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Apostila Terapia Nutricional em Oncologia (parte 2) (1)

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NUTRIÇÃO EM ONCOLOGIA 
 
Prof. Iris Lengruber – irislengruber@hotmail.com 
 
IMUNOTERAPIA 
 
 Principal avanço no tratamento do câncer nos últimos 
anos, a imunoterapia estimula o organismo a identificar as 
células cancerosas e atacá-las com medicamentos que 
modificam a resposta imunológica. 
 As maneiras mais comuns de administrar os 
medicamentos são: 
Intravenosa: administrado diretamente na veia 
Subcutânea: por injeção no tecido subcutâneo. 
 A imunoterapia age de forma distinta daquela 
promovida por qualquer outro tipo de tratamento oncológico. 
 Enquanto os mecanismos de ação contra o tumor 
oferecidos pela quimioterapia e pelas drogas de alvos 
moleculares baseiam-se em atacar as células tumorais 
diretamente, a imunoterapia auxilia o próprio sistema 
imunológico do paciente a identificar e combater o câncer. 
 A imunoterapia não se aplica a todos os casos. A 
indicação tem relação com o tipo de tumor e o momento do 
tratamento em que o paciente se encontra. A diferença de 
ação da imunoterapia em relação à quimioterapia pode 
ocasionar reações adversas distintas. 
 Existem vários medicamentos imunoterápicos e, no 
Brasil, vários destes estão aprovados pela Agência Nacional 
de Saúde para pacientes com melanoma metastático, 
câncer de bexiga, câncer de pulmão de células não 
pequenas, linfomas de Hodgkin e, mais recentemente, 
tumores de cabeça e pescoço e câncer gástrico. Porém, 
vários estudos clínicos estão em andamento e espera-se 
que, nos próximos períodos, pacientes com outros tipos de 
tumores, como câncer gástrico e colorretal, também possam 
se beneficiar da imunoterapia. Apesar das aprovações, a 
definição terapêutica de tratamento será mais bem definida 
pelo médico oncologista. Até o momento, a terapia não está 
disponível para pacientes do Sistema Único de Saúde. 
 
Abordagem Nutricional: 
 
 Dieta normal, com os mesmos cuidados para evitar 
desnutrição e contaminação - o foco principal é a 
manutenção de peso saudável. 
 
TRATAMENTOS DO CÂNCER: EFEITOS COLATERAIS 
DE ORDEM NUTRICIONAL 
 
Cirurgia - interferência no consumo, digestão e/ou 
absorção. 
 
 O câncer, em sua fase inicial, pode ser controlado e/ou 
curado através do tratamento cirúrgico. 
 O tratamento cirúrgico é indicado para tumores sólidos 
(não inclui hematológicos, como leucemia). 
 A cirurgia pode interferir no consumo, digestão e/ou 
absorção dos alimentos devido a efeitos mecânicos 
(gastrectomia por exemplo), ou até mesmo pela ausência 
de enzimas e substâncias necessárias para digestão e 
absorção (ressecção da vesícula biliar, gastrectomia, 
duodenopancreatectomia). 
 
Quimio e radioterapia - interferência no consumo 
alimentar por diversas razões: 
 
 A quimioterapia é um tratamento sistêmico, que atua 
no ciclo celular para tentar bloquear a replicação 
descontrolada da célula tumoral, onde são utilizados alguns 
compostos químicos. Existem inúmeras medicações que 
são utilizadas. 
 A radioterapia é o método capaz de destruir células 
tumorais empregando feixe de radiação ionizante. 
 Assim como a quimioterapia, é um tratamento que 
induz um estresse oxidativo às células com o objetivo de 
destruir o tumor. 
 Alguns sintomas mais comuns a esses tratamentos 
são a diarreia, constipação, mucosite, anorexia, náusea, 
vômito, odinofagia, disfagia, disgeusia, estomatite, 
fraqueza, fadiga. 
 O alívio de sintomas físicos, psicológicos e espirituais 
pode ser alcançado em até 90% dos pacientes com câncer, 
por essa razão é necessária a abordagem 
multiprofissional. 
 A base multidisciplinar justifica-se pela grande 
complexidade dos sintomas trabalhados, além do 
reconhecimento da influência que os aspectos não físicos 
exercem sobre a intensidade do quadro clínico. 
 
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA SINAIS E 
SINTOMAS CAUSADOS PELA TERAPIA ANTITUMORAL 
 
Anorexia - falta de apetite 
 
 As estratégias clínicas de tratamento da anorexia 
envolvem medicamentos e intervenções não 
farmacológicas, que são as nutricionais e acompanhamento 
psicológico. 
 É um sintoma comum decorrente da toxicidade do 
tratamento, levando à diminuição da ingestão alimentar e, 
nesse contexto, a intervenção nutricional, por meio da 
orientação dietética individualizada é imprescindível. Esse 
sintoma pode se manifestar por meio de intolerância e 
determinados alimentos, mesmo os preferidos. 
 As condutas preconizadas pelo INCA são as descritas 
no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 Sugestões para acréscimo proteico-calórico em 
preparações alimentares: geleias de frutas sem açúcar, 
mel; tubérculos e raízes (batata, inhame, mandioca e 
mandioquinha); óleos vegetais (azeite, macadâmia, 
linhaça...), manteiga, abacate, sementes de oleaginosas; 
ovos, carnes, frango, peixe; leite e derivados; extratos 
vegetais (soja, quinoa, aveia, castanha, coco). 
 
Disgeusia e disosmia 
 
 Disosmia é a percepção distorcida do olfato, tornando 
os odores inócuos desagradáveis. 
 Disgeusia é a distorção ou diminuição do senso do 
paladar. 
 Pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço 
e em radioterapia apresentam mais alterações gustativas 
que outros grupos. Os efeitos podem permanecer por mais 
de um ano após o tratamento. 
 Os pacientes submetidos à quimio também podem 
apresentar diminuição da sensibilidade bucal e presença de 
gosto metálico ou amargo, associados a medicamentos 
antineoplásicos. 
 A deficiência de zinco também tem sido associada às 
alterações do paladar. 
 As condutas nutricionais preconizadas estão descritas 
no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
Náuseas e vômitos 
 
 As náuseas e vômitos pós-quimioterapia são relatados 
por mais de 70% dos pacientes. 
 Esses sintomas são classificados em três tipos: 
 A náusea antecipatória que ocorre antes do início 
das sessões de quimioterapia; 
 A náusea aguda que ocorre dentro das primeiras 
24 horas pós-quimioterapia; 
 A náusea tardia que vai ocorrer de 24 horas até 5 
dias após a quimioterapia. 
 
 Estudos sugerem que o consumo de uma refeição rica 
em proteínas, pode melhorar os sintomas de náuseas e 
vômitos, e que uma combinação de suplemento de gengibre 
e proteína resultaria em uma redução significativa desses 
sintomas. Porém o uso do gengibre não é consensuado. 
 O mecanismo exato para isso não é claro, mas 
observa-se que, durante a exposição a estímulos 
nauseantes, o ritmo do estômago torna-se desregulado - A 
ingestão de uma refeição mantém o ritmo fisiológico normal 
do estômago, o que pode, por sua vez, reduzir os sintomas 
de náuseas e vômitos. 
 O tratamento não farmacológico preconizado para 
esses sintomas, estão descritos no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
XEROSTOMIA - alteração quantitativa e/ou qualitativa 
da saliva que causa a sensação de boca seca. 
 
 A radiação pode provocar uma reação inflamatória 
degenerativa, especialmente das células serosas acinares 
das glândulas salivares. Além disso, a ansiedade e a 
depressão, muitas vezes presentes nesses pacientes, 
favorecem o aparecimento desse sintoma. 
 A perda da função salivar causa numerosas sequelas 
adversas, incluindo: disfunção esofágica (esofagite 
crônica); maior frequência de intolerância aos 
medicamentos orais e produtos de higiene bucal; aumento 
da incidência de infecção local/regional (glossite, 
candidíase, cárie dentária, halitose). 
 O tratamento não farmacológico preconizado para 
esses sintomas, estão descritos no quadro abaixo: 
 
 
 
Mucosite 
 
 É caracterizada por descamação da mucosa, eritema, 
pseudomembrana e ulceração. 
 Os sintomas dor e queimação ocorrem, 
principalmente, na ingestão de alimentos condimentados e 
de texturas ásperas, o que dificulta a higiene oral e a 
deglutição do alimento. 
 A Organização Mundial daSaúde definiu escores para 
graduação da mucosite: 
 
 grau ZERO representa ausência da mucosite, 
 grau I representa eritema, 
 grau II apresenta eritema, edema e úlcera 
dolorosa e o paciente ainda consegue se alimentar 
de sólidos, 
 grau III representa um quadro grave com 
ulcerações orais e o paciente consegue se 
alimentar apenas de líquidos, 
 grau IV representa o paciente que já não consegue 
se alimentar pela boca, necessitando de suporte 
nutricional. 
 
 A utilização da glutamina e da camomila têm sido 
estudadas, mas ainda não é consenso. 
 O tratamento não farmacológico preconizado para 
esses sintomas, estão descritos no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
Esofagite 
 
 É a inflamação no esôfago, o tubo que liga a parte 
posterior da boca ao estômago. Frequentemente causa dor, 
dificuldade ao engolir e dores no peito. 
 Tratamento não farmacológico: 
 
 
 
Trismo - contratura dolorosa da musculatura da 
mandíbula 
 O trismo é uma sequela que limita a abertura bucal, 
dificulta a alimentação, a fonação, o exame da cavidade 
oral, o tratamento dentário, a higienização oral, e causa 
intenso desconforto. 
 Os pacientes com tumores na faringe, em áreas 
retromolares e regiões posteriores do palato, são os mais 
afetados. 
 Ou ainda, quando os músculos mastigatórios fazem 
parte do campo de radiação, há como consequências 
edema, destruição celular e fibrose muscular. 
 O tratamento não farmacológico preconizado 
encontra-se no quadro abaixo: 
 
 
 
 
Enterite 
 
 É a inflamação do intestino delgado como um todo ou 
de parte dele como no caso do duodeno, íleo e jejuno. 
O tratamento não farmacológico recomendado é: 
 
 
 
 
 
Diarreia 
 
 A utilização de protocolos de quimioterapia com 
drogas de derivados de fluoropirimidas associa-se a um 
risco maior de ocorrência da diarreia. Pacientes submetidos 
a radioterapia dirigida à região pélvica podem presentar 
enterite actínica de forma aguda ou crônica, que se 
manifesta com quadro clínico semelhante a diarreia. 
 O tratamento não medicamentoso preconizado se 
encontra no quadro abaixo: 
 
 
 
 
Constipação ou obstipação 
 
 A constipação é definida como ausência de 
evacuação por mais de três dias ou menos frequente que 
habitual. Aproximadamente 40% dos pacientes apresentam 
esse sintoma e 90% dos que utilizam opioides. 
 Outros fatores podem contribuir com esses sintomas, 
como: imobilidade, dieta com baixo teor de fibras, ingestão 
de líquidos reduzida, hipercalemia e hipocalemia, dentre 
outros. 
 Os quimioterápicos mais relacionados a ela são os do 
grupo da vinca como vincristina e a vimblastina. 
 A dieta deve conter uma quantidade adequada de 
fibras solúveis e insolúveis. Elas são importantes para o 
funcionamento intestinal devendo estar presentes nas 
refeições para auxiliar a formação do bolo fecal e estimular 
os movimentos peristáltico. Além do adequado consumo de 
líquidos que é importante para a hidratação e para evitar o 
ressecamento das fezes. 
 Vários estudos demonstraram que o uso de 
prebióticos, probióticos e simbióticos para o tratamento da 
constipação crônica melhoram o trânsito intestinal e a 
consistência das fezes. 
 O consenso do INCA preconiza esses e outros 
tratamentos, conforme quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Neutropenia 
 
 É um dos efeitos colaterais mais comuns da 
quimioterapia, aumentando o risco de infecção. 
 É graduada em leve (neutrófilos menores que 1500); 
moderada (menores que 1000) e severa (abaixo de 500). A 
presença de micro-organismos patógenos em diversos 
alimentos pode causar infecções oportunistas nos períodos 
de imunossupressão. 
 As práticas adequadas de aquisição, higienização, 
armazenamento e preparo dos alimentos é imprescindível 
nessa fase. 
 Outros cuidados estão descritos no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
 
 A avaliação nutricional é uma etapa extremamente 
importante na avaliação dos pacientes oncológicos, a fim de 
identificar desnutrição, que é extremamente prevalente e 
determinar o papel prognóstico da desnutrição. 
 O instrumento mais adequado para a realização da 
avaliação nutricional no paciente oncológico é a ASG- PPP 
(versão longa ou curta). 
 Outros instrumentos como avaliação laboratorial e 
composição corporal podem complementar a avaliação 
nutricional. 
 A avaliação nutricional tem o principal objetivo de 
identificar os pacientes com risco nutricional e/ou 
desnutrição estabelecida. É indiscutível a influência do 
estado nutricional sobre a evolução clínica de pacientes 
oncológicos. 
 É essencial para a hipótese diagnóstica nutricional, a 
fim de auxiliar na manutenção ou recuperação do estado 
nutricional e estabelecer conduta dietoterápica mais 
apropriada, direcionada e especializada ao paciente 
oncológico. Além disso, a identificação precoce da 
desnutrição é importante para o tratamento efetivo e 
preventivo dos efeitos clínicos adversos. 
 Embora não existam instrumentos específicos para 
detectar a desnutrição, vários métodos têm sido utilizados. 
Não há uma medida nutricional única que possa ser 
considerada como um indicador sensível e específico, pois 
as condições clínicas poderão alterar as variáveis 
analisadas. 
 
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA DESNUTRIÇÃO 
 
 A restrição alimentar de longo prazo, e/ou as próprias 
doenças que aumentam o gasto energético, a exemplo do 
câncer, levam a um comprometimento visceral. Por essa 
razão, a dosagem de proteínas de síntese hepática é uma 
excelente estratégia para a triagem da avaliação do estado 
nutricional. 
 
Albumina 
 
 Um exame de baixo custo, e por isso o mais utilizado. 
Vários estudos correlacionam a hipoalbuminemia com 
aumentada incidência de morbimortalidade. Os níveis caem 
após depleção proteica significativa (meia vida de 20 dias). 
 
 
 
Transferrina 
 
 É o mais sensível marcador de depleção proteica, pois 
possui meia vida de 8 dias. Não é adequado utilizar 
isoladamente, pois diversos fatores podem alterar (infecção 
crônica, doença renal, dentre outros). 
 
 
 
 
 
Pré – albumina 
 
 É uma proteína depletada precocemente em estado 
hipermetabólico, uma vez que tem uma vida média de dois 
dias e uma reserva corporal bem pequena. É bem fiel, mas 
menos utilizado porque tem alto custo. 
 
 
 
Proteína Ligadora de retinol 
 
 PLR – responsável pelo transporte de vitamina A na 
forma de retinol. Outro marcador bastante sensível do 
estado nutricional porque possui uma meia-vida de 12 
horas. 
 
 
 
COMPLEMENTAÇÃO, SUPLEMENTAÇÃO E 
IMUNONUTRIÇÃO 
 
 O aporte de nutrientes específicos pode resultar em 
melhores desfechos clínicos, devido a sua ação na 
modulação da resposta imunológica e metabólica. A 
capacidade dos nutrientes em influenciar as células do 
sistema imunológico é definida como Imunonutrição. 
 O sistema imunológico possui um papel muito 
importante no tratamento do câncer e esse assunto tem 
dado origem a um campo emergente de estudos dentro da 
oncologia e, especificamente, sobre a capacidade de uma 
dieta com imunonutrientes influenciar na melhoria do 
sistema imunológico, diminuir toxicidade do tratamento e, 
consequentemente, gerar melhores resultados aos 
pacientes oncológicos. 
 
Glutamina 
 
 A glutamina é um aminoácido essencial que 
desempenha um papel como importante fonte de 
combustível para macrófagos, linfócitos e enterócitos. Ela 
ainda realiza um papel crucial na diferenciação de células 
B, citocinas, proliferação de células T e possui papel na 
fagocitose, reduzindo apoptose e inflamação. 
 As concentrações de glutamina estão reduzidas na 
inflamação e, portanto, apresenta um efeito supressor sobre 
o sistema imunológico e quebra da barreira epitelial. 
 O papel da suplementação deglutamina é 
controverso. Assim os dados ainda são insuficientes para 
recomendações a fim de melhorar desfechos clínicos em 
pacientes recebendo altas doses de quimioterapia e 
transplantes de medula óssea, por exemplo. 
 As evidências para recomendar a glutamina para 
prevenir enterite/diarreia e alterações de pele são 
insuficientes e pouco consistentes. 
 Mesmo com algumas evidências para potenciais 
efeitos benéficos da glutamina nestas situações, para existir 
um consenso sobre a recomendação será necessário 
esclarecer questões de segurança, dosagem e eficácia com 
dados mais robustos. 
 
Ácidos graxos ômega 3 
 
 Eles são potenciais adjuvantes na terapia anticâncer ; 
por suas propriedades na atividade antitumoral, 
antiproliferativa, pró-apoptótica, anti-invasiva, 
antimetastática, dentre outras. 
 Alguns estudos demonstram que para pacientes em 
tratamento com quimioterapia e radioterapia, a inclusão de 
ácidos graxos ômega 3 tem benefício na manutenção do 
peso corporal e da massa muscular, na resposta 
inflamatória e em indicadores nas escalas de qualidade de 
vida. 
 Em pacientes cirúrgicos, a Imunonutrição com o 
ômega 3 diminui complicações pós-cirúrgica, ajuda na 
cicatrização de feridas e diminui o tempo de permanência 
no hospital. 
 Na síndrome da caquexia, essa suplementação se 
mostrou eficaz no ganho de peso e melhora na qualidade 
de vida. 
 Apesar da suplementação de ômega 3 na população 
oncológica trazer benefícios claros e poucos efeitos 
colaterais, as evidências científicas não permitem ainda 
forte recomendação. 
 
Antioxidantes 
 
 Estima-se que 70% dos pacientes em tratamento 
utilizam suplementos contendo antioxidantes. Porém, o que 
se sabe hoje é que os antioxidantes causam um efeito 
contraditório, visto que protegem o tecido normal da 
toxicidade do tratamento, ao passo que protegeria também 
as células cancerosas contra os danos causados pela 
radiação. 
 
Fitoterápicos 
 
 O consumo de algum extrato vegetal, mesmo em 
pequenas doses, pode levar a interações medicamentosas. 
São necessárias pesquisas melhor “desenhadas”, bem 
como a necessidade de normatização no cultivo, manejo, 
produção, distribuição, e uso de plantas medicinais. 
 Pela falta de vivência clínica na população oncológica, 
ainda não foi possível consensuar. 
 
Prebióticos e probióticos 
 
 O intestino responde por 70% da atividade 
imunológica do organismo. Por essa razão, os Prebióticos e 
probióticos auxiliam na redução dos efeitos colaterais da 
radioterapia e da quimioterapia, bem como na melhora da 
resposta imunológica antitumoral. 
 Fazem ainda proteção contra colonização intestinal 
por patógenos e translocação dos mesmos para a 
circulação. As multicepas são mais eficazes e as mais 
 
 
utilizadas são Lactobacillus acidophilus e Lactobacillus 
rhamnosus. O único cuidado é nos casos de neutropenia 
(menor que 1000) pelo risco de bacteremia. 
 
LOW CARB, CETOGÊNICA E JEJUM INTERMITENTE NO 
TRATAMENTO DO CÂNCER 
 
 Infelizmente hoje em dia existem muitos “fake news” 
em relação ao tratamento alternativo para o câncer. Com 
promessas de “matar as células de fome”, as estratégias 
como jejum intermitente, cetogênica e “low carb” estão se 
disseminando de forma desenfreada e sem bases 
científicas suficientes. 
 Embora os efeitos antitumorais da restrição calórica 
estejam bem estabelecidos, o mecanismo por trás dessa 
relação permanece incerto. 
 Acredita-se que os efeitos supressores tumorais 
sejam mediados, em parte, pela apoptose aumentada 
dentro dos tumores, pela modulação de sinais sistêmicos, 
reduzindo a inflamação sistêmica e a sinalização do fator 
de crescimento, melhorando os marcadores metabólicos, 
e com isso reduzindo a angiogênese. 
 
 De todo modo, continua sendo contraindicada para 
muitos pacientes com câncer em risco de perda de peso, 
caquexia e imunossupressão. 
 Sem contar que um período de jejum prolongado 
seguido de uma alimentação excessiva pode alterar o 
funcionamento da insulina, hormônio que facilita a entrada 
de glicose nas células, e até aumentar as chances de 
desenvolver uma compulsão alimentar, além de alterar o 
humor. 
 Estudos futuros devem levar em consideração o risco 
de caquexia nessa população de pacientes. 
 É necessária uma investigação clínica para testar 
melhorias metabólicas a longo prazo além da perda de 
peso. Além do mais, faltam dados sobre os impactos do 
jejum intermitente em outros comportamentos de saúde, 
como na alimentação, sono e atividade física. 
 A associação do câncer com dietas restritivas pode 
ocasionar uma perda de peso grave no paciente oncológico, 
o que muitas vezes inviabiliza o tratamento. 
 As dietas restritivas são acompanhadas de privações 
e monotonia alimentar que interferem diretamente na 
relação que o indivíduo tem com a comida, bem como as 
relações sociais associadas. Tendo então um aspecto 
negativo nessa questão social também. 
 Dessa forma, não há evidência científica que respalde 
a utilização dessas estratégias em pacientes oncológicos. 
 Evidências científicas não são suficientes para atestar 
os reais benefícios e riscos do uso do jejum intermitente 
como estratégia nutricional, pois os estudos sobre o tema 
geralmente são realizados com modelos animais e com 
curto período de duração. Desta forma, há a necessidade 
de mais evidências científicas para respaldar o uso desta 
estratégia. 
 
NUTRIÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS 
 
 Segundo a OMS, Cuidado Paliativo é a abordagem 
que promove qualidade de vida de pacientes e seus 
familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade 
da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. 
Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento 
impecável da dor e outros problemas de natureza física, 
psicossocial e espiritual. 
 Os princípios do cuidado paliativo são: o alívio do 
sofrimento, a compaixão pelo doente e seus familiares, o 
controle impecável dos sintomas e da dor, a busca pela 
autonomia e pela manutenção de uma vida ativa enquanto 
ela durar. 
 O que se busca hoje é um modelo de cuidado em que 
os componentes do cuidado paliativo são oferecidos no 
momento do diagnóstico e que permanece até o desfecho, 
seja a cura ou a morte. 
 O nutricionista no cuidado paliativo tem que ter a 
noção de que alimentar é muito mais que um processo de 
fornecer calorias e nutrientes aos indivíduos; está 
diretamente relacionado com os aspectos emocionais, 
socioculturais, religiosos e as experiências de vida. 
 
Papéis do nutricionista no cuidado paliativo 
 
 Identificar as necessidades nutricionais e de 
hidratação; 
 Avaliar precocemente e intervir de modo 
preventivo; 
 Auxiliar a equipe multiprofissional na tomada de 
decisão; 
 Garantir a autonomia do paciente quanto à sua 
alimentação; 
 Proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente 
 
 
Intervenção nutricional no cuidado paliativo 
 
 A intervenção nutricional deve considerar: 
 
 Prognóstico/Expectativa de vida 
 Potencial de reversibilidade da desnutrição – Risco 
X Benefício da Terapia Nutricional. 
 Sofrimentos inerentes ao tratamento – Situações 
em que um tratamento mais agressivo se constitui 
um tratamento fútil. 
 
Objetivos da nutrição no cuidado paliativo 
 Melhora na qualidade de vida 
 Prevenir ou minimizar déficits nutricionais 
 Ofertar fluidos, energia e nutrientes satisfatórios 
 Alívio sintomas 
 Conforto e bem-estar 
 
Tomada de decisão 
 
 A decisão de iniciar o suporte nutricional no cuidado 
paliativo vai depender de alguns fatores inerentes ao 
paciente, como: 
 
 Condição clínica 
 Sintomas 
 Expectativa de vida 
 Estado nutricional 
 Condições e aceitação de alimentação via oral 
 Estado psicológico 
 Integridade do trato gastrointestinal 
 Necessidade de serviços especiaispara 
fornecimento da dieta. 
 
Para essa tomada de decisão, podem ser usados 
parâmetros clínicos para avaliação, como os descritos 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Consenso Nacional de Nutrição Oncológica do INCA 
(2015), também traz uma tabela para facilitar essa 
avaliação. 
 
 
 
 
 
 Um indicador único não caracteriza a condição nutricional 
do indivíduo: 
 
 
 
 
 
A conduta nutricional deve respeitar a Bioética 
Principialista: 
 
 Autonomia: O paciente deve ter a palavra final nos 
tratamentos. Caso seja incapaz de decidir, deve-
se considerar ordens escritas previamente ou a 
decisão dos responsáveis. 
 Beneficência: Os tratamentos devem ter por 
objetivo o bem do paciente. 
 Não maleficência: Não promover o sofrimento. 
 Justiça: Os recursos limitados devem privilegiar os 
potencialmente mais beneficiados 
 
 Diante de um paciente no final de sua vida, devemos 
priorizar seu conforto e garantir a troca de afeto, que pode 
se dar através de pequenas porções de alimento. 
 
SOBREVIVENTES DE CÂNCER 
 
 Para pacientes que finalizaram seus tratamentos, 
usa-se a nomenclatura “clinicamente curado”, que é 
diferente de biologicamente curado. O que significa que 
sempre há chance de recidiva ou de um novo câncer. Pois 
no caso dessa doença, é possível e mais provável inclusive, 
que o “raio caia no mesmo lugar duas vezes”. 
 
 Há de se considerar ainda, que até 20% dos 
pacientes com câncer sofrem síndromes paraneoplásicas, 
mas essas crises quase sempre não são reconhecidas. São 
secundárias às substâncias secretadas pelo tumor ou 
resultantes de anticorpos direcionados contra os tumores. 
Os sintomas podem ocorrer em qualquer órgão ou sistema 
fisiológico. Por exemplo: 
 
 Febre 
 Sudorese noturna 
 Rubor 
 Lesões cutâneas pigmentadas 
 Herpes-zoster 
 Neuropatia periférica 
 Muitos outros... 
 
 Após o término dos tratamentos cirúrgicos, quimio e 
radioterápico, quando o paciente for considerado livre da 
doença, em fase de manutenção de saúde, é comum que 
ele mesmo procure mudar seu estilo de vida anterior ao 
diagnóstico. 
 O papel do nutricionista nessa etapa é de reavaliar 
novos hábitos alimentares e de estilo de vida, avaliar o tipo 
de alimentação que está sendo oferecida e informar sobre 
a importância de uma alimentação saudável. Além de apoiar 
mudanças de comportamento, como adesão à atividade 
física, espiritualidade, etc. 
 
CONCLUSÕES: 
 
 As deficiências nutricionais podem reduzir o 
prognóstico e eficácia do tratamento, aumentando a 
morbimortalidade, trazendo impacto negativo na vida do 
paciente e da sociedade. 
 
 Por essa e outras mil razões, a prevenção sempre será 
o melhor investimento. 
 
 A real prevenção começa com a adoção de um estilo 
de vida com dieta balanceada, manutenção de peso 
adequado, ter atividade física regular, não fumar, dormir 
bem, usar álcool com moderação, cultivar amizades e fazer 
avaliação médica de prevenção regularmente (prevenção 
primária). 
 
REFERÊNCIAS: 
 
ABC do Câncer – INCA – online 
Barrére, Ana Paula Noronha et al. Guia Nutricional de 
Oncologia - Atheneu, 2017 
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática 
do SUS 
Dal Bosco, S.M., Genro, J.P. Nutrigenética e |Implicações 
na Saúde Humana. Ed Atheneu, 2014. 
Estimativa 2019: incidência de câncer no Brasil. Rio de 
Janeiro: INCA, 2017. 118p. Disponível em: 
http://www1.inca.gov.br/estimativa/2019 
Garófolo, A. Nutrição clínica, funcional e preventiva aplicada 
à oncologia. 2012. Ed Rubio. 
Pinho, A. Nutrição e câncer: da prevenção ao tratamento 
(Bases científicas e Prática clínica). Ed.PoloBooks, SP, 
2018. 
Waitzberg, Dan Linetzky, et al. Manual de terapia nutricional 
em oncologia do ICESP. 2011.

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