar de alguns 
pontos da palestra, o ideal é que use um recurso como um telepromp-
ter (equipamento em que os textos são projetados em uma tela trans-
parente, para auxiliar o palestrante a relembrar os textos). 
Outra solução é se posicionar na lateral do palco, de tal forma que, 
se for preciso ler o slide, o orador fique de lado para a plateia. Além 
disso, o uso de um apontador laser ajuda a guiar o olhar da plateia para 
ospontos e tópicos do slide que o orador quer destacar.
Contato visual
O olhar é uma das mais importantes ferramentas da comunicação. 
Weil e Tompakow (2017) afirmam que o olhar demonstra o interesse 
do interlocutor na mensagem transmitida pelo falante. A forma de uso 
do olhar, pelo palestrante, depende do tamanho da plateia e da confi-
guração do palco. Palcos grandes, nos quais a plateia está distante e, 
em geral, na penumbra dificultam o uso do olhar como ferramenta de 
comunicação. 
Mesmo com essa restrição, o orador não deve manter os olhos fixos 
em apenas um lugar. Essa postura pode passar a impressão de desco-
nexão com a plateia, que o orador não tem consciência de que há um 
público presente. O olhar fixo, se direcionado para baixo, pode trans-
mitir insegurança. Por outro lado, se direcionado para cima, pode levar 
a plateia a considerar que o orador está sendo arrogante. 
Embora não seja possível enxergar individualmente as pessoas, a 
melhor postura é correr os olhos pela plateia, fixando-se em certos 
pontos durante alguns segundos, como se o orador estivesse dire-
cionado a fala a uma pessoa específica. Em espaços menores, como 
salas de aula, o uso do olhar se torna ainda mais importante. Neste 
contexto, o orador deve evitar fixar o olhar em apenas um partici-
pante, como se estivesse falando apenas com uma pessoa. O olhar 
deve correr pela plateia, detendo-se durante alguns segundos em 
pessoas específicas. 
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A apresentação 103
Em uma palestra ou aula, se o público desvia o olhar, se distrai 
com celulares ou em conversas paralelas, o orador não está conse-
guindo captar a atenção e engajar a plateia. Pela postura corporal 
dos ouvintes, é possível identificar pessoas que estão interessadas, 
aqueles que concordam com o que o orador está dizendo, bem 
como aqueles que discordam ou demostram desinteresse. Assim, o 
orador pode usar tanto o olhar como outras ferramentas de orató-
ria, como a comunicação não verbal para alterar o comportamento 
dos participantes
Movimentação no espaço do palco
Movimentar-se pelo palco é uma excelente ferramenta para pren-
der a atenção da plateia. Contudo, é preciso que se tome alguns cui-
dados com a movimentação. O orador deve equilibrar momentos em 
que anda pelo palco e nos quais para em determinados pontos, como 
forma de dar ênfase ao discurso. Por exemplo, quando o apresentador 
se aproxima da frente do palco, a plateia fica mais alerta. Momentos 
de reflexão ou em que uma questão é direcionada à plateia funcionam 
melhor se o orador está parado. 
Por outro lado, andar pelo palco traz dinamismo à fala. O andar 
deve ser firme e confiante. Por isso, roupas e calçados devem ser 
confortáveis e deixar o orador seguro durante a movimentação. De-
ve-se evitar andar muito rápido, uma vez que pode gerar o risco de 
uma queda e dar a impressão à plateia de que o orador está insegu-
ro e nervoso. 
A movimentação deve estar alinhada ao conteúdo do discurso. Por 
exemplo, se o orador vai apresentar dois pontos de vista diferentes 
sobre um tema, pode alternar as posições no palco sempre que for 
apresentar cada linha de argumento.
A configuração do palco pode influenciar a liberdade de o orador se 
movimentar pelo palco, a título de exemplo, um púlpito ou um microfo-
ne que não pode ser retirado de seu pedestal. Mas, mesmo nesses ca-
sos, o palestrante pode usar movimentos e gestos para exprimir suas 
ideias e transmitir informações.
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Em uma divertida 
palestra Bobby McFerrin 
Demonstrates the Power 
of the Pentatonic Scale, 
o reconhecido músico 
Bobby Mcferrin usa o 
posicionamento no palco 
para demonstrar o uso 
das escalas musicais. O 
músico usa o movimento 
para gerar uma intensa 
interação da plateia. O 
vídeo está em inglês, 
mas é possível ativar as 
legendas para melhor 
entendimento.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=ne6tB2KiZuk. Acesso em: 
24 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=ne6tB2KiZuk
https://www.youtube.com/watch?v=ne6tB2KiZuk
https://www.youtube.com/watch?v=ne6tB2KiZuk
104 Oratória e técnicas de apresentação
Interação com a plateia
A forma de movimentação e a gesticulação tem de ser usada como 
uma maneira de encorajar a plateia a participar da palestra. Movimen-
tos positivos, com as palmas das mãos viradas para cima, polegares 
levantados, uma expressão facial aberta e franca, movimentos de 
acolhimento e abertura ajudam a construir uma relação de empatia e 
engajamento. 
A interação com a plateia pode ocorrer em momentos específicos, 
previamente planejados, como uma pergunta direcionada ao público, 
ou de modo espontâneo, quando surge um comentário ou questiona-
mento. Em palestras realizadas em grandes espaços, ou em ambientes 
e contextos mais formais, geralmente não há a possibilidade de o pú-
blico interagir espontaneamente. Neste contexto, o apresentador tem 
mais controle sobre as interações. Já em uma sala de aula, a interação 
natural dos alunos é bastante frequente, assim o professor precisa es-
tar preparado para lidar com estas intervenções, a fim de aumentar a 
empatia e o engajamento do público.
4.3 Construindo empatia com o público 
Vídeo
Um dos primeiros pontos do planejamento de uma apresentação 
(e discutidos na primeira parte deste capítulo) é buscar informações 
sobre a plateia, com a intenção de entender suas expectativas, conheci-
mentos, opiniões e experiências com o tema que será abordado. Quan-
to mais se conhece sobre o público, mais fácil é adaptar a linguagem do 
discurso ao seu nível de conhecimento e expectativas.
 Porém, nem sempre é possível obter informações prévias sobre as 
pessoas que participarão da apresentação. Um professor ou um gestor 
que vão fazer uma apresentação para sua equipe conhecem bem seu 
público, um palestrante que vai fazer um discurso para um público de 
um evento aberto, por sua vez, tem poucas possibilidades de captar 
informações específicas sobre a plateia.
Uma postura equivocada que alguns palestrantes adotam é des-
considerar as características específicas do público e realizar sempre a 
mesma apresentação, com a mesma linguagem, as mesmas observa-
ções e a mesma abordagem. Como destaca Anderson (2016, p.8),
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A apresentação 105
não existe uma única maneira de dar uma palestra de alto nível. 
O mundo do conhecimento é amplo demais, e a gama de pales-
trantes e de plateias, demasiado variada. Qualquer tentativa de 
aplicar uma fórmula predefinida provavelmente será um tiro pela 
culatra. O público percebe isso na hora e se sente manipulado.
Entender e conhecer as expectativas do público é fundamental 
para que o orador possa construir uma relação empática com a pla-
teia. Estabelecer essa conexão é primordial em qualquer processo 
de comunicação, pois cria confiança e abertura às opiniões dos ou-
tros. A empatia pode ser entendida como a capacidade da pessoa 
enxergar o mundo a partir do ponto de vista de seu interlocutor, 
estabelecendo com ele uma relação de compreensão, entendimento 
e reciprocidade. 
A empatia é um processo ativo de interação social, visto que as pes-
soas que constroem o relacionamento precisam se abrir e sair de sua 
zona de conforto, renunciar a suas convicções e valores para ouvir e 
escutar as opiniões do outro, entender as crenças, ideias, opiniões e va-
lores que o outro indivíduo defende. Nunes (2018) explica que o concei-
to de empatia é composto por três dimensões, como ilustra a Figura 3.
Afetiva Cognitiva Regulação 
das emoções
1
Figura 3
Dimensões da empatia
Gr
ib
oe
do
v/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Nunes, 2018.
A dimensão afetiva está relacionada à percepção das emoções e 
sentimentos das outras pessoas; a dimensão cognitivase refere ao 
entendimento das diferenças de experiências e de aprendizados es-
pecíficos de cada pessoa; já a dimensão da regulação das emoções 
diz respeito à capacidade de o indivíduo estabelecer uma respos-
ta ou entendimento empático com as demais pessoas. Para Nunes 
(2018, p. 3),
106 Oratória e técnicas de apresentação
o estado de empatia ou de entendimento empático, consiste em 
perceber corretamente o marco de referência interno do outro 
com os significados e componentes emocionais que contém, 
como se fosse a outra pessoa, em outras palavras, colocar-se 
no lugar do outro, porém sem perder nunca essa condição de 
“como se”. A empatia implica, por exemplo, em sentir a dor ou o 
prazer do outro como ele o sente e perceber suas causas como 
ele as percebe, porém, sem perder nunca de vista que se trata da 
dor ou do prazer do outro.
Estabelecer uma relação de empatia com uma única pessoa, em 
uma conversa e em um processo de comunicação já representa um 
grande desafio. Para o orador, criar empatia com um público compos-
to por muitas pessoas diferentes, com vivências, conhecimentos e ex-
pectativas díspares, é ainda mais difícil. A construção da empatia do 
orador com seu público se associa com os elementos que constituem 
o discurso, no conceito da retórica aristotélica – ethos, páthos e logos 
(ARISTÓTELES, 2019).
O ethos tem a ver com a credibilidade, a postura e a autoridade do 
palestrante para falar sobre o tema. Portanto, é o primeiro elemento 
da construção da empatia entre o orador e o público. Borg (2017) in-
forma que a plateia cria uma predisposição positiva para desenvolver 
a empatia quando considera que o orador sabe do que está falando e 
tem confiança e credibilidade.
Após estabelecer essa credibilidade, o orador pode desenvolver a 
relação empática com a plateia, usando de forma equilibrada o páthos 
e o logos, ou seja, as emoções e a lógica.
Na retórica aristotélica, o páthos se relaciona com a emoção. Cada 
palestra é diferente: alguns temas são mais objetivos, outros mais 
subjetivos e ligados aos sentimentos. Todavia, o orador precisa colo-
car emoção em sua fala. Quando fala de um assunto que o apaixona 
ou comove, mesmo que seja um tema que inicialmente possa parecer 
técnico e objetivo, o palestrante transmite essas emoções em sua fala 
e em sua comunicação não verbal. Desse modo, o público forma uma 
relação empática com essas emoções. 
A plataforma de palestras 
Ted Talks reúne milhares 
de palestras realizadas 
pelos maiores especia-
listas globais dos mais 
variados temas. Uma das 
mais visualizadas é a apre-
sentação realizada por Sir 
Ken Robinson – Como as 
escolas matam a criativi-
dade –, um dos maiores 
especialistas globais em 
estruturação de sistemas 
de ensino e educação. O 
profundo conhecimento 
sobre o tema, aliado a seu 
humor simples e lingua-
gem direta, faz com que 
o orador estabeleça com 
a plateia uma profunda 
empatia, que permite 
a Robinson aprofundar 
temas complexos sobre a 
educação. 
Disponível em: https://www.
ted.com/talks/sir_ken_
robinson_do_schools_kill_
creativity?subtitle=pt-br. Acesso 
em: 08 ago. 2022.
Vídeo
A apresentação 107
Uma das formas de se construir emoções na palestra é o uso do 
storytelling. Um exemplo de como mudar um discurso de conteúdo 
técnico em uma experiência emocional, estabelecendo uma profunda 
conexão empática com a plateia por meio do storytelling é a palestra 
realizada pela Neurocientista Jill Taylor, no evento Ted 2 . 
Após décadas estudando o cérebro como cientista, Jill sofreu um 
derrame cerebral e, durante o processo, tentou identificar os sintomas 
que estudou ao longo de sua vida. Ao relatar sua experiência, a oradora 
usou as emoções para construir empatia com a plateia. 
A palestra de Jill Taylor exemplifica a afirmação de Nunes (2018), 
para quem uma das formas pelas quais a empatia se manifesta é o 
sentimento da dor e do sofrimento do outro. 
O uso da lógica e da argumentação, associadas ao conceito de logos 
na retórica aristotélica, é o outro elemento da construção da empatia 
com o público. Mesmo que o público esteja envolvido emocionalmente 
com o discurso, os fatos, dados e informações usados pelo orador é 
que vão convencer a plateia a entender e aceitar os pontos de vista, 
opiniões ou conhecimentos transmitidos. 
Se o orador consegue a predisposição para criar o relacionamento 
empático com os elementos do ethos (credibilidade e autoridade) e do 
páthos (emoções e sentimentos), a plateia estará aberta a ouvir e con-
siderar os argumentos e informações ligadas ao elemento logos (razão, 
informação e conhecimentos) anunciados pelo orador. 
Anderson (2016) explica que uma palestra possibilita a criação de 
uma relação empática entre o comunicador e o público que não pode 
ser alcançada em outras formas de transmissão de conhecimentos, 
como um livro. Para o autor, somente a voz humana possibilita criar 
esse laço profundo que faz com as pessoas desejem se engajar em uma 
ideia ou projeto, ou mudar uma forma de pensar e de se comportar. 
A Figura 3 apresenta a sequência de sentimentos e percepções que 
ocorrem na plateia ao ouvir uma palestra na qual o orador consegue es-
tabelecer uma relação empática com o público, segundo Anderson (2016).
Para ver a fala de Jill Taylor 
no Ted e ver como ele 
conduz e cria uma relação 
com a plateia, basta aces-
sar o link a seguir.
Disponível em: https://www.ted.
com/talks/jill_bolte_taylor_my_
stroke_of_insight?language=pt. 
Acesso em: 08 ago. 2022.
2
https://www.ted.com/talks/jill_bolte_taylor_my_stroke_of_insight?language=pt
https://www.ted.com/talks/jill_bolte_taylor_my_stroke_of_insight?language=pt
https://www.ted.com/talks/jill_bolte_taylor_my_stroke_of_insight?language=pt
108 Oratória e técnicas de apresentação
Sintonia Empatia
Ab
er
t/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Envolvimento Entusiasmo
Curiosidade Convicção
Compreensão
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Anderson, 2016.
Ação
Figura 4
A construção da empatia durante uma palestra
A sintonia é o primeiro momento do estabelecimento da empa-
tia, de acordo com Anderson (2016), dado que ela está baseada na 
percepção da plateia com relação à credibilidade transmitida pelo 
orador e está envolvida com o ethos da retórica aristotélica, como 
citado por Borg (2017). 
Ao entrar em sintonia com o palestrante, a plateia passa a se en-
volver com o discurso, que desperta o interesse e a curiosidade, isto 
é, a vontade da plateia em querer saber mais sobre o tema e sobre 
o orador. A curiosidade é despertada pela comunicação verbal e não 
verbal do orador. 
Quando entende a forma como o orador se comunica, a plateia con-
segue assimilar o conteúdo e a mensagem, usando tanto elementos 
verbais quanto outros sinais transmitidos pela forma de movimenta-
ção e postura do palestrante. A compreensão é fundamental para o 
estabelecimento do relacionamento empático entre orador e plateia. 
Esse momento pode ser conectado ao logos da retórica aristotélica.
Se o orador consegue se associar empaticamente com sua plateia, 
seu discurso pode entusiasmar a audiência. O entusiasmo se traduz 
em um profundo envolvimento e engajamento das pessoas com o que 
A apresentação 109
está sendo dito e, também, com a figura do orador. Esse momento se 
envolve com o páthos da retórica aristotélica. 
A postura do orador durante o discurso também é um ponto chave na 
construção da empatia com a plateia. Como destaca Caxito (2009, p. 90),
ser modesto e despretensioso também é um aspecto chave para 
o sucesso ao se falar em público. Arrogância afasta o público. 
Você não está no palco para mostrar sua superioridade. Apenas 
tem um ponto de vista sobre um determinado assunto e a opor-
tunidade de defendê-lo frente a um público, que pode concordar 
ou não com sua visão.
Se o orador consegue estabelecer uma relação de empatia com o 
público, este último poderá ser convencido de que as ideias transmiti-
das são válidas e coerentes e passará a considerar uma mudança em 
seus comportamentosou tomar uma ação efetiva com relação ao que 
o orador defende.
4.4 Planejamento e improviso 
Vídeo
Desenvolver um bom planejamento da palestra é necessário para 
o seu sucesso. No entanto, assim como acontece com qualquer tipo 
de programação, fatos e eventos inesperados podem surgir durante 
a apresentação e modificar totalmente ou até inviabilizar a estru-
tura pensada pelo orador. Durante a organização, o orador define 
o tema, a estrutura do discurso e os tipos de recursos que serão 
usados ao longo da apresentação.
No que tange à estrutura do local no qual ocorrerá a exposição, po-
dem acontecer problemas técnicos, como defeitos nos aparelhos de 
projeção de slides, falhas em microfones ou em qualquer tipo de equi-
pamento a ser usado no discurso. 
É fundamental que o orador esteja preparado para esse tipo de 
ocorrência. Além de enviar para os organizadores, de forma digital, os 
materiais que serão utilizados, recomenda-se que o palestrante tam-
bém leve o conteúdo em algum tipo de mídia física, como uma memó-
ria externa, do tipo HD ou pendrive, ou em seu próprio computador. 
É também aconselhado que o comunicador se prepare para realizar 
a apresentação sem o uso dos recursos visuais, caso o problema téc-
110 Oratória e técnicas de apresentação
nico seja mais complexo. No desenvolvimento dos slides da apresen-
tação, o orador pode criar cartões com os tópicos a serem abordados. 
Assim, caso seja necessário, é possível realizar a palestra mesmo 
sem o uso da projeção de slides. Embora a qualidade da apresentação 
possa ser comprometida, a plateia perceberá que o orador tem amplo 
conhecimento sobre o tema, o que pode gerar um sentimento de em-
patia e aumentar a credibilidade. 
A interação da plateia com o apresentador depende da estrutura 
do evento e da apresentação. Enquanto em uma sala de aula a inte-
ração entre professor e alunos é total, em palestras realizadas em 
locais de grande porte, a interação é controlada e muitas vezes ine-
xistente. Também é plausível que a interação seja controlada pelos 
organizadores, que podem, por exemplo, receber questionamentos 
e comentários, selecionar os mais relevantes e repassá-los ao orador 
ao final da palestra.
Uma forma de garantir que todos os passos do planejamento da 
palestra foram devidamente abordados é usar uma lista de checagem 
ou de verificação, como a indicada no Quadro 1.
Quadro 1
Lista de checagem da preparação para a palestras
Sim Não Observação
Conteúdo
A mensagem principal da palestra está de-
finida e precisa?
   
O benefício da mensagem para a plateia 
está explícito?
   
A ideia principal pode ser resumida em uma 
frase ou slogan?
   
Estrutura
O discurso está estruturado?    
Existe uma linha de argumentação clara e 
bem sedimentada?
   
Serão usados exemplos ou uma história 
para ilustrar os conceitos?
   
A apresentação está organizada para man-
ter a atenção da plateia?
   
O fechamento resume os principais pontos 
e leva a plateia à ação?
   
(Continua)
A apresentação 111
Sim Não Observação
Recursos visuais
Os recursos visuais estão alinhados à men-
sagem?
   
Os slides apoiam e esclarecem o discurso?    
Os slides estão conectados entre si?    
Será necessário usar outros recursos vi-
suais?
   
Infraestrutura
Como será o espaço físico em que a apre-
sentação ocorrerá?
   
O espaço conta com equipamentos para a 
apresentação?
   
Os equipamentos estão em perfeito esta-
do?
   
A apresentação utiliza os recursos disponí-
veis?
   
Vestuário
Existe um dress code a ser seguido?    
A apresentação será gravada?    
Qual tipo de microfone será utilizado?    
O palco permite a movimentação e o des-
locamento?
   
Vestuário A roupa está adequada ao ambiente e ao contexto?    
Interação
Há um púlpito ou algo que restrinja a mo-
vimentação?
Haverá interação com a plateia durante o 
discurso?
   
Os participantes podem fazer perguntas 
durante a fala?
   
As perguntas serão respondidas ao final da 
palestra?
   
Os organizadores selecionarão as pergun-
tas?
   
Que tipo de pergunta pode surgir?    
Preparou uma lista de perguntas frequen-
temente realizadas?
   
As perguntas podem ser respondidas após 
o fim do evento, por outros meios de co-
municação?
   
Fonte: Elaborado pelo autor.
A lista de verificação do planejamento ajuda o palestrante a repas-
sar cada um dos pontos da preparação, com a finalidade de evitar que 
ocorram situações inesperadas que poderiam ser adequadamente 
antecipadas. 
112 Oratória e técnicas de apresentação
Sempre que for possível e a estrutura do evento permitir, é in-
teressante que o orador promova a interação com plateia, dire-
cionando perguntas, pedindo que se manifestem ou interagindo 
diretamente com uma ou mais pessoas. Mas, para utilizar a intera-
ção, o orador deve estar preparado para lidar com situações ines-
peradas causadas por interferências da plateia. Uma pergunta não 
planejada, uma pessoa que invade o palco, uma reação inadequada 
de um ou mais participantes, como vaias ou gritos, são alguns exem-
plos de situações que podem ocorrer. 
Quanto à interação com a público, é importante salientar que a pla-
teia é formada por pessoas diversas, que, por algum motivo específico, 
decidiram participar da apresentação. Algumas pessoas têm interesse 
genuíno no tema e apresentam uma predisposição a concordar com 
o orador, enquanto outras discordam do ponto de vista apresentado. 
Em certas ocasiões, por exemplo, em empresas ou escolas, alguns par-
ticipam por serem obrigados ou se sentirem pressionados pelo grupo 
social ou pela instituição. 
Outro aspecto notório é entender que as pessoas reagem de ma-
neiras diferentes aos mesmos estímulos dados pelo orador. O uso do 
humor na palestra é um exemplo. Uma pessoa pode achar engraçada 
uma brincadeira ou piada, já outra pode se sentir ofendida. O humor 
deve ser usado de forma equilibrada e sutil durante uma palestra. Se-
gundo Caxito (2009, p. 91),
muitos livros sobre oratória sugerem que uma boa forma de co-
meçar uma palestra é contar uma piada, para “quebrar o gelo”. 
Pessoalmente, em minhas experiências, não concordo com esta 
sugestão. Piadas são muito boas para o seu grupo de amigos. 
Mas não para falar com um público que você não conhece. Você 
pode (e com certeza, vai) ofender alguém da plateia. O que pode 
ser desastroso. Principalmente se a piada for preconceituosa.
Antes de utilizar o humor na fala, o orador precisa analisar se o con-
texto da palestra permite esse tipo de abordagem, se o tema possibilita 
essa forma de linguagem, se as características do público (faixa etária, 
formação, atuação profissional e interesses) são compatíveis com o tipo 
de humor que se pretende usar e se a plateia vai compreender as piadas. 
A apresentação 113
Pequenos exercícios e momentos de interatividade, como perguntar 
algo e esperar uma resposta geral, pedir que as pessoas levantem a mão 
ou façam um tipo específico de movimento, ou questionar algo direta-
mente a alguém, enriquecem a palestra e aumentam a empatia. 
Uma palestra ou discurso pode parecer, em um primeiro momento, um 
monólogo do palestrante. Porém, o orador consegue estabelecer um diá-
logo, observando as reações da plateia às suas opiniões e ideias. O orador 
deve falar com as pessoas, e não apenas falar para as pessoas. Por isso, 
sempre que possível, deve incentivar a participação de todos. 
As perguntas realizadas pelos participantes – seja durante a palestra, 
seja ao final da fala da apresentação – representam um momento em que 
não é possível prever o que acontecerá. Temas inesperados ou não rela-
cionados com o assunto apresentado podem ser abordados pela plateia. 
Durante o planejamento, sugere-se que o orador prepare um roteiro 
ou uma lista de possíveis perguntas, dúvidas e comentários que possam 
surgir. Essa lista pode ser constantemente atualizada, caso o palestrante 
realize o mesmo discurso de forma repetida, por exemplo, um treinador 
de equipes ou um professor que apresentaum conteúdo igual para di-
versas turmas. Essa preparação dá segurança ao palestrante e cria na 
plateia uma sensação de credibilidade e confiança. 
Contudo, perguntas inesperadas ou complexas, para as quais o 
palestrante não está preparado, podem ser feitas. Nesse momento, a 
postura, a calma e a segurança são fundamentais. A franqueza do apre-
sentador, ao demonstrar que não sabe a resposta, é mais valorizada e 
respeitada pelo público do que uma resposta inventada ou que possa 
ser contestada na sequência pela pessoa que fez a pergunta.
O orador não deve inventar uma resposta, ou tentar criar informa-
ções ou respostas sem que tenha a certeza do que está falando. O ideal 
é que o palestrante responda aquilo que sabe e, caso não tenha cer-
teza sobre um dado, uma informação ou um ponto de vista apresen-
tado pela plateia, diga diretamente que não tem essa informação por 
enquanto, mas que buscará os dados e em um momento futuro e dis-
ponibilizará a resposta. Para isso, pode fornecer seus contatos ou pedir 
à pessoa que fez a pergunta que o procure ao final da palestra para que 
possam conversar. 
A interação com a plateia 
é um recurso bastante 
utilizado por comediantes 
no formato de stand up 
comedy. Nesse tipo de 
show, as interações são 
baseadas em piadas, mui-
tas vezes preconceituosas 
ou ofensivas. No vídeo 
DISCUSSÃO COM UMA 
JOVEM NA PLATÉIA - VÍDEO 
INÉDITO, o comediante 
Afonso Padilha interage 
com uma pessoa da 
plateia que discorda de 
sua piada. No contexto 
de um show, esse tipo 
de interação pode ser 
realizada, mas, agora, 
imagine o mesmo tipo 
de interação ofensiva e 
preconceituosa em uma 
palestra profissional
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=3Vkpn6_
eISM. Acesso em: 24 ago. 2022.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=3Vkpn6_eISM
https://www.youtube.com/watch?v=3Vkpn6_eISM
https://www.youtube.com/watch?v=3Vkpn6_eISM
114 Oratória e técnicas de apresentação
A segurança na voz e na fala também é fundamental nesse mo-
mento. O orador deve fazer uma pausa para organizar seus argu-
mentos e respirar. Essa ação dá para a plateia a percepção de que 
ele está buscando compreender a pergunta e que dará uma respos-
ta coerente e pensada. 
Recomenda-se também que o apresentador tenha cuidado com a lin-
guagem. Uma fala acelerada, desconexa, com o uso de muletas verbais 3 
podem passar para a plateia a impressão de nervosismo e despreparo. 
Colocado frente a uma situação inesperada, o orador deve manter 
a coerência com as informações que transmitiu e a postura que adotou 
durante toda a palestra. Uma resposta que coloque em dúvida um dado 
que foi usado no discurso ou uma postura incongruente com a figura 
apresentada, como mudar o tom de voz, discutir com um participante 
da plateia e ser arrogante durante uma resposta, podem quebrar o rela-
cionamento empático e destruir a credibilidade e o respeito construídos 
ao longo de todo o período do discurso. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que uma palestra seja bem-sucedida e o orador consiga atingir 
seus objetivos, não basta apenas desenvolver um bom conteúdo e uma 
estrutura de discurso organizada. No contexto das apresentações, pales-
tras e aulas desenvolvidas no mundo contemporâneo, é necessário levar 
em consideração diversos outros aspectos, por exemplo, o uso de ves-
timentas adequadas ao contexto, o desenvolvimento de recurso visuais 
coerentes e a adequação do formato da palestra ao conteúdo e ao con-
texto no qual ocorrerá a palestra. 
A comunicação não verbal, importante em qualquer tipo de processo 
de comunicação é ainda mais fundamental no contexto das apresenta-
ções e ajuda na construção de uma relação de confiança e empatia entre 
o orador e a plateia. Porém, nem tudo o que acontece durante a apresen-
tação ocorre conforme o planejado. Dessa forma, o orador precisa estar 
preparado para lidar com situações inesperadas, para garantir o sucesso 
de seu discurso.
Muletas verbais são 
palavras, expressões 
ou partículas usadas de 
forma repetitiva na fala, 
tais como “né”, “sabe”, 
“entende”, “tipo”. Outro 
tipo de muleta verbal é o 
prolongamento de letras 
e sílabas, como “ãaah” e 
“huuuum”. São vícios da 
fala usados, sobretudo, 
quando a pessoa não tem 
certeza do que está fa-
lando ou está inventando 
uma informação.
3
A apresentação 115
ATIVIDADES
Atividade 1
Algumas perguntas devem ser feitas pelo orador para orientar a 
sua escolha com relação ao tipo de roupa que precisa utilizar em 
uma palestra. Cite e explique duas dessas perguntas.
Atividade 2
Virar as costas para a plateia é considerada uma postura não 
adequada durante uma palestra. Explique os motivos.
Atividade 3
Três dimensões compõem o conceito da empatia. Explique essas 
dimensões. 
REFERÊNCIAS
ANDERSON, C.  TED Talks: o guia oficial do TED para falar em público. Rio de Janeiro: 
Intrínseca, 2016.
ARISTÓTELES. Retórica. 1 ed. São Paulo: Edipro, 2019.
BORG, J. A arte da persuasão. São Paulo: Saraiva, 2017.
CAXITO, F. Não Deixo a Vida Me Levar. A vida, Levo Eu! São Paulo: Saraiva, 2009.
NUNES, D. B. Compreendendo os conceitos de empatia a partir de uma experiência 
pragmática em Competência em Informação (Coinfo): o Programa Jovens Talentos para 
a Ciência da Universidade de Brasília–UnB.  In: 7º SEMINÁRIO HISPANO-BRASILEÑO DE 
INVESTIGACIÓN EN INFORMACIÓN, DOCUMENTACIÓN Y SOCIEDAD. Anais [...] Madri: UCM, 
nov. 2018. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/162132372.pdf. Acesso em: 05 
ago. 2022.
WEIL, P.; TOMPAKOW, R. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. 
Petrópolis: Editora Vozes, 2017.
https://core.ac.uk/download/pdf/162132372.pdf
Resolução das atividades
1 Importância da escuta ativa na comunicação
1. Explique os elementos que fazem parte do processo de 
comunicação.
O emissor é um indivíduo que deseja transmitir uma mensagem 
ou informação, que pode ser, por exemplo, um professor ou um 
vendedor. Já o receptor é uma pessoa ou grupo que recebem esta 
mensagem. A mensagem pode ser uma ideia, opinião, informação ou 
conhecimento que o emissor transmite. Já o canal de comunicação 
é o meio pelo qual a mensagem é transmitida, como por exemplo, 
uma conversa, uma palestra ou um vídeo. A mensagem é transmitida 
em um código, por exemplo, em uma determinada língua ou sinais 
que podem ser decodificados e entendidos pelo receptor. O receptor 
pode oferecer uma resposta ou um feedback ao emissor, caso esse 
processo de comunicação ocorra em um meio que permita o diálogo 
entre os interlocutores. Durante a comunicação podem ocorrer ruídos, 
como problemas no canal de comunicação ou erros no processo de 
codificação e decodificação, que podem prejudicar o entendimento 
da mensagem.
2. Cite, explique e dê exemplos dos tipos de canais de comunicação.
Os canais visuais são aqueles que utilizam, de forma predominante, 
componentes visuais, como símbolos, signos, imagens, desenhos 
e gráficos, como cinema e televisão; nos canais auditivos o som é 
predominante, como no rádio e no telefone. Já nos canais sinestésicos, 
a comunicação não verbal, sentimentos, e emoções ocupam um papel 
de destaque, por exemplo, uma conversa.
3. Qual é a diferença entre canais de comunicação unidirecionais e 
bidirecionais?
Os canais bidirecionais possibilitam que os indivíduos desempenhem 
tanto o papel de emissor quanto de receptor. São exemplos dos 
canais bidirecionais a conversa pessoal, uma ligação telefônica ou 
as redes sociais baseadas na internet. Já nos canais unidirecionais, 
os indivíduos desempenham um papel definido no processo de 
comunicação. O emissor apenas transmite a informação, enquanto 
o receptor apenas recebe a comunicação. Como exemplo, podem ser 
citados uma palestra ou um vídeo.
116 Oratória e técnicas de apresentação
2 Oratória
1. Explique a diferença entre os conceitos de oratória e retórica.
Enquanto a retórica se relaciona à construção do conteúdo do 
discurso e das estratégias usadas para que o orador possa atingir seus 
objetivos, a oratória trata das ferramentas,competências e práticas 
necessárias para que a apresentação transmita as informações, 
conhecimentos, emoções e motivações do discurso.
2. Cite os principais tipos de oratória utilizados atualmente.
A oratória forense ou discurso jurídico é aquele usado nos tribunais, 
tendo como objetivo principal a acusação ou defesa de um determinado 
cidadão ou indivíduo, sendo utilizado por advogados, promotores e 
juízes. A oratória política é utilizada por políticos, que usam discursos 
inflamados e emocionais para convencer a população de suas ideias. 
Na oratória religiosa, relacionada ao discurso epidíctico, o orador usa 
elogios, censura, críticas e exemplos para apresentar suas ideias e 
fazer com que o público analise, reflita, ou mude de opinião sobre um 
tema. A oratória pedagógica tem por objetivo o desenvolvimento das 
ações e estratégias de ensino-aprendizagem.
3. Explique o conceito da comunicação proxêmica.
Uma das modalidades da comunicação não verbal, a comunicação 
proxêmica é relacionada ao uso do espaço pelos interlocutores e 
à distância adotada pelos interlocutores durante o processo de 
comunicação.
3 Preparação da Apresentação
1. A definição do tema do discurso é uma importante etapa do 
planejamento da apresentação. Portanto, explique a importância 
desse passo.
A correta definição do tema é o ponto de partida sobre o qual será 
construída toda a apresentação, pois é a partir dele que serão 
definidos o tipo de linguagem a ser utilizado, os recursos, o tempo de 
fala e a estrutura do discurso. Uma forma de deixar claro o tema de 
um discurso, tanto para orientar o orador no planejamento, quanto 
para que o público entenda e relembre o conteúdo, é transformar o 
ponto central da fala em um mote ou slogan, uma frase curta e sonora 
que seja de fácil entendimento ou lembrança.
Resolução das atividades 117
2. Explique a diferença entre o discurso argumentativo, o discurso 
narrativo e o discurso expositivo.
O discurso argumentativo, também chamado de persuasivo, é 
utilizado quando o orador busca mostrar seus pontos de vista, ideias, 
crenças ou valores, com o objetivo de convencer a plateia a tomar 
uma determinada ação ou comportamento. Os discursos narrativos 
têm como um de seus principais recursos o uso das emoções, 
baseando-se em histórias, fábulas ou metáforas utilizadas para 
apresentar uma ideia, conquistar a atenção ou convencer a plateia. 
No discurso expositivo, o orador precisa apresentar ou explicar um 
ou mais conceitos, informações ou conhecimentos, com o objetivo de 
desenvolver na plateia um novo conhecimento ou uma competência.
3. Explique por que o uso do storytelling pelos oradores pode ajudar 
a estabelecer empatia com o público.
As histórias facilitam a comunicação entre as pessoas e estão 
presentes nos processos de comunicação e de educação dos mais 
variados povos. As pessoas gostam de contar e de ouvir histórias. 
Sejam os mitos e lendas repassados de geração a geração, sejam os 
contos de fadas e as histórias infantis contadas pelos pais, sejam os 
personagens criados pelas empresas para representar seus valores e 
seus produtos.
4 A apresentação
1. Algumas perguntas devem ser feitas pelo orador para orientar a 
sua escolha com relação ao tipo de roupa que precisa utilizar em 
uma palestra. Cite e explique duas dessas perguntas.
O principal questionamento que o orador deve se fazer é saber se há 
um dress code, ou seja, um guia de orientação que define o tipo de roupa 
a ser utilizado pelos palestrantes, algo que geralmente é desenvolvido 
pelos organizadores do evento. Outro fato é se perguntar como será 
o palco: um palco grande faz com que a figura do apresentador se 
torne pequena. Nesse sentido, roupas de cores mais claras e vibrantes 
podem destacar a figura do orador, mas se houver um púlpito no 
palco, isso também pode limitar a movimentação do orador, fazendo 
com que suas roupas não sejam totalmente visualizadas. 
2. Virar as costas para a plateia é considerada uma postura não 
adequada durante uma palestra. Explique os motivos.
É uma postura que pode causar na plateia uma impressão bastante 
negativa sobre o orador. Ao virar as costas para ler o que está sendo 
118 Oratória e técnicas de apresentação
projetado, a plateia pode se sentir desrespeitada, considerando que 
o orador não se importa com ela, principalmente se a postura for 
adotada com frequência e por longos períodos. O rosto do palestrante 
é um dos pontos que mais chamam a atenção dos espectadores. 
3. Três dimensões compõem o conceito da empatia. Explique essas 
dimensões. 
A dimensão afetiva está relacionada à percepção das emoções e 
sentimentos das outras pessoas; a dimensão cognitiva se refere 
ao entendimento das diferenças de experiências e de aprendizados 
específicos de cada pessoa; e a dimensão da regulação das emoções 
diz respeito à capacidade de o indivíduo estabelecer uma resposta ou 
entendimento empático com as demais pessoas.
Resolução das atividades 119
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ISBN 978-65-5821-178-5
9 786558 211785
Código Logístico
I000935
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