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CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE ODONTOLOGIA RESUMO DE TÉCNICAS ANESTÉSICAS NA ODONTOLOGIA DISCENTE: CLODOALDO DA SILVA MANCINI TURMA: ODONTOLOGIA INTEGRAL 4P CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 O Termo Anestesia é proveniente do Grego “AN – ausência” “AISTHESIS – Sensação”, cujo significado se resume em ter a sensibilidade bloqueada ou temporariamente removida. Isso permite que os pacientes passem por cirurgias e outros procedimentos sem a angústia e a dor que experimentariam de outra maneira. Resumidamente o mecanismo de ação dos sais anestésicos ocorre por meio do bloqueio reversível dos canais de sódio que por sua vez impedem a condução do estímulo nervoso. O Anestésico ainda pode conter vasoconstritores (agentes que estimulam a oclusão da luz do vaso e consequentemente a diminuição do fluxo sanguíneo), que devem ser avaliados e administrados de acordo com a viabilidade de cada paciente. Em odontologia utilizamos anestesias locais, uma vez que a área de atuação diária em consultório o Cirurgião Dentista não necessita de uma anestesia que compreenda uma extensa área. Existem dois tipos de anestesia odontológica, que são diferenciadas pela maneira como a técnica é realizada, são elas: Anestesia Tópica e Anestesia infiltrativa. Anestesia Tópica: É a anestesia realizada na mucosa superficial, como se fosse uma pré- anestesia local para assim, evitar maior desconforto na hora da punção da agulha que irá depositar o anestésico(composição: lidocaína, benzocaína). Anestesia Infiltrativa: É a técnica anestésica local mais utilizada para a obtenção de anestesia pulpar dos dentes (composição: lidocaína, mepivacaína, prilocaína, articaína, bupivacaína). Dentre as técnicas infiltrativas, temos o Bloqueio de Campo, o Bloqueio de Nervo e a Infiltração Local. Bloqueio de campo: a solução anestésica é infiltrada próxima a ramos nervosos terminais maiores, localizados em posição ligeiramente proximal ao local do procedimento odontológico. Bloqueio de nervo: a solução anestésica é depositada nas proximidades do tronco nervoso principal, em posição distante do local do procedimento odontológico. Com esse tipo de anestesia, todo o território inervado pelo nervo bloqueado torna-se anestesiado e passível de manipulação. CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 NERVOS FACIAIS Nervo Trigêmeo Nervo Oftalmico Ramo Maxilar Ramo Mandibular Nervo Alveolar Superior(NAS) Nervo Alveolar Inferior(NAI) Nervo Lingual(NL) Nervo Mentoniano (NM) CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 As técnicas recebem o nome do nervo que será anestesiado, ou do território anatômico da injeção quando mais de um nervo é bloqueado na técnica, assim sendo: - BLOQUEIO DO NERVO ALVEOLAR SUPERIOR POSTERIOR - BLOQUEIO DO NERVO PALATINO MAIOR - TÉCNICA INFRAORBITAL (PARA OS NERVOS ALVEOLAR SUPERIOR ANTERIOR E INFRAORBITAL) - TÉCNICA PTERIGOMANDIBULAR (PARA OS NERVOS ALVEOLAR INFERIOR, BUCAL E LINGUAL) Infiltração local: a solução anestésica é depositada exatamente no local que receberá o procedimento odontológico e abrange as extremidades das terminações nervosas responsáveis por inervar a área da manipulação. Para a realização de uma técnica anestésica viável, utilizamos sempre de materiais de ótima qualidade e procedência. Os instrumentais utilizados para as técnicas são: uma Seringa (geralmente Seringa Carpule), uma Agulha (Longa ou Curta, 30 ou 27 G), e o sal anestésico adequado para o procedimento. As Arcadas dentárias são divididas entre Maxila (Superior) e Mandíbula (Inferior), e para cada procedimento realizamos a técnica ideal de Bloqueio Anestésico no Nervo adequado para a devida analgesia do procedimento. TÉCNICAS DE INJEÇÃO MAXILAR - Supra periosteal (“infiltrativa”), recomendada para um número limitado de protocolos de tratamento, geralmente em um elemento dentário específico. 1. É recomendada agulha curta. 2. Área de introdução: fundo do sulco vestibular acima do ápice do dente a ser anestesiado. 3. Área-alvo: região apical do dente a ser anestesiado 4. Pontos de referência: a. Prega muco vestibular b. Coroa do dente c. Contorno da raiz do dente 5. Orientação do bisel: voltado para o osso CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 - Bloqueio do nervo alveolar superoposterior(NASP), recomendado para o tratamento de vários dentes molares em um único quadrante específico. 1. Uma agulha curta é recomendada. 2. Área de introdução: fundo de sulco vestibular do 2º Molar Superior. 3. Área-alvo: nervo ASP —posterior, superior e medial a borda posterior da maxila. 4. Pontos de referência: a. Prega mucovestibular b. Tuberosidade da maxila c. Processo zigomático da maxila No adulto de tamanho normal, a penetração até uma profundidade de 16 mm, crianças: 10 –14mm 5. Orientação do bisel: voltado para o osso - Bloqueio do nervo alveolar superior médio (NASM), recomendado para o tratamento de pré-molares em um quadrante 1. Uma agulha curta é recomendada. 2. Área de introdução: fundo de sulco vestibular do 2 pré-molar superior. 3. Área-alvo: osso maxilar acima do ápice do segundo pré-molar superior 4. Ponto de referência: prega mucovestibular acima do segundo pré-molar superior 5. Orientação do bisel: voltado para o osso CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 - Bloqueio do nervo alveolar superoanterior(NASA), recomendado para o tratamento de dentes anteriores em um quadrante 1. Uma agulha longa é recomendada 2. Área de inserção: altura da prega mucovestibular diretamente sobre o 1 pré-molar superior 3. Área-alvo: forame infraorbitário (abaixo da incisura infraorbitária). 4. Pontos de referência: a. Prega mucovestibular b. Incisura infraorbitária c. Forame infraorbitário 5. Orientação do bisel: voltado para o osso - Bloqueio do nervo palatino maior (NPM), recomendado para o tratamento dos tecidos moles e ósseos palatinos distais ao canino em um quadrante 1. Uma agulha curta é recomendada. 2. Área de introdução: tecidos moles levemente anteriores ao forame palatino maior. 3. Área-alvo: nervo palatino maior, quando passa anteriormente entre os tecidos moles e o osso do palato duro. 4. Pontos de referência: forame palatino maior e junção do processo alveolar maxilar e osso palatino. 5. Trajeto da introdução: avançar a seringa a partir do lado oposto da boca formando um angulo reto com a área-alvo. 6. Orientação do bisel: voltado para os tecidos moles palatinos CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 - Bloqueio do nervo nasopalatino(NNP), recomendado para o tratamento dos tecidos moles e ósseos palatinos de canino a canino bilateralmente 1. Uma agulha curta é recomendada. 2. Área de introdução: mucosa palatina imediatamente lateral a papila incisiva (localizada na linha média atrás dos incisivos centrais) 3. Área-alvo: forame incisivo, sob a papila incisiva 4. Pontos de referência: incisivos centrais e papila incisiva 5. Trajeto de introdução: aproximar o local de injeção em um angulo de 45 graus em direção a papila incisiva 6. Orientação do bisel: voltado para os tecidos moles do palato Doses Recomendadas e Dimensões dos Elementos Dentários CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 TÉCNICAS DE INJEÇÃO MANDIBULAR Bloqueio do Nervo Alveolar Inferior (NAI), bloqueio de todos os dentes do hemi-arco inferior, compreendendo os nervos alveolar inferior, incisivo, bucal, mentoniano e lingual. Anestesia o corpo da mandíbula, do periósteo e de tecidos moles mandibulares. 1. Uma agulha longa é recomendada. A profundidade da penetração deve ser de 20 a 25 mm (2/3 a ¾ do comprimento de uma agulha longa). 2. Áreade inserção: membrana mucosa do lado medial (lingual) do ramo da mandíbula, na interseção de duas linhas —uma horizontal, representando a altura de inserção da agulha, e a outra vertical, representando o plano anteroposterior de injeção. 3. Área-alvo: nervo alveolar inferior ao descer em direção ao forame mandibular, porém antes de ele entrar no forame. 4. Marcadores a. Incisura coroide (concavidade maior na borda anterior do ramo da mandíbula) b. Rafe pterigomandibular (parte vertical) c. Plano oclusal dos dentes mandibulares posteriores 5. Orientação do bisel: voltado para baixo Bloqueio do nervo alveolar inferior (técnica pterigomandibular) Técnica indireta(em três etapas): 1. Primeira Posição(Anestesia do Nervo Bucal): Posicionar o dedo polegar na oclusal dos molares e deslizá-lo para o posterior até a região do trigonoretromolar. 2. Identificar as linhas formadas pelo ramo ascendente e pelo ligamento pterigomandibular. Traçar a bissetriz do ângulo destas linhas(A-B-C). 3. Realizar punção na Bissetriz, 1 cm acima do plano oclusal com o bisel voltado para a face interna do ramo. 4. Manter a seringa paralela ao plano oclusal(D), com o bisel voltado para a face interna do ramo, alinhada com a superfície oclusal em direção aos pré-molares contra laterais. 5. Introduzir a agulha +/- 5mm. Aspirar. Injetar um pouco de anestésico. CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 6. Segunda Posição (Anestesia do Nervo Lingual): Introduzir a Agulha por mais 5mm, mantendo a seringa na mesma orientação da primeira posição. 7. Aspirar, e injetar anestésico até atingir o consumo de ¼ do anestube. 8. Retroceder a agulha tirando-a quase totalmente do tecido (mantendo somente um pouco mais do que o toco do bisel dentro da mucosa). 9. Esta etapa é preparo para a 3ª posição. 10. Terceira Posição (Anestesia do Nervo Alveolar Inferior): A agulha deve estar quase toda fora da mucosa; 11. Deslocar a seringa para o lado oposto, de modo que o canhão da carpule fique acima dos pré-molares do lado oposto ao lado anestesiado; 12. Reintroduzir a agulha até que ela toque o osso (pode-se injetar um pouco de anestésico durante a introdução); 13. Recuar a agulha 1mm; 14. Aspirar; 15. Injetar o restante do anestésico (3/4 do anestube) Técnica direta: A partir da segunda posição da técnica indireta. 1. Identificar as linhas formadas pelo ramo ascendente e pelo ligamento pterigomandibular; 2. Traçar a bissetriz do ângulo dessas linhas; 3. Posicionar o canhão da carpule entre os pré-molares inferiores do lado oposto; 4. Punção da bissetriz, 1cm acima do plano oclusal com o bisel da agulha voltado para a face interna do ramo; 5. Introduzir a agulha até que ela toque o osso, injetando um pouco de anestésico no trajeto; 6. Recuar 1mm; 7. Aspirar; 8. Injetar o restante do anestube. CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 Bloqueio do Nervo Bucal (NB) 1. É recomendada uma agulha longa. 2. Isso é usado mais frequentemente porque o bloqueio do nervo bucal é administrado em geral imediatamente após um BNAI. 3. Área de inserção: membrana mucosa distal e bucal em relação ao dente molar mais distal no arco. 4. Área-alvo: nervo bucal ao passar sobre a borda anterior do ramo da mandíbula. 5. Marcos: molares mandibulares, prega muco bucal. 6. Orientação do bisel: em direção ao osso durante a injeção. Bloqueio do Nervo Mentual (NM) 1. É recomendada uma agulha curta. 2. Área de inserção: prega muco bucal no forame mentual ou imediatamente anterior ao mesmo. 3. Área-alvo: nervo mentual a saída do forame mentual (geralmente localizado entre o ápice do primeiro pré-molar e o do segundo). 4. Marcos: pré-molares mandibulares e prega muco bucal. 5. Orientação do bisel: em direção ao osso durante a injeção CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 Bloqueio do Nervo Incisivo (NI) 1. É recomendada uma agulha curta. 2. Área de inserção: prega muco bucal no forame mentual ou imediatamente anterior a ele. 3. Área-alvo: forame mentual, através do qual o nervo mentual sai e no interior do qual o nervo incisivo está localizado. 4. Marcos: pré-molares mandibulares e prega muco bucal. 5. Orientação do bisel: em direção ao osso durante a injeção Bloqueio do Nervo Lingual (NL) 1. Para se obter a anestesia lingual após o bloqueio do NI pode ser feito um bloqueio parcial do nervo lingual. 2. Após a anestesia do NB, utilizando uma agulha curta, introduzir a agulha por mais 5mm, mantendo a seringa na mesma orientação da primeira posição. 3. Aspirar e depositar de 0,3 a 0,6 ml (1/4 do tubete) de anestésico local sob a mucosa lingual imediatamente distal ao último dente sendo tratado. CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 Doses Recomendadas Cálculo Anestésico Para saber a quantidade de tubetes anestésicos a serem utilizados, devemos analisar os seguintes fatores: CONCENTRAÇÃO DO ANESTÉSICO <–> DOSE MÁXIMA RECOMENDADA <–> CONDIÇÃO SISTÊMICA DO PACIENTE 1 ml de solução = 20 mg de sal anestésico Ex: articaína 4% - 1 ml = 40mg O limite para a dose máxima é os sais anestésicos e não o vasoconstritor. Lidocaína 2% paciente com 60kg Contém 2g de sal em 100ml de solução = 20mg/ml. 20mg x 1,8 ml (volume contido em um tubete) = 36mg Portanto, cada tubete contém 36 mg de lidocaína. Dose máxima da lidocaína = 4,4mg/kg de peso corporal 4,4 ----------- 1kg X -------------- 60kg 1X = 4,4 x 60/264mg (converte em tubete) 264/36 mg = 7,3 tubetes Concentração dos vasoconstritores Uma concentração de 1:1.000 significa que há 1g (1.000 mg) de soluto (fármaco) contido em 1.000 ml de solução. CUIABÁ-MT, SETEMBRO-2022 Referências Bibliográficas ANDRADE,E.D.TerapêuticaMedicamentosaemOdontologia.3ª.ed.ArtesMédicas.2013. Malamed,S.FManualdeanestesialocal.5ªed.,RiodeJaneiro,Elsevier,2005. < https://www.dentalis.com.br/blog/anestesia-odontologica-um-resumo-essencial/> acesso em 10/09/2022 < https://www.odontoup.com.br/tecnica-anestesica-pterigomandibular-e-bloqueio-do-nervo- mentual-e-palatino-maior/> acesso em 13/09/2022 < https://dentalvidas.com.br/ > acesso em 13/09/2022 < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal_sistema_unico_saude.pdf > acesso em 13/09/2022 https://www.dentalis.com.br/blog/anestesia-odontologica-um-resumo-essencial/ https://www.odontoup.com.br/tecnica-anestesica-pterigomandibular-e-bloqueio-do-nervo-mentual-e-palatino-maior/ https://www.odontoup.com.br/tecnica-anestesica-pterigomandibular-e-bloqueio-do-nervo-mentual-e-palatino-maior/ https://dentalvidas.com.br/ https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal_sistema_unico_saude.pdf
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